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CENTRO UNIVERSITÁRIO ESTÁCIO DA AMAZÔNIA CURSO DE BACHARELADO EM DIREITO ANDRÉA FREITAS DE VASCONCELOS CARINA SILVA LOBO DORALICE BAÍA MOTA KAREN CAMILO DE SOUSA MATHEUS RODRIGUES ROCHA RADIELSON FONTENELE RAMOS SEREJO SAMARA RODRIGUES OLIVEIRA SUZELLY CANDIDA DE MOURÃO SOUSA THIAGO NASCIMENTO RODRIGUES WILLIAMIS ALVES LOPES TEORIA GERAL DO NEGÓCIO JURÍDICO BOA VISTA - RR 2017 ANDRÉA FREITAS DE VASCONCELOS CARINA SILVA LOBO DORALICE BAÍA MOTA KAREN CAMILO DE SOUSA MATHEUS RODRIGUES ROCHA RADIELSON FONTENELE RAMOS SEREJO SAMARA RODRIGUES OLIVEIRA SUZELLY CANDIDA DE MOURÃO SOUSA THIAGO NASCIMENTO RODRIGUES WILLIAMIS ALVES LOPES TEORIA GERAL DO NEGÓCIO JURÍDICO Trabalho de graduação em Direito apresentado como primeira avaliação – AV1 – à disciplina de Direito Civil I do curso de Direito, do Centro Universitário Estácio da Amazônia, da turma 3001, como requisito parcial para obtenção de nota. Orientador(a): Prof.ª Cláudia Silvestre da Silva. BOA VISTA - RR 2017 RESUMO O presente trabalho tem por finalidade examinar e apresentar a teoria geral do Negócio Jurídico, o seu conceito, e sua importância para a sociedade acerca de acontecimentos que predominam no dia-a-dia do ser humano, apontando suas principais partes constituintes, assim como suas classificações e os seus objetivos, enfatizando seus requisitos de legalidade e produção de efeitos no âmbito do Direito, mencionando, como serão produzidos tais efeitos e de que forma a manifestação de vontade das partes se torna essencial para a realização de algo. Estudando seus quatros elementos essências, começaremos pelo primeiro elemento essencial para a existência do negócio jurídico, que é a manifestação da vontade, em seguida será tratado do segundo elemento essencial do negócio, que é o agente, que, portanto nos leva ao terceiro elemento essencial, que é o objeto, sendo, o quarto e último elemento essencial para o contrato jurídico, a sua forma. Concluindo então, que, sem esses quatros elementos essenciais, não é possível haver a realização de um negócio jurídico. Por fim, analisaremos também os negócios jurídicos em seu plano de existência, o qual institui o seu suporte fático, seu plano de validade, o qual discorre os preceitos de validade dos negócios celebrados ou a serem celebrados, e o seu plano de eficácia, que aborda alguns pontos em relação à possibilidade de haver negócios processuais mediante condição ou termo. O desenvolvimento do trabalho teve como pretensão repassar um breve conhecimento a respeito de um assunto que a todos interessa, e usado por todas as pessoas em algum momento da vida, sendo este o negócio jurídico, o contrato realizado juridicamente entre duas ou mais partes, e que por ser algo de extrema relevância social, nada mais justo que esse entendimento seja repassado para que todos fiquem cientes do quanto é importante saber para aplicar no seu cotidiano. Palavras chaves: Contrato, licitude, existência, validade e eficácia. SUMÁRIO INTRODUÇÃO ............................................................................................... 05 1. TEORIA GERAL DO NEGÓCIO JURÍDICO ............................................. 06 2. CLASSIFICAÇÕES DO NEGÓCIO JURÍDICO ......................................... 06 2.1. CLASSIFICAÇÃO QUANTO À MANIFESTAÇÃO DE VONTADE ......... 06 2.1.1. Unilaterais ........................................................................................... 07 2.1.2. Testamento ........................................................................................ 07 2.1.3. Bilaterais ............................................................................................. 07 2.1.4. Plurilaterais ......................................................................................... 07 2.2. CLASSIFICAÇÃO QUANTO ÀS VANTAGENS PARA AS PARTES ..... 07 2.2.1. Gratuitos ou benéficos ...................................................................... 07 2.2.2. Onerosos ou sinalagmáticos ............................................................ 07 2.2.3. Neutros ................................................................................................ 08 2.2.4. Bifrontes .............................................................................................. 08 2.3. CLASSIFICAÇÃO QUANTO AO MOMENTO DA PRODUÇÃO DOS EFEITOS ........................................................................................................ 08 2.3.1. Inter vivos ........................................................................................... 08 2.3.2. Mortis causa ....................................................................................... 08 2.4. CLASSIFICAÇÃO QUANTO À FORMA ................................................. 08 2.4.1. Formais ou solenes ........................................................................... 08 2.4.2. Não solenes ou informais ................................................................. 08 2.5. CLASSIFICAÇÃO QUANTO À INDEPENDÊNCIA OU AUTONOMIA .. 09 2.5.1. Principais ou independentes ............................................................ 09 2.5.2 Acessórios ........................................................................................... 09 2.6. CLASSIFICAÇÃO QUANTO ÀS CONDIÇÕES DOS NEGOCIANTES .. 09 2.6.1. Impessoais .......................................................................................... 09 2.6.2. Pessoais .............................................................................................. 09 2.7. CLASSIFICAÇÃO QUANTO ÀS CAUSAS DETERMINANTES ............ 09 2.7.1. Causais ou materiais ......................................................................... 09 2.7.2. Abstratos ............................................................................................. 10 2.8. CLASSIFICAÇÃO QUANTO AO MOMENTO DA EFICÁCIA ................. 10 2.8.1. Consensuais ....................................................................................... 