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art 180, 216 A e 217 A codigo penal

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Tema : art. 180 ,216-A e 217 A
CAIO CÈSAR SANTOS SILVA
ITABUNA
23/11/2017
CAIO CÉSAR SANTOS SILVA
Redação a medite da mestra Lisdeili Nobre do curso de Direito da disciplina Penal III da Faculdade de Tecnologia e Ciências.
ITABUNA
23/11/2017
Este artigo tem como objetivo realizar uma analise nos seguintes artigos 180 (receptação), 216-A (crime de assedio sexual) e 217-A (crime de estupro de vulnerável) do Código Penal Brasileiro, Decreto Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940.
Dispõe o art. 180 do Código Penal
“Adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe ser produto de crime, ou influir para que terceiro, de boa fé, a adquira, receba ou oculte: Pena — reclusão, de um a quatro anos, e multa”. Tutela-se a inviolabilidade do patrimônio, tipificando-se a conduta que estimula o cometimento de outros crimes contra o patrimônio, aguçando a cupidez dos ladrões e assaltantes. Além disso, procura-se coibir o locupletamento do receptador com o ilícito anteriormente praticado, o qual dificulta ainda mais a recuperação da res.
2. OBJETO MATERIAL 
É o produto do crime, isto é, a coisa procedente de anterior delito contra o patrimônio. Discute-se na doutrina se o bem imóvel pode ser objeto material do crime em estudo. Há duas posições: 1ª) Segundo Mirabete, “a lei não distingue entre coisas móveis e imóveis, nem há razão para se afirmar que é necessário o deslocamento da coisa. O nomen juris, por si só, não deve levar à conclusão de que o legislador quis referir-se apenas às coisas móveis, pois fácil seria limitar o dispositivo, como fez em outros tipos penais (arts. 155, 157 etc.).
 É perfeitamente possível que um imóvel possa ser produto de crime (estelionato, falsidade etc.)”. 2ª) Para Hungria, “um imóvel não pode ser receptado, pois a receptação pressupõe um deslocamento da res do poder de quem legitimamente a detém para o do receptador, de modo a tornar mais difícil a sua recuperação por quem de direito”2. Receptar é o mesmo que “dar esconderijo”, e apenas as coisas móveis podem ser ocultadas. As presunções da lei civil, no que toca aos bens imóveis, não produzem efeitos na esfera penal. Por exemplo, um navio pode ser objeto material de receptação, em que pese ser um bem imóvel à luz do Direito Civil. Para que um bem seja considerado móvel perante o Direito Penal, basta a possibilidade de seu deslocamento físico. É a nossa posição.
3. PRESSUPOSTO EXISTÊNCIA DE CRIME ANTECEDENTE
 É pressuposto do crime de receptação a existência de crime anterior. Trata-se de delito acessório, em que o objeto material deve ser produto de crime antecedente, chamado de delito pressuposto. O delito antecedente não necessita ser patrimonial. Assim, o bem pode ser objeto material de um crime de peculato. Se o fato antecedente for contravenção, não haverá receptação, tornando-se atípica a conduta. Esse delito é autônomo em relação à infração antecedente, de modo que basta a prova da existência de crime anterior, sem necessidade da demonstração cabal de sua autoria. Assim, a receptação será punida, ainda que desconhecido ou isento de pena o autor do crime anterior (§ 4º do art. 180, acrescentado pela Lei n. 9.426/96). Aplica-se essa regra tanto à receptação dolosa quanto à culposa. Em face dessa autonomia, a absolvição do autor do crime pressuposto não impede a condenação do receptador, quando o decreto absolutório se tiver fundado nas seguintes hipóteses do art. 386 do CPP, com a redação determinada pela Lei n. 11.690, de 9 de junho de 2008: estar provado que o réu não concorreu para a infração penal (inciso IV); não existir prova de ter o réu concorrido para a infração penal (inciso V); existir circunstância que isente o réu de pena ou se houver fundada dúvida sobre sua existência (inciso VI); não existir prova suficiente para a condenação (inciso VII). Por outro lado, impede a condenação do receptador a absolvição do autor do crime antecedente por estar provada a inexistência do fato (inciso I); não haver prova da existência do fato criminoso anterior (inciso II) não constituir o fato infração penal (inciso III), existir circunstância que exclua o crime (inciso VI). No tocante à extinção da punibilidade do crime antecedente, dispõe o art. 108 do CP: “a extinção da punibilidade de crime que é pressuposto, elemento constitutivo ou circunstância agravante de outro não se estende a este...”. 
