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FUNDAMENTOS DA NUTRIÇÃO CLÍNICA E COLETA 1 FUNDAMENTOS DA NUTRIÇÃO CLÍNICA E COLETIVA Graduação 95 FUNDAMENTOS DA NUTRIÇÃO CLÍNICA E COLETIVA DOENÇAS NUTRICIONAIS E METABÓLICAS Chegamos à nossa última unidade. Nela iremos acompanhar as alterações nutricionais metabólicas que ocorrem em nosso organismo através dos alimentos ingeridos inadequadamente. OBJETIVO DA UNIDADE: Identificar as alterações nutricionais metabólicas que ocorrem em nosso organismo através dos alimentos ingeridos inadequadamente. PLANO DA UNIDADE: • Desnutrição protéica. • Gota. • Dislipidemia. • Hipercolesteloremia. • Hipertrigliceridemia. • Diabete Melitus. Bom estudo! U N ID A D E 9 96 UNIDADE 9 - DOENÇAS NUTRICIONAIS E METABÓLICAS Desnutrição protéica Classificação e etiologia A satisfação das necessidades calóricas é básica para a sobrevivência, e a forma pela qual é acompanhada por fontes protéicas e não protéicas determina o tipo de Desnutrição Protéica Calórica (DPC) grave produzida. Uma dieta com excesso de calorias de amido ou açúcar, mas deficiente em aminoácidos essenciais e proteínas totais, eventualmente resulta em kwashiorkor. A falta de calorias e nutrientes em crianças pequenas é denominada marasmo. Formas intermediárias são denominadas kwashiorkor-marásmico. Epidemiologia O marasmo é a forma predominante de DPC na maioria dos países subdesenvolvidos. Está associado ao abandono precoce ou impossibilidade de amamentar, com as infecções conseqüentes. Essas infecções resultam da falta de higiene e do desconhecimento das necessidades educacionais mais importantes, especialmente nas regiões periféricas e favelas de crescimento tão rápido dos países subdesenvolvidos. Kwashiorkor é menos comum e usualmente é manifestado como o estado kwashiorkor-marásmico intermediário. O kwashiorkor tende a ser confinado àquelas partes do mundo onde os principais alimentos produzidos são mandioca, batata doce ou banana verde, que são deficientes em proteínas e apresentam teores excessivamente altos de amido. Fisiopatologia No marasmo, a ingestão calórica é insuficiente para satisfazer as necessidades e para que o organismo possa adquirir seus próprios depósitos. No kwashiorkor, a ingestão aumentada de carboidratos, com a ingestão insuficiente de proteínas conduz a decréscimos na síntese de proteínas viscerais. A síntese total de proteínas do organismo é de cerca de 300g/dia no homem adulto. A perda diária obrigatória é de 30-90g e 80-90% é reutilizado. A recomendação diária de proteínas para um adulto é de cerca de 0,8g/kg de peso. Dessa proteína da dieta, cerca de 20% dos aminoácidos constituintes devem corresponder a aminoácidos essenciais, uma vez que estes não podem ser sintetizados em quantidades adequadas pelo organismo e devem estar presentes na dieta. O nível no qual o padrão de aminoácidos essenciais de uma dieta protéica se aproxima das necessidades do organismo determina o valor biológico da proteína. Marasmo: desnutrição pela falta de calorias. Kwashiorkor: desnutrição protéica-calórica 97 FUNDAMENTOS DA NUTRIÇÃO CLÍNICA E COLETIVA Sintomas e sinais Marasmo: perda importante de peso, retardo no crescimento e deterioração do tecido adiposo e muscular subcutâneo (pele solta e enrugada), temperatura geralmente baixa. Kwashiorkor: caracterizado por edema generalizado, aumento do fígado, proteínas plasmáticas diminuídas, principalmente albumina, descamação cutânea, afinamento e descoloração do cabelo, apatia além do retardo no crescimento. Achados laboratoriais Casos leves ou moderadamente graves de DPC podem apresentar depressão discreta de albumina