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Direito penal

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Os crimes contra a honra subdividem-se entre Calúnia, Difamação e Injúria - A Calúnia, o primeiro crime do rol dos Crimes Contra a Honra, está disposto no artigo 138 do Código Penal, que diz: Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime. Vejamos que tem um ponto que faz a diferença na compreensão: Para haver o crime de calúnia, o fato tem que ser um crime, e também, falso. Por exemplo: A diz para B que C cometeu um furto em um mercado da cidade. Importante é que para que o crime de Calúnia se consuma, basta que terceiros fique sabendo. Claro que, incorre na mesma pena, o terceiro que divulgou ou propalou. Importante saber também, que este crime é de honra objetiva, que seria “o que as pessoas pensam de mim”. Cabe a tentativa, claro, que dependendo dos meios de execução; pode ser pela internet, por mímica, entretanto, pela fala não caberá tentativa, pois usando o vocabulário informal, não há como “desdizer” o que foi dito. Cabe a exceção da verdade neste crime, salvo nos incisos do parágrafo 3º. 
A Difamação, o segundo crime do rol, está disposto no artigo 139 do Código Penal, que diz: Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação. Este crime, se difere minimamente da Calúnia, por isto, é importante ter atenção. A difamação é a famosa “fofoca”, que se consuma quando a difamação chega ao conhecimento de outrem que não a vítima. Outra diferença da Calúnia, é que na difamação, o fato sendo falso ou verdadeiro, constitui o crime, pois a finalidade é denegrir a reputação de outrem. Por exemplo: chegar aos ouvidos de outrem, que Juliana, saiu com o prefeito, um dia antes do concurso na cidade. Neste crime, em minha opinião, cabe a honra objetiva, lembrando que é o que as pessoas pensam de mim e também, a honra subjetiva que é o que eu penso de mim mesma. A honra subjetiva atinge principalmente o interior da pessoa. Caberá tentativa também, dependendo dos meios de execução já abordados acima e a exceção da verdade só caberá se o ofendido for funcionário público e a ofensa tem alguma relação com o exercício de suas funções.
A Injúria, um crime corriqueiro nos dias de hoje. Podemos dizer que, a injúria é o menos-grave do rol dos crimes contra a honra existentes no Código Penal, porém, pode se tornar uma infração grave, se atingida a raça, a etnia, a religião etc. No artigo 140 do Código Penal dispõe que: Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou decoro. Por exemplo: Chamar uma pessoa de burra e incapaz nas atividades profissionais. A Injúria é basicamente um “xingamento”, que se consuma quando a própria vítima toma o conhecimento e é somente de honra subjetiva. Entretanto, este crime possui situações em que o juiz pode deixar de aplicar a pena, quando por exemplo, houve uma provocação, ou no caso de extorsão imediata. Caberá tentativa dependendo dos meios de execução e não cabe exceção da verdade.
Estupro, Estupro de Vulnerável e Assédio Sexual.
ESTUPRO: O Objeto jurídico tutelado no crime de estupro vai além da integridade física, visa-se a tutela da liberdade sexual tanto do homem quanto da mulher, através da proteção de qualquer ato libidinoso, conjunção carnal ou não, ocorridos contra a vontade do indivíduo.(Art. 213 CP) Elementos do Tipo: Constranger: Significa forçar, compelir, coagir alguém a praticar determinado ato. Conjunção Carnal: Para efeitos de direito penal, entende-se conjunção carnal como a cópula vagínica, ou seja, a penetração do pênis na vagina, efetivamente. Ato libidinoso: Formas de realização do ato sexual, que não a conjunção carnal. Estão abrangidos aqui tanto os atos que a vítima é obrigada a praticar, adotando uma posição ativa, quanto os que são praticados com ela, onde ela adotará uma posição passiva. Assim, ato libidinoso refere-se a qualquer ato com conteúdo sexual que tenha por objetivo a satisfação da libido.
Sujeito Ativo Estupro: A conduta criminosa prevista no art. 213 do CP trata-se de crime comum, desta forma, poderá ser praticado por qualquer pessoa, independentemente de tratar-se de homem ou mulher. Sujeito Passivo: Na redação atual tanto o homem quanto a mulher podem ser vítimas de estupro. Elemento Subjetivo: O elemento subjetivo que caracteriza o crime de estupro é o dolo, a vontade de constranger a vítima mediante violência ou grave ameaça à prática de conjunção carnal ou ato libidinoso. Consumação e Tentativa: Consuma-se o delito com a Conjunção Carnal ou a prática de outro ato libidinoso. Vale ressaltar que a conjunção carnal caracteriza-se pela introdução total ou parcial do pênis na vagina, não sendo necessário, para a caracterização da consumação o orgasmo ou ejaculação. É aceita a tentativa nos casos do crime de estupro, esta se dará quando o agente empregar violência ou grave ameaça mas não praticar o ato libidinoso ou conjunção carnal, ou, ainda, quando não houver a efetiva introdução do pênis na vagina, mas só um contato.
