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Variação em Língua Portuguesa (LETRAS LITERATURAS UFRJ)

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
Faculdade de Letras
Disciplina: Variação Professora: Regina Sousa Gomes
Aluna: Larissa Torres Filgueira Turma: LEA
Data: 02/03/2016
QUESTÃO 2: “A visão maniqueísta certo / errado constitui o eixo sobre o qual se assentam as filosofias educacionais tradicionais do ensino de línguas. Sob tal ótica, não há lugar para a relativização, para a reflexão quanto à coexistência da complexidade de usos, estilos, gêneros, modalidades linguísticas e sua relação com o perfil sociolinguístico dos usuários e com o contexto situacional em que os atos de fala ocorrem. Sob essa perspectiva, a escola firma posição antidemocrática e é coadjuvante com outros mecanismos de exclusão social, pois assume tão-somente o papel de agente avaliador dos fatos da língua.” (MOLLICA, Maria Cecília de M. Certo e errado e exclusão social. Gragoatá, nº 9. Niterói: EdUFF, 2º sem. de 2001, p. 234) 
 Essa é a introdução de um artigo de Maria Cecília Mollica abordando o ensino do português, levando em conta tanto a heterogeneidade sociolinguística que caracteriza o “universo populacional da escola brasileira” quanto “fenômenos linguísticos variáveis da fala para a escrita”. Desenvolva as questões apresentadas nesse primeiro parágrafo do texto, arrolando informações relevantes para o professor que precisa lidar com a variedade linguística no ensino do português tanto na sua modalidade falada quanto na escrita.
 Em meados do século XX até os dias de hoje a grande discussão feita por educadores e pesquisadores é o ensino da língua portuguesa e, principalmente, de como é manuseado o ensino da gramática nas escolas brasileiras. Recorrente ao fato de inúmeros estudantes brasileiros considerarem sua língua materna difícil e também ao fato de diversos estudantes concluírem o Ensino Médio sem saber manusea-la de forma desejada. Esses dois pontos são decorrentes de diversos fatores de negligência no ensino do Português Brasileiro, visto que o problema não está na língua portuguesa em si e sim de como ela é aplicada, transferida e ensinada nas escolas brasileiras. 
 Inúmeros educadores da língua portuguesa preocupam-se em apenas transferir o conteúdo da gramática (regras e exigências) que, geralmente, são arcaicas (ou seja, palavras que são consideradas antiquadas e estão em desuso) e isto resulta a baixo rendimento com os educandos, causando a sensação de que o português brasileiro “é muito difícil” ou “impossível” de se compreender e manusear. Esta ação e método utilizado por esses educadores, os quais usam exercícios repetitivos, exercícios estruturais, preenchimento de espaços vazios e longas cópias, não gera a formação de cidadãos ou leitores críticos, gera inimigos da sua própria língua materna, causando também problemas futuros em universidades e concursos, pois diversos alunos encontram dificuldades em produção, compreensão e leitura de textos, efeito de anos e mais anos de decoreba de teorias, conceitos e regras arcaicas ou pouco usadas no dia a dia. 
 
 Grande parte dos educadores da língua portuguesa de Ensino Fundamental e Médio utilizam uma metodologia inadequada, pois estes apontam que a gramática é uma lei imutável, desconsiderando os outros fatores linguísticos. Ensinam regras gramaticais as quais são arcaicas e não usadas por seus educandos (nem por eles mesmos) resultando a transtornos nas salas de aula. O docente deve ter em vista que para cada situação a diferentes formas e normas para a comunicação, e isto deve ser repassado aos educandos em busca de aperfeiçoamento e desenvolvimento da sua fala e escrita. O professor deve possibilitar e apresentar ao aluno um leque de possibilidades, não para que estes venham a falar ou escrever de maneira errada ou fora da norma culta, entretanto para que venham ampliar seu horizonte de expectativas, mostrando que há muitas formas de se expressar na sociedade. O docente deve compreender que para cada 
instrumento ou conteúdo na Língua Portuguesa a um objetivo e propósito, portanto não deve exaltar e enobrecer a gramática normativa ou presumir que esta irá gerar alunos competentes na sua língua. Como os demais instrumentos na Língua Portuguesa, a Gramática Normativa possui o seu valor e propósito na língua, porém não é o único e o mais ideal. 
 O papel do docente não é de ensinar a língua e sim praticá-la, pois a língua trabalhada não é uma língua estrangeira e sim materna. Segundo Travaglia; Araújo e Alvim Pinto (1986, p. 37) “ao contrário do ensino de língua estrangeira em que o aluno nada sabe ao iniciar o curso, no ensino de língua materna o aluno já possui uma bagagem básica em termos de estruturas e léxico”, o docente deve aperfeiçoar e desenvolver esses elementos interiorizados, ou seja, este conhecimento o qual o educando já possui. Afinal, “Saber falar significa saber uma língua. Saber uma língua significa saber uma gramática. Saber uma gramática não significa saber de cor algumas regras que se aprendem na escola, ou saber fazer algumas análises morfológicas e sintáticas” (POSSENTI, 1996, p 30). 
 A língua está sempre em constante mudança e transformação e seu ensino também deve seguir o mesmo ritmo. Neste sentido, a língua está sempre em modificações e renovos, sujeita a variações linguísticas e transformações em seu uso. Estas mudanças não são atuais ou novas, ou que se originaram agora, isto ocorre desde a antiguidade, caso ao contrário os falantes estariam utilizando o linguajar de séculos passados. A língua é um organismo vivo, a qual está em constante renovo e inovações por conta de seus falantes e o educador deve ter em vista isso, para que não tenha o equívoco de atribuir à norma culta a forma ideal de se comunicar, ou pressumir que esta gramática é o único dialeto válido e correto. O que o docente deve repassar é que a gramática é uma modalidade escrita dessa língua, mas não propriamente a língua, e que o objetivo de ensiná-la não é fazer com que seus educandos venham a adquirir uma nova linguagem e passem a utilizá-la, o intuito do ensino da gramática é para que os educandos venham a desenvolver e ampliar seu uso e sua competência comunicativa por diversos textos de inúmeros gêneros e estilos.
 O maior objetivo do professor de Língua Portuguesa nas salas de aula é fazer com que os educandos venham a desenvolver suas competências comunicativas, fazendo com que estes venham a ter domínio e legitimidade em todos os fatores sociais, não desconsiderando sua própria linguagem do dia a dia. A partir do momento em que o 
aluno compreender de fato que sua língua materna não é um bicho de sete cabeças ou apenas teorias e regras, seu rendimento e desempenho será maior e melhor, visto que a língua deve ser vista como algo rico, diversificado e natural.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1 - http://www.reitoria.uri.br/~vivencias/Numero_010/artigos/artigos_vivencias_10/l19.htm
2 - POSSENTI, Sírio. Por que (não) ensinar gramática na escola. Campinas, SP: ALB: Mercado de Letras, 1996. Coleção Leituras no Brasil.
3 - http://www.webartigos.com/artigos/qual-o-papel-da-gramatica-no-ensino-da-lingua-portuguesa/3656/
4 - BORGES NETO, José. Ensinar gramática na escola? ReVEL, edição especial n. 7, 2013. [www.revel.inf.br].
5 - http://www2.dbd.puc-rio.br/pergamum/tesesabertas/0115421_03_cap_04.pdf
6 - http://correiodaeducacao.asa.pt/61945.html
7 – BAGNO, Marcos. Preconceito lingüístico – o que é, como se faz. 15 ed. Loyola: São Paulo, 2002

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