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Inteligencia Resultado da Genetica do Ambiente ou de Ambos Cap 1

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itJAPESP
Cole«;a FAPESP
2005
Professor Titular do Departamento de Psicologia e
Educaciio da Faculdade de Filosofia, Ciencias e Letras de
Ribeiriio Preto (FFCLRP) da Universidade de sao Paulo (USP).
Jose Aparecido Da Silva
Resultado da Genetica, do Ambiente ou de Ambos?
INTE·
QI (g): Genetica e .:x:per;encia, 109
CAPITulO 7
lnfluencias Genencas e Ambientais na lnteligencia Geral
(g ou QI), 85
CAPITULO 6
Genes e Comportamentos: Concepcoes Erroneas, 73
CAPITULO 5
QI (gj-Cenetica e QI (g)-Ambiente: para qual Lado os
Sinos Dobram?, 57
CAPITULO 4
lnteligencia Ceral (g) e Teorias da lnteligencia
('g' ou nao 'g'), 47
CAPITULO 3
lnteligencia Geral, 17
CAPITULO 2
lnteligencia em Geral, 1
CAPITULO 1
Sumario
IN DICE REMISSIVO, 173
REFERENCIASBIBLIOGRAFICAS, 159
lnteligencia Geral (g) como urn Constructo Cientffico, 147
CAPITULO 10
Identificando os Genes da lnteligencia Geral (g), 129
CAPITULO 9
Genes, Ambientes ou Ambos?, 121
CAPITULO 8
SUMARIOXVI
o teste de QI (Quociente ::::nrelectual)e 0 Icone que melhor identifica e
representa a abordagem psi metrica para medir a inteligencia. Alfred Bi-
net (1857-1911), em 190-. elineou 0 primeiro destes testes, na Franca,
para identificar criancas ~poderiam tel'dificuldades em se beneficiar da
1-
A ABORDAGEM PSJCOMETRJCA (TESTAGEM MENTAL)
Os esforcos para mensurar a variacao em inteligencia entre os individuos
estao completando exatamente urn seculo.De urnlado, Spearman, em 1904,
influenciadopor SirFrancisGalton,desenvolveua ideiada habilidademental
geral, urn fator comum entre todos os diversos testes de habilidades men-
tais. De outro lado, Alfred Binet, em 1905, desenvolveu 0 primeiro teste
"real" (isto e, valido) de inteligencia em geral, a qual ele conceituou como
_a habilidade para demonstrar mem6ria, julgamento, raciocinio e compreen-
sao social, alem de elaborar tarefas, de natureza primariamente verbal, para
medir esses aspectos da inteligencia global (Da Silva, 2003).
Influenciadas por esses marcos iniciais, e ao longo desses cern anos,
duas abordagens para medir tais diferencas emergiram, a psicometrica e a
experimental. Ambas floresceram a partir da percepcao universal de que
embora todas as pessoas possam pensar e aprender, umas sao notadamente
muito melhores em ambas do que outras. Conseqtientemente, a pesquisa
em inteligencia focaliza como as pessoas diferem em competencias cogni-
tivas, e nao sobre 0 que e comum para todas elas (outras disciplinas, como
a neurociencia e a psicologia cognitiva especializam-se nas similaridades).
Assim, 0 objetivo da pesquisa em inteligencia e muito mais amplo e geral
do que explicar as complexidades de como 0 cerebro e a mente funcionam.
Essas complexidades sao relevantes para os entendidos em inteligencia,
mas, geralmente, apenas na medida em que elas iluminam porque as pesso-
as em todas as culturas diferem tanto em sua habilidade para pensar, conhe-
cer e aprender.
Inteligencia em Geral
1
CAPITULO
instrucao escolar regular. A ideia de Binet foi amostrar competencias men-
tais cotidianas e conhecimentos que nao fossem estritamente ligados a cur-
rfculos escolares especificos, que aumentassem sistematicamente atraves
da infancia, e, ademais, que pudessem confiavelmente prognosticar imp or-
tantes diferencas no desempenho academico posterior. 0 resultado foi uma
serie de itens padronizados, graduados em funcao da idade e arranjados em
ordem de dificuldade. 0 escore composto de urn conjunto de subtestes (isto
e, baseado na soma [ou a media] dos escores de uma colecao de diversos
testes) de uma crianca era comparado com 0nivel de desenvolvimento mental
daquela crianca media de mesma idade cronologica. Tal escore composto
tern sido dito medir a inteligencia em geral em contraste com a inteligencia
geral, ou inteligencia psicornetrica 'g' (ver Capitulo 2).0 propos ito de Bi-
net foi pragmatico e seus esforcos alcancaram pleno exito, e 0 seu teste
correu 0 mundo.