Forma Qualificadas Estupro - Art. 213, § 1º. “Se da conduta resultar lesão corporal de natureza grave ou se a vítima é menor de 18 (dezoito) ou maior de 14 (catorze) anos - Art. 213, § 2º. “Se da conduta resulta morte: Lesão Grave ou morte (art. 129 §§ 1º e 2º) : o agente que no mesmo contexto fático decide eliminar a vítima ou causar-lhe lesões, responderá por estupro em concurso com homicídio ou crime de lesão. Causas de Aumento de Pena (Art. 234-A)
ESTUPRO DE VULNERÁVEL “Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar ato libidinoso com menor de 14 (catorze) anos: §1º Incorre na mesma pena quem pratica as ações descritas no caput com alguém que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência. Sujeito ativo: Trata-se, portanto, de crime comum, que pode ser praticado por qualquer pessoa. Sujeito passivo: Tanto o homem quanto a mulher podem ser sujeitos passivos do crime, entretanto, não se trata de crime comum, pois conforme previsto no tipo, exige-se certas características especiais da vítima: a) Vítima com idade inferior a 14 anos: Presume-se que o menor de 14 anos, pela imaturidade não pode consentir com a prática de atos sexuais, ainda quando constatado no caso concreto, ter ele discernimento e experiência nas questões sexuais. Exige-se, entretanto, que o agente tenha ciência de que se trata de um menor de 14 anos, caso contrário, ele alegaria erro de tipo. b) Vítima que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato: Não se trata de presunção legal absoluta em relação a qualquer pessoa que tenha deficiência mental, mas de situação a ser examinada no caso concreto, em geral por perícia psiquiátrica, para se aferir se resulta a ausência de discernimento exigível para consentir na prática do ato sexual. c) Vítima que, por qualquer outra causa não pode oferecer resistência: Refere-se a qualquer hipótese em que a pessoa não tinha condições de oferecer resistência à prática de ato sexual, que não tenha sido contemplada anteriormente. Exemplos: embriaguez completa, narcotização, etc. Cabe tentativa Estupro Vulneravel: Art. 226. Apena é aumentada: I – de quarta parte, se o crime é cometido com concurso de duas ou mais pessoas; II – da metade, se o agente é ascendente, padrasto ou madrasta, tio, irmã, cônjuge, companheiro, tutor, curador, preceptor ou empregador da vítima ou por qualquer outro título tem autoridade sobre ela;”
ASSÉDIO SEXUAL “Art. 216-A. Constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo-se o agente de sua condição de superior hierárquico ou ascendência inerentes ao exercício de emprego, cago ou função. Ação Nuclear: Constranger: Forçar, compelir, entretanto, sem o emprego de violência ou grave ameaça. A conduta não é violentar a vítima, mas somente embaraçá-la. Deve tratar-se de uma importunação séria, grave, ofensiva, chantagiosa, ameaçadora a alguém subordinado. Pode ser realizado verbalmente, por escrito ou por gestos. Elemento normativo: Trata-se do chamado “AssédioLaboral”, pois o legislador somente tipificou o assédio decorrente de relação de trabalho. Sujeito Ativo: Trata-se de crime bipróprio, ou seja, exige uma situação especial tanto do sujeito ativo quanto do sujeito passivo. Para sua caraterização, é necessário que o agente seja superior hierárquico ou tenha ascendência com relação ao ofendido, estando, portanto, em posição de mando em relação à vítima. Com relação ao sexo, o agente pode ser homem ou mulher .Sujeito Passivo: O sexo do sujeito é irrelevante, mas para ser vítima do crime de assédio sexual a lei refere-se aos que estão relacionados em razão de emprego
Crime Consumado Conceito (art.14, I - consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal) Quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal, ou seja, quando o tipo este inteiramente realizado. * É consumado: Homicídio e infanticídio, com a morte; a lesão corporal com ofensa a integridade física ou a saúde; o furto com o apossamento da coisa alheia móvel; e o estelionato com a obtenção da vantagem alheia indevida. Exaurimento: É quando a conduta do agente continua a produzir outros resultados lesivos apos a consumação do ato. Consumação ≠ Exaurimento Consumação nos crimes: Materiais: A consumação ocorre no evento (morte, lesão, dano). Formal: É Dispensável o resultado naturalista, e a consumação ocorre sem exigir o resultado pretensioso pelo autor (art. 316 CP -Concussão - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função, ou antes, de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida). Permanentes: Aqui a consumação se prolonga com o tempo dependendo do sujeito ativo (art. 148 - Sequestro ou cárcere privado). Culposos: Só a consumação com resultado (art. 121, § 3 - Homicídio Culposo).