Conclui-se que a extinção da punibilidade do crime antecedente não opera efeitos sobre o crime de receptação. Do mesmo modo, na hipótese em que a punição do crime antecedente depende de representação do ofendido ao Ministério Público ou de queixa-crime, o não oferecimento destas não impede o reconhecimento do crime de receptação3.
4. ELEMENTOS DO TIPO 
4.1. Ação nuclear 
a) Receptação própria (“caput”, 1ª parte): prevê a 1ª parte do caput do delito em estudo: “adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe ser produto de crime”. As ações nucleares consubstanciam-se nos seguintes verbos: adquirir — consiste na obtenção do domínio da coisa de forma onerosa (p. ex., compra de um automóvel) ou gratuita (p. ex., recebimento de uma doação); receber — diz respeito a qualquer forma de obtenção da posse da coisa produto de crime; aqui não há transferência da propriedade; transportar — é o deslocamento da coisa de um local para outro; conduzir — significa dirigir, no caso, qualquer meio de transporte de locomoção (p. ex., automóvel, caminhão, bicicleta) que seja produto de crime; ocultar — significa esconder, colocar em esconderijo, de forma a não ser encontrado. Nas modalidades transportar, conduzir e ocultar o crime é permanente.
 b) Receptação imprópria (“caput”, 2ª parte): consiste em “influir para que terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte”. Assim, nessa hipótese, o agente estimula terceiro de boa-fé a adquirir, receber ou ocultar coisa proveniente de crime. O influenciador jamais poderá ser aquele que praticou o crime antecedente, pois do contrário ele responderá apenas pelo crime anterior, nunca pela receptação imprópria. Assim, aquele que subtrai e convence terceiro a adquirir o produto do crime somente responderá pelo furto, sendo o fato posterior impunível, em face do princípio da consunção. É necessário que o terceiro influenciado esteja de boa-fé; se estiver de má-fé, será receptador próprio, e o influenciador será partícipe do fato descrito na 1ª parte do caput.
4.2. Sujeito ativo
Trata-se de crime comum. Qualquer pessoa, salvo o autor, coautor ou partícipe do delito antecedente, poderá praticá-lo. Se o agente, de qualquer forma, colaborou para a prática do crime antecedente, responderá apenas como seu coautor ou partícipe. Por exemplo, indivíduo convence outrem a roubar mercadorias de uma loja e posteriormente as recebe para efetuar a venda. Ocorre participação no roubo, não respondendo o agente pela receptação. O proprietário do bem pode ser receptador? Sim. A doutrina costuma citar o seguinte exemplo: “o bem se acha na posse do credor pignoratício, e, furtado por terceiro, é receptado pelo proprietário. Nesta hipótese, este recebe, adquire ou oculta coisa produto de crime (furto), praticado contra o legítimo possuidor”. 
O advogado ao receber dinheiro ou coisa que sabe ser produto de crime, a título de honorários advocatícios, pode ser autor do delito de receptação? Sim, pode. Segundo Mirabete, “tratando-se de pagamento em dinheiro, além do conhecimento da origem ilícita, é necessário que fique positivado que o cliente não tinha condições de saldar a obrigação de outra forma, sabendo disso o profissional”. 
É possível a receptação de receptação? Para parte da doutrina, sim, desde que a coisa conserve seu caráter delituoso; assim, se for adquirida por terceiro de boa-fé que a transmite a outro, não há receptação, mesmo que o último adquirente saiba que a coisa provém de crime. Esse é o entendimento de Nélson Hungria e E. Magalhães Noronha. Emsentido contrário, Victor Eduardo Rios Gonçalves, para quem respondem pelo crime todos aqueles que, nas sucessivas negociações envolvendo o objeto, tenham ciência da origem espúria do bem. Entendemos correta esta última posição.
4.3. Sujeito passivo
É a vítima do crime antecedente, ou seja, o titular do interesse, do bem jurídico atingido pelo delito pressuposto.
