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Políticas Públicas e Organização da Educação Básica - Conteúdo Online

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POLÍTICAS PÚBLICAS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA 
AULA 1 – A CRISE DO ESTADO DE BEM ESTAR SOCIAL 
Após a Segunda Guerra Mundial, o mundo capitalista produziu duas tendências importantes. 
Por um lado, verificamos a expansão dos mercados, especialmente o mercado mundial de 
mercadorias, sob hegemonia e a pressão do mercado norte-americano. Por outro lado, foi o 
período de crescimento do Estado, de forma diferenciada, na Europa e no restante do mundo. 
A isto, na Europa Ocidental e na América do Norte, damos o nome de Estado de bem-estar 
social 
Estado de bem-estar Social (welfare State) é um tipo de organização política e econômica que 
coloca o Estado (nação) como principal agente regulamentador de toda vida e saúde social, 
política e econômica dos país, em parceria com sindicatos e empresas privadas, em níveis 
diferentes 
O Estado do Bem-Estar Social 
Foi uma política do capitalismo no pós-guerra, ela teve como objetivo recuperar a Europa 
devastada pela segunda guerra mundial. 
Seu desenvolvimento está intimamente relacionado ao processo de industrialização e aos 
problemas sociais gerados a partir dele. A construção do Estado de bem-estar social teve seu 
início marcado com a aprovação, em 1942, de uma série de providências nas áreas da saúde e 
escolarização. 
Ocorreu também uma ampliação dos serviços assistenciais públicos, abarcando as áreas de 
renda, habitação e previdência social, entre outras. Paralelamente à prestação de serviços 
sociais, o Estado de bem-estar social passou a intervir fortemente na área econômica, de 
modo a regulamentar praticamente todas as atividades produtivas com a proposta de geração 
de riquezas materiais para atender ao lucro capitalista e também a diminuição das 
desigualdades sociais com o objetivo de desmobilizar a classe trabalhadora. 
Ocorreu a partir da mudança de modelo foi um desequilíbrio nas relações entre Estados, entre 
mercado e Estado e, consequentemente, entre Estado e indivíduo 
Embora a produção industrial tenha reduzido em 10% nos países centrais do capitalismo, o 
crescimento econômico, mesmo que, em menor proporção, permaneceu. Inclusive, o 
comércio internacional de produtos industrializados, apresentou um crescimento nos anos de 
1980. 
No fim do século XX, os países do mundo capitalista desenvolvido se achavam, tomados como 
um todo, mais ricos e mais produtivos do que no início da década de 1970, e a economia 
global (da qual ainda formavam o elemento central) estava imensamente mais dinâmica. 
Esse não era o caso da África, da Ásia Ocidental e da América Latina, que se viram às voltas 
com o aumento da pobreza e da queda da produção. Da mesma forma, os países socialistas 
da Europa, apesar de apresentarem um pequeno crescimento econômico nos anos de 1980, 
não resistiam ao processo de “desindustrialização”, caracterizado pelas “novas formas de 
produção, pelo desenvolvimento da economia de serviços e pelas novas formas de 
gerenciamento empresarial”. 
Por isso, os países periféricos desmoronaram completamente após 1989, como foi o caso da 
Rússia. 
Tudo isso proporcionou pobreza, desemprego e miséria. Mesmo nos países mais ricos do 
mundo capitalista, as diferenças sociais se aprofundaram. Dessa forma, o desemprego não é 
ocasional, temporário, pelo contrário, ele é a expressão da nova organização econômica. Com 
isso, a presença de milhares de pessoas pelas ruas, sem ter onde morar, compõe o cenário 
dos maiores centros empresarias do mundo. 
A Ascensão do Neoliberalismo 
Finalmente na década de 1990, não dava mais para esconder que o modelo de 
desenvolvimento capitalista da época estava em crise. Crise essa, que já se anunciava em 
grande parte do mundo, desde meados dos anos de 1970. Isso favoreceu a crítica dos 
economistas conservadores, neoliberais, que há tempos vinham combatendo o Estado de 
Bem-estar social. 
Os neoliberais afirmavam que a economia e a política do Estado Keynesiano, baseada no 
pleno emprego, altos salários e nos direitos sociais, impediam o controle da inflação e o corte 
de custos, tanto no governo quanto nas empresas privadas. Para eles, só o livre mercado 
seria capaz de fomentar a distribuição da riqueza e da renda. 
Ao se contrapor ao Estado de bem-estar social, segundo os preceitos do Consenso de 
Washington, o neoliberalismo defendia a privatização dos serviços públicos, como educação, 
saúde e previdência, de forma a aliviar o Estado e tornar esses serviços competitivos no 
mercado. Desta forma, direitos conquistados transformaram-se em mercadorias adquiríveis no 
mercado. 
Ao longo das duas últimas décadas, a intensificação do processo de internacionalização das 
economias capitalistas, com ênfase nos mercados financeiros mundiais e a formação de 
grandes blocos econômicos, têm aumentado a pobreza e aprofundado as desigualdades no 
mundo capitalista globalizado. 
Sendo assim, a crise do Estado de bem-estar social está relacionada à construção de um novo 
modelo de capitalismo que, no afã de recuperar a lucratividade, contrapõe direito a 
investimentos e acumulação de capitais, e é responsável pela condução da reforma do Estado 
que tem provocado cortes substanciais no orçamento das políticas sociais dos países 
periféricos em benefício dos países centrais. 
AULA 2 – EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA POLÍTICA EDUCACIONAL E SEUS 
REFLEXOS 
A Constituição é a lei que estabelece as principais regras e normas jurídicas, políticas, 
econômicas e sociais de um país, dentre elas as da educação. Através do estudo dos textos 
constitucionais que o Brasil já viveu, podemos perceber a importância que a educação ocupou 
em diferentes momentos da história. 
A necessidade da Constituição nasceu no momento em que o Brasil tornou-se independente 
de Portugal. Após a disputa entre a elite brasileira e os interesses portugueses, a primeira 
Carta Magna brasileira foi outorgada pelo Imperador D. Pedro I. 
 
1891 – A Primeira Constituição Republicana 
A República proclamada em 1889 mudou o regime político no país, e como decorrência exigiu 
a elaboração de outro texto constitucional que correspondesse aos novos tempos. Vamos 
conhecer um pouco mais sobre a Carta Magna de 1891. 
A República, debatida durante muitos anos por um setor significativo da sociedade, não trouxe 
melhoria de condições para a maioria da população, que se manteve em condições de miséria, 
e em grande parte distante do processo de escolarização. Essa situação reflete-se no texto 
constitucional, que se referia ao poder público unicamente como um incentivador da instrução 
no país. 
A Constituição de 1934 
Longos debates entre educadores e um movimento social crescente começava a invadir a 
sociedade brasileira, exigindo reformas no país, sobretudo no campo educacional, a partir dos 
anos de 1920. A criação do Ministério da Educação é um exemplo das mudanças resultantes 
da pressão do movimento conhecido como Escola Nova. O capítulo II do texto legal abordou a 
questão educacional incorporando sugestões e idéias levantadas por intelectuais e professores 
da época, já apresentadas no Manifesto dos Pioneiros, publicado em 1932. 
Dentre várias outras questões, ela estabeleceu o direito de todos à educação, e, a 
obrigatoriedade e gratuidade do ensino primário, além de vincular os recursos a serem 
aplicados para o desenvolvimento do ensino público. A Carta de 1934 tratou, ainda, sobre a 
elaboração de um plano nacional para a educação que objetivaria a solução dos principais 
problemas acerca do tema. Pode-se dizer que, em termos de educação, o texto constitucional 
de 1934, respondia, grande parte, aos anseios da época. 
