Buscar

RECLAMAÇÃO+-+TRABALHISTA+01

Prévia do material em texto

1 
 
EXMO. SR. DR. JUIZ DA _ VARA DO TRABALHO DE 
BALNEÁRIO CAMBORIÚ/SC 
 
 
 
 
PEDRO LEMOS, Brasileiro, casado, Técnico em 
Informática, inscrito no CPF sob o n. _________, 
residente e domiciliado _______, n° ___, bairro 
______, em Balneário Camboriú/SC, CEP;________, 
vem perante a presença de Vossa Excelência, propor 
RECLAMAÇÃO TRABALHISTA, pelo procedimento 
ordinário, com fulcro no artigo 840, parágrafo 1º, 
da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), 
combinado com art. 282 do Código de Processo 
Civil, aplicado subsidiariamente ao Processo do 
Trabalho por força do artigo 769 da CLT, em face 
da: FUNDAÇÃO DE TECNOLOGIA DO ESTADO DE SANTA 
CATARINA, pessoa jurídica de direito privado, 
inscrita sob o n° do CNPJ ________, endereço 
completo/CEP, pelos motivos de fato e de direito a 
seguir explanados: 
I - DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA 
Conforme lei nº 1060/50 artigo 14, combinado 
com artigo 790 parágrafo 3º da CLT, requer a 
concessão da justiça gratuita em favor da 
reclamante. 
Cumpre salientar que a Requerente não possui 
condições financeiras de arcar com custas 
processuais e honorárias advocatícias, sem 
prejuízo ao seu próprio sustento e de sua família, 
requerendo desde já os benefícios da justiça 
gratuita, nos termos do artigo 4º da Lei 1.060/50, 
com redação introduzida pela Lei 7.510/86. 
II - DOS FATOS 
2 
 
Ocorre que o requerente consistia em prestar 
consultoria na área de informática para diversos 
clientes da Fundação, entidade esta sem fins 
lucrativos que se destina a propagar o ensino e o 
desenvolvimento tecnológico para micro e pequenas 
empresas catarinenses. 
O fato é que desde a contratação, o Autor 
exercia suas atividades em sua residência, tinha 
também que usar próprio computador, assim como 
arcava com os custos de internet de R$ 100,00 (cem 
reais) por mês, uma vez que isto era indispensável 
para a realização de suas atividades 
profissionais. 
 O Requerente não tinha horário fixo para 
exercer suas atividades laborais, mas tinha que se 
conectar ao servidor da Fundação para que fosse 
possível prestar serviços. Para realizar este 
acesso tinha que inserir login e senha no sistema 
informatizado. 
Nesse contexto, restou pactuado com seu 
empregador que a jornada de trabalho seria de 44 
(quarenta e quatro) horas semanais, pelas quais 
receberia a remuneração bruta mensal de R$5.500,00 
(cinco mil e quinhentos reais). Porém, o Autor 
sempre laborava mais do que a referida jornada, 
trabalhando em média 50 (cinquenta) horas por 
sema, ou seja, fazendo jus as horas extras. 
O Autor foi comunicado da sua dispensa em 
31/01/2018, tendo trabalhado durante o aviso 
prévio até o dia 02/03/2018. Nesse período foi 
observada a redução de duas horas na jornada de 
trabalho. 
O pagamento das verbas rescisórias foi feito 
em 09/03/2018, mediante deposito bancário. Os 
documentos necessários para o saque do fundo de 
garantia por tempo de serviço e para o recebimento 
do seguro desemprego somente lhe foram entregues 
em 16/03/2018. 
3 
 
III - DAS VERBAS RESCISÓRIAS 
Por ocasião de sua dispensa, o Reclamante não 
recebeu as verbas rescisórias devidas no prazo 
legal, quais sejam: Aviso Prévio, Horas Extras, 
FGTS + 40%, o que deve ser realizado perante este 
r. Juízo. 
a) DAS HORAS EXTRAS 
O RECLAMANTE enquanto trabalhou na referida 
empresa recebia por mês o equivalente a R$ 
5.500,00 (cinco mil e quinhentos) reais. 
Conclui-se, pois, que o mesmo laborava em 
regime de trabalho extraordinário, porém não 
recebendo corretamente as horas extras a que tinha 
direito, pois se comprovará pelos logins feito no 
servidor a serem juntados pela Reclamada, o mesmo 
laborava em jornada excedente às 08 (oito) horas 
diárias. 
Portanto, faz jus há receber as horas 
extraordinárias laboradas não pagas que excederem 
da 44ª (quadragésima quarta) hora semanal ou 8ª 
hora diária, com a devida atualização legal. 
Ademais, o Reclamante trabalha 55 horas 
semanais, sendo que o seu contrato é de 44 horas. 
Durante todo o pacto laboral, o Reclamante não 
tinha um horário fixo para exercer sua função, sem 
intervalo intrajornada de trabalho, ocorrendo 
assim extrapolação da jornada. Fato este que entra 
em desconformidade com o Art. 7° inciso XIII e a 
Constituição Federal de 1988, assim diz o 
referente artigo: 
Art. 7º São direitos dos 
trabalhadores urbanos e rurais, além 
de outros que visem à melhoria de sua 
condição social. 
XIII - duração do trabalho normal não 
superior a oito horas diárias e 
quarenta e quatro semanais, facultada 
4 
 
