Buscar

Livro educacao e ludicidade

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 24 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 24 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 24 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Yolanda Pereira Morel
Educação e Ludicidade
Sumário
03
CAPÍTULO 1 – Qual o Papel do Lúdico na Educação Infantil? .............................................05
Introdução ....................................................................................................................05
1.1 Definindo o conceito de ludicidade na história da humanidade .....................................05
1.1.1 Definindo o conceito de ludicidade e seus componentes ......................................06
1.1.2 Compreendendo melhor os conceitos ................................................................06
1.1.3 A trajetória da ludicidade .................................................................................08
1.2 Teorias de Jean Piaget ..............................................................................................10
1.2.1 Teoria do Desenvolvimento Humano ..................................................................10
1.2.2 Teoria da Aprendizagem ...................................................................................13
1.2.3 Um pouco mais sobre a Teoria da Aprendizagem ................................................14
1.3 Teorias de Lev Vygotsky .............................................................................................15
1.3.1 Teoria do Desenvolvimento Humano ..................................................................15
1.3.2 Teoria da Aprendizagem ...................................................................................15
1.3.3 A Mediação e o Pensamento .............................................................................16
1.4 Teorias de Henri Wallon ............................................................................................17
1.4.1 Teoria do Desenvolvimento Humano .................................................................17
1.4.2 Teoria da Aprendizagem ...................................................................................18
1.4.3 Outros aspectos da teoria de Wallon .................................................................19
Síntese ..........................................................................................................................21
Referências Bibliográficas ................................................................................................22
05
Capítulo 1 
Introdução
Olá! O que é lúdico para você? Você já parou para pensar se as escolas de Educação Infantil 
acabassem? Como seria a vida das crianças? Quem cuidaria delas no dia a dia e as educaria? 
Qual seria a relação da ludicidade com a educação infantil?
No contexto em que vivemos, no qual os responsáveis pelas crianças de 0 a 5 anos precisam 
trabalhar para garantir um mínimo de padrão econômico-social, seria inaceitável deixar essas 
crianças à mercê da sua própria sorte, caso contrário elas não teriam a oportunidade de de-
senvolverem-se adequadamente. Não basta simplesmente ter um local para deixar as crianças, 
precisamos desenvolver um trabalho de qualidade e ter conhecimento das questões que serão 
discutidas nas próximas páginas.
Neste capítulo, você conhecerá as teorias do desenvolvimento humano e da aprendizagem segun-
do Jean Piaget, Vygotsky e Wallon. Cada um dos autores possui uma visão diferente das fases do 
desenvolvimento. Piaget (1996) divide o desenvolvimento humano em quatro períodos de acordo 
com a faixa etária. Já para Vygotsky, “signos e palavras são para as crianças um meio de contato 
social com outras pessoas” (2003, p. 69), ao passo que Wallon cita que a criança “é essencial-
mente emocional e gradualmente vai constituindo-se em um ser sócio cognitivo” (2007, p. 32). 
Aqui você também obterá a definição de conceitos e conhecerá a história da ludicidade atra-
vés dos tempos. Verá o quanto é importante saber caracterizar as fases do desenvolvimento da 
criança, no intuito de identificar como ela aprende que como o educador pode ensiná-la. Então, 
vamos nos dedicar e aprender como ensinar os pequenos?
1.1 Definindo o conceito de ludicidade na 
história da humanidade
Primeiramente vamos aproveitar para conceituar alguns conceitos chave, pois eles nos auxiliarão 
no estabelecimento de parâmetros. Segundo o Dicionário da Língua Portuguesa, “conceito é a 
compreensão que alguém tem de uma palavra; noção; concepção; ideia” (LUFT, 2001, p. 184). 
Cada pessoa tem uma visão diferente do mundo conforme sua experiência de vida e seus co-
nhecimentos prévios. Conceituar significa “criar, desenvolver e/ou enunciar conceito acerca de; 
definir; formar e/ou emitir um conceito ou uma opinião sobre; julgar; avaliar” (LUFT, 2001, p. 
184). Portanto, para se compreender a questão da ludicidade e sua composição, é preciso definir 
conceitos e conhecer sua história.
Vamos perpassar as questões do brincar, das brincadeiras e dos jogos, já que o século XXI é o sé-
culo da ludicidade. Denominado desta forma, por muitos pesquisadores, porque a humanidade 
vive tempos no quais a diversão, o lazer e o entretenimento estão sendo muito investigados como 
objetos de estudo e discussão. E você consegue emitir uma ideia do que é ser lúdico?
Qual o Papel do Lúdico na 
Educação Infantil?
06 Laureate- International Universities
Educação e Ludicidade
1.1.1 Definindo o conceito de ludicidade e seus componentes
A ludicidade é um termo criado a partir da palavra latina em ludus, ou “ludos”, que significa jogo. 
Por incrível que pareça, a palavra ludicidade não existe no dicionário da Língua Portuguesa seja for-
mal ou informal. Santana (2011) insinua que ludicidade seja uma aglutinação das palavras “lúdico” 
e “idade”, no intuito de denominar a idade da brincadeira, do jogo. Tal concepção é fundamental 
para a saúde física, emocional e intelectual do indivíduo, e para que ele possa desenvolver a lingua-
gem, o pensamento, a socialização, a criatividade, autoestima e enfrentar os desafios. 
Trata-se de uma atividade que tem valor educacional intrínseco, com forte teor motivacional que 
canaliza energias, mobiliza esquemas mentais ativando as funções psiconeurológicas, além de 
estimular o pensamento.
O lúdico possui extensão peculiar para todas as etapas da vida humana, pois o desenvolvimento 
da criança acontece através deste lúdico, já que ela precisa brincar para crescer, para encontrar 
o equilíbrio com o mundo (MAURICIO, 2015, p. 4). O lúdico é caracterizado pela “experiência 
de plenitude que ele possibilita a quem o vivencia em seus atos” (LUCKESI, 2000, p. 96). É um 
mecanismo imprescindível para a aprendizagem, para o desenvolvimento e para a vida do ser 
humano desde a mais tenra idade. 
Segundo consta no dicionário online da Língua Portuguesa Michaelis (2015), a palavra “brin-
quedo” refere-se aos objetos com que as crianças brincam; passatempo, distração, brincadeira 
ou jogo; objeto feito para o divertimento de crianças. É a essência da infância que permite um 
trabalho pedagógico que oportuniza a construção do saber, a produção da aprendizagem e o 
desenvolvimento do ser como humano. Entenda que o brinquedo supõe uma relação íntima com 
a criança e uma indeterminação quanto ao uso, ou seja, a ausência de um sistema de regras que 
organizem sua utilização (KISHIMOTO, 1994). No brinquedo, a criança experimenta, descobre, 
inventa, aprende, confronta habilidades, estimula a curiosidade, a autoconfiança e a autonomia, 
desenvolve a linguagem, o pensamento, a concentração e a atenção.
