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Aplicada à Atenção Farmacêutica Profas. Ana Lo Prete e Luciana Nogueira Interações Interações Medicamentosas É a modificação a ação que um fármaco ou medicamento sofre pela presença simultânea de outro ou outros medicamentos, substâncias fisiológicas ou substâncias exógenas não medicamentosas no organismo ”. LINARES BORGES et al. Acta Farm. Bonaerense 21 (2) : p. 139-48, 2002 Interações Medicamentosas São ações recíprocas dos componentes ativos dos medicamentos, resultando em efeitos benéficos ou prejudiciais (Zeizi Oga). Benéficas = melhora da eficácia terapêutica ou redução de efeitos adversos. Prejudiciais = aumento exagerado do efeito farmacológico ou perda de efeitos terapêuticos. Interações Medicamentosas Fatores que influenciam a interação Relacionados à DrogaRelacionados ao Paciente • Nível sérico de proteínas • Idade • pH urinário • Hábitos alimentares • Funções renal e/ou hepática • Alterações microbiota • Via de administração • Duração da terapia. • Dose • Horário da administração Adição: Associação de dois fármacos que promovem efeito semelhante e por mecanismos de ação semelhantes. Ex: Analgésicos inibidores da COX. Somação: Associação de fármacos que promovem efeito semelhante, mas por mecanismos diferentes. Ex: AAS e Codeína (um ação periférica e outro ação central) Revisão de Conceitos Potencialização: Associação de fármacos onde a soma do efeito final é maior que a soma dos efeitos individuais. Ex: Álcool + Barbitúricos. Antagonismo: Associação de fármacos com ação contrária ou competitivo ante um receptor (agonista + antagonista). Ex: Barbitúricos ou Ansiolíticos + Anfetamínicos Revisão de Conceitos As interações podem ser classificadas em lentas ou rápidas, de acordo com a velocidade de aparecimento dos efeitos. • Rápidas = efeitos imediatos ou até 24 horas. • Lentas = promovem efeitos tardios, dias ou semanas após a administração dos fármacos. Latência • Leves ou Fracas = efeitos geralmente imperceptíveis, sem interesse clínico. • Moderadas = presença de efeitos nocivos – monitorar o paciente. • Graves = efeitos podem ser letais ou permanentes – evitar ou suspender se necessário. Tipos de Interação Quanto à intensidade do efeito Podem ser físico-químicas, farmacocinéticas e farmacodinâmicas. • Físico-químicas = Alterações decorrentes de interações químicas ou influência do meio. • Farmacocinéticas = Interferência dos processos de absorção, distribuição, metabolização e/ou excreção. • Farmacodinâmicas = Ocorrem no local de ação do fármaco. Tipos de Interação Quanto ao mecanismo de ação Ocorrem quando duas ou mais substâncias são administradas na mesma solução ou de forma concomitante e produto da interação entre esses produtos resulta em perda de atividade. Chamamos estas interações de incompatibilidades farmacêuticas. Podem ocorrer quando misturadas em infusão venosa, frascos ou seringas ou no interior do TGI. Ocorre por mecanismos como: adição de moléculas, reação química entre as moléculas resultando em produtos diferentes, quelação com metais, etc. Interações Físico-Químicas Ex: Atropina + Permanganato de Potássio Vitamina C + Sulfato ferroso Tetraciclina + Cátions Carvão ativado + Alcalóides Estreptomicina, Amicacina e Gentamicina + Penicilina Penicilinas, Anfotericina B e Cefalosporinas + SF Doxorrubicina + Luz Interações Físico-Químicas Protamina Sulfato é utilizada na intoxicação por heparina, a interação entre elas inativa a heparina pela formação de um complexo insolúvel São interações onde um fármaco modifica a absorção, distribuição, metabolização ou excreção de outro fármaco. As interações podem ser recíprocas. Essas interações são mais significativas nos fármacos com