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3.1 Alterações+Fisiologicas+na+Gravidez

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1 
 
ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS QUE OCORREM DUARANTE A GRAVIDEZ 
Autora: Ana Azevedo 
Ano: 2017 
 
Alterações do Sistema Endócrino 
 As glândulas endócrinas são responsáveis por uma grande parte das alterações 
fisiológicas que ocorrem durante a gravidez. Estas são essenciais à manutenção da 
gravidez, ao crescimento fetal normal e à recuperação no pós-parto. 
 A maioria das hormonas é produzida, essencialmente, no corpo lúteo e, mais tarde, 
na placenta. A produção aumentada de hormonas afeta todos os sistemas importantes do 
corpo. 
 Algumas das mais importantes alterações endócrinas na gravidez são provocadas 
pelo desenvolvimento da placenta. A placenta serve como órgão endócrino. 
Placenta 
Gonadotrofina Coriónica Humana (HCG) 
 A gonadotrofina coriónica humana (HCG) é produzida pelas células trofoblásticas 
desde a fase do blastocisto (aparece muito cedo). Uma das principais funções fisiológicas 
da HCG é a manutenção do corpo lúteo durante o início da gravidez. Mantendo o corpo 
lúteo e protegendo-o da degeneração, assegura a produção de progesterona e a 
manutenção do endométrio para a implementação e início do desenvolvimento do zigoto. 
Esta hormona atua até a placenta produzir progesterona suficiente (8/11 semanas). 
Lactogénio Placentário Humano (LPH) ou Somatotrofina Coriónica Humana (HCS) 
 É produzida pela placenta, e sintetizada pelos trofoblastos placentários. A HCS 
apresenta quantidades mínimas a partir de uma a duas semanas depois da implantação do 
óvulo. Os níveis séricos desta hormona elevam-se uniformemente, acompanhando o 
crescimento placentário, atingindo uma maior concentração no final da gravidez. 
 Esta hormona tem propriedade lactogénica, semelhante à hormona hipofisária de 
crescimento. Age como hormona de crescimento e desenvolvimento das mamas. 
 A HCS é uma importante hormona metabólica, interferindo no metabolismo dos 
carbohidratos e da gordura de modo a assegurar um bom suprimento de nutrientes para o 
feto. A HCS induz a mobilização dos ácidos gordos livres. Esta ação favorece o 
crescimento do feto pelo fornecimento à mãe de uma fonte de energia que diminui a 
utilização de carbohidratos e aumenta a disponibilidade de glicose ao feto. 
 Tem efeito diabetogénico na mãe, menor metabolismo materno da glicose. 
2 
 
 
 
Progesterona 
 Tem efeitos profundos no corpo da mulher durante a gravidez (principal hormona 
na manutenção/ preservação da gravidez). A sua origem é a placenta, aumentando 
continuamente durante a gravidez. Contudo, uma pequena produção de progesterona 
provém do ovário depois das primeiras semanas de gestação. 
 A progesterona proporciona o desenvolvimento do endométrio, diminui a 
contractilidade do músculo (devido à redução do tónus muscular uterino). Com a redução 
do tónus muscular e a diminuição da contratilidade do músculo, o blastocisto pode 
implantar-se e desenvolver-se, e é protegido contra a expulsão causada pela contração 
uterina. Além disso, auxilia o desenvolvimento da mama para a lactação (ductos da 
mama). Também, reduz o tónus dos músculos lisos, reduzindo a motilidade gástrica e 
relaxando os esfíncteres. Essa ação ocasiona alterações gástricas: pirose, regurgitação, 
lentidão no esvaziamento gástrico e relaxamento e dilatação dos ureteres, etc. 
 Pensa-se que a progesterona possa ter influência no sistema nervoso central 
(SNC), resultando em sonolência que é muito comum na gravidez. Pode também 
influenciar o sistema respiratório induzindo a hiperventilação na gravidez, o que reduz a 
PCO2 alveolar e arterial, o que provoca cansaço na mulher. 
 As grandes quantidades de progesterona podem também, ter grande número de 
efeitos durante a gravidez. Sugere-se que o elevado armazenamento de gordura durante a 
gravidez está relacionado com a progesterona. Esta hormona pode também influenciar a 
taxa de catabolismo metabólico e a baixa de aminoácidos no plasma. Estimula também a 
maior excreção de sódio e cloreto, mecanismo compensado pela maior produção de 
aldosterona (ver supra-renais). Outro efeito metabólico é a elevação da temperatura 
corporal basal, sobretudo na segunda metade da gravidez, que posteriormente voltará ao 
normal. 
 A ação da progesterona frequentemente está associada à do estrogénio, ou pode 
ser modificada por ele, tendo uma influência oposta e assim equilibrando a sua ação. Ex: 
ambas as hormonas influenciam o desenvolvimento da mama (ação associada); 
progesterona estimula o relaxamento do miomério, em oposição à estimulação da 
atividade muscular pelo estrogénio (influência hormonal antagónica). 
Estrogénios 
3 
 