Omissivos: Ha consumação ocorre no momento em que o agente deveria agir, mas não o fez (CP, Art. 135 - Omissão de socorro. O Agente não faz o que a norma manda). No impróprio só a consumação com um resultado lesivo. Intercriminis (Caminho do crime) Caminho que se passa na cabeça do agente, do momento da sua idéia de realização ate o ato de consumação. Subjetivamente = Só a cogitação * Cogitação na lei, não é punida, a não ser no crime de ameaça (art.147), incitação ao crime (art.286), de quadrilha ou bando (art.288). Objetivamente = 
Os Atos preparatórios, execução e a consumação
a) Atos Preparatórios: São esternos ao agente, passa da cogitação a ação objetiva e também não são puníveis. Contudo alguns atos possuem tipos penais como: Petrechos para falsificação de moeda falsa (art.291 e 298); atribuir falsamente autoridade para celebrar casamento e etc.
b) Execução: São dirigidos diretamente a pratica do crime. O Critério mais aceito seria a do ataque ao bem jurídico, critério material, quando se houver perigo ao bem jurídico.
c) Consumação: Quando todos os elementos do tipo penal são realizados.
Elementos da Tentativa A Tentativa situa-se no intercriminis a partir dos atos de execução, desde que não haja consumação por circunstâncias alheias á vontade do agente. * A Tentativa pode ser interrompida: a) Por desejo do agente; b) Por circunstâncias alheias a vontade do sujeito ativo
c) Não haverá tentativa, havendo desistência voluntaria ou arrependimento eficaz. d) Há tentativa mesmo por interrupção externa. Obs: Lembrando que toda tentativa ela é dolosa.
Tipos de tentativa (atos de execução acabados): Perfeita e Imperfeita; Idônea, relativamente inidônea e absolutamente inidônea; Cruenta e incruenta; Elemento subjetivo; Crime putativo; Desistência voluntaria; Arrependimento eficaz e Arrependimento posterior.
Perfeita (atos de execução inacabados): Quando a consumação não ocorre, apesar do agente ter praticado os atos necessários a produção do evento. Ex: Vitima, depois dos disparos é salva por intervenção dos médicos.
Imperfeita: Quando o agente não consegue praticar todos os atos necessários para consumação por uma interferência externa. Ex: O Sujeito é preso antes de subtrair coisa alheia.
Idônea: É a tentativa que cria efetivamente perigo ao bem jurídico. Ex: O Sujeito efetua um disparo contra á vitima, colocando-a em risco de vida, visto que o projétil acertou lhe o peito.
Inidônea: Ocorre quando o meio utilizado é ineficaz absolutamente ou quando não existe o bem jurídico.
Absolutamente inidônea: Pretende matar todos os passageiros de um avião, em pleno voo, jogando-lhe uma pedra.
Relativamente inidônea: Dispara contra um cadáver, constando que o bem jurídico não corria risco (Seja por que não havia bem jurídico para correr riscos).
Cruenta: Ocorre quando a vitima é fisicamente atingida, mas mesmo assim o crime não se consuma.
Incruenta: Ocorre quando a vitima fica incólume (ileso). Ex: Disparar ate a munição acabar e a vitima sai ilesa.
Elemento Subjetivo: É o dolo, delito consumado e é pelo elemento subjetivo que podemos distinguir fatos típicos. Ex: Lesão corporal na tentativa de homicídio: No primeiro, o dolo, é a vontade de causar a lesão; no segundo é a de matar.
Crime Putativo: É onde o agente supõe, por erro, que esta praticando uma conduta típica, quando o fato não constitui crime.
Desistência Voluntaria: O Agente que, voluntariamente desiste de prosseguir a ação de execução ou desiste, impedindo que o resultado se produza, só respondendo pelos atos já praticados.
Arrependimento Eficaz: Após ter esgotados os meios pelo qual acorreria a prática do crime, o agente arrepende-se e evita que o resultado ocorra.
Arrependimento Posterior: É um conceito para diminuição de pena nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça á pessoa, onde o agente voluntariamente repara o dano ou reconstitui a coisa até o recebimento da queixa. Ex: O Agente furta um relógio e, antes de recebida a denúncia, devolve-o ao dono.