Imimeros testes similares tern sido desenvolvidos e refinados ao longo
dos anos do seculo passado (Anastasi & Urbina 1997; Kauffman, 2000;
Thomdike, 1997). Alguns sao testes de papel e lapis, designados de testes
coletivos, os quais podem ser economicamente viaveis de serem aplicados
a muitos individuos ao mesmo tempo e com apenas urn pequeno sacriffcio
na acuracia, As escalas de Wechsler sao testes individualmente aplicados
que nao requerem leitura e sao dados urn a urn. Atualmente, os testes de
inteligencia em geral, individualmente administrados, sao tipicamente com-
postos de dez a quinze testes (ou subtestes) que variam largamente em con-
teudo. As duas maiores categorias sao os subtestes verbais, como vocabu-
lario, informacao, analogia verbal e aritmetica, os quais requerem conheci-
mento especffico, e os subtestes de desempenho, como arranjos de blocos,
matrizes de raciocinio, e analogia figurativa, os quais requerem muito raci-
ocinio, mas pouco ou nenhum conhecimento. A inteligencia em geral, usu-
almente, e aferida a partir da soma (ou a media) dos escores separados
obtidos de cada urn dos subtestes, e como tal ela representa uma mistura
iinica de varias habilidades dentro do escore final composto.
o dominio altamente tecnico que lida com 0 desenvolvimento e a ava-
liacao de testes mentais, denominado de psicometria, e urn dos mais velhos
e rigorosos na psicologia. Seus produtos tern sido iiteis nas escolas, nas
industrias, nas empresas, na pratica clinica privada e hospitalar, no sistema
militar, contextos onde eles sao amplamente empregados e seu valor prog-
nostico, preditivo, constantemente aferido.
Os testes mentais, profissionalmente e rigorosamente desenvolvidos,
sao altamente fidedignos, isto e, eles ordenam as pessoas de forma alta-
mente consistente quando elas sao re-testadas. Uma grande preocupacao,
levantada des de os seus primordios, foi se os testes mentais poderiam ser
culturalmente enviesados. Vieses referem-se a super ou a subestimacao sis-
INTELIGtNCIA: REsULTADO DA GENETICA, DO AMBIENTE OU DE AMBOS?2
Alfred Binet, em 1904, foi design ado pelo ministro frances de Instrucao
Publica para tomar parte de uma comissao visando propor 0 que poderia ser
feito sobre a educacao das criancas com dificuldades de aprendizagem nas
escolas de Paris. Em resposta a esta solicitacao, ele e sua equipe desenvol-
veram uma escala que consistia de 30 breves tarefas arranjadas em ordem
de dificuldade. Esta primeira escala apareceu em 1905, com revisoes em
1908 e 1911.
Binet arguiu que havia tres metod os para mensurar a inteligencia. 0
primeiro era 0metoda medico que procurava os sinais patologicos, fisiolo-
gicos e anatomicos da inteligencia inferior. 0 segundo era 0 metodo peda-
gogico que se baseava no conhecimento adquirido na escola como urn meio
para mensurar a inteligencia, que ele considerava como a soma do conheci-
mento adquirido (inteligencia em geral). 0 terceiro e 0metoda psicologico
que se focaliza na observacao direta e na mensuracao do comportamento
ESTIMANDO0 QI
tematica das verdadeiras habilidades das pessoas oriundas de certos grupos
- urn no na escala - favorecendo-os desfavorecendo-os (Jensen, 1980). Ha
muitas tecnicas, desenvolvidas dentro da tecnologia psicometrica, que sao
especfficas para revelar os vieses dos testes. Atualmente todos os testes
mentais sao rigorosamente peneirados para verificar esses vieses, antes de
serem publicados ou comercializados. 0 consenso obtido entre os especia-
listas a partir das analises desses vieses, apos decadas de pesquisas que
frequenternente tentaram provar 0 contrario, e que os testes de QI, ao me-
nos aqueles intensamente usados nos Estados Unidos, nao subestimam sis-
tematicamente as habilidades mentais de urn grupo ou de outro. A forca-
tarefa constituida pela American Psychological Association (APA) , que
envolveu urn time de renomados especialistasem psicometria e teorias da
inteligencia, endossou este consenso num marcante artigo publicado por
Neisser e colaboradores, em 1996, na prestigiosa revista American Psycho-
logist, porta-voz dessa associacao,
Atualmente, uma outra e muito importante questao que tern sido inva-
riavelmente discutida tanto na arena publica quanta nos recintos da acade-
mia, no ambito dos testes de QI, e se eles sao validos, isto e, se eles real-
mente medem "inteligencia" ese, realmente predizem importantes resulta-
dos sociais. A imensa maioria da literatura acerca dessa problematic a nao
deixa diividas de que os testes de QI, de fato, medem aquilo que a grande
parte das pessoas significa pelo termo "inteligencia" (em geral), e que os
testes predizem uma ampla variedade de exitos sociais, embora alguns 0
facam muito melhor que outros, e por razoes nem sempre bern entendidas
(Gottfredson, 1997a,1997b; Hunt, 1995).
