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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA – UFBA INSTITUTO DE MATEMÁTICA - DEPARTAMENTO DE MATEMÁTICA MAT A 03 – CÁLCULO B - SEMESTRE 2017.2 PROF. GRAÇA LUZIA DOMINGUEZ SANTOS CENTRO DE MASSA Para conseguirmos apoiar uma placa plana em uma haste fina, de forma que a mesma fique em equilíbrio, o ponto de apoio da haste deve estar localizado no centro de massa ou centroide da placa, considerando-se o campo gravitacional uniforme (Figura 1). F igura 1 Vale ressaltar nesse momento a diferença entre centro de massa e centro de gravidade. O centro de massa independe de fatores externos, como por exemplo, da aceleração da gravidade local. Já o centro de gravidade depende do campo gravitacional. Assim, o centro de massa e o centro de gravidade só coincidem quando o campo gravitacional for uniforme (essa é a situação que estudaremos). Inicialmente vamos imaginar uma situação mais simples (Figura 2) simples, como por exemplo, uma gangorra apoiada em um suporte, onde duas massas m1 e m2 estão presas a um bastão, de massa desprezível, em lados opostos a um ponto de apoio e a distâncias d1 e d2 do apoio. O bastão ficara em equilíbrio se, e somente se m1d1 = m2d2 (Lei da Alavanca de Arquimedes). Agora vamos analisar a situação do ponto de vista unidimensional (referencial será a reta orientada), considere agora que o bastão está sobre o eixo Ox. Denotaremos por xc o centro de massa da gangorra (sistema), ou seja, o ponto de apoio de forma que a gangorra fique em equilíbrio, considerando as condições anteriores. Figura 2 m1 m2 Figura 3 m1(xc – x1) = m2 (x2 – xc) m1xc + m2xc = m1x1 + m2x2 21 2211 mm xmxm xc Obs: M1 = m1x1 = momento de massa m1 em relação à origem (a origem é o referencial); x1 = distância do objeto de massa m1 em relação a origem; M2 = m2x2 = momento de massa m2 em relação à origem (a origem é o referencial); x2 = distância do objeto de massa m2 em relação a origem. Generalizando, considere um sistema S de n partículas com massas m1, m2, . . . , mn localizadas nos pontos x1, x2, . . . , xn respectivamente sobre o eixo Ox. Nesse caso, o centro de massa do sistema é dado pela razão entre o somatório dos momentos e a massa total, como mostra a equação a seguir. m M m xm x n i i n i ii c 1 1 Assim, o momento do sistema é M = mxc. Observe que o centro de massa é um ponto em que podemos concentrar todas as massas do sistema de forma que o somatório dos momentos em relação ao referencial considerado continua o mesmo. No caso bidimensional, vamos considerar que as partículas estão posicionadas no plano cartesiano (sistema xOy), como na Figura 4 a seguir: Figura 4 Definimos, de forma análoga ao sistema unidimensional: O momento do sistema em relação ao eixo Ox, que indicaremos por Mx, por n i iix ymM 1 (yi é a “distância orientada” de mi até o eixo Ox, i = 1,2, ...,n.) O xc x1 x2 m1 m2 O momento do sistema em relação ao eixo Oy, que indicaremos por My, por n i iiy xmM 1 (xi é a “distância orientada” de mi até o eixo Oy, i = 1,2, ...,n.) Assim, o centro de massa do sistema é: n i i n i ii n i i i n i i xy cc m ym m xm m M m M yx 1 1 1 1 ,,),( My = m xc (momento do sistema em relação ao eixo Oy) (I) Mx = m yc (momento do sistema em relação ao eixo Ox) (II) Nosso objetivo é calcular o centro de massa de placas planas finas de material homogêneo (denominas de lâminas) com densidade (de área) uniforme ρ (massa por unidade de área) que ocupa uma região R do plano com área superficial A. OBS: Se a placa tem massa m então ρ= m/A, os seja, m = ρA. Assim, podemos escrever (I) e (II) anteriores, respectivamente, como: My = ρAxc e Mx = ρA yc. Para tal propósito, vamos assumir os seguintes princípios físicos: 1) Princípio de simetria: a) Se a região R é simétrica em relação a uma reta l então o centro de massa de R está em l. b) Se R possui dois eixos de simetria então o centro de massa de R está na interseção dos eixos. Obs: Para um triângulo qualquer, o centro de massa coincide com o baricentro do triângulo, portanto se um triângulo têm vértices com coordenadas (x1, y1), (x2, y2) e (x3, y3) então 3 , 3 ),( 321221 yyyxxx yx cc . 