Infrações penais que não admitem tentativa
a) Culposas: Uma vez que sempre depende de um resultado lesivo.
b) Pretedolosos: Não é possível tentativa, já que o evento mais grave ocorre por mera culpa.
c) Contravenções Penais: Contravenção é uma infração penal, designada de crime menor, punida com pena de prisão simples ou multa (Wikipédia).
d) Omissivos Próprios: Também não admite resultado de tentativa, pois não exige o resultado natural da omissão. Ex: A Omissão de socorro, por exemplo, pois não necessita de um resultado para concretizar o tipo penal.
e) Habituais: Não se admite, por que é uma reiteração de atos. Ex: Nestes casos, a prática de um ato apenas não seria típica: o conjunto de vários, praticados com habitualidade, é que configura o crime (ex.: curandeirismo).
f) Complexo: O crime é complexo quando encerra dois ou mais tipos em uma única descrição legal. Ex: Roubo = furto + ameaça. Não admitem tentativa por que na figura típica, abrange um tipo simples acrescido de fatos ou circunstâncias que, em si, não são típicos.
Lesão corporal - Ofensa à integridade corporal ou a saúde de outra pessoa. 
Lesão corporal de natureza grave - Artigo 129 - parágrafo primeiro - Se resulta: incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias; perigo de vida; debilidade permanente de membro, sentido ou função; ou aceleração de parto. 
Lesão corporal de natureza gravíssima - Artigo 129 - parágrafo primeiro - Se resulta: incapacidade permanente para o trabalho; enfermidade incurável; perda ou inutilização do membro, sentido ou função; deformidade permanente; ou aborto. 
Lesão corporal seguida de morte - Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quis o resultado, nem assumiu o risco de produzi-lo (é o homicídio preterintencional). 
Diminuição de pena - Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou ainda sob o domínio de violenta emoção, seguida de injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço. 
Lesão corporal culposa – Se o agente não queria o resultado do ato praticado, mesmo sabendo que tal resultado era previsível. 
Violência doméstica - Se a lesão for praticada contra ascendente,descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido; ou ainda prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade. Pena: detenção, de três meses a três anos.
EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO (SEQUESTRO RELÂMPAGO) Art. 159.
1. Classificação doutrinaria: Crime comum, doloso, formal, permanente, de dano, plurisubsistente, de forma livre, comissivo, não transeunte, unissubjetivo, hediondo e admite tentativa. Sujeito ativo: Qualquer pessoa. Sujeito ativo do crime é todo aquele que pratica qualquer conduta necessária para a obtenção do resultado almejado durante o período consumativo do crime, exemplo, o vigia do cativeiro, o mensageiro, o seqüestrador, o mentor do plano. Sujeito passivo: Qualquer pessoa, consignando que, na maioria das vezes, figuram no polo passivo o sequestrado e quem sofre a lesão patrimônios, geralmente membro da família. A pessoa jurídica pode ser sujeito passivo quando compelida a pagar o valor do resgate. Objeto material: A conduta criminosa recai sobre a pessoa humana privada de liberdade bem como aquele que tem diminuído o seu patrimônio. Objeto jurídico: Tutela-se, pelo rigor falena cominada, não apenas o patrimônio e a liberdade de locomoção do ofendido, mas também a sua vida e a integridade física. Tipo objetivo: A conduta gira em torno de sequestrar pessoa, isto é, privá-la de liberdade de locomoção, arrebatá-la, com o fim de obter vantagem de natureza econômica ou patrimonial. A posição dominante da doutrina crê a vantagem econômica deve ser indevida, pois do contrário haveria sequestro em concurso formal com exercício arbitrário das próprias razoes.
Tipo subjetivo extorsão mediante sequestro relampago
O tipo requer além do dolo genérico, definido como a vontade livre e consciente de seqüestrar pessoa, o elemento específico do tipo, o denominado dolo específico, contido na expressão "com o fim de obter para si ou para outrem", qualquer vantagem como condição ou preço do resgate.
Consumação: Por tratar-se de crime formal, consuma-se com o sequestro independentemente da vantagem patrimonial, isto é, a consumação opera-se no momento em que ocorre a privação da liberdade da vítima independentemente do efetivo recebimento do resgate. Suprimida a liberdade de locomoção da vítima por um período relevante, além do intuito de obter, por esse meio, qualquer vantagem econômica, o crime está consumado. Na jurisprudência predominante o entendimento de que o crime se configura mesmo quando os criminosos não conseguem obter o resgate e ainda que não tenham tido tempo pedi-lo. Tentativa: Possível somente se o item criminis for interrompido no início da execução do delito por circunstâncias alheias à vontade do agente, bem como se comprovar a real intenção dos delinquentes, qual seja, a de sequestrar com a finalidade de obter vantagem como condição ou preço do resgate. Assim, pode-se reconhecer, na prática, a extorsão mediante sequestro tentada nos seguintes casos: A) Prisão em flagrante; B) Fuga dos sequestradores quando interceptados pela polícia; C) Conseguir a vítima desvencilhar-se do sequestrador.
