Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
CONTABILIDADE APLICADA AO SETOR PÚBLICO AULA 5 Profª Leila Lucia Arruda 2 CONVERSA INICIAL Olá, caros alunos! Sejam todos bem-vindos a nossa penúltima aula de Contabilidade Aplicada ao Setor Público. Nesta aula, teremos a oportunidade de apresentar os demonstrativos contábeis utilizados no Setor Público, passando pelos três tipos de Balanço, o Orçamentário, o Financeiro e o Patrimonial, pelas duas demonstrações, a Demonstração das Variações Patrimoniais e a Demonstração de Fluxo de Caixa. Estas são importantes ferramentas que servem de instrumentos balizadores da tomada de decisão, bem como de acompanhamento do desempenho do ente público. CONTEXTUALIZANDO A contabilidade aplicada ao setor público tem por objetivo fornecer aos seus usuários informações sobre os resultados alcançados e outros dados de natureza orçamentária, econômica, patrimonial e financeira das entidades do setor público, em apoio ao processo de tomada de decisão, à adequada prestação de contas, à transparência da gestão fiscal e servindo de ferramenta ao controle social. Cabe salientar que o MCASP (Brasil, 2017a) evidencia a importância da natureza da informação contábil e que o PCASP separa as contas contábeis em grandes grupos, em conformidade com as características dos atos e fatos nelas registrados. Assim, tem-se a informação de natureza: Orçamentária: registra, processa e evidencia os atos e os fatos relacionados ao planejamento e à execução orçamentária. Patrimonial: registra, processa e evidencia os fatos financeiros e não financeiros relacionados com a composição do patrimônio público e suas variações qualitativas e quantitativas. Controle: registra, processa e evidencia os atos de gestão cujos efeitos possam produzir modificações no patrimônio da entidade do setor público, bem como aqueles com funções específicas de controle. Neste sentido, após levantamento da documentação e dos registros, as Demonstrações Contábeis Aplicadas ao Setor Público (DCASP) têm por finalidade representar o conjunto consolidado e sintetizado das informações 3 econômicas, orçamentárias, financeiras e patrimoniais da entidade pública, retratando a saúde financeira. Salienta-se que estão dispostas em legislação específica: Demonstrações enumeradas pela Lei n. 4.320/1964; Demonstrações exigidas pela NBC T 16. 6 – Demonstrações Contábeis; Demonstrações exigidas pela Lei Complementar n. 101/2000. Dessa forma, de acordo com a NBC T 16.6 (R1) – Demonstrações Contábeis: a. Balanço Patrimonial; b. Balanço Orçamentário; c. Balanço Financeiro; d. Demonstração das Variações Patrimoniais; e. Demonstração dos Fluxos de Caixa; f. Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (Incluída pela Resolução CFC n. 1.437/13; g. Notas Explicativas (Incluída pela Resolução CFC n. 1.437/13). Das demonstrações elencadas são temas desta aula as letras de A a E! Vamos lá! TEMA 1 – BALANÇO ORÇAMENTÁRIO O demonstrativo Balanço Orçamentário tem por característica evidenciar as receitas e as despesas orçamentárias, pormenorizadas em grau de relevância de análise, contrapondo o orçamento inicial e as suas alterações com execução realizada execução, para assim apresentar o resultado orçamentário. O Balanço Orçamentário demonstrará as receitas e despesas previstas em confronto com as realizadas. Em conformidade com o MCASP (Brasil, 2017a), o Balanço Orçamentário é composto por: Quadro Principal; Quadro da Execução dos Restos a Pagar Não Processados; Quadro da Execução dos Restos a Pagar Processados. Neste demonstrativo, é possível identificar receitas particularizadas por categoria econômica e origem, desde a previsão inicial, bem como a previsão 4 atualizada para o exercício, a receita realizada e o saldo, que apontará se resultado da arrecadação é por excesso ou insuficiência. No tocante às despesas, estas estão dispostas por categoria econômica e grupo de natureza da