 A principal fonte na gravidez para o nível crescente de estrogénios é a placenta (a 
mulher quando está grávida produz estrogénios ao nível do ovário). O estrogénio provoca 
hiperplasia e hipertrofia do músculo uterino o que permite o seu crescimento 
proporcionando um ambiente apropriado para o feto. Os estrogénios estimulam a 
atividade do endométrio, ação antagónica à da progesterona. Provocam também, a 
vasodilatação no miomério, o que é importante para um bom fluxo sanguíneo. 
 Estas hormonas podem ter um efeito amolecedor sobre a substância situada entre 
as fibras do colo, permitindo o seu fácil estriamento ao final da gravidez. Podem acarretar 
alterações no tecido conjuntivo, podendo provocar maior sensibilidade dos mamilos e 
permitem o desenvolvimento de estrias na pele. 
 Têm influência sobre o centro respiratório, elevando a sua sensibilidade, ação 
antagónica da progesterona. 
 Além destes efeitos, pode também produzir alterações metabólicas. Pode também 
ser responsável por algumas alterações sanguíneas, tais como: a baixa de proteínas 
plasmáticas totais, nomeadamente de albumina sérica; a elevação de uma série de 
proteínas fixadas ao soro que se ligam com maiores quantidades de hormonas de outras 
glândulas; a elevação da concentração de fibrinogénio; e a leucocitose característica da 
gravidez. 
Supra-renais 
 Os níveis de cortisol e aldosterona ficam consideravelmente elevados durante a 
gravidez. 
Cortisol 
 O cortisol em níveis elevados influencia o metabolismo dos hidratos de carbono 
tornando-o mais lento. Este aumento de cortisol induz a mobilização da proteína e da 
gordura quando não há hidratos de carbono na ingesta. Além disso, o cortisol aumenta a 
síntese de glicose pelo fígado, podendo contribuir para um possível aparecimento de 
hiperglicemia na gravidez. 
 A hiperatividade do adenocortisol é considerada um dos fatores predisponentes 
para o aparecimento de estrias na pele, as marcas de distensão da gravidez (curiosidade). 
Aldosterona 
 É mais abundante durante a gravidez. Esta hormona estimula os glomérulos do 
rim a reabsorver sódio e água. O aumento da aldosterona e progesterona contrabalançam-
se durante a gestação. Os níveis altos de progesterona provocam uma perda de sódio pelos 
4 
 
glomérulos renais. Ou seja, é secretada em resposta à ameaça da perda de sódio, repondo 
o equilíbrio eletrolítico. 
 Quando a aldosterona e progesterona estão em desequilíbrio, pode haver 
hipertensão. 
Hormonas Hipofisárias 
Prolactina hipofisária (PRL) 
 É produzida pela hipófise anterior começando a elevar-se no inicio do primeiro 
trimestre e aumenta progressivamente até ao termo da gravidez (nível máximo final da 
gravidez). A função desta hormona é a preparação da mama para a lactação. Além disso, 
associa-se com o lactogénio placentário humano (HPL) influenciando o crescimento 
mamário e o sistema alveolar. 
 O efeito da progesterona bloqueia a ação da prolactina durante a gravidez. “...altos 
níveis de estrogénio e progesterona inibem a lactação, bloqueando a ligação da prolactina 
ao tecido mamário,até após os partos.” 
Hormona melanócito estimulante 
 Causa escurecimento na pigmentação da pele em determinadas áreas do corpo da 
mulher (mamilos, aréola, linha negra no meio do abdómen, cloasma (manchas castanhas 
na face), etc.). Estas alterações ocorrem a meio da gestação e geralmente desaparecem 
depois do parto. 
Glândula da tiroide e paratiroide 
Tiroide 
 Durante a gravidez ocorre um ligeiro aumento da glândula tiroideia causado pela 
hiperplasia do tecido glandular e por aumento da vascularização. Geralmente a gestante 
não desenvolve hipertiroidismo. 
Paratiroide 
 Durante a gravidez ocorre hiperplasia da paratiroide, o que provoca um aumento 
na produção desta hormona. Tem uma função no metabolismo do cálcio e magnésio 
(controla o metabolismo do cálcio e do magnésio). Esta elevação ocorre como resposta 
fisiológica às exigências do feto. Os níveis mais elevados ocorrem entre a 15ª e 35ª 
semana, quando as necessidades de crescimento do esqueleto fetal estão mais evidentes. 
Pâncreas 
 O feto exige grandes quantidades de glicose para crescer e desenvolver-se. Assim, 
para suprir esta necessidade o feto vai abastecer-se das reservas da mãe de glicose. E, 
além disso o feto diminui a capacidade de sintetizar glicose absorvendo os seus 
5 
 