Então, brinquedo é o que utilizamos para brincar? E brincadeira o que seria? 
Temos brincadeira, portanto, como a ação de brincar; brinquedo; folgança; festa familiar; jogo; 
divertimento (MICHAELIS, 2015). A brincadeira é uma forma de divertimento, uma ação natural 
da criança, sem compromisso, planejamento, seriedade, envolvendo posturas espontâneas e 
geradoras de prazer. Brincando, a criança se diverte, faz exercícios,constrói o conhecimento e 
aprende a conviver com outras crianças. 
A brincadeira possui três características: imaginação, imitação e regra e pode ser transmitida para a 
criança através dos familiares, expressivamente, através das gerações ou, até mesmo, pela própria 
criança, espontaneamente (MALUF, 2003). Brinquedo e brincadeira se relacionam diretamente com 
a criança e não se confundem com o jogo (KISHIMOTO, 1994). Ainda não ficou bem claro o que 
significam todos esses conceitos? Será que brincadeira é o mesmo que jogo? Vamos verificar.
1.1.2 Compreendendo melhor os conceitos
Brincar, segundo Michaelis (2015), significa divertir-se infantilmente; entreter-se; representar pa-
péis. Brincar não significa passar o tempo sem uma razão palpável. Inclusive poderá vir a ser 
um recurso pedagógico que se utiliza da brincadeira de forma muito séria porque envolve a 
aprendizagem significativa para a criança, desenvolvendo a área motora, cognitiva, afetiva e 
social. Desta maneira, observa-se que as brincadeiras possuem elevada importância na vida das 
crianças. Michaelis (2015) define jogo como brincadeira, divertimento, exercício de crianças em 
que colocam à prova suas habilidades, destreza e astúcia; conjunto de regras a observar, quando 
se joga; atividade submetida a regras que estabelecem quem vence e quem perde. A palavra se 
origina do latim iocus. Pode ser uma atividade física ou intelectual com objetivos educacionais, 
estimulante e lúdica.
07
Figura 1 – O brincar faz parte do mundo infantil desde que a criança nasce.
Shutterstock, 2015.
Observamos assim que jogos e brinquedos pertencem à vida infantil, uma vez que a vivência 
decorre na fantasia pelo encantamento, de alegria onde sonhos, ilusões e realidade se misturam. 
O prazer de viver surge através das brincadeiras e dos jogos possibilitando o enfrentamento dos 
obstáculos e desafios. Favorece o desenvolvimento físico, cognitivo, afetivo e moral (PIAGET, 
1972), se constrói o conhecimento, se estrutura o espaço e o tempo, desenvolve a noção de ca-
sualidade, chega à representação e à lógica. A criança se motiva a usar a inteligência, se esforça 
na superação de obstáculos cognitivos e emocionais.
Através dos jogos e brinquedos a criança é estimulada a crescer e desenvolver suas faculdades 
intelectuais, a observar as pessoas e o ambiente em que vive testando hipóteses, explorando toda 
sua espontaneidade criativa. É uma atividade lúdica, pois se joga pelo simples prazer de realizar 
este tipo de atividade (HAIDT, 2000). Quando se está brincando com um jogo, a preocupação 
única é com o prazer proporcionado, observando as regras. 
Vygotsky (2008) insinua que o “encurtamento” da fase em que a criança brinca (ou pelo menos de-
veria) e cria laços afetivos é indicado como a causa das dificuldades expressadas ou veladas emocio-
nalmente nos pequenos. Nos anos 2000 sucedeu-se um grande modismo, uma febre [grifo nosso] 
em que muitas crianças desejavam (influenciadas pelos adultos) ser artistas de cinema, modelos foto-
gráficos, atrizes/atores de novelas, cantores/cantoras, apresentadores/apresentadoras de programas 
de TV. Psicologicamente, ficava muito claro que os pais ou responsáveis projetavam seus sonhos e 
“frustrações” nos seus filhos, passando-lhes a responsabilidade de ser o que eles não puderam ser 
quando crianças. 
Muitas dúvidas surgem, entre elas estão: “Devemos preparar as crianças para a vida?”; “Deve-
mos preparar para o mercado de trabalho?”; “Devemos preparar para um mundo extremamen-
te competitivo?”; “Com que idade deve-se colocar a criança na escola?”; “Com que idade a 
criança precisa aprender uma língua estrangeira?”; “Deve-se colocar a criança em mais de uma 
atividade extracurricular?”; “A criança deve fazer artes marciais, inglês, balé, piano, natação, fu-
tebol, basquete, xadrez, alemão, espanhol, etc.?”; “A criança deve ficar ocupada regularmente 8 
horas por dia, cinco dias por semana e aos finais de semana ainda ficar grudada no videogame 
ou na internet?”.
08 Laureate- International Universities
Educação e Ludicidade
São tantas questões preocupantes e os pais ou responsáveis insistem em exigir-lhes mais respon-
sabilidades. Quem acredita que estas crianças serão adultos mais capacitados para enfrentar os 
desafios da vida e do mundo, está muito equivocado. Estas crianças, possivelmente, serão adultos 
estressados, inseguros e com grandes dificuldades emocionais, frustrados e com grandes chances 
de desenvolverem distúrbios biológicos, de acordo com depoimentos de psicólogos, neurologis-
tas, pediatras, psicopedagogos, psiquiatras e terapeutas, registrados em programas de televisão, 
em revistas científicas e artigos científicos, como apontam Bock, Furtado e Teixeira (2007).
Leia a obra de Claudia Inês Horn, Fernanda Fornari Vidal, Jacqueline Silva da Silva e 
outros, “Pedagogia do Brincar” da Editora Mediação, 2014 e enriqueça seus conhe-
cimentos sobre a ludicidade e a educação. Nesta obra os autores se preocupam em 
delinear esta pedagogia, ou seja, a da ludicidade, já que a motivação do brincar vem 
se perdendo frente ao fenômeno da urbanização e da tecnologia.
VOCÊ QUER LER?
Você deve estar se perguntando agora: mas como acontece esse processo dos jogos e do brincar 
nas fases de crescimento de uma criança? Veremos mais sobre isso no item seguinte.