1937 – A Constituição do Estado Novo 
Estado Novo foi o nome dado por Getúlio Vargas à ditadura que instalou no Brasil apartir de 
1937, que correspondeu a um longo período de autoritarismo e repressão. Em todas as áreas 
sociais, particularmente na educação, houve um enorme retrocesso. As conquistas 
apresentadas na Carta Constitucional anterior (1934), que nem chegaram a ser colocadas em 
prática, foram totalmente abandonadas na nova lei. 
A educação deixa de ser considerada um direito de todos, como pode-se observar no primeiro 
artigo que tratava da questão (Art. 129). Manteve-se a obrigatoriedade e a gratuidade do 
ensino primário, entretanto sem criar mecanismos para que fossem cumpridas, além de 
instituir a cobrança de uma taxa, chamada de caixa escolar, para aqueles que não pudessem 
comprovar a pobreza, que daria direito à gratuidade. 
A Constituição de 1946 
Em 1945, a longa Era Vargas chega ao fim. Uma nova Carta Constitucional foi redigida para 
acompanhar os novos tempos. Tempos democráticos que se instalavam na vida brasileira, e 
que traziam alguns direitos sociais. Quanto à educação, o antigo debate dos Pioneiros de 1932 
é recuperado em relação a alguns temas. 
O texto constitucional, em seu artigo 166, restabelece o ensino como um direito de todos os 
brasileiros, livre à iniciativa particular. Estabeleceu, ainda, o ensino primário como obrigatório 
e gratuito, além de ter reservado recursos do orçamento para a sua manutenção. São 
retomadas as discussões que nas décadas de 1920 e 1930 foram levantadas pelos adeptos do 
movimento da Escola Nova, e que repercutiu no Brasil através do Manifesto de 1932. 
A Constituição de 1946 também determinou que fosse elaborada uma legislação específica 
que aprofundasse o tema, através do seu artigo 5º, e estabelecesse as diretrizes e as bases 
da educação brasileira. 
AULA 3 – O SENTIDO DA LEI Nº 4024/61: A ELABORAÇÃO DA PRIMEIRA 
LEI DE DIRETRIZES E BASES 
O Fim do governo de Getúlio Vargas, entre os anos de 1930 e 1945 (caracterizado em seus 
últimos sete anos pela ditadura do Estado Novo), instalou-se, em decorrência, um processo de 
democratização da sociedade, com novos partidos se organizando e a elaboração de uma 
constituição que representasse essa nova fase política. 
A retomada de práticas democráticas, sobretudo as parlamentares, permitiu um alongado 
debate sobre a legislação educacional do país. Nesse texto constitucional ficara determinado, 
entre outras questões, que a educação era entendida como um direito de todos. 
A elaboração da primeira LDB que o Brasil conheceu demorou muitos anos. Na verdade, esse 
processo pode ser dividido em dois períodos, que corresponderam a discussões e polêmicas 
bem distintas. 
Uma primeira fase caracterizou-se pelo conflito partidário entre dois políticos, cujas trajetórias 
sempre estiveram vinculadas à educação. 
De um lado encontrava-se o Ministro do governo ora no poder, o Sr. Clemente Mariani. 
Mariani era filiado à UDN (União Democrática Nacional), partido ligado a setores 
conservadores, articulado às classes média e alta do país e à burguesia internacional, e de 
oposição às forças de Vargas. 
E do outro lado o ex-Ministro da Educação do Estado Novo, Deputado Gustavo Capanema, 
filiado ao PSD (Partido Social Democrático), apoiado pelas forças getulistas. 
O Ministro Mariani, representando os interesses do governo, apresentou um projeto que 
possuía características descentralizadoras, que se chocou com os argumentos do deputado 
Gustavo Capanema, que propunha um sistema de ensino centralizador. 
O deputado redigiu um parecer que acabou por levar o projeto ao arquivamento. 
Essa disputa político-partidária adiou por alguns anos a discussão, que foi retomada 
efetivamente em 1957, quando da apresentação em plenário do projeto de lei conhecido 
como “Substitutivo Lacerda”. 
Segundo Período 
Outra fase dessa longa trajetória de elaboração da LDB se iniciou. O debate, naquele 
momento, girou em torno da questão das verbas públicas. 
Carlos Laceda: encampou a proposta dos representantes das escolas particulares, sobretudo 
os colégios confessionais, que sob o lema da liberdade do ensino, defendiam os interesses 
privatistas, reivindicando a aplicação de recursos públicos para a manutenção tanto de escolas 
públicas quanto de particulares 
Anísio Teixeira: de outro lado, em torno da defesa de verbas públicas exclusivamente para 
escolas públicas, se colocaram educadores e intelectuais, com Anísio Teixeira, Fernando de 
Azevedo, Florestan Fernandes, entre outros. Eles chegaram a articular e publicar um outro 
Manifesto de Educadores, em 1959, intitulado “mais uma vez convocados”. O famoso 
documento recuperou em parte as idéias presentes no movimento de 1932, defendendo, 
destacadamente, a obrigatoriedade e a gratuidade do ensino primário. 
A Primeira Lei de Diretrizes e Bases 
O texto final, aprovado pelo Congresso Nacional, em 1961, representou em parte a vitória dos 
setores privatistas, pois a lei (através de alguns mecanismos) permitia a transferência para as 
escolas particulares de recursos públicos, contrariando a proposta da “Campanha em defesa 
da Escola Pública”. A lei instituía a educação como um direito de todos e estruturava o ensino 
em: 
 Pré-Escola 
 Ensino Primário 
 Ensino Médio (subdividia em ginásio e colegial) 
A estrutura do ensino instituída pela Lei nº 4024/61 preservou a organização tradicional da 
educação brasileira: 
Ensino Pré-Primário – formado por escolas maternais e jardins de infância. 
Ensino Primário – de freqüência obrigatória, curso de 4 anos, podendo chegar a 6 anos. 
Ensino Médio – compunha-se de duas fases: o ginásio em 4 anos, e o colegial em 3 anos, que 
correspondiam ao ensino secundário e o técnico (agrícola, comercial, industrial e normal). 
A LDB tinha como seus principais títulos os seguintes: 
 Dos fins da educação – o desenvolvimento e formação do cidadão para a vida em 
sociedade, em uma perspectiva democrática de acordo com o momento histórico. 
 Do direito à educação – estabeleceu-a como um direito de todo cidadão cabendo à 
família a escolha do tipo de educação a ser oferecida. 
 Da liberdade de ensino – todos tinham direito a transmitir seus conhecimentos. 
 Da administração do ensino – afirmou que cabia ao MEC exercer as atribuições do 
poder público federal, e atribuiu competências ao Conselho Federal. 
 Dos sistemas de ensino – criou os sistemas de ensino federal, estaduais e municipais. 
 Dos recursos para a educação – instituiu que os recursos seriam aplicados 
preferencialmente nas escolas públicas, abrindo espaço para o setor privado. 
AULA 4 – AS REFORMAS EDUCACIONAIS NA DITADURA MILITAR 
Logo após a promulgação da primeira Lei de Diretrizes e Bases, o Brasil mergulhou em um 
novo momento político quando se instalou, em 1º de abril de 1964, através de um Golpe de 
Estado, outro governo autoritário, fase conhecida como Ditadura Militar. Foram anos 
marcados por uma intensa repressão que perseguia opositores, cassando e torturando 
políticos; e impedia os movimentos sociais, inclusive a organização de estudantes que lutavam 
contra a ditadura. 