aminoácidos, provocando a diminuição dos níveis glicémicos, e consequentemente o 
pâncreas produz uma menor quantidade de insulina (insulina não atravessa a placenta). 
 À medida que a gravidez avança, a placenta vai crescer e produzir maiores 
quantidades de hormonas (HPL, estrogénios e progesterona), assim como a produção de 
cortisol pelas supra-renais também aumenta. O aumento destas hormonas vai provocar 
uma menor capacidade da mãe usar insulina. O cortisol em simultâneo estimula o 
aumento da produção de insulina e aumenta a resistência periférica materna à insulina 
(isto é, os tecidos não podem usá-la). A insulinase é uma enzima produzida pela placenta 
para inactivar a insulina materna. A diminuição da capacidade da mãe em utilizar a sua 
própria insulina é um mecanismo protetor que assegura o aporte de glicose à unidade 
fetoplacentária. 
 Em consequência deste processo, o corpo da grávida necessita de mais insulina. 
As células beta dos Ilhéus de Langerhans do pâncreas podem responder a esta necessidade 
de insulina, que vai sempre aumentando de forma progressiva até ao termo da gravidez. 
Prostaglandinas (PGs) 
 As prostaglandinas são produzidas pelo endométrio e miomério e possivelmente, 
pela placenta. As PGs têm um potente efeito estimulante sobre a contratilidade do 
miomério em qualquer estádio da gravidez (provoca as contrações uterinas). 
 Antes do início do trabalho de parto encontra-se uma quantidade de PGs maior 
que a usual no liquido amniótico da mulher e no sangue e depois começa o trabalho de 
parto. Facto que sugere uma relação desses agentes com o aborto espontâneo e o trabalho 
de parto espontâneo. 
 Estas substâncias podem ser utilizadas para interromper a gravidez no segundo 
trimestre e, em menor grau, para induzir o trabalho de parto. 
 
Alterações dos órgãos reprodutores. 
Corpo uterino/útero 
 O peso do útero aumenta durante a gestação, passando de 60 gramas, para cerca 
de 1000g a 1500g no termo da gestação. No final da gravidez o útero tem cerca de 32 a 
35cm de comprimento, de 20 a 25cm de largura e cerca de 22cm de profundidade. A sua 
capacidade aumenta de 10ml para cerca de 3000ml a 5000ml. O útero antes da gestação 
apresenta a forma de pera invertida, e depois, passa para uma forma ovoide elevando-se 
para a cavidade abdominal. 
6 
 
 Durante gravidez, o útero tem um maior espessamento devido: hipertrofia 
(aumento das fibras musculares e tecido fibroelástico) e hiperplasia (produção de novas 
fibras musculares e tecido). 
 O útero gravídico aumenta a sua contractilidade. As contrações do músculo 
uterino ocorrem durante toda a gravidez. Inicialmente são muito mais leves, mas 
aumentam de intensidade, de modo que numa fase mais avançada da gravidez pode 
perceber-se a contração uterina ao colocar-se uma das mãos sobre o ventre. Estas 
contrações uterinas irregulares, indolores, denominadas contrações de Braxton-Hicks, 
tornam-se mais regulares para o fim da gravidez e às vezes tornam-se dolorosas. 
 Durante a gestação, o suprimento sanguíneo uterino aumenta 20 a 40 vezes. As 
artérias uterinas, que são a principal fonte de suprimento uterino, são ramos das ilíacas 
internas, passam para dentro e ao longo dos ligamentos largos, penetram o útero ao nível 
do orifício interno do colo. Sobem por cada lado do útero e formam uma rede de arteríolas 
espirais que fornecem um amplo suprimento de sangue. 1/6 do volume total de sangue 
materno encontra-se no sistema vascular uterino. Ligamentos largos e redondos 
aumentam a tensão pelo aumento do útero. 
Cérvix/ colo uterino 
 A cérvix do útero torna-se mais curta e amolecida, durante a gestação. Estes 
ajustes preparam-na para a dilatação da cérvix necessário para permitir a passagem do 
feto. Apresenta uma cor roxa azulado (Sinal de Hégar/Chedwick) provocada pelo 
aumento da vascularização e hiperplasia e hipertrofia das glândulas cervicais. 
 O amolecimento da cérvix é devido a uma influência hormonal que causa um 
aumento do suprimento de sangue e um aumento na secreção das glândulas cervicais. As 
secreções das glândulas cervicais formam o tampão mucoso no canal cervical que age 
como uma barreira para evitar que os microrganismos penetrem o útero. Este tampão é 
expelido durante o trabalho de parto. 
 Existe uma maior friabilidade devido à maior vascularização, e, assim, possível 
aparecimento de pequeno sangramento após o coito ou exame vaginal. 
Trompas e ovários 
 Nas trompas de Falópio e nos ovários ocorrem mudanças de posição durante a 
gravidez. Estes órgãos são levados para cima pelo útero em crescimento, saindo da pelve 
para a cavidade abdominal. Como o aumento do útero é mais acentuado no fundo, as 
trompas e os ligamentos ovarianos estão ligados mais próximos da metade do útero do 
que no estado não gravídico. Existe um grande aumento da vascularização destes órgãos. 
7 
 