margem de segurança estreita. Interações Farmacocinéticas Diversos fatores podem interferir na absorção gastrointestinal de substâncias: • pH e pKa • Tempo de esvaziamento gástrico e motilidade • Interferência no ciclo êntero-hepático • Formação de quelatos e precipitados • Interferência no transporte ativo • Alterações patológicas da mucosa intestinal • Alteração do volume e composição • Efeitos na circulação local. Absorção Interações que afetam a absorção e estão relacionadas com a passagem do fármaco para a corrente sanguínea Ex: Prednisona + Antiácidos Dexametasona + Antiácidos Bifosfonados + Alimentação (alcalina principalmente) IECA + Antiácidos Fenobarbital, Teofilina e Fenitoína + Carvão ativado HCTZ, Warfarina, Digoxina e Cefalexina + Colestiramina Tetraciclina, Ácido Salicílico + Cátions (Al, Fe, Mg, Zn) Cetoconazol, Tetraciclinas + Cimetidina Absorção Os fármacos circulam no sangue, livres ou ligados à proteínas plasmáticas. Alterações no equilíbrio dinâmico na ligação entre o fármaco e as proteínas plasmáticas resultam em alterações na concentração de fármaco livre e consequentemente no efeito farmacológico. A ligação com proteínas teciduais também pode ser deslocada pela interação com outros fármacos, aumentando também a fração livre do fármaco deslocado. Distribuição Podem alterar a distribuição: • pH sanguíneo • Presença de substâncias que utilizam a mesma proteína de transporte • Doenças como anemia ou situações especiais como gravidez. • Alterações no fluxo sanguíneo em alguns locais. Distribuição Fármacos ácidos tem maior afinidade pela albumina e os alcalinos se ligam em maior extensão à lipoproteínas, especialmente à alfa-glicoproteína. Ex: Varfarina se liga à albumina, porém quando administrado junto com Fenilbutazona é deslocado da albumina por ela (quem tem maior afinidade), elevando a concentração plasmática da Varfarina. Distribuição As interações que envolvem o processo de metabolização, podem aumentar ou diminuir a velocidade de biotransformação de uma droga, por dois mecanismos básicos: • Indução enzimática • Inibição enzimática Metabolização (Biotransformação) O sistema enzimático mais importante para biotransformação de fármacos é o sistema “oxidase mista”, mas conhecido como Sistema P-450. Metabolização Enzimas Fase IIEnzimas Fase I • Citocromo P450 • CYP2D • CYP2C • CYP3A • Epóxido hidrolases • Hidrólise em grupos epoxido • Monooxigenases contendo flavina. • Atua em sítios contendo S, N ou P • Sulfotransferases • adição de grupos sulfato. • UDP-glicuronosil transferase • transfere 1 ácido glicurônico. • Glutationa-S-transferase • adiciona glutationa. • N-acetiltransferase • adição de grupo acetila. • Metiltransferase • adição do grupo metila. Metabolização Inibidores enzimáticosIndutores enzimáticos • Carbamazepina • Contraceptivos estrogênicos • Fenobarbital • Varfarina • Etanol (uso crônico) • Corticosteróides, ciclosporina... • Rifampicina • Contraceptivos orais • Griseofulvina • Corticosteróides • Cloranfenicol • Fenitoína • Cimetidina • Amiodarona, Fenitoína • Ciprofloxacino • Teofilina • Corticosteróides • Antidepressivos tricíclicos • Eritromicina • Ciclosporina, Teofilina A indução ou inibição é feita nas isoformas do citocromo P-450 e não em todas as enzimas do sistema enzimático. Ex: Fluoxetina que inibe a fração CYP2C19. Metabolização As interações que afetam a excreção estão relacionadas com a alteração do tempo da permanência do fármaco no organismo. Envolve as vias de eliminação como rim, intestino, fígado e pulmão. Excreção Mecanismos: • Alteração na secreção tubular • Alteraçãono pH urinário • Aumento do volume urinário • Deficiências nutricionais Excreção Ex: a) pH da urina = aumento do pH da urina aumente