plasmática e um decréscimo na excreção urinária de uréia, devido à ingestão baixa de proteínas. Tratamento O equilíbrio hidroeletrolítico deve ser restaurado e mantido. Fórmulas com baixo teor de lactose são úteis em alguns casos. Para lactentes e crianças pequenas, deve-se administrar leite suficiente para suprir 2g, aumentando lentamente para 5g/kg/dia de proteína. Nesse estágio, mais calorias na forma de açúcar e cereais podem ser adicionados à dieta de leite para que se atinja 150-250kcal/kg/dia. O aumento nas recomendações da dieta logo se torna possível e a dieta é suplementada com alimentos de alto teor calórico, como doces, tortas, pudins, carnes, ovos e sucos de frutas. Devem-se evitar frutas ou vegetais de volume ou com baixo teor calórico em favor daqueles com um conteúdo entre 10-20% de carboidratos. Pode ser recomendável a suplementação vitamínica. Refeições pequenas e freqüentes entre intervalos de tempo pré- estabelecidos são toleradas nos estágios iniciais de recuperação. A anemia, usualmente, é leve e responde à ingestão oral de proteínas, Fe e suplementação de ácido fólico. Prognóstico A mortalidade varia entre 15-40% e nos primeiros dias do tratamento, usualmente, é devido ao desequilíbrio eletrolítico, infecção, hipotermia e ICC (Insuficiência Cardíaca Congestiva). Constituem sinais de icterícia, níveis séricos de Na e vitamina A baixos. A recuperação é mais rápida em kwashiorkor do que em marasmo; são sinais favoráveis o desaparecimento da apatia, edema e anorexia. Os efeitos prolongados de desnutrição na infância não são completamente compreendidos. Nos casos adequadamente tratados, há probabilidade de recuperação hepática total sem a subseqüente cirrose. O desenvolvimento comportamental pode ser caracteristicamente tardio em crianças gravemente mal nutridas. O grau de prejuízo mental está relacionado com a duração da desnutrição e com a idade de início da mesma. O lactente com marasmo é afetado mais gravemente do que crianças mais velhas DPC: desnutrição protéica- calórica 98 UNIDADE 9 - DOENÇAS NUTRICIONAIS E METABÓLICAS com kwashiorkor. Estudos prospectivos sugerem que um grau de retardo mental relativamente leve persista até a idade escolar. GOTA Gota é uma doença caracterizada pela elevação de ácido úrico no sangue e surtos de artrite aguda secundários ao depósito de cristais de sódio. Etiologia A concentração normal de ácido úrico no sangue é até 7,0 mg/100ml. Dependendo do país estudado, pode chegar a 18% a população com ácido úrico acima de 7mg%. Entretanto, somente 20% dos hiperuricêmicos terão gota. Ou seja, ter ácido úrico alto não é igual à gota. É importante detectar quem tem ácido úrico elevado, pois muitas vezes esses indivíduos têm pressão alta, são diabéticos e têm aumento de gordura no sangue com aterosclerose e a descoberta da hiperuricemia faz com que indiretamente sejam diagnosticados os problemas sérios que já existiam. Outro risco para hiperuricemia é desenvolver cálculos renais de ácido úrico ou, raramente, doença renal. A gota é uma doença de homens adultos. As mulheres passarão a ter crise de gota após a menopausa. Pode haver diagnóstico de gota em homem e mulher jovem, mas certamente são situações raras. Como se desenvolve? O mecanismo produtor da doença mais freqüente é a ausência congênita de um mecanismo enzimático que excreta ácido úrico pelos rins. Não havendo eliminação adequada, aumenta a concentração no sangue. Outro defeito enzimático bem menos comum produz excesso de ácido úrico. Os rins, mesmo normais, não conseguem eliminar a carga exagerada de ácido úrico e este se acumula no sangue. Quando há hiperprodução, há hiperexcreção