10 2.8.2. Reais .................................................................................................... 10 2.9.1. Constitutivos ...................................................................................... 10 2.9.2. Declarativos ........................................................................................ 10 3. INTERPRETAÇÃO DO NEGÓCIO JURÍDICO ......................................... 10 3.1. AS TEORIAS DA VONTADE E DA DECLARAÇÃO ............................... 11 3.2. REGRAS DE INTERPRETAÇÃO .......................................................... 11 4. ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DO NEGÓCIO JURÍDICO ................... 12 5. PLANOS DO NEGÓCIO JURÍDICO.......................................................... 12 5.1. A TRICOTOMIA EXISTÊNCIA-VALIDADE-EFICÁCIA ........................... 12 5.2. PLANO DE EXISTÊNCIA ........................................................................ 13 5.2.1. Requisitos de existência ................................................................... 13 5.3. PLANO DE VALIDADE ........................................................................... 13 5.3.1. Requisitos de validade ...................................................................... 14 5.2. OBJETO .................................................................................................. 14 5.3. FORMA.................................................................................................... 15 5.4. VONTADE ............................................................................................... 16 5.4.1.Manifestação de Vontade .................................................................. 16 5.5. PLANO DE EFICÁCIA ............................................................................ 16 5.6. MODALIDADES DO NEGÓCIO JURÍDICO ........................................... 17 6. ELEMENTOS ACIDENTAIS ...................................................................... 17 6.1. CONDIÇÃO ............................................................................................. 18 6.1.1. Requisitos da condição ..................................................................... 19 6.1.2. Classificação da condição quanto à licitude .................................. 19 6.1.3. Condição suspensiva e resolutiva ................................................... 20 6.1.4. Condição quanto a natureza ou fonte .............................................. 21 6.2. TERMO.................................................................................................... 22 6.2.1. Classificação do termo quanto aos efeitos ..................................... 22 6.2.2. Classificação do termo quanto à certeza ........................................ 22 6.2.3. Contagem do prazo ............................................................................ 22 6.3. MODO OU ENCARGO ........................................................................... 23 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................... 25 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................. 26 5 INTRODUÇÃO O negócio jurídico é um instrumento fundamental para as relações jurídicas do Direito, acaba por ser de extrema importância para a sociedade e suas relações no dia-a-dia. Sendo este um ato, ou uma pluralidade de atos, entre si relacionados, quer sejam de uma ou várias pessoas, tem por fim produzir efeitos jurídicos e modificações nas relações jurídicas no âmbito do Direito Privado, se tornando assim necessário ter o conhecimento base do negócio jurídico para o entendimento das partes que vão ser expostas. O trabalho a seguir tem por intuito esclarecer e expor o que é o Negócio Jurídico, como se dá sua relação, e suas principais características, e suas classificações, com objetivo de esclarecer todas as particularidades do contrato supracitado. 6 1. TEORIA GERAL DO NEGÓCIO JURÍDICO Alguns autores consideram negócio jurídico e ato jurídico sinônimos, uma vez que o Código Civil de 1916 assim os tratavam. Predomina o entendimento adotado pela doutrina italiana, que considera negócio jurídico toda declaração privada de vontade, dirigida a um fim protegido pelo ordenamento jurídico, ou seja, a declaração voluntária da vontade que produz efeito jurídico. São exemplo de negocio jurídico: o testamento, o pagamento de um débito a renúncia a um direito, os contratos etc. Orlando Gomes comenta sobre a corrente voluntarista, preponderante no Brasil, expondo que: O negócio jurídico é, para os voluntaristas, a mencionada declaração da vontade dirigida á provação de determinados efeitos jurídico, ou, na definição do Código da Saxônia, a ação da vontade que se dirige, de acordo com a lei, a constituir, modificar ou extinguir uma relação jurídica. (GOMES, 2011, p.317). De uma perspectiva objetivista, negócio jurídico “seria um meio concedido pelo ordenamento jurídico para a produção de efeitos jurídico, que propriamente é um ato de vontade”. (AZEVEDO, 2011, p.318). Por esse ângulo, mais que simples declaração de vontade, o negócio jurídico traduz o poder privado de criar normas jurídicas próprias. Junqueiro de Azevedo conceitua o negócio jurídico como: Todo fato jurídico consistente em declaração de vontade, a que o ordenamento jurídico atribui designados como queridos, respeitados os efeitos designados como queridos, respeitados os pressupostos de existência, validade e eficácia, impostos pela norma jurídica que sobre ele incide. (AZEVEDO, 2011, p.319 -320) Nessa linha de raciocínio, poderia se considerar o fato jurídico gênero, e o negócio jurídico, sua espécie. Assim os negócios jurídicos visam a disciplinar os interesses entre sujeito, criando, para cada interessado, um conjunto de normas a serem observadas. 