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Reclamação trabalhista inicial VERSÃO FINAL

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EXMO. SR(A). DR(A). JUIZ(A) DA ... VARA DO TRABALHO DE ...
(10 linhas)
Rafael..., brasileiro, inscrito no RG sob o nº – ... e no CPF sob o nº ..., falecido em..., representado por Sra. Joana..., brasileira, companheira do DE CUJUS, profissão..., inscrita no RG sob o nº ..., e no CPF sob o nº ..., que ora também representa (ou assiste) o filho de ambos,..., brasileiro, estado civil..., profissão..., inscrito no RG sob o nº ..., e no CPF sob o nº ...,, todos residentes e domiciliados na Rua ..., n.º..., Bairro ... – Cidade ... – ..., CEP ..., vem por seu advogado e procurador infra-assinado, devidamente constituído nos termos do instrumento procuratório em anexo, propor a presente:
RECLAMAÇÃO TRABALHISTA 
Com fulcro no artigo 319 do NCPC e do artigo 840 § 1º da CLT, contra a empresa..., pessoa jurídica de direito privado inscrita no CNPJ n.º ..., sediada na Rua ..., nº..., Bairro ..., Cidade.., CEP .., pelas razões fáticas e jurídicas a seguir expostas. 
I - DA LEGITIMIDADE
Herdeiros necessários podem ajuizar ação, independente de inventário. Em se tratando de herdeiros necessários (filhos, pais e cônjuge), é dispensável a apresentação de documento expedido pelo juízo do inventário, atestando a condição de herdeiros, para o ajuizamento de ação trabalhista em que se postula direitos decorrentes do contrato de trabalho mantido com o empregado falecido.
A discussão acerca da legitimidade ativa para ajuizar ação pedindo parcelas trabalhistas devidas a empregado falecido, resolve-se à luz da Lei 6.858/1980. O artigo 1º dessa norma estabelece que, tanto os dependentes habilitados perante a Previdência Social, quanto os sucessores previstos na lei civil, podem requerer as verbas não recebidas em vida pelo empregado morto, "independentemente de inventário ou arrolamento."
Por este fundamento, a 5ª Turma do TRT-MG afastou a alegação de ilegitimidade dos herdeiros, que ajuizaram ação pedindo indenização pelo acidente de trabalho que vitimou o empregado. Aplicando, por analogia, a Lei 6.858/80, a Turma entendeu que a abertura de inventário é dispensável, porque os reclamantes, além de serem herdeiros necessários do trabalhador, estão inscritos como seus dependentes junto à Previdência Social.
TJSP - Agravo de Instrumento AG 990092366955 SP (TJSP) Data de Publicação: 08/03/2010 Ementa: AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. Acidente de trabalho. Responsabilidade civil. Morte de empregado. Ação ajuizada pela viúva. Irrelevância. Competência da Justiça do Trabalho. Dicção do art. 114, VI, da Constituição Federal. Recurso provido.
II - BREVE RELATO DOS FATOS
A sra. Joana... , presente representante e Reclamante nesta ação, era companheira do Sr. Rafael..., com ele tendo um filho, o .... . Ocorre que o representado pela Reclamante trabalhou por dois anos para a Reclamada, tendo com ela vínculo empregatício, mas que após esse período foi obrigado pela Reclamada a rescindir do vínculo, e a constituir uma pessoa jurídica para continuar a prestação dos serviços. 
O representado pela Reclamante prestou serviço para a Reclamada desde (data) ... do ano de ... até (data) ... do ano de ..., exercendo a função de ..., percebendo a remuneração de R$ .... 
Temendo perder o emprego, e com a promessa de maiores ganhos financeiros, o representado pela Reclamante acatou o pedido da Reclamada. Contudo, após um ano de prestação de serviço como Pessoa Jurídica, o representado sofreu um acidente de trabalho, e em razão deste, veio a óbito.
Diante de todo o exposto, vem a Reclamante propor a presente ação trabalhista.
III – FUNDAMENTAÇÃO JURÍDICA DO PEDIDO
A “pejotização” pode ser definida como um mecanismo que procura burlar a legislação trabalhista. Para tanto, o empregador exige do empregado que este crie uma personalidade jurídica. Então, é realizado um contrato de prestação de serviços entre as partes. 