despesa, segregando a dotação inicial e atual para o exercício, bem como despesas empenhadas, liquidadas, as despesas pagas e o saldo existente da dotação. Para uma melhor visualização, veja a seguir a composição gráfica do demonstrativo. Quadro 1 – Quadro Principal Fonte: Adaptado de Brasil, 2017a. Como se observa no Quadro 1, ele apresenta, no final, após o confronto das despesas com as receitas o superávit financeiro, e ainda vale lembrar que ao iniciar a execução orçamentária existe uma posição em equilíbrio de receita e despesa, e que ao existir superávit financeiro de exercícios anteriores, existe também um recurso disponível para abertura de créditos , para que as despesas que não estão previstas no orçamento ou não foram na íntegra previstas e contempladas pela lei orçamentária tenham suporte. Destaque para o item 5 equilíbrio entre receita prevista e despesa fixada, pois o saldo é obtido “somando-se os valores da linha Total e da linha Saldos de Exercícios Anteriores, constantes da coluna Previsão Atualizada, e confrontando-se esse montante com o total da coluna Dotação Atualizada”. Em seguida demonstra-se o Quadro 2 da Execução dos Restos a Pagar Não Processados. Quadro 2 – Quadro da Execução dos Restos a Pagar Não Processados Fonte: Adaptado de Brasil, 2017a. Vale destacar que entende se por restos a pagar conforme Lei n. 4.320/64 em seu art. 36 “as despesas empenhadas, mas não pagas até o dia 31 de dezembro distinguindo-se as processadas das não processadas”. Você pode complementar a leitura em <http://manualsiafi.tesouro.fazenda.gov.br/020000/020300/020317>. E, por fim, o Quadro 3 da Execução dos Restos a Pagar Processado. 6 Quadro 3 – Quadro da Execução dos Restos a Pagar Processados Fonte: Adaptado de Brasil, 2017a. Salienta-se que conforme normas contábeis, os procedimentos de inscrição em restos a pagar, bem como a dicotomia em processados e não processados só ocorre quando houver inscrição inicial da dívida, advinda do empenho orçamentário no mesmo exercício e não liquidado (não processado) ou não pago (processado). E a evidenciação (superávit e reabertura de créditos) deve ser feita mediante a utilização de notas explicativas. Neste cenário, destaca-se que as notas explicativas do balanço orçamentário deverão apresentar de acordo com o MCASP (Brasil, 2017a): O detalhamento das receitas e despesas intraorçamentárias, quando relevante; O detalhamento das despesas executadas por tipos de créditos (inicial, suplementar, especial e extraordinário); A utilização do superávit financeiro e da reabertura de créditos especiais e extraordinários, bem como suas influências no resultado orçamentário; As atualizações monetárias autorizadas por lei, efetuadas antes e após a data da publicação da Loa, que compõem a coluna previsão inicial da receita orçamentária; O procedimento adotado em relação aos restos a pagar não processados liquidados, ou seja, se o ente transfere o saldo ao final do exercício para restos a pagar processados ou se mantém o controle dos restos a pagar não processados liquidados separadamente; 7 O detalhamento dos “recursos de exercícios anteriores” utilizados para financiar as despesas orçamentárias do exercício corrente, destacando- se os recursos vinculados ao rpps e outros com destinação vinculada. Caso os balanços orçamentários não consolidados (de órgãos e entidades, por exemplo) demonstrem desequilíbrio e déficit orçamentário, e diante desta ocorrência não é irregularidade, o montantedeverá ser demonstrado (transferências financeiras recebidas e concedidas) fazendo a interface da execução do orçamento do exercício. TEMA 2 – BALANÇO FINANCEIRO O Balanço Financeiro (BF) de acordo com a Lei 4.320, em seu art. 103, deverá demonstrar “a receita e a despesa orçamentárias bem como os recebimentos e os pagamentos de natureza extra orçamentária, conjugados com os saldos em espécie provenientes do exercício anterior, e os que se transferem