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Apostila de direito obrigacional

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1. DIREITO DAS OBRIGAÇÕES.
Na ordem do estudo do Direito Civil viu-se em primeiro lugar a pessoa, natural ou jurídica como sendo, na forma do art. 1º do Código Civil, capaz de direitos e deveres na ordem civil.
Cuidou-se a seguir das classes de bens, sendo estes sobre os quais, no mais das vezes, se assentam os direitos da pessoa.
Logo a seguir tratamos das circunstâncias, naturais ou humanas que faziam nascer, perecer ou modificar os direitos.
No estudo do negócio jurídico sedimentou-se a idéia de relação jurídica que, pela vontade humana, relaciona as pessoas e os objetos, e em especial estabelece vínculos entre estas pessoas e os seus respectivos direitos.
Retornando á redação do art. 1º do Código Civil, verificamos que toda pessoa é capaz não apenas de direitos, como também de direitos, na ordem civil.
Resulta concluir que a todo direito corresponde uma obrigação, um dever.
No dizer de Washigton de Barros Monteiro1 “todo direito, seja qual for sua natureza, encerra sempre uma idéia de obrigação, como antítese natural”.
A obrigação é, desse modo, o oposto natural do direito, ou, como preferem alguns autores a irradiação do direito para o mundo.
Assim diziam os romanos: ius et obligatio sunt correlata. (direito e obrigação são correlatos).
O estudo do Direito das Obrigações, seguindo a orientação do Código
Civil disciplinadas a partir do art. 233, têm um sentido mais restrito, cuidando de normatizar as relações obrigacionais decorrentes de declarações de vontade emitidas por pessoas entre si.
Maria Helena Diniz2 afirma que “o direito das obrigações consiste num complexo de normas que regem as relações jurídicas de ordem patrimonial, que têm por objeto prestações de um sujeito em relação a outro”.
Em uma primeira análise é possível verificar que o homem pode relacionar-se apenas com um objeto, tendo-o como seu e dele extraindo o proveito
1 Monteiro, Washington de Barros – Curso de Direito Civil – Vol. 04 – pág. 03 – Saraiva - 2008 2 Diniz, Maria Helena – Curso de Direito Civil Brasileiro – Vol. 02 – Pág. 03 – Saraiva – 2003.
que lhe interesse, sem que necessite estabelecer relações negociais com outras pessoas.
Porém, para a satisfação de seus interesses não bastará ao homem a utilização direta dos seus bens, necessita ele que também outras pessoas realizem atos que de algum modo atendam aos interesses deste e pelos quais de algum modo este deverá dar a devida contraprestação.
Relaciona-se com a própria idéia de sociedade, em que a reunião de pessoas, cada qual cumprindo o seu papel naquele contexto faz resultar um meio mais adequado às necessidades de cada um e a todos os seus membros.
É a essência da atividade econômica que remonta aos tempos mais longínquos, que se realiza pela disposição das coisas e do aproveitamento de serviços3 .
Ou seja, o homem, para dispor de seus bens não precisa da intervenção de terceiros, mas para poder aproveitar-se de atos alheios, é indispensável que alguém os realize, transmitindo a propriedade ou o uso das coisas ou então realizando serviços que lhe permitam fruir de seus próprios.
De outro lado está aquele que, não possuindo bens é dotado de talentos ou capacidade para auxiliar a outro na fruição de seus bens,
Nasce aí a relação jurídica entre pessoas, o momento em que se estabelecem vínculos recíprocos de obrigações.
Ou seja, A contrata B para realizar um trabalho de plantio de sementes na sua propriedade. A obriga-se quanto ao pagamento do valor correspondente ao serviço prestado ao passo em que B obriga-se a prestar o trabalho.
Veja-se que no exemplo na medida em que B se compromete a cumprir uma tarefa, B obriga-se ao pagamento do valor correspondente.
Ambos têm a um só tempo obrigações recíprocas, sendo ao mesmo tempo credores e devedores.