Vagina 
 As alterações da vagina são devidas principalmente ao aumento da vascularização. 
Este aumento da vascularização produz o aparecimento de uma coloração azul-violeta na 
mucosa vaginal e no útero. A intensificação da coloração – Sinal de Chadwick, sinal de 
probabilidade de gravidez pode ser evidente por volta das 6 semanas, mas é facilmente 
identificável às 8 semanas de gestação. 
 As hormonas da gravidez preparam a vagina para a distensão que ocorre durante 
o trabalho de parto, condicionando um aumento da espessura da mucosa vaginal, tecido 
conjuntivo laxo, hipertrofia do músculo liso e um aumento do comprimento da abóbada 
vaginal. A descamação das células vaginais ricas em glicogénio ocorre sob estimulação 
dos estrogénios. Estas células expulsas contribuem para o aparecimento do corrimento 
vaginal espesso e esbranquiçado, denominada leucorreia. 
 Durante a gravidez o pH das secreções vaginais torna-se menos ácido, passando 
de 4 para 6.5. O aumento do pH torna a grávida mais vulnerável às infeções vaginais 
sobretudo fúngicas. 
Vulva e períneo 
 As alterações na vulva e no períneo incluem edema e vascularização aumentada. 
São comuns as varizes vulvares na gravidez. 
 Os tecidos perineais exibem alterações semelhantes às da vagina, maior 
vascularização, hipertrofia da pele e músculos e afrouxamento dos tecidos conjuntivos. 
 
Alterações da mama 
 Nas primeiras semanas de gestação as mamas aumentam de tamanho e firmeza, e 
ficam nodulares, por causa da hipertrofia dos alvéolos. Frequentemente aparecem estriasna pele. Há também um aumento na vascularização das mamas, e as veias superficiais 
ficam mais proeminentes. Estas alterações são normalmente acompanhadas por uma 
sensação de dor, formigueiro e peso nas mamas no início da gravidez, e são considerados 
sinais prováveis de gestação. 
 Os mamilos e aréolas ficam maiores e mais proeminentes, e a sua cor fica mais 
escura na gravidez. Os mamilos ficam mais móveis e erécteis. As glândulas de 
Montegomery ficam maiores. 
 Dentro do próprio tecido mamário podem ocorrer alterações: proliferação do 
tecido glandular (primeiro trimestre) e as células alveolares diferenciam-se, tornando-se 
secretoras – colostro. 
8 
 
 
 
 
 
Alterações do abdómen 
 O abdómen modifica à medida que o útero em crescimento se estende para dentro 
da cavidade abdominal ocupando-a cada vez mais, até que o feto contido pelo útero fica 
completamente dentro dela. Os músculos abdominais, que suportam grande parte do peso 
feto sofrem um estriamento, podendo resultar em aparecimento de estrias gravíticas. 
 Pelo final da gravidez, o fundo uterino terá subido de modo a exercer pressão 
contra o diafragma. Os órgãos abdominais superiores ficam comprimidos na parte 
superior da cavidade abdominal e os intestinos ficam acima, por trás e dos lados do útero. 
 A distensão abdominal da gravidez por vezes provoca a separação dos músculos 
retos. Essa separação, conhecida como diástase, por vezes é discreta, outras pode ser mais 
acentuada. 
 A profundidade do umbigo aumenta bastante nos três primeiros meses, ficando 
depois cada vez mais raso, nivelando-se com a superfície ou fazendo protusão. 
 
Alterações do Sistema Tegumentar 
 As alterações gravídicas da pele consistem em fluxo sanguíneo aumentado, 
aparecimento de “aranhas” vasculares, intensificação da cor das áreas pigmentadas, 
aparecimento de estrias e, possivelmente, elevação da atividade das glândulas sebáceas e 
sudoríparas e dos folículos pilosos. 
 A hiperpigmentação é estimulada pela hormona melanotropina da hipófise 
anterior, que aumenta durante a gestação. Na gestação há um escurecimento dos mamilos, 
das aréolas, das axilas e da vulva. 
 Também, na gravidez aparecem umas manchas acastanhadas de contorno irregular 
às vezes na face, como uma mascara ao redor dos olhos e sobre o nariz e as bochechas, 
denominadas de cloasma. O cloasma causado pela gestação normal geralmente 
desaparece após o parto. 
 A línea alba, uma linha esbranquiçada que divide o abdómen longitudinalmente, 
do esterno à sínfise púbica, fica mais escura e passa a ser chamada de línea alba. Essa 
linha fica progressivamente mais pálida após o parto. 
9 
 