3INTELIGJONCIA EM GERAL
lQ = (IMIIC) x 100 (0 100 e introduzido para elirninar 0 ponto decimal)
inteligente. Como isto pode ser feito? 0 que Binet fez foi simplesmente
engenhoso. Ele genialmente relacionou 0 nivel de habilidade a idade.
Ele raciocinou que quando as criancas crescem, elas funcionam mais
eficientemente quanta mais a inteligencia estiver envoi vida. Se apresentar-
mos a uma crianca de cinco anos urn problema (por exemplo, apontar 0
elemento que esta faltando numa serie de desenhos coloridos) que ela nao
pode resolver, ela repentinamente sera habil em faze-lo quanta tiver seis,
sete ou oito anos. Se a crianca media pode resolver este problema na idade
de cinco anos, mas nao com quatro, entao 0 nivel etario do problema e cinco
anos. Qualquer crianca que pode resolver 0 problema e dito, entao, ter uma
idade mental de (pelo menos) cinco anos, qualquer que seja a sua idade
cronol6gica. Naturalmente, podemos usar muitos problemas similares, e
podemos mensurar a idade mental (1M) tanto em meses quanta em anos,
mas em essencia e esta a forma com a qual Binet construiu sua escala.
o criterio basico para comprovar se uma dada tarefa era apropriada
como uma medida de habilidade intelectual, era verificar se esta tarefa mos-
trava urn padrao de dificuldade decrescente com a idade. Binet ordenou as
30 tarefas de sua escala original pela idade na qual a crianca media podia
com exito completa-las. Esta relacao foi formalizada na revisao, de 1908,
da escala colocando cada item em urn nivel mental definido pel a idade onde
metade (50%) das criancas pudesse responder 0 item corretamente. 0 exa-
minador determinava 0 nivel mental da crianca encontrando <.? nivel no qual
a crianca podia completar todos os itens e adicionando urn ana para cada
cinco itens acertados alem da base. Urn problema com esse procedimento e
que embora fosse dito em qual nivel a crianca estava funcionando, este
escore nao fornecia qualquer indicacao de quao bern era aquele funciona-
mento. Duas criancas, ambas testadas no nivel de oito anos de idade, eram
vistas como tendo 0mesmo desenvolvimento intelectual, mas se uma crian-
ca tivesse seis anos e a outra, dez anos de idade, as conclusoes derivadas
poderiam ser bastante diferentes. Em 1912, Wilhelm Stern, urn psic6logo
alernao, tentou resolver 0 problema propondo que 0 nivel mental da crian-
'ra, ou idade mental como ele a denominou, fosse dividido pela idade crono-
l6gica dessa mesma crianca para produzir urn quociente de inteligencia.
Stern. assirn, juntou a idade mental e a idade cronol6gica numa mesma for-
mula, indicando 0 QI. Uma crianca de 6 anos, mas com uma idade mental
de 8, poderia entao ter urn quociente de 1,33, enquanto uma de 10 anos de
idade teria uma razao de 0,75. Uma crianca que estivesse na media teria urn
quociente de 1,00. Por volta de 1920, esses quocientes foram multiplicados
por 100 para eliminar 0 ponto decimal e produzir uma metrica tal como
conhecida hoje. Deste modo:
INTELIG~NClA: REsULTADO DA GENETICA, DO AMBIENTE OU DE AMBOS?4
Como nos podemos entao calcular 0QI para adultos? Quando mensu-
ramos os QIs das criancas, eles sao distribuidos na forma de uma curva
normal ou gaussiana (nomeada, assim, apos 0 famoso matematico Karl Fri-
25 = (16/64) x 100
Ou na idade de 32 anos, 0 QI seria de:
I ~~!!32) x 1001,
E na idade de 64,0 QI seria:
133 na idade de 12 = (16/12) x 100
Urn outro infeliz resultado de usar idade como a metrica para a habilida-
de e que, no curso normal do desenvolvimento humano, a taxa de crescimen-
to na habilidade diminui dramaticamente durante os anos da adolescencia.
Dado 0 conhecimento do padrao de desenvolvimento humane, esta afirma-
~ao pode ter algum sentido, do mesmo modo que faz sentido dizer que urn
brasileiro medic tern a altura media de urn jovem de 16 anos de idade. A
dificuldade e que as pessoas tiram conclusoes substancialmente diferentes des-
sas duas afirmacoes. Embora urn grande corpo de evidencias leva-nos a con-
clusao de que 0 crescimento intelectual em termos de escores de testes, geral-
mente, alcanca urn limite par volta da idade de 16, ou infcio dos 20 anos,
exatamente como ocorre com 0 crescimento ffsico, a realidade parece normal
no caso deste ultimo e simplesmente inaceitavel no primeiro.