1.1.3 A trajetória da ludicidade
O brincar esteve presente em todas as épocas da humanidade (antiguidade, idade média, ida-
de moderna), permanecendo até os dias de hoje, pois “em cada época, conforme o contexto 
histórico vivido pelos povos e conforme o pensamento estabelecido para tal, sempre foi algo 
natural, vivido por todos e também utilizado como um instrumento com um caráter educativo 
para o desenvolvimento do indivíduo” (SANTANA; NASCIMENTO, 2011, p. 20). As brincadeiras 
são transmitidas historicamente. Desde os tempos mais primitivos até a sociedade atual o brincar 
representa uma construção simbólica do mundo em que a criança vive. Vygotsky (2003) enfatiza 
que o homem é sócio histórico, se estabelecendo por meio das relações e contradições do am-
biente em que vive.
No século VI, as crianças imitavam os adultos nas atividades diárias. As gerações passadas trans-
mitiam suas experiências e a aprendizagem se efetivava na prática. Para aprender a nadar, se 
atirava no rio e nadava; para aprender a caçar pegava o arco e a flecha e caçava, etc. Tudo era 
um jogo e representava a sobrevivência do ser humano. Brincar representava inserção dos papéis 
sociais e a aprendizagem das normas do cotidiano (CINTRA; PROENÇA; JESUÍNO, 2010). 
Na antiguidade, surgiram as cidades provocando alterações no processo educativo. Platão (427-
348) afirmava que a infância deveria ser ocupada com jogos educativos tanto para meninos 
como para meninas na formação do caráter e da personalidade da criança. Neste período os jo-
gos utilizavam ossinhos, arcos e bonecas, cavalos, entre outros instrumentos. O corpo era muito 
valorizado porque “o jogo físico, de caráter reparatório dos militares, possuía um grande valor 
pedagógico, direcionado para o ensino-aprendizagem [...]” (AGUIAR, 2006, p. 27).
09
Figura 2 – Os jogos infantis na antiguidade.
Fonte: Shutterstock, 2015.
Portanto, o contato das crianças com a brincadeira era tido como uma ação facilitadora da 
aprendizagem formal, produtora das obrigações sociais. Existem relatos de que a família se 
envolvia no ato de brincar, mesmo quando as crianças estavam aprendendo os ofícios dos pais. 
Para cada época e sociedade, a definição de educação continha um entendimento diferenciado 
e a utilização da ludicidade seguiu esta concepção. 
Os povos primitivos tinham a educação física como uma atividade muito importante e dispensa-
vam total liberdade para as crianças oportunizando uma influência positiva na educação delas. 
Na idade média, as crianças reproduziam as tarefasdos adultos, os princípios morais disciplina-
vam a educação e os jogos eram relacionados à educação de cavaleiros. Existia a ideia de que 
brinquedos poderiam desviar as crianças dos estudos e, até, eram considerados um luxo inútil. A 
criança era vista como um adulto em miniatura.
A partir do movimento renascentista (século XVI) os jogos voltaram a ter valor para a educação 
uma vez que é considerado o recurso do instinto biológico mais importante. Na idade moderna e 
contemporânea, com os estudos de Vygotsky, o brincar, as brincadeiras e os jogos conquistaram 
seus espaços propiciando ampliação do conhecimento através das atividades lúdicas. 
Os índios, os portugueses e os negros foram os pioneiros dos modelos que temos hoje no Bra-
sil. Houve uma grande mistura de culturas, costumes e crenças e educação dos mais variados 
povos e raças no território brasileiro. Todas diferentes umas das outras, bem como a maneira 
de desenvolver a ludicidade entre todos. Porém, essa herança fez com que o Brasil ficasse ainda 
mais rico cultural e educacionalmente. Ensinavam as crianças a caçar, pescar, brincar, dançar 
porque era uma maneira divertida e prazerosa de aprender representando a cultura, a educação 
e a tradição dos povos. 
E agora, já estão mais claros todos os conceitos? Se precisar retome algum item e esclareça suas 
dúvidas. O importante é seguirmos em frente com tudo compreendido. Então preparado? Vamos 
então conhecer o pensamento dos autores em cada uma das teorias do desenvolvimento humano 
e da aprendizagem. Começaremos com Jean Piaget.
10 Laureate- International Universities
Educação e Ludicidade
1.2 Teorias de Jean Piaget
O que seria da Ciência se não existissem investigadores, pessoas curiosas, inquietas, com von-
tade de entender e aprender a lidar com o ser humano? Como seria possível entender como 
as crianças aprendem e se comportam em determinadas situações? Qual a importância de se 
aprender como o ser humano aprende para podermos ensiná-lo? E qual a relação que existe 
entre o lúdico e a aprendizagem? 
Ao estudar os conteúdos apresentados a seguir será possível encontrar as devidas respostas ou, 
pelo menos, os caminhos adequados para o cuidar e educar as crianças de 0 a 5 anos por meio 
da ludicidade. Para tanto, serão abordadas as teorias do desenvolvimento e da aprendizagem 
segundo Jean Piaget. 
1.2.1 Teoria do Desenvolvimento Humano
Piaget (1996) dividiu o desenvolvimento humano em quatro períodos: 1º período – sensório-
-motor (0 a 2 anos); 2º período – pré-operatório (2 a 7 anos); 3º período – operações concretas 
(7 a 12 anos) e 4º período – operações formais (a partir dos 12 anos). Vejamos detalhadamente 
cada um deles a seguir.
•	 Período Sensório-Motor
Este é um período de conquistas de todo contexto que cerca a criança. No bebê, o desenvolvi-
mento mental se relaciona com os reflexos cuja origem é hereditária, que vão se aprimorando 
com a repetição, ou seja, o bebê mama melhor no 10º dia do que no 2º dia. Aos 5 meses, 
coordena os movimentos das mãos e dos olhos para conseguir pegar objetos, aumentando sua 
capacidade de aquisição de novos hábitos” (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2007, p. 101). 
Figura 3 – A criança observa o adulto e o imita.
Fonte: Shutterstock, 2015.
11
Por exemplo, puxar a toalha da mesa para que o pote de biscoito fique mais perto para poder 
pegá-lo. Neste estratagema, está se utilizando da inteligência sensório-motora (percepção e 
movimento). Conforme vai se desenvolvendo fisicamente, vai desenvolvendo novas habilidades. 
Aproximadamente entre 1 e 2 anos a criança deixa de ser passiva e começa a participar mais do 
seu mundo através da imitação. Ela observa o que o adulto faz e o imita. 