 As estrias desenvolvem-se em áreas de distensão máxima: o abdómen, as mamas 
e as coxas. A gordura subcutânea aumenta na gravidez e distende a pele subjacente. O 
aumento considerável de peso na gravidez, a obesidade desde o seu início, o estriamento 
incomum da pele abdominal e a retenção de líquido e edema generalizado podem 
aumentar a distensão da pele. 
 Os angiomas ou telangiectasias são denominadas normalmente, aranhas 
vasculares. Consistem em arteríolas terminais pulsáteis, levemente proeminentes, 
pequenas, dispersas ou ramificadas. Situam-se frequentemente, devido aos níveis 
elevados de estrogénios circulantes, no pescoço, tórax, face e braços. São também 
descritas como redes localizadas de arteríolas dilatadas que irradiam de um núcleo central. 
 O granuloma gengival gravídico consiste num nódulo avermelhado da gengiva, 
que sangra com facilidade. 
 O crescimento das unhas é mais acelerado durante a gravidez. Durante a gravidez 
a pele torna-se oleosa podendo ocorrer acne vulgar. O hirsutismo, aumento no 
crescimento dos pelos é referido muitas vezes. Este facto quando acontece não desaparece 
após a gravidez. Algumas mulheres referem que o seu cabelo fica mais espesso e 
abundante durante a gravidez. 
 
Alterações do peso corporal 
 O ganho de peso total de uma grávida bem nutrida após 40 semanas de gestação 
fica mais ou menos entre os 10-12,5 Kg, sendo que a média é de 11 Kg. 
 O ganho de peso durante a gravidez incluiu o peso do feto, de aproximadamente 
3000 a 3400g; da placenta cerca de 650gr; e de líquido amniótico cerca de 800 a 1000gr. 
O crescimento dos músculos uterinos é responsável por aproximadamente 900gr; e o 
tecido glandular mamário adiciona 400 a 500gr. O maior volume de sangue durante a 
gravidez adiciona um peso de aproximadamente 1300 a 1500gr, e o aumento do líquido 
extracelular pelo fim da gestação adiciona mais de 1500gr ou mais do ganho de peso total. 
 O crescimento dos produtos de conceção dos órgãos reprodutores maternos e o 
aumento de volume sanguíneo materno e do líquido amniótico são responsáveis por 
aproximadamente 900gr. Fica assim evidente pelos componentes da elevação do peso 
acima relacionados que um ganho de 9Kg é o mínimo que se deve esperar no termo da 
gravidez. 
 O ganho de peso não explicado pelos elementos supracitados parece depender 
principalmente das reservas maternas de tecido adiposo. 
10 
 
 A gordura depositada serve como suprimento energético para a gravidez avançada 
e para a lactação. 
 Para um aumento médio de 11Kg, a mulher poderá ganhar cerca de 1kg a 1,5Kg 
durante o primeiro trimestre, 5 a 6 Kg durante o segundo e de 4 a 5 Kg durante o terceiro. 
Um ganho de peso de 1Kg/mês é insuficiente, e um ganho de mais de 3Kg/ mês poderá 
ser excessivo. 
 
Alterações do sistema cardiovascular 
 As adaptações maternas à gravidez englobam extensas alterações no sistema 
cardiovascular, estas protegem o funcionamento fisiológico normal da mulher, 
respondem às necessidades metabólicas impostas pela gravidez e garantem o crescimento 
e desenvolvimento do feto. 
Volume Sanguíneo 
 O volume sanguíneo aumenta cerca de 30 a 40% durante a gestação, porém a 
variação é grande podendo ir em pessoas diferentes, desde uma pequena subida até quase 
o dobro do volume. Há um acréscimo de 1L a 1,5L de quantidade de sangue. O aumento 
da quantidade de sangue, hipervolémia, tem por objetivo: preencher o sistema vascular 
grandemente aumentado do útero e a capacidade venosa expandida das pernas; responder 
às necessidades do útero gravídico; ajudar a proteger a mãe e o feto do retorno venoso 
deficiente das extremidades inferiores, o que é comum na gravidez. 
 O alto volume de sangue durante a gestação resulta do aumento do volume de 
plasma e de eritrócitos, no entanto, o aumento é mais acentuado no primeiro. Embora haja 
uma elevação considerável na produção de eritrócitos durante a gestação, a expansão 
desproporcionada do volume de plasma leva à diminuição das concentrações de 
hemoglobina e de eritrócitos e, portanto, a diminuição do hematócrito durante a gestação. 
Este acontecimento é denominado de “anemia fisiológica da gravidez”. Existe também, 
um aumento dos leucócitos, que caso seja superior a 15.000mm3 pode ser sinal de infeção. 
Débito/ capacidade cardíaca 
 O débito cardíaco aumenta de maneira notável na gravidez (aumenta cerca de 30% 
a 50% cima do normal). Esta elevação é importante para responder Às necessidades do 
feto e útero e placenta em crescimento; como resposta à elevação das necessidades 
metabólicas; e serve de reserva no caso de perda sanguínea no parto. 
11 
 