renal de ácido úrico. Pode- se detectar medindo-se o ácido úrico em urina de 24 horas. Confirmando-se hiperexcreção, deve-se procurar outras causas menos comuns de hiperexcreção como policitemia vera (excesso de glóbulos vermelhos). Alguns medicamentos diminuem a excreção renal do ácido úrico. Exemplos freqüentes são diuréticose ácido acetil salicílico em dose baixa. Se esses não puderem ser retirados é preferível mantê-los e tratar a gota. Clínica Pacientes gotosos podem permanecer 20 a 30 anos com ácido úrico elevado antes da primeira crise. Em alguns casos, já houve crise de cálculo urinário. Gotosos: termo usado para pacientes com gota. 99 FUNDAMENTOS DA NUTRIÇÃO CLÍNICA E COLETIVA A crise de artrite é bastante típica: o indivíduo vai dormir bem e acorda de madrugada com uma dor insuportável que em mais de 50% das vezes compromete o dedo grande do pé. Há situações de dor tão forte que os pacientes não toleram lençol sobre a região afetada. Pode haver febre baixa e calafrios. A crise inicial dura 3 a 10 dias e desaparece completamente. O paciente volta a levar vida normal, fica sem tratamento porque não foi orientado ou porque não optou pelo que foi prescrito. Nova crise pode voltar em meses ou anos. A mesma articulação ou outra pode ser afetada. Qualquer articulação pode ser atingida. As dos membros inferiores são preferidas, mas encontram-se gotosos com graves deformidades nas mãos. Não havendo tratamento, os espaços entre as crises diminuem e sua intensidade aumenta. Os surtos ficam mais prolongados e, mais tarde, com tendência a envolver mais de uma articulação. Há casos em que algumas articulações não ficam mais livres de sintomas. Indivíduos que tiveram seu diagnóstico tardiamente e os que não se tratam têm cristais de sódio depositados nas articulações, tendões e cartilagens, são chamados de tofos, que podem assumir volumes enormes e deformarem gravemente as articulações. São muito característicos os tofos volumosos localizados nos cotovelos. Apesar de não ser comum, quando aparecem na cartilagem do ouvido são úteis para diagnóstico de gota. Diagnóstico Na primeira crise, o diagnóstico definitivo de gota só é feito se forem encontrados cristais de ácido úrico no líquido aspirado da articulação. Na ausência de líquido articular, mesmo sendo no dedo grande do pé, a primeira crise não deve ser rotulada antes de um período de acompanhamento, pois há outras causas de inflamação neste local. Lembre-se que somente 20% dos hiperuricêmicos terão gota. Se exames e a evolução não definirem outra doença, o paciente deve ser seguido como portador de gota. Tratamento O ácido úrico aumenta devido a defeitos na eliminação renal ou na sua produção. Em ambas as situações os defeitos são genéticos, isto é, são definitivos. Se não forem seguidos permanentemente dieta e, na grande maioria das vezes, tratamento medicamentoso, o ácido úrico voltará a subir e mais cedo ou mais tarde uma nova crise de gota virá. Tofos: são depósitos de cristais depositados nas articulações, tendões e cartilagens. 100 UNIDADE 9 - DOENÇAS NUTRICIONAIS E METABÓLICAS Crise aguda O esvaziamento de uma articulação repleta de líquido inflamatório por punção com agulha produz grande alívio. Somente inicie alopurinol (Zyloric) após desaparecimento da inflamação. O modo de introdução deve ser lento. Oriente o indivíduo a seguir as orientações do médico. Orientação nutricional • Deve-se prescrever dieta pobre em purinas, recomendar uso restrito de bebidas alcoólicas e evitar jejum prolongado; • O controle ideal da dieta deve ser feito com nutricionista. Alguns pacientes conseguem controlar o ácido úrico somente com