2. CLASSIFICAÇÕES DO NEGÓCIO JURÍDICO Os negócios jurídicos podem ser encarados e agrupados por classes, com diversidade de regimes legais, segundo vários critérios. A doutrina não se mostra uniforme no tocante à sua classificação. Em geral, considera-se: 2.1. CLASSIFICAÇÃO QUANTO À MANIFESTAÇÃO DE VONTADE 7 2.1.1. Unilaterais: são aqueles que dependem da manifestação de apenas uma parte do negócio jurídico, não necessariamente uma pessoa, pode ser até duas ou três pessoas, mas ela é uma parte do negócio jurídico, pois é apenas uma manifestação de vontade, em busca da mesma finalidade. Ex: Promessa de recompensa, Testamento, notificação extrajudicial, confissão de dívida. 2.1.2. Testamento presta - se à produção de vários efeitos: não só para o testador dispor de seus bens para depois de sua morte como também para, eventualmente, reconhecer filho havido fora do matrimônio, nomear tutor para o filho menor, reabilitar indigno, nomear testamenteiro, destinar verbas para obter múltiplos efeitos. Exige-se o registro como pressuposto de sua personificação, mas não se tem como essencial outra manifestação de vontade. 2.1.3. Bilaterais: são aqueles que dependem da manifestação de duas partes do negócio jurídico, não necessariamente duas pessoas, mas sim duas partes. Ex: contrato de compra e venda, contrato de locação, contrato de financiamento. 2.1.4. Plurilaterais: que dependem da manifestação de vontade várias partes do negócio jurídico. Ex: contrato de sociedade, contrato de seguro coletivo. Cumpre lembrar que um negócio jurídico pode enquadrar-se em mais de uma categoria sem que haja incompatibilidade. A compra e venda, por exemplo, é negócio jurídico bilateral e também oneroso. Poderá ser, ainda, solene, conforme o objeto, e principal em relação ao acessório (GONÇALVES, 2011, p. 258). 2.2. CLASSIFICAÇÃO QUANTO ÀS VANTAGENS PARA AS PARTES 2.2.1. Gratuitos ou benéficos: são os negócios jurídicos que somente uma das partes tem ônus e a outra tem Bônus, somente uma das partes foi beneficiada sem qualquer contraprestação. Ex: Doação, Comodato (empréstimo gratuito, como quando uma pessoa cede um imóvel para alguém morar) 2.2.2. Onerosos ou sinalagmáticos: são onde ambas as partes obtêm vantagens e tem contraprestações: Ex: contrato de compra e venda, contrato 8 de trabalho. Esses negócios jurídicos onerosos também podem ser classificados em: comutativos e aleatórios, comutativos são aqueles negócios jurídicos onerosos que tem uma proporcionalidade e equilíbrio na prestação. Ex: financiamento e contrato de aluguel. Aleatórios são aqueles que dependem de um acontecimento incerto e externo (álea), não sabemos se irá ou não acontecer: Ex: contrato de seguro, contrato de assistência funeral. 2.2.3. Neutros: são aqueles que não são nem onerosos e nem gratuitos, pois não tem atribuição patrimonial Ex: instituição de bem de família (escolhido qualquer imóvel para ser bem de família, ele não tem então uma atribuição patrimonial), cláusula de incomunicabilidade. 2.2.4. Bifrontes: podem ser tanto gratuitos quanto onerosos. Ex: contrato de depósito, doação pura (gratuita) ou com encargo (doa-se mas com condição). 2.3. CLASSIFICAÇÃO QUANTO AO MOMENTO DA PRODUÇÃO DOS EFEITOS 2.3.1. Inter vivos: São aqueles negócios jurídicos que produzirão efeitos enquanto a pessoa ainda é viva. Ex: contrato de locação e contrato de compra e venda.2.3.2. Mortis causa: são aqueles negócios jurídicos que produzirão efeito após a morte da pessoa. Ex: testamento. 2.4. CLASSIFICAÇÃO QUANTO À FORMA 2.4.1. Formais ou solenes: são aqueles negócios jurídicos que devem respeitar a forma especial prevista em lei. Ex: casamento (certidão de casamento), cheque, transferência de um bem imóvel que exige uma escritura pública. 2.4.2. Não solenes ou informais: são aqueles que podem ser realizados conforme as escolhas das partes. Ex: recibo, notificação extrajudicial, pois as partes escolhem a forma de como irão realizar o negócio jurídico. 9 Thelma Araújo Esteves Fraga ensina que: A forma ou a solenidade pode ser para fins de prova, ou seja, necessárias para a comprovação de alguns efeitos ou, ainda, da própria substância do ato. Podemos citar, a título de exemplo, respectivamente, compra e venda de bem imóvel por escritura pública – comprovação de existência do negócio jurídico com o consequente reconhecimento dos seus efeitos jurídicos e manifestação de vontade no rito do casamento – substância do ato (FRAGA, 2005, p.274). As formas e a solenidade poderão ser ainda consideradas: Ad solenitatem: em que é essencial a existência do negócio jurídico; Ad probationem: em que determinada forma ou solenidade é utilizada para facilitara comprovação do negócio jurídico”. 2.5. CLASSIFICAÇÃO QUANTO À INDEPENDÊNCIA OU AUTONOMIA 2.5.1. Principais ou independentes: são os negócios jurídicos que tem existência autônoma, não dependendo de qualquer outro para que tenha validade ou eficácia. 2.5.2 Acessórios: por sua vez, são os negócios que estão atrelados a outro ato, do qual são dependentes. 2.6. CLASSIFICAÇÃO QUANTO ÀS CONDIÇÕES DOS NEGOCIANTES 2.6.1. Impessoais: são os negócios jurídicos que independem das condições pessoais dos envolvidos. Vez que o objeto é o que tem relevância e não a pessoa do sujeito. Ex: a pessoa que toma um táxi no meio da rua não faz em consideração a pessoa do motorista, ao qual ela sequer conhece. O interesse do passageiro se refere ao transporte. 2.6.2. Pessoais: são os negócios que dependem da condição pessoal dos negociantes. Havendo obrigação infungível. Ex: Se augusto contrata um cantor famoso para se apresentar em sua festa, quer ver a apresentação daquele cantor, o qual não pode simplesmente mandar outro em seu lugar. 2.7. CLASSIFICAÇÃO QUANTO ÀS CAUSAS DETERMINANTES 2.7.1. Causais ou materiais: É o fato que a lei determina que ele pode ser praticado para atender uma determinada causa final. São os negócios 10 jurídicos que o motivo consta expressamente do seu conteúdo. Assim são os contratos. Somente se pode celebrar Compra e venda para transferir onerosamente a propriedade. Se o vendedor resolver renunciar ao preço, então não há compra e venda, e sim uma doação. 2.7.2. Abstratos: são aqueles que não estão atrelados a uma causa. Isso não significa que eles não tenham causa, apenas que o Direito os analisa independentemente delas. Ex: termo de transmissão de propriedade ou uma emissão de uma carta de crédito. 