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2017 - 07 - 18 Curso Avançado de Processo Civil - Volume 2 - Edição 2016 TERCEIRA PARTE - SANEAMENTO DO PROCESSO TERCEIRA PARTE - SANEAMENTO DO PROCESSO (Autores) Luiz Rodrigues Wambier Eduardo Talamini Capítulo 11. PROVIDÊNCIAS PRELIMINARES E SANEAMENTO 11.1. Noções gerais As providências preliminares constituem o conjunto de atitudes possíveis do juiz ao término do prazo para a contestação ou, tendo havido reconvenção, ao final do prazo para sua resposta. Elas são adotadas logo depois do término da fase postulatória e representam o início da fase de saneamento do processo. A função das providências preliminares é, basicamente, garantir o contraditório e pôr em ordem o processo, corrigindo eventuais irregularidades ou vícios que possam comprometê-lo. Sob esse aspecto, elas são importantes não apenas para o devido processo legal como também para a celeridade e a economia processual. 11.2. Hipóteses em que deve haver providências preliminares - Elenco não exaustivo Nem sempre as providências preliminares serão necessárias. Haverá situações em que caberá ao juiz diretamente proferir alguma das modalidades de julgamento conforme o estado do processo (art. 353, parte final, do CPC/2015 - v. cap. 12, a seguir). Mas a inobservância das providências preliminares, quando cabível qualquer delas, pode implicar violação ao contraditório e ao dever de cooperação, e até acarretar, na medida em que haja efetivo prejuízo à parte, a nulidade da decisão tomada no julgamento conforme o estado do processo. Por isso é relevante atentar para suas hipóteses de cabimento. Sendo o réu revel e incidindo os efeitos da revelia, o que normalmente ocorre é o julgamento antecipado do mérito - no mais das vezes, com a prolação de uma sentença de procedência do pedido (art. 355, II, do CPC/2015 - v. cap. 12). Haverá, todavia, lugar para as providências preliminares, no caso de ocorrer revelia e de não incidirem os seus efeitos. Neste caso, a providência a ser tomada é a determinação de provas a serem produzidas. Tendo o réu, em sua contestação, levantado quaisquer das defesas preliminares alistadas no art. 337 do CPC/2015 ou formulado alguma defesa indireta de mérito (i.e., alegando fato modificativo, extintivo ou impeditivo do direito do autor - v. vol. 1, n. 12.5.3; e, acima, n. 8.2.3), também deve ter lugar providência preliminar, consistente na determinação da oitiva do autor. Essas providências não serão cabíveis caso a contestação não apresente defesas preliminares nem defesas de mérito indiretas. Uma terceira hipótese em que expressamente se prevê providência preliminar tem-se quando se constata a existência de vícios sanáveis - seja porque o réu apontou o defeito, seja porque, em casos de nulidade absoluta, o juiz conheceu-o até de ofício. Nesse caso, a providência preliminar consiste justamente na determinação de que o vício seja corrigido. Por vezes, a correção do vício implicará a realização ou repetição de atos da fase postulatória - hipótese em que, encerrada novamente tal fase, novas providências preliminares poderão ter vez (por exemplo, o juiz constata que deveria ter sido designado curador especial para o réu; tal curador, uma vez designado, formula contestação pelo réu e alega defesas preliminares - surgindo então a necessidade de se dar ao autor a oportunidade de réplica). De resto, o rol de providências preliminares do CPC/2015 não é exaustivo. Além daquelas expressamente previstas nos arts. 348 e ss., nesse momento processual pode o juiz, por exemplo: - determinar que as partes manifestem-se sobre a possível falta de um pressuposto de admissibilidade (pressuposto processual ou condição da ação) de que ele cogitou de ofício (art. 5.º, LV, da CF/1988 LV e arts. 6.º, 9.º e 10 do CPC/2015); - dar às partes, especialmente ao autor, a oportunidade para se manifestar sobre uma possível objeção material, i.e., fato extintivo, modificativo ou impeditivo do direito do autor que pode ser conhecido de ofício, como pagamento, prescrição ou decadência (v. vol. 1, n. 12.5.4), em atenção ao contraditório e ao dever de cooperação (CF, art. 5.º, LV, da CF/1988 e arts. 6.º, 9.