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Infra-estrutura portuária para apoio logístico offshore: o caso do porto de Angra dos Reis Resumo O presente artigo tem como objetivo verificar se a infra-estrura do porto de Angra dos Reis atende às necessidades logísticas listadas pelas empresas que fornecem apoio logístico offshore às plataformas de exploração de petróleo e gás. A pesquisa caracteriza-se como teórico- empírico, de natureza aplicada, com abordagem qualitativa, objetivando- se de forma descritiva. A coleta foi realizada em duas etapas. A primeira teve como objetivo levantar os dados referentes à infra-estrutura do porto de Angra dos Reis. A segunda etapa utilizou-se de um questionário com perguntas abertas e estruturadas enviadas por e-mail aos gerentes responsáveis de empresas que prestam serviços de apoio logístico offshore. Esta pesquisa, de uma forma geral, concluiu que o porto de Angra dos Reis teria que realizar um investimento na aquisição de novos equipamentos se o mesmo desejar atender uma possível demanda de empresas que fornecem apoio logístico offshore às unidades plataforma. Palavras-chave: Logística; Offshore; Infra-estrutura portuária. 1. Introdução O porto de Angra do Reis começou a ser construído no ano de 1927 devido à necessidade da existência de um terminal para escoamento da produção de café proveniente da região do Vale do Paraíba. Ao longo do tempo, com as mudanças dos tipos de cargas a serem movimentadas, o porto passou a se adequar às necessidades dos seus novos clientes. Após a elaboração da Lei dos Portos em 1993, o porto começou a perder participação no mercado. Por um bom período, a Companhia Siderúrgica Nacional, a qual era responsável pela movimentação de grande parte de volume de carga total deste porto, remanejou a maior parte de suas atividades para o porto de Vitória devido aos incentivos fiscais dado pelo Estado do Espírito Santo. No período de 1997 a 1998, Companhia Siderúrgica Nacional começou a negociação de arrendamento de um dos terminais do Porto de Itaguaí/RJ, criando o Sepetiba Tecon, reduzindo ainda mais a movimentação de suas cargas pelo porto de Angra dos Reis. Atualmente a Companhia Siderúrgica Nacional só utiliza as facilidades portuárias de Angra quando ocorre excesso de carga em seu terminal. Desta forma, o porto de Angra dos Reis vem passando por período de baixíssima movimentação de carga nos últimos anos e, como uma possível solução para utilização da sua capacidade operacional ociosa, começa a explorar o que pode ser uma de suas principais vocações: o apoio a atividades offshore. A partir da flexibilização do monopólio do petróleo ocorrido na segunda metade da década de 90 o setor de petróleo e gás no Brasil vem sofrendo uma série de modificações que têm impactado diretamente as relações comerciais entre as empresas do setor. Estas modificações têm como principal causa o crescimento contínuo do número de companhias de petróleo e de fornecedores de bens e serviços especializados que vêm se instalando no país. Em mais de trinta anos de atividades offshore, a produção no mar tornou-se vital para o Brasil. O aumento das perfurações no Brasil levará as petroleiras a contratarem cada vez mais novas bases de apoio às estas operações. Visando tais investimentos as empresas especializadas em logística offshore investem em novas plantas e novas parcerias. Uma base de logística offshore tem como finalidade prestar todo tipo de apoio às operações nas plataformas marítimas. Com as recentes descobertas de petróleo e gás natural na Bacia de Santos, o porto de Angra dos Reis poderá vir se tornar uma base de apoio para as futuras plataformas localizadas naquela bacia. Segundo entrevista do diretor de desenvolvimento do grupo Angra Porto (empresa que opera o Porto de Angra dos Reis) ao Jornal do Comércio, a atividade offshore poderá ter participação maior na receita