Por exemplo: M gosta do programa Palavra Cantada, da internet, que tem a participação dos 
palhaços Patati e Patatá. Quando eles cantam “coça a cabeça, bate o pé no chão” e fazem os 
movimentos, M começa a imitá-los. Ela coça a cabeça e bate com os dois pés no chão como se 
estivesse marchando, repetindo os mesmos movimentos quando enquanto for repetida a música.
•	 Período Pré-operatório
Este é o período em que as crianças começam a falar com mais clareza, provocando mudanças 
intelectuais, afetivas e sociais no cotidiano e o pensamento fica acelerado excluindo a objetivida-
de e surgindo o jogo simbólico (desejos e fantasias) que mais tarde será utilizado para explicar a 
realidade, seus fazeres, sua identidade e sua moralidade adentrando no mundo dos “porquês”, 
pois as crianças não fazem o exercício mental, mas sim, a representação do ocorrido. 
Figura 4 – Nesta fase a coordenação fina se desenvolve: utiliza a ponta dos dedos, segura um lápis.
Fonte: Shutterstock, 2015.
Ao mesmo tempo em que ama, a criança tem medo dos adultos (pais e professores) e as regras 
são imutáveis, mesmo na brincadeira. Depois, mais tarde, compreende que as regras são neces-
sárias para a organização das brincadeiras ou dos jogos e não emite opinião sobre as mesmas. 
Também consegue desenvolver a motricidade fina, isto é, consegue fazer movimentos mais preci-
sos com as mãos e dedos, detecta limites, contornos, formas, posições e direções.
•	 Período das operações concretas
É o período da construção lógica estabelecendo relações para coordenar opiniões diferentes. É ca-
paz de auxiliar o outro, de interagir em grupo e, simultaneamente, estabelecer autonomia pessoal. 
12 Laureate- International Universities
Educação e Ludicidade
Figura 5 – As crianças aprendem a fortalecer o caráter pela interação e consolidação das amizades.
Fonte: Shutterstock, 2015.
Nesta fase, a criança aprende através do concreto, embora pense antes de agir, estabelece rela-
ções de causa e efeito, sequencia ideias, eventos, fatos, trabalha com opiniões diversas, organiza 
seus valores morais (respeito, honestidade, companheirismo, justiça), manifesta sua vontade e 
escolhem seus amigos. Neste período “novas regras aparecem a partir das necessidades de um 
‘contrato’ entre as crianças” (BOCK; FURTADO & TEIXEIRA, 2007, p. 105).
•	 Período das operações formais
É hora da passagem do pensamento concreto para o pensamento formal e abstrato, isto é, o 
desenvolvimento das ideias sem referências concretas, trabalhando com conceitos (liberdade, 
justiça, amizade, etc.), abstrai e generaliza, elabora teorias a respeito do mundo para mudá-lo.
Figura 6 – Conflito de gerações, a criança aparenta ser rebelde, irritada e se opõe aos adultos.
Fonte: Shutterstock, 2015.
Nesta fase a criança fica antissocial se afastando da família, dispensa os conselhos dos mais 
velhos, se revolta contra a tudo e a todos, está constantemente em conflito e, apesar de depen-
der do adulto, quer sua liberdade, tem necessidade de ser aceito pelos amigos e seus interesses 
13
mantem-se diversificados e versáteis. Neste período a criança entra numa fase de transição, pois 
não é mais considerada “criança” legalmente. Ela passa a ser adolescente, ao completar 13 anos 
de idade, pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
CASO
Karen tem apenas 5 anos, mas já defende suas opiniões, principalmente em situações que lhe de-
sagradam. Não aceita um “não” sem a sua devida justificativa e tem uma lógica que os adultos 
não conseguem acompanhar. Por exemplo: não consegue entender porque tem que levar tarefas 
da escola para realizar em casa, se não pode levar sua bicicleta para andar na escola. Quando 
questiona é severamente repreendida pelos adultos. 
O ECA em seu artigo 16, inciso II diz que o direito à liberdade compreende o aspecto da opinião 
e expressão. Você acha que é possível deixar de cumprir o inciso II do artigo 16 do ECA? Obvia-
mente que não, pois todo e qualquer ser humano tem o direito à opinião e à livre expressão, o 
que, inclusive, está garantido também na Constituição Federal.
Para reflexão: o que fazer com a criança que passa por um momentode constante conflito, que se 
sente aprisionada, incompreendida, revoltada? A questão é uma só: a compreensão dos adultos, 
que precisam se apropriar de conhecimentos sobre os aspectos físicos e psicológicos de cada ida-
de e implementar ações compatíveis para resgatar a autoestima e o auto controle desta criança.
Estas foram as teorias do desenvolvimento segundo o ponto de vista de Piaget, agora veremos o 
seu pensamento em relação as teorias da aprendizagem.
1.2.2 Teoria da Aprendizagem
Piaget pesquisou como pensa a criança e observou a importância da interação para que o conhe-
cimento se desenvolva. Para ele, desenvolvimento intelectual e físico são inseparáveis, assim como 
organização e adaptação e classifica o desenvolvimento da aprendizagem em: Adaptação, Assimi-
lação, Acomodação e Equilibração que são ações intelectuais e não podem ser apartadas do todo 
do organismo, estão intimamente ligadas à organização pois são processos que se completam. 
A adaptação é inerente a qualquer ser vivo. A organização reúne as questões físicas e psicológicas 
possibilitando a adaptação efetivada sob a assimilação e sob a acomodação. Adaptação é a relação 
do pensamento e das coisas ligando-se, evidentemente à equilibração. (PIAGET apud PULASKI, 1986).
Assimilação é o processo que acontece quando a criança possui novas experiências adaptando-as 
às que já possui, isto é, conforme Piaget,
[...] uma integração às estruturas prévias, que podem permanecer invariáveis ou são mais 
ou menos modificadas por esta própria integração, mas sem descontinuidade com o estado 
precedente, isto é, sem serem destruídas, mas simplesmente acomodando-se à nova situação. 
(PIAGET, 1996, p. 13). 
A assimilação não se reduz a uma simples identificação, mas é construção de estruturas e incorpo-
ração de coisas a essas estruturas. Isso quer dizer que a criança agrega o novo ao que já possui.
Vejamos então uma forma prática de entendermos isso. Por exemplo, uma criança está estudando 
sobre aves, mas, por enquanto, ela só teve contato com galinhas. Então, ela só tem a ideia da galinha 
(esquema). Quando se depara com um peru, possivelmente pensará que é uma galinha muito grande, 
pois também possui duas patas, penas, bico, cisca, etc. Assim sendo, vai acontecer um processo de 
assimilação (o estabelecimento das semelhanças entre a galinha e o peru) mesmo contando com a 
diferença do tamanho. Essa diferença vai acontecer pelo processo de acomodação. A criança olhará 
para o peru e dirá que é uma galinha ou verbalizará apenas que é um “cocó”. Então, alguém dirá que 
não é uma galinha e, sim, um peru ou “cocó-peru”. Desta maneira, a criança acomodará o estímulo 
e criará uma nova representação para o peru, mais a representação pré-existente da galinha.