 O débito cardíaco elevado resulta, em grande parte do aumento de batimentos 
cardíacos (15batimentos/minuto) e também em resposta às maiores necessidades de 
oxigénio pelos tecidos. 
 O débito cardíaco, no final da gestação é consideravelmente mais alto quando a 
mulher se encontra em posição lateral recumbente do que em decúbito dorsal. O decúbito 
dorsal impede, muitas vezes, devido ao tamanhodo útero, o retorno venoso ao coração. 
O débito cardíaco aumenta com qualquer esforço, como aquele que ocorre durante o 
trabalho de parto. 
Fatores de coagulação 
 Durante a gravidez, verifica-se uma tendência para a coagulação, devido ao 
aumento de vários fatores de coagulação (fatores VII, VIII, IX, X e o fibrinogénio). Isto, 
combinado com o facto da atividade fibrinolítica (a dissolução de um coágulo) estar 
deprimida durante a gestação e o período pós-parto, proporciona uma função protetora, 
diminuindo a possibilidade de sangramento, porém, torna a mulher mais vulnerável à 
trombose, nomeadamente após cesariana. Devido a este risco de trombose é necessário 
que a paciente inicie a deambulação o mais precoce possível. 
Pressão sanguínea 
 A pressão sanguínea arterial é afetada pela idade, nível de atividade e presença de 
problemas de saúde. Durante a gestação existem também outros fatores que irão 
influenciar a pressão sanguínea tais como: ansiedade materna, posição materna e tamanho 
e tipo de aparelho de pressão. 
 Os valores da pressão sanguínea arterial (TA) pouco alteram. No primeiro 
trimestre normalmente mantém-se a mesma do nível pré-gestacional. Durante o segundo 
trimestre, há uma diminuição de 5 a 10 mmHg (na sistólica e na diastólica). Esta 
diminuição deve-se provavelmente à vasodilatação periférica causada pelas mudanças 
hormonais que ocorrem durante a gestação. No terceiro trimestre retoma os níveis do 
primeiro trimestre. 
 Um outro aspeto a ter em conta é a compressão da veia cava inferior na posição 
de decúbito lateral direito e dorsal, que irá provocar uma maior compressão da aorta, 
denominada de Síndrome de Hipotensão Supina, daí que se deva colocar a grávida em 
decúbito lateral esquerdo. 
 A compressão das veias ilíacas e da cava inferior pelo aumento do útero causa 
aumento da pressão venosa e diminuição do fluxo venoso femoral (atenção estar muito 
tempo sentado ou de pé). Estas alterações contribuem para o edema, para as veias 
12 
 
varicosas nos membros inferiores (associado ao relaxamento da musculatura) e na vulva 
e para as hemorroides. 
 Durante a gravidez existe uma ligeira mudança de posição do coração, dos ruídos 
cardíacos, um discreto aumento do volume de enchimento cardíaco e, possivelmente, uma 
discreta hipertrofia ou dilatação do coração, ou ambas, resultantes do volume aumentado. 
À medida que o diafragma se levanta progressivamente durante a gestação devido ao 
aumento do útero, o coração desloca-se gradualmente para cima e roda para a frente e 
para a esquerda. 
 As mudanças no tamanho e na posição, mais o aumento do volume de sangue e 
débito cardíaco vão provocar alterações na auscultação (comuns na gravidez). 
 Pode ocorrer uma hipotensão ortostática ou postural devido à diminuição do 
retorno venoso e declínio da capacidade cardíaca, podendo ocorrer quando a grávida sai 
da posição reclinada para a posição de pé. Existe ainda, uma hipertrofia do miocárdio 
devido ao aumento do volume sanguíneo e do débito cardíaco. 
 
Alterações do sistema respiratório 
 Durante a gestação há um aumento de O2 de cerca de 15% isto porque, as 
exigências de oxigénio materno aumentam em resposta à aceleração do metabolismo e à 
hipertrofia dos tecidos uterinos e mamários. Além disso, o feto exige oxigénio e uma 
forma de eliminar o dióxido de carbono. 
Alterações funcionais 
 As alterações da função pulmonar melhoram a troca gasosa nos alvéolos e 
facilitam a oxigenação do sangue que circula pelos pulmões. 
 Volume corrente e volume por minuto: o volume corrente (quantidade de ar 
inalado e exalado) aumenta durante a gravidez, em consequência dos níveis 
aumentados da progesterona e da ampliação das excursões diafragmáticas. As 
diferenças entre o volume corrente e o volume por minuto resultam de uma 
hiperventilação ligeira, que reduz pressão de dióxido de carbono nos alvéolos. A 
redução resultante da PCO2 no sangue materno aumenta a diferença de pressão 
arterial do dióxido de carbono entre o sangue fetal e materno, facilitando a difusão 
desse gás produzido pelo feto. 
 Capacidade pulmonar: a elevação do diafragma reduz a capacidade residual 
funcional (volume de ar que fica nos pulmões após expiração), e a redução desse 
parâmetro respiratório contribui para a hiperventilação. A capacidade vital (maior 
13 
 
