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06–Novas e velhas mentalidades

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HISTÓRIA MODERNA: DA TRANSIÇÃO DO FEUDALISMO ÀS REFORMAS RELIGIOSAS
Aula 6 – Novas e velhas mentalidades.
1e
Tema da Apresentação
AULA 6- NOVAS E VELHAS MENTALIDADES.
HISTÓRIA MODERNA: Da transição do feudalismo às reformas religiosas
O QUE VAMOS VER HOJE?
Avaliaremos a importância de São Tomás de Aquino para a filosofia moderna. 
Aplicaremos o conceito de circularidade cultural. 
Identificaremos como as mudanças operadas no campo das mentalidades são assimiladas pelo homem moderno. 
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São Tomás de Aquino- quadro de Santi di Tito - século XVI
Tema da Apresentação
AULA 6- NOVAS E VELHAS MENTALIDADES.
HISTÓRIA MODERNA: Da transição do feudalismo às reformas religiosas
Novos espaços de circulação.....
 
 
 
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Cidades Urbanas – século XVI
Prensa móvel
Tema da Apresentação
AULA 6- NOVAS E VELHAS MENTALIDADES.
HISTÓRIA MODERNA: Da transição do feudalismo às reformas religiosas
Refletindo sobre aspectos culturais...
	
Podemos estabelecer relação entre a cultura das classes subalternas e a das classes dominantes?
Há subordinação da primeira em relação a segunda?
É possível falar em circularidade entre os dois níveis de cultura?
	
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Tema da Apresentação
AULA 6- NOVAS E VELHAS MENTALIDADES.
HISTÓRIA MODERNA: Da transição do feudalismo às reformas religiosas
Como conciliar a fé e a razão....
Vimos em nossas aulas que o pensamento medieval não foi simplesmente substituído por uma nova mentalidade. Ele, na verdade, surgiu como base para o pensamento moderno. Mesmo no interior da Igreja Católica, existiam pensadores que procuravam conciliar as novas transformações e descobertas com a ideologia católica.
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Tema da Apresentação
AULA 6- NOVAS E VELHAS MENTALIDADES.
HISTÓRIA MODERNA: Da transição do feudalismo às reformas religiosas
O pensamento tomista....
São Tomás de Aquino foi um dos principais representantes da filosofia conhecida como escolástica. Este filósofo viveu no século XIII, mas sua influência chega até a Idade Moderna.
A escolástica é uma corrente filosófica muito disseminada na Idade média, sobretudo a partir do século XI, e que serviu como ponto de partida para a filosofia moderna.
 
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Tema da Apresentação
AULA 6- NOVAS E VELHAS MENTALIDADES.
HISTÓRIA MODERNA: Da transição do feudalismo às reformas religiosas
O pensamento tomista....
 
Como já discutimos desde a aula anterior, São Tomás também recupera um filósofo da antiguidade, Aristóteles.
A concepção que temos hoje sobre filosofia nos encaminha para o entendimento dessa disciplina como algo ligado ao “mundo das ideias”, e, aparentemente, descolado do mundo físico e das ciências exatas. Essa concepção é em si, um equívoco, já que a filosofia constituiu o fundamento da maior parte das ciências e os grandes cientistas e artistas eram, também, filósofos.
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Tema da Apresentação
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HISTÓRIA MODERNA: Da transição do feudalismo às reformas religiosas
A busca por uma Ordem universal.....
 
 
 Ao retomar Aristóteles, São Tomás destaca o MÉTODO de observação de mundo desse filósofo, na qual todos os eventos e todos os indivíduos tem um propósito implícito. Há, portanto, uma ordem universal nas coisas que, para São Tomás, é dada pela vontade divina. 
 Dessa forma, a partir do pensamento tomista, a igreja adquire um fundamento teológico, baseado na Bíblia e um fundamento racional, baseado na filosofia. Assim, não haveria contradição ou separação entre fé e a ciência.
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Tema da Apresentação
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HISTÓRIA MODERNA: Da transição do feudalismo às reformas religiosas
Mas o que é Dogma .....
 
 
 Dogma é considerado um ponto fundamental e indiscutível de uma crença, um princípio irrefutável.
 Não pode ser racionalizado.
 É uma verdade absoluta.
 Todas as religiões se fundamentam em dogmas.
 Os dogmas são fundamentos doutrinários que não permitem divergências, e levam a unidade da Igreja.
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Tema da Apresentação
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HISTÓRIA MODERNA: Da transição do feudalismo às reformas religiosas
Quais os indícios que nos chegam nos documentos.... 
 