da empresa do que a operação de cargas. Segundo ele, Angra dos Reis conta com toda a logística e infra-estrutura, além de licença ambiental, necessárias para receber empresas de apoio offshore (SINDIMAR, 2006). O presente artigo tem como objetivo verificar se a infra-estrura do porto de Angra dos Reis atende às necessidades logísticas listadas pelas empresas que fornecem apoio logístico offshore às plataformas de exploração de petróleo e gás. 2. Fundamentação Teórica 2.1 A Cadeia de Suprimentos de Petróleo e Gás Uma cadeia logística importante nos dias de hoje é a de suprimento de petróleo, processo físico que une mercado, refinarias, negociantes e produtores e é visto como um difícil e complexo comércio de transporte e estocagem. A logística do petróleo tem um tremendo impacto na economia mundial e é crítica em períodos de crise. No Brasil, a integração do mercado de petróleo se manteve até 1998, quando houve a quebra do monopólio exercido pela Petrobrás. O processo de partição da cadeia de suprimento começa a ocorrer com a criação da Transpetro, atual operadora de navios, terminais e dutos, que permite o livre acesso de qualquer empresa aos dutos e aos terminais, o que anteriormente era de uso exclusivo da Petrobras. No caso do Brasil o petróleo é a fonte primária mais utilizada respondendo por cerca de 64% de toda a energia primária produzida no país (BRITISH PETROLEUM, 2006). Como o petróleo é um produto nobre de grande importância para a economia mundial e fonte de energia das mais viáveis do ponto de vista econômico, a dependência dos países em relação a sua produção é grande e gera grandes impactos nas economias quando há variações dos seus preços. Para Ballou (2001), a logística, com suas diversas cadeias de suprimento, busca atingir um determinado nível de serviço ao custo mais baixo possível. No caso mais específico da cadeia de suprimentos de petróleo, com seus modos de transporte, principalmente navios e oleodutos, e suas estruturas de apoio em terra, terminais com tancagens e sistema de bombeio para transferência de produtos, formam um sistema complexo que está sujeito a vários riscos operacionais, legais e de mercado, que podem afetar o nível de serviço (Figura 1). Figura 1: Exemplo de uma Cadeia de Suprimento e Distribuição do Petróleo ORIENTE MÉDIO BACIA DE CAMPOS REVENDEDOR E/OU USUÁRIO FINAL USO FINAL PRODUÇÃO DE MATÉRIA-PRIMA TRANSPORTE DE MATÉRIA-PRIMA PRODUÇÃO DA FONTE DE ENERGIA DISTRIBUIÇÃO DA FONTE DE ENERGIA ÓLEO DIESEL GASOLINA C OLEODUTOS OLEODUTO TERMINAIS TERMINAIS BASE PRIMÁRIA Óleo diesel Gasolin a C SPCD SPH OUTRAS ORIGENS OLEODUTOS Óleo diesel Gasolina C Oleoduto Polidutos Petróleo Estação Monobóia SIMBOLOGIA REFINARIAS Transporte marítimo Transporte rodoviário ORIENTE MÉDIO BACIA DE CAMPOS REVENDEDOR E/OU USUÁRIO FINAL USO FINAL PRODUÇÃO DE MATÉRIA-PRIMA TRANSPORTE DE MATÉRIA-PRIMA PRODUÇÃO DA FONTE DE ENERGIA DISTRIBUIÇÃO DA FONTE DE ENERGIA ÓLEO DIESEL GASOLINA C OLEODUTOS OLEODUTO TERMINAIS TERMINAIS BASE PRIMÁRIA Óleo diesel Gasolin a C SPCD SPH OUTRAS ORIGENS OLEODUTOS Óleo diesel Gasolina C Oleoduto Polidutos Petróleo Estação Monobóia SIMBOLOGIA REFINARIAS Transporte marítimo Transporte rodoviário Fonte: Petróleo Brasileiro S.A. (2006) A cadeia logística de suprimento de petróleo nacional é composta pelo transporte marítimo e dutoviário, recebimento e armazenamento pelos terminais e transferência dos terminais para as refinarias. Uma vez estando o petróleo colocado nos tanques da refinaria, considera-se que o produto esta entregue. Conforme ilustrado na figura 2, podem-se dividir as atividades da cadeia logística do petróleo nos seguintes grupamentos: - Carregamentodo navio no porto de carga; - Viagem do porto de carregamento para o terminal; - Descarregamento no terminal; - Armazenamento no terminal e transferência do terminal para a refinaria. Figura 2: Cadeia Logística do Petróleo Fonte: Petróleo Brasileiro S.A. (2006) À medida que crescem as metas de produção e a atividade exploratória no litoral brasileiro, a logística é mais demandada, movimentando cada vez mais dinheiro e gerando novas oportunidades de negócio. 