a compensação de horários e a redução 
da jornada, mediante acordo ou 
convenção coletiva de trabalho; 
Contudo, de acordo com os fatos mencionados o 
reclamante excedeu o limite semanal, devendo a 
reclamada pagar as horas extraordinárias devidas. 
Complementando assim o artigo anterior, 
vejamos o que dizo artigo 6° da CLT: 
Art. 6° Não se distingue 
entre o trabalho realizado no 
estabelecimento do 
empregador, o executado no 
domicílio do empregado e o 
realizado a distância, desde 
que estejam caracterizados os 
pressupostos da relação de 
emprego. 
Parágrafo único. Os meios 
telemáticos e informatizados 
de comando, controle e 
supervisão se equiparam, para 
fins de subordinação 
jurídica, aos meios pessoais 
e diretos de comando, 
controle e supervisão do 
trabalho alheio. 
Vale observar que diz a 
jurisprudência: 
 AGRAVO DE INSTRUMENTO EM 
RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO 
PELA RECLAMADA. 1. 
INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO 
TRABALHO. ACIDENTE DO 
TRABALHO. Não há como divisar 
ofensa direta e literal ao 
artigo 2º da Lei nº 8.078/90, 
porquanto referido 
dispositivo não cuida da 
5 
 
competência da Justiça do 
Trabalho. Outrossim, 
ressalte-se que não se 
conhece da revista pela 
alegada ofensa ao art. 114 da 
CF, porquanto a reclamada se 
olvidou de indicar 
expressamente o inciso tido 
como violado, o que não 
atende aos ditames da Súmula 
nº 221 do TST. Divergência 
jurisprudencial inespecífica 
à luz da Súmula nº 296, I, do 
TST. 2. HORAS EXTRAS. 
ATIVIDADE EXTERNA. HOME 
OFFICE. POSSIBILIDADE DE 
CONTROLE DA JORNADA. O 
Regional foi categórico no 
sentido de que o contrato de 
trabalho da reclamante, além 
de não fazer nenhuma alusão 
ao art. 62, I, da CLT, 
estabeleceu, em sua cláusula 
5ª, a obrigatoriedade de 
horário, além de haver ficha 
de registro fixando jornada a 
ser cumprida. Ressaltou, 
ainda, que a prova dos autos 
demostrou a possibilidade do 
controle da jornada na 
modalidade de trabalho home 
office, razão pela qual 
afastou o enquadramento na 
exceção do art. 62, I, da 
CLT. Desse modo, em que pese 
a reclamante realizar 
atividade externa, não se 
vislumbra a alegada ofensa ao 
artigo 62, I, da CLT. 
Observa-se, por outro lado, 
que a decisão não está 
amparada apenas nas regras de 
distribuição do ônus 
probatório, mas também nas 
6 
 
provas produzidas e 
valoradas, de modo que não é 
possível divisar violação 
direta e literal dos artigos 
818 da CLT e 333 do CPC/15. 
Divergência jurisprudencial 
inválida. Agravo de 
instrumento conhecido e não 
provido. B) RECURSO DE 
REVISTA INTERPOSTO PELA 
RECLAMANTE. 1. HORAS EXTRAS. 
ATIVIDADE EXTERNA. HOME 
OFFICE. JORNADA DE TRABALHO 
FIXADA. ÔNUS DA PROVA. O 
Regional, ao fixar jornada de 
trabalho de modo diverso do 
pretendido pela empregada, 
inclusive em relação à 
fruição do intervalo 
intrajornada, nãosimplesmente desconsiderou a 
suposta presunção que 
militava em favor da obreira, 
na forma prevista na Súmula 
nº 338 do TST, ao contrário, 
pautou-se pela efetiva prova 
produzida pelas partes e, 
diante das peculiaridades do 
caso, trabalho na modalidade 
home office, ou seja, 
trabalho realizado na própria 
residência do empregado por 
meio de celular e notebook, 
entendeu por fixar o início e 
o final da jornada de 
trabalho segundo a jornada 
contratual e de acordo com os 
cerca de 300 e-mails 
constantes do acervo 
probatório, por serem os 
meios de controles dos quais 
se valeu o empregador. Aliás, 
a jornada arbitrada não 
decorreu de inversão do ônus 
7 
 