 
 Documentos e iconografias nos “contam” sobre burgueses, nobres e clérigos, mas onde estão aqueles que não estão incluídos nessas “categorias”. Como podemos chegar a esses Homens?
As classes baixas foram, por muito tempo, classes silenciosas.
A utilização da noção de “cultura” e do termo “popular” é um problema. O termo cultura tendia a referir-se a arte, literatura e música. Segundo Peter Burke, hoje, os historiadores usam o termo mais amplamente, para referir-se a quase tudo que pode ser aprendido em uma dada sociedade – como comer,beber, andar, falar, silenciar e assim por diante.(...) A história da cultura inclui a história das ações ou de noções que dizem respeito à vida cotidiana e que varia de sociedade a sociedade.
Tema da Apresentação
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HISTÓRIA MODERNA: Da transição do feudalismo às reformas religiosas
A prática da oralidade....
 
 
 Uma das mais preciosas ferramentas para transmitir o conhecimento entre as classes baixas era a oralidade. 
 Práticas do cotidiano eram passados de geração para geração: contos, estórias, práticas de cura. O que se ouvia era transformado e reformulado a partir das experiências de cada geração, no tempo em que viviam.
Ex.: músicas, festas populares, teatro, sermões, paródias....
A cultura popular pode ser descrita como um repertório de gêneros e formas.
Tema da Apresentação
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HISTÓRIA MODERNA: Da transição do feudalismo às reformas religiosas
A cultura popular....
 
 
 O conceito de cultura popular torna-se mais ambíguo quando se fala das sociedades
pré-industriais atribuindo ora uma passiva adequação aos subprodutos culturais distribuídos pelas classes dominantes, ora como uma proposta de valores autônomos em relação às classes dominantes.
 Bakhtin propõe uma visão mais enriquecedora sobre cultura popular, trabalhando com a ideia de uma influência recíproca entre a cultura das classes subalternas e a cultura dominante.
Dentre outros trabalhos, analisa as trocas entre a cultura popular e a cultura erudita através de François Rabelais, entendendo o contexto de seu tempo e a influência da igreja no período em que Rabelais viveu.
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O conceito de circularidade cultural.....
 
 
 Assim como Bakhtin, Carlo Ginzburg trabalha com a concepção de uma influência recíproca entre as culturas das classes abastadas e das classes subalternas. Esse é o conceito de “circularidade” entre as classes. (…) um relacionamento circular feito de influências recíprocas, que se movia de baixo para cima, bem como de cima para baixo...” 
			 		 (GINZBURG, 2009, pag 12).
 Ginzburb, através de um manuscrito de julgamento, analisa o processo de um moleiro do norte da Itália do século XVI, Menocchio, acusado por ordem do Santo Ofício por sustentar que o mundo tinha sua origem na putrefação. O queijo e os vermes nos narra a vida desse homem que saiu do total anonimato. 
 A impressionante convergência entre o moleiro desconhecido e grupos de intelectuais conhecedores de seu tempo reacende o problema da circularidade cultural.
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Um estudo de Caso: O moleiro italiano de Carlo Ginzburg....
 
 
Chamava-se Domenico, conhecido por Menocchio. Nasceu em 1532 em uma pequena aldeia nas colinas da Itália (Friuli), considerada como uma sociedade tipicamente arcaica.
Viveu sempre em sua aldeia.Levava uma vida igual a de qualquer moleiro.
Sabia ler, escrever e somar. Falava um pouco de latim...
Bem aceito em
sua comunidade. Reconhecido por gostar de defender as suas ideias. Não era tido como louco...
Teve acesso a cerca de 11 livros ( 6 religiosos e os demais: crônica de viagem, leitura apócrifa e poemas).
Foi condenado pelo Santo Ofício e queimado.
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Ideias e cosmologia de Menocchio…..
Tudo era um caos e de todo aquele movimento surgiu a massa e tal qual o queijo que é feito do leite, surgem os vermes….
Dizia não acreditar no poder do Papa e nem nas regras da Igreja
Critica o uso do latim nos tribuinas, como forma de afastar os pobres através de uma língua incompreensível para a maioria.
Questiona a riqueza da Igreja.
Acreditava que Deus distribuia o Espírito Santo para todos: cristãos, heréticos, judeus, turcos.
Recusa todos os sacramentos
Em depoimento ao Santo Ofício: “ senhor, nunca encontrei alguém que tivesse essas opiniões. As minhas opiniões saíram da minha própria cabeça”.
Tema da Apresentação
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HISTÓRIA MODERNA: Da transição do feudalismo às reformas religiosas
 