2.8. CLASSIFICAÇÃO QUANTO AO MOMENTO DA EFICÁCIA 2.8.1. Consensuais: são aqueles que geram efeitos a partir da entrega do objeto, do bem jurídico tutelado. Ex: compra e venda pura. 2.8.2. Reais: são os negócios que somente se aperfeiçoam após a entrega do objeto. Ex: contrato de comodato, contrato de depósitos. 2.9. CLASSIFICAÇÃO QUANTO À EXTENSÃO DOS EFEITOS 2.9.1. Constitutivos: são os negócios jurídicos que exige ex nunc (não retroage), a partir de sua celebração para o futuro, como ocorre com a compra e venda. 2.9.2. Declarativos: são aqueles que produzem efeitos ex tunc (retroage) a partir do momento em que ocorreu o fato que constitui se objeto. Ex. Partilha de bens, na sucessão de uma pessoa, que retroagem ao momento da morte. 3. INTERPRETAÇÃO DO NEGÓCIO JURÍDICO Nem sempre o contrato firmado traduz a real vontade das partes. Muitas vezes a redação mostra-se obscura. Por essa razão, não só a lei deve ser interpretada, mas também os negócios jurídicos em geral. A execução de um contrato exige a correta compreensão da intenção das partes. Esta exteriorizasse por meio de sinais ou símbolos, dentre os quais as palavras. Sendo assim, interpretar o negócio jurídico é precisar o sentido e alcance do conteúdo da declaração da vontade. 11 3.1. AS TEORIAS DA VONTADE E DA DECLARAÇÃO Nos contratos e demais negócios escritos, a análise do texto conduz, em regra, a descoberta da intenção dos pactuantes. Parte-se, portanto, da declaração escrita para se chegar à vontade dos contratantes. Quando, no entanto, determinada cláusula mostra-se obscura ou passiva de dúvida alegada por um dos contratantes, e tal alegação for demostrada por um dos contratantes que não representa vontade manifestada por um dos contratantes que não representa com fidelidade à vontade manifestada por ocasião da celebração da avença, e tal alegação está demonstrada, deve-se considerar como verdadeira esta última, pois o art. 12 do Código Civil declara que “Nas declarações de vontade se atenderá mais a intenção nelas consubstanciada do que ao sentido literal da linguagem” Parte-se da declaração, que é forma de exteriorização da vontade, para se apurar a real intenção das partes. 3.2. REGRAS DE INTERPRETAÇÃO “Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa fé e os usos do lugar de sua celebração” art. 113 do C.C. Deve o intérprete presumir que os contratantes procedem com lealdade e que tanto a proposta como a aceitação foram formuladas dentro do que podiam e deviam serem razoáveis, segunda a teoria da boa-fé. A boa-fé exerce valioso papel para a esta compreensão das cláusulas do contrato e das normas legais incidentes. Também devem ser considerados os usos e costumes de cada localidade. Prescreve, ainda, o art. 114 do C.C. “Os negócios jurídicos benéficos e a renúncia interpretam-se estritamente” Benefícios ou gratuitos são os que envolvem uma liberalidade: somente um dos contratantes se obriga, enquanto o outro apenas aufere um benefício. A doação pura constitui o mesmo exemplo dessa espécie. Devem ter interpretação escrita porque representam renúncia de diretos. 12 4. ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DO NEGÓCIO JURÍDICO Tradicionalmente os elementos constitutivos do negócio jurídico são três. Sendo eles: os elementos essenciais, os elementos naturais e os elementos acidentais. Elementos essenciais (essentialia nogotti) – sendo eles requisitos vitais à existência do negócio celebrado, são os que conferem a estrutura do negócio jurídico. Os elementos essenciais subdividem-se em gerais e particulares. Os gerais são os componentes mínimos postulados a todos os negócios jurídicos, como por exemplo, a declaração de vontade. Já os particulares ou especiais, são aqueles requisitados somente para determinados negócios, como por exemplo, a coisa, o preço e o consentimento. Elementos naturais (naturalia negotti) – são as consequências ou efeitos que transcorrem da própria natureza jurídica do negócio, não sendo necessária previsão expressa no contrato. Tem-se como exemplo a responsabilidade pelo vício redibitório (CC, art.441) nos contratos comutativos (exemplo: contratos de compra e venda). Elementos acidentais (accidentalia negotti) – são preceitos que as partes podem agregar facultativamente ao negócio, com o propósito de alterar sua eficiência natural. Exemplo: termo, condição e modo/encargo. 5. PLANOS DO NEGÓCIO JURÍDICO 5.1. A TRICOTOMIA EXISTÊNCIA-VALIDADE-EFICÁCIA É possível distinguir, no mundo jurídico, os planos de existência,de validade e de eficácia do negócio jurídico. Malgrado esses vocábulos sejam empregados, muitas vezes, como sinônimos, é importante precisar o significado de cada um. No plano da existência não se indaga da invalidade ou eficácia do negócio jurídico, importando apenas a realidade da existência. Tal ocorre quando este sofre a incidência da norma jurídica, desde que presentes todos os seus elementos estruturais. Se faltar, no suporte fático, um desses 13 elementos, o fato não ingressa no mundo jurídico: é inexistente. Nele podem, porém, ingressar todos os fatos jurídicos, lícitos ou ilícitos. 5.2. PLANO DE EXISTÊNCIA O plano da existência é dos elementos, posto que elemento é tudo o que integra a essência de alguma coisa. O ato existente deve passar por uma triagem quanto à sua regularidade, para ingressar no plano da validade, quando então se verificará se está perfeito ou se encontra derivado de algum vício ou defeito inviabilizante. O preenchimento de certos requisitos fáticos, como a capacidade do agente, a licitude do objeto e a forma prescrita em lei, é indispensável para o reconhecimento da validade do ato. Mesmo a invalidade pressupõe como essencial a existência do fato jurídico. Este pode, portanto, existir e não ser válido. O plano da validade é o dos requisitos do negócio jurídico, porque estes são condição necessária para o alcance de certo fim. 5.2.1. Requisitos de existência Os requisitos de existência do negócio jurídico são os seus elementos estruturais, sendo que não há uniformidade, entre os autores, sobre a sua enumeração. Preferimos dizer que são os seguintes: a declaração de vontade, a finalidade negocial e a idoneidade do objeto. Faltando qualquer deles, o negócio inexiste. 