Extorsão mediante sequestro qualificada: Se o sequestro dura mais de 24h, se o sequestrado é menor de 18 e maior que 60 anos, ou se o crime é cometido por bando ou quadrilha a pena será de reclusão de 12 a 20 anos. Quanto maior o tempo em que a vítima estiver em poder do criminoso, maior será o dano à saúde e integridade física. Quanto ao crime cometido por bando ou quadrilha, entende-se como a reunião permanente de mais de três pessoas para cometer e não uma reunião ocasional para cometer o sequestro. Predomina na doutrina e jurisprudência o entendimento de que se o crime for praticado por mais de três pessoas que se reuniram especificamente para tal desiderato, sem associarem-se de forma estável e permanente, haverá concurso de pessoas, não incidindo a qualificadora.
Extorsão mediante sequestro com lesão corporal grave: Se o fato resulta lesão corporal de natureza grave a pena será de reclusão de 16 a 24 anos; se resulta a morte a pena será de reclusão de 24 a 30 anos. Observa-se de imediato a diferença deste delito com o de roubo qualificado pelo resultado. No art. 157 do CP a lei diz: "se da violência resultar lesão grave ou morte"; logo, num roubo em que vítima cardíaca diante de uma ameaça vem a falecer, haverá roubo em concurso material com homicídio e não latrocínio. O tipo exige o emprego da violência. Na extorsão mediante sequestro a lei menciona: "se dos ato resultar lesão grave ou morte", pouco importando para qualificar o delito que a lesão grave seja culposa ou dolosa.. Evidentemente, se a lesão grave ou morte resultar de caso fortuito ou força maior, o resultado agravados não poderá ser imputado ao agente. A qualificadora somente atinge o sequestrado e não terceira pessoa.
Extorsão mediante sequestro e tortura: Entendemos que os institutos possuem objetividades jurídicas distintas e autônomas. Na extorsão são mediante sequestro ofende-se o patrimônio, a liberdade de ir e vir e a vida. Na tortura atinge-se a dignidade humana, consubstanciada na integridade física e mental. Cm efeito, a nosso, juízo, nada impede o reconhecimento do concurso material de infrações.
Delação premiada: O benefício somente se aplica quando o crime for cometido em concurso de pessoas, devendo o acusado fornecer às autoridades elementos capazes de facilitar a resolução do crime. Causa obrigatória de diminuição de pena se preenchidos os requisitos estabelecidos pelo parágrafo 4º do art. 159, qual seja, denúncia à autoridade (juiz, delegado ou promotor) feita por um dos concorrentes, e esta facilitar a libertação da vítima. Faz-se mister salientar que, se não houver a libertação do seqüestrado, mesmo havendo delação do coautor, não haverá diminuição de pena. Não se confunde com a confissão espontânea, pois nesta o agente garante confessa sua participação no crime, sem incriminar outrem.
EXTORSÃO INDIRETA: Art. 160. Exigir ou receber, como garantia de dívida, abusando da situação de alguém, documento que pode dar causa a procedimento criminal contra a vítima ou contra terceiro. Classificação doutrinária: Crime comum, doloso, de dano, formal (exigir) e material (receber), instantâneo, comissivo, de forma vinculada, unissubjetivo, unissubsistente (exigir) ou plurissubsistente (receber) e admite tentativa. Sujeito ativo: Qualquer pessoa. Sujeito passivo: Qualquer pessoa. Em regra é o devedor que entrega o documento ao extorcionário e que pode lhe dar causa a um procedimento criminal. Nada impede, todavia, o surgimento de dois sujeitos passivos: o que entrega o documento e aquele contra quem pode ser iniciado o processo. Objeto material: A conduta recai sobre o documento que pode dar causa a um procedimento criminal contra o devedor, como a confissão de um crime, a falsificação de um título de crédito, uma duplicata fria etc. Objeto jurídico: Tutela-se o patrimônio e a liberdade individual do ofendido. Tipo objetivo: A conduta consiste em exigir (obrigar, ordenar) ou receber (aceitar) um documento que pode dar causa a procedimento criminal contra a vítima ou terceiro. É abusar da situação daquele que necessita urgentemente de auxílio financeiro. Necessário para a configuração do delito que o documento exigido ou recebido pelo agente, que pode ser público ou particular, se preste a instauração de inquérito policial contra o ofendido. Não se exige a instauração do procedimento criminal, basta que o documento em poder do credor seja potencialmente apto a iniciar o processo. Tipo subjetivo: O tipo requer não apenas o dolo genérico, vontade livre e consciente de exigir ou receber como garantia de dívida determinado documento, mas também o dolo específico constituído pela finalidade de abusar da aflitiva situação de alguém. É o que a doutrina de denomina dolo de aproveitamento.