Assim, para se estimar 0QI supoe-se que 0 desenvolvimento intelectual
atinge uma assmtota por volta dos 16 anos de idade e que a razao entre 1M e
IC nao muda ao longo da idade de 5 anos (quando os QIs podem ser signifi-
cativamente mensurados) ate a idade de 16 ou mais. Apos 16 anos 0 cresci-
mento mental para gradualmente de aumentar, de modo que a 1M nao mais
aumenta e, por consequencia, apos aquela idade nos nao podemos usar mais
a formula, tal como ela e. Se assim fizessemos teriamos urn QI de:
83 = (10/12) x 100
Mas, se uma crianca de 12 anos de idade tern uma idade mental de 10,
seu QI e:
125 = (10/8) x 100
Se uma crianca de 8 anos de idade tern uma idade mental de 10, seu QI e;
5INTELIG~NCIA EM GERAL
Figura 1.1. Curva da distribuicao do QI na populacao, ote-se que 50% da populacao
tern QI entre 90 ell O.Apenas 0,4% (quatro em mil] tern QI acirna de 140 ou abaixo
de 60.
120110100
QI
90
7%
17%
25%25%
17%
edrich Gauss te-la descoberto). Este padrao de distribuicao e mostrado na
Figura 1.1. Na base, estao indicados os niveis de QI de 60 a 140; a curva
mostra que poucas criancas tern QI muito alto ou muito baixo, com 50%
entre 90 e 110. Apenas 0,4% tern urn QI acima de 140 ou abaixo de 60.
Uma distribuicao similar pode ser obtida se nos simplesmente dermos
a cada crianca urn escore, derivado a partir do mimero total de respostas
corretas que ela obtem num teste. Podemos transformar 0 escore num QI -
o escore medic corresponde a urn QI de 100, e assim por diante. Podemos
usar a curva normal para transformar escores de QI diretamente, tanto para
adultos quanto para criancas, procedimento que atualmente tern se tornado
praticamente universal. As sutilezas estatisticas desse procedimento podem
ser encontradas em qualquer manual de psicometria (ver, por exemplo, Pas-
quali, 2003; Anastasi & Urbina, 1997). E importante notar, todavia, que
atualmente os QIs nao sao realmente quocientes de qualquer especie, mas
meramente retem 0 nome de QI, embora seja derivado por uma formula
alternativa.
Urn outro parametro importante da curva normal e 0 chamado desvio
padrao (DP), 0 qual denota a quantidade (a largura) da amplitude da curva
total. Se uma crianca muito brilhante tivesse urn QI de 120, e a mais idiota,
urn QI de 80, a curva seria muito mais comprimida, tal como indicado por
urn DP menor. Esses dois parametres, a media e 0DP, sao suficientes para
descrever a curva matematicamente completa. Como pode ser facilmente
constatado, usualmente 3 DPs de cada lado da media incluem praticamente
a maioria da populacao, com apenas uma pequena proporcao caindo fora
desses limites. Para 0QI, 0DP e usualmente computado (fixado), em apro-
ximadamente 15. Assim,QI e urn escore padronizado com media igual a
100 e desvio padrao igual a 15.
INTELIGJ:.NCIA:RESULTADO DA GENETICA, DO AMBIENTE OU DE AMBOS?6
A abordagem experimental para mensurar as diferencas individuais na in-
teligencia em geral e muito mais velha que a psicometrica, mas pouco co-
nhecida fora da area da inteligencia, Diferente da abordagem psicometrica,
ela nao tern produzido qualquer teste de valor pratico fora do contexto da
pesquisa, ainda que ela possa algum dia produzir algo que substitua os tes-
tes de QI em imimeros prop6sitos. 0 enfoque comecou no fim dos anos
1800 quando 0 grande polimatematico Francis Galton (1822-1911) propos
que a velocidade mental poderia ser a essencia da inteligencia, Ele entao
fez arranjos para medi-la testando quao rapidamente as pessoas respondiam
a simples estimulos sensoriais, tais como luzes ou tons. As mensuracoes
de Galton, claramente, nao se correlacionavam com os indicadores de vida-
real de habilidades mentais, como sucesso educacional, de modo que sua
abordagemcronometricafoi rapidamenteesquecidacomo sendoerradamente
concebida e, alem disso, foi considerada muito simplista para capturar al-
guma coisa importante sobre a beleza da complexidade do pensamento
humano.