º e 10 do CPC/2015); - provocar a participação de um terceiro como amicus curiae (art. 138 do CPC/2015- v. vol. 1, n. 19.9.1); - intimar o Ministério Público para que esse possa participar como fiscal da lei, nos casos legalmente previstos (art. 178 do CPC/2015 - v. vol. 1, cap. 22); - dar vista, ao autor, de documentos novos juntados pelo réu ao contestar (art. 437 do CPC/2015- v. n. 15.9, adiante); - intimar as partes para que então efetivamente especifiquem as provas que pretendem produzir, se apenas as indicaram genericamente na fase postulatória (v. n. 13.12.2, adiante) etc. 11.3. Providências preliminares tipificadas no art. 348 e seguintes Como se viu, o que o Código de Processo Civil chama de providências preliminares é o conjunto de atitudes possíveis do juiz, ao final da fase postulatória. Também já se indicou que as atitudes judiciais cabíveis em tal momento e destinadas à preservação do contraditório e (ou) à ordenação do processo não se cingem àquelas elencadas no capítulo intitulado "das providências preliminares" (arts. 347 a 353). De todo modo, as ali tipificadas constituem as hipóteses de mais frequente ocorrência prática. Por isso, merecem exame destacado. 11.3.1. Especificação de provas, no caso de ausência do efeito principal da revelia Como indicado no n. 10.4, acima, é possível que a ocorrência da revelia (i.e., falta de contestação) não se faça acompanhar do seu principal efeito (presunção de veracidade dos fatos narrados pelo autor - art. 344 do CPC/2015). Nessa hipótese, não poderá ocorrer o julgamento antecipado, porque a prova dos fatos constitutivos da causa de pedir continua sendo necessária. Afastado o efeito principal da revelia, o autor necessitará produzir a prova dos fatos constitutivos de seu direito. Por isso, o juiz mandará que o autor especifique as provas que pretende produzir (art. 348 do CPC/2015). Em princípio, o réu não será intimado a especificar provas porque: a) como não contestou, não alegou fatos que pretendia provar; b) embora esteja afastado o primeiro efeito da revelia (presunção de veracidade dos fatos narrados pelo autor), o segundo efeito está presente (desnecessidade de intimação do revel - art. 346 do CPC/2015). Assim, normalmente apenas o autor será intimado a especificar as provas que pretende ver produzidas. Mas cabem aqui duas ressalvas. A primeira é a de que o revel pode, a todo tempo, comparecer tardiamente ao processo, assumindo-o no estado em que se encontra e passando, a partir de então, a ser intimado (art. 346, parágrafo único). Assim, se o revel ingressar no processo antes da proposição probatória, ele poderá produzir provas contrárias às alegações do autor (art. 349 do CPC/2015). Ou seja, ele poderá comprovar que os fatos constitutivos do direito do autor não existem. Além disso - e embora o art. 349 não o diga -, o revel poderá comprovar a existência de fatos impeditivos, modificativos ou extintivos do direito do autor que devam ser conhecidos de ofício pelo juiz e que, portanto, podem ser alegados pelo revel mesmo depois do momento da contestação (objeções materiais). O mesmo se aplica às defesas processuais de ordem pública (objeções processuais). Assim, a iniciativa probatória do revel pode ser mais ampla do que a letra do art. 349 indica, pois deriva de normas gerais - as mesmas que levaram o Supremo Tribunal Federal, muito antes de haver no ordenamento uma regra como a do art. 349, a editar o enunciado da Súmula 231: "O revel, em processo cível, pode produzir provas, desde que compareça em tempo oportuno". Nesse sentido, por exemplo, o réu pode, mesmo após o encerramento do prazo para a apresentação da defesa, demonstrar a extinção do direito do autor por meio da juntada de documento que comprove o adimplementoda dívida objeto da ação de cobrança (o pagamento é uma "objeção material", cognoscível de ofício pelo juiz). Em suma, o objeto da prova ficará restrito aos fatos articulados na petição inicial, exceto quando se tratar de fatos que o réu está autorizado a alegar mesmo tendo sido revel, ou seja, aqueles referentes à matéria que o juiz pode conhecer de ofício (objeções processuais ou materiais). Poderá, pois, provar os fatos relativos a tais alegações - desde que ingresse no processo a tempo de participar da fase instrutória. O art. 348 do CPC/2015 não estipula prazo para a especificação das provas do autor. Na falta de prazo específico, cabe ao juiz fixar prazo razoável. Não havendo fixação pelo juiz, incide o disposto no art. 218, § 3.º, do CPC/2015, ou seja, o prazo será de cinco dias. Não há necessidade de o autor apresentar, desde logo, o rol de testemunhas, se eventualmente pretender se utilizar desse meio de prova. O que a norma impõe é que o autor especifique os meios de prova que deseja. Ao deferir a prova testemunhal, o juiz fixará prazo comum de até quinze dias para que as partes apresentem rol de testemunhas (art. 357, § 4.