14 Laureate- International Universities
Educação e Ludicidade
A assimilação está ligada à acomodação e o equilíbrio entre as duas caracteriza atividade in-
teligente, mas a assimilação é a primeira a acontecer. Piaget definiu Acomodação como “toda 
modificação dos esquemas de assimilação sob a influência de situações exteriores (meio) aos 
quais se aplicam” (PIAGET, 1996, p. 18). 
Jean Piaget foi um renomado psicólogo e filósofo suíço que fez grandes descobertas na 
área da inteligência infantil, pesquisou sobre o desenvolvimento das habilidades cogni-
tivas. Comprovou que a lógica e a forma de pensar dos pequenos são completamente 
diferentes da lógica dos adultos.
VOCÊ O CONHECE?
Todo e qualquer desenvolvimento precisa de uma evolução orientada pelas necessidades inter-
nas e externas de equilíbrio resultantes de dois movimentos essenciais do sistema cognitivo: ali-
mentação (assimilação) e modificação das estruturas para acontecer a acomodação das partes 
assimiladas (acomodação). Assim, por último a Equilibração assegura à criança sua interação 
com o meio em que vive.
VOCÊ QUER VER?
Filme “Vem dançar” (2006), dirigido por Liz Friedlander, roteiro de Dianne Houston. 
Nesse filme é possível ver as questões do construtivismo de Piaget, bem como assimila-
ção-acomodação-equilibração. Percebe-se os novos conhecimentos adquiridos pelos 
personagens, as estratégias, a compreensão e a interpretação da realidade do contex-
to. Além disso, é demonstrada a importância da afetividade, do respeito às emoções, 
a mediação na aprendizagem como facilitadora de uma nova cultura e novos saberes. 
Interessante tudo o que vimos até aqui, certo? Para completar ainda mais nosso estudo, que tal 
conhecermos outra criação de Piaget? Sim, o construtivismo. 
1.2.3 Um pouco mais sobre a Teoria da Aprendizagem
Além do que já foi apontado, é importante salientar que Piaget parece ter encontrado o meio 
termo entre o inativismo apontado por Platão (427-347 a.C) e o empirismo de Aristóteles (384-
322 a.C), no qual o primeiro concluiu que “o saber está no indivíduo” e o segundo concluiu que 
“o saber está na realidade exterior”. Surge, então, o construtivismo, onde a pessoa possui capa-
cidades peculiares que precisam ser facilitadas pelo ambiente em que vive para que se efetivem, 
se desenvolvam de forma a agir neste ambiente e transformá-lo. 
Na concepção de Piaget, o educador precisa organizar o contexto de maneira que seja desafia-
dor para a criança, ocorrendo assim, a aprendizagem.
15
Na vasta relação de obras de Piaget, recomenda-se, “Piaget, Vygotsky, Wallon: Teorias 
psicogenéticas em discussão”, de Yves de La Taille (São Paulo, Ed. Summus, 1992). 
Nesta obra há uma discussão sobre os fatores biológicos e sociais que interferem no 
desenvolvimento da inteligência humana interligados à afetividade e ao conhecimento.
VOCÊ QUER LER?
Ok. Agora é o momento de conhecermos os pontos de vista de Lev Vygotsky!
1.3 Teorias de Lev Vygotsky
Uma das maiores contribuições de Vygotsky à teoria da educação é a conceitualização da Zona de 
Desenvolvimento Proximal (ZDP) que se refere à lacuna existente entre o que o ser humano é capaz 
de fazer sozinho e o que ele precisa de ajuda de outra pessoa com mais habilidades ou conhecimen-
to que ele. Oportuniza a direção da concepção de “prontidão” para a aprendizagem, diferente do 
que pensava Piaget. Esta prontidão não depende só de conhecimento, mas da capacidade da crian-
ça em aprender através do auxílio externo. Vejamos primeiro a teoria do desenvolvimento humano.
1.3.1 Teoria do Desenvolvimento Humano
O desenvolvimento humano se dá nas áreas afetivo, cognitiva, social e motora numa evolução 
não linear através do meio (cultura, sociedade, experiências e interações) em que o contexto cul-
tural é o lugar onde acontecem a maioria das transformações e evoluções desde o nascimento 
até a velhice. Vygotsky justifica seus estudos citando que “[...] a necessidade do estudo da crian-
ça reside no fato de ela estar no centro da pré-história do desenvolvimento cultural devido ao 
surgimento do uso de instrumentos da fala” (apud REGO, 1995, p. 25). Desta maneira o autor 
dedicou-se à Pedologia que é a ciência da criança, direcionada ao estudo do desenvolvimento 
humano vinculando os aspectos psicológicos, antropológicos e biológicos.
A teoria de Vygotsky é a sócio interacionista, pois explica que o desenvolvimento humano aconte-
ce na relação social entre as pessoas por meio da interação e da mediação. O indivíduo adquire 
conhecimentos pela sua interação com o meio, nas relações inter e intrapessoais. A criança é 
“ser pensante, capaz de vincular sua ação à representação de mundo que constitui sua cultura 
[...]” (RABELLO; PASSOS, 2015, p. 5), assim como “o ambiente social contemporâneo, isto é, 
o meio da sociedade capitalista, cria, devido a seu caótico sistema de influências, uma contra-
dição radical entre a experiência precoce da criança e suas formas de adaptação mais tardias” 
(VIGOTSKI, 2008, p. 199).
E o que esse autor desenvolveu na área da teoria da aprendizagem?
1.3.2 Teoria da Aprendizagem
Vygotskydesenvolveu estudos no desenvolvimento da aprendizagem das crianças e observou duas 
áreas que denominou de Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP) e a Zona de Desenvolvimento 
Real (ZDR). Existe uma distância entre o que a criança consegue fazer sozinha (ZDR) e aquilo que 
ela consegue fazer com a mediação de alguém (ZDP), isto é, a relação entre as potencialidades 
da criança favorecendo uma análise coerente do desenvolvimento mental real e potencial dos pe-
quenos. Para Vygotsky (1987) o bom aprendizado é o que vem antes do desenvolvimento e o edu-
cador deve empenhar-se na completude deste oportunizando o que está faltando. Assim sendo, 
deve partir do nível de desenvolvimento real da criança, perpassando a relação a um conteúdo 
específico para chegar aos seus objetivos.
