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Anti-inflamatórios e suas interações com nutrientes Inflamação • Fisiopatologia – Inflamação aguda • Pode decorrer de vários estímulos • Resposta rápida ao local de infecção ou injúria • Direcionamento de leucócitos, proteínas plasmáticas para o local – Inflamação crônica • Pode decorrer de uma inflamação aguda • Pode durar de semanas, meses ou até anos Inflamação • Ocorre, na inflamação, liberação de mediadores, ocorrendo a ativação de macrófagos, monócitos, linfócitos, neutrófilos, eosinófilos. – Alguns destes mediadores resultam em respostas inflamatórias sistêmicas: • Febre • Hipotensão • Leucocitose • Dor – Entre os mediadores da inflamação, vários são derivados do ácido araquidônico Prostaglandinas e suas ações fisiológicas PGI2 PGD2 & PGF2a PGE2 TXA2 Plaquetas: Inibe agregação plaquetária e dissolve aglomerados pré-formados. Limita a ativação plaquetária pelo TxA2, reduzindo a resposta trombótica à injúria vascular. Rins: Mantém o fluxo renal e excreção de sal. PGI2 promove liberação de renina e natriurese por seus efeitos na reabsorção tubular de Na+. Músculo liso vascular (PGF2a): Vasoconstricção; Útero: Relaxamento (PGD2) e contração (PGF2a). Gravidez: A PGE2 derivada da COX-2 mantém o canal arterial patente até o nascimento. Níveis reduzidos de PGE2 permitem o fechamento. Estimula a contração do útero gravídico humano; Rins: Mantém o fluxo renal e excreção de sal; Secreção gástrica e intestinal: Contribui para o aumento da secreção de muco (citoproteção), inibição da secreção de ácido gástrico e redução do conteúdo de pepsina. Inibe a lesão gástrica provocada por uma variedade de agentes ulcerogênicos e promove a cura de úlceras duodenais e gástricas; Ossos: Estimula a formação óssea por aumentar a osteoblastogênese. A reabsorção óssea é também mediada pela PGE2, através da ativação de osteoclastos Plaquetas: Induz agregação plaquetária; Tônus vascular: Causa vasoconstricção; Parturição: Importante nos estágios finais da poarturição. Prostaglandinas e suas ações patofisiológicas PGI2 PGD2 & PGF2a PGE2 TXA2 Inflamação: Aumenta o fluxo sanguíneo local, permeabilidade vascular e infiltração de leucócitos Dor: Reduz o limiar para estimulação de nociceptores, causando sensibilização periférica Inflamação (PGD2): Contribui para a inflamação em respostas alérgicas. Aumenta a permeabilidade e a perfusão vascular e promove diferenciação de células TH2. PGD2 pode também ativar células TH2 maduras e eosinófilos via receptor DP2. Inflamação: Aumenta o fluxo sanguíneo local, a permeabilidade vascular e infiltração de leucócitos Dor: Reduz o limiar para estimulação de nociceptores, causando sensibilização periférica Febre: PGE2 pode atravessar a BHE e agir no receptor EP3 e talvez no EP1 em neurônios termosensíveis. Isto estimula que o hipotálamo eleve a temperatura corporal por promover um aumento na geração e diminuição na perda de calor. Inflamação: Aumenta interação plaqueta- leucócito. Medicamentos anti-inflamatórios • As terapias anti-inflamatórias clássicas são baseadas nos seguintes pontos: – Anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs) inibição das enzimas ciclooxigenase, inibindo a síntese de prostaglandinas – Inibidores seletivos da ciclooxigenase 2 (COX-2) inibição da expressão da ciclooxigenase 2, inibindo a síntese de prostaglandinas inflamatórias – Corticosteróides inibição da expressão da fosfolipase A2, inibindo toda a cascata do ácido araquidônico • Muitos dos efeitos terapêuticos, assim como efeitos adversos dos anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs) podem ser explicados pela ausência da função fisiológica das prostaglandinas devido à inibição da COX AINEs • Mecanismo de ação – Inativação da COX-1 e COX-2 • Usos terapêuticos: – Dor – Inflamação – Febre – Cardioproteção: AAS – Além de outros usos clínicos, como na doença de Alzheimer, inibição da progressão