dieta; • O grande segredo da dieta é abandonar os alimentos proibidos e não fazer ingestão excessiva em curto espaço de tempo de alimentos controlados e bebidas alcoólicas; • A maioria dos pacientes vai precisar de doses medicamentosas orientadas por médicos. Os pacientes que estiverem com ácido úrico controlado e abaixo de 5mg% continuarão com a dieta e com medicamento que tem sido seguro e cômodo e também ajuda a evitar cálculos renais. Alimentos com teor de purinas: • Carnes: vaca, vitela, bacon, cabrito e carneiro; • Peixe e frutos do mar: sardinha, salmão, truta, cavala, bacalhau, arenque, anchova, ovas de peixe, mexilhão; • Aves: galeto, peru, ganso. Alimentos que devem ser evitados no período das crises: • Carnes: vaca, frango, porco, coelho, presunto; • Leguminosas: feijão, soja, grão-de-bico, ervilha, lentilha; • Verduras: aspargo, cogumelo, couve-flor, espinafre; • Cereais integrais: todos (arroz integral, trigo em grão, centeio, aveia); • Oleaginosos: coco, nozes, amendoim, castanha-do-pará, e castanha- de-caju. Alimentos permitidos: • Leite, chá, chocolate, margarina; • Pão, macarrão, sagu, fubá, tapioca, araruta, arroz branco, milho; • Vegetais; • Frutas. 101 FUNDAMENTOS DA NUTRIÇÃO CLÍNICA E COLETIVA Dislipidemia Dislipidemia são alterações dos níveis sanguíneos dos lípides circulantes. Quando esses níveis estão aumentados, recebem a denominação de hiperlipidemias, que são classificadas em hipercolesterolemia e hipertrigliceridemia. As dislipidemias podem ser consideradas de acordo com sua etiologia: primárias, quando relacionadas a alterações genéticas e ambientais; ou secundárias quando associadas a outras doenças ou uso de medicamentos. Tipo de dislipidemias encontradas com base nos exames laboratoriais: • Hipercolesterolemia isolada: aumento isolado do colesterol sérico; • Hipertrigliceridemia isolada: aumento isolado dos triglicérides; • Hiperlipidemia mista: aumento do colesterol e triglicérides; • Hipoalfalipoproteinemia: redução da fração HDL-c isolada ou associada a alterações do LDL-c e/ou triglicérides; • Hiperalfalipoproteína: aumento da fração HDL-c isolada ou associada a alterações do LDL-c. Valores para adultos a partir de 20 anos HDL-c: colesterol bom. LDL-c; colesterol ruim. 102 UNIDADE 9 - DOENÇAS NUTRICIONAIS E METABÓLICAS Valores para idades entre 2 e 19 anos Orientação nutricional Hipercolesteloremia A terapia primária para dislipidemia é dietética. A redução do consumo de colesterol e de gordura saturada é parte de uma modificação no estilo de vida que inclui perda de peso, quando necessário, e atividades físicas. Os efeitos das modificações do estilo de vida são benéficos na redução da doença coronariana não apenas por melhorar o perfil lipídico, mas por reduzir a PA (Pressão Arterial) e a tolerância a glicose. Princípios dietéticos para tratamento da hipercolesterolemia – Metas Dietéticas: • Evite o excesso de peso, pois o aumento de 1Kg/m² no IMC normal aumenta o colesterol total 7,7mg e reduz o HDL em 0,8mg/dl; •Evite manteiga, queijos amarelos, carnes gordas, pele de frango, vísceras, creme de leite, leite integral, coalhada, leite de coco, alguns frutos do mar como camarão, ostras, mexilhão e sardinha em lata, pois são alimentos ricos em ácidos graxos saturados, os quais aumentam o colesterol sanguíneo; • Procure substituir estas gorduras pelas poliinsaturadas como os óleos vegetais, principalmente os de canola (esse é o melhor, pois tem menos gordura saturada e mais monoinsaturadas, além de ser rico em AG W3 (linolênico), algodão, girassol e milho, margarina (não em excesso) e pelas monoinsaturadas (ricas em ácido oléico – W9) como o