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GRAVIMETRIA Profa: Dra: Ruth Vidal Gravimetria É o ramo da química analítica quantitativa onde o principal processo das análises é a pesagem dos componentes a serem determinados. Assim a massa de determinado produto é usada para calcular a massa do analito na amostra inicial. Classificação da Gravimetria Gravimetria de precipitação, Gravimetria de volatização, Gravimetria de extração, Gravimetria de eletrodeposição. Gravimetria de precipitação Gravimetria de precipitação: Analito, na forma de íons, se liga ao reagente precipitante formando um sólido que é separado da solução, seco ou calcinado e pesado. Massa do sólido obtido é proporcional ao elemento de interesse. Governada pelo Kps. Requisitos de utilização, precipitado deve ter: baixa solubilidade alta pureza composição conhecida (estequiometria de reação) facilidade de separação precipitação completa O processo gravimétrico Pesar a amostra Solubilizar a amostra, Precipitar (oxidar se necessário), Filtrar o precipitado, Lavar o precipitado, Calcinar (quando necessário) ou dessecar o precipitado, Resfriar em dessecador, Pesar, Cálculos. Pesagem Nesses casos a amostra deve ser pesada em balança analítica, pois são de uso mais restrito na determinação de massas em análises químicas de determinação da quantidade absoluta ou relativa de um ou mais constituintes de uma amostra. Solubilização da amostra Preparação da solução: etapa necessária para ajustar as condições apropriadas para determinar o analito. Pode significar separar interferentes, ajustes para diminuir a solubilidades do precipitado, forma do sólido para filtração. Condições a serem ajustadas: volume de solução, concentração, presença e concentração de outros constituintes, temperatura e pH. Exemplo: oxalato de cálcio é insolúvel em meio básico, mas diminuindo o pH o oxalato se liga a H+, formando 8-hidroxiquinolina, que precipita com diferentes compostos. Precipitar a amostra Na análise gravimétrica de precipitação a exatidão e a precisão dependem da técnica de precipitação e das propriedades do precipitado. REQUISITOS NECESSÁRIOS 1. Solubilidade baixa na água-mãe e no solvente de lavagem de modo a que não ocorram perdas durante a filtração e a lavagem (o analito tem de estar quantitativamente incorporado no precipitado final). 2. Interferência mínima de outros elementos e componentes do sistema (a reação de precipitação deve ser, preferencialmente, específica; não o sendo deve ser, pelo menos, seletiva). 3. Precipitado com uma área superficial específica pequena para que a adsorção de impurezas seja mínima (sólido pouco contaminável pelos outros componentes presentes na água-mãe). 4. Sólido com características que permitem a sua separação fácil da água mãe e uma lavagem eficiente com um solvente apropriado (as perdas de precipitado devem ser mínimas porque o que é perdido não é pesado). 5. Composição estequiométrica do sólido definida e reprodutível após a secagem e/ou calcinação (sem se conhecer a composição do sólido final não se pode calcular a quantidade original do analito). Precipitação A precipitação deve acontecer de maneira controlada, e o precipitado formado deve ser suficientemente insolúvel, formar cristais grandes, deve ser lavável e sem impurezas. Formação do precipitado: ocorre em duas etapas 1º Passo: formação de partículas finas (núcleo) => processo de nucleação 2º Passo: Crescimento dos cristais Von Weimarn descobriu que o tamanho das partículas é inversamente proporcional a supersaturação relativa da solução durante o processo de precipitação: Supersaturação relativa= Q-S/S Q= conc. dos íons em solução no instante anterior a precipitação S= solubilidade do prec. no estado de equilíbrio Q-S= grau de supersaturação Condições favoráveis Precipitação de soluções diluídas Adição lenta de reagentes diluídos, com agitação efetiva. Q permanece baixo e não há locais mais concentrados. Precipitação de soluções quentes. Isto aumenta S. A solubilidade não deve ser muito grande ou o precipitado não é quantitativo. Utiliza solução quente e depois resfria. Precipitar em pH baixo (se possível). Muitos precipitados são mais solúveis em meios ácidos. A solubilidade alta evita a supersaturação mas durante a precipitação as condições devem mudar para não perder precipitado. Digestão Quando o precipitado permanece na presença da solução mãe formam-se grandes cristais a partir dos pequenos (envelhecimento do precipitado). A digestão pode ocorrer em temperatura ambiente ou temperatura elevada. Pequenas partículas se dissolvem e partículas maiores precipitam. Também ocorre de partículas se aglomerarem. A adsorção superficial e oclusão de impurezas são minimizadas. Contaminação de precipitados 1 - Precipitação simultânea - Processo em que precipitam, ao mesmo tempo, vários compostos por se ter excedido o seu produto de solubilidade. 