Porém, o fenômeno conhecido no mundo jurídico como “pejotização”, degrada o ambiente laboral, sendo elemento de enfraquecimento jurídico formado pelo “empregado” e a empresa, o que não se pode admitir, se quer em tese, por se tratar de justiça.
Com o supracitado fenômeno, o que ocorre, é que enquanto o empregador obtém muitas vantagens, ficando numa situação bastante cômoda, ou seja, diminui gastos com as garantias do trabalhador, como FGTS, recolhimento do INSS, férias, 13º salário, aviso prévio etc., o, empregado, fica sem todas as garantias conquistadas ao longo dos anos e asseveradas pela Constituição Federal de 1988 e na CLT.
Com efeito, o empregado fica completamente desamparado, numa situação humilhante, já que a qualquer momento a relação jurídica inidônea pode ser finalizada sem que o obreiro tenha qualquer acesso aos direitos trabalhistas inerentes à relação empregatícia.
É importante ressaltar que a contratação de pessoa jurídica para prestar serviços não é intrinsecamente irregular, isto é, por si só ilegal, mas só pode ser considerada “pejotização” se restar configurada como meio de fraude aos direitos do trabalhador. Nesse sentido, leciona Maurício Godinho Delgado (2008, p. 291):
“Obviamente que a realidade concreta pode evidenciar a utilização simulatória da roupagem da pessoa jurídica para encobrir prestação efetiva de serviços por uma específica pessoa física, celebrando-se uma relação jurídica sem a indeterminação de caráter individual que tende a caracterizar a atuação de qualquer pessoa jurídica. Demonstrado, pelo exame concreto da situação examinada, que o serviço diz respeito apenas e tão somente a uma pessoa física, surge o primeiro elemento fático-jurídico de relação empregatícia”.
Com efeito, acrescente-se, a lição de Rodrigo Garcia Schwarz (2012, p. 720):
"A pejotização consiste na simulação praticada com o objetivo de reduzir custos trabalhistas, em fraude à aplicação dos preceitos contidos na legislação trabalhista, de contratação de uma pessoa jurídica na prestação de serviços à empresa, em substituição à pessoa física do trabalhador empregado. Trata-se de instituto similar à marchandage, ou locação de mão de obra, que se caracteriza pela contratação do trabalhador por pessoa interposta. No entanto, na pejotização, normalmente a pessoa interposta é constituída, como mera fachada, pelo próprio trabalhador, por determinação do tomador de serviços, de forma que o próprio trabalhador traveste-se de pessoa jurídica, seja na condição formal de titular de uma firma individual, seja na condição formal de sócio de uma sociedade empresarial". 
Nesse sentido, a CLT dispõe em seu art. 9º, que serão nulos de pleno direito os atos praticados com o objetivo de desvirtuar, impedir ou fraudar a aplicação dos preceitos contidos na presente Consolidação. Segue demonstrada jurisprudência nesta direção:
“RECURSO ORDINÁRIO. VÍNCULO. PEJOTIZAÇÃO. PRINCÍPIO DA PRIMAZIA DA REALIDADE. A exigência de prestação de serviços permanentes pelo trabalhador, com pessoalidade, descaracteriza a pretensa relação comercial entre duas empresas. Demonstrando-se que só o obreiro era aceito para a realização do trabalho, irrelevante que exista pessoa jurídica constituída, pagamento mediante entrega de notas fiscais ou quaisquer outras formalidades dessa espécie. Todos esses elementos considerados criam e evidenciam um vínculo distanciado da simples prestação de serviços (trabalho autônomo) propalada pela demandada. Na verdade, apesar do conteúdo desforme, em face da própria especificidade do trabalho, a subordinação jurídica aqui é palpável, especialmente em se considerando a exigência de controle de jornada e submissão direta a ordens, informação dada em depoimento pessoal pelo autor e não contestada pela demandada, bem como fornecimento, pela ré, de condições essenciais para o desenvolvimento do trabalho (...)”. (Acórdão nº. RO 1506006820095070011. TRT 7ª Região. Primeira Turma. Relatora: Des. Rosa de Lourdes Azevedo Bringel. 23.02.2012)”.