azeite cru, abacate, frutas oleaginosas, coco,... •Aumente a oferta de alimentos de cores vermelhas e roxas como: morango, framboesa, uva roxa (logo, o vinho tinto), amora, jamelão, jabuticaba,cereja, berinjela, tomate,...), pois são ricos em flavonóides que são substâncias que além de serem antioxidantes, bloqueiam os receptores LDL; • Aumente o consumo de fibras, principalmente de tipos solúveis como as dos cereais integrais e cascas de frutas, pois este tipo de fibra aumenta a excreção dos sais biliares que têm como uma de suas funções carrear (?) 103 FUNDAMENTOS DA NUTRIÇÃO CLÍNICA E COLETIVA o colesteroldo sangue que também reduz o LDL, uma vez que apresenta uma propriedade antioxidante; • Soja: alimento rico em isoflavonas que são substâncias que apresentam alto poder antioxidante; • Chás verdes: ricos em taninos que apresentam ação antioxidante; • Peixes: pois estes são ricos em AG W3. Hipertrigliceridemia O tratamento primário da hipertrigliceridemia é a modificação do estilo de vida, que inclui o controle do peso, dieta pobre em gordura saturada e colesterol, exercícios regulares, não fumar e, em alguns pacientes, restrição ao uso de bebidas alcoólicas. A hipertrigliceridemia normalmente acompanha a obesidade, sedentarismo e intolerância a glicose. O tratamento farmacológico será indicado nos casos de doença coronariana, história familiar de DAC (Doença Arterial Coronariana) precoce. Conduta Dietoterápica Retirar: • Massas, pão, bolos, sorvetes, biscoitos gordurosos, manteiga, margarina; • Queijos gordurosos, ovos, creme de leite; • Refrigerantes e suco de frutas; • Todas as bebidas alcoólicas; • Açúcar comum, que deve ser substituído por adoçantes artificiais. Diminuir: • Batata inglesa, batata doce e inhame. Utilizar mais: • Alface, couve, agrião, couve-flor, etc; • Vegetais crus. Temperar saladas com vinagre, gotas de limão, cheiro verde; • Carnes magras, frango sem pele, peixe sem pele; • Frutas. Diabetes Mellitus Trata-se de uma doença crônica caracterizada por uma disfunção parcial ou total da produção de insulina pelo pâncreas, resultando em hiperglicemia de jejum e pós-prandial associada a modificações no metabolismo das gorduras, proteínas e sais minerais. 104 UNIDADE 9 - DOENÇAS NUTRICIONAIS E METABÓLICAS Epidemiologia O DM é a 6a causa mais freqüente de internação hospitalar e a 5a principal causa de morte por doença e pode causar inúmeras complicações graves, como cegueira, infarto do miocárdio, derrame cerebral e impotência, além de provocar o risco da amputação de membros. No Brasil, em 1998, o Censo Nacional de Diabetes - MS detectou a ocorrência da doença em quase 8% da população, na faixa etária de 30 a 69 anos. Segundo dados oficiais, existem aproximadamente 10 milhões de diabéticos no Brasil e metade deste contingente não sabe que possui a doença. Fisiopatologia • Corpos cetônicos: produtos de vários processos metabólicos. • Acetoacidose: aumento de corpos cetônicos no sangue. • Polifagia: aumento do apetite. • Glicosúria: presença de glicose na urina. • Polidipsia: sede excessiva. • Poliúria: aumento da quantidade de urina excretada nas 24 horas. Fatores de risco • Idade > 45 anos; 105 FUNDAMENTOS DA NUTRIÇÃO CLÍNICA E COLETIVA • História familiar de DM (pais, filhos e irmãos); • Excesso de peso (IMC >= 25 kg/m2), HAS, doenças coronarianas; • Sedentarismo; • História de abortos de repetição ou mortalidade perinal. Classificação DM tipo 1 ou insulino-dependente • Ocorre em maior proporção em crianças e adolescentes (DM infanto- juvenil); • Caracteriza-se pela deficiência total da insulina produzida pelo pâncreas, fazendo-se necessário o uso da insulina