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Aplicativo de Matemática para Deficientes Visuais



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"Oportunizar a todas as pessoas com deficiência um local e uma sociedade propícia para seu desenvolvimento"
Por Patricia Padilha de Brito Pszybylski- RU: 1271703
Polo – Fazenda Rio Grande
Data 15/09/2017
 
Aluno testa aplicativo de matemática no Instituto Vision, em Curitiba(Foto: Paula Lima)
				 Fonte: Incluibrasil
Contas simples e pequenos problemas de matemática podem ficar menos complicados para crianças com deficiência visual com a ajuda de um aplicativo desenvolvido na Universidade Federal do Paraná (UFPR). O software se utiliza de perguntas em áudio para ensinar alunos a entender a disciplina de forma lúdica nas aulas com professores e também pode auxiliar no dever de casa no ambiente familiar. O programa é gratuito e deverá ser disponibilizado até o fim do ano.
O MiniMatecaVox foi pensado e desenvolvido como tese de mestrado do tecnólogo em informática Pedro da Silva, na UFPR, no curso de engenharia elétrica na área de concentração em engenharia da computação. O sistema contempla o conteúdo de matemática do primeiro ano do ensino fundamental, portanto para crianças de 6 a 8 anos de idade. São 20 aulas com 300 atividades. "Eles podem aprender conceitos básicos, cálculo mental, além de ser um estímulo ao uso do computador e à inclusão digital", afirma o pesquisador.
A ferramenta poderá ser utilizada dentro de um programa já conhecido e muito usado por deficientes visuais, o Dosvox, que permite a realização de tarefas variadas por meio da voz. O caminho é fazer o download pela internet para ter acesso a todo o conteúdo. "O programa vai fazer perguntas de áudio. Quantos dedos há em sua mão direita? E o professor aproveita para orientar, ensinar a noção de direita e esquerda, por exemplo. A resposta é pelo teclado e um aviso com voz humana diz se o aluno acertou ou não", explica entusiasmado.
O programa, no qual o aplicativo ficará hospedado, faz a leitura de cada tecla digitada pela criança e traduz em som para que seja possível saber o que está sendo escrito pelo teclado do computador. Segundo Souza, não há muito investimento para melhorar o aprendizado de deficientes visuais, principalmente na área de exatas.
Motivação veio da sala de aula
Além de pesquisador, Pedro da Silva (PR), é professor do ensino fundamental na rede pública de Curitiba(PR), cidade próxima. No dia a dia, convivendo com as deficiências de cada aluno para aprender matemática, ele se viu motivado a fazer algo por aqueles que enfrentam ainda mais dificuldades para absorver o conteúdo.
"A matemática tem mais dificuldade para os deficientes visuais por falta de recursos, ferramentas que dêem a eles condições de aprender. Espero que através do software eles se motivem para aprender e usar a matemática para as suas vidas e para o futuro", conta o pesquisador, que hoje se diz preparado para receber um aluno com essa deficiência em sala de aula.
Programa foi testado em instituições especializadas
Pedro levou o programa para ser testado em instituições especializadas no auxílio a deficientes visuais em Curitiba. "É um suporte a mais para o que a criança aprende no ensino regular. Foram solicitados ajustes e até o fim do ano o aplicativo estará disponível na internet", afirma.
Uma delas foi a Pró Visão, que promove a habilitação e reabilitação desse público há 30 anos. A instituição, localizada no bairro Jardim Proença, atende em média 45 deficientes, de bebês a adolescentes. Para a coordenadora Maria Cecília, a invenção de Pedro será muito importante para o futuro das crianças. "Tudo que facilita, dá autonomia para os deficientes visuais, é bem-vindo", conta.
A coordenadora afirma que esse público enfrenta uma carência no ensino normal e, por isso, as crianças procuram o apoio das instituições. Sem a ajuda, muitas não conseguem acompanhar. "Vamos usar o aplicativo e exercitar com as crianças. Já está no nosso plano", completa.
Carência em matemática é percebida entre adultos deficientes
Outra instituição que cuida dos deficientes visuais em Curitiba é o Centro Cultural Louis Braille, também no Jardim Paris. No local é possível aprender a linguagem e apoiar os jovens, principalmente acima dos 18 anos, na inclusão escolar em classes comuns. O coordenador de projetos sociais Devanir de Lima, que é deficiente visual, percebe que a matemática é, de fato, um problema para esse público.
"Muitos pais acreditam que o papel de ensinar está sendo feito nas escolas, que elas estão suprindo, mas não é assim. As crianças precisam sim de apoio e empenho maior das famílias", afima Lima. Segundo ele, muitas escolas não possuem professores especializados e o aprendizado precisa ser complementado para que as crianças evoluam.
"Recebemos jovens de 18 anos que não sabem fazer contas de adição, subtração, divisão e multiplicação com três dígitos. Matemática avançada eles nem sabem o que é. Se não tiver uma base bem feita do 1º ao 5 º ano, eles terão problemas no futuro", preocupa-se.