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Raphael Simões Vieira – Medicina Veterinária 5º período
Aula 11 – 05/11/14
Anaplasmose
Quando há liberação das unidades infectantes do eritrócito, essas unidades vão ter contato com a membrana do eritrócito, e por um processo de invaginamento (rofeocitose), há formação do vacúolo parasitóforo. Dentro desse vacúolo começa a ter divisão binária simples, há formação de 4 a 8 unidades infectantes = corpos iniciais. Há uma rofeocitose reversa, com liberação dos corpos inicias. Aqui não há uma lise intracitoplasmática, consequentemente não há hemoglobinemina nem hemoglobinúria. 
Vetor biológico: Boophilus microplus. Tem pouca importância para a transmissão, o que tem mais importância são os vetores mecânicos, como Stomoxys. 
Algumas pesquisas mostram que o anaplasma no hospedeiro vertebrado, além da multiplicação em células eritrocitárias, há uma multiplicação em células endoteliais. 
Patogenia
Período de incubação de 21-30 dias. Se eu infectar um animal ao mesmo tempo com anaplasma e babesia, o primeiro pico febril vai ser por babesia. 
Anemia: tem correlação com o título de anticorpo. Não há lise intravascular, a lise vai ocorre a nível de baço. Os anticorpos representados pelas opsoninas vão promover aglutinação e lise de eritrócitos. 
Eritrofagocitose: eritrócitos que vão apresentar expressões de antígenos inespecíficos em sua superfície, vai ter reação antíngeno-anticorpo. 
Normalmente a morte vem em função da anemia intensa, hipóxia tecidual e quadros de acidose metabólica e comprometimento pulmonar.
Sinais clínicos
Febre, anemia, icterícia, anorexia, apatia, depressão, constipação (em função da própria desidratação). É importante a hidratação do animal, reposição de eletrólitos. 
Quando tratamos o animal, se continuarmos avaliando o animal, vamos ver a presença de babesia, mas já estão alteradas. Isso não é comum na anaplasmose, ela tende a perdurar com uma parasitemia mesmo que baixa. 
Se for hematúria, na coleta da urina eu deixo a urina em repouso, vai ocorrer precipitação. Se for hemoglobinúria não vai ter sedimentação. 
Achados de necropsia: carcaça pálida ou ictérica; sangue aquoso; acúmulo de líquido avermelhado nas cavidades pelural e pericárdica; edema pulmonar; urina de cor escura; hepatomegalia com vesícula distendida e bile grumosa = devido à quantidade de pigmentos. Hemorragias petequiais. 
Babesiose cerebral: hiperemia cerebral. Para diagnóstico, na necropsia, posso fazer imprint ou esfregaço: espero que em um dos processos fique a impressão de capilares encefálicos, e dentro desses capilares haja o parasito. 
Diagnóstico
Laboratorial: direto (esfregaço sanguíneo de sangue capilar). B. bovis: impressões cerebrais (post mortem). 
Exame sorológico é um exame indireto. A literatura cita que na fase crônica é difícil encontrar o parasito. 
Anaplasma é comum em animais jovens, principalmente se houver sintomatologia clínica. É mais fácil de ser achado. Cuidado para não tratar animal que está parasitado mas não tem sinais clínicos. 
A grande maioria dos animais vão ser sorologicamente positivos. O fato do animal ser sorologicamente positivo, não quer dizer que ele está doente. Um caso de leptospirose pode levar a um quadro parecido de TPB. Alguns casos de leptospirose são tratados como tristeza e vice-versa. 
Tratamento
Babesiose: diminazina (ganaseg, diaseg). Imidocarb (imizol). 
Anaplasmose: tetraciclinas (terramicina); tetraciclinas LA (oxivet LA) = longa ação. Imidocarb. 
Quando tenho diagnóstico de TPB, se eu utilizar a dosagem de imidocarb de 2,5ml/100kg eu trato tanto anaplasmose quanto babesiose. 
Babesiose / anaplasmose: vivatet LA (nome comercial) = oxitetraciclina LA + diminazine + piroxican. Ganatet = diminazine + oxitetraciclina. Ganatet não é tão eficiente para anaplasmose, tomar cuidado, nesse caso fazer uma segunda aplicação com uma oxitetraciclina LA.