excreção de barbitúricos. a) Secreção tubular = Probenecida compete com o mesmo carreador de excreção que a Penicilina. Excreção Inibição da Secreção • Probenecida → inibe penicilina e outros fármacos como zidovudina. • Fenilbutazona, Sulfonamida, Aspirina, Diuréticos tiazídicos, etc → inibe secreção de Penicilina, Indometacina, etc • Aspirina → inibe secreção metotrexato. • Verapamil, Amiodarona, Quinidina → inibe digoxina. • AINEs → Metotrexato. Excreção Excreção – influência do pH urinário São interações que ocorrem através do mecanismo de ação do fármaco. • Adição: O efeito final é a soma dos efeitos individuais, quando os fármacos agem pelo mesmo mecanismo de ação. • Ex: AAS e Dipirona • Somação: O efeito final é a soma dos efeitos individuais, quando os fármacos agem por mecanismos de ação diferentes. • Ex: AAS e Morfina • Potencialização: A soma dos efeitos é maior que a soma individual dos efeitos. • Ex: Benzodiazepínicos e álcool. Interações Farmacodinâmicas • Antagonismo: A interação dos fármacos leva à redução de efeito. • Antagonismo Fisiológico: Dois fármacos atuam em locais diferentes produzindo efeitos opostos. • Antagonismo Farmacológico: A interação ocorre nos receptores de forma competitiva, não competitiva ou ainda de forma química. Interações Farmacodinâmicas Exemplos gerais Antipsicóticos Exemplos gerais Exemplos gerais Exemplos gerais Exemplos gerais INTERAÇÃO FÁRMACO- NUTRIENTE Profª. Drª Ana Cristina Lo Prete INTERAÇÃO FÁRMACO-NUTRIENTE “Evento que ocorre quando é produzido um desequilíbrio de nutrientes por ação de um fármaco ou quando o efeito farmacológico é alterado pela ingestão de determinado nutriente ou pelo estado nutricional do paciente ou quando alguma reação adversa é produzida pela ingestão concomitante de algum componente do alimento com o fármaco” Reis, N.T, 2004 Importante: recomendação da administração de medicamento com alimento • Motivos da recomendação: • possibilidade de aumento da sua absorção; • efeito irritante de alguns fármacos sobre a mucosa gastrintestinal; • como auxiliar no cumprimento da terapia, associando a ingestão com uma atividade fixa (refeições). Kirk, 1995 • Entretanto, estes motivos são insuficientes para justificar este procedimento de forma generalizada. Thomas, 1995 Resumo • Profissionais dão pouca importância ao tema e têm pouco conhecimento do assunto; • A interação pode surgir antes ou durante a absorção gastrintestinal, durante a distribuição e armazenamento nos tecidos, no processo de biotransformação ou mesmo durante a excreção. Moura; Reyes, 2002; Santos; Ramos, 2005 • Década de 80: criação de uma comissão (EUA) para incentivar os profissionais de saúda a participar da vigilância e prevenções de possíveis interações. Murray & Healy, 1991; Lasswell & Loreck, 1992 Exemplos de interação fármaco-nutriente • Sonda: AAS precipita com a dieta na sonda; Captopril - liberação lenta; Gordozi et al, 2010 • Urologia do HC do Paraná: de 64 administrações , 20 tiveram alguma interação com alimentos. Domingues; Paraná, 2005 • Alho= ação de hipoglicemiantes, anticoagulantes e relaxantes musculrares; ação de alguns anti-retrovirais Alexandre et al, 2008 • Nateglinida (hipoglicemiante) apresenta interação com alimento = menor absorção Farhat et al, 2007 • Hospital Universitário (Porto Alegre): 54,5% (1.442) das prescrições apresentavam potenciais IFA. Magedans et al, 2009 • Hospital regional do Piauí: 19,5% apresentaram interação (ex. captopril = alimentos a absorção; AAS= a absorção de vit C e K) Lopes et al, 2010 Exemplos de interação fármaco-nutriente 1. EFEITOS DO ALIMENTO SOBRE A TERAPIA COM FÁRMACOS 2. EFEITOS DOS FÁRMACOS SOBRE O ALIMENTO E A NUTRIÇÃO 3. EFEITO DOS FÁRMACOS SOBRE O EFEITO