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Aula 10 Anti inflamatórios e suas interações com nutrientes

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Anti-inflamatórios e suas 
interações com nutrientes
Inflamação
• Fisiopatologia
– Inflamação aguda
• Pode decorrer de vários estímulos
• Resposta rápida ao local de infecção ou injúria
• Direcionamento de leucócitos, proteínas plasmáticas 
para o local
– Inflamação crônica
• Pode decorrer de uma inflamação aguda
• Pode durar de semanas, meses ou até anos
Inflamação
• Ocorre, na inflamação, liberação de mediadores, 
ocorrendo a ativação de macrófagos, monócitos, 
linfócitos, neutrófilos, eosinófilos.
– Alguns destes mediadores resultam em respostas 
inflamatórias sistêmicas:
• Febre
• Hipotensão
• Leucocitose
• Dor
– Entre os mediadores da inflamação, vários são 
derivados do ácido araquidônico
Prostaglandinas e suas ações 
fisiológicas
PGI2 PGD2 & PGF2a PGE2 TXA2
Plaquetas: Inibe 
agregação plaquetária e 
dissolve aglomerados 
pré-formados. Limita a 
ativação plaquetária pelo 
TxA2, reduzindo a 
resposta trombótica à 
injúria vascular.
Rins: Mantém o fluxo 
renal e excreção de sal. 
PGI2 promove liberação 
de renina e natriurese
por seus efeitos na 
reabsorção tubular de 
Na+.
Músculo liso 
vascular (PGF2a): 
Vasoconstricção;
Útero: 
Relaxamento 
(PGD2) e contração 
(PGF2a).
Gravidez: A PGE2 derivada da COX-2 
mantém o canal arterial patente até o 
nascimento. Níveis reduzidos de PGE2
permitem o fechamento. Estimula a 
contração do útero gravídico humano;
Rins: Mantém o fluxo renal e excreção de 
sal;
Secreção gástrica e intestinal: Contribui 
para o aumento da secreção de muco 
(citoproteção), inibição da secreção de ácido 
gástrico e redução do conteúdo de pepsina. 
Inibe a lesão gástrica provocada por uma 
variedade de agentes ulcerogênicos e 
promove a cura de úlceras duodenais e 
gástricas;
Ossos: Estimula a formação óssea por 
aumentar a osteoblastogênese. A reabsorção 
óssea é também mediada pela PGE2, através 
da ativação de osteoclastos
Plaquetas: Induz 
agregação 
plaquetária;
Tônus vascular: 
Causa 
vasoconstricção;
Parturição: 
Importante nos 
estágios finais da 
poarturição.
Prostaglandinas e suas ações 
patofisiológicas
PGI2 PGD2 & PGF2a PGE2 TXA2
Inflamação: 
Aumenta o fluxo 
sanguíneo local, 
permeabilidade 
vascular e 
infiltração de 
leucócitos
Dor: Reduz o 
limiar para 
estimulação de 
nociceptores, 
causando 
sensibilização 
periférica
Inflamação (PGD2): 
Contribui para a 
inflamação em 
respostas alérgicas. 
Aumenta a 
permeabilidade e a 
perfusão vascular e 
promove 
diferenciação de 
células TH2. PGD2
pode também ativar 
células TH2 maduras 
e eosinófilos via 
receptor DP2.
Inflamação: Aumenta o fluxo 
sanguíneo local, a permeabilidade 
vascular e infiltração de leucócitos
Dor: Reduz o limiar para 
estimulação de nociceptores, 
causando sensibilização periférica
Febre: PGE2 pode atravessar a BHE 
e agir no receptor EP3 e talvez no 
EP1 em neurônios termosensíveis. 
Isto estimula que o hipotálamo eleve 
a temperatura corporal por 
promover um aumento na geração e 
diminuição na perda de calor.
Inflamação: 
Aumenta 
interação 
plaqueta-
leucócito.