5. ELEMENTO SUBJETIVO 
É o dolo, consistente na vontade livre e consciente de adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar a coisa, ou de influir para que terceiro de boa-fé a adquira, receba ou oculte. O tipo penal exige expressamente o dolo direto. Só haverá o enquadramento no caput do
artigo se o agente souber, tiver certeza de que a coisa provém de prática criminosa anterior. Não basta o dolo eventual. Se assim agir, o fato será enquadrado na modalidade culposa do crime. Exige-se também um fim especial de agir, encontrado na expressão “em proveito próprio ou alheio”, ou seja, o intuito de obter vantagem para si ou para terceiro. Se o ocultamento da coisa for realizado com o fim de favorecer o autor do crime antecedente, haverá o crime de favorecimento real. E se o dolo for posterior (dolo “subsequens”) ao recebimento do objeto? Na hipótese em que o agente recebe o objeto e depois toma conhecimento de que se trata de produto de crime, não há a configuração do delito em estudo. Segundo Noronha, a ciência de que se trata de produto de crime deve ser anterior ou, pelo menos, contemporânea à ação de adquirir, receber, ocultar. Poderá suceder que o agente, após receber o objeto e tomando conhecimento de sua origem ilícita, venha a ocultá-lo ou a influir para que terceiro o adquira, receba ou oculte. Nesta hipótese, diante da prática de uma nova ação, haverá o crime em tela8.
6. MOMENTO CONSUMATIVO 
Na receptação própria, o crime é material. A consumação ocorre quando o agente realiza uma das condutas típicas. Na receptação imprópria, o crime é formal; basta o simples ato de “influenciar”, não sendo necessário que o terceiro de boa-fé efetivamente adquira, receba ou oculte a coisa produto de crime.
7. TENTATIVA
 A receptação própria admite a tentativa, pois se trata de crime plurissubsistente.
 Na receptação imprópria ela é inadmissível, pois o crime é unissubsistente.
8. FORMAS 
8.1. Simples Está prevista no caput do artigo.
8.2. Qualificada
Está prevista no § 1º. Foi introduzida no Código Penal pela Lei n. 9.426/96. Prevê esse parágrafo “adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito, desmontar, montar, remontar,vender, expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, coisa que deve saber ser produto de crime”.
 A pena será a de reclusão de três a oito anos, além de multa. Para Damásio, o § 1º não define figura típica qualificada, entendendo haver, na hipótese, um tipo independente que contém verbos que não estão previstos no caput, repete outros e exige elementos subjetivos do tipo. Trata-se de tipo misto alternativo. A prática das várias condutas previstas no mesmo tipo penal caracteriza crime único e não crime continuado. 
Sujeito ativo. Cuida-se de crime próprio, pois somente pode ser praticado por aquele que desempenha atividade comercial ou industrial. 
A atividade comercial deve ser habitual. O § 2º equipara “à atividade comercial, para efeito do parágrafo anterior, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino, inclusive o exercido em residência”. Podemos citar como exemplo a atividade de camelô ou desmanche ilegal, ainda que realizada no interior da residência do agente. Considera-se esse parágrafo como uma norma de ampliação. 
Elemento subjetivo. 
O § 1º, com redação dada pela nova lei, pune o comerciante ou industrial que comete receptação, empregando a expressão “que deve saber ser produto de crime”.
 Na atual sistemática temos a seguinte situação: a) o caput do art. 180 prevê o chamado dolo direto (“coisa que sabe ser produto de crime”).
O § 3º, por sua vez, descreve a forma culposa. Diante dessa situação, a doutrina entende que o § 1º somente pode tratar do dolo eventual. Daí, se o comerciante devia saber que a coisa era produto de crime (dúvida), a pena é de três a oito anos de reclusão.
 Há duas correntes: 1ª) o § 1º tanto prevê as condutas de quem sabe (dolo direto) quanto as de quem deve saber (dolo eventual), visto que, embora empregue somente a expressão “deve saber”, a conduta de quem sabe encontra-se abrangida, pois se praticar a conduta com dolo eventual qualifica o crime, por óbvio que praticá-la com dolo direto também deve qualificar.
Segundo a lei tipificou apenas o comportamento de quem deve saber a origem criminosa, logo, de acordo com o princípio da reserva legal, não pode ser empregada a analogia para alcançar também a conduta de quem sabe.
 Em matéria de normas incriminadoras, a interpretação há de ser restritiva e não ampliativa: se o legislador falou apenas “deve saber”, a conduta de quem sabe não deve funcionar como qualificadora. Por outro lado, ofende o princípio constitucional da proporcionalidade punir mais severamente o dolo eventual que o dolo direto, razão por que o § 1º é inconstitucional, e não deve ser aplicado. Nossa posição. Entendemos correta a 1ª corrente. A lei pretendeu punir não apenas quem sabe mas até mesmo aquele que devia saber. Foi além, portanto; previu como qualificadora mais do que o dolo direto, razão pela qual a conduta de quem sabe encontrase embutida na de quem deve saber, de forma que o § 1º do art. 180 alcança tanto o dolo direto (sabe) quanto o dolo eventual (deve saber). 