para o exercício seguinte”. Assim, ressalta-se que esse demonstrativo apresenta as receitas e despesas orçamentárias, os ingressos e dispêndios extraorçamentários, em conjunto com a os saldos de caixa do exercício anterior e aqueles que podem ser transferido para o próximo ano. Diferentemente do Balanço Orçamentário, o Balanço Financeiro tem em sua composição um só quadro que mostra a movimentação financeira dos entes do poder público e que deve exprimir de acordo com o MCASP (Brasil, 2017a). A receita orçamentária realizada e a despesa orçamentária executada, por fonte/destinação de recurso, discriminando as ordinárias e as vinculadas; Os recebimentos e os pagamentos extra orçamentários; As transferências financeiras recebidas e concedidas, decorrentes ou independentes da execução orçamentária, destacando os aportes de recursos para o RPPS; O saldo em espécie do exercício anterior e para o exercício seguinte. O Balanço Financeiro possibilita a apuração do resultado financeiro do exercício. Pode ser obtido de dois modos: 8 Quadro 4 – Elaboração do balanço financeiro – modo 1 Fonte: Adaptado de Brasil, 2017a. Neste modo, o resultado financeiro é obtido por meio da subtração do saldo em espécie para o ano subsequente deduzidos do saldo do exercício anterior. O modo 2 apresentado pelo MCASP (Brasil, 2017a) e demonstrado no Quadro 5: Quadro 5 – Elaboração do balanço financeiro – modo 2 Fonte: Adaptado de Brasil, 2017a. Ressalta-se que o resultado financeiro obtido, seja no modo 1, seja no modo 2 do Quadro 5, não é o e nem pode ser entendido como superávit, pois este é obtido por ocasião da apuração do Balanço Patrimonial. Via de regra o resultado sendo positivo no balanço financeiro indica o equilíbrio financeiro. Todavia, as variações positivas nas disponibilidades do período não apontam para uma boa performance na gestão financeira, assim como a variação negativa não é o mesmo que mau desempenho. Recomenda- se que a análise seja realizada em conjunto com a avaliação do Balanço Patrimonial que veremos em outro tema, e com todas as variáveis orçamentárias e extraorçamentárias. A estrutura do balanço traz de um lado os ingressos e do outro os dispêndios. Quadro 6 – Estrutura do balanço financeiro Fonte: Adaptado de Brasil, 2017a. Vale destacar que as receitas orçamentárias e recebimentos extra orçamentários (ingressos) e as despesa orçamentária e pagamentos extra orçamentários (dispêndio) nivelados “por meio da inclusão do saldo em espécie do Exercício Anterior na coluna dos Ingressos e do Saldo em Espécie para o Exercício Seguinte na coluna dos Dispêndios”. No tocante às notas explicativas, deverão estar explícitas as operações que podem interferir na elaboração do Balanço Financeiro, como as retenções, cabendo ao ente público escolher, no momento de pagamento, efetuar os devidos ajustes no saldo. Dessa forma, estes e outros eventuais ajustes e outras operações que venham impactar o Balanço Financeiro deverão ser relacionados em notas explicativas. Os detalhamentos de fonte e destinação das receitas e dos recursos poderão ser anexados ao balanço por ocasião da elaboração das notas explicativas. TEMA 3 – DEMONSTRAÇÃO DAS VARIAÇÕES PATRIMONIAIS A Demonstração das Variações Patrimoniais (DVP) advém dos sistemas e dos patrimoniais. Tem por característica apresentar de que forma ocorreram as alterações no patrimônio público, que foram ou não provenientes da execução do orçamento, bem como indica como ocorreu o resultado patrimonial do exercício. De acordo com a NBC T 16.6, a DVP: Evidencia as variações verificadas no patrimônio; Indica o resultado patrimonial do exercício; As variações quantitativas são decorrentes de transações que aumentam ou diminuem o Patrimônio Líquido; As variações qualitativas são decorrentes de transações que alteram a composição dos elementos patrimoniais sem afetar o Patrimônio Líquido; Para fins de apresentação na DVP, as variações