Medicamentos anti-inflamatórios
• As terapias anti-inflamatórias clássicas são baseadas nos 
seguintes pontos:
– Anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs)  inibição das 
enzimas ciclooxigenase, inibindo a síntese de prostaglandinas
– Inibidores seletivos da ciclooxigenase 2 (COX-2)  inibição da 
expressão da ciclooxigenase 2, inibindo a síntese de 
prostaglandinas inflamatórias
– Corticosteróides inibição da expressão da fosfolipase A2, 
inibindo toda a cascata do ácido araquidônico
• Muitos dos efeitos terapêuticos, assim como efeitos adversos dos 
anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs) podem ser explicados 
pela ausência da função fisiológica das prostaglandinas devido à 
inibição da COX
AINEs
• Mecanismo de ação
– Inativação da COX-1 e COX-2
• Usos terapêuticos:
– Dor
– Inflamação
– Febre
– Cardioproteção: AAS
– Além de outros usos clínicos, como na doença de 
Alzheimer, inibição da progressão do câncer
AINE’s
• Efeitos adversos
– Efeitos gastrointestinais
– Efeitos cardiovasculares
– Nefrotoxicidade
• As contraindicações estão relacionadas aos 
efeitos adversos
– Por exemplo, pacientes com problemas renais, 
gastrite, problemas cardiovasculares
– Contraindicado para gestantes
Corticoides
• Inibem toda a cascata do ácido araquidônico, inibindo 
a síntese de todas as prostaglandinas
• Mecanismo de ação
– Diminuem a resposta imunológica, alérgica, e a resposta 
celular inflamatória
• Usos terapêuticos
– Doenças imunológicas, alérgicas
– Problemas respiratórios
– Transplante de órgãos, evitando a rejeição do novo órgão
– Doenças inflamatórias crônicas
– Doenças reumatológicas
– Problemas de pele
Corticoides
• Efeitos adversos
– Além dos efeitos adversos causados por AINEs, 
causam outros, como aumento de glicemia, 
lipidemia, acúmulo de gordura, diminuição na 
densidade óssea, catarata, entre outros
Interações com nutrientes
• Corticoides
– Dexametasona, betametasona, prednisolona
• AINEs
– Diclofenaco
– Indometacina
– Paracetamol
– Piroxicam
– Salicílicos
Interações fármaco-nutriente
– Diclofenaco
• Efeitos do fármaco sobre o estado nutricional
– Pode provocar náuseas, vômitos, dispepsia, constipação 
espástica ou diarreia, úlcera péptica gástrica 
– Se usada por longo período, pode provocar depleção das 
vitaminas B6, K e folacina
• Recomendações ao paciente
– Deve ser ingerido com alimento para diminuir a irritação 
gastrointestinal, embora haja retardo no início da absorção 
intestinal
– Dieta deve prevenir as alterações do TGI e seus anexos, as 
alterações renais e a recuperação do estado nutricional
Interações fármaco-nutriente
– Indometacina
• Efeitos do fármaco sobre o estado nutricional
– Pode gerar diminuição do apetite e consequente 
perda/ganho de peso, dispepsia, dor abdominal, úlcera e 
hemorragia digestiva, constipação espástica ou diarreia com 
perda de água e eletrólitos e hiperglicemia, sendo necessário 
muito cuidado com pacientes diabéticos
• Recomendações ao paciente
– Ingerir com alimento , para diminuir as alterações 
gastrointestinais, embora possa retardar sua absorção e 
reduzir sua concentração plasmática máxima
– Dieta visa a recuperação do estado nutricional, e normalização 
das funções do TGI e seus anexos, bem como o controle da 
função renal e do diabetes
Interações fármaco-nutriente
– Paracetamol
• Efeitos do fármaco sobre o estado nutricional
– Interfere ligeiramente na absorção das vitaminas B1, B6, K e 
folacina
• Efeitos dos nutrientes sobre a biodisponibilidade e 
efeito do fármaco
– A administração com alimentos causa diminuição na 
velocidade de absorção, devido à alteração da velocidade de 
esvaziamento gástrico
– Dietas hiperglicídicas retardam significativamente a absorção 
do paracetamol, pois dificultam a solubilização da droga, 
gerando níveis plasmáticos inferiores
Interações fármaco-nutriente
– Paracetamol
• Recomendações ao paciente
– Como não causa irritação gástrica, não é necessário 
administrar junto à alimentação
– Se é desejada uma ação rápida, evitar uma dieta hiperglicídica
– Se é desejado um efeito prolongado, recomenda-se
uma dieta hiperglicídica
– A dieta visa a recuperação do estado nutricional e a 
regularização do hemograma, funções digestivas e hepáticas 
(pois o fármaco pode causar alterações hepáticas, mais graves 
em pacientes alcoólatras crônicos) 
Interações fármaco-nutriente
– Salicílicos
• Efeitosdo fármaco sobre o estado nutricional
– O uso crônico causa: 
» Diminuição da disponibilidade da vitamina C, por aumentar sua 
excreção urinária
» Aumento da excreção urinária das vitaminas B1, B6 e K
» Diminuição dos níveis séricos de folato, ferro e potássio
» Diminuição das proteínas plasmáticas levando a um balanço 
nitrogenado negativo e promove alterações no metabolismo 
intermediário dos glicídios
• Efeitos dos nutrientes sobre a biodisponibilidade e efeito do fármaco?