Em uma relação de direito, havida a manifestação de vontade, nasce a obrigação quanto ao cumprimento da prestação.
2. IMPORTÂNCIA.
Como se disse, as relações jurídicas obrigacionais são a base da economia, pois é a partir desses vínculos que ocorre a circulação de riquezas e a distribuição da renda.
3 Gomes, Orlando – Obrigações – pág. 06 – Forense – 2007.
Tendo essa importância para a sociedade, essencial que o estado, no cumprimento de seu dever precípuo que é estabelecer a ordem social, se incumba de dotar o direito de instrumentos legais capazes de regular essas relações de modo a fomentar o estabelecimento destas na medida em que confere segurança às partes envolvidas quanto à satisfação de seus créditos.
Portanto, se a relação jurídica é a essência da economia, o direito as obrigações é o esteio da economia.
Desde há muito o homem preocupa-se com o vínculo obrigacional.
Em Roma, o devedor inadimplente tornava-se escravo de seu credor.
Durante o mercantilismo na Europa do cuidado do homem com a relação obrigacional levou ao surgimento de várias figuras societárias até hoje utilizadas, como o nascimento dos títulos de crédito, tudo como forma garantir segurança às relações comerciais.
Não há dúvida que a economia tem como fundamento a confiança.
O vocábulo confiança tem como sinônimo crédito, dar crédito significa confiar.
Deriva do latim credere que significa acreditar.
Tendo a obrigação uma relação de débito e crédito.
O crédito na relação obrigacional assenta, não somente no caráter pessoal da pessoa do creditado, como também na existência de mecanismos jurídicos de garantia que se prestam a cingir este a cumprir com a vontade manifestada.
Assim, manifestada a vontade obriga-se o agente ao seu cumprimento, tendo o credor, mediante o império da lei o direito e as ferramentas necessárias para lhe fazer cumprir.
O direito das obrigações se apresenta como atividade estatal essencial para a realização das relações jurídicas e por conseguinte da atividade econômica.
3. OBRIGAÇÃO.
Segundo Clóvis Beviláqua “obrigação é a relação transitória de direito, que nos constrange a dar, fazer ou não fazer alguma coisa economicamente apreciável, em aproveitamento de alguém, que, por ato nosso, ou de alguém conosco juridicamente relacionado, ou em virtude da lei, adquiriu o direito de exigir de nós essa ação ou omissão”.
A crítica que se faz à definição de Clóvis é a ausência da responsabilidade correlata, ou seja, trata a obrigação como relação unilateral.
Washington de Barros Monteiro4 define a obrigação como “relação jurídica de caráter transitório, estabelecida entre credor e devedor e cujo objeto consiste numa prestação pessoal, econômica, positiva ou negativa, devida pelo primeiro ao segundo, garantindo-lhe o adimplemento através de seu patrimônio”
Orlando Gomes5 prefere a simplicidade do conceito romano: “Obligatio est juris vinculum, quo necesitae adstringimur alicujus solvendae rei”, em vernáculo: “Obrigação é vínculo jurídico em virtude do qual uma pessoa fica adstrita a satisfazer uma prestação em proveito da outra”.
O conceito adotado por Orlando Gomes peca pela omissão do caráter de transitoriedade a que se referiram Clóvis e Monteiro
3.1. Caracteres.
3.1.1. Caráter Transitório.
A obrigação tem caráter transitório, pois cumprida a prestação, encerrase a relação jurídica, com a satisfação do crédito.
Não existem obrigações perpétuas, porque assim como ao credor é assegurado o direito de exigir o cumprimento da obrigação, ao devedor é garantido o direito ao seu pagamento.
Desse modo toda obrigação está fadada a extinção no menor ou maior espaço de tempo, daí porque o caráter transitório
Afirmam os autores que a obligatio tem como contraponto obrigatório a solutio, proveniente verbo solvere: desatar, soltar.
Daí porque ao devedor são conferidos meios de obrigar o credor ao recebimento, como também lhe é conferido o instituto da prescrição.