2.2 Logística de Apoio Offshore A logística vem ganhando um espaço cada vez mais relevante na indústria offshore e emprega, apenas na região Sul-Sudeste, mais de seis mil profissionais. Para o secretário executivo do Instituto Brasileiro do Petróleo (SINDMAR, 2005), Álvaro Teixeira, a logística nesse setor adquiriu papel relevante na indústria de petróleo a partir do desenvolvimento de novas técnicas de operação e gestão. Uma base de logística offshore presta todo o tipo de apoio às operações nas plataformas marítimas, como suprimento de fluídos de perfuração, cimento, tubos, combustível, água e alimentos para a tripulação. As plataformas têm todas as demandas de uma pequena cidade, isolada no meio do mar. Os diversos serviços, materiais, assim como equipes de trabalho necessários ao perfeito funcionamento das Unidades Plataformas (nome dado às plataformas, navios e sondas móveis) demandam transportes, embarcações de apoio que farão o transporte destas solicitações. Após pesquisa em sites de empresas que oferecem apoio logístico offshore constatou-se que, as principais solicitações demandadas são: suprimento de água; suprimento de óleo diesel; suprimento de rancho; suprimento de tubos de perfuração e produção; suprimento de fluidos de perfuração e completação; suprimento de granéis (baritina, bentonita e cimento); suprimento de convés através de skids, caixas de madeiras e/ou contêiners (corda, cilindro de oxigênio, cilindro de acetileno, gás freon, bobina de cabo de aço, bobina de polipropileno, etc.); suprimento de ácido (estimulação de poço); transporte de passageiros; reboque de plataformas; fixar petroleiro; relançamento de âncora; e combate a incêndio. (DELBA MARÍTIMA, RENAVE, WILSON SONS LOGÍSTICA, 2007) Para atender a demanda de cada uma dessas comunidades é necessário o apoio de embarcações, helicópteros, navios tipo plataforma supply vessel e uma base territorial com toda infra-estrutura. Segundo Assis (2000) existem 19 tipos de embarcações que dão suporte às operações offshore e que, em princípio, podem ser divididos por atividades desempenhadas em cinco categorias: Supridores (Supply) – barcos construídos com o objetivo básico de transporte de carga, utilizando o convés principal para carregar tubos, máquinas, suprimentos e tanques para granéis líquidos e sólidos; Rebocadores (Tug) – embarcações de grande potência, que podem ser usadas em operações de reboque de plataformas e outras estruturas e também no manuseio de âncoras e espias; Supridores / Rebocadores (Tug/Supply) – combinam capacidade de carga e reboque, são mais versáteis e por isso mesmo com grande procura no setor; Embarcações para transporte de passageiros (Crew) – lanchas, embarcações do tipo catamarã e mais recentemente os Swath; e Embarcações especiais (Special Purpose) – inclui os mais diversos tipos de embarcações. Dependendo de suas características, os diversos tipos de embarcações de apoio são utilizados nas diferentes etapas da atividade offshore, ou seja, exploração, desenvolvimento do poço e produção (ASSIS, 2000). 2.3 Infra-estrutura Portuária Segundo Tovar e Ferreira (2006) até 1990, o sistema portuário nacional era formado por portos administrados diretamente pela Empresa Brasileira de Portos S.A. (Portobrás), por Companhias Docas e por concessionários privados e estaduais. A extinção da Portobrás, em março de 1990, criou certo transtorno administrativo, já que os portos e administrações hidroviárias diretamente controladas por ela também se extinguiram nessa mesma data. Para contornar essa situação, a União, por intermédio do Decreto 99.475, de agosto de 1990, autorizou o então Ministério de