devem ser segregadas em quantitativas e qualitativas; O resultado patrimonial do período é apurado pelo confronto entre as variações quantitativas aumentativas e diminutivas. Destaca-se que este resultado patrimonial do período é apurado a partir do confronto entre as variações patrimoniais quantitativas aumentativas e diminutivas. Este valor apurado faz parte da composição do saldo patrimonial do Balanço Patrimonial (BP) do exercício. Tem uma função muito peculiar e parecida com a demonstração do exercício exigida do setor privado, posto que não é um indicador de desempenho do ente, sobretudo é uma base de mensuração do setor público. 11 Com este demonstrativo é possível verificar se houve alteração nas demandas da sociedade com relação a aplicação dos recursos públicos. Este demonstrativo pode ser elaborado por dois métodos, sendo de acordo com o MCASP (Brasil, 2017a): 1. Modelo Sintético: este modelo facilita a visualização dos grandes grupos de variações patrimoniais que compõem o resultado patrimonial. Esse modelo especifica apenas os grupos (2º nível de detalhamento do PCASP), acompanhado de quadros anexos que detalham sua composição. 2. Modelo Analítico: este modelo detalha os subgrupos (3º nível de detalhamento do PCASP) das variações patrimoniais em um único quadro. Esse modelo auxilia o recebimento das contas anuais por meio do Siconfi para fins de consolidação. Sua estrutura no modelo sintético e no modelo analítico podem ser vislumbrados no MCASP (Brasil, 2017a). TEMA 4 – BALANÇO PATRIMONIAL Esta demonstração tem por objetivo apresentar a posição patrimonial da entidade pública na forma qualitativa e quantitativa. São elementos desta demonstração o ativo, o passivo e o patrimônio líquido. Cabe ressaltar que nesta demonstração os elementos se tipificam em circulante e não circulante e são caracterizados mediante verificação de sua exigibilidade. Pode-se classificar em ativo circulante os itens que atenderem aos parâmetros de disponibilização imediata, e com expectativa de realização até o fim do exercício subsequente. E, ainda, a probabilidade de efetivação até doze meses da data das demonstrações contábeis. (Redação dada pela Resolução CFC n. 1.437/13). Nos demais casos, os ativos se classificam como não circulante. Lembrando que as contas do ativo devem ser dispostas em ordem decrescente de grau de liquidez. Com relação ao passivo, seus elementos devem ser tipificados como circulante quando seus valores forem pleiteados até o até o final do exercício subsequente, quando os valores exigíveis coincidirem até doze meses da data das demonstrações contábeis; (Redação dada pela Resolução CFC n. 12 1.437/13), e ainda quando forem valores de terceiros ou retenções em nome deles, e a entidade do setor público for a fiel depositária, seja qual for o prazo em que o passivo será exigido. Em outras situações, as contas deverão ser lançadas no passivo não circulante. Salienta-se que no passivo as contas são elencadas em ordem decrescente de exigibilidade. No tocante ao Patrimônio Líquido, cabe destacarque é demonstrado o resultado do período, entretanto apresentado separadamente os resultados acumulados de outros períodos. Leitura recomendada CFC – Conselho Federal de Contabilidade. NBC T 16.6 (R1) – Demonstrações Contábeis. Diário Oficial da União, Brasília, 30 out. 2014. Disponível em: <http://www1.