3.1.2. Caráter Bilateral.
Toda obrigação é bilateral, pois vincula credor e devedor, casa qual ocupando um dos pólos opostos da relação jurídica.
4 Washington de Barros Monteiro – Ob. Cit. – Pág. 08. 5 Gomes, Orlando - Ob. Cit. – Pág. 16.
Obrigação constitui-se em um binômio, entendido como uma relação de dois elementos. De modoque, ausente um, não haverá relação obrigacional.
3.1.3. Caráter Econômico.
Obrigação tem caráter econômico, pois encerra sempre a idéia de que o bem jurídico tutelado pelo direito das obrigações compreende aquilo que é economicamente apreciável, como dizia Clóvis.
3.1.4. Caráter Pessoal.
Obrigação é direito pessoal, pis relaciona as pessoas, credor e devedor, por meio do objeto.
Não se confunde com direito real porque a obrigação não assenta sobre o patrimônio do devedor, mas quando ao dever deste em entregar o objeto ao credor.
Ainda que ao exigir o cumprimento da obrigação o credor requeira e o juiz defira a constrição de bens do devedor, a obrigação manterá seu caráter pessoal.
Também nos casos de garantia real a obrigação manterá se caráter pessoal, pois esta garantia é meramente substitutiva à obrigação principal.
Nos direitos reais, a pretensão ou o poder do credor assenta sobre o bem, assitindo-lhe o direito de exigi-lo contra qualquer pessoa que o detenha.
Tendo a obrigação caráter pessoal, ao credor somente cabe pretender a solução da pessoa obrigada ou daquela que sub-rogar-se na obrigação.
Quanto à prestação ela poderá ser positiva (dar e fazer) ou negativa (não fazer).
4. ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DA OBRIGAÇÃO.
A caracterização de uma relação jurídica obrigacional exige a presença concorrente de vários elementos.
Sem qualquer deles a relação obrigacional não existirá
4.1. Elemento Pessoal ou Subjetivo: Duplo Sujeito
Toda obrigação é bilateral, portanto, imprescindível a existência da obrigação sem que ali estejam presentes duas partes ocupando pólos opostos da relação.
A Obrigação requer, assim, duplo sujeito, cada um ocupando um dos pólos da relação jurídica obrigacional.
4.1.1. Credor ou Parte Ativa.
De um lado está a parte ativa da relação, ou seja, o credor.
Credor é a pessoa que tem o direito de exigir o cumprimento da obrigação.
Na forma do art. 1º do Código Civil, toda pessoa é capaz de direitos.
Sendo assim, toda pessoa é capaz para ocupar o pólo ativo da relação obrigacional; maior, menor, capaz ou incapaz, nacional ou estrangeiro, casado ou solteiro.
Também a pessoa jurídica pública ou privada, de direito interno ou externo poderão ocupar o pólo ativo da relação.
O pólo ativo pode ser individual ou coletivo, ou seja, poderá haver mais de uma pessoa ocupando o pólo ativo da relação
Admite-se a substituição do credor, pois a obrigação poderá ser transferida de uma pessoa para outra, passando esta a ocupar o pólo ativo com os mesmos direitos do credor primitivo.
Todavia, neste caso, eventuais exceções oponíveis ao credor originário podem não acompanhar a obrigação.
Poderá ser pessoa determinada ou determinável. Isto é, ao tempo da manifestação de vontade, pode-se não saber com precisão quem será o credor, que poderá ser identificado somente quando da quitação (ex.: promessa de recompensa, sorteio).
Nos casos em que não se puder determinar quem é o credor ao tempo do cumprimento da obrigação, assiste ao devedor, a fim de liberar-se da obrigação consigná-la em juízo.
4.1.2. Devedor ou Parte Passiva.
Trata-se da pessoa obrigada, aquela de quem o credor poderá exigir o cumprimento da vontade manifestada, o devedor.
A palavra devedor deriva do latim debitor que designa carga, dívida, sujeição.