Consumação: Na ação de exigir, crime formal, a consumação ocorre com a simples exigência do documento pelo extorcionário. A iniciativa aqui é doagente, na conduta de receber, crime material, a consumação ocorre com o efetivo recebimento do documento. Nesse caso a iniciativas provém da vítima. Tentativa: Na modalidade exigir, entendemos não ser possível sua configuração, embora uma parcela da doutrina a admita com o sovado exemplo, também oferecido nos crimes contra a honra, de a exigência ser reduzida por escrito, mas não chegar ao conhecimento do ofendido. Na de receber, no entanto, é perfeitamente possível, podendo o iter criminis ser interrompido por circunstâncias alheias à vontade do agente.
Principais formas de aborto:
Aborto atípico (não são puníveis e não estão previstos na lei): Aborto natural ou espontâneo: É o aborto oriundo de causas patológicas decorrentes de um processo fisiológico espontâneo do organismo feminino. Aborto acidental: Deriva de causas exteriores e traumáticas. Exemplo: escorregão. Aborto culposo: É o aborto que resulta de culpa, de uma conduta imprudente, negligente ou imperita.
Aborto típico e jurídico (estão previstos em lei e não são puníveis): Aborto terapêutico (artigo 128, inciso I): É realizado quando não há outro meio de salvar a vida da gestante. Aborto sentimental e humanitário (artigo 128, inciso II): É o aborto autorizado quando a gravidez é resultante de estupro. Aborto típico, antijurídico e culpável (estão previstos em lei e são puníveis): Aborto doloso: é realizado pela própria gestante, ou por terceiro com ou sem seu consentimento (artigos 124 a 126). O dolo é a vontade livre e consciente de interromper a gravidez com a eliminação do produto da concepção ou com a assunção do risco de provocá-lo.
Aborto eugênico/eugenésio: aborto realizado quando o feto apresenta graves e irreversíveis defeitos genéticos. Exemplo: feto anencefálico. Aborto econômico/social: aborto realizado para que não se agrave a situação de miséria da gestante, que não terá condições socioeconômicas para criar o filho. Aborto honoris causa: aborto realizado para ocultar desonra própria. Exemplo: ficar grávida do amante. A tutela, proteção principal é a vida intrauterina. Secundariamente, conforme os artigos 125 e 126, a tutela é a vida, a integridade física e a saúde da gestante. A rigor, não se trata de crime contra a pessoa, mas contra a vida do ser humano em formação que tem seus direitos garantidos. É indispensável a prova da eliminação da vida intrauterina por conduta do agente. O aborto em todas as suas figuras típicas é crime material, de resultado naturalístico, exteriorizado, perceptível aos sentidos, de modo que, se exige o exame de corpo de delito.
Sujeito ativo: As 4 formas típicas de aborto são crimes unissubjetivos, ou seja, não é necessário a prática por mais de uma pessoa.
Nas figuras do autoaborto e do consentimento para abortar (artigo 124), o sujeito ativo é a gestante. Trata-se de crimes próprios, pois exigem especial atributo do agente, ou seja, SÓ a gestante pode praticar. O terceiro que induz, instiga ou auxilia a gestante ao autoaborto é participe (artigo 124, 1ª parte). Portanto, admite concurso eventual de agentes, exclusivamente na modalidade participação. Exemplo: fornecer medicamento de efeito abortivo. A figura do consentimento para abortar (artigo 124, parte final) não admite o concurso de pessoas, por se tratar de crime de mão própria.
Nas figuras típicas do aborto praticado por terceiro, sem ou com o consentimento da gestante (artigos 125 e 126) o sujeito ativo é qualquer pessoa, exceto a gestante. Trata-se de uma exceção Pluralística à Teoria Unitária ou Monista adotada pelo código quando terceiro provoca o aborto com o consentimento da gestante. O terceiro responderá pelo artigo 126 enquanto a gestante pelo artigo 124, parte final.
Sujeito passivo: é o produto da concepção (óvulo fecundado, embrião ou feto). Nas figuras do aborto provocado por terceiro, sem ou com o consentimento da gestante, ela também figura como sujeito passivo, de forma secundária, tutelando sua vida, sua integridade física e sua saúde.