5.3. PLANO DE VALIDADE Pode, também, o negócio jurídico existir, ser válido, mas não ter eficácia, por não ter ocorrido ainda, por exemplo, o implemento de uma condição imposta. O plano da eficácia é onde os fatos jurídicos produzem os seus efeitos, pressupondo a passagem pelo plano da existência, não, todavia, essencialmente, pelo plano da validade. O novo Código Civil não adotou a tricotomia existência-validade-eficácia, conhecida como “Escada Ponteana”, em alusão a Pontes de Miranda. Na realidade, não há necessidade de mencionar os requisitos de existência, pois esse conceito encontra-se na base do sistema dos fatos jurídicos. Depois de se estabelecerem os requisitos de validade do negócio jurídico, são tratados dois 14 aspectos ligados à manifestação da vontade: a interpretação e a representação. Em seguida, disciplinam-se a condição, o termo e o encargo, que são autolimitações da vontade, isto é, uma vez apostos à manifestação de vontade, tornam-se inseparáveis dela. Finalmente, surge a parte patológica do negócio jurídico: seus defeitos e invalidade. 5.3.1. Requisitos de validade Para que o negócio jurídico produza efeitos, possibilitando a aquisição, modificação ou extinção de direitos, deve preencher certos requisitos, apresentados como os de sua validade. Se os possui, é válido e dele decorrem os mencionados efeitos, almejados pelo agente. Se, porém, falta-lhe um desses requisitos, o negócio é inválido, não produz o efeito jurídico em questão e é nulo ou anulável. Os requisitos de validade do negócio jurídico, de caráter geral, são elencados no art. 104 do novo Código, que dispõe: “Art. 104. A validade do negócio jurídico requer: I - Agente capaz; II - Objeto lícito, possível, determinado ou determinável; III - forma prescrita ou não defesa em lei”. Os requisitos de caráter específico são aqueles pertinentes a determinado negócio jurídico. A compra e venda, por exemplo, tem como elementos essenciais a coisa (res), o preço (pretium) e o consentimento (consensus). 5.2. OBJETO A validade do negócio jurídico requer, ainda, objeto lícito, possível, determinado ou determinável (condição objetiva). Objeto lícito é o que não atenta contra a lei, a moral ou os bons costumes. Objeto jurídico, objeto imediato ou conteúdo do negócio é sempre uma conduta humana e se denomina prestação: dar, fazer ou não fazer. Objeto material ou mediato são os bens ou prestações sobre os quais incide a relação jurídica obrigacional. Quando o objeto jurídico do contrato é imoral, os tribunais por vezes aplicam o princípio de direito de que ninguém pode valer-se da própria torpeza 15 (nemo auditur propriam turpitudinem allegans). Ou então a parêmia in pari causa turpitudinis cessat repetitio, segundo a qual se ambas as partes, no contrato, agiram com torpeza, não pode qualquer delas pedir devolução da importância que pagou. Tais princípios são aplicados pelo legislador, por exemplo, no art. 150 do Código Civil, que reprime o dolo ou torpeza bilateral, e no art. 883, que nega direito à repetição do pagamento feito para obter fim ilícito, imoral, ou proibido por lei. Impedem eles que as pessoas participantes de um contrato imoral sejam ouvidas em juízo. Fora dessas hipóteses, e de outras expressamente previstas na lei, prevalece o disposto no art. 182: anulado o negócio jurídico, restituir-se-ão as partes ao estado em que antes dele se achavam. Esta não deve ser a solução, todavia, se se mostrar, no caso concreto, manifestamente injusta e contrária ao interesse social. O objeto deve ser, também, possível. Quando impossível, o negócio é nulo. A impossibilidade do objeto pode ser física ou jurídica. 5.3. FORMA O terceiro requisito de validade do negócio jurídico é a forma, que é o meio de revelação da vontade. Deve ser a prescrita em lei. Há dois sistemas no que tange à prova como requisito de validade do negócio jurídico: O consensualismo, da liberdade de forma, e o formalismo ou da forma obrigatória. O direito romano e o alemão eram, inicialmente, formalistas. Posteriormente, por influência do cristianismo e sob as necessidades do intenso movimento comercial da Idade Média, passaram do formalismo conservador ao princípio da liberdade da forma. No direito brasileiro a forma é, em regra, livre. As partes podem celebrar o contrato por escrito, público ou particular, ou verbalmente, a não ser nos casos em que a lei, para dar maior segurança e seriedade ao negócio, exija a forma escrita, pública ou particular. O consensualismo, portanto, é a regra, e o formalismo, a exceção. Dispõe, com efeito, o art. 107 do Código Civil: 16 “Art. 107. A validade da declaração de vontade não dependerá de forma especial, senão quando a lei expressamente a exigir”. É nulo o negócio jurídico quando “não revestir a forma prescrita em lei” ou “for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua validade” (CC, art. 166, IV e V). 5.4. VONTADE 5.4.1. Manifestação de Vontade: A manifestação ou declaração de vontade, exerce um papel importante no negócio jurídico, sendo seu elemento basilar e orientador. Vale dizer que a vontade é que diferencia o negócio, enquadrado dentro dos fatos humanos, fatos jurígenos e atos jurídicos, dos fatos naturais ou stricto sensu. A vontade poderá ser expressa – através da palavra escrita ou falada, gestos ou sinais – ou Tácita – aquela que resulta de um comportamento do agente. O SILÊNCIO como manifestação de vontade não significa nada, por constituir total ausência de manifestação de vontade e, como tal, não produzir efeitos. Todavia, excepcionalmente, em determinadas circunstâncias, pode ter um significado relevante e produzir efeitos jurídicos. Dispõe o art. 111 do Código Civil, com efeito: “Art.111. O silêncio importa anuência, quando as circunstâncias ou os usos o autorizarem, e não for necessáriaa declaração de vontade expressa’’. Portanto, o silêncio pode ser interpretado como manifestação tácita da vontade quando a lei conferir a ele tal efeito. 