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21/09/2017 1 TUBERCULOSE “É uma doença infectocontagiosa produzida por um agente específico, Mycobacterium tuberculosis, que ainda representa em grande parte do mundo atual, incluindo o Brasil, grave problema de saúde pública” (Bethlem, 2002) “Doença grave, transmitida pelo ar, que pode atingir todos os órgãos do corpo, em especial os pulmões. O microorganismo causador da doença é o bacilo de Koch, cientificamente chamado Mycobacterium tuberculosis”. DADOS DA TUBERCULOSE • 85% casos acomete pulmões. • 2014:9,6 milhões de casos de TB + 1,5 milhão de óbitos pela TB no mundo; • Ocupa primeiro lugar de morte no mundo entre adultos (supera AIDS e malária). Conde; Rabahi. Prática Pneumológica, 2017. SBPT População de Risco - Adolescentes e adultos jovens; - Coinfecção pelo HIV; - Locais com aglomerações: presídios, favelas e abrigos (sem teto). DOENÇA PREVENÍVEL E CURÁVEL! Nos EUA, o aumento dos casos de tuberculose está associado ao aumento do número de pacientes com HIV+. Cerca de 4% destes pacientes desenvolvem tuberculose. Forma de Contágio: única via de transmissão é a via aérea. As gotículas são emitidas no ato de falar, tossir ou espirrar. http://smsdc-cfisabeldossantos.blogspot.com.br/2012/04/tuberculose-tem-curaprocure-clinica- da.html 21/09/2017 2 Tuberculose Contatos próximos (pessoas com contato prolongado, freqüente ou intensivo) têm alto risco de se infectarem. A transmissão ocorre somente a partir de pessoas com tuberculose infecciosa ativa (e não de quem tem a doença latente). http://www.ligadecombateadengue.com/2012/03/mobilizacao-para-prevencao-e- controle.html Clínica A história mais comum é tosse, geralmente produtiva (secreção mucóide ou purulenta), quase sempre relatada com emagrecimento, por mais de 3 semanas. Pode estar acompanhada de febre vespertina, sudorese noturna, hemoptise. Fisiopatogenia A tuberculose pulmonar é a mais comum, mas também pode afetar outros órgãos distantes por via hematogênica como os rins, órgãos genitais, intestino delgado, ossos (tuberculose extrapulmonar). Na maioria dos casos, a doença inicia-se pelos pulmões, sendo transmitida diretamente pelas gotículas de escarro ou pela poeira contaminada. 21/09/2017 3 Ao ser aspirado, os bacilos se instalam nos alvéolos e se multiplicam, constituindo um foco pulmonar: FOCO DE GHON (cancro de inoculação). A partir daí, podem se disseminar por via linfática, alcançando o gânglio linfático que drena a região atingida. O conjunto constituído pelo foco pulmonar + linfangite intermediária + foco ganglionar = COMPLEXO PRIMÁRIO. Atingido o gânglio satélite, a infecção pode se disseminar por via linfática e, posteriormente sanguínea, alcançando todo o organismo. Fisiopatogenia Em função da resistência do indivíduo, a infecção pode ser bloqueada espontaneamente na porta de entrada. Ficarão focos residuais, que podem conter os bacilos vivos, encapsulados, que mais tarde podem reacender e determinar a tuberculose isolada do pulmão ou de outro órgão (cérebro, ossos, supra-renal, trompas). Fisiopatogenia �Os macrófagos fagocitam os bacilos, há chegada dos linfócitos T e tem início a formação da lesão granulomatosa da tuberculosa. �Necrose de caseificação: tipo especial de necrose, tendendo a amolocer, liquefazer-se e procurar uma porta de saída para seu esvaziamento, geralmente através de um brônquio. No seu lugar fica uma cavidade, em cuja parede interna, necrótica, vegetam e se multiplicam os bacilos. Fisiopatogenia http://anatpat.unicamp.br/pecasinfl13.html 21/09/2017 4 A presença da caverna é uma evidência de maior população bacteriana e resistência bacteriana. LOGO: Em algumas pessoas, o bacilo da tuberculose supera as defesas do sistema imunológico e começa a se multiplicar, resultando na progressão de uma simples infecção por tuberculose para a doença em si. Fisiopatogenia Apenas 10% dos pacientes com tuberculose infecciosa evoluem para o quadro da doença - uma percentagem bem reduzida. A doença pode ocorrer logo após a infecção (tuberculose primária), ou vários anos após a infecção (reativação da doença tuberculosa, ou bacilo dormente). Fisiopatogenia A disseminação para os linfonodos hilares e mediastinais e a disseminação sistêmica hematogênica disseminada vem em seguida: pode ocorrer a tuberculose primária. Os fatores envolvidos na evolução para a doença não são bem definidos. Parece ter relação com o tamanho da dose infectante, idade e raça (negros mais afetados) afetam a resistência, deficiências nutricionais. Fisiopatogenia “Dado o pulmão ser o primeiro órgão a ser atingido e possuir condições ideais para o crescimento bacteriano, em cerca de 90% das vezes a doença localizar-se-á nele.” (Pulmão RJ 2006;15(1):29-35) “A infecção pelo Mycobacterium tuberculosis (Mtb) pode ter três desfechos: controle na porta de entrada (graças à imunidade inata), doença ativa ou tuberculose latente. Na tuberculosetuberculose latentelatente o organismo controla mas não elimina a infecção. O Mtb fica dormente, replicando intermitentemente e com metabolismo alterado. A infecção está sob controle mas não eliminada. Isso gera um reservatório enorme de tuberculose. Várias questões são relevantes a esse problema: que eventos iniciais levam ao controle da infecção? Que fatores contribuem para o estabelecimento da infecção latente? Se identificarmos os mecanismos envolvidos, poderemos propor vacinações, quimioterapias, e imunoterapias adjuvantes que poderão impedir que o paciente tenha a forma ativa da tuberculose.” Jornal Brasileiro de Pneumologia 30(4) - Jul/Ago de 2004 21/09/2017 5 Conclusão: “Após a transmissão do BK pela via inalatória, quatro situações podem ocorrer: a eliminação do BK pelas defesas do hospedeiro, o desenvolvimento de uma infecção latente (primo-infecção ou infecção tuberculosa), o desenvolvimento progressivo da tuberculose (tuberculose primária), a ativação da doença vários anos depois (tuberculose pós-primária). Eliminação do bacilo Em algumas circunstâncias, o bacilo inalado pode ser fagocitado e destruído por macrófagos alveolares, antes de se multiplicar e causar qualquer inflamação ou mesmo resposta imunológica do hospedeiro. Essa eliminação do BK depende de sua virulência e de sua viabilidade ao chegar ao alvéolo, da capacidade dos macrófagos, a qual é determinada por fatores genéticos e estímulos inespecíficos que chegaram ao alvéolo em condições prévias (ex: outros germes). Infecção latente Quando os bacilos não são eliminados, eles se proliferam no interior dos macrófagos, os quais liberam citocinas e atraem outras células inflamatórias (macrófagos, monócitos e neutrófilos). Essa reação inflamatória local forma o granuloma e coincide com o surgimento da imunidade celular. Esse granuloma no pulmão é chamado de foco de Ghon. Persistindo a replicação dos bacilos, eles podem alcançar a drenagem linfática e o gânglio satélite. O conjunto formado pelo foco de Ghon, a linfangite e a adenopatia satélite é chamado de complexo de Ranke. Infecção latente Ainda nesse período, os bacilos podem alcançar a circulação sangüínea e se alojarem em diferentes órgãos. Em função da imunidade celular adquirida, esses bacilos têm sua proliferação controlada, impedindo a progressão para a tuberculose doença em 95% dos pacientes. Nessa situação ocorreu uma disseminação hematogênica ou bacilemia assintomática. TUBERCULOSE PRIMÁRIA X TUBERCULOSE PÓS PRIMÁRIA Tuberculose primária Em 5% dos pacientes, a resposta imunológica não é suficiente para impedir a proliferação do BK e a tuberculose primária, também conhecida como da criança, pode se desenvolver. Conceitualmente, considera-se tuberculose primária aquela que se desenvolve nos primeiroscinco anos após a primo-infecção ou infecção tuberculosa. Mais comumente, a tuberculose primária acomete os pulmões e gânglios satélites dos hilos, mediastino ou peribrônquicos. 21/09/2017 6 Tuberculose primária As formas extrapulmonares da tuberculose ocorrem após a disseminação hematogênica do foco primário e são, na maioria das vezes, formas de tuberculose primária. Quando a disseminação hematogênica é maciça, e sintomática, o que ocorre com maior freqüência em crianças e adultos imunossuprimidos, tem-se a tuberculose miliar, um quadro grave, caracterizado por lesões micronodulares disseminadas pelos pulmões, podendo ainda acometer outros órgãos. TUBERCULOSE PRIMÁRIA Uma das formas mais graves da tuberculose primária é a forma miliar, conseqüentemente à disseminação hematogênica, com lesões granulomatosas difusas que acometem outros órgãos. Tuberculose