do câncer AINE’s • Efeitos adversos – Efeitos gastrointestinais – Efeitos cardiovasculares – Nefrotoxicidade • As contraindicações estão relacionadas aos efeitos adversos – Por exemplo, pacientes com problemas renais, gastrite, problemas cardiovasculares – Contraindicado para gestantes Corticoides • Inibem toda a cascata do ácido araquidônico, inibindo a síntese de todas as prostaglandinas • Mecanismo de ação – Diminuem a resposta imunológica, alérgica, e a resposta celular inflamatória • Usos terapêuticos – Doenças imunológicas, alérgicas – Problemas respiratórios – Transplante de órgãos, evitando a rejeição do novo órgão – Doenças inflamatórias crônicas – Doenças reumatológicas – Problemas de pele Corticoides • Efeitos adversos – Além dos efeitos adversos causados por AINEs, causam outros, como aumento de glicemia, lipidemia, acúmulo de gordura, diminuição na densidade óssea, catarata, entre outros Interações com nutrientes • Corticoides – Dexametasona, betametasona, prednisolona • AINEs – Diclofenaco – Indometacina – Paracetamol – Piroxicam – Salicílicos Interações fármaco-nutriente – Diclofenaco • Efeitos do fármaco sobre o estado nutricional – Pode provocar náuseas, vômitos, dispepsia, constipação espástica ou diarreia, úlcera péptica gástrica – Se usada por longo período, pode provocar depleção das vitaminas B6, K e folacina • Recomendações ao paciente – Deve ser ingerido com alimento para diminuir a irritação gastrointestinal, embora haja retardo no início da absorção intestinal – Dieta deve prevenir as alterações do TGI e seus anexos, as alterações renais e a recuperação do estado nutricional Interações fármaco-nutriente – Indometacina • Efeitos do fármaco sobre o estado nutricional – Pode gerar diminuição do apetite e consequente perda/ganho de peso, dispepsia, dor abdominal, úlcera e hemorragia digestiva, constipação espástica ou diarreia com perda de água e eletrólitos e hiperglicemia, sendo necessário muito cuidado com pacientes diabéticos • Recomendações ao paciente – Ingerir com alimento , para diminuir as alterações gastrointestinais, embora possa retardar sua absorção e reduzir sua concentração plasmática máxima – Dieta visa a recuperação do estado nutricional, e normalização das funções do TGI e seus anexos, bem como o controle da função renal e do diabetes Interações fármaco-nutriente – Paracetamol • Efeitos do fármaco sobre o estado nutricional – Interfere ligeiramente na absorção das vitaminas B1, B6, K e folacina • Efeitos dos nutrientes sobre a biodisponibilidade e efeito do fármaco – A administração com alimentos causa diminuição na velocidade de absorção, devido à alteração da velocidade de esvaziamento gástrico – Dietas hiperglicídicas retardam significativamente a absorção do paracetamol, pois dificultam a solubilização da droga, gerando níveis plasmáticos inferiores Interações fármaco-nutriente – Paracetamol • Recomendações ao paciente – Como não causa irritação gástrica, não é necessário administrar junto à alimentação – Se é desejada uma ação rápida, evitar uma dieta hiperglicídica – Se é desejado um efeito prolongado, recomenda-se uma dieta hiperglicídica – A dieta visa a recuperação do estado nutricional e a regularização do hemograma, funções digestivas e hepáticas (pois o fármaco pode causar alterações hepáticas, mais graves em pacientes alcoólatras crônicos) Interações fármaco-nutriente – Salicílicos • Efeitosdo fármaco sobre o estado nutricional – O uso crônico causa: » Diminuição da disponibilidade da vitamina C, por aumentar sua excreção urinária » Aumento da excreção urinária das vitaminas B1, B6 e K » Diminuição dos níveis séricos de folato, ferro e potássio » Diminuição das proteínas plasmáticas levando a um balanço nitrogenado negativo e promove alterações no metabolismo intermediário dos glicídios • Efeitos dos nutrientes sobre a biodisponibilidade e efeito do fármaco? – A ingestão de alimentos sólidos antes da