– A ingestão de alimentos sólidos antes da administração do AAS diminui seus 
níveis plasmáticos
– Alimentos diminuem os distúrbios gastrointestinais, mas, por outro lado, 
retardam e reduzema absorção da droga
– Quando ingerida com bebida alcoólica , aumenta o risco de hemorragia 
gastrointestinal
Interações fármaco-nutriente
– Salicílicos
• Recomendações ao paciente
– A dieta visa manter e regularizar as funções gastrointestinais, 
hepáticas e renais
– Deve-se evitar/estimular a ingestão concomitante de alimentos 
que têm ação antitrombótica (alho, cebola, gengibre) e os ricos 
em salicilatos para evitar a potencialização da droga (abricó, 
ameixa fresca, amêndoa, amora, batata, cereja, groselha, laranja, 
limão, maçã, melão, morango, nectarina, nozes, passa, pepino, 
pêssego, pimenta, tangerina, tomate, uva e cerveja)
– A dieta visa recuperar o estado nutricional do paciente, 
principalmente em relação às interações provocadas pelo 
fármaco, e minimizar as alterações hepáticas e outras 
colateralidades (levando-se em conta se o paciente é diabético, e 
as alterações ligadas a minerais e vitaminas, a hipoproteinemia e 
a anemia)
Interações fármaco-nutriente
– Corticosteroides
• Efeitos do fármaco sobre o estado nutricional
– Podem provocar náuseas, vômitos, disfagia, dispepsia, alteração 
gástrica (que pode evoluir para hemorragia), aumento do apetite 
(provocando ganho de peso)
– Retém/elimina sódio e água, gerando edema
– Estimula a gliconeogênese, aumentando/diminuindo os níveis 
séricos de glicose
– Promove glicosúria e resistência à insulina
– Aumenta a perda urinária de potássio, zinco, cálcio, fósforo, 
ácido úrico, nitrogênio, vitamina A, B6, C, bem como bloqueia o 
metabolismo renal da vitamina D
– No nível sérico, aumenta o sódio, colesterol total, triglicerídeos, 
potássio, magnésio, cálcio, zinco, fósforo T3, T4 e TSH
Interações fármaco-nutriente
– Corticosteroides
• Efeitos dos nutrientes sobre a biodisponibilidade e efeito do 
fármaco
– A hipoalbuminemia potencializa o efeito da droga
• Recomendações ao paciente?
– Deve ser ingerido com alimento para diminuir as alterações do 
TGI
– Deve-se ter uma atenção especial para os distúrbios 
hidroeletrolíticos
– A dieta deve ser hipervitamínica e minerálica (com excessão do 
sódio , que deve ser hipo), hiperprotídica, normo a hipoglicídica
com um mínimo de glicídios simples e sem concentração, 
normolipídica sem concentração, com uma relação 
poliinsaturado/saturado de pelo menos 1,8. Outras características 
da dieta serão ajustadas de acordo com cada paciente.
Exercícios
1- Sobre processos inflamatórios, responda V ou F 
a. ( ) Processos inflamatórios agudos podem durar meses, semanas 
b. ( ) Inflamações crônicas podem decorrer de inflamações agudas 
c. ( ) No processo inflamatório há direcionamento de leucócitos, 
ativação de macrófagos e eosinófilos 
d. ( ) Os mediadores da inflamação podem causar dor, febre, 
hipotensão e taquicardia 
e. ( ) Todos os mediadores da inflamação são derivados do ácido 
araquidônico 
f. ( ) As prostaglandinas são formadas a partir da ativação da 
lipooxigenase
g. ( ) A ciclooxigenase está presente na forma de COX-1 e COX-2 
Exercícios
2- Sobre as prostaglandinas, marque V ou F 
a. ( ) Desempenham apenas papel fisiológico 
b. ( ) Desempenham apenas papel patofisiológico 
c. ( ) Desempenham funções fisiológicas e 
patofisiológicas 
d. ( ) São responsáveis por todas as respostas 
inflamatórias 
e. ( ) Possuem atividade anti-inflamatória 
f. ( ) A inibição da síntese destes compostos causa 
efeito anti-inflamatório 
Exercícios
3- Explique como os AINEs podem causar problemas 
gástricos, explicando a relação destes problemas com a 
inibição da produção de prostaglandinas. 
4- Sabendo que a PGE2 mantém o canal arterial que liga 
a mãe ao feto patente (aberto), explique por que o uso 
de AINEs é contra-indicado para gestantes? 
5- Cite duas consequências do uso de corticosteróides
sobre o estado nutricional do usuário.

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