NUTRICIONAL INTERAÇÃO FÁRMACO-NUTRIENTE 1. EFEITOS DO ALIMENTO SOBRE A TERAPIA COM FÁRMACOS - Farmacocinética (ADME do Fármaco) - Farmacodinâmica INTERAÇÃO FÁRMACO-NUTRIENTE 1.1 ABSORÇÃO DO FÁRMACO Presença de alimentos/nutrientes no TGI pode reduzir a absorção de um fármaco Absorção por difusão passiva: refeição pH gástrico = dificulta a absorção de fármacos ácidos e melhora a absorção de fármacos básicos; Absorção por transporte ativo (requer transportador) = pode haver competição entre o fármaco e o nutriente pela absorção. Ex. absorção de L-dopa pela dieta hiperprotéica (aa competem com o fármaco pela absorção intestinal). Moura; Reyes, 2002 Modificação do pH do conteúdo gastrintestinal pode alterar a desintegração da forma farmacêutica • Alimentos ou líquidos alteram o pH de 1,5 do estômago para ≈ 3,0 = altera a desintegração de cápsulas, drágeas ou comprimidos e consequentemente a absorção do princípio ativo • desintegração de eritromicina, tetraciclina... • desintegração da fenitoína, dicumarol... Welling,1984 1.1 ABSORÇÃO DO FÁRMACO Modificação do pH do conteúdo gastrintestinal altera estabilidade e/ou ionização dos fármacos • Fármacos instáveis com o HCL; • Ionização interfere na absorção • Ex. cetoconazol é melhor absorvido em pH ácido; deve ser ingerido com bebidas ácidas: cola, suco de laranja... • Ex: Antiosteoporose (ex. alendronato; alcalino) tem 60% na absorção e 40% na biodisponibilidade se ingerido com café ou suco de laranja (ácidos). Tuck; Datta, 2007 1.1 ABSORÇÃO DO FÁRMACO Influência do tempo de esvaziamento gástrico • Refeições sólidas, ácidas, gordurosas, ricas em fibras, quentes, hipertônicas e volumes líquidos >300 mL = esvaziamento gástrico mais lento. • Retardo nem sempre indica da quantidade absorvida e sim a necessidade de período maior para se alcançar sua concentração sanguínea máxima. • Além disso, pode a absorção de fármacos absorvidos por transporte ativo (processo saturante; mais tempo de contato do princípio ativo com a superfície de absorção) (ex. alguns antibióticos ou antiretrovirais). 1.1 ABSORÇÃO DO FÁRMACO Aumento da atividade peristáltica do intestino • A presença de alimento (quimo) no intestino delgado aumenta a atividade peristáltica, o que pode: - favorecer a dissolução do medicamento, facilitando o contato das substâncias com a superfície de absorção; - biodisponibilidade pela velocidade do trânsito intestinal. Secreções de ácidos, enzimas e sais biliares aumentam na presença de alimentos. • Por serem tensoativos, absorção de fármacos lipossolúveis; mas formam complexos não absorvíveis com outras substâncias (ex. colestiramina) Basile, 1994; Roe, 1985 1.1 ABSORÇÃO DO FÁRMACO Aumento do fluxo sanguíneo do TGI • Dietas hiperprotéicas e hiperlipídicas elevam o fluxo sanguíneo no TGI; Fluxo sanguíneo pós-prandial efeito de primeira passagem disponibilidade sistêmica de alguns fármacos (ex. beta-bloqueadores) (Welling,1989) 1.1 ABSORÇÃO DO FÁRMACO Influência das interações físico-químicas • Quelação: • absorção de alguns fármacos; • ocorrem entre certas medicações (ex. antibióticos) e cátions divalentes ou trivalentes (ferro, cálcio, magnésio, alumínio e zinco) • Ex: tetraciclina + leite (rico em cálcio e ferro) ou + antiácidos (ricos em alumínio) Neuhofel et al, 2002 1.1 ABSORÇÃO DO FÁRMACO Influência das interações físico-químicas • Fármacos estáveis em pH <3,5 ou > 10 + dieta enteral • risco de precipitação e consequente obstrução da sonda. • Ex. fluoxetina, haloperidol... • Portanto, devem ser adm 1 h antes ou depois dos alimentos (Hospital Santa Creu i Pau,1998). • Além dessas, podem ser também observadas reações de hidrólise, oxidação e neutralização que podem ocorrer na nutrição parenteral ou mesmo por V.O., quando ambos se encontram no TGI (Santiago, 2006). 