Tipo objetivo Aborto: o código penal prevê 4 figuras típicas de abortamento: Aborto provocado pela gestante (artigo 124, 1ª parte); Aborto provocado por terceiro, sem ou com o consentimento (artigo 125 e 126); Consentimento da gestante para o abortamento praticado por outrem (artigo 124). A conduta prevista no artigo 125, o abortamento sem o consentimento da gestante, é a forma mais grave do delito, ao qual é aplicada maior pena em abstrato. Para a tipificação do aborto é necessário o dissentimento real ou presumido, ou ainda que o abortamento se de a revelia da gestante (sem o consentimento da gestante)
Dissentimento real (não é válido): ocorre quando o terceiro emprega contra a gestante:
Fraude, que é o meio capaz de induzir a gestante em erro. Na falsa percepção da realidade ela consente no aborto;
Grave ameaça, que é a promessa de um mal grave, serio;
Violência, que é quando há emprego da força física. Dissentimento presumido/ ficto (não é válido): ocorre quando há consentimento da gestante, mas o legislador reputa-o inválido, viciado: não é maior de 14 anos; é alienada; é débil mental. Ausência de consentimento: hipóteses em que não há o consentimento da gestante. As figuras típicas do aborto admitem, exceto a do consentimento para abortar, tanto a forma comissiva (regra) quanto a omissiva imprópria.
Classificação doutrinária: Aborto próprio = artigo 124, 1ª parte; Aborto de mão própria = artigo 124, parte final; Aborto comum = artigos 125 e 126; Unissubjetivo, material, de forma livre, instantâneo, comissivo ou omissivo (exceto o artigo 124, parte final), de dano, plurissubsistente ou unisubsistente e simples. Tipo subjetivo: o agente age com dolo direito ou indireto eventual. Na primeira modalidade é a vontade livre e consciente de interromper a gravidez com a eliminação do produto da concepção. Na segunda, o agente assume o risco de produzir o resultado. O aborto culposo é atípico. Porém, o terceiro que culposamente der causa ao abortamento responde por lesões corporais. Consumação e tentativa: Consuma-se o aborto com a interrupção da gravidez e consequentemente morte do produto da concepção, sendo desnecessária sua expulsão do ventre materno. Admite-se a tentativa quando empregado meio relativamente capaz de produzir o resultado, por circunstâncias alheias a vontade do agente, não há interrupção da gravidez ou ainda quando o feto que nasceu prematuro sobrevive.
Causas de aumento de pena (artigo 127): dois são os resultados que aumentam a pena: a morte e as lesões corporais de natureza grave.
As causas incidem apenas sobre as figuras do aborto provado por terceiros, sem ou com o consentimento da gestante. Essas duas causas específicas de aumento de pena não são aplicáveis a 1ª figura do artigo 124, e por isso, quando houver participação, o terceiro responderá por homicídio ou lesões corporais culposas em concurso com autoaborto. Os resultados que aumentam a pena são exclusivamente culposos = dolo no antecedente, no abortamento, e culpa na consequência, no resultado, na morte ou nas lesões corporais graves. Aborto legal (artigo 128 – aborto necessário e aborto no caso de gravidez resultante de estupro): No caso do aborto necessário, em que há que se optar entre a vida da gestante e a do não nascido, melhor que se eleja aquela, a da vida já realizada em detrimento da do feto, da expectativa de ter vida extrauterina. Maior divergência vem à colação no aborto sentimental ou humanitário, hipótese em que a continuação da vida intrauterina não fulmina nem põe em risco a extrauterina. Ou seja, não há qualquer motivo de ordem médica que impeça ou ao menos não recomende a continuação da gestação. De acordo com o princípio constitucional fundamental da dignidade da pessoa humana, é permitido a gestante vítima de tão odiosa agressão optar validamente pelo abortamento.
Aborto necessário ou terapêutico (artigo 128, inciso I): Não se pune o aborto praticado por médico se não há outro meio de salvar a vida da gestante. Evidentemente que, na hipótese de abortonecessário, a lei se referiu aos casos em que é possível aguardar a presença do médico. Em caso contrário, caracterizado o estado de necessidade de terceiro, excludente de antijuricidade, qualquer pessoa com conhecimento para tanto poderá provocar o abortamento desde que o perigo seja atual. É imprescindível que o abortamento seja o único meio (e não melhor) apto a salvar a vida da gestante. O legislador deixou a decisão do aborto exclusivamente a cargo do médico, não havendo necessidade do prévio consentimento da gestante ou de seu representante legal. Se houver erro de diagnóstico do médico que concluiu pela necessidade de abortamento, que não era absolutamente necessário, o erro excluirá o dolo, ou seja, não estará caracterizado o crime. não havendo outro meio de salvar a vida da gestante, o abortamento praticado por médico, presente ou não o perigo atual, incidirá na excludente de ilicitude específica do inciso em tela, ou seja, não será punido o aborto.
Aborto sentimental ou humanitário (artigo 128, inciso II): não se pune o aborto praticado por médico se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante, ou quando incapaz, de seu representante legal. O médico não é obrigado a provocar o abortamento. A lei apenas faculta que intervenha. Questões pessoais ou religiosas permitem que se recuse a patrocinar a interrupção traumática da gravidez. Como é desnecessária a autorização judicial, optando por provocar o abortamento o médico deve se cercar de provas suficientes da ocorrência do estupro para evitar sua responsabilização penal. Comprovado que o médico foi induzido a erro, ou seja, não houve gravidez resultante de estupro, haverá erro de tipo que excluiu o dolo, portanto, não será penalizado.