Entretanto, avances estatisticos alcancados ap6s a metade do seculo
XX, mostraram que na verdade os dados de Galton revelavam-se conside-
ravelmente promissores. Novas tecnologias computacionais e medicas tern,
desde entao, permitido aos pesquisadores mensurar os elementos de pro-
cessamento mental com a precisao necessaria, a qual Galton, em seu tem-
po, jamais poderia te-la feito. Grupos, que ele tinha classificado em funcao
dos niveis educacional e ocupacional, os quais foram os iinicos criterios
por ele adotados para analisar as diferencas em habilidade mental, mostra-
ram diferencas significativas em simples testes de tempo de reacao e de
discriminacao sensorial que ele havia entao criados em seu laborat6rio (Jo-
hnson, McCleam, Yuen,Nagoshi, Ahearn & Cole, 1985).
o renascimento desta abordagem nos anos 1970 temrevolucionado 0
estudo da inteligencia. E a nova fronteira, digamos, a pesquisa de ponta,
hoje, da inteligencia. 0 estudo dos processos cognitivos, usando tarefas
cognitivas elementares (BCT - Elementary Cognitive Tasks), tern atraido
pesquisadores de diferentes partes do mundo (ver 0mirnero de 2001 [29],
da revista Intelligence, organizado por Petrill e Deary, especialmente dedi-
cado a relacao entre tempo de inspecao [TI] e inteligencia). Parece-nos,
agora, que algumas diferencas nas habilidades mentais complexas podem,
de fato, originar-se de simples diferencas em como 0 cerebro das pessoas
processa informacao, incluindo sua rapidez liquida de processamento.
Nao ha uma simples abordagem experimental, mas, talvez, aquela atu-
almente dominante seja a cronometrica, que inclui estudos de tempo de
inspecao (TI) e de tempo de reacao (TR). Obviamente as tarefas cronome-
A ABORDAGEM EXPERIMENTAL (LABORATORIO)
7INTELIG~NClA EM GERAL
Figura 1.2{a). Estimulos usados na Tarefa Cognitiva Elemental' (ECT) envolvendo 0
teste de tempo de inspecao, que mede a habilidade das pessoas para processar rapi-
damente a informacao visual. (b) Os estimulos sao seguidos por uma figura de masca-
ramento que tem linhas grossas de comprimentos iguais. A figura rotulada (a) e apre-
sentada numa breve duracao (por ex., 70 ms) e e imediatamente seguida pela figura
(b), a qual cobre e mascara a p6s-imagem retiniana da figura (a). 0 intervalo de tem-
po, entre 0 infcio da apresentacao de (a) e 0 inicio da apresentacao de (b), necessario
para uma pessoa registrar com 97,5% de acuraoa se a perna maior da figura (a) estava
a esquerda ou a direita e denominado de tempo de inspecao (TI) daquela pessoa.
a) Estimulos b) Mascaramento
I I
ou
tricas diferem dramaticamente daquelas envolvendo itens de testes de QI. 0
objetivo e medir a velocidade de varies processos de compreensao e per-
ceptuais elementares (Jensen, 1998, 2002; Nettelbeck, 2003). Assim, em
vez de computar 0 escore de uma pessoa enquanto desempenha uma tarefa
mental complexa (tal como solucionar urn problema maternatico ou definir
uma palavra), os estudos cronometricos medem quae rapidamente uma pes-
soa desempenha tarefas que sao tao simples que virtual mente ninguem co-
mete erros ao faze-las. Essas tarefas cognitivas elementares (EeT) incluem,
por exemplo, registrar qual de duas linhas brevemente apresentadas e a maior
(ver Figura 1.2), ou qual dentre varias luzes tern sido acessa (ver Figura 1.3).
Na primeira, uma tarefa de TI, 0 escore e 0 tempo, em milissegundos, de
exposicao transcorrido para perceber a diferenca, Na ultima, uma tarefa de
TR, 0 escore e 0 tempo, em milissegundos, dispendido pelo sujeito para soltar
urn botao (interruptor - chamado de tempo de decisao - TD) a fim de pressio-
nar urn dado botao de resposta iluminado (denominado de tempo de movi-
mento - TM) (Kranzler & Jensen, 1989; 1991). Entre adultos, tomar a deci-
sao correta em 90% das tentativas requer, em media, uma duracao do esti-
mulo de aproximadamente 70 milissegundos.