2 - Coprecipitação - Processo em que compostos normalmente solúveis são removidos da solução por um precipitado. 2.1-Adsorção Minimização: Digestão; lavagem do colóide coagulado com uma solução contendo um eletrólito volátil; reprecipitação. 2.2 -Formação de cristais mistos Minimização: Separação do interferente; reprecipitação; uso de outro agente precipitante. 2.3 -Oclusão e prisão mecânica Minimização: Condições de precipitação lenta (SR baixa); digestão. Tipos de precipitados Cristalino (partículas de 0,1-1,0 μ). Ex: sulfato de bário Coagulado. Ex: cloreto de prata Gelatinoso (partículas de 0,02 μ ou menos). Ex: óxido de ferro Tipos de precipitados Precipitados cristalinos – são os mais favoráveis para fins da análise gravimétrica. As partículas do precipitado são cristais individuais bem desenvolvidos. Elas são densas e sedimentam rapidamente, são facilmente recolhidos por filtração e, em geral, não se deixam contaminar. Precipitados pulverulentos ou finamente cristalinos – constituem os agregados de finos cristais. São densos e sedimentam rapidamente. Às vezes, oferecem dificuldades à filtração, pois a presença de pequenos cristais obriga ao uso de filtros com poros pequenos e de filtração lenta. Precipitados grumosos – resultam da floculação de colóides hidrófobos. São bastante densos, pois eles arrastam pouca água. Precipitados gelatinosos – resultam da floculação de colóides hidrófilos. São volumosos, tem a consistência de flocos e arrastam quantidades consideráveis de água. Oferecem dificuldades à filtração e lavagem. Filtração do precipitado Deve-se verificar a forma correta de filtração, de acordo com o tamanho das partículas formadas. Geralmente pode ser filtro de papel ou vidro sinterizado (tipo Gooch) As filtrações podem ser feitas à vácuo ou pela gravidade. Deve-se transferir primeiro o sobrenadante e por último o sólido, para evitar obstruções e lentidão. Os filtros de vidro são classificados de acordo com a porosidade: grosso (retém partículas > 40-60 μm), médio (retém partículas > 10-15 μm) e fino (retém partículas > 4-5,5 μm) Lavagem do precipitado Procedimento para recuperação dos vestígios do precipitado eventualmente presos nas paredes do recipiente. O objetivo é retirar impurezas Alguns precipitados não podem ser lavados comágua porque pode ocorrer peptização (reverso da coagulação). A Solução ou solvente de lavagem deve ser volátil para serremovido na secagem ou calcinação. Quando uma lavagem é feita, deve-se testar se foi completa. Testar filtrado para presença de reagente precipitante. Ex: para AgCl lavagem pode ser feita com HNO3 e o teste de lavagem completa deve verificar a presença de Ag+ no filtrado com HCl ou NaCl. Calcinação do precipitado Se o precipitado formado já se encontra na forma correta, só é necessário secar para retirar água ou eletrólitos adsorvidos: temperatura de 110-120°C, por 1 ou 2h A calcinação é realizada para converter o precipitado na forma mais adequada para pesar. Temperatura de 900- 1000°C (aproximadamente). Exemplos: pttdo de MgNH4PO4 Mg2P2O7, Fe2O3.xH2O Fe2O3 e muitos metais precipitados com hidroxiquinolina devem ser transformados em óxidos. Calcinação= eliminação de água Os materiais sólidos podem conter dois tipos de água: a essencial e a não essencial. Água Essencial É a água que faz parte da estrutura cristalina ou molecular de um dos componentes do sólido e, como tal, se encontra presente em quantidades estequiométricas. Água de constituição - A água não está presente como H2O no sólido, mas é formada quando este se decompõe pela ação do calor. O importante a se notar é que a relação estequiométrica de 2:1 entre hidrogênio e oxigênio nestes compostos não precisa ser necessariamente observada. Algumas vezes necessita-se de temperaturas relativamente-altas para causar a decomposição dos sólidos que