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codigo=2014/NBCT16.6 (R1)>. Acesso em: 29 out. 2017. Esta demonstração que evidencia quantitativa e qualitativamente a posição patrimonial do ente público é o Balanço. Isto é decorrente da representatividade das contas do patrimônio público e de seus atos potenciais, que tem seus valores registrados nas contas de compensação (natureza de informação de controle). O Balanço Patrimonial é dividido em ativo e passivo, que se tipificam em circulante e não circulante. Vale destacar que a Lei n. 4.320/1964 atribui um viés orçamentário ao Balanço Patrimonial, no momento que faz a segregação do ativo e o passivo em dois grupos, Financeiro e Permanente. Isto é derivado da ocorrência “em função da dependência ou não de autorização legislativa ou orçamentária para realização dos itens que o compõem”. Dessa forma, foi necessário alterar as estruturas dos anexos da Lei n. 4.320/1964, o que aconteceu por meio da Portaria STN n. 438/2012, e que veio de encontro aos novos padrões da Contabilidade Aplicada ao Setor Público (CASP). Neste cenário, o Balanço Patrimonial que tem a capacidade de proporcionar uma análise patrimonial do setor público seja no que tange a liquidez, endividamento entre outros tem em sua composição: Quadro Principal; Quadro dos Ativos e Passivos Financeiros e Permanentes; Quadro das Contas de Compensação (controle); 13 Quadro do Superávit/Déficit Financeiro. Quadro 7 – Quadro principal – Estrutura do Balanço Patrimonial 14 Fonte: Adaptado de Brasil, 2017a. Salienta-se que no ativo circulante estão registrados os ativos que atenderem um dos dois seguintes critérios: Estarem disponíveis para realização imediata; Terem expectativa de realização até doze meses da data das demonstrações contábeis. No Ativo Não Circulante estão os demais ativos que tem perspectiva de realização depois dos 12 meses das demonstrações contábeis e, ainda, fazem parte o ativo realizável a longo prazo, os investimentos, o imobilizado, o intangível e eventual saldo a amortizar do ativo diferido. No Passivo Não Circulante são registrados os passivos exigíveis após doze meses da data das demonstrações contábeis. E as obrigações conhecidas e estimadas que não se classifiquem nos parâmetros de classificação no passivo circulante. No Quadro 8 dos ativos e passivos financeiros e permanentes vale destacar que no Ativo Financeiro estão os créditos e valores realizáveis sem vinculação com a autorização orçamentária e os valores numerários. No ativo permanente estão os bens, créditos e valores, vinculados à mobilização ou à alienação dependente as da autorização legislativa. 15 Quadro 8 – Quadro dos ativos e passivos financeiros e permanentes Fonte: Adaptado de Brasil, 2017a. Como se observa no Quadro 8, no passivo financeiro estão as dívidas fundadas e outras obrigações exigíveis que não dependam de autorização orçamentária. Observa-se que, ao realizar o Balanço Patrimonial no decorrer do exercício, devem-se acrescentar no passivo financeiro os créditos empenhados a liquidar. E ainda no passivo permanente estão as dívidas que estejam sujeitas a autorização legislativa para amortização ou resgate. As contas de compensação estão representadas no Quadro 9, em que estão elencadas as contas de representação dos atos potenciais ativos e passivos. Os atos potenciais são entendidos como os atos a serem executados que podem proporcionar alteração no patrimônio, imediata ou indiretamente, como direitos e obrigações conveniadas ou contratadas; responsabilidade por valores, títulos e bens de terceiros; entre outros. 16 Quadro 9 – Quadro das Contas de Compensação (controle) Fonte: Adaptado de Brasil, 2017a. Como apresentado no Quadro 9, os atos Potenciais Passivos são aqueles que podem resultar negativamente o patrimônio, seja imediata ou indiretamente. No que tange ao Quadro 10 do superávit/déficit financeiro apresentado, é possível obter mediante confronte entre ativos e passivos financeiros vale destacar que o resultado do exercício anterior do superávit financeiro “é fonte de recursos para abertura de créditos suplementares e especiais, devendo-se conjugar, ainda, os saldos dos créditos adicionais transferidos e as operações de crédito a eles vinculadas”, de acordo com o artigo 43 da Lei n. 4.320/1964, caput, § 1º, inciso I e § 2º (Brasil, 2017a). 