Aborto eugênico, aborto econômico e aborto honoris causa: as três espécies são típicas, ou seja, estão previstas em lei e são punidas.
Aborto eugênico ou eugenésico: Não é permitido. É o abortamento realizado quando diagnosticado que o feto apresenta sérias e irreversíveis anomalias que o tornem incompatível com a vida extrauterina. Exemplo: feto anencefálico. Aborto econômico ou social: Não é permitido. É o aborto realizado para que não se agrave a situação de penúria ou miséria da gestante, que não terá condições de criar o filho. Aborto honoris causa: Não é permitido. A finalidade da grávida ao optar pelo abortamento é ocultar desonra própria. São hipóteses em que a gestação lhe trará sérias consequências morais.
Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio: Aumento de pena: I - se o crime é praticado por motivo egoístico; II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência. Objeto material: O tipo penal resume às condutas de induzir, instigar ou auxiliar o suicídio ou a tentativa dele que resultar em lesão corporal de natureza grave.
O induzimento assume o significado de sugestão de vontade, de fazer surgir na mente da vítima a ideia do suicídio.
A instigação pode ser compreendida como o estímulo a uma vontade suicida preexistente na psique da vítima.
O auxilio é a ajuda material no fornecimento do instrumento, podendo ser também a indicação do modo como proceder para obter o óbito, situação em que o auxílio será moral.
Em qualquer hipótese, contudo, é indispensável a prova do nexo causal entre a ingerência do autor do fato e o suicídio (ou tentativa).
A realização da conduta por omissão é controversa, havendo argumentos no sentido de não ser possível omissão no induzimento, na instigação ou no auxílio, por se tratarem de condutas comissivas. De outro lado, argumenta-se que o crime admite a possibilidade de ser comissivo-impróprio quando o autor é incumbido do dever de impedir o resultado. Sujeito ativo: Qualquer pessoa pode induzir, instigar ou auxiliar o suicídio. Trata-se de crime comum. Sujeito passivo: É a pessoa física que pode ser induzida, instigada ou auxiliada a fim de que pratique suicídio. Então, extrai-se daí que aquele sem completa aptidão mental para formular validamente algum ideal suicida, sem condições de responder por seus atos, como é o inimputável, não pode ser vítima de suicídio. Neste caso, haverá crime de homicídio por autoria mediata. Não possuindo consciência do que faz, a vítima será o instrumento da vontade de outro em sua própria morte. Então, aquele que “induziu”, “instigou” ou “auxiliou” o interditado será o autêntico homicida.
Conclui-se, portanto, que para se configurar o tipo do artigo 122, a vítima deve possuir alguma compreensão das consequências do ato que pretende praticar e o autor do crime incorrerá nas sanções do artigo 122 do Código Penal quando fomentar a vontade autodestrutiva daquela, praticando uma das três condutas elencadas na norma. Elemento subjetivo: Compreende apenas o dolo, a vontade consciente de induzir, instigar ou auxiliar o suicídio. Não há previsão à modalidade culposa. Consumação – O crime se consuma com o induzimento, a instigação ou o auxílio, do qual sobrevém o suicídio ou a lesão corporal de natureza grave, sendo estes dois últimos elementos os resultados da conduta da própria vítima. A tentativa, contudo, não se afigura possível, pois, com a prática de uma das três condutas inicialmente descritas, a ação delitiva do autor já encerra todos os elementos da definição legal do crime. A norma penal não quer punir a conduta do suicida, mas apenas daquele que induziu, instigou ou auxiliou-o na própria morte. Assim, se o suicida não lograr êxito na própria morte e da tentativa também não resultar lesão corporal de natureza grave, a conduta será atípica. O parágrafo único contém formas qualificadas para o tipo penal do artigo 122 do Código Penal, que, quando reconhecidas, impõem a duplicação da pena. Uma delas é o delito motivado por razões egoísticas, não necessariamente pecuniárias (ex: herança, vantagem pessoal etc.).
Art. 122 - Outra decorre da menoridade da vítima ou da redução de sua capacidade de resistência, por qualquer causa (ex: alguma perturbação mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado). Obs¹: O suicídio, considerado em si mesmo, não é crime, não punindo a lei aquele que, por ato próprio, extermina a própria vida, ou ao menos tenta. Contudo, a norma penal responsabiliza o terceiro que manifesta importante apoio pessoal ao suicida, manifestando-o através das condutas previstas no artigo 122 do Código Penal.