º, do CPC/2015). De outro lado, se a causa for complexa em matéria de fato ou de direito, o juiz designará audiência de saneamento (art. 357, § 3.º, do CPC/2015), oportunidade em que o autor ou ambas as partes, se o réu já tiver ingressado no processo, poderão apresentar o respectivo rol de testemunhas (art. 357, § 5.º, do CPC/2015 - v. n. 16.6.3, adiante).1 11.3.2. Defesa material indireta e réplica Se o réu, na contestação, utilizar-se da defesa de mérito indireta, alegando fatos que sejam impeditivos, modificativos ou extintivos do direito do autor, esse será ouvido, no prazo de quinze dias, sendo-lhe facultada a produção de prova. Nessa hipótese, a manifestação do autor, também denominada de "réplica", ocorre em atendimento ao contraditório e também para verificar-se se há efetiva controvérsia em relação aos fatos novos alegados pelo réu. Afinal, relativamente às defesas diretas formuladas pelo réu (ex.: nega que contraiu o empréstimo afirmado pelo autor), a controvérsia dos fatos já se estabelece na própria contestação: o autor afirmou na inicial, o réu negou ao se defender. Já para as defesas indiretas, que se fundam em fatos novos (ex.: o réu não nega que recebeu o empréstimo, mas aduz uma novidade: já o pagou), é preciso ouvir-se novamente o autor, para ver se há ou não controvérsia quanto à inovação fática. Em regra, não pode o autor alegar fatos novos em réplica. Deve pronunciar-se apenas sobre os fatos novos aduzidos pelo réu. Normalmente se invoca como fundamento para tal limitação a celeridade processual: se ao autor fosse permitida a alegação de fatos novos, ao réu deveria ser oportunizado o contraditório, e assim sucessivamente. Mas não parece ser esse o verdadeiro obstáculo. O que não se admite é que o autor, a pretexto de replicar a defesa material indireta feita pelo réu, traga fatos que constituam uma nova causa de pedir. Isso feriria a estabilidade da demanda (art. 329 do CPC/2015 - v. n. 5.10, acima). Uma vez compreendido o verdadeiro motivo da limitação, logo se vê que ela não é absoluta. O autor pode, sim, apresentar fatos novos, desde que eles sejam pertinentes, mas não representem alteração da causa de pedir. Vale dizer, ele poderá apresentar fatos "secundários" - destinados a servir de indício da inexistência do fato novo (impeditivo, modificativo ou extintivo) trazido pelo réu. Não se podia exigir do autor que houvesse apresentado o fato secundário antes, pois ele não tinha o ônus de antever as defesas indiretas que o réu formularia. O autor deverá impugnar os fatos novos de maneira específica. Se ele silenciar sobre tais fatos, desaparece o ônus do réu de prová-los, porque é desnecessária a prova de fatos incontroversos (art. 374, III, do CPC/2015). Evidentemente, essa regra não é absoluta. Pode acontecer que, apesar do silêncio do autor, o juiz não esteja convencido da veracidade dos fatos. Nesse caso, será necessária a produção de prova dos fatos novos - e quem o fará será aquele que os alegou, no caso, o réu. Quanto ao tema, veja-se o cap. 13. 11.3.3. Defesa preliminar e réplica Na contestação, pode o réu alegar preliminares (art. 337 do CPC/2015). Nessa hipótese, o autor será intimado a se manifestar, em quinze dias, também sendo facultada a produção de prova. As preliminares constituem defesa processual. Algumas, se acatadas, podem ocasionar a extinção do processo sem resolução do mérito (por exemplo, inépcia da petição inicial, perempção, litispendência, coisa julgada etc.). Mesmo quando tais defesas são meramente dilatórias (vol. 1, n. 12.5.2), seu impacto sobre o processo, em caso de acolhimento, é grande. Assim e em qualquer caso, para que se respeite o contraditório, o juiz deve dar ao autor oportunidade de se manifestar sobre as preliminares, antes de decidi-las. Tal manifestação do autor também se encarta na noção de "réplica". Nessa hipótese (pressupondo-se que o réu não tenha também formulado defesas materiais indiretas), a réplica vai restringir-se à matéria alegada em preliminar, sem precisar adentrar no mérito eventualmente contestado. Isso porque o que vai ser julgado preliminarmente é apenas a defesa processual. Se acolhida, o mérito não será analisado. Se rejeitada, a oportunidade para ambas as partes discutirem o mérito é nos debates, antes da sentença. Mas a veiculação de argumentos de mérito na réplica, nessa hipótese, não constituirá nulidade nem violação aos deveres éticos do processo. De qualquer modo - e como já destacado antes -, se o réu juntar documentos na contestação, o juiz deverá intimar o autor para que se manifeste em 15 (quinze) dias, mesmo que o réu não apresente defesa de mérito indireta ou preliminares. É o que diz o art. 437 do CPC/2015. 