administração do AAS diminui seus níveis plasmáticos – Alimentos diminuem os distúrbios gastrointestinais, mas, por outro lado, retardam e reduzema absorção da droga – Quando ingerida com bebida alcoólica , aumenta o risco de hemorragia gastrointestinal Interações fármaco-nutriente – Salicílicos • Recomendações ao paciente – A dieta visa manter e regularizar as funções gastrointestinais, hepáticas e renais – Deve-se evitar/estimular a ingestão concomitante de alimentos que têm ação antitrombótica (alho, cebola, gengibre) e os ricos em salicilatos para evitar a potencialização da droga (abricó, ameixa fresca, amêndoa, amora, batata, cereja, groselha, laranja, limão, maçã, melão, morango, nectarina, nozes, passa, pepino, pêssego, pimenta, tangerina, tomate, uva e cerveja) – A dieta visa recuperar o estado nutricional do paciente, principalmente em relação às interações provocadas pelo fármaco, e minimizar as alterações hepáticas e outras colateralidades (levando-se em conta se o paciente é diabético, e as alterações ligadas a minerais e vitaminas, a hipoproteinemia e a anemia) Interações fármaco-nutriente – Corticosteroides • Efeitos do fármaco sobre o estado nutricional – Podem provocar náuseas, vômitos, disfagia, dispepsia, alteração gástrica (que pode evoluir para hemorragia), aumento do apetite (provocando ganho de peso) – Retém/elimina sódio e água, gerando edema – Estimula a gliconeogênese, aumentando/diminuindo os níveis séricos de glicose – Promove glicosúria e resistência à insulina – Aumenta a perda urinária de potássio, zinco, cálcio, fósforo, ácido úrico, nitrogênio, vitamina A, B6, C, bem como bloqueia o metabolismo renal da vitamina D – No nível sérico, aumenta o sódio, colesterol total, triglicerídeos, potássio, magnésio, cálcio, zinco, fósforo T3, T4 e TSH Interações fármaco-nutriente – Corticosteroides • Efeitos dos nutrientes sobre a biodisponibilidade e efeito do fármaco – A hipoalbuminemia potencializa o efeito da droga • Recomendações ao paciente? – Deve ser ingerido com alimento para diminuir as alterações do TGI – Deve-se ter uma atenção especial para os distúrbios hidroeletrolíticos – A dieta deve ser hipervitamínica e minerálica (com excessão do sódio , que deve ser hipo), hiperprotídica, normo a hipoglicídica com um mínimo de glicídios simples e sem concentração, normolipídica sem concentração, com uma relação poliinsaturado/saturado de pelo menos 1,8. Outras características da dieta serão ajustadas de acordo com cada paciente. Exercícios 1- Sobre processos inflamatórios, responda V ou F a. ( ) Processos inflamatórios agudos podem durar meses, semanas b. ( ) Inflamações crônicas podem decorrer de inflamações agudas c. ( ) No processo inflamatório há direcionamento de leucócitos, ativação de macrófagos e eosinófilos d. ( ) Os mediadores da inflamação podem causar dor, febre, hipotensão e taquicardia e. ( ) Todos os mediadores da inflamação são derivados do ácido araquidônico f. ( ) As prostaglandinas são formadas a partir da ativação da lipooxigenase g. ( ) A ciclooxigenase está presente na forma de COX-1 e COX-2 Exercícios 2- Sobre as prostaglandinas, marque V ou F a. ( ) Desempenham apenas papel fisiológico b. ( ) Desempenham apenas papel patofisiológico c. ( ) Desempenham funções fisiológicas e patofisiológicas d. ( ) São responsáveis por todas as respostas inflamatórias e. ( ) Possuem atividade anti-inflamatória f. ( ) A inibição da síntese destes compostos causa efeito anti-inflamatório Exercícios 3- Explique como os AINEs podem causar problemas gástricos, explicando a relação destes problemas com a inibição da produção de prostaglandinas. 4- Sabendo que a PGE2 mantém o canal arterial que liga a mãe ao feto patente (aberto), explique por que o uso de AINEs é contra-indicado para gestantes? 5- Cite duas consequências do uso de corticosteróides sobre o estado nutricional do usuário.
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