Infra-Estrutura a descentralizar, mediante convênio, a administração dos portos, hidrovias e eclusas às sociedades de economia mista subsidiárias da Portobrás ou às unidades federadas, pelo prazo de um ano. Ao longo do processo de extinção da Portobrás foi necessário, ainda, discutir os destinos de órgãos vinculados à empresa extinta, como o Instituto Nacional de Pesquisa Hidroviária (INPH), importante centro de estudos hidrológicos e de hidráulica, e a Companhia Brasileira de Dragagem (CBD). Em virtude da importância desses órgãos, para o desenvolvimento do setor, optou-se por uma desmobilização parcial, tendo sido posteriormente incorporados à estrutura das Docas do Rio de Janeiro. O setor privado é responsável pela maior parte da movimentação de cargas nos portos brasileiros, por meio de terminais portuários arrendados e dos terminais privativos (TOVAR E FERREIRA, 2006). Alguns portos do país enfrentam restrições quanto à operação de navios grandes, por causa de dificuldades das administrações portuárias estatais em realizar as dragagens dos canais de acessos aos portos. Dentre esses portos encontra-se o Porto de Angra dos Reis. As atuais situações deficitárias de alguns portos tendem a se agravar e oprimir exportadores e importadores devido à carência de investimentos em infra-estrutura portuária. A concessão das administrações portuárias a entidades privadas é prevista na Constituição Federal, mas o esboço criado com a Lei dos Portos não fornece segurança para que isso seja realizado, pois as administrações portuárias são também autoridades portuárias e detêm atribuições tipicamente públicas, que não são passíveis de delegação ao setor privado (TOVAR E FERREIRA, 2006). A infra-estrutura portuária é limitada a equipamentos imóveis, impossibilitando o deslocamento para outros portos. A infra-estrutura terrestre permite um intercâmbio de bens entre os navios e a área do porto. As vias férreas, rodoviárias, terminais de embarque e desembarque entre outros, compõem essas atividades. A infra-estrutura aquaviária é o que permite a existência dos portos. Canais de acesso, bacias de evolução, quebra-mares e berços de atracação são os componentes principais da área aquaviária. Os equipamentos para movimentação e armazenagem de mercadorias, são os guindastes, esteiras e armazéns, também conhecidos como superestrutura portuária. A maior parte dessa superestrutura portuária no Brasil é operada por empresas privadas. As embarcações utilizam como acessórios guindastes, empilhadeiras e carretas para carregar e descarregar seus materiais. Elas realizam os serviços de carregamento de cargas não sólidas como água, diesel, lama, baritina entre outras, utilizando como ferramenta de descarregamento os mangotes1. As embarcações sólidas, como tubos e convés (sob a forma de containers) são transportadas por guindastes e empilhadeiras. Os recursos utilizados pelos portos são: 1 Magote corresponde a um tubo de aspiração de bombas móveis de incêndio, reforçada por uma espiral de arame para resistir à deformação provocada pelo vácuo relativo que se faz no seu interior. − Carretas - Existe uma área concentradora de carretas, onde estas ficam estacionadas quando não estão sendo utilizadas. Na medida em que são requisitadas, as carretas começam a operar, movimentando-se por todos os setores do porto. Se o número de carretas for insuficiente para atender o número de requisições, as requisições entram em uma fila de espera para liberação das carretas.− Guindastes - Os guindastes fazem o manuseio de cargas das embarcações para as carretas, ou vice-versa. A distribuição que representa o tempo de operação destes equipamentos foi calculada considerando o carregamento (ou descarregamento) completo de uma carreta. − Berços - São os locais onde as embarcações atracam. O número de berços tem uma influência no tempo médio de carregamento das embarcações porque quanto mais berços houver, mais embarcações estarão adiantando o carregamento de materiais não sólidos. É preciso observar que pode haver maior número de berços do que de guindastes. 