Tratamento de suporte: transfusão sanguínea (10-20ml de sangue por kg de peso vivo), fluidoterapia, complexo vitamínico, anti-inflamatórios (piroxicam). 
A anemia que ocorre na tristeza não é uma anemia ferropriva, mesmo na babesiose que há hemoglobinúria, é só parte que está saindo, parte está sendo metabolizada. Não é necessária a aplicação de ferro. O complexo ferroso geralmente é injetável (não é a via mais comum), além de causar lesão muscular. 
Profilaxia
Controle de vetores: desafio natural, imunização. 
Quimioprofilaxia: vamos utilizar os medicamentos usados para tratamento na profilaxia. Não vou usar sempre, só em determinados momentos. Vou usar quando houver muitos casos de tristeza. Posso fazer a quimioprofilaxia tanto para anaplasma quanto para babesia, ou posso usar drogas específicas. Normalmente se faz uma quimioprofilaxia contra TPB, geralmente se usa imizol a 3mg/kg, que é eficaz tanto para anaplasmose quanto babesiose. A tetraciclina LA, 2 doses com intervalo de 30 dias, também é eficaz. 
(imizol – é comum intoxicação, sempre ter sulfato de atropina).
Imunização (premunição): animais oriundos de áreas livres da doença; regiões de instabilidade enzoótica (como o extremo sul do país); free stall (as vacas não pegam carrapato, mas a mosca stomoxys tem livre acesso, por isso é mais comum vacas em free stall apresentarem babesiose e não anaplasmose). 
Principalmente nos animais oriundos de áreas livres, deve se fazer a premunição = provocar deliberadamente a infecção com baixo número de parasitas para gerar uma resposta imune primária. Na premunição clássica, há inoculação de sangue de animal contaminado SC ou IV. Eu vou provocar a doença, tenho que acompanhar a clínica desse animal. Tem como desvantagens o inoculo ser desconhecido, não sei a quantidade, a virulência, e posso transmitir outras doenças. A outra premunição é a moderna = utilização de inóculo padronizado, eu conheço a carga parasitária. 
A premunição depende de um manejo adequado dos animais a serem imunizados. O animal normalmente está se deslocando de local, está passando por estresse por causa do transporte. Devo esperar passar o estresse da viagem pelo menos. Tenho que selecionar o doador e coletar o sangue. A inoculação é via IM, SC ou IV. Feita a inoculação o animal vai adoecer primeiramente de babesiose. A partir do quinto dia começo a aferir a temperatura dos animais 2X ao dia. Se apresentou febre, faço esfregaço sanguíneo (pode ser que o que eu inoculei ainda não desenvolveu sinais clínicos, e a febre é por outra causa) e VG. Por volta do 18-38 dias, o animal vai apresentar novo pico febril, tenho que fazer lâmina novamente (esfregaço), pois pode ser até uma recidiva da babesiose. Eu preciso ter gente e laboratório para fazer essa premunição. Quando der esses picos febris, vou usar tetraciclina de CURTA ação, até que tenha uma queda na febre, aí sim eu suspendo o tratamento. Se eu usar de longa ação, eu vou interferir muito na parasitemia, vou interferir no desenvolvimento da imunidade.
Premunição moderna: utilização de inóculo padronizado. Eu tenho uma amostra de sangue de um animal adulto parasitado. Vou pegar um bezerro neonato, não vou deixar ele mamar o colostro, crio ele por uns 30 dias com leite de vaca (não colostro), inoculo o sangue do animal adulto. O bezerro vai ter uma parasitemia alta, eu coleto o sangue desse bezerro, passa por exames laboratoriais, vou conservar em nitrogênio líquido. É interessante a avaliação da resposta humoral. 
Já foram desenvolvidas algumas vacinas. Há vacinas vivas, semelhantes ao processo de premunição. Há outras vacinas. Essas vacinas são mais utilizadas em animais importados, ou animais que vivem em free stall; devo ter em mente que a vacina vai causar algum sinal clínico da doença. Não tem necessidade utilizar essa vacina em uma região de estabilidade da doença, já que os animais estão em contato com o carrapato. 
(pq na premunição moderna não corre o risco de inocular outro parasito que não é do meu interesse? O bezerro sem mamar colostro tem que ficar em um laboratório? Ele é descartado?)

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