A jurisprudência baiana reforça a mesma posição:
VÍNCULO DE EMPREGO. PEJOTIZAÇÃO. PRINCÍPIO DA PRIMAZIA DA REALIDADE. À luz doprincípio da primazia da realidade, a contratação de trabalhadores por intermédio de pessoa jurídica (“pejotização”), acaso constatada a presença dos elementos fáticos-jurídicos da relação empregatícia (artigos 2º e 3º daCLT), importa em seu reconhecimento. TRT-5 - Recurso Ordinário : RecOrd 00001067020135050024 BA 0000106-70.2013.5.05.0024
	
Segundo os artigos 3º e 4º (caput) da CLT, considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual ao empregador, sob a dependência deste e mediante salário, considerando-se como de serviço efetivo, o período em que o empregado esteja à disposição do empregador, aguardando ou executando ordens, salvo disposição especial expressamente consignada.
Portanto, de tudo se concluí, que na prática, a relação de trabalho entre a Reclamada e o Reclamante era permeada por verdadeiro pacto trabalhista, com o preenchimento de todos os requisitos que comprovam o vínculo de emprego, caindo por terra o contrato de prestação de serviço firmado entre as partes; descortinada a pejotização.
IV – DOS PEDIDOS
Em face do exposto, e do mais que dos autos consta, requer-se, digne-se V.Exa. julgar integralmente procedente a presente reclamação para condenar a Reclamada, no pagamento das verbas a seguir especificadas e declarações e cominações a seguir requeridas:
Declarar o vínculo de trabalho com efeitos ex tunc, à data de..., com determinação de anotação e regularização da CTPS do representado da Reclamante, sendo de rigor a regularização da CTPS deste, com anotação do período, a gerar os efeitos trabalhistas, fundiários e previdenciários correlatos;
Declarar a nulidade dos contratos de prestação de serviços destinados a receber salário “por fora” do representado da Reclamante por fraude de ‘pejotização’, declarando a natureza salarial dos valores pagos como contraprestação dos serviços para todos os fins de integração às verbas salariais adiante discriminadas;
Declarar a rescisão imotivada do contrato de trabalho, com pagamento das verbas rescisórias salariais e indenizatórias devidas, a saber: 13º salário proporcional, aviso prévio, férias proporcionais e terço constitucional, recolhimento do FGTS por todo o pacto laboral, bem como da multa de 40% do FGTS, na forma da causa de pedir: a ser liquidado em execução de sentença, momento em que serão acrescentadas às verbas em questão a correção monetária do período e os juros moratórios; além de todos os reflexos sobre as verbas trabalhistas.
O pagamento, na primeira audiência, das verbas incontroversas, sob pena de dobra, nos termos do disposto no artigo 467 da C.L.T.;
A aplicação da multa prevista no artigo 477 da CLT, tendo em vista que o Reclamante não deu causa à dispensa;
Condenar a Reclamada a indenizar pelos danos morais experimentados pelo falecido decorrente da imposição simulatória que o privou dos direitos trabalhistas correspondente à ... , da remuneração do representado da Reclamante. A calcular em liquidação de sentença;
Sejam as verbas ilíquidas apuradas em execução de sentença, por cálculos, com os devidos acréscimos legais; 
A notificação da Reclamada no endereço já declinado, para querendo, apresentar defesa, sob pena de revelia;
Ordenar o pagamento por danos morais e materiais decorrentes do acidente do trabalho que gerou o óbito do obreiro e suas consequências patrimoniais a serem apurados por perícia com fulcro na legislação civil, em especial os Arts. 186 e 927 do Código Civil e a correspondente liquidação em execução de sentença;
Seja julgada inteiramente procedente a presente reclamação, com a condenação da Reclamada no principal, acrescido da correção monetária e juros legais, nos termos do Enunciado n.º 200 do TST, além das custas processuais.
Finalmente, protesta-se pela produção de todo o gênero de provas em direito admitido, em especial, testemunhal e depoimento pessoal das partes.
Dá-se à causa, para fins de alçada, o valor de R$ ... (...).
Termos nos quais,
Pede deferimento.
Local e Data ...
Nome, Advogado ...
OAB nº ....

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