3. Metodologia da Pesquisa Para Silva e Menezes (2005), uma pesquisa pode ser classificada quanto a sua natureza, quanto à forma de abordagem, quanto a seus objetivos e quanto aos seus procedimentos técnicos. No que diz respeito à natureza deste trabalho, caracteriza-se como uma pesquisa aplicada. A pesquisa aplicada objetiva gerar conhecimentos para aplicação prática e dirigida à solução de problemas específicos, evolvendo verdades e interesses locais (SILVA E MENEZES, 2005). Os autores acima citados alegam que a pesquisa quanto a sua forma de abordagem pode ser classificada como quantitativa ou qualitativa. Esta pesquisa possui predominantemente uma abordagem qualitativa, pois a mesma, conforme a definição destes, possui uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, isto é, um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade que não pode ser traduzida em números. Quanto aos objetivos da pesquisa, Silva e Menezes (2005) afirmam que a mesma pode ser uma pesquisa exploratória, descritiva ou explicativa. Pode-se considerar esta como sendo do tipo descritiva, pois visa descrever as características de determinada população ou fenômeno ou o estabelecimento de relações entre variáveis. Relativo aos procedimentos técnicos, esta pesquisa adotou o estudo de caso. Para Silva e Menezes (2005), o estudo de caso envolve um estudo profundo e exaustivo de um ou poucos objetos de maneira que se permita o seu amplo e detalhado conhecimento. Para a obtenção dos dados, esta pesquisa passou por duas etapas. A primeira teve como objetivo levantar os dados referentes à infra-estrutura do porto de Angra dos Reis. Estes dados foram obtidos através de uma entrevista com perguntas abertas e não estruturadas com o gerente de operações logísticas do porto de Angra dos Reis. A segunda etapa utilizou-se de um questionário com perguntas abertas e estruturadas enviadas por e-mail aos gerentes responsáveis de 17 empresas que prestam serviços de apoio logístico offshore. Dos 17 questionários enviados, 10 empresas retornaram com o questionário respondido. Esta segunda etapa teve o objetivo de verificar sob a visão das empresas que utilizam os serviços portuários, a infra-estrutura básica que um porto deve possuir para atender prontamente as empresas que prestam serviços offshore a plataformas de petróleo e gás. Os dados receberam análise de conteúdo em ambas as etapas. 4. Análise dos dados 4.1 Infra-estrutura do porto de Angra dos Reis A infra-estrutura no porto de Angra dos Reis é dividida em aquaviária e terrestre. A infra-estrutura aquaviária é composta pelo canal de acesso aos portos, bacias de evolução, quebra-mares e berços de atracação. A infra-estrutura terrestre permite as operações de carga e descarga, o transporte de bens entre os navios e as áreas do porto, pátios dos terminais de embarque e de desembarque de cargas e dos pátios das áreas de armazenagem. Além disso, O porto é interligado com três modos de transporte: o marítimo, o ferroviário e o rodoviário. No que se refere ao modo de transporte ferroviário, a linha férrea que chega até o porto é de bitola2 métrica e a sua operação é realizada pela Ferrovia Centro-Atlântica, ligando o porto à região centro-sul do estado do Rio de Janeiro e a partir daí é interligado com os estados de Minas Gerais, Goiás e Bahia. O cais acostável mede quatrocentos e trinta metros de comprimento, com dois berços de atracação com profundidade de oito metros e meio e a bacia de evolução tem a largura de trezentos e vinte metros. O porto possui três armazéns perfazendo cinco mil quatrocentos e setenta e cindo metros quadrados de área coberta e mais setenta e quatro mil metros quadrados de pátio aberto para produtos siderúrgicos além de um silo3 vertical com capacidade estática de onze mil toneladas Atualmente, o porto de Angra dos Reis conta com toda infra- estrutura administrativa, como: escritórios, depósitos e armazéns alfandegários, fornecimento de água e luz, sistemas de combate a incêndio e mão-de-obra especializada. No entanto, existe uma carência de equipamentos para movimentação e armazenagem de mercadorias, tais como: guindastes, esteiras, armazéns, empilhadeiras, e carretas para carga e descarga. 