1.1 ABSORÇÃO DO FÁRMACO Influência das interações físico-químicas • Adsorção (adesão) do fármaco pelo alimento: • Ex1.: Dietas ricas em fibras adsorvem alguns medicamentos (ex. antidepressivos tricíclicos), diminuindo a ação destes medicamentos. • Ex2.: Digoxina (cardiotônico) é adsorvida pelo farelo de trigo ou aveia. 1.1 ABSORÇÃO DO FÁRMACO • Albumina é a mais importante ligante de fármacos no sangue; • albumina (< 3 g/dL) por ingestão inadequada de proteínas fornece menos locais de ligação: albumima = fármaco livre = atividade do fármaco = intoxicação • deve-se diminuir a dose do fármaco nesses pacientes; • Ex1.: Varfarina (anticoagulante; > 98%) = hemorragias; • Inverso também ocorre (pacientes com hiperalbuminemia). 1.2 DISTRIBUIÇÃO DO FÁRMACO Alimento pode inibir ou estimular o metabolismo do fármaco por alterar sistemas enzimáticos (ex. complexo P450). • Ex1.: Dietas ricas em proteínas e pobres em carboidratos pode metabolização/inativação da teofilina (antiasmática). Walter-Sack e Klotz, 1996 • Ex2.: Substância encontrada na toranja, na laranja Seville (geléias) e no limão Siciliano inibe o metabolismo intestinal de diversos fármacos (ex. sinvastatina) por inibir a P450 na parede intestinal = > efeito farmacológico. Egashira et al, 2003; Lama, 2006 1.3 METABOLISMO DO FÁRMACO • Ex3: Álcool estimula o complexo P450 - estimula o metabolismo de muitos fármacos. Bardag-Gorce, 2010 Além disso, pode haver competição entre alimento e fármaco pelas enzimas que o metabolizam no fígado. • Ex. Propranolol com alimento = ação do fármaco. 1.3 METABOLISMO DO FÁRMACO Os alimentos/nutrientes podem alterar a reabsorção dos fármacos pelo túbulo renal. • Ex1.: A reabsorção de lítio e agentes antimaníacos está intimamente relacionada à reabsorção de sódio. • se há baixa ingestão de sódio (ou Δ desidratado), os túbulos tentam reter mais sódio e, com isso, retém mais lítio também, e vice-versa. 1.4 EXCREÇÃO DO FÁRMACO Alteração da excreção por alteração do pH urinário • Os fármacos são reabsorvidos no túbulo renal para voltar à circulação apenas no estado não-ionizado; • Leite, frutas, muitas hortaliças são alcalinizantes urinários = fármacos alcalinos são mais reabsorvidos (ex. anfetaminas) e os ácidos mais excretados (ex. Barbitúricos); • Ovos, carnes e pães são acidificantes urinários = efeito contrário. Basile, 1994 • Obs: mais provável quando a dieta é composta exclusivamente de um único alimento ou grupo alimentar. 1.4 EXCREÇÃO DO FÁRMACO • Interação na fase farmacodinâmica = no resultado do efeito terapêutico. • Podem ser: • Aditivas: há da ação terapêutica • Ex.: hipnóticos + álcool, ambos depressores do SNC • Antagônica: há da ação terapêutica • Ex.: anticoagulantes + alimentos ricos em Vit K, que é pró-fatores de coagulação Santos; Ramos, 2005 1.5 FARMACODINÂMICA DO FÁRMACO 2. EFEITOS DOS FÁRMACOS SOBRE O ALIMENTO E A NUTRIÇÃO - Absorção do Nutriente - Metabolismo do Nutriente - Excreção do Nutriente INTERAÇÃO FÁRMACO-NUTRIENTE Quelação: • O fármaco pode ou impedir a absorção de nutrientes por provocar quelação com minerais da dieta. • Ex.: Tetraciclina e ciprofloxacina quelam o cálcio, ferro, magnésio e zinco - - minerais devem ser tomados com intervalo de 2-6 h desses antibióticos. Adsorção: • Também pode ou impedir a absorção de nutrientes. • Ex.: Os anti-hiperlipêmicos sequestrantes de gorduras também adsorvem as vitaminas lipossolúneis (A, D, E e K) - - tomar suplementação vitamínica. 