16 Laureate- International Universities
Educação e Ludicidade
Segundo o autor, a aprendizagem mediada acontece entre dois seres, onde um media este saber 
com o outro. O educador, seja de que nível for, é a figura mais importante neste processo e 
essencial para que exista um elo entre a criança e o adulto que é o intermediário entre o conhe-
cimento disponibilizado no ambiente e o aprendiz (VYGOTSKY, 1987). A mediação é importante 
para o desenvolvimento dos processos mentais superiores como o planejamento, imaginação, 
representação e tomada de decisões. Há situações bem simples que a criança aprende com a 
mediação do adulto, como por exemplo: não colocar o dedo na tomada, não brincar com fósfo-
ros. Depois de alguns alertas, a criança internalizará o conhecimento do perigo e não necessitará 
de mais alertas. Assim, a aprendizagem é:
[...] uma atividade conjunta, em que relações colaborativas entre os seres humanos podem 
e devem ter espaço e o adulto ou educador é o orquestrador deste processo e, por ser mais 
experiente, sua interação tem planejamento e intencionalidade educativos (VYGOTSKY apud 
MONROE, 2011, p.01).
O educador infantil é um profissional fundamental porque é o responsável na transmissão de valo-
res, motivações e estratégias para que cada educando consiga interpretar a vida. Na aprendizagem 
mediada o que acontece é uma interação entre a criança e os estímulos peneirando-os e amplian-
do-os para que tenham significações e, não somente, o atendimento das necessidades imediatas. 
Vygotsky estudou a relação entre o pensamento e a linguagem compreendendo como o pensa-
mento se comporta em relação à linguagem e como se interagem, denominado de pensamento 
verbal. A criança, mesmo na mais tenra idade, sem saber falar, ela sabe se expressar para atingir 
seus objetivos (fase pré-verbal do pensamento) e, isto, independe da linguagem. Ela tem várias 
maneiras de se comunicar com os adultos, seja pelo choro, pelo riso, por gestos (fase pré-inte-
lectual). Quando a criança vai para a escola recebe a mediação do educador e, por isso, o sig-
nificado das coisas é transformado não mais no nível das experiências vivenciadas, mas por con-
ceitualizações, ordenações e parâmetros consolidados em sua cultura e, isto, é para toda a vida.
Observe, por exemplo, que quando são desenvolvidas atividades de dramatizar, desenhar e 
cantar estas instigam a evolução do pensamento infantil, pois a princípio, são tidas como brin-
cadeiras, mas irão acionar os processos internos direcionados pela dinâmica. Uma criança não 
se comporta de forma puramente simbólica no brinquedo; ao invés disso, ela quer e realiza seus 
desejos, permitindo que as categorias básicas da realidade passem através de sua experiência. 
A criança, ao querer, realiza seus desejos. Ao pensar, ela age. As ações internas e externas são 
inseparáveis: a imaginação, a interpretação e a vontade são processos internos conduzidos pela 
ação externa (VYGOTSKY, 2008, p. 132).
Assim sendo, ao movimentar-se nas atividades, é impossível separar a leitura do mundo, do seu 
cenário e fantasia, porque as crianças, mesmo não sabendo escrever o seu pensamento, comu-
nicam pela fala e pelos gestos o que tentam retratar. 
Com isso, descobrimos que o significado das palavras é muito importante porque unem pensa-
mento e linguagem. O significado nos dá formas, conceitos de organização elementar e sentido.
A respeito desta interação, o que você acha de descobrir mais sobre a mediação e o pensamento? 
Para isso é só continuar.
1.3.3 A Mediação e o Pensamento
O educador como mediador vai selecionar, filtrar, organizar, nomear e dar significado à apren-
dizagem mediada, onde realça-se a relação educador e aluno que são os grandes responsáveis 
pela eficácia de todo o trabalho, sem esquecer a importância do vínculo afetivo para o enrique-
cimento da autoestima, da autonomia, da aprendizagem e de seu desenvolvimento cognitivo, 
social e emocional.
17
Como a casa também é uma escola para os pequenos, os responsáveis por ela, também no pa-
pel de mediadores, devem oferecer situações em que o foco esteja mais nos aspectos do que nas 
perguntas.Se não houver interação entre pais e filhos, educadores infantis e as crianças, estas 
tenderão a serem desorganizadas, impulsivas e menos reflexivas, com dificuldades de adaptação 
à novas situações e aprendizagens futuras.
A escola é o segundo espaço social de convivência dos pequenos, onde aprendem regras de so-
cialização e descobrem que existe outros iguais a eles. É nesse espaço que começam a participar 
de situações de compartilhamento de descobertas e estabelecimento de limites.
Quando pensamento e linguagem se desenvolvem fica muito mais claro a importância da me-
diação na aprendizagem da criança para que este processo se dê com muita tranquilidade 
e transparência. É a mediação entre educador-criança-pais ou responsáveis que oportunizará 
seu crescimento, sua autonomia, sua confiança e segurança de que mesmo brincando ela está 
aprendendo e vice-versa. 
Alguma dúvida até aqui? Então siga em frente. Chegou o momento de estudarmos os aspectos 
relacionados as teorias que estamos aprendendo de acordo com os pensamentos e contribuições 
do nosso último autor: Henri Wallon.
1.4 Teorias de Henri Wallon
Assim como Jean Piaget e Vygotsky houve outras teorias contextuais dialéticas sobre o desen-
volvimento do ser humano de grande relevância na área da educação. Henri Wallon descobriu 
que o ser humano não é constituído apenas de cérebro para que obtenha um desenvolvimento 
intelectual. Suas ideias tiveram embasamento em quatro fatores identificáveis nas crianças e que 
devem ser considerados nas salas de aula, principalmente na Educação Infantil.
Nesse momento podemos nos questionar: quais são esses fatores? E porque eles devem ser 
considerados nas salas de aula? Será que as emoções podem interferir na aprendizagem? Se in-
terferem, como que isso acontece? Qual a importância de se observar que tipo de comunicação 
que estes fatores têm entre si para a aprendizagem?
Os conteúdos apresentados neste tópico possibilitarão compreender e responder a estas ques-
tões que, também, envolvem a compreensão do cuidar e educar as crianças de 0 a 5 anos atra-
vés do lúdico. Que tal conhecer mais sobre a classificação dos estágios de desenvolvimento das 
crianças? Para saber mais, você já sabe. Siga em frente.