2 Distância que separa os trilhos de uma via férrea, as bitolas são divididas em quatro categorias, larga, normal, métrica e estreita e suas medidas são respectivamente, 1,60 metros, 1,435 metros , 1 metro e 1 metro ou menor. 3 Depósito para o armazenamento de cereais. Com relação à mão-de-obra portuária, pode-se considerar que o porto possui tanto quantitativamente quanto qualitativamente uma mão- de-obra adequada a qualquer operação. 4.2 Infra-estrutura portuária básica para atender empresas de apoio logístico offshore A pesquisa realizada com as empresas que fornecem serviços de apoio logístico offshore as plataformas de petróleo e gás, sinalizou que a infra-estrutura básica que um porto de possuir para atender adequadamente estas empresas é similar à infra-estrutura de um armazém, com exceção de alguns equipamentos. Do total de questionários respondidos, 80% indicaram os mesmos equipamentos que um porto de possuir. Esses equipamentos são: − Empilhadeiras; − Esteiras; − Guindastes; − Pórticos móveis; − Silos; − Área de movimentação transitável e estocagem (coberta e descoberta); − Localização próxima às plataformas; − Carretas para carga e descarga; − Mínimo de 2 berços de atracação com profundidade mínima de 6,5 metros; − Bacia de evolução com a largura mínima de 120 metros; − Escritórios; − Mão-de-obra especializada. Além disso, as empresas alegaram que toda esta infra-estrutura precisa estar disponível 24 horas por dia. A pesquisa sinalizou também o grau de importância, em uma escala de 0 a 100%, para os seguintes atributos referentes à infra-estrutura portuária: − Equipamentos do porto – 40% de importância; − Localização do porto – 30% de importância; − Berços e bacia de evolução – 15 % de importância; − Mão-de-obra do porto – 15% de importância; Pode-se perceber que implicitamente as empresas estão preocupadas em oferecer um nível de serviço adequado, porém não estão dispostas a pagar um preço muito alto por isso. O trade-off existente entre custo e nível de serviço não foi declarado explicitamente nas respostas dos questionários. 4.3 Comparativo Pode-se constatar que em relação à estrutura operacional, existe ainda uma precariedade em termos de equipamentos adequados para as operações de offshore (empilhadeiras, guindastes, pórticos móveis e carretas para carga e descarga), uma vez que a empresa não possui equipamentos adequados para este tipo de operação. Hoje o porto possui somente um guindaste fixo e somente duas empilhadeiras para realizar a movimentação de materiais. O porto não possui pórticos para contêineres ou carga em geral. Com relação à quantidade de berços de atracação, a profundidade dos mesmos e a largura da bacia de evolução, o porto de Angra dos Reis atende plenamente às necessidades das empresas de apoio logístico offshore.Pode-se destacar como pontos fortes na infra-estrutura do Porto de Angra dos Reis: − A base de apoio logístico offshore, devido a sua localização geográfica estratégica (figura 3); − Sua localização segura (abrigada pela Ilha Grande); − Facilidade de área de estocagem. Figura 3: Localização geográfica estratégica do Porto de Angra dos Reis. Fonte: Petróleo Brasileiro S.A. (2006) O quadro 1 sintetiza o comparativo entre a infra-estrutura portuária básica para apoio logístico offshore e a infra-estrutura do porto de Angra dos Reis. Quadro 1: Comparativo da infra-estrutura portuária Infra-estrutura