5.4.1.1. Reserva Mental Ocorre reserva mental quando um dos declarantes oculta a sua verdadeira intenção, isto é, quando não quer um efeito jurídico que declara querer. Tem por objetivo enganar o outro contratante ou declaratório. Se este, entretanto, não soube da reserva, o ato subsiste e produz os efeitos que o declarante não desejava. “Art.110. A manifestação de vontade subsiste ainda que o seu autor haja efeito a reserva mental de não querer o que manifestou, salvo se dela o destinatário tinha conhecimento’’. 5.5. PLANO DE EFICÁCIA 17 No plano de eficácia estão os elementos relacionados com a suspensão e resolução de direitos e deveres, caso da condição, do termo, do encargo ou modo, das regras de inadimplemento negocial (juros, multas e perdas e danos), do registro imobiliário, da rescisão contratual, do regime de bens do casamento, entre outros. Para que o negócio seja eficaz, deve ser existente e válido. Tal dedução lógica justifica a simbologia da escada que sobe. 5.6. MODALIDADES DO NEGÓCIO JURÍDICO Viu-se anteriormente no que tange o negócio jurídico, que ele se organiza valendo-se das classificações, interpretações e elementos constitutivos, sendo o elemento central o ato de vontade estabelecido entre as partes, agora iremos apresenta suas modalidades que no ordenamento jurídico também podem ser chamadas de elementos do ato ou elementos acidentais. Mas, antes de tratá-los é importante falar dos essentialia negotii (elementos essenciais) que estruturam e são inerentes ao negócio jurídico, sem estes princípios o próprio negócio não existe. Por exemplo, no momento em que um contrato de compra e venda é estabelecido, passam a ser elementos substanciais o produto da compra, o valor pago, o consentimento entre as partes envolvidas, caso um deste elementos não se cumpra o negócio jurídico está comprometido, pois não asseguram os efeitos desejados. Há lacunas no que se refere ao ato e ao negócio jurídico, quando lançamos um olhar para o código de 1916 e 2002, uma vez que, não se definiu de forma precisa os fatos jurídicos. Ato e negócio jurídico de confrontam, o primeiro é regido por determinação da Lei – arcabouço legal – que se impõe mesmo contra a vontade das partes, no segundo o que predomina é o ato da vontade. 6. ELEMENTOS ACIDENTAIS Segundo o ordenamento jurídico os elementos acidentais mais comuns podem ser classificados em três formas: Condição, Termo e Modo ou Encargo. Isso não impede que as partes envolvidas elejam novos elementos acidentais, desde que estes não firam os preceitos legais vigentes. Contudo, alguns 18 diretos se mantem protegidos dos elementos acidentais, por exemplo, a emancipação, casamento, adoção, reconhecimento de filho, aceitação e renúncia de herança, entre outros. 6.1. CONDIÇÃO Condição é o evento futuro e incerto, que no ordenamento pode se apresenta quanto a certeza (incerta e certa), estando classificada em 4 modalidades: Inseguro (incertus an incertus), é aquele negócio que não há certezas que ocorrerá, quando firmo algo que dependerá de outra ação, ou seja, venderei minha casa quando meu marido se tornar deputado; Incerteza se determinada (incertus an certus), quando o estabelecido exige determinado período de tempo, mas não há certeza, é o caso: “venderei minha casa se ele se tornar deputado nas eleições de 2018”. Logo, a venda está condicionada as vencer as eleições em 2018. Se isso ocorrer em outro momento a dona da casa poderá declinar de sua venda; Certa incerteza (certus na incertus), quando se tem a certeza, mas não podemos precisar. Venderei minha casa assim que ele morrer. Ninguém tem como saber o dia da morte e; Certeza determinada (certus an certus), exemplificando, venderei minha casa até o natal. Neste caso verifica-se o “acordo”, vender a casa e o prazo, até o natal. Ao tratar do negócio jurídico sob a perspectiva da incerteza podemos identificar a utilização de palavras-chaves: se ou enquanto que aponta as temporalidades dos atos jurídicos. É fundamental que se verifique a viabilidade das condições frente as leis naturais e as leis éticas. A condição também pode ser dividida em três formas: pendente, verificada e frustrada. A condição pendente é aquela em que ainda não se confirmou ou frustrou, ela cobra um determinado prazo ou acontecimento prévio. Já a condição verificada é aquela em que se constatou o cumprimento. E, a condição frustrada é o ato não confirmado ou verificado. Veja o que diz o CC 2002: Art. 129. Reputa-se verificada, quanto aos efeitos jurídicos, a condição cujo implemento for maliciosamente obstado pela parte a 19 quem desfavorecer, considerando-se, ao contrário, não verificada a condição maliciosamente levada a efeito por aquele a quem aproveita o seu implemento. 6.1.1. Requisitos da condição Outro elemento importante são os requisitos da condição: Voluntariedade, Futuridade e a Incerteza. Pois, a vontade não é tudo, e por si só não garante a eficácia do negócio jurídico. Para Lisboa: “Somente a condição voluntária pode ser considerada como modalidade, pois a condição necessária decorre da própria natureza do ato ou do negócio” (LISBOA, 2009, p. 350). Para grande parte dos doutrinadores e em especial Belviláqua, a condição é uma declaração acessória da vontade. O segundo requisito é o da futuridade, ou seja, o negócio jurídico está condicionado a um acontecimento futuro, e que este só se concretizará após tal episódio. O recebimento de herança é um exemplo. E por fim a incerteza, aqui se estabelece um vínculo com o termo, como veremos mais adiante. De todo modo, a incerteza permite a distinção entre o evento futuro e incerto e o termo, evento futuro e certo. Como relatou-se é fundamental que se verifique a viabilidade das condições, em razão do que é possível e impossível. A condição impossível (conditio impossibilis) é aquela contrária a natureza, por exemplo, um ser humano não pode voar como um pássaro e essa limitação se estende para todas as pessoas. Também podem ser impossíveis frente a lei e aos bons costumes, consequentemente, são nulas as condições impossíveis e as ilícitas. A condição ilícita é aquela que contraria a lei, os bons costumes, a ordem pública, perplexa (não está claro, é contraditório, e incompreensivo), e a condição potestativa e estão previstas nos artigos 122 e 123 do CC. Trataremos mais adiante. 