Uma nova Constituição vai ser redigida e outorgada à sociedade pelo governo militar. Esta foi 
a sexta Carta Constitucional do Brasil. Nela, os direitos dos cidadãos são restringidos, o 
Executivo Federal concentrava poderes, além de ser eleito de forma indireta pelo Congresso 
Nacional. 
No capítulo sobre educação, o direito de todos a ela é reafirmado, apesar de também ficar 
expresso que o ensino é livre à ação da iniciativa privada, que continua a ter acesso a 
incentivos e facilidades financeiras dos cofres públicos, como disposto na Constituição 
anterior. 
Esse momento histórico exigiu alterações na legislação educacional. Não foi elaborada nova 
Lei de Diretrizes e Bases,mas sim duas leis que reformaram alguns aspectos da LDB vigente. 
Uma tratou de modificar os ensinos primário e secundário enquanto outra abordou o superior. 
As diretrizes básicas, estabelecidas pela lei 4024/61 (os 5 primeiros títulos), não são alteradas, 
demonstrando a continuidade da ordem socioeconômica mantida pelo golpe. 
A reforma do ensino superior tinha por finalidade a desmobilização dos estudantes 
universitários. Para tanto, instituiu o sistema de créditos que obrigava os alunos a realizarem a 
matrícula por disciplinas, o que impedia a formação de grupos nas mesmas turmas, como no 
tradicional curso seriado, dificultando a organização de grupos de pressão. 
A lei 5540/68 também determinou que as disciplinas passassem a ser agrupadas por 
departamentos, deixando de se organizar por cursos, reforçando o caráter da fragmentação. 
Por fim, estabeleceu o vestibular unificado, desarmando as crescentes demandas, sobretudo 
dos estudantes secundaristas, por mais vagas nas universidades públicas. 
A lei 5692/71 
Esta legislação é frequentemente chamada de lei de diretrizes e bases de forma errônea. 
Contudo, ela não pode ser confundida, pois se refere exclusivamente a dois segmentos da 
educação, que correspondem ao que nos dias atuais chamamos de educação básica. 
A lei 5692 não tratava, também, dos objetivos gerais e finalidades da educação para o país. 
Ela era específica para dois segmentos do ensino. 
A referida lei foi criada por um grupo de trabalho instituído pelo Presidente Médici, que tinha 
por objetivo adequar o ensino ao momento político instaurado pelo Golpe de 1964, e às 
necessidades sociais e econômicas que o governo militar se empenhava em garantir. 
Em linhas gerais, a lei criou a estrutura de ensino que se organizava em 1º e 2º graus. O 
primeiro grau passou a abranger os antigos ensino primário e ginásio, atendendo às crianças 
dos 7 aos 14 anos. Ampliou, então, a obrigatoriedade escolar de quatro para oito anos 
O ensino profissionalizante tinha o objetivo de atender à formação de mão-de-obra no sentido 
de garantir o suporte para a ampliação do parque industrial brasileiro, em reposta aos 
preceitos liberais de divisão internacional do trabalho. Para isso, foi a primeira legislação 
educacional que criou um capítulo para tratar do ensino supletivo. 
A Lei 5692/71 também introduziu algumas propostas, que contribuíram para o debate 
pedagógico: 
Integração Horizontal: buscava eliminar a diferença entre os antigos ramos de ensino: 
agrícola, comercial, industrial e normal, articulando as várias áreas do conhecimento, no 
interior de cada série. 
Integração Vertical: entre os dois graus, entre os níveis (o primeiro e o segundo segmento do 
1º grau) e entre todas as séries de ensino das atividades, áreas de estudo e disciplinas, com o 
propósito de garantir um trabalho de continuidade desde a 1ª série do 1º grau até a última 
série do 2º grau. 
Valorização do Magistério: é uma outra questão presente na lei. Foi citada especialmente 
buscando a crescente profissionalização dos professores, o aperfeiçoamento daqueles já 
formado, e adequando os vencimentos salariais segundo os critérios do nível de formação, ao 
contrário do nível que ministrava. 
AULA 5 – A POLÍTICA EDUCACIONAL BRASILEIRA NA TRANSIÇÃO 
DEMOCRÁTICA: A CARTA DE 1988 
O texto constitucional, que vigora nos dias de hoje, foi aprovado em 5 de outubro de 1988, e 
está organizado em nove Títulos, subdivididos em capítulos, que por sua vez se desdobram 
em seções e em subseções, quando se faz necessário. Os artigos têm numeração seqüencial. 
Foi elaborada em um momento política bem característico, pois correspondia a uma grande 
mobilização popular que, diante do fim de um longo período ditatorial, exigia efetivas 
transformações na sociedade. 
Em seu conteúdo apresentou alguns avanços nas áreas sociais e políticas, como a igualdade 
de direitos entre homens e mulheres, o voto do analfabeto, o voto aos 16 anos, o racismo 
tratado como crime, além de por fim à censura. O texto constitucional estabeleceu, ainda, 
alguns dispositivos que defendem o cidadão quando seus direitos são negados, especialmente 
os dispositivos contra a arbitrariedade do Estado. Vem daí o fato de ela ser conhecida por 
muitos políticos, e festejada pela imprensa, como a Constituição Cidadã. 
Direitos Conquistados 
Habeas-corpus: assegura a reparação ou prevenção do direito de ir e vir, constrangido por 
ilegalidade ou por abuso de poder (as ditaduras, assim que instaladas, haviam suspendido 
esse instrumento com o propósito de realizar prisões ilegais.) 
Habeas-data: garante ao cidadão o acesso às informações a seu respeito constantes no 
registro de banco de dados de qualquer entidade governamental. 
Mandado de segurança: protege o cidadão quando seus direitos estão prestes a ser 
desrespeitados por uma instituição. Agora, existe também o mandado de segurança coletivo, 
isto é, impetrado por sindicatos e associações da sociedade civil. 
Mandado de injunção: assegura o exercício de um direito garantido pela Constituição. 
Ação popular: tem como objetivo anular ato lesivo ao patrimônio público e punir seus 
responsáveis. 
A Educação no Texto Constitucional 
O tema educacional na Constituição é apresentado no Título VIII, que trata Da Ordem Social, 
em seu Capítulo III, intitulado: Da Educação, da Cultura e do Desporto, especificação na 
Seção I, chamada Da Educação, que se dispõe em dez artigos, entre o 205 e o 214. 
No primeiro artigo (205), a Carta Constitucional estabelece a educação como direito de todos 
e dever do Estado e da família. É interessante notar como o dever do Estado precede o da 
família, o que realmente demonstra a importância do poder público em garantir ensino para a 
população. 
O Papel de Cada Esfera 
A União, estados, distrito federal e municípios devem proporcionar o acesso à cultura, à 
educação e à ciência, e que todas as esferas têm competência para legislar sobre educação, 
desde que respeitadas as diretrizes e bases fixadas em seu texto. Apresenta, ainda, como dos 
municípios, a prioridade quanto à responsabilidade de manter programas para os níveis pré-
escolar e ensino fundamental (cabendo à União complementar recursos, em casos de 
dificuldades dos municípios). 
A Constituição de 1988 assegura ainda o direito à educação dos povos indígenas, garantindo 
que o ensino se realize em língua materna e na língua portuguesa. Permite, dessa maneira, a 
integração dos povos à sociedade brasileira, preservando sua cultura. 
Quanto à aplicação das verbas públicas, a Constituição estabelece que cabe à União aplicar no 
mínimo 18%, enquanto que os municípios e estados devem investir no mínimo 25% cada. 