Nestes estudos, tanto a velocidade media quanta a variabilidade na
velocidade de reacao sao mensuradas em dezenas de tentativas. Os dados
obtidos de centenas de experimentos realizados em diferentes laborat6rios,
empregando sujeitos oriundos de diferentes culturas e com diferentes fai-
INTELIG~NCIA: RESULTADO DA GENETICA, DO AMBIENTE OU DE AMBOS?8
xas etarias, invariavelmente tern revel ado que as pessoas mais brilhantes,
nao sao somente mais rapidas, mas, tambem, sao mais consistentes na velo-
cidade de apreensao do estimulo, na discriminacao, na escolha, na busca
visual, na varredura na memoria a curto prazo e na recuperacao de inform a-
qao na memoria a longo prazo. Para 0TR, as correlacoes tfpicas com QI sao
ao redor de -0,30 e quando combinamos varies tipos de testes podemos
obter correlacoes pr6ximas de -0,50 (vel' Tabela 1.1). Para 0 TI, os dados
tambem tern revel ado que quanta maior 0 QI de uma pessoa mais rapida-
mente eIa reconhece a apresentacao de urn estimulo em velocidades muito
altas. Tambem tern sido obtida uma correlacao por volta de -0,50 (ajusta-
da) entre 0 tempo de inspecao e 0 QI (vel' Tabelas 1.2 e 1.3), ou, talvez, urn
pouco maior (Mackintosh, 1998). Entretanto, dados obtidos por Deary (1993),
Figura 1:3. Equipamentos utilizados para as respostas do sujeito envolvendo 0 para-
digma do TR. Em (A) a resposta requerida e um Tempo de Reacao simples, em (B)
Tempo de Reacao com escolha e em (C) Tempo de Reacao com dlscriminacao (esco-
Iher 0 diferente). 0 ponto preto e 0 botao de origem; os cfrculos abertos sao luzes
verdes transhicidas. Em A e B apenas uma luz se acende em cada tentativa; em C, tres
luzes se acendem simultaneamente em cada tentativa, com separacoes desiguais en-
tre elas. 0 sujeito e instrufdo a tocar a luz acessa diferente, isto e, um botao que esteja
mais distante dos outros do is botoes.
c
• '*
o
,*0
o
9INTELlG~NC[A EM GERAL
Dados obtidos de Jensen (1987)
Tabela 1.1 - Correlac;6es entre QI e Tempo de Reacao (TR)
por exemplo, revelaram correlacoes muito mais baixas, que variaram de
apenas -0,14, entre TI e QI-verbal, a -0,35, entreTI e QI-desempenho (tes-
te de WAIS-R, ver Tabela 1.3). Assim, qualquer que seja a medida, TR ou
TI, os dados parecem sempre indicar que as pessoas mais brilhantes (com
maiores QI) dao menores TR eTC mas ninguem parece muito desejoso de
ouvir. "Nao me confunda com fatos, minha mente ja esta feita!", parece ser
a impressao geral.
De outro lado, dados tarnbern tern mostrado que a variabilidade da
velocidade e mais altamente correlacionada com QI (negativamente) do
que a velocidade media. Isto e, quando a uma pessoa e dado vinte ou mais
tentativas numa tarefa de TR, n6s podemos confiavelmente mensurar a va-
riabilidade intra-individual des sa pessoa, indicada como0 desvio padrao
(DP) dos tempos de reacao obtidos num mimero especificado (n) de tenta-
tivas. Esta variabilidade tern sido rotulada de TRDP. Usualmente, ela e mais
altamente correlacionada (negativamente) com 0 QI do que a mediana dos
TR dos sujeitos para 0 mesmo mimero de tentativas. Em outras palavras,
uma pessoa com QI mais alto e caracterizada por uma menor variabilidade
(TRDP), isto e, uma maior consistencia entre tentativas de seus tempos de
reacao (Baumeister, 1998; Jensen, 1992). Tern sido sugerido que 0 TRDP
reflete a quantidade de "ruido neural" nas funcoes de processamento de
informacao no cere bro. Ele pode ser assemelhado ao rufdo estatico numa
linha telefonica que diminui a cornunicacao quando as partes conversando
tern de repetir palavras e frases para cruzar suas mensagens. Assim, 0 in-
verso do TRDP reflete 0 que pode ser denominado de "eficiencia neural".
Tambem 0 desempenho nas tarefas cogniti vas elementares correlacio-
na-se mais altamente com QI a medida que as tarefas tornam-se mais com-
plexas (aumenta a carga de informacao, ou inversamente, a incerteza); por
exemplo, quando 0 niimero de luzes a serem distinguidas entre varias au-
INTEUGfiNCIA: RESULTADO DA GENETICA, DO AMBIENTE OU DE AMBOS?10
menta de dois, quatro e ate oito - respectivamente, urn, dois, e tres bits de
informacao - (Jensen, 1987).
Indicadores compostos de varies escores de velocidade e escores de
consistencia de diferentes tarefas cognitivas elementares, usualmente cor-
relacionam-se de -0,5 a -D,7 com QI (numa escala de -1,0 a 1,0, com zero
indicando nenhuma correlacao), revelando que tanto as medidas cronome-
tricas quanta as psicometricas espelham ou extraem 0 mesmo fenomeno.
Isto indica que os simplesprocessos sensoriaise as funcoes cognitivasmuito
mais complexas requeridas pelos testes de QI sao ambos manifestacoes de
urn terceiro fato, nomeadamente, a velocidade e a eficiencia de processa-
mento de informacao neural no cerebro (Garlick, 2002; 2003). Interessante
notar que as medidas psicometricas e cronometricas tambem tracam ames-
rna curva evolutiva durante 0 ciclo de vida, aumentando durante a infancia
e declinando no fim da fase adulta. Atualmente, os debates entre os experi-
mentadores tern focalizado quantos e quais sao os particulares processos
cognitivos elementares requeridos para explicarem as diferencas na inteli-
gencia psicometrica 'g'. Assim, a ideia de Galton de que a velocidade de
Dados obtidos par Deary (1993).