2.1 ABSORÇÃO DO NUTRIENTE Aumento dos movimentos peristálticos • Laxante pode causar diarreia = absorção de glicose, proteínas, Na+, Ca2+, K+, Vit C e D. Roe, 1984 • Fármacos que secreção de HCl = pH estomacal • Ex.: Anti-ulcerosos impedem absorção da Vit B12 por reduzir a clivagem de suas fontes dietéticas e absorção de Ca2+, Fe, ácido fólico e betacaroteno. Pelton et al., 2001 • Fármacos que danificam a mucosa intestinal, inibindo as enzimas e sistemas de transporte intestinal envolvidos na absorção de vários nutrientes. • Ex. quimioterápicos, AINE’s e AB a longo prazo. 2.1 ABSORÇÃO DO NUTRIENTE Moura; Reys, 2002 2.1 ABSORÇÃO DO NUTRIENTE Fármacos que aceleraram o metabolismo do nutriente • Faz com que ele “passe” pelo corpo mais rápido e, portanto, sejam requeridas quantidades maiores do mesmo. • Ex1.: Fenobarbital (ansiolítico; anticonvulsivante) e a fenitoína (anticonvulsivante) induzem as enzimas hepáticas que metabolizam a Vit D, Vit K e ácido fólico. Berg et al., 1995 • Ex2.: Carbamazepina (anticonvulsivante) acelera o metabolismo da biotina, Vit D e ácido fólico. Pelton et al., 2001 2.2 METABOLISMO DO NUTRIENTE Fármacos que provocam antagonismo vitamínico • Bloqueiam a conversão de uma vitamina em sua forma ativa. • Ex1.: INZ (antituberculose), levodopa e outros inibem a conversão da piridoxina (Vit B6) em sua forma ativa, o piridoxal 5-fosfato - neuropatia periférica! • Ex2.: O metotrexato (antineoplásico) e a pirimetamina (antimalárico) inibem a dihidrofolato redutase, portanto, a conversão do ácido fólico em sua forma ativa. 2.2 METABOLISMO DO NUTRIENTE Fármacos que alteram a reabsorção tubular renal Alguns fármacos podem ou a excreção de alguns nutrientes pela alteração da reabsorção tubular renal. • Ex1.: Diuréticos de alça (ex. Furosemida) excreção K+ (com uso prolongado também de Mg, Ca2+, ...) • Ex2.: Diuréticos Tiazídicos (ex. Hidroclorotiazida) excreção K+ e Mg, mas excreção de Ca2+. • Ex3.: Inibidores da ECA excreção de K+. • Ex4.: Corticoesteróides (ex. prednisona) excreção de Na+ e a de K+ e Ca2+. - - recomenda-se uma dieta com baixa ingestão de sódio e alta de potássio e cálcio. • Ex5.: Cisplatina (quimioterápico) excreção Mg. 2.3 EXCREÇÃO DO NUTRIENTE 3. EFEITO DOS FÁRMACOS SOBRE O EFEITO NUTRICIONAL INTERAÇÃO FÁRMACO-NUTRIENTE 1. Oral, Paladar, Olfato e Apetite Muitos fármacos afetam a capacidade de sentir o gosto ou odor dos alimentos. • Os fármacos podem causar alteração na sensação do paladar, menor acuidade da sensação de paladar ou causar um desagradável gosto que fica na boca. Qualquer um desses efeitos pode alterar a ingestão alimentar. • Os mecanismos pelos quais os fármacos alteram as sensações químicas não são muito esclarecidos: • podem alterar a troca das células do paladar; • interferir nos mecanismos de transdução dentro das células do paladar; • alterar os neurotransmissores no SNC que processam as informações quimiossensoriais. 1. Oral, Paladar, Olfato e Apetite Muitos fármacos afetam a capacidade de sentir o gosto ou odor dos alimentos. • Ex1.: captopril (anti-hipertensivo), amprenavir (anti-retroviral), cisplatina (antineoplásico) e fenitoína (anticonv.): todos causam gosto ruim (amargo ou metálico). • Ex2.: Muitos antineoplásicos (paclitaxel, carboplatina...) causam inflamação da mucosa da boca, da língua e rachadura nos lábios, o que dificulta a ingestão alimentar. • Ex3.: Drogas anticolinérgicas, ADT (ex. amitriptilina) e antihistamínicos (ex. difenidramina) acetilcolina, o que causa diminuição da saliva - - boca seca (xerostomia) - - a boca seca causa perda da sensação do paladar e, quando por tempo prolongado, causa cárie dental e perda dos dentes o que diminui mais ainda a ingestão alimentar. Com relação ao Apetite, muitos fármacos alteram este mecanismo. • Existem fármacos que propositalmente causam diminuição do apetite (anorexígenos) como também os que propositalmentepromovem o aumento de apetite (para pacientes caquéticos; Ex. hormônio acetato de megestrol, somatotropina, esteróide anabolizante...). No entanto, há fármacos que causam estas alterações no apetite como efeitos indesejáveis. • Ex1.: Antipsicóticos (ex. risperidona, olanzapina), ADT (ex. aminitriptilina), anticonvulsivante (ácido valpróico) e muitos corticoesteróides causam indesejavelmente ganho de peso por aumentarem o apetite (obs. Os corticoesteróides também aumentam o peso por causar retenção hídrica e diminuição da lipólise). 