Podemos considerar essa vinculação dos recursos como um avanço, pois predetermina uma 
parcela do orçamento que deve ser aplicada em educação. 
AULA 6 – O SIGNIFICADO DO ESTATUTO DA CRIANÇA E DO 
ADOLESCENTE 
O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) foi o resultado de um longo debate travado na 
sociedade brasileira, que se iniciou em 1979 com a elaboração do Código de Menores, e que 
ganhou um novo impulso com a promulgação da atual constituição brasileira (CF/1988). Esse 
debate envolveu diferentes setores da sociedade, sob a forma de movimentos populares, 
incluindo-se as Organizações Não Governamentais (ONGs) e representantes dos Três Poderes 
da República. 
No plano internacional, a assinatura da Convenção Internacional dos Direitos da Criança das 
Organizações das Nações Unidas (1989) acelerou decisivamente a transformação das políticas 
públicas voltadas para crianças e jovens. 
Lugar de Criança é na Escola 
O Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 8069/90) é o dispositivo legal que estabelece os 
direitose deveres de crianças e adolescentes no Brasil. Apresenta os direitos relacionados à 
educação, à saúde, à vida familiar e à vida em sociedade, além de também dispor sobre os 
deveres. 
Estrutura: o texto do estatuto compõe-se de 267 artigos, e está organizado em duas partes: a 
Geral e a Especial, que por sua vez se dividem em Títulos, subdivididos em capítulos, e esses 
em seções. 
Títulos: Direitos Fundamentais, Prevenção, Política de Atendimento, Medidas de Proteção, 
Prática da Ato Infracional, Medidas Pertinentes aos Pais ou Responsável, Conselho Tutelar, 
Acesso à Justiça e Crimes e as Infrações Administrativas. 
Art. 3º: A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa 
humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-se-lhes, por lei 
ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o 
desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de 
dignidade. 
Art. 4º: É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público 
assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à 
alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao 
respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária. 
Art. 5º: Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência, 
discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, punida na forma da lei qualquer 
atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais. 
O Estatuto e a Educação 
O tema da Educação é tratado pelo Estatuto da Criança e do Adolescente como um direito de 
todos e um dever do Estado. Apresenta-se sob a forma de sete artigos (do artigo 53 ao 59), 
em que estão estabelecidos os objetivos da educação, além de estarem especificados os 
papéis do Estado quanto aos deveres, a responsabilidade da família, as competências dos 
gestores escolares, o respeito aos valores culturais, artísticos e históricos da comunidade a 
qual o estudante pertence. 
Abaixo foram destacados os artigos do estatuto em que estão explicitados os direitos e os 
deveres: 
Art. 53. A criança e o adolescente têm direito à educação, visando ao pleno desenvolvimento 
de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho, 
assegurando-se-lhes: 
I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; 
II - direito de ser respeitado por seus educadores; 
III - direito de contestar critérios avaliativos, podendo recorrer às instâncias escolares 
superiores; 
IV - direito de organização e participação em entidades estudantis; 
V - acesso à escola pública e gratuita próxima de sua residência. 
Parágrafo único. É direito dos pais ou responsáveis ter ciência do processo pedagógico, bem 
como participar da definição das propostas educacionais. 
Art. 54. É dever do Estado assegurar à criança e ao adolescente: 
I - ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os que a ele não tiveram acesso 
na idade própria; 
II - progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao ensino médio; 
III - atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente 
na rede regular de ensino; 
IV - atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a seis anos de idade; 
V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a 
capacidade de cada um; 
VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do adolescente trabalhador; 
VII - atendimento no ensino fundamental, através de programas suplementares de material 
didático-escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde. 
§ 1º - O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público subjetivo. 
§ 2º - O não oferecimento do ensino obrigatório pelo poder público ou sua oferta irregular 
importa responsabilidade da autoridade competente. 
§ 3º - Compete ao poder público recensear os educandos no ensino fundamental, fazer-lhes a 
chamada e zelar, junto aos pais ou responsável, pela freqüência à escola. 
O Estatuto e a Constituição 
O texto do estatuto está em consonância ao que prevê o texto constitucional, que afirma: 
Art. 205 - A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e 
incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, 
seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. 
As crianças e os jovens adolescentes devem ser vistos como pessoas que estão em processo 
de desenvolvimento, sujeitos de direitos e passíveis de proteção integral. 
Crianças: pessoas até 12 anos. 
Adolescentes: pessoas entre 12 e 18 anos. 
Casos excepcionais, previstos na lei, esse entendimento se estende até os 21 anos. 
Mundo Ideal Versus Mundo Real 
A questão principal, contudo, é a de implementar o conteúdo que o Estatuto apresenta. Não 
basta que os textos legais se mostrem avançados em suas formulações, o fundamental é que 
os avanços se apresentem em conquistas sociais. Infelizmente ainda vivemos diante de uma 
realidade que em nada favorece uma grande parcela de crianças e adolescentes que ainda 
vivem sem as mínimas condições de dignidade 
Começando a Terminar... 
É fundamental, portanto, que todo professor conheça o texto do Estatuto da Criança e do 
Adolescente para que possa contribuir no cumprimento de suas determinações, além de 
acompanhar a sua aplicação. Ferreira (2008:109) entende que educação e cidadania são 
indissociáveis, pois somente a educação assegura o exercício pleno da cidadania. Pela 
educação, os alunos serão capazes de exigir direitos e de cumprir deveres. 
Fazer cumprir significa criar condições de manter todas as crianças nas escolas. Além disso, 
interessa também ao educador conhecer o Conselho Tutelar , seu funcionamento e atuação. 
Este é o órgão que recebe as denúncias e assegura o cumprimento dos termos do estatuto. É 
composto por conselheiros eleitos na comunidade, que tem como objetivo acompanhar os 
casos de violações. 
AULA 7 – A POLÍTICA EDUCACIONAL DOS ANOS 90 
Quem é o Banco Mundial? 
Origem: A fundação do Banco Mundial (BIRD) está vinculada à fundação do FMI (Fundo 
Monetário Internacional), no ano de 1944, na Conferência de Bretton Woods, como resultado 
da preocupação dos países centrais com o estabelecimento de uma nova ordem internacional 
pós-guerra. No início, o papel de destaque cabia ao FMI; a atuação do Banco Mundial estava 
apenas voltada para a reconstrução do Continente europeu, de forma a assegurar a 
hegemonia do sistema capitalista e os interesses da economia americana sobre mercado 
desse continente. 
Organograma: O Grupo Banco Mundial compreende: 
a) O Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD); 
b) A Corporação Financeira Internacional (IFC); 
c) O Organismo Multilateral de Garantia de Investimentos (MIGA); 
d) A Associação Internacional de Desenvolvimento (IDA); 
e) O Centro Internacional para Resolução de Disputas sobre Investimentos (ICSID); 
Em 1992, o Fundo Mundial para o Meio Ambiente (GEF) passou para a coordenação do Banco, 
tornando-se o maior gestor de recursos para o meio ambiente no âmbito global. 
Política de Atuação: Como podemos observar, tanto na Europa, como nos países periféricos, a 
política de financiamento do FMI e do Banco Mundial está intimamente associada à defesa dos 
interesses econômicos dos EUA que, após a Segunda Guerra Mundial, assume a liderança 
política e econômica do Bloco Capitalista. Portanto, cabe destacar que os Organismos 
Internacionais estão fortemente vinculados aos Estados Nacionais, sobretudo aos EUA. 