17 Quadro 10 – Quadro Do Superávit/Déficit Financeiro Fonte: Adaptado de Brasil, 2017a. Já o déficit financeiro é a posição negativado ativo e do passivo financeiro. E, ainda, observa-se no Quadro 10 as que as evidenciações por meio das fontes de recursos permitem a visualização e identificação da origem e destinação dos recursos legalmente vinculados a cada órgão, fundo ou despesa. TEMA 5 – DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA E DEMONSTRAÇÃO DAS MUTAÇÕES DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO 5.1 Demonstração dos Fluxos de Caixa O demonstrativo que identifica as entradas e saídas de caixa. É a chamada Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC). Ela também codifica os registros em fluxos operacional, de investimento e de financiamento. Portanto, a DFC tem por objetivo identificar: 1. As fontes de geração dos fluxos de entrada de caixa; 2. Os itens de consumo de caixa durante o período das demonstrações contábeis; 3. O saldo do caixa na data das demonstrações contábeis. Dessa forma, a DFC possibilita aos usuários fazer estimativas e projeções de fluxos de caixa, bem como realizar análises de algumas alterações a respeito da manutenção do financiamento do serviço público. 18 Vale destacar que no fluxo de caixa das operações estão incluídos os ingressos de receitas originárias e derivadas, assim como os desembolsos vinculados com a ação pública e outros que porventura não se enquadrem como de investimento ou financiamento. Com relação aos investimentos, estes são integrados pelos recursos de aquisição e alienação de ativo não circulante. Os “recebimentos em dinheiro por liquidação de adiantamentos ou amortização de empréstimos concedidos e outras operações da mesma natureza” (CFC, 2014). No tocante aos financiamentos estão relacionados os recursos de captação e amortização de empréstimos e financiamentos. Além disto pode-se observar que esta demonstração permite a analisar a capacidade do ente de gerar caixa e equivalentes de caixa, e da utilização de recursos próprios e de terceiros em suas atividades. A DFC aplicada ao setor público é realizada pelo método direto e apresenta: 1. Quadro Principal; 2. Quadro de Receitas Derivadas e Originárias; 3. Quadro de Transferências Recebidas e Concedidas; 4. Quadro de Desembolsos de Pessoal e Demais Despesas por Função; 5. Quadro de Juros e Encargos da Dívida. O Quadro 11 apresenta o quadro principal da Demonstração de Fluxo de Caixa, mas, para melhor entendimento recomenda-se a leitura complementar do Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público, para que você também tenha visibilidade do demonstrativo. 19 Quadro 11 – Quadro Principal DFC Fonte: Adaptado de Brasil, 2017a. 20 Na elaboração da DFC pelo método direto, destaca-se que, ao adicionar os três fluxos, este vairepresentar a diferença entre os saldos iniciais e finais de Caixa e Equivalentes de Caixa do exercício de referência. Leitura recomendada BRASIL. Ministério da Fazenda. Secretaria do Tesouro Nacional. Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público. 7. ed. Brasília, 2017. Disponível em: <http://www.tesouro.fazenda.gov.br/documents/10180/456785/MCASP+7%C2 %AA%20edi%C3%A7%C3%A3o+Vers%C3%A3o+Final.pdf/6e874adb-44d7- 490c-8967-b0acd3923f6d>. Acesso em: 29 out. 2017. 5.2 Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido Esta demonstração a das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL) tem por características evidenciar o que houve de movimentação em cada item que compõem o Patrimônio Líquido com a divulgação, em separado, dos efeitos das alterações nas políticas contábeis e da correção de erros. A DMPL deve ser elaborada apenas pelas empresas estatais dependentes e pelos entes que as incorporarem no processo de consolidação das contas. (Incluído pela Resolução CFC n. 1.437/13) TROCANDO IDEIAS Considerando que você é um cidadão comum, que não entende de contabilidade do setor público, mas sabe da importância do controle social e da tomada de decisão, quais as informações poderiam ser extraídas das demonstrações apresentadas na aula de hoje? NA PRÁTICA 1. (CESPE – 2016) No âmbito do setor público, o balanço orçamentário demonstra a(s): a. Execução orçamentária da receita e da despesa, excetuando as receitas derivadas. b. Execução orçamentária da receita e da despesa, excetuando as receitas originárias. 