2. Efeitos Gastrointestinais A irritação e a ulceração gastrointestinal são sérios problemas causados por alguns fármacos. • Ex1.: Alendronato (antiosteoporose) causa alto grau de esofagite, portanto não pode ser adm a pacientes que não possam permanecer sentados pelo menos 30 min após a adm do fármaco (diminuindo o tempo de permanência no esôfago); Além dos danos no TGI, a esofagite causa dor ao deglutir o que promove diminuição da ingestão alimentar. • Ex2.: AAS e ibuprofeno (AINEs) causam irritação do estômago, gastrite, ulceração... Além dos danos no TGI, essas alterações promovem dor, o que diminui a ingestão alimentar. 2. Efeitos Gastrointestinais A irritação e a ulceração gastrointestinal são sérios problemas causados por alguns fármacos. • Ex3.: Fármacos antineoplásicos causam com frequência náuseas e vômitos. Tais manifestações fazem diminuir a ingestão de nutrientes e provocam danos à mucosa do TGI. Além disso, com o vômito há perda de água, nutrientes e eletrólitos, causando desidratação, desnutrição e graves problemas eletrolíticos (hiponatremia, hipopotassemia e hipocloremia). Os fármacos podem causar alterações na função intestinal que levam à constipação. • Ex1.: Codeína e morfina (analgésicos opióides) causam aumento do tônus da MM da parede intestinal - - diminuem o peristaltismo - - causam constipação. • Ex2.: Anticolinérgicos inibem a acetilcolina, logo, diminuem as secreções intestinais e os movimentos peristálticos- - causam constipação. Os fármacos podem causar alterações na função intestinal que levam à diarréia. • Fármacos podem causar diarreia por alterar a flora bacteriana intestinal, por promover irritação local ou ainda por promover diminuição da absorção de algum componente que aumente o bolo fecal (ex. lipídios). • Ex1.: Muitos AB causam destruição da flora bacteriana intestinal. Por consequência têm-se a proliferação do Clostridium difficile, o que causa colite. • Ex2.: Arcabose e Miglitol (anti-hipoglicêmicos) agem por inibir enzimas intestinais (α-glicosidase) - - diminui a absorção de glicose e, portanto, aumenta a glicose presente no intestino - - (1) o aumento da glicose no intestino causa efeito osmótico - - aumento do volume aquoso das fezes - diarreia; (2) aumento da fermentação da glicose presente em excesso no intestino - - flatulência. Toxicidade de Sistemas Orgânicos • Os fármacos podem causar toxicidade nos sistemas orgânicos específicos, como hepatotoxicidade, nefrotoxicidade, toxicidade pulmonar, neurotoxicidade, toxicidade ocular, cardiovascular, etc. • Apesar de todas as toxicidades serem importantes, a hepatotoxicidade e nefrotoxicidade são as mais comuns, visto que os fármacos são metabolizados e excretados por esses órgãos; além disso, são os órgãos que mais alteram a função nutricional. • Ex1.: Anfotericina B (antiinfeccioso), cisplatina, gentamicina, metotrexato (antineoplásicos) e outros causam lesão renal e com isso podem alterar a excreção de nutrientes específicos. • Ex2.: Muitos alimentos que precisam ser metabolizados no fígado podem tornar-se tóxicos visto que este órgão pode estar danificado por diversos fármacos (ex. estatinas, carbamazepinas, metotrexato...).
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