Tabela 1.3. Correlacces entre os Diferentes Subtestes da EscalaWechsler de
Inteligencia de Adultos - Revisada (WAIS-R) e 0 Tempo de lnspecao (TI)
Dados obtidos par Kranzler & Jensen (1989).
Tabela 1.2. Correlacoes entre QI (WAIS·R) e Tempo de lnspecao (TI)
11INTELIGfiNClA EM GERAL
o significado pratico de inteligencia e capturado muito bern pela seguinte
descricao endossada por 52 estudiosos da inteligencia (Gottfredson, 1997c).
Ela e baseada num seculo de pesquisas sobre 0 comportamento mental de
pessoas com escores de QI, mais alto versus mais baixo, obtidos em muitos
diferentes contextos.
"Inteligencia e uma capacidade mental muito geral que, entre outras
coisas, envolve a habilidade para raciocinar, planejar, solucionar proble-
mas, pensar abstratamente, compreender ideias complexas, aprender rapi-
damente e aprender da experiencia. Ela nao emeramente erudicao, ou uma
estrita habilidade acadernica ou uma habilidade para fazer testes. Mais do
que isso, ela reflete uma mais ampla e mais profunda capacidade para com-
preender 0 ambiente que nos rodeia - atualizar-se, dar sentido as coisas ou
planejar 0 que fazer" (p.13).
o conceito de inteligencia em geral refere-se especificamente a uma
habilidade que e mental. Ele nao incorpora muito dos outros traces pesso-
ais e circunstancias que sao importantes na vida das pessoas. Ele nao inclui,
por exemplo, estritas habilidades fisicas, criatividade ou traces de persona-
lidade e de carater, tais como consciencia, neuroticismo, introversao. Os
testes de QI nao sao construidos com 0 prop6sito de medir estes outros
traces. Tres definicoes praticas que sao mais especificas podem, talvez,
iluminar melhor 0 que significa inteligencia no ambito do nosso cotidiano.
Cada uma delas pode refletir as outras duas, mas cada uma destaca urn
diferente aspecto pratico da inteligencia: a habilidade para lidar com a
DEFINIC;OES PRATICAS DE INTELIGENCIA EM GERAL
o significado de inteligencia pode ser descrito em dois niveis. De urn Iado,
os nao especialistas estao usualmente interessados no significado pratico
de inteligencia tal como ela emanifestada na vida diaria, Quais habilidades
ela reflete? Quae util e ela na escola, no trabalho, na vida domestica? De
outro lado, os estudiosos da inteligencia estao interessados em aspectos
mais fundamentais da natureza da inteligencia.E a inteligencia uma propri-
edade do cerebro e, se assim for, qual e esta propriedade exatamente? Ou
ela e urn conjunto de habilidades aprendidas cujo valor varia entre cultu-
ras? Entretanto, os psicologos escolares e industriais/organizacionais, iguais
aos outros pesquisadores envolvidos com as implicacoes praticas das capa-
cidades mentais, estao freqiientemente interessados em ambos os niveis.
o QUE SIGNIFICA INTELIGENCIA EM GERAU
processamento de informacao e urn importante aspecto das diferencas indi-
viduais na inteligencia tem-se mostrado con-eta.
INTELIG]\.NClA: RESULlADO DA GENETICA, DO AMBIENTE OU DE AMBOS?12
lnteligencia como a habilidade para lidar com a complexidade
Os itens dos testes de QI variam amplamente tanto em conteiido quanto em
formato, mas eles, frequentemente, parecem esotericos ou estritamente aca-
demicos. Muitas pessoas, no passado, tomaram essas superficialidades como
guias da natureza do que os testes de QI mediam e, portanto, erradamente
concluiram que estes nao poderiam estar mensurando alguma coisa com
consequencia real, pelo menos fora das escolas. Todavia, as caracteristicas
superficiais dos testes de QI sao irrelevantes para sua adequacao em medir
inteligencia. 0 que importa e a complexidade, a quantidade de manipulacao
mental, que suas tarefas requerem: contrastar, abstrair, inferir, encontrar si-
milaridades e diferencas salientes, e qualquer outra coisa que faca a mente
de alguem "funcionar" para realizar uma dada tarefa mental. Complexidade
e 0 ingrediente ativo nos testes que revelam inteligencia, As pessoas que
escoram mais alto em testes de QI sao aquelas que lidam muito melhor com
a complexidade e, portanto, sao mais habeis em entender e efetivamente
resolver desafios mentais mais complexos,
Qualquer tipo de vefculo ou conteiido do teste (palavras, mimeros,
figuras, fotografias, simbolos, blocos, labirintos e assim por diante) pode
ser usado para criar diferentes niveis de complexidade. De fato, os testes
de QI tipicamente contem subtestes com diferentes tipos de conteudo.