Pós Primária: Reativação endógena/exógena Resulta da reativação lenta e progressiva de bacilos que se encontravam quiescentes. Condições de imunossupressão do hospedeiro podem determinar essa reativação endógena, como a infecção pelo HIV, insuficiência renal ou hepática, diabetes, linfoma, corticoterapia, idade avançada. Às vezes, pode ocorrer de uma reinfecção exógena, que é muito difícil de ser diferenciada da reativação endógena, mas que do ponto de vista prático não altera a conduta. A reativação ocorre predominantemente nos pulmões, resultando na tuberculose pulmonar, na sua forma pós-primária ou do adulto.” TUBERCULOSE PÓS-PRIMÁRIA OU DO ADULTO É a forma de tuberculose que ocorre em geral tardiamente, anos após o estabelecimento da lesão primária. Ocorre quando as defesas são efetivas e detém a infecção inicial e a doença se desenvolve anos mais tarde, a partir de um foco latente, sendo chama de reinfecção endógena. Se a doença se desenvolve devido à uma nova infecção em que o sistema de defesa não pode conter sua progressão, será chamada tuberculose de reinfecção exógena. 21/09/2017 7 Notificação: A tuberculose é uma doença de notificação obrigatória, ou seja, qualquer caso confirmado de TB tem que ser notificado, obrigatoriamente. QUADRO CLÍNICO �Tosse (o grande marcador da doença é a tosse durante mais de 21 dias); �Febre; �Suor noturno; �Dor no tórax; �Hemoptise; �Falta de Apetite; �Perda de peso lenta e progressiva; �Anorexia e adinamia; �Cansaço fácil. Diagnóstico BACILOSCOPIA: exame do escarro do paciente realizado gratuitamente pelo SUS. Doentes bacilíferos (B+) - a baciloscopia do escarro é positiva e o doente elimina uma quantidade de bacilos superior a 5000 por ml de escarro; Doentes não-bacilíferos - a baciloscopia do escarro é negativa e a cultura pode ser positiva (C+) ou negativa (C-). Doentes de tuberculose com baciloscopia positiva (B+) infectam um número maior de pessoas do que aqueles com apenas cultura positiva (C+). HISTÓRICO MÉDICO E EXAME FÍSICO: identificar os sinais e sintomas da patologia. RAIOS-X: podem ser vistas cavidades. Na tuberculose ativa pode haver infiltração e consolidação pulmonar. São vistas zonas brancas irregulares que contrastam com o fundo normalmente escuro, embora outras infecções também possam apresentar este quadro. Algumas vezes pode haver derrame pleural. Diagnóstico 21/09/2017 8 Teste intradermico de tuberculina: Injeção subcutânea de tuberculina e medição do tamanho de qualquer reação após três dias. O derivado de proteína purificada (ou PPD), que é um precipitado obtido de culturas filtradas e esterilizadas, injetado de forma intradérmica (isto é, dentro da pele) e o exame é feito entre 48 e 72 horas depois. Um paciente que foi exposto à bactéria deve apresentar uma resposta imunológica na pele (tamanho). Falha: Não indica se a infecção se encontra ativa na atualidade, nem se em algum local do organismo há bactérias tuberculosas vivas. INFECÇÃO LATENTE. Sinais vistos: o inchaço e a vermelhidão indicam um resultado positivo. Teste intradermico de tuberculina: Tratamento �A prevenção usual é a vacina BCG, aplicada nos primeiros 30 dias de vida e capaz de proteger contra as formas mais graves da doença. �Se houver a contaminação, o tratamento consiste basicamente na combinação de três medicamentos: rifampicina, isoniazida e pirazinamida + etambutol (RIPE). O tratamento dura de seis meses a um ano (chances de cura chegam a 95%). Não se deve interromper o tratamento, mesmo que os sintomas desapareçam. �Após 15 dias de início do tratamento, a transmissão é reduzida e após um mês há melhora significativa dos sintomas. Questão do Dia Avaliar a incidência da tuberculose no município do Rio de Janeiro em relação ao cenário brasileiro, como você justifica tal comportamento? Referências da aula 1. Guia de Medicina Ambulatorial e Hospitalar UNIFESP. Capítulo Pneumonia adquirida na comunidade. Rocha & Nakatani, 2006. 2. Bethlem, Pneumologia. 4 edição, 2002. 3. Doenças Pulmonares, Tarantino. 5 edição, 2002. 4. Pneumologia e Tisiologia, Conde & Souza. Ed. Atheneu. 2009. 5. Diretrizes brasileiras para pneumonia adquirida na comunidade em adultos imunocompetentes – 2009. J Bras Pneumol. 2009;35(6):574-601
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