 
Menocchio tinha sede de conhecimento, curiosidade. Essa paixão que a Igreja e os poderes reprimiam, e que os renascentistas valorizavam.
“ O importante não é o que Menocchio leu ou recebeu – é como leu, é o que fez de suas experiências; o que diminui a distância que se costuma propor entre leitura e escrita”. 
				(Ginzburg, 1987, pag 206)
Segundo Chartier: “um texto só existe se houver um leitor para lhe dar um significado”
Há uma afirmação provocativa de Roger Chartier ao dizer que cada leitor
cada espectador, cada ouvinte produz uma apropriação inventiva da obra 
ou do texto que recebe. Assim reforça a ideia de que o consumo cultural 
é, ele mesmo uma produção uma produção silenciosa, disseminada, 
anônima, mas, uma produção.
Tema da Apresentação
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O teatro de Shakespeare: diferentes recepções .....
 
 
 As criações de Shakespeare não eram movidas pela vontade divina, mas faziam suas escolhas, certas ou erradas, e sofriam as consequências de seus atos. Como Hamlet e Romeu e Julieta. 
 Nas suas peças convivem o real e o sobrenatural, assim como na mentalidade moderna do homem. Em uma sociedade cuja maioria era analfabeta, é através do teatro que essas ideias que circulam no mundo letrado chegam à população. 
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Tema da Apresentação
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Diferentes recepções na transição do medievo para a
modernidade.....
 
 
18a
 Tanto o Menocchio de Ginzburg quanto a recepção ao teatro Shakesperaino demonstram recepção do homem comum, das classes subalternas, as mudanças que se operam na Europa na transição do medievo para a modernidade. 
Nas palavras de Ginzburg, são homens como nós, mas ainda assim, muito diferentes de nós. Devem, portanto, ser entendidos a partir da dimensão humana, como indivíduos inseridos em sua própria época e que dispõem de seu próprio conjunto de ideias e costumes, e não serem pensados como uma massa, uniforme e sem rosto, que atua como coadjuvante nos processos históricos. 
Hamlet
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Por uma história cultural.....
Entrevista com o historiador Peter Burke:
 Historiador inglês. Atualmente é professor na Universidade de Cambridge, na qual atua com disciplinas ligadas à História da Cultura – área historiográfica em que há maior contribuição autoral.
Conferência com o historiador Carlo Ginzburg: 
Historiador e antropólogo italiano. Ocupa a cadeira de história 
cultural europeia na Escola Normal Superior de Pisa.
Título da conferência: "História na era Google" 
http://www.youtube.com/watch?v=wSSHNqAbd7E
 
19r
Tema da Apresentação
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HISTÓRIA MODERNA: Da transição do feudalismo às reformas religiosas
O QUE VIMOS NA AULA 6:
 Conhecemos o pensamento tomista, a partir da recuperação da filosofia de Aristóteles.
 Analisamos a mentalidade das classes subalternas através do estudo de caso.
 Avaliamos a importância da obra de Shakespeare na disseminação da mentalidade moderna entre as classes populares.
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HISTÓRIA MODERNA: Da transição do feudalismo às reformas religiosas
AGORA É COM VOCÊ……
SUGESTÕES DE LEITURA:
BURKE, Peter. Linguagens e comunidades nos primórdios da Europa Moderna. São Paulo: UNESP, 2010.
FEBVRE, Lucien. O problema da incredulidade no século XVI: A religião de Rabelais. São Paulo: Companhia das Letras, 2009
GINZBURG, Carlo. O queijo e os vermes: O cotidiano e as ideias de um moleiro perseguido pela Inquisição. São Paulo: Companhia das Letras, 1998
Artigo de Peter Burke: “Problemas causados por Gutenberg:a explosão da informação nos primórdios da Europa moderna”.
Endereço: http://escritoriodolivro.com.br/historias/burke.html
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Tema da Apresentação
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O QUE VEM NA PRÓXIMA AULA 7....
 As características da Igreja Medieval.
 As transformações religiosas.
 A ligação entre Igreja e Estado na transição do medievo para a modernidade.
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