Política de Funcionamento:O poder de decisão dos países no Banco Mundial e no FMI não se 
dá através do voto individual de cada país, mas sim em função do capital depositado por cada 
um deles no Fundo. Sendo assim, desde a fundação até hoje existe uma divisão entre a 
Europa e EUA, de modo que sempre o presidente do Banco Mundial é um americana, e o do 
FMI indicado pela União Europeia. O financiamento, não é o único, nem o mais importante 
papel desempenhado pela Banco no setor social, mas sim o caráter estratégico que vem 
desempenhando no processo de reestruturação neoliberal dos países dependentes 
O Banco Mundial e a América Latina 
A crise do endividamento, vivida pelos países da América Latina a partir dos anos 80, 
possibilitou uma maior interferência do Banco na política interna dessas nações. Sob essa 
perspectiva, o Banco Mundial, no final dos anos 80, formulou um conjunto de reformas a 
serem aplicadas nos países endividados para atender às necessidades de expansão do capital 
internacional. Essas reformas, que ficaram conhecidas como “Consenso de Washington”, 
defendiam principalmente: a) o equilíbrio orçamentário mediante a redução dos gastos 
públicos; b) a abertura comercial; c) a liberalização financeira; d) a desregulamentação dos 
mercados internos; e) a privatização das empresas e dos serviços públicos. 
Embora esses países pudessem enfrentar recessão e aumento da pobreza num primeiro 
momento de implantação das reformas, só assim, afirmava o Banco, seria possível retomar o 
crescimento econômico. Enfim, retomar o desenvolvimento sustentável. 
Economia e Política Social 
O princípio de política social focalizada na pobreza, expressa nos documentos do Banco 
Mundial, reflete uma concepção de atendimento mínimo para aqueles que não podem adquirir 
esses serviços no mercado. Entretanto, tal posicionamento rompe com o princípio da 
igualdade de direitos, luta histórica do movimento popular. 
Nesse sentido a educação, como política social focalizada, tem lugar de destaque nas 
propostas do Banco Mundial para a América Latina. A Reforma da Educação instituída para 
priorizar a educação inicial em detrimento dos demais níveis de ensino é um bom exemplo do 
papel que desempenhamos nessa nova ordem mundial. 
Política Educacional: Lógica Neoliberal 
O Banco, que nesse momento tem a tarefa de implementar a política de ajuste econômico nos 
países periféricos, apresenta para a Educação um conjunto de mudanças caracterizadas como 
Reformas Educacionais da década de 90. 
A educação, na nova proposta do Banco, está vinculada ao mercado de trabalho segmentado. 
Mercado Segmentado: 
Mercado moderno: urbano, consolidado, protegido por lei. 
Mercado tradicional: informal, sem proteção trabalhista. Maior parte da população 
economicamente ativa. 
Sendo assim, não há lugar para o desenvolvimento autônomo de todos os países nem para a 
inclusão de todos os indivíduos. É a isso que o Banco chama equidade; na verdade, uma 
distribuição desigual. 
“Outros” ensinos ÓTICA DE PRIORIDADE DO BANCO: DESVINCULAR OS NÍVEIS DE 
ENSINO Ensino Fundamental Atinge a maioria da população Alimenta o 
mercado de trabalho tradicional Essa camada não ascenderá ao mercado de trabalho 
“modernos”. 
Funcionamento da Reforma Educacional 
Nesse sentido, as Reformas Educacionais indicadas pelo Banco Mundial apresentaram 
basicamente dois eixos. O primeiro voltado para uma educação racional e eficiente, capaz de 
reduzir os custos, o que implica na divisão de responsabilidades entre o Estado e a sociedade. 
O segundo, centrado na qualidade do ensino em função do diagnóstico apresentado pelo 
Banco acerca dos principais problemas da educação. 
Tais problemas estão relacionados ao acesso e permanência dos alunos na escola, 
crescimento acelerado da demanda de educação secundária e superior, alfabetização de 
adultos e aprofundamento da distância entre países da OCDE (Organização para Cooperação e 
o Desenvolvimento Econômico) e da América Latina e Caribe. 
Política Neoliberal Para a Educação 
A concepção neoliberal que passou a orientar essa política educacional tratou a educação não 
mais como um direito do cidadão, mas sim como uma mercadoria. Não seria por outro motivo 
que, Paulo Renato Souza, um economista que foi ministro da educação nos dois governos de 
Fernando Henrique, tenha ocupado uma vice-presidência no Banco Interamericano de 
Desenvolvimento (BID). 
A educação ocupou um papel relevante na reforma do Estado brasileiro. Para tanto, o primeiro 
governo de Fernando Henrique (1995-1998) sofreu uma profunda reformulação, tomando 
como base o conceito de equidade social da forma que aparece nos estudos produzidos pelos 
Organismos Internacionais ligados à ONU e promotores da Conferência de Jomtien. 
Descentralização do Ensino ou da Responsabilidade? 
A “Conferência de Educação para Todos” (Março de 1990, em Jomtien) estabeleceu como 
orientação priorizar o ensino fundamental em detrimento dos demais níveis de ensino. Ainda, 
defendeu que a tarefa de assegurar a educação é de todos os setores da sociedade. De 
acordo com essa postura, o dever do Estado foi relativizado. 
Municipalização da Educação Primária: desresponsabiliza o Estado com esse nível de ensino; 
sugere-se (induz-se) uma privatização do ensino não contemplado na “cartilha”. 
A Teoria na Prática 
O eixo descentralização/racionalização tem, na municipalização do ensino e na criação do 
Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do 
Magistério (FUNDEF), a principal articulação do governo federal para ampliar o atendimento 
ao ensino fundamental, sem aumentar os recursos destinados a esse nível de ensino. O 
governo federal repassa aos municípios, muitas vezes as unidades mais pobres da Federação, 
a responsabilidade com esse nível de ensino. 
AULA 8 – A LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO NACIONAL: 
ELABORAÇÃO, CARACTERÍSTICAS, AVANÇOS E RETROCESSOS 
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDBN 9394/96 
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional é considerada a lei maior da educação no 
país, e está subordinada à Constituição Federal e situa-se logo abaixo dela, definindo de uma 
maneira geral a nossa educação. Por ter um caráter abrangente, necessita de 
regulamentação, ou seja, de legislação específica para vários de seus dispositivos. Segundo 
Demerval Saviani, fixar as diretrizes da educação nacional: 
“(...) não é outra coisa senão estabelecer os parâmetros, os princípios, os rumos que se deve 
imprimir à educação no país. E ao se fazer isso estará sendo explicitada a concepção de 
homem, sociedade e educação através do enunciado, dos primeiros títulos da Lei de Diretrizes 
e Bases da Educação Nacional relativos aos fins da educação, ao direito, ao dever, à liberdade 
de educar e ao sistema de educação bem como à sua normatização e gestão”. (Saviani, 1998, 
p.189) 
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) sancionada sem vetos pelo Presidente 
da República em 20 de dezembro de 1996, é resultado de oito anos de tramitação no 
Congresso Nacional e muita mobilização da sociedade. 
1987/1988: Como resultado da mobilização de educadores organizados que, em 1987 
buscaram interferir no processo Constituinte apresentando propostas para o capítulo da 
Constituição referido à educação, iniciou-se, nesse mesmo ano, o movimento em torno da 
elaboração das novas diretrizes e bases da educação nacional. Dessa forma, em 1988, 
promulgada a Constituição Nacional, o deputado Otávio Elísio (PSDB) apresentou na Câmara 
Federal um projeto de lei que representava o debate inicial dos educadores. 