da prova, em verdade, 
encontra-se pautada pelos 
princípios da razoabilidade e 
da proporcionalidade. Diante 
do exposto, por certo não 
restaram violados os artigos 
62, I, e 74, § 2º, da CLT, 
muito menos contrariada a 
Súmula nº 338 desta Corte. 
Ademais, sequer há falar em 
fixação da jornada pela regra 
da OJ nº 233 da SDI-1 do TST, 
visto que trata de hipótese 
diversa dos autos. 
Divergência jurisprudencial 
inespecífica à luz da Súmula 
nº 296, I, do TST. Recurso de 
revista não conhecido. 2. 
INTEGRAÇÃO DAS COMISSÕES. O 
Regional consignou 
expressamente que os 
documentos juntados aos 
autos, notadamente os 
comprovantes de pagamento e 
recibo rescisório, 
comprovaram que o valor pago 
sob a rubrica "comissões" 
restou integrado à 
remuneração para todos os 
efeitos. Diante desse quadro 
fático, insuscetível de 
reexame em sede 
extraordinária a teor da 
Súmula nº 126 do TST, não há 
como divisar violação do art. 
457 da CLT. Outrossim, o 
Regional não examinou a 
controvérsia sob o enfoque do 
artigo 302 do CPC/73, razão 
pela qual resta evidente a 
ausência de prequestionamento 
nos termos da Súmula nº 297 
do TST. Recurso de revista 
não conhecido. 3. FÉRIAS 
8 
 
VENCIDAS. O Regional concluiu 
que a reclamante não 
conseguiu demonstrar suas 
alegações no sentido de que 
teria deixado de usufruir as 
férias relativas ao período 
aquisitivo 2008/2009, bem 
como que, em relação ao 
interregno 2009/2010, teria 
gozado, apenas, 10 dias e 
após o período concessivo. 
Para tanto, consignou que os 
documentos juntados aos autos 
comprovaram o pagamento de 
férias acrescidas do terço 
constitucional e o período em 
que foram fruídas. Diante 
desse quadro fático, 
insuscetível de reexame em 
sede extraordinária a teor da 
Súmula nº 126 do TST, não há 
como divisar violação dos 
arts. 135 e 818 da CLT. 
Outrossim, o Regional não 
examinou a controvérsia sob o 
enfoque do artigo 302 do 
CPC/73, razão pela qual resta 
evidente a ausência de 
prequestionamento nos termos 
da Súmula nº 297 do TST. 
Recurso de revista não 
conhecido. 
(TST - ARR: 
15996720125010044, Relator: 
Dora Maria da Costa, Data de 
Julgamento: 21/06/2017, 8ª 
Turma, Data de Publicação: 
DEJT 23/06/2017) 
 
Sendo assim, diante das provas apresentadas 
através do login do Reclamante, confirma-se a 
9 
 
extrapolação da sua jornada de trabalho, devendo a 
Reclamada indeniza-lo. 
 
b) DO TELETRABALHO – DESPESAS 
PRINCÍPIO DA ALTERIDADE 
Deverá a Reclamada restituir o Reclamante no 
que tange as despesas trabalhistas no valor de 
R$100.00 já que o mesmo utilizava da internet de 
sua casa e o seu computador para exercer sua 
função. 
Assim dispõe o artigo 2° da CLT: 
Art. 2º Considera-se empregador a 
empresa, individual ou coletiva, que, 
assumindo os riscos da atividade 
econômica, admite, assalaria e dirige 
a prestação pessoal de serviço. 
Nota-se que a Reclamada se enquadra dentro 
desses requisitos propostos pela CLT, sendo assim 
é correto que a mesma seja a parte passiva da 
presente demanda. 
c) DO AVISO PRÉVIO INDENIZADO 
Tendo em vista a inexistência de justa causa 
para a rescisão do contrato de trabalho, surge 
para o Reclamante o direito ao Aviso Prévio 
indenizado, prorrogado o término do contrato, uma 
vez que o § 1º do art. 487, da CLT, estabelece que 
a não concessão de aviso prévio pelo empregador dá 
direito ao pagamento dos salários do respectivo 
período, integrando-se ao seu tempo de serviço 
para todos os fins legais. 
Dessa forma, o período do aviso prévio 
indenizado, corresponde a mais 3 dias de tempo de 
serviço. 
d) MULTA DO ART. 477 DA CLT 
10 
 