volume de ar que pode ser expirado voluntariamente, após uma inspiração 
máxima) aumenta ligeiramente na gravidez. Somadas aos aumentos do débito 
cardíaco e volume sanguíneo para a placenta. 
 Equilíbrio ácido-base: durante o terceiro mês de gestação, o aumento de 
progesterona sensibiliza os recetores respiratórios e facilita a ventilação, 
resultando numa redução dos níveis de dióxido de carbono. Isto eleva o pH, que 
poderia causar alcalose respiratória branda, caso a redução do nível de bicarbonato 
não compensasse parcial ou totalmente essa tendência. 
 Dispneia é uma queixa de 60% a 70% das mulheres, ligada a: 
 Diminuição do PCO2 alveolar. 
 Hiperventilação 
 Pressão do útero no diafragma 
 Hidramnios (excesso de liquido amniótico) 
 Anemia 
 
Alterações do sistema renal (urinário) 
 Os rins são responsáveis pela manutenção do equilíbrio eletrolítico e ácido-base, 
pela regulação do volume de fluido extracelular, pela excreção dos produtos residuais e 
pela conservação dos nutrientes essenciais. 
 Na gravidez a função renal é excessivamente alterada, isto porque os rins da mãe 
têm de responder às maiores necessidades metabólicas e circulatórias do seu corpo e, 
também à excreção de produtos de desintegração do feto. Os mecanismos que mantêm a 
homeostasia são modificados, e a função renal e a distribuição de água e eletrólitos são 
consideravelmente alterados. Na gravidez há um aumento da taxa de filtração glomerular 
de cerca de 50%. 
 As mudanças na estrutura do rim durante a gestação devem-se à atividade 
hormonal (estrogénio e progesterona), da pressão do útero aumentada e do aumento do 
volume de sangue. 
 Na gestação há uma dilatação dos ureteres e pelve renal, esta dilatação vai ser 
acompanhada por hipertrofia e hiperplasia dos músculos liso uretral (efeito hormonal). 
Esta dilatação provoca alterações que resultam na estagnação de urina. A estase urinária 
pode interferir com a exatidão dos exames de urina e é um fator na tendência às infeções 
do trato urinário nesta fase. Por este motivo a gestante é orientada a tomar oito copos de 
água por dia. 
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Glicosúria 
 Num indivíduo normal, quase toda a glicose filtrada pelos glomérulos é 
reabsorvida pelos túbulos, e apenas diminutas quantidades podem ser encontradas na 
urina. A gravidez normal está associada a glicosúria. 
 A glicosúria na gravidez parece ser devida, em parte, a um aumento na filtração 
de glicose provocado pelo aumento da TFG na gestação e a uma incapacidade dos túbulos 
renais para aumentar a reabsorção tanto quanto a filtração glomerular. 
 Embora seja comum a glicosúria na gravidez normal, não deve ser ignorada. A 
possibilidade de diabetes mellitus precisa ser considerada, daí ser importante a sua 
vigilância. 
Proteinúria 
 A proteinúria é um sinal importante de doença renal e está comummente presente 
na pré-eclâmpsia (proteinúria, mais hipertensão, mais edema, é sinal de pré-eclâmpsia). 
Assim, é necessário a realização da dosagem da excreção urinária de proteína para a 
descoberta de doença renal e/ou para deteção da pré-eclâmpsia. A urina das grávidas é 
portanto examinada em cada visita anterior ao parto. 
 
Alterações do sistema gastrointestinal 
 As modificações do trato intestinal durante a gravidez são indicadas por náuseas 
e, possivelmente, por vómitos no inícioda gestação; por pirose e eructação, flatulência e 
obstipação. 
 As gengivas durante a gravidez tornam-se hiperémicas, esponjosas e edemaciadas. 
As gengivas têm tendência a sangrara facilmente, dado que os níveis elevados de 
estrogénios condicionam um aumento seletivo da vascularização e da proliferação do 
tecido conjuntivo (uma gengivite inespecífica). Não se verifica aumento da secreção da 
saliva. Contudo, muitas mulheres queixam-se de ptialismo (salivação excessiva). As 
gestantes devem ser orientadas no sentido de usar escovas de dentes macias e fazer uma 
boa higiene oral. 
 Náuseas e vómitos são distúrbios muito comuns no inicio da gravidez, parecendo 
ser devido ao crescente nível de estrogénios no sangue. Os sintomas podem variar de 
discreta sensação de náusea quando a mulher eleva a cabeça ao acordar, a vómitos 
frequentes e persistentes, que então assumem uma condição grave. Náuseas e vómitos 
podem aparecer em qualquer parte do dia, mas são mais comuns pela manhã, ao levantar. 
Geralmente desaparecem ao fim do primeiro trimestre. 
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 Durante a gestação, o movimento peristáltico do trato intestinal diminui. Este 
facto deve-se ao aumento da progesterona. O relaxamento da cárdia e do estômago, assim 
como, a mudança de posição faz com que haja regurgitações frequentes do conteúdo 
gástrico para o esófago, causando azia (pirose), que é um desconforto comum na gestação. 
 A perda de tónus muscular provoca uma demora no esvaziamento dos intestinos, 
permitindo maior absorção de água das fezes. Esta mudança pode causar obstipação, outra 
queixa comum na gestação. No entanto, a obstipação pode também ser consequência da 
diminuição da ingestão de líquidos, da distensão abdominal provocada pelo útero grávido 
e descolamento dos intestinos sujeitos a compressão. 
 