A exemplo do credor, poderá ser qualquer pessoa, também na forma do art. 1º do Código Civil que diz que qualquer pessoa é capaz de deveres na ordem civil.
Igualmente poderá ser único ou plural.
Havendo mais de um devedor, cada qual responderá por uma fração da prestação. Não havendo solidariedade, cada devedor responderá pela fração que lhe compete.
Havendo solidariedade, aquele que for compelido a prestá-la no todo, terá o direito de regresso quando aos demais co-obrigados.
Não havendo soldar Também poderá ser pessoa determinada ou determinável.
4.2. Elemento Material: Objeto
Clóvis disse que por conta da relação jurídica, alguém estará obrigado a dar, fazer ou não fazer alguma coisa economicamente apreciável.
Já Washington de Barros afirmou que o objeto da relação obrigacional consiste numa prestação pessoal, econômica, positiva ou negativa.
Nas institutas a que se referiu Orlando Gomes encontramos a expressão alicujus solvendae rei.
Em todos os casos se observa que por conta da relação jurídica obrigacional, a parte passiva estará adstrita a entregar, fazer ou deixar de fazer algo em favor do credor.
Este algo é o objeto da relação obrigacional, é aquilo a que o devedor está obrigado.
Para que a idéia de objeto da obrigação não se resuma a pagamento, adequado chamar de prestação, assim o objeto da obrigação é uma prestação devida pela parte passiva à parte ativa.
Desse modo, quando se diz que o devedor está adstrito a dar, fazer ou não fazer, se diz que ele estará obrigado a uma prestação, positiva ou negativa, em favor do credor.
Não se confunde o objeto da obrigação com o objeto do contrato.
Objeto da obrigação é a prestação devida ao credor por conta da obrigação, objeto do contrato é a operação que as partes pretendem realizar. Em um contrato de locação, o objeto do contrato consiste na ocupação e o uso pacífico do imóvel, para o que o locador se obriga ao pagamento dos alugueres que é a prestação, o objeto da obrigação.
4.2.1. Caracteres do Objeto
O objeto da obrigação deverá ser possível, lícito determinado ou determinável e economicamente mensurável.
4.2.1.1. Possibilidade do Objeto:
Trata-se da possibilidade de realização da obrigação. Se a obrigação não se puder realizar, não haverá a obrigação, ou seja, o devedor estará desonerado de seu cumprimento.
São duas as espécies de impossibilidade: a impossibilidade física ou material ou a impossibilidade jurídica ou lega.
4.2.1.1.1. Impossibilidade material ou física.
Consiste na circunstância, própria do objeto que contraria as leis da natureza (trazer o monte Everest para o Brasil), ultrapasse a força humana (uma viagem a outras galáxias) ou ser irreal em sua essência (a entrega de um unicórnio).
4.2.1.1.2. Impossibilidade Jurídica ou legal:
Diz respeito à estipulação de obrigação que contrarie a lei, como a alienação de bens públicos, cessão de herança de pessoa viva ou loteria não autorizada.
Veja-se que não são objetos ilícitos em sua essência, pois a alienação de bens ou a cessão de herança ou até mesmo a exploração de loterias são condutas lícitas, ocorrem, nestes casos vedação específica quanto ao objeto em especial, sua natureza ou estado.
Há casos em que essa vedação nem está prevista na lei, mas sua ocorrência decorre de lógica jurídica como, por exemplo, a aquisição, pelo marido, da fração da mulher, quando casados sob o regime de comunhão de bens.
A impossibilidade do objeto há que ser real e absoluta, não admitindo escusar o devedor a mera dificuldade, qualquer obstáculo que possa ser superado com maior esforço ou dispêndio.
Se a impossibilidade diz respeito somente ao devedor, ela será relativa e não o desobrigará.
Também, a impossibilidade do objeto, para o fim de desobrigar o devedor deverá ser superveniente, ou seja, posterior ao tempo da manifestação da vontade.
Se no ato da manifestação da vontade seu objeto era impossível a obrigação será inexistente, nula (ad impossibilia nulla obligatio).

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