No que se refere a multa do citado artigo, deve 
acontecer, visto que ocorreu o atraso na entrega 
das guias por se tratar de uma obrigação 
acessória. 
Art. 477. Na extinção do contrato de 
trabalho, o empregador deverá 
proceder à anotação na Carteira de 
Trabalho e Previdência Social, 
comunicar a dispensa aos órgãos 
competentes e realizar o pagamento 
das verbas rescisórias no prazo e na 
forma estabelecidos neste artigo 
§ 6° A entrega ao empregado de 
documentos que comprovem a 
comunicação da extinção contratual 
aos órgãos competentes bem como o 
pagamento dos valores constantes do 
instrumento de rescisão ou recibo de 
quitação deverão ser efetuados até 
dez dias contados a partir do término 
do contrato. 
§ 8º - A inobservância do disposto no 
§ 6º deste artigo sujeitará o 
infrator à multa de 160 BTN, por 
trabalhador, bem assim ao pagamento 
da multa a favor do empregado, em 
valor equivalente ao seu salário, 
devidamente corrigido pelo índice de 
variação do BTN, salvo quando, 
comprovadamente, o trabalhador der 
causa à mora. 
Nesse sentido, cumpre citar a decisão do TST, que 
dispõe: 
RECURSO DE REVISTA. JUSTA CAUSA. 
REVERSÃO EM JUÍZO. VERBAS 
RESCISÓRIAS. MULTA DO ART. 477, § 8º, 
DA CLT 1. A iterativa, notória e 
atual jurisprudência do Tribunal 
Superior do Trabalho posiciona-se no 
11 
 
sentido de que é devida a multa 
prevista no art. 477, § 8º, da CLT, 
independentemente de a controvérsia 
haver sido dirimida em juízo, sendo 
inaplicável apenas quando o empregado 
der causa à mora no pagamento das 
verbas rescisórias. 2. Recurso de 
revista do Reclamante de que se 
conhece e a que se dá provimento. 
(TST - RR: 15890520115030108, 
Relator: João Oreste Dalazen, Data de 
Julgamento: 14/10/2015, 4ª Turma, 
Data de Publicação: DEJT 23/10/2015) 
Por fim, pede-se o pagamento no valor total do 
salário que era de R$5.500,00 (cinco mil e 
quinhentos reais). 
IV – PEDIDOS 
Diante do exposto, o RECLAMANTE requer: 
A citação da Reclamada para comparecer a 
presente audiência, sob pena do decreto de sua 
revelia e consequentemente aplicação dos efeitos 
da confissão, presumida, quanto a matéria fática; 
A condenação da Ré ao pagamento das seguintes 
verbas rescisórias: 
- Do teletrabalho – Horas extras 
- Dos reflexos 
- Da multa do Art. 477 CLT 
- Dos 3 dias de Aviso Prévio não pagos 
- Dos honorários advocatícios – requer que 
seja a Reclamada condenada ao pagamento de 
honorários advocatícios, nos termos do Art. 791 A 
da CLT, em grau máximo ou, sucessivamente em grau 
médio ou ainda outro valor determinado por Vossa 
Excelência. 
12 
 
V- REQUERIMENTOS 
Requer também, protestar e alegar por todos os 
meios de provas em direito admitidos. Sendo prova 
documental, testemunhal, pericial e todas que 
fizerem necessárias. 
A atualização monetária dos valores apurados e 
seus juros desde a citação. 
Requer, ainda, a concessão do benefício da 
Justiça Gratuita, nos termos do artigo 790 da CLT, 
declarando não estar em condições de arcar com as 
custas e despesasprocessuais sem prejuízo próprio 
ou de sua família . 
 
Dá-se o valor a causa a importância de R$ 
24.250,00 (vinte e quatro mil duzentos e cinquenta 
reais) para efeitos fiscais. 
Termos em que, pede deferimento. 
 
Local e Data 
 
 
Nome do Advogado 
OAB n° XXX.XXX

Continue navegando