2) O momento da união de duas regiões sem interseção ou cuja interseção é apenas uma linha é a soma dos momentos das regiões individuais. Considere uma placa homogênea com densidade de área uniforme ρ que ocupa uma região R do plano, sendo R limitada pelo gráfico da função y = f(x), contínua em [a,b], com f(x) ≥ 0 em [a,b], pelo eixo Ox e pelas retas x = a e x= b. Vamos dividir o intervalo [a, b], em subintervalos de mesmo tamanho, tomando- se uma partição: a = xo < x1 < ...< xi-1< xi < ...xn = b. Seja ∆𝑥𝑖 = xi – xi-1, e tomemos ],[ 1 iici xxx o ponto médio do intervalo, ou seja, 2 1 ii ci xx x , i = 1,2,...,n. Nessas condições, podemos dizer que a região R é aproximadamente igual a união dos retângulos Ri de base ∆𝑥𝑖 e altura f(xci), i = 1,2,...,n. Logo, cada retângulo Ri tem centro de massa o ponto 2 )( , cicii xf xC e área 𝐴𝑖 = 𝑓(𝑥𝑐𝑖). ∆𝑥𝑖. Assim, os momentos de cada retângulo são: Em relação ao eixo Ox: i cici ici i x x xfxf xxfM 2 )( 2 )( )( 2 . Em relação ao eixo Oy: ciici i y xxxfM )( icici xxfx )( . Para encontrar os momentos da região R fazemos o máximo dos ∆𝑥𝑖 tender a zero. Consequentemente temos, dx xf x xf MM b a i ci n ix n i i x x x ii 2 ))(( 2 )( limlim 22 10max10max dxxxfxxfxMM b a icici n ix n i i y x y ii )()(limlim 10max10max . Daí, as coordenadas do centro de massa da placa são: b a b ayy c dxxxf AA dxxxf A M m M x )( 1 )( , em que b a dxxfA .)( xci a = xo xn = b xi-1 xi x1 f(xci) b a b axx c dxxf AA dx xf A M m M y 2 2 ))(( 2 12 ))(( Analogamente, podemos obter: 1) Se R limitada pelos gráficos das funções y = f(x) e y = g(x), contínuas em [a,b], com f(x) ≥ g(x) em [a,b], e pelas retas x = a e x= b, então: b a c dxxgxfx A x )()( 1 e b a c dxxgxf A y 22 ))())(( 2 1 , sendo b a dxxgxfA .)()( 2) Se R limitada pelo pela curva x = f(y), contínua em [c,d], com f(y) ≥ 0 em [c,d], pelo eixo Oy e pelas retas y = c e y = d. d c c dyyf A x 2))(( 2 1 e d c c dyyyf A y )( 1 , sendo d c dyyfA .)( 3) Se R limitada pelas curvas x = f(y) e x = g(y), contínuas em [c,d], com f(y) ≥ g(y) em [c,d], e pelas retas y = c e y = d, então: d c c dyygyf A x 22 ))(())(( 2 1 e d c c dyygyfy A y )()( 1 , sendo d c dyygyfA .)()( TEOREMA DE PAPPUS Se uma região plana (R) gira em torno de uma reta de seu plano que não a intercepta, o volume do sólido (S) gerado é igual ao produto da área da região planapelo comprimento da circunferência percorrida pelo centro de massa da região R. Demonstração] Seja R a região limitada pelos gráficos das funções y = f(x) e y = g(x), contínuas em [a,b], com f(x) ≥ g(x) em [a,b], e pelas retas x = a e x = b, com 0 ≤ a < b. Considere S o sólido obtido pela rotação de R em torno do eixo Oy. Pelo método dos invólucros cilíndricos, b a dxxgxfxSV ))()((2)( (I) x y (x,y) = (2/5,1/2) C (2/5,1/2) Além disso, temos que: b a c dxxgxfx A x )()( 1 (II) De (I) e (II) podemos concluir que: AxSV c 2)( , observe que cx 2 é distância percorrida pelo centro de massa, quando a região R gira em torno do eixo Oy, isto é, comprimento da circunferência de centro (0, yc) e raio xc. Se a região R gira em torno do eixo Ox, pelo método das seções transversais: b a dxxgxfSV 22 ))())(()( (III) e também temos que b a c dxxgxf A y 22 ))())(( 2 1 (IV). De (III) e (IV) temos AySV c 2)( , observe que nesse caso, cy 2 é a distância percorrida pelo centro de massa, quando a região R gira em torno do eixo Ox, isto é, comprimento da circunferência de centro (xc, 0) e raio yc. REFERÊNCIA: STEWART, James, Cálculo, Volume I, Editora Thomson.