Origem do Texto: Esse projeto, na sua primeira versão, praticamente colocou, em forma delei, o texto “Contribuição à elaboração da nova LDB: Um início de conversa” de Demerval 
Saviani, apresentado na Reunião Anual da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa 
de Educação (ANPED), realizada em Porto Alegre, no período de 25 a 29 de abril de 1988, 
acrescido de um texto de financiamento do professor Jaques Veloso. 
A Visão de Dentro: A participação de instituições científicas e sindicais reunidas desde o 
processo da Constituinte deu origem ao Fórum em Defesa da Escola Pública, que 
desempenhou um importante papel ao acompanhar e subsidiar a formulação da nova LDB. 
Esse Fórum se constituiu em grande articulador junto à Comissão de Cultura, Educação e 
Desporto, contrapondo-se aos interesses empresariais e privatistas. 
As Discussões: Ao projeto inicial da LDB, do deputado Otávio Elísio, seguiram-se outros, como 
o substitutivo Jorge Hage, ao qual deu início a uma série de discussões públicas com os 
grupos organizados de educadores de várias tendências. Após ser aprovado pelas diversas 
Comissões da Câmara, o substitutivo foi enviado para apreciação e votação no plenário dessa 
Casa. 
A Aprovação: Em maio de 1993, o projeto da LDB foi aprovado na Câmara, depois de muitos 
embates, 1263 emendas, algumas incorporadas pela nova relatora, deputada Ângela Amin, do 
PDS, depois do PPR e atualmente do PPB. Seu relatório incorporou várias emendas que 
correspondiam aos interesses dos grupos privados. “Com isso, o caráter social-democrata e 
progressista dos Substitutivo Jorge Hage foi atenuado pela incorporação de aspectos 
correspondentes a uma concepção conservadora de LDB” 
As Mudanças no Caminho 
Entretanto, ainda em 1992, depois do projeto da Câmara já completar três anos de debate e 
de intensa negociação, repentinamente surge no Senado um novo projeto de autoria do 
senador Darcy Ribeiro. 
Esse projeto, oriundo de um intelectual que historicamente esteve ao lado das forças 
progressistas da sociedade brasileira, além de desrespeitar todo um processo democrático 
voltado para a elaboração da LDB, colocou-se a serviço do novo governo eleito, na defesa dos 
interesses das forças conservadoras. 
Segundo Saviani (1997), o senador omitiu, no seu projeto enviado ao Senado, qualquer 
referência ao Sistema Nacional de Educação e ao Conselho Nacional de Educação, por 
coincidência pontos combatidos pelos conservadores ligados ao governo Collor. Também 
propôs a redução do ensino fundamental obrigatório e a restauração dos exames da 
madureza. Porém, o seu projeto foi arquivado para dar lugar à tramitação do projeto da 
Câmara. 
Mesmo diante desse ato apressado e autoritário do senador Darcy Ribeiro, e das mudanças no 
conteúdo do projeto da Câmara em função da nova composição do legislativo, mais 
conservador, o processo de elaboração da atual LDB até a apresentação do segundo projeto 
Darcy Ribeiro, já no governo de Fernando Henrique Cardoso, pode ser considerado inovador, 
ao passo que constitui um espaço aberto de elaboração e debate com a participação de 
diferentes forças que compõem a sociedade. 
Por fim, todo esse quadro se modifica, no início do governo de Fernando Henrique, quando 
mais uma vez o senador Darcy Ribeiro, atendendo aos interesses mais conservadores da 
sociedade, apresentou o segundo projeto, em março de 1996, que se transformou no texto 
final da nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. 
Esse projeto rompe não só com o processo democrático ocorrido até então, mas, sobretudo 
com as concepções de educação explicitada no projeto anterior e do papel do Estado quanto 
às políticas educacionais. 
A estratégia utilizada pelo Ministério da Educação, que atropelou todo um processo construído 
pela sociedade, produziu um texto que Saviani (1997) considerou “inócuo e genérico”, bem de 
acordo com os interesses da política dominante na época, que no ligar de formular uma 
política global para a educação, inscrita na LDB, preferiu fazer a Reforma do Setor Educacional 
de maneira fragmentada, procurando, dessa forma, quebrar a resistência do movimento 
organizado. 
A Nova LDB – Texto Final 
O texto final da atual LDB deve ser compreendido no processo de disputa de projeto político 
pelo qual passa o país no período final de seu longo trajeto na Câmara e no Senado. A vitória 
do projeto conservador, no final de 1994, liderado por Fernando Henrique Cardoso, significou 
para o país o avanço da política neoliberal, na qual o mercado se sobrepõe aos interesses da 
maioria da população. O resultado desse processo poderia ser assim enumerado: 
Redução: Redução do dever do Estado com a universalização da educação básica – ao 
responsabilizar o poder público somente pela oferta obrigatória e gratuita do ensino 
fundamental e ao diminuir o compromisso da União para com a educação pública através da 
transferência de encargos para as esferas administrativas de nível estadual e municipal, a 
nova LDB acaba rompendo com o conceito de obrigatoriedade da educação básica, 
consolidando o disposto na emenda constitucional n° 14, que diz caber à União uma ação 
meramente suplementar no financiamento da educação. 
Fragmentação: Fragmentação da concepção de Sistema Nacional de Educação – o que 
estabelece a nova LDB é uma mera justaposição dos poderes municipal, estadual e federal, 
tendo sido os respectivos conselhos descaracterizados e destituídos de autonomia política, de 
representatividade social e de responsabilidade de conduzir e acompanhar a implementação 
das políticas educacionais. 
Recursos: Descaracterização do profissional da educação – ao não estabelecer um piso salarial 
profissional nacional, a nova lei descaracteriza a figura do professor, descrevendo-a a partir de 
suas responsabilidades, ou a partir de sua formação. 
Descaracterização: Recursos financeiros – alguns aspectos importantes que constam na nova 
LDB acerca do financiamento da Educação têm origem no projeto da Câmara de Deputados 
debatido exaustivamente com a sociedade. Sendo assim, vamos destacar em primeiro lugar, a 
fixação de prazos para o repasse dos valores do caixa da União, dos estados e dos municípios 
ao órgão responsável pela educação. Outro ponto positivo é a delimitação do que pode e do 
que não pode ser considerado como despesa de manutenção e desenvolvimento do ensino. 
Essa medida estava presente no projeto original, e sua permanência representou uma 
importante conquista para o controle dos recursos públicos pela sociedade. No entanto, a lei 
aprovada não garantiu que os recursos públicos fossem destinados apenas para a educação 
pública, o que significou, mais uma vez, a vitória do setor privado ao manter o financiamento 
público para esse setor. 
Artigos: Finalmente, os artigos 74 e 75 que tratam, respectivamente, do custo mínimo por 
aluno e da ação supletiva e redistributiva da União e dos estados, conjugados à emenda 
constitucional de n°14 e a Lei 9.424/96 que criou o Fundo, expressam a política educacional 
do governo federal, que propõe ao país uma educação mínima com obrigatoriedade apenas 
para o ensino fundamental, abrindo o terreno para a ação da iniciativa privada nos outros 
níveis da educação nacional. 
AULA 9 – A NOVA LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO (LDB) E O 
PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO 
A Nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação 
Da prevenção, dos produtos e dos serviços 
Nova LDB 
A atual LDB (Lei 9394/96) foi sancionada pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso e 
pelo então ministro da educação Paulo Renato em 20 de dezembro de 1996. Baseada no 
princípio do direito universal à educação para todos, a LDB de 1996 trouxe diversas mudanças 
em relação às leis anteriores, como a inclusão da educação infantil (creches e pré-escolas) 
como primeira etapa daeducação básica. 