contêm este tipo de água. Exemplos: 2 NaHCO3 300° C→ Na2CO3 + H2O + CO2 Ca(OH)2 800° C→ CaO + H2O e 2 Fe(OH)3 1000° C→ Fe2O3 + 3 H2O Água de hidratação ou de cristalização Esse tipo de água participa da estrutura dos cristais, ou seja, é parte integrante do retículo cristalino em proporção fixa em relação aos íons presentes. É representada na fórmula química e é computada no cálculo do peso molecular. A água está ligada aos sólidos mediante ligações de coordenação covalentes, que são normalmente mais fracas que as eletrostáticas. Por esta razão, a água de cristalização é facilmente eliminada destes compostos pela ação do calor. A quantidade de água de hidratação (ou de cristalização) num hidrato cristalino é uma característica do sólido e sempre se apresenta com estequiometria definida. Como exemplos típicos de cristais hidratados citam-se BaCl2.2H2O, CuSO4.5H2O, Na2SO4.10H2O, CaSO4.2H2O, CaC2O4.2H2O, etc. Água Não Essencial É a água cuja presença não é necessária para caracterizar uma espécie química. È retida no sólido por forças meramente físicas e, portanto, não comparece em proporção estequiométrica. Água de adsorção ou água higroscópica É a água retida sobre a superfície dos sólidos, quando estes estão em contato com um ambiente úmido. A quantidade de água adsorvida dependerá da temperatura e da superfície específica do sólido. A extensão da adsorção aumenta com o aumento da pressão de vapor da água no ambiente e diminui com o aumento da temperatura. Calor + H2O (ads) ↔ H2O (vapor) A determinação quantitativa da água adsorvida é feita pelo aquecimento do sólido, em estufa, a 105-110°C, até peso constante. Este é um fenômeno geral observado em todos os sólidos, em maior ou menor proporção. Água de adsorção Ocorre em várias substâncias coloidais. Ao contrário do que ocorre com a água de adsorção, a quantidade de água absorvida é muito grande nestes sólidos, podendo, em alguns casos, atingir 20% (m/m) ou mais do peso total do sólido. Ela está retida como uma fase condensada nos interstícios ou capilares do colóide, e por esta razão os sólidos que a contêm apresentam-se como perfeitamente secos. Certos materiais retêm sua umidade mesmo com aquecimento a temperaturas até 200°C ou mais. Água oclusa É a água líquida aprisionada nas cavidades microscópicas distribuídas irregularmente nos sólidos cristalinos, e não está em equilíbrio com a atmosfera ambiente, não sendo assim, afetada pela umidade da atmosfera. O aquecimento do sólido pode causar uma gradual difusão da umidade até a superfície, seguida de evaporação. Para isso é necessário uma temperatura maior que 100°C é para que este processo se dê com uma velocidade apreciável. Durante o aquecimento, a volatilização da água ocluída provoca a ruptura dos cristais, fenômeno este chamado de decrepitação. Quando isto ocorre, deve-se precaver contra perdas de material. Resfriamento do precipitado A amostra depois de calcinada é transferida com o uso de uma garra, para o dessecador para resfriar, 15 - 30 minutos é tempo suficiente para resfriar. Após o resfriamento o cadinho com a amostra calcinada é pesado. Pesagem final Cálculos Vantagens Exata Seletiva Poucos materiais para execução Pode ser utilizada para validar métodos Permite a determinação através de uma medida de massa Cálculos Os cálculos na análise gravimétrica são muito simples. A porcentagem em peso do constituinte em uma amostra é dado por: P = q x 100 Q Onde P é a percentagem do constituinte, q o peso do constituinte achado na determinação e Q, o peso da amostra tomada para a análise. Se a forma de pesagem não coincide com a forma de precipitação torna-se necessário uma conversão através do cálculo estequiométrico. Exercício 1 - Em um 1 L de solução que contém íons cloreto, por exemplo em uma solução de cloreto de potássio, o cloreto foi precipitado na forma de cloreto de prata, cuja massa depois de seca foi de 0,1562 g. Escreva a reação de precipitação do cloreto de prata, calcule a massa de cloreto e a concentração em ppm da solução. 2 - Em uma solução de sulfato de ferro (III) o ferro foi precipitado com amônia na forma de hidróxido de ferro (III) e calcinado. A massa do precipitado calcinado (óxido de ferro (III)) foi de 0,3288g. Calcule: a) a massa de sulfato de Fe(III) na solução b) a massa de Fe(III) na solução.
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