Alterações do sistema músculo-esquelético 
 As alterações dos esqueletos das mulheres são caracterizadas pelo amolecimento 
das cartilagens pélvicas e pelo aumento da mobilidade das articulações sacrococcígea e 
sacroilíaca e da sínfise púbica. 
 As grandes alterações que vão operando no corpo, acrescida do aumento do peso 
que se verifica, condicionam na grávida, alterações marcadas na postura e andar da 
grávida. A grande distensão abdominal que empurra a grávida para a frente, a diminuição 
do tónus muscular abdominal e o aumento do peso que se verifica na fase mais avançada 
da gravidez, exigem um realinhamento da coluna vertebral. O centro da gravidade da 
grávida transfere-se para a frente. Ocorre aumento na curvatura lombar (lordose) e uma 
curvatura compensatória na região cervical e dorsal (flexão anterior da cabeça exagerada) 
desenvolvesse para ajudar à manutenção do equilíbrio. As modificações posturais podem 
causar dor, dormência e fraqueza das extremidades superiores. Além disso, o facto de as 
mamas estarem grandes e também, a posição encolhida dos ombros acentuará ainda mais 
as curvas lombar e dorsal. A deambulação fica mais difícil, e o caminhar “gingando” da 
gestante, denominado de Shakespeare, “o caminho orgulhoso da grávida”. É importante 
referir que as mulheres mais jovens podem tolerar sem queixas estas mudanças. Contudo, 
as mulheres com mais idade ou as que apresentam distúrbios da coluna ou falta de 
equilíbrio podem exibir uma considerável quantidade de dor lombar durante e logo após 
a gestação. 
 Durante a gestação é normal existir um leve relaxamento e uma maior mobilidade 
das articulações. A relaxina, uma hormona ovariana, auxilia no relaxamento e 
amolecimento. Tais adaptações permitem o aumento das dimensões pélvicas para facilitar 
o trabalho de parto e parto. 
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Alterações do sistema neurológico 
 Pouco se conhece acerca do funcionamento do sistema neurológico durante a 
gestação, além das modificações neuro-hormonais hipotalâmicas-hipofisárias. As 
alterações fisiológicas específicas, resultantes da gestação, podem causar os seguintes 
sintomas neurológicos ou neuromusculares: 
 A compressão dos nervos pélvicos ou estase vascular causada pelo aumento do 
útero pode alterar a sensibilidade das pernas. 
 Lordose dor lombar pode causar dor devido à tração sobre os nervos ou 
compressão das raízes nervosas. 
 Edema envolvendo os nervos periféricos pode resultar em síndrome do canal 
cárpico durante o terceiro trimestre. O edema comprime o nervo mediano abaixo 
do ligamento cárpico do pulso. A síndrome caracteriza-se pela parestesia 
(sensação anormal como ardência ou formigueiro) e dor na mão, irradia para o 
cotovelo. A mão dominante é geralmente a mais afetada. 
 A cortesia (dormência ou formigueiro das mãos) provocada pela posição dos 
ombros, levando a tração sobre segmentos do plexo braquial. 
 Tonturas e desmaios – por hipoglicemia, hipotensão postural, instabilidade 
vasomotora. 
 Cãibras musculares. 
 
 
Referencias Bibliográficas 
 
Burroughs, A. (1995). Uma introdução à enfermagem materna, 6ª ed. Porto Alegre: 
Artes Médicas. 
Campos, Diogo Ayres, et al. (2008). Protocolos de Medicina Materno-Fetal. 2ª ed. 
Lisboa: Lidel. 
Graça, L. M. da. (2010). Medicina Materno-Fetal, 4ª ed. Lisboa: Lidel 
Lowdermilk, D. L., Perry, S. E. (2008). Enfermagem na maternidade, 7ª ed. Loures: 
Lusoditacta. 
Resende, J. (2002). Obstetrícia, 9ª ed. Rio de Janeiro: Edições Guanabara.

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