Principais Características: 
 Formação de docentes para atuar na educação básica em curso de nível superior, 
sendo aceito para a educação infantil e as quatro primeiras séries do fundamental 
formação em curso Normal do ensino médio. 
 Formação dos especialistas da educação em curso superior de pedagogia ou pós-
graduação. 
 A União deve gastar no mínimo 18% e os estados e municípios no mínimo 25% de 
seus respectivos orçamentos na manutenção e desenvolvimento do ensino público. 
 Dinheiro público pode financiar escolas comunitárias, confessionais e filantrópicas. 
 Prevê a criação do Plano Nacional de Educação. 
Art. 53 a 59, Art. 60 a 69 
O Plano Nacional de Educação (PNE) 
Diretrizes: o PNE é um plano de governo que estabelece diretrizes, metas e prioridades para o 
setor educacional brasileiro, com o objetivo de melhorar a qualidade de ensino em todo o 
país. Entre as principais diretrizes estão a universalização do ensino em todo o Brasil e a 
criação de incentivos para que todos os alunos concluam a educação básica. 
Origem: o PNE foi elaborado pelo Ministério da Educação, fundamentado na Lei de Diretrizes e 
Bases da Educação Nacional (LDB). O MEC contou com a participação de mais de 60 
entidades, entre sindicatos, associações, conselhos e secretarias de Educação. O plano foi 
enviado pelo governo federal ao Congresso Nacional em dezembro de 1997. Parlamentares 
apresentaram um projeto substitutivo e, após muitos debates e a criação de emendas, o plano 
foi aprovado no final de 2000 e sancionado pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso 
em 9 de janeiro de 2001. 
Ação: agora o PNE virou lei e, por isso, suas metas deverão obrigatoriamente ser cumpridas 
até o final desta década. O coordenador do plano é o Ministério da Educação. Já os governos 
federal, estaduais e municipais são os responsáveis por colocá-lo em prática. A estratégia 
adotada foi a criação de políticas públicas de educação e de desenvolvimento social. Como 
recurso financeiro, o governo utilizará 5% do PIB (o equivalente a aproximadamente 52 
bilhões de reais). 
O Embate que Resultou na Criação do PNE 
“O Plano Nacional de Educação (PNE), criado pelo MEC, traça as diretrizes e metas para a 
Educação Brasileira, que devem ser cumpridas até o final desta década.” 
A demora do Governo Federal para elaborar uma proposta de plano não fez com que a 
sociedade ficasse parada. Liderada pelo Fórum Nacional em Defesa da Escola Pública, a 
sociedade organizada formulou e aprovou, no 1º e no 2º Congresso Nacional de Educação 
(Coned), uma proposta de PNE da sociedade brasileira.A proposta de plano que surgiu dessa 
mobilização foi apresentada ao Congresso Nacional antes da do governo pelo deputado Ivan 
Valente, que reuniu assinaturas de “mais de setenta parlamentares e de todos os líderes dos 
partidos de oposição” (Valente: 2002 97). 
Proposta do Governo X Proposta da Sociedade 
As conseqüências do PNE do governo para a sociedade 
Seguindo suas lógicas características, para os liberais o Estado deve agir com neutralidade 
frente às distintas concepções de bem que aparecem dentro de uma determinada 
comunidade, devendo, assim permitir que a vida pública seja um resultado espontâneo dos 
livres acordos celebrados pelos particulares. 
O que o projeto da sociedade defendia? 
Já os comunitaristas, ao contrário, o Estado deve ser um Estado ativista, comprometido com 
certos planos de vida e, também, com certa organização da vida pública. Este compromisso 
estatal pode chegar a implicar – segundo alguns comunitaristas – na promoção de um 
ambiente cultural rico que melhore a qualidade das opções dos indivíduos, a proteção de 
certas práticas ou tradições consideradas essenciais para a comunidade, criação de fóruns 
para discussão coletiva acerca de temas de interesse da comunidade, entre outros. 
Entenda as Diferenças Entre o PNE Defendido Pela Sociedade Brasileira e o PNE 
Aprovado. 
Entre o Plano Nacional de Educação defendido pela sociedade organizada e o PNE aprovado 
pelo governo existem diferenças substanciais. Veja agora essas diferenças e perceba como o 
poder do governo influenciou o rumo dado às diretrizes da educação no país. 
Veja aqui as propostas da PNE defendida pela sociedade: 
 Consolidar um Sistema Nacional de Educação. 
 Assegurar os recursos públicos necessários à superação do atraso educacional e ao 
pagamento da dívida social. 
 Assegurar a manutenção da dívida social e o desenvolvimento da educação escolar em 
todos os níveis, modalidades e sistemas de educação. 
 Assegurar a autonomia das escolas e universidades na elaboração de projetos político-
pedagógicos de acordo com as características e necessidades da comunidade, com 
financiamento público e gestão democrática, na perspectiva do Sistema Nacional de 
Educação. 
 Universalizar a educação básica (nos diversos níveis e modalidades) e democratizar o 
ensino superior, ampliando as redes de instituições educacionais, os recursos humanos 
devidamente qualificados e o número de vagas e fortalecendo o caráter público, 
gratuito e de qualidade da educação brasileira, em todos os sistemas de educação. 
 Garantir a Gestão democrática nos sistemas de educação nas instituições de ensino. 
 Definir a erradicação do analfabetismo como política permanente – e não como 
conjunto de ações pontuais, esporádicas, de dês caráter compensatório – utilizando, 
para tanto, todos os recursos disponíveis do poder público, das universidades, das 
entidades e organizações da sociedade civil. 
 Garantir a organização de currículos que assegurem a identidade do povo brasileiro, o 
desenvolvimento da cidadania, as diversidades regionais, étnicas, culturais, articuladas 
pelo Sistema Nacional de Educação. Incluindo, nos currículos, temas específicos da 
história, da cultura, das manifestações artísticas, científicas, religiosas, e de resistência 
da raça negra, dos povos indígenas, e dos trabalhadores rurais, e suas influências e 
contribuições para a sociedade e educação brasileiras. 
 Instituir mecanismos de avaliação interna e externa, em todos os segmentos do 
Sistema Nacional de Educação, com a participação de todos os envolvidos no processo 
educacional, com uma dinâmica democrática, legítima e transparente, que parta das 
condições básicas para o desenvolvimento do trabalho educativo até chegar a 
resultados socialmente significativos. 
Veja ágoras as propostas da PNE aprovada: 
 Não trata deste tema (em verdade opõe-se a esse instrumento). 
 Redução das desigualdades sociais e regionais no tocante ao acesso e à permanência, 
com sucesso, na educação pública. 
 Garantia de ensino fundamental obrigatório de oito anos a todas as crianças de 7 a 14 
anos, assegurando o seu ingresso e permanência na escola e a conclusão desse ensino 
(...) Ampliação do atendimento nos demais níveis de ensino – educação infantil, o 
ensino médio e a educação superior (...) 
 Democratização da gestão do ensino público, nos estabelecimentos oficiais, 
obedecendo aos princípios de participação dos profissionais da educação na elaboração 
do projeto pedagógico da escola e a participação das comunidades escolar e local em 
conselhos escolares ou equivalentes. 
 Garantia de ensino fundamental a todos os que a ele não tiveram acesso na idade 
própria ou que não o concluíram. A erradicação do analfabetismo faz parte dessa 
prioridade, considerando-se a alfabetização de jovens e adultos como ponto de partida 
e parte intrínseca desse nível de ensino 
 Não trata do tema em nível de prioridade. 