básica offshore Infra-estrutura do porto de Angra dos reis Suficiente ou não-suficiente 2 Empilhadeiras por empresa 2 empilhadeiras Insuficeiente Esteiras Não possui Insuficeiente Pórticos móveis Não possui Insuficeiente Guindastes 1 guindaste fixo Insuficeiente Silos 1 silo para granel Suficiente Área de movimentação transitável e estocagem (coberta e descoberta) 3 armazéns perfazendo 5475 m2 de área coberta e mais 74000 m2 de pátio aberto para produtos siderúrgicos Suficiente Localização próxima às plataformas Localizado enre as bacias de Campos e Santos Suficiente Carretas para carga e descarga Não possui Insuficeiente Mínimo de 2 berços de atracação com profundidade mínima de 6,5 metros Possui 2 berços com 8,5 meros de profundidade Suficiente Bacia de evolução com a largura mínima de 120 metros Bacia de evolução com 320 m de largura Suficiente Escritórios Possui Suficiente Mão-de-obra especializada Possui Suficiente Pode-se observar que nos atributos em que o porto demonstrou insuficiência, todos se referem a equipamentos de movimentação de carga. Além disso, este tipo de infra-estrutura é considerado a mais importante pelas empresas que fornecem serviços de apoio logístico às unidades plataforma. 5. Conclusões Atualmente, não existem atividades no porto de Angra dos Reis de apoio logístico offshore a unidades plataformas. No entanto, com as recentes descobertas de petróleo e gás natural na Bacia de Santos, o porto poderá vir se tornar uma base de apoio logístico offshore para as futuras plataformas localizadas nesta bacia. Pode-se perceber que para se adaptar às necessidades das empresas de apoio logístico offshore, o porto de Angra dos Reis teria que realizar um investimento na aquisição de novos equipamentos. No entanto, este investimento não demandaria um tempo excessivo para ser realizado. Desta forma, pode-se concluir que o porto de Angra dos Reis possui plena capacidade para atender uma possível demanda futura de empresas que prestam serviços de apoio logístico offshore. A sua localização, a quantidade e a profundidade de seus berços, assim como a sua bacia de evolução e sua área disponível para estocagem atendem plenamente as condições necessárias para as empresas que possam estar utilizando o porto como base de apoio. 6. Referências ASSIS, L. F., Modelos de Previsão e Análise de Fretes para Mercado de Embarcações Offshore. Programa de Pós-graduação da Engenharia Naval e Oceânica. Tese de doutorado defendida em 2000. Disponível em: www.oceanica.ufrj.br/peno/teses/mest/2005/bcdbatista.pdf. Acessado em 26 de setembro de 2006. BALLOU, R. H., Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos: Planejamento, Organização e Logística Empresarial. 4 ed. São Paulo: Bookman, 2001. BRITISH PETROLEUM, Informações. Disponível em: <http://www.bp.com>. Acesso em: 26 setembro 2006. DELBA MARITIMA. Informações. Disponível em: <http://www.delbamaritima.com.br/index.shtml>. Acesso em: 04 setembro 2006. PETROBRAS. Informações. Disponível em: <http://www2.petrobras.com.br>. Acesso em: 04 junho 2006. RENAVE. Informações. Disponível em: <http://enavi.com.br/frame/home.htm>. Acesso em: 04 setembro 2006. SILVA, E. L., MENEZES, E. M., Metodologia da pesquisa e elaboração de dissertação. Florianópolis: UFSC/PPGEP/LED, 2005. SINDMAR, Portos de Niterói e Angra descobrem vocação offshore. Disponível em: <http://www.sindmar.org.br/CLIPPING.ASP?ID=2128> Acesso em 05 outubro 2006. TOVAR, A.C.A., FERREIRA, G.C.M. A infra-estrutura portuária brasileira: o modelo atual e perspectivas para seu desenvolvimento sustentado. Revista do BNDS, Rio de Janeiro, V. 13, N. 25, P 209-230, junho 2006. Disponível em: <http://www.bndes.gov.br/conhecimento/revista/rev2508.pdf> Acesso em: 7 março 2007. WILSON, SONS LOGÍSTICA, Logística Offshore. Disponível em: <http://www.wilsonsons.com.br/logistica/logistica_offshore.asp> Acesso em: 04 setembro 2006.