8.3. Privilegiada
 Está prevista no § 5º, parte final (acrescentado pela Lei n. 9.426/96). Trata-se do mesmo benefício do art. 155, § 2º. Tal benefício é aplicado às formas dolosas descritas no caput do art. 180 (não se aplica ao tipo qualificado). Seguem-se, neste tópico, as regras atinentes ao furto privilegiado.
8.4. Qualificada
 Em razão do objeto material: patrimônio público Está contemplada no § 6º. Se o crime for praticado em detrimento de bens e instalações do patrimônio da União, Estado, Município, empresa concessionária de serviços públicos ou sociedade de economia mista, a pena prevista no caput deste artigo aplica-se em dobro (§ 6º do art. 180, acrescentado pela Lei n. 9.426/96).
8.5. Receptação culposa
Vem prevista no § 3º: “adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou desproporção entre o valor e o preço, ou pela condição de quem a oferece, deve presumir-se obtida por meio criminoso: Pena detenção, de um mês a um ano, ou multa, ou ambas as penas”.
 O legislador não inclui no tipo penal a conduta de ocultar a coisa, sendo atípica a ação de quem esconde bem de origem ilícita, sem conhecer sua procedência criminosa, ainda que tenha obrado com culpa. 
Da mesma forma, a conduta do agente que, tendo dúvida no tocante à procedência do objeto, influi para que terceiro de boa-fé adquira ou receba a coisa também é penalmente atípica. 
O tipo, embora culposo, é fechado, pois apenas três são os indícios reveladores de culpa, natureza do objeto material citem-se como exemplos a venda de objeto de valor histórico, veículo automotor sem documentação etc.
Assédio sexual – artigo 216-A do CP
“Constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual prevalecendo-se o agente de sua condição de superior hierárquico ou ascendência inerente ao exercício de cargo, emprego ou função.” 
Acreditamos que esse tipo penal tem um erro sério de redação porque une o verbo constranger ao dolo específico diretamente, que é a obtenção de uma vantagem ou favorecimento de ordem sexual. Constrange-se alguém a algo, não visando algum objetivo. Aqui o legislador não colocou qual a conduta específica que deseja vedar. 
Para sanar tal situação, onde o sujeito ativo da ação não objetiva nada, então temos um crime de constrangimento ilegal (artigo 146 do Código Penal) em que há um dolo específico. 
Trata-se de um crime pluriofensivos, ou seja, significa que temmais de um objeto material de proteção, mas além de tutelar a liberdade sexual, também tutela a dignidade/honra da vítima que é atingida em ventura daquele comportamento, bem como tutela a liberdade no desempenho do trabalho. 
Trata-se de um crime próprio porque só pode praticá-lo quem exerce uma posição de superioridade profissional em relação à vítima, que pode se dar quer no exercício de função pública, quer no exercício de atividade privada. Mas além disso, a lei fala em ascendência profissional, relacionando-se quer ao campo público, quer às relações privadas. 
A teoria dominante entende que não pode haver crime de assédio sexual entre professores e alunos em razão da ausência de um vínculo profissional unindo o agente à vítima, assim como acontece quando existe ministro religioso e fiel. 
Supondo que a vítima tenho praticado uma falta funcional que é passível de demissão por justa causa, seu chefe diz que se receber “um agradinho” ela não será mandada embora. Aí incide o crime de assédio sexual ainda que o agente tenha justo motivo para demitir a vítima, ele não pode se valer desse justo motivo para ter/exercer esse tipo de comportamento. 
O assédio pode se dar por palavras, gestos ou escrito. 
Se o constrangimento se der mediante violência ou grave ameaça teremos estupro e não assédio sexual.
A lei fala que constranger para obter vantagem ou favorecimento – são sinônimos -, servindo apenas para indicar o dolo específico (subjetivo) do agente. 
Portanto trata-se de um crime doloso, próprio, formal (porque se consuma independentemente de a vítima vir a ter a conduta querida pelo agente) e pluriofensivo. 
O crime se consuma com o constrangimento independentemente da obtenção da vantagem ou do favorecimento pretendido. Cabe tentativa quando apesar do constrangimento do agente a vítima não se sente constrangida – é uma possibilidade teórica.
A pena será aumentada de 1/3 se a vítima for menor de 18 anos.
Estupro de Vulnerável – Artigo 217-A do CP
Os crimes sexuais contra vulneráveis foram inseridos com a reforma feita em 2009, sendo um dos grandes objetivos conferir um maior grau de proteção jurídica aos menores de 18 anos tendo em vista os crescentes abusos sexuais contra crianças e adolescentes. 
“Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 anos. Pena de reclusão de 8 a 15 anos.” 
O objeto jurídico desse artigo é tutelar a dignidade e a integridade sexual da pessoa vulnerável. Vulnerabilidade significa fragilidade, submissão ou hipossuficiência. Vulnerável não é apenas o menor de 14 anos e para tratar dessas outras pessoas temos uma figura equiparada no § 1º do dispositivo. Como já dito, o ato libidinoso é todo aquele que tenha por objetivo dar prazer sexual ao agente. 
Trata-se de um crime comum, mas que exige que a vítima seja pessoa que se encontre em situação de vulnerabilidade. Sendo tal vulnerabilidade presumida pela idade da vítima. 
O § 1º deste artigo cita outras pessoas que também se consideram vulneráveis, a saber. Se a conduta é pratica com alguém que por enfermidade ou deficiência mental não tem o necessário discernimento para a prática do ato ou que por qualquer outra causa não possa oferecer resistência. E, por fim, a pessoa que não pode oferecer resistência por qualquer outra circunstância, por exemplo, pessoa que se encontra sedada, em embriaguez completa. Aqui a vulnerabilidade deve ser provada por meio de perícia, não havendo, portanto, presunção. Tais doenças citadas acima podem ser permanentes ou transitórias, sendo importante que estejam presentes no momento em que a vítima sofre a conduta. 
Só se aplica esse § 1º se em virtude da deficiência ou enfermidade a vítima não tiver nenhum discernimento/capacidade de entendimento, pois se a incapacidade for relativa, o agente precisa quebrar essa incapacidade mediante violência, grave ameaça ou fraude. Assim, o crime passa a ser do artigo 213 ou 215 do CP. 
O tipo penal do 217-A é doloso e exige um dolo específico, sendo o mesmo dos artigos anteriores, a de satisfazer a lascívia do agente. Quanto ao momento consumativo, não difere dos crimes anteriores, consuma-se com a prática do ato e admite tentativa. É um crime comum, material, de forma livre e comissiva. Se o agente pratica mais de uma conduta, por exemplo, relação sexual normal e sexo anal, discutindo-se se o tipo penal é misto cumulativo ou misto alternativo.
Existem também outras diferenças entre os artigos 213 e 217-A do Código Penal, sendo que o 217-A não descreve a forma dessa prática, não se referindo à violência, grave ameaça e meio fraudulento. Ou seja, para tipificação do artigo 217-A do Código Penal é irrelevante se ele se valeu ou não dessas condutas, a lei pune objetivamente a conduta de quem pratica ato libidinoso com menor de 14 anos. É na dosimetria da pena que levo em conta se a prática foi consentida ou se decorreu de uma conduta violenta. 
Supondo uma menina que se prostitui desde os 10 anos e hoje tem 13 anos, sendo que o agente mantém relações sexuais consentidas com a menina. 
Predomina na doutrina e jurisprudência o entendimento de que a presunção de que o menor de 14 anos é imaturo, é absoluta, ou seja, a consequência será de que a circunstância de a menina consentir com a prática é absolutamente irrelevante para a tipificação penal, funcionando apenas como atenuante na dosimetria da pena. Dessa forma a maturidade e consentimento da menor não tem relevância.
Entretanto, há entendimento minoritário de que a presunção é relativa e como consequência o réu terá o direito de tentar provar que apesar de sua idade, a vítima já possuía maturidade suficiente para deliberar acerca da sua vida sexual. 
Existem as formas qualificadas pelo resultado lesivo e nos termos do § 3º do mesmo artigo, se resulta lesão corporal de natureza grave, a pena passa a ser de 10 a 20 anos de reclusão. 
E nos termos do § 4º do artigo supra citado, se resulta a morte, pena de 12 a 30 anos. Se o resultado lesivo mais grave é obtido a título de dolo ou culpa só será verificado na dosimetria da sanção.
Bibliografia:
CAPEZ, Fernando. Código Penal Comentado. 6ª edição. São Paulo: Saraiva, 2015.
MASSON, Cléber. Código Penal Comentado. 3ª edição. Rio de Janeiro: Método, 2015.
MOREIRA FILHO, Guaracy. Código Penal Comentado. 2ª Edição. São Paulo: Rideel, 2012.
NUCCI, Guilherme de Souza. Código Penal Comentado. 15ª edição. Rio de Janeiro: Forense, 2015.

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