Testes de capacidade de memoria para digitos em ordem direta e inversa
(dois sub-testes de memoria) ilustram claramente a nocao de manipulacao
mental e complexidade da tarefa. Com digitos em ordem direta, os indi-
viduos sao solicitados a repetir uma lista, de dois a nove digitos (diga-
mos, 3-2-5-9-6), que e apresentada oralmente num ritmo de urn digito por
segundo. Com digitos em ordem inversa, 0 individuo simplesmente re-
pete os mimeros na ordem reversa (neste caso, 6-9-5-2-3). 0 elemento
extra na segunda tarefa (mentalmente revertendo a lista) substancialmen-
te aumenta sua complexidade, aproximadamente dobrando sua correlacao
com 0 QI.
Do mesmo modo, subtestes envolvendo a tarefa de completar uma
serie de mimeros tarnbem pode parecer trivial, mas eles ilustram como urn
conteudo, mesmo simples. pode ser variado para progressivamente aumen-
tar as demandas de complexidade mentaL Vamos considerar as seguintes
tres series: 4, 6, 8, 10, L.- item facil); 2, 4,5, 7,8, 10, - (moderado), e 9,
8, 7, 8, 7,6, - (dificil). Alguem pode discernir a relacao entre os mimeros
sucessivos a fim de com letar a serie, e esta relacao torna-se cad a vez mais
complexidade (Gottfredson, 1997b), para aprender (Carroll, 1997) e para
evitar cometer erros cognitivos comuns (Gordon, 1997).
13iNTELlGliNClA EM GERAL
complexa atraves das tres series (respectivamente, adicionar 2 a cada digito
sucessivo; adicionar 3 a cada conjunto de dois dfgitos sucessivos; subtrair 1
de cada conjunto de tres dfgitos sucessivos). Estas series sao analogas aos
itens encontrados num dos quinze testes (subtestes) da Escala de Inteligen-
cia Stanford-Binet (SB-IV) para jovens escolarizados. Elas requerem rnui-
to pouco conhecimento. Em vez disso, 0 desafio e usar efetivamente esta
simples informacao - contrastar e comparar, achar relacoes e inferir regras
- a fim de solucionar problemas logicos no ambiente de testagem. Os testes
de QI que requerem solucao de problemas de imediato sao referidos como
testes de inteligencia fluida - a potencia mental, digamos, assim (para deta-
lhes, ver Da Silva, 2003).
Alguns outros subtestes requerem que os exarninandos tragam consi-
deravel conhecimento para dentro do ambiente de testagem a fim de de-
sempenhar bern, mas eles tambem ilustram 0principio de que 0 ingrediente
ativo nos testes de QI e a complexidade de suas demandas mentais. Voca-
bulario, por exemplo, e urn dosmelhores entre muitos dos subtestes usados
para mensurar inteligencia. A razao e que as pessoas nao aprendem a mai-
oria das palavras, seja por memorizacao ou por instrucao direta, mas, ao
contrario, inferindo seus significados e finas nuances em significado a par-
tir do modo como outras pessoas usam-nas na vida diaria. A aprendizagem
de vocabulario e largamente urn processo de distinguir e generalizar con-
ceitos em contextos naturais. Qualquer pessoa que freqtienta escola, que
tenha 0 habito de ler jomais e revistas, e de assistir a televisao, podera
depreender 0 significado de muitas e variadas palavras. Os testes de voca-
bulario, assim, permeiam a facilidade com que os individuos rotineiramen-
te tern captado ou assirnilados conceitos que eles usualmente encontram na
cultura geral. 0mesmo ocorre com muitos subtestes de informacao geral
que sao incluidos em imimeras baterias de testes de QI (Por que os proprie-
tarios adquirem seguro residencial?).
Testes de vocabularies, informacao e outros que requerem considera-
vel conhecimento previo sao referidos como testes de inteligencia cristali-
zada porque eles medem 0 conhecimento que se tern formado ou cristaliza-
do a partir das solucoes de problemas passados (ver Da Silva, 2003, para
detalhes). Quanto maior a potencia mental (quanto mais cavalos-forca al-
guem tiver), tanto maior a acumulacao. Porern, apenas conhecimento que e
altamente geral e amplamente disponfvel e acessado, porque caso contrario
os testes de QI estariam tambem medindo a oportunidade para aprender, e
nao sucesso quando dada a oportunidade para faze-lo. Testes de inteligen-
cia flufda e cristalizada correlacionam-se altarnente, apesar de serem com-
postos com subtestes de conteiidos muito diferentes. Isto ocorre porque 0
principio basico fundamental em ambos e a complexidade dos problemas
que as pessoas devem resolver.
INTELlG~NClA: REsuLTADO DA GENETICA, DO AMBIENTE OU DE AMBOS?14

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