6.1.2. Classificação da condição quanto à licitude 20 Condição quanto à licitude ocorre o contrário, são as condições que estão de acordo com o ordenamento jurídico e aos costumes. Há que se orientar valendo-se princípios fundamentais – dignidade humana, liberdade, igualdade, fraternidade, entre outras. 6.1.3. Condição suspensiva e resolutiva Além das condições vistas anteriormente, ela também pode ser classificada quanto aos seus efeitos: suspensiva ou resolutiva. Na condição suspensiva o direito não se apresenta num fato concreto, ela “suspende” o exercício e aquisição de direito, gera expectativa de direito. Logo essa condição impede que o negócio jurídico produza efeitos. Vale lembrar que mesmo que a condição esteja suspensa o negócio foi firmado. Essa situação está prevista no artigo 125 do CC: “Subordinando-se a eficácia do negócio jurídico à condição suspensiva, enquanto está se não verificar, não se terá adquirido o direito, a que ele visa”. A figura procura retratar uma condição suspensa do negócio jurídico, todavia, está formadoum acordo de vontade entre as partes e a relação jurídica foi criada, o que pode vir a ser transmitida entre os vivos (inter vivos) ou em casos de morte (mortis causa). Vale ressaltar que mesmo diante de situações adversas o que prevalece são as condições previstas no acordo entre as partes. Um exemplo da condição suspensiva, pode ser a compra de uma casa financiada pela caixa econômica, cuja condição de compra está vinculada a aprovação do financiamento. “Na condição resolutiva ou final extinguem-se os efeitos do ato ou do negócio jurídico como o evento futuro e incerto”. Ora, é intrigante ponderar “se a condição resolutiva opera em pleno direito ou se depende de reconhecimento judicial” (LISBOA, 2009, p. 351-352). Um exemplo para a condição resolutiva é o estudante que recebe uma bolsa de estudo, mas que deverá manter média 70 como pré-requisito, se o 21 aluno não cumpre essa determinação perderá a bolsa em definitivo. Ao perder sua bolsa de estudo, cessou seu contrato, houve uma condição resolutiva, pois fim ao acordo estabelecido, o negócio jurídico perde seus efeitos. 6.1.4. Condição quanto a natureza ou fonte A condição causal é aquela que depende de um acontecimento alheio à vontade das partes, ou seja, entre em cena um terceiro, que poder ser de caso fortuito ou de força maior. Exemplo: Se chover amanhã te pagarei um almoço. Para que ocorra são necessários fatores externos as partes. A condição potestativas, decorre da vontade de uma das partes ou de seu poder sobre a outra parte, As condições puramente potestativas são ilícitas pois dependem exclusivamente de uma das partes. As condições simplesmente potestativas são tidas como licitas, pois não dependem somente da vontade de uma das partes, mas também de algum acontecimento ou circunstancia exterior que escapa ao seu controle. A condição mista, é aquela que depende simultaneamente da vontade das partes e de um terceiro Washington de Barros e Maria Helena Diniz manifestam uma preocupação oportuna, dessa condição se revelar promíscua, impondo exigências para a concretização do ato. Se Maria casar com João ela terá seu cargo de volta. QUADRO SINÓTICO CONDIÇÃO TERMO ENCARGO Evento futuro e incerto Evento futuro e certo Obrigação de fazer Evento independente do arbítrio Evento pode depender Transmissão do direito das partes do arbítrio humano Suspende a aquisição do direito se não resolver o ato ou o negócio Não suspende a aquisição do direito Descumprimento para a extinção do negócio 22 6.2. TERMO Termo é o que define a eficácia de um evento futuro e certo, é quando começa ou termina o negócio jurídico. Diferente da condição, o termo pode ser aplicado pelas partes (Termo convencional), pela lei (Termo de direito), por decisão judicial (Termo judicial) ou através de um adiantamento de prazo concedida ao devedor (Termo de graça). 6.2.1. Classificação do termo quanto aos efeitos Termo suspensivo: Determina quando irá ocorrer o início do exercício do direito, é quando começa a valer o termo, o prazo definido. O termo inicial suspende o exercício, mas não a aquisição do direito (art. 131 – CC), gerando assim o direito adquirido, sendo assim pode adquirir direitos, só não pode exerce-los. Termo resolutivo: é o que define quando ocorre o fim do exercício do direito, quando deixa de valer termo, onde o negócio jurídico perde os efeitos. 6.2.2. Classificação do termo quanto à certeza Termo certo: é o termo certo, com prazo definido para o início e fim da eficácia do negócio jurídico, decorrente de uma lei natural. Ex: Contrato de aluguel de imóvel, que se tem o período de início e de termino do prazo de locação. Termo incerto: é o termo certo, que se sabe que ocorrera, porém não se sabe quando, não há data definida. Ex: Uma doença ou alguma dor no corpo, que sebe quando vai acontecer, porém não se sabe quando 6.2.3. Contagem do prazo O prazo é o tempo entre o termo inicial e o termo final, podendo ser contado, em anos, meses, dias, horas ou minutos. 