exógena para prevenir cetoacidose e óbito; • Início agudo; • Em geral, os indivíduos são magros; • É considerado um tipo de diabetes instável; • Tendência a cetoacidose. Tratamento clínico • Monitoração diária de glicose sanguínea e hemoglobina glicosilada. Medicação Injeções de insulina (NPH, Lenta). Tratamento nutricional Sincronização de ingestão alimentar com ação de insulina pela consistência no tempo e quantidade de alimentos consumidos – ingestão de nutrientes balanceados para promover o crescimento das crianças. DM tipo 2 ou não insulino-independente Ocorre com maior freqüência em pessoas acima dos 30 anos, habitualmente obesas ou com excesso de peso; 106 UNIDADE 9 - DOENÇAS NUTRICIONAIS E METABÓLICAS O pâncreas produz insulina, mas não suficientemente ativa em nível celular; É cerca de 8 a 10 vezes mais comum que o tipo 1 e pode responder ao tratamento com dieta e exercício físico. Outras vezes vai necessitar de medicamentos orais e por fim, a combinação destes com a insulina. Causa • Fatores genéticos. Fatores de risco • Físicos, inatividade, idade avançada, obesidade. Tratamento clínico • Glicose > 126 mg/dl – glicose sem jejum > 200 mg/dl. Monitoração • Glicose sanguínea – hemoglobina glicosilada. Medicação • Insulina – Sulfoniluréias – Bioguanidas (inibidores da alfa glicosidase). Exercícios físicos • Orientação médica. Tratamento nutricional Restrição calórica para promover perda de peso moderada – educação nutricional (melhores escolhas alimentares) – ingestão alimentar distribuída ao longo do dia. INSULINAS Tipos de insulina: • Insulina Bovina; • Insulina Suína; • Insulina Mista (bovina + suína) ; • Insulina Humana (obtida através de modernas técnicas de engenharia genética, sendo exatamente iguais às produzidas naturalmente pelo homem). 107 FUNDAMENTOS DA NUTRIÇÃO CLÍNICA E COLETIVA Quanto ao tempo de ação, as insulinas podem ser: • Ação intermediária (LENTA e NPH): agem entre 20 e 24 horas e destinam-se ao controle diário. Aspecto leitoso; • Lenta: início de duas horas e meia e duração de aproximadamente 24 horas; • NPH: início, uma hora e meia e duração de aproximadamente 24 horas; • Rápida (regular ou simples): age aproximadamente 30 minutos após sua aplicação e dura de 6 a 7 horas. São usadas no tratamento de descompensações diabéticas, emergências, durante procedimentos cirúrgicos e como complementação do controle diário. Aspecto transparente; • Ultra rápida: deve ser utilizada imediatamente antes da refeição, pois sua ação começa em 15 minutos. Os pacientes que necessitam usar insulina, devem aplicá-la diariamente, sempre pela manhã, fazendo complementos em outros horários, se necessário. APROFUNDE SEUS CONHECIMENTOS LENDO: SHILLS. Tratado de Nutrição Moderna na Saúde e na Doença. 9 ed. Manole, 2003. 2v. CHAVES, N. Nutrição Básica e Aplicada. 2 Ed. Guanabara Koogan, 1985. MAHAN, L.K; ESCOTT-STUMP, S. Alimentos, Nutrição e Dietoterapia, 10 ed. Roca, 2002. É HORA DE SE AVALIAR! Não se esqueça de realizar as atividades desta unidade de estudo, presentes no caderno de exercício! Elas irão ajudá- lo a fixar o conteúdo, além de proporcionar sua autonomia no processo de ensino-aprendizagem. Caso prefira, redija as respostas no caderno e depois as envie através do nosso ambiente virtual de aprendizagem (AVA). Interaja conosco! Caro aluno, chegamos ao final das unidades de estudo. Foi muito bom estar com você! Nesta última unidade você pôde acompanhar as alterações nutricionais metabólicas que ocorrem em nosso organismo através de alimentos ingeridos inadequadamente. Agora é só praticar tudo que você aprendeu!
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