21 c. Receitas e despesas orçamentárias cujo fato gerador tenha ocorrido durante o exercício. d. Receitas e despesas previstas em confronto com as realizadas. e. Alterações verificadas nos elementos do patrimônio dependentes da execução orçamentária. 2. (COMPERVE – 2017) A Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL) evidencia a movimentação havida em cada componente do Patrimônio Líquido com a divulgação, em separado, dos efeitos das alterações nas políticas contábeis e da correção de erros. Na Contabilidade Aplicada ao Setor Público, a DMPL deve ser elaborada: a. Apenas pelas empresas estatais dependentes e pelos entes que as incorporarem no processo de consolidação das contas. b. Por todas as entidades que estão sujeitas às Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público. c. Apenas pelas sociedades anônimas de economia mista, cujo controle acionário seja de um ente público da administração direta. d. Por todos os entes públicos que recebam recursos oriundos de arrecadação de impostos e contribuições sociais. 3. (CONSULPLAN – 2017) A contabilidade aplicada ao setor público tem em seu principal objetivo fornecer informações sobre os resultados e sobre os dados de natureza orçamentária, econômica, patrimonial e financeira das entidades do setor público, ajudando, principalmente na transparência das contas públicas. Para isso ela se utiliza de demonstrações específicas deste tipo de contabilidade. Assinale a alternativa que apresente, apenas, Demonstrações Contábeis Aplicadas ao Setor Público. a. Balanço orçamentário; balanço financeiro; balanço patrimonial; demonstração das variações patrimoniais; e, Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC). b. Balanço orçamentário; balanço financeiro; balanço patrimonial; demonstração das variações patrimoniais; e, demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados. c. Balanço orçamentário; balanço financeiro; balanço patrimonial; demonstração das variações patrimoniais; e, demonstração das origens e aplicações de recursos. 22 d. Balanço orçamentário; balanço patrimonial; demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados; demonstração das variações patrimoniais; e, Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC). 4. (CCV-UFC – 2015) Assinale a alternativa em que todas as demonstrações contábeis mencionadas estão no campo da Contabilidade aplicada ao Setor Público, segundo a NBC T 16.6 (R1). a. Balanço Patrimonial, Balanço Orçamentário, Balanço Social. b. Balanço Patrimonial, Balanço Financeiro, Demonstração dos Fluxos de Caixa. c. Balanço Patrimonial, Demonstração do Resultado do Exercício, Notas explicativas. d. Balanço Patrimonial, Demonstração das Variações Patrimoniais, Demonstração do Valor Adicionado. e. Balanço Patrimonial, Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido, Demonstração do Resultado Abrangente. 5. (COSANPA – 2015) Considere as seguintes definições: I. Demonstra as receitas e despesas previstas em confronto com as realizadas; II. Demonstra a receita e a despesa orçamentárias, bem como os recebimentos e os pagamentos de natureza extra orçamentária. III. Evidencia as alterações ocorridas no patrimônio, indicando o resultado patrimonial do exercício. Considerando-se as demonstrações contábeis aplicadas ao setor público, pode-se afirmar que as definições acima apresentadas são pertinentes, respectivamente, às seguintes demonstrações: a. Balanço orçamentário, balanço financeiro e a demonstração das variações patrimoniais. b. Balanço financeiro, balanço orçamentário e balanço patrimonial. c. Balanço patrimonial, balanço orçamentário e demonstração do resultado do período. d. Demonstração das variações patrimoniais, balanço patrimonial e balanço orçamentário. 