 Desenvolvimentos de sistemas de informação e de avaliação em todos os níveis e 
modalidades de ensino, inclusive educação profissional, contemplando tambémo 
aperfeiçoamento dos processos de coleta e difusão dos dados, como instrumentos 
indispensáveis para a gestão do sistema educacional e melhoria do ensino. 
AULA 10 – FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO E SUAS VERTENTES – 
EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 14, FUNDEF, FUNDEB 
Emenda Constitucional Nº 14 
Em 1995, ano em que Fernando Henrique Cardoso assumiu o governo, quando os 
movimentos organizados da sociedade civil lutavam junto ao Congresso Nacional para aprovar 
o Projeto de Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, o governo apresenta um Projeto 
de Emenda Constitucional (PEC 233/95), que resultou na aprovação e promulgação, em 12 de 
setembro de 1996, da Emenda Constitucional nº 14 (EC 14). 
O texto da emenda era o seguinte: “dentre outras disposições, obriga Estados e municípios a 
aplicarem, até 1006, pelo menos 60% do percentual obrigatório mínimo de 25% (ou seja, 
15%) da receita de impostos no ensino fundamental” (Davies: 1998,7). 
Essa Emenda criou, no âmbito de cada Estado, por dez anos, o Fundo de Manutenção e 
Desenvolvimento do Ensino Fundamental e Valorização do Magistério (FUNDEF), 
regulamentando logo a seguir pela Lei 9424, de 24 de dezembro de 1996. 
FUNDEF 
O Fundo é composto de 15% do Fundo de Participação dos Estados (FPE), do Fundo de 
Participação dos Municípios (FPM), do Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços 
(ICMS) e do Imposto sobre Produtos Industrializados Exportados (IPI - Exportação), que 
representam recursos de impostos e transferências destinados à manutenção e 
desenvolvimento do ensino fundamental e são distribuídos para as redes estaduais e 
municipais segundo suas respectivas matrículas. 
Ao criar o fundo, o Governo Federal determinou que estados e municípios passassem a 
redistribuir parte de seu orçamento de acordo com o número de alunos matriculados no 
ensino fundamental regular, o que forçava municípios, que atendiam prioritariamente à 
educação infantil, a reduzir esse atendimento e abrir vagas no ensino fundamental para não 
perder o repasse feito ao fundo estadual. 
Ao compararmos os censos de 1997 e 1998, percebemos que o número de matrículas no 
Ensino Fundamental aumentou em 6%, enquanto foram eliminadas 147.296 vagas na 
educação infantil. De posse desses dados, podemos demonstrar que o Governo Federal, ao 
criar a Emenda Constitucional nº 14 e o FUNDEF, não pretendia ampliar o investimento no 
Ensino Fundamental, mas apenas redistribuir as verbas já existentes nos Estados e municípios. 
Um outro fator que merece destaque é o valor estipulado pelo poder central para o custo-
aluno/ano, desde 1998, ao não obedecer à fórmula de cálculo do valor mínimo a ser gasto por 
aluno, como determina a Lei nº 9.424/96 (FUNDEF), esse valor tem sido, ano após ano, 
rebaixado para que a complementação da União seja a menor possível. “Com isso, calcula-se 
que o ensino fundamental deixou de receber cerca de 10 bilhões de reais de recursos federais 
desde 98” (Pinto: 2002, 116). 
Por outro lado, as declaração do Ministro da Educação, afirmando que os recursos do FUNDEF 
destinam-se prioritariamente à melhoria dos níveis de remuneração e de qualificação dos 
professores, podem ser questionadas a partir do balanço do MEC ao mostrar que, na média 
nacional, considerando-se todos os níveis de formação e todas as jornadas de trabalho, a 
remuneração do magistério aumentou 12,9% no período entre dezembro de 1997 e agosto de 
1998. O estudo indica que o impacto sobre os salários foi maior nas regiões norte e nordeste, 
em especial nesta última, onde o aumento médio nas redes municipais alcançou 49,6%. 
Aumentar os salário de professores que ganhavam R$ 50,00 por mês para R$ 200,00 ou R$ 
300,0 é importante. No entanto, essa não é a realidade de todo o território nacional. Em São 
Paulo, por exemplo, onde a rede estadual recebeu, no ano de 1998, R$ 410 milhões 
transferidos pelos municípios, o salário de um professor com formação de magistério (nível 
médio), no mesmo ano era de R$ 650,00 por trinta horas de trabalho, e um professor com 
licenciatura plena, com a mesma carga horária, recebia R$ 802,50. Quem afirmaria que esta é 
uma remuneração digna para um professor? 
A Lei 9424/96, diferente do que defendia o movimento organizado dos professores, não 
estipulou um pios salarial nacional, o que permitiu que muitos governantes, apesar do Artigo 
7º da Lei destinar 60% dos recursos do Fundo para remuneração dos profissionais do 
Magistério em efetivo exercício de suas atividades no ensino fundamental público, apenas 
substituíssem nas folhas de pagamento recursos do tesouro pelos recursos do Fundo. 
A Sociedade e o FUNDEF 
Podemos dizer que o FUNDEF é a resposta do governo FHC ao Acordo Nacional de Valorização 
do Magistério da Educação Básica - assinado em julho de 1994, no governo de Itamar Franco 
que, entre outras medidas, estabelecia o compromisso de se fixar um Piso Salarial Nacional de 
R$ 300,00. 
A criação dos conselhos para o acompanhamento e fiscalização dos recursos do fundo pela 
sociedade poderia ter iniciado uma nova cultura de participação e fiscalização da população no 
orçamento dos recursos públicos, mas, na prática, esbarrou na relação de poder estabelecida 
na nossa organização social. 
Em muitos estados e municípios, a composição desses conselhos tem sido complementada por 
lei específica, de forma a reduzir a participação relativa da sociedade civil, o que, aliado à 
incapacidade técnica da representação social para análise da documentação contábil relativa à 
receita do Fundo e aplicação dos recursos no ensino fundamental, não possibilitou, ainda, um 
maior controle por parte da sociedade. Isso contribuiu para o surgimento de uma série de 
irregularidades na utilização dos recursos do fundo, de forma que o mecanismo de controle 
social representou muito pouco para o avanço da participação popular na história do 
financiamento da educação pública. 
FUNDEB 
O FUNDEB (Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais 
da Educação) foi criado em dezembro de 2006, através da Emenda Constitucional nº 53, para 
atender toda a educação básica (creche, pré-escola, ensino fundamental, ensino médio e 
educação de jovens e adultos). Esse fundo substituiu o FUNDEF, que só previa recursos para o 
ensino fundamental. Ele é um fundo de natureza contábil, regulamentado pela Medida 
Provisória nº 339, posteriormente convertida na Lei nº 11.494/2007. Sua implantação foi 
iniciada em 1º de janeiro de 2007, de forma gradual, com previsão de ser concluída em 2009, 
quando estará funcionando com todo o universo de alunos da educação básica pública 
presencial e os percentuais de receitas que o compõe terão alcançado o patamar de 20% de 
contribuição. Sua vigência está prevista para o ano de 2020, atendendo, a partir do terceiro 
ano de funcionamento, 47 milhões de alunos. Para que isto ocorra, o aporte do governo 
federal ao fundo, de R$ 2 bilhões em 2007, aumentará para R$ 3 bilhões em 2008, R$ 4,5 
bilhões em 2009 e 10% do montante resultante da contribuição de estados e municípios a 
partir de 2010.

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