23 O prazo tem que ser feito com a exclusão do dia de início e inclusão do dia de vencimento como diz no, art., 132, CC, “salvo disposição, legal ou convencional, se o dia do vencimento cair em feriado, considerar-se-á prorrogado o prazo até o seguinte dia útil” (Código Civil, art. 132, § 1º), sabendo que sábado não é feriado, não haverá nenhum tipo de prorrogação, salvo em caso onde o pagamento tenha que ser feito em banco que não há expediente aos sábados. Os prazos de meses e anos terminam no mesmo dia em que o de início, ou de imediato, caso faltar exata correspondência (Código Civil, art. 132, § 3º). Os prazos contados por hora serão contados de minuto a minuto. Se o vencimento for em meados de um certo mês, dar-se-á no decimo quinto dia do mês, não importando o número de dias que há no mês. Nos testamentos o prazo se dá a favor do herdeiro, sendo assim se houver prazo para a entrega do legado, sabe-se que o prazo foi a favor do herdeiro obrigado a paga-lo e não do legatário, já nos contratos o prazo dar-se a favor do devedor, sendo assim o mesmo poderá pagar a dívida antes do vencimento, mesmo contra a vontade do credor. Os negócios jurídicos sem prazo terão o vencimento imediato, a não ser em casos que haja a necessidade de um certo período de tempo ou tiver que ser feita em lugar diverso, por tanto ele decorre da natureza do negócio e de suas circunstancias. 6.3. MODO OU ENCARGO Encargo é uma cláusula de restrição imposta a uma liberalidade (negócios jurídicos gratuitos e/ou benéficos), pela qual se impõe uma obrigação ao beneficiário. O encargo é uma cláusula acessória nos negócios jurídicos, ou seja, o beneficiário não é obrigado a acatar o encargo, assim como nenhuma liberalidade, porém, caso aceito, é obrigatória a execução do encargo, vide o artigo 553 do Código Civil, onde lemos que “o donatário é obrigado a cumprir os encargos da doação, caso forem a benefício do doador, de terceiro, ou de interesse geral”, podendo inclusive suspender o exercício do direito, quando 24 expressamente imposto no negócio jurídico, conforme os artigos 136 e 125 do Código Civil: “Art. 136. O encargo não suspende a aquisição nem o exercício do direito, salvo quando expressamente imposto no negócio jurídico, pelo disponente, como condição suspensiva” e “Art. 125. Subordinando-se a eficácia do negócio jurídico à condição suspensiva, enquanto esta se não verificar, não se terá adquirido o direito, a que ele visa”. Continuando na interpretação do Art. 136, percebemos que, salvo as exceções que vimos anteriormente, o encargo não suspende a aquisição e o exercício do direito, ou seja, o encargo não é uma condição para o início dos mesmos. Para exemplificar: se um cidadão faz a doação de um terreno para o município construir uma escola, o município já pode exercer o direito de proprietário a partir da data da doação, mesmo antes de efetuar a construção. “O encargo difere da condição suspensiva porque esta impede a aquisição do direito, enquanto aquele que não suspende a aquisição nem o exercício do direito. A condição suspensiva é imposta com o emprego da partícula “se”, e o encargo com as expressões “para que”, “com a obrigação de” etc. A condição é suspensiva, mas não coercitiva. Ninguém pode ser obrigado a cumprir uma condição. O encargo é coercitivo e não suspensivo” (GONÇALVES, 2010, p. 395). Se o beneficiário não cumprir o encargo, o disponente pode ajuizar Ação de Resolução da Liberalidade do Encargo, amparado no Art. 555 do Código Civil “A doação pode ser revogadapor ingratidão do donatário, ou por inexecução do encargo” ou ajuizar uma Ação de Obrigação de Fazer; não fazer ou dar, usando o Art. 553 do Código Civil já descrita no presente documento. Apesar de esses artigos referirem-se às Doações com encargo, eles ainda podem ser utilizados em outros tipos de liberalidade. Por outro lado, se o encargo for considerado ilícito (qualquer atividade ilegal na Constituição Federal) ou impossível (alcançar o sol, por exemplo), de acordo com o Art. 104 que impõe condições para o encargo ser válido, será considerado não escrito no negócio jurídico. E se for determinante para o exercício do direito da liberalidade, então o negócio jurídico em questão será anulado, conforme o Art. 137 “Considera-se não escrito o encargo ilícito ou impossível, salvo se constituir o motivo determinante da liberalidade, caso em que invalida o negócio jurídico”. 25 CONSIDERAÇÕES FINAIS Com o assunto levantado no trabalho, percebe-se que o negócio jurídico é um fator de grande importância para as relações particulares, pois tem como função estabelecer acordos, disciplinar os interesses entre sujeitos, com normas criadas e estabelecidas pelas partes, a fim de produzir efeitos jurídicos, relação realizada na forma de contrato, sendo ele de forma escrita, falada ou através de gestos. Tendo como alguns requisitos básicos de validades, para o tornarem legal, sendo alguns deles o objeto, a forma e a manifestação da vontade que é o que definem o objeto licito jurídico ou material, o meio de revelação da vontade e a expressão da vontade estabelecida de forma expressa ou tácita. E com grande observação no contexto pôde ser observado que somente há existe o negócio jurídico se houver a declaração da vontade, a finalidade negocial e a idoneidade do objeto, se houver a falta de um desses requisitos o negócio jurídico passa a ser inexistente. Tendo como principal base o código civil, onde tem grande parte dos artigos estabelecidos no livro III do CC, dividido em vários capítulos, títulos e seções. 26 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Curia, L. R., & Rodrigues, T. d. (2015). Direito Civil I. São Paulo: Saraiva. Donizetti, E., & Quintella, F. (2014). Curso Didático de Direito Civil. São Paulo: Atlas. Fraga, T. A., & Mello, C. D. (2005). Direito Civil: Introdução e Parte Geral. São Paulo: Impetus. Gonçalves, C. R. (2010). Direito Civil Brasileiro (8ª ed., Vol. I). São Paulo: Saraiva. Gonçalves, C. R. (2011). Direito Civil Esquematizado. São Paulo: Saraiva. Jusbrasil. (s.d.). Acesso em 27 de Agosto de 2017, disponível em Jusbrasil: https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10721881/artigo-133-da-lei-n-10406-de-10- de-janeiro-de-2002 Jusbrasil. (s.d.). Acesso em 27 de Agosto de 2017, disponível em https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10721846/artigo-134-da-lei-n-10406-de-10- de-janeiro-de-2002 Lisboa, R. S. (2009). Manual de Direito Civil: Teoria geral do Direito Civil (Vol. I). São Paulo: Saraiva.
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