1.4.1 Teoria do Desenvolvimento Humano 
Wallon acreditava que o desenvolvimento máximo das potencialidades da criança deveria ser com-
petência da educação, descobrindo as possibilidades de superação e equilíbrio funcionais. Desta 
forma, também, caracterizou o desenvolvimento da criança em estágios. Vejamos sua classificação:
•	 Impulsivo-emocional: se dá no primeiro ano de vida, expressões e reações sem categorização, 
predominância da afetividade, o bebê tem como recurso de interação com o meio as suas emoções.
•	 Sensório-motor e projetivo: de 1 a 3 anos de idade, a criança investiga e explora seu 
contexto, ingresso no mundo dos símbolos pelo andar e pela linguagem, a linguagem 
estrutura o pensamento,dá importância ao movimento.
•	 Personalismo: dos 3 aos 6 anos de idade, construção da personalidade, oposição o outro, se 
utiliza da sedução. Começa a imitar os que mais tem afeto, intensa atividade motora, entra 
18 Laureate- International Universities
Educação e Ludicidade
no sincretismo.
•	 Pensamento categorial: dos 6 aos 11 anos, começa a entender o que é seu e o que é 
do outro, construção da personalidade, desenvolvimento da atenção, interação com a 
cultura é essencial. 
•	 Puberdade e adolescência: dos 12 aos 18 anos, rompe com a tranquilidade afetiva, oposição forte 
ao adulto e quer ser diferente dele, se desorganiza e se desestrutura devido às modificações corporais.
Ok até aqui? Então vamos dar sequência ao estudo da teoria da aprendizagem segundo esse autor.
1.4.2 Teoria da Aprendizagem
No caso da teoria da aprendizagem, temos o sincretismo infantil onde a criança aprende mes-
clando realidade e ficção, a afetividade que ocorre com a manifestação das vontades e a emo-
ção que é a primeira expressão da afetividade.
Vejamos com mais detalhes cada um desses aspectos.
•	 Sincretismo infantil
A criança aprende mesclando realidade e imaginação. Muitas vezes parece que o pensamento 
das crianças não tem lógica: pensamento sincrético. Ao explicar alguma coisa, as crianças mis-
turam realidade com ficção, vendo o mundo de forma global e generalizada. Por exemplo: se 
perguntar a uma criança porque o sol é de dia e não de noite, ela poderá responder que o sol 
brilha mais e aquece além de estar sempre sorrindo e lua não sorri, é fria e não gosta do sol. A 
criança transpassa do sincretismo à categorização de acordo com as influências que recebe do 
meio em que vive e sua capacidade de obter conhecimento, combinando referências para ter 
suas respostas. 
É preciso não confundir as fantasias das crianças, próprias de seu desenvolvimento, com a 
questão da mentira. Para Wallon (apud SALLA, 2015, p. 01), “muitas invenções sobre as quais 
a criança tece fantasias recebem seu tema do adulto. É, aliás, com frequência, com fábulas que 
ele responde às curiosidades dela. A ficção não é apenas natural da criança. Ela lhe é também 
proposta ou imposta”.
•	 Afetividade
A afetividade é essencial para o desenvolvimento do ser humano, pois é através dela que a pes-
soa demonstrará seus desejos e vontades. Wallon acredita que a afetividade é uma das dimen-
sões da pessoa que constitui, também, o desenvolvimento cognitivo e psicomotor, preparando 
a criança para construir vínculos sociais, afetivos e racionais, relacionadas às ações mentais, 
motoras, como as regras e jogos que irá vivenciar. 
Ele afirma que a afetividade se manifesta de três modos: através da emoção, do sentimento e 
da paixão que estão presentes por toda a vida do ser humano e que evolui (bem como o pen-
samento). A emoção é a expressão primeira da afetividade, o sentimento já é carregado de 
conhecimento pois é a representação da sensação manifestada pela linguagem. A paixão deve 
ter autocontrole devido ao seu foco, manifestada quando os sentimentos estão dominados, por 
exemplo: dominar o medo em uma situação de perigo. A afetividade está presente em todos os 
instantes, em todas as ações.
19
•	 Emoção
As emoções fazem parte do desenvolvimento humano, uma vez que a criança constrói, com as 
pessoas que a cuidam desde o nascimento, uma íntima relação carregada de emoções e conhe-
cimento. Wallon (2007) analisa que existe outros aspectos intermitentemente em comunicação 
além da afetividade, qual seja: as emoções, o movimento e a formação do eu. As emoções são a 
primeira expressão de afetividade porque possuem uma ativação orgânica, ou seja, sem controle 
pela razão. Emoção e afetividade não são sinônimos apesar de estarem intimamente ligados.
As emoções fazem com que a pessoa se conheça melhor, que aprenda a administrá-las ao se 
relacionar com o meio, externando, por exemplo: a raiva, o medo, a tristeza e a alegria em toda 
sua plenitude. Esses são sentimentos profundos e que tem uma função de grande valor para sua 
experiência de vida.
Por que Wallon salienta tanto a importância da afetividade, tanto na questão humana 
como na aprendizagem, para o desenvolvimento da criança? Porque é a afetividade 
que vai determinar se o indivíduo terá sucesso em todos os percursos da sua vida. Atra-
vés da afetividade uma criança se desenvolve com prazer, por ser esta a facilitadora 
tanto do desenvolvimento humano como da aprendizagem.
VOCÊ SABIA?
Compreenderemos ainda melhor a teoria do desenvolvimento humano ou da aprendizagem com 
a leitura sobre outros aspectos importantes relacionados por Wallon. Comprove a seguir.
1.4.3 Outros aspectos da teoria de Wallon
Segundo os estudos realizados por Wallon, é possível destacar, ainda, outros quatro aspectos 
que constituem sua teoria tanto do desenvolvimento humano como da aprendizagem, são eles: 
motricidade, emoção, inteligência e formação do eu.
Para entender melhor, vamos aos detalhes:
•	 Motricidade: é através da motricidade que a criança começa a se manifestar e estas são 
puramente afetivas.
•	 Emoção: a emoção é orgânica pois se encontra sob o controle sub cortical com 
repercussões tônicas e fazem parte da vida cognitiva e, é social, porque a criança se 
socializa através da emoção.
•	 Inteligência: acontece pelo amadurecimento neurológico e pela influência da cultura. A 
inteligência se subdivide em inteligência sensório-motora e inteligência representativa. 
Para que haja a passagem de uma para outra é preciso amadurecimento neurológico e 
a ação da cultura.