23 FINALIZANDO Diante do exposto nos temas da aula de hoje, tivemos a oportunidade de verificar como elas são elaboradas como são os itens que as compõem, acima de tudo, tentamos sensibilizar vocês, caros alunos, para o item da tomada de decisão. Recomenda-se, essencialmente em virtude da convergência das normas internacionais de contabilidade, que você antes de aplicar os conteúdos desta aula faça uma pesquisa e confronte os ensinamentos com as legislações vigentes posto que só em 2021 estará terminado o processo. 24 REFERÊNCIAS ASSUMPÇÃO, M. Contabilidade pública. Curitiba: InterSaberes, 2012. BERNADONI, D. L. Planejamento e orçamento na administração pública. Curitiba: InterSaberes, 2013. BEZERRA FILHO, J. E. Contabilidade pública: teoria, técnica de elaboração de balanços e questões. 3. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008. BRASIL. Constituição (1988). Diário Oficial da União, Brasília, DF, 5 out. 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 29 out. 2017. BRASIL. Lei n. 4.320, de 17 de março de 1964. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 23 mar. 1964. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L4320.htm>. Acesso em: 29 out. 2017. BRASIL. Lei n. 10.180, de 6 de fevereiro de 2001. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 7 fev. 2001. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LEIS_2001/L10180.htm>. Acesso em: 29 out. 2017. BRASIL. Lei n. 12.527, de 18 de novembro de 2011. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 18 nov. 2011. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/lei/l12527.htm>. Acesso em: 29 out. 2017. BRASIL. Ministério da Fazenda. Secretaria do Tesouro Nacional. Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público. 7. ed. Brasília, 2017a. Disponível em: <http://www.tesouro.fazenda.gov.br/documents/10180/456785/MCASP+7%C2 %AA%20edi%C3%A7%C3%A3o+Vers%C3%A3o+Final.pdf/6e874adb-44d7- 490c-8967-b0acd3923f6d>. Acesso em: 29 out. 2017. BRASIL. Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão. MTO – Manual Técnico Orçamentário. Edição 2017b. Disponível em: <http://www.orcamentofederal.gov.br/informacoes-orcamentarias/manual- tecnico/mto_2017-1a-edicao-versao-de-06-07-16.pdf>. Acesso em: 29 out. 2017.25 CFC – Conselho Federal de Contabilidade. NBCT 16.6 (R1) – Demonstrações Contábeis. Diário Oficial da União, Brasília, 30 out. 2014. Disponível em: <http://www1.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codigo=2014/NBCT16.6 (R1)>. Acesso em: 29 out. 2017. CORBARI, E. C.; MACEDO, J. de J. Controle interno e externo na administração pública. Curitiba: InterSaberes, 2012. DI PIETRO, M. S. Z. Direito administrativo. 21. ed. São Paulo: Atlas, 2008. PALUDO, A. V. Orçamento público, administração financeira e orçamentária e LRF7. ed. rev. e atual. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2017. SILVA, L. M. da. Contabilidade governamental: um enfoque administrativo. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2009. TESOURO Nacional. MCASP. Disponível em: <http://www.tesouro.fazenda.gov.br/mcasp>. Acesso em: 29 out. 2017. 26 RESPOSTAS 1. C 2. A A NBCT 16 A DMPL deve ser elaborada apenas pelas empresas estatais dependentes e pelos entes que as incorporarem no processo de consolidação das contas. (Incluído pela Resolução CFC n. 1.437/1). 3. A 4. B As demonstrações contábeis das entidades definidas no campo da Contabilidade Aplicada ao Setor Público são: (a) Balanço Patrimonial; (b) Balanço Orçamentário; (c) Balanço Financeiro; (d) Demonstração das Variações Patrimoniais; (e) Demonstração dos Fluxos de Caixa; (g) Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido; e (Incluída pela Resolução CFC n. 1.437/13) (h) Notas Explicativas. (Incluída pela Resolução CFC n. 1.437/13). Fonte: (CFC, 2014) 5. A
Compartilhar