•	 Formação do eu: para a construção do eu é preciso uma referência, principalmente mais 
ou menos aos 3 anos de idade quando a criança entra na fase da negação do outro. 
Assim, a criança pode se utilizar da manipulação (birra), da sedução (chantagem) ou 
imitação. Até mesmo as emoções negativas como o ódio, a dor e o sofrimento podem se 
tornar incentivadores da construção deste eu.
20 Laureate- International Universities
Educação e Ludicidade
Figura 7 – O amadurecimento neurológico permite desenvolver 
percepções, necessárias para montar um quebra-cabeça.
Fonte: Shutterstock, 2015.
Como construir um processo de ensino aprendizagem em que todos estejam envolvi-
dos, sem considerar a condição social, origem, raça, credo, opção sexual? Como fazer 
isso e ao mesmo tempo direcionar este processo para cada ser humano contemplando 
a complexidade da pessoa em toda sua dimensão? Conseguir realizar um processo 
de ensino aprendizagem que envolva a todos é um grande desafio. A chave para uma 
educação genuinamente acolhedora é o trabalho pedagógico interdisciplinar e, através 
do lúdico com uma interdisciplinaridade menos complexa e mais flexível, facilitando a 
aplicação imediata.
VOCÊ SABIA?
Então, já consegue definir melhor as ideias e pontos de vista sobre as teorias do desenvolvimento 
e da aprendizagem conforme cada autor estudado? Se precisar, retome alguma parte do conte-
údo e releia os principais tópicos.
21
Síntese
Concluímos este estudo sobre Ludicidade na Educação infantil. Agora, você já sabe o lugar de 
destaque que a mesma possui na educação dos pequenos e que se aprende brincando e se 
brinca aprendendo.
•	 Você teve a oportunidade de:
•	 Discutir as noções gerais da ludicidade, identificando sua importância;
•	 Conseguiu definir conceitos; 
•	 Conhecer o percurso da ludicidade através da história, ver as teorias mais utilizadas a 
respeito do desenvolvimento humano e da aprendizagem;
•	 Conheceu como Piaget, Vygotsky e Wallon pensavam a respeito do desenvolvimento da 
criança e sua contribuição para com a educação;
•	 Foi possível percebermos, nitidamente, que as palavras-chave dos teóricos são: construção 
do pensamento, interação social e afetividade. Que o ser humano passa por estágios, 
cada um com suasdevidas características.
Síntese
22 Laureate- International Universities
Referências
AGUIAR, O. R. B. P. Reelaborando	conceitos	e	ressignificando	a	prática	na	educação	infan-
til. Tese (Doutorado em Educação). CCSA. Programa de Pós-Graduação em Educação, Universi-
dade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2006. Disponível em: <http://repositorio.ufrn.br/
jspui/bitstream/123456789/14116/1/OlivetteRBPA.pdf>. Acesso em: 3 nov. 2015.
BOCK, A. M.; FURTADO, O.; TEIXEIRA, M. de L. T. Psicologias: Uma introdução ao estudo de 
psicologia. São Paulo: Saraiva, 2007.
CINTRA, R. C . G. G.; PROENÇA, M. A. M; JESUÍNO, M. dos S. A historicidade do lúdico na 
abordagem histórico-cultural de Vygotsky. Revista Rascunhos Culturais, Coxim/MS, vol. 1, nº 02, 
julho/dezembro, 2010. Disponível em <http://dialnet.unirioja.es/descarga/articulo/3694625.
pdf>. Acesso em: 05 ago. 2015.
HAIDT, R. C. C. Curso	de	Didática	Geral. 7.ed. São Paulo: Ática, 2000.
KISHIMOTO, T.M.	Jogo,	Brinquedo,	Brincadeira	e	a	Educação. 6.ed. São Paulo: Cortez, 1994.
LUCKESI, C. C. Educação, ludicidade e prevenção das neuroses futuras: uma proposta pedagó-
gica a partir da Biossíntese. In: LUCKESI, Cipriano Carlos (org.) Ludopedagogia	–	Ensaios	1:	
Educação	e	Ludicidade. Salvador: Gepel, 2000. 
LUFT, C. P. Minidicionário	Luft. São Paulo: Ática, 2001.
MALUF, Â. C. M. A	importância	das	brincadeiras	na	evolução	dos	processos	de	desenvol-
vimento	humano. Publicado em: 11 dez. 2003. Disponível em: <http://www.psicopedagogia.
com.br/opiniao/opiniao.asp?entrID=132>. Acesso em: 3 nov. 2015.
MAURICIO, J. T. Aprender	Brincando: o lúdico na aprendizagem. Disponível em: <http://www.
profala.com/arteducesp140.htm>. Acesso em: 3 nov. 2015.
MICHAELIS. Dicionário	Online. Disponível em: <http://michaelis.uol.com.br/>. Acesso em: 19 
nov. 2015.
MONROE, C. Vygotsky e o conceito de aprendizagem mediadora. Nova	Escola, ed. 243, jun./
jul. 2011.
PIAGET, J. Biologia	e	Conhecimento. 2.ed. Petrópolis: Vozes, 1996.
PIAGET, J. Psicologia	e	Pedagogia. 2.ed. Rio de Janeiro: Forense, 1972.
PULASKI, M. A. S. Compreendendo	Piaget: uma Introdução ao Desenvolvimento Cognitivo da 
Criança. Tradução Vera Ribeiro. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1986.
RABELLO, E. T; PASSOS, J. S. Vygotsky	e	o	desenvolvimento	humano. Disponível em: <http://
www.josesilveira.com/artigos/vygotsky.pdf>. Acesso em: 01 ago. 2015.
REGO, T. C. Vigotski: uma perspectiva histórico-cultural da educação. Petrópolis: Vozes, 1995.
Bibliográficas
23
SALLA, F. Henri Wallon e o conceito de sincretismo, 2015. Disponível em: <http://revistaescola.
abril.com.br/formacao/henri-wallon-conceito-sincretismo-643155.shtml> Acesso em: 12 jun. 
2015.
SANT’ANNA, A.; NASCIMENTO, P. R. A	história	do	Lúdico	na	educação. V.6. Florianópolis: 
Reupmat, 2011.
VYGOTSKY, L. S. A	Formação	Social	da	Mente. Tradução José Cipolla Neto. 7. ed. São Paulo: 
Martins Fontes, 2008.
_______. Psicologia	Pedagógica. Tradução Claudia Schilling. Porto Alegre: Artmed, 2003.
_______. Pensamento	e	linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 1987.
WALLON, H. A	Evolução	psicológica	da	criança. São Paulo: Martins Fontes, 2007.

Outros materiais