11.3.4. Correção de vícios O Código de Processo Civil prevê o saneamento em dois momentos processuais: nas providências preliminares (art. 352) e no julgamento conforme o estado do processo, quando não houver a extinção do processo ou o julgamento antecipado do mérito (art. 357). Evidentemente, isso não significa que eventuais vícios ou irregularidades não possam ser corrigidos em outro momento processual. O saneamento deve ocorrer ao longo de toda a relação processual.2 O art. 352 diz que, "verificando a existência de irregularidades ou de vícios sanáveis, o juiz determinará sua correção em prazo nunca superior a 30 (trinta) dias". O comando não se restringe apenas ao caso de arguição de preliminares. Em qualquer hipótese de ocorrência de irregularidades ou nulidades sanáveis, ainda que o réu não tenha arguido preliminares, deverá o juiz determinar o suprimento delas, porque se trata de medida necessária para que o processo não inicie a fase instrutória contendo irregularidades ou vícios que podem e devem ser imediatamente sanados. Como já destacado, o Código consagra intensamente a diretriz da instrumentalidade das formas. Sempre que possível, os defeitos processuais devem ser corrigidos (v. vol. 1, cap. 28). Nos termos do art. 317 do CPC/2015, "antes de proferir decisão sem resolução de mérito, o juiz deverá conceder à parte oportunidade para, se possível, corrigir o vício". Noções gerais Hipóteses Rol não exaustivo - Outras providências possíveis Especificação de provas (ausência do efeito da revelia) Defesas materiais indiretas Fatos impeditivos, modificativos ou extintivos Réplica - prazo: 15 dias (art. 350) Defesa preliminar Matérias enumeradas no art. 337 Réplica - prazo: 15 dias (art. 351) Correção de vícios Prazo: até 30 (trinta) dias Doutrina Complementar · Arruda Alvim (Manual..., 11. ed., vol. 2, p. 408) assevera que a ocorrência, ou não, das providências preliminares, assim como seu possível conteúdo, dependerão da natureza da defesa do réu. Se o réu deduzir defesaindireta de mérito, "qual seja a alegação de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor, a providência a ser determinada pelo juiz é a prevista no art. 326 do CPC [art. 350 do CPC/2015], ouvindo o juiz o autor no prazo de 10 dias, ensejando a este, nessa oportunidade, só a produção de prova documental. Também a alegação das preliminares elencadas no art. 301 do CPC [art. 337 do CPC/2015] imporá a abertura de vista para o autor durante 10 dias, facultando-se- lhe a produção de prova documental, exclusivamente (art. 327 [art. 351 do CPC/2015]). Caso o réu tenha tanto oferecido defesa indireta de mérito como também levantado preliminares, os prazos são dois, e não um só, modificada nossa posição a respeito deste tema. Ficando a contestação do réu confinada tão somente à insurgência contra os fatos deduzidos pelo autor, ou tão somente contra as consequências jurídicas pedidas pelo mesmo, tendo em vista os fatos deduzidos, não havendo qualquer providência preliminar das elencadas nos arts. 324 a 327 [arts. 348 a 352 do CPC/2015], ressalvando-se unicamente a hipótese em que a contestação aos fatos e às consequências jurídicas do pedido venha embasada em prova documental, é de se ensejar ao autor a oportunidade de manifestar-se com fundamento no art. 398 [art. 437, § 1.º, do CPC/2015], cuja inobservância acarreta nulidade. Presume-se que desistiu do prazo previsto no art. 398 do CPC a parte que, tomando conhecimento da documentação acostada aos autos, mesmo que não intimada para esse fim, silencia acerca da mesma". · Fredie Didier Jr. (Curso..., 17. ed., vol. 1, p. 685) destaca que "a atividade de saneamento do magistrado não se esgota nessa fase, que se caracteriza, apenas, pela concentração de atos de regularização do processo. É que, desde o momento em que recebe a petição inicial, pode o magistrado tomar providências para regularizar eventuais defeitos processuais - a determinação de emenda da petição inicial (art. 321 do CPC/2015) e a possibilidade de controle a qualquer tempo das questões relativas à admissibilidade do procedimento (art. 485, § 3.º, CPC/2015) são exemplos disso. O dever de o magistrado sanear o processo deve ser exercido ao longo de todo o procedimento, mas há uma fase em que essa sua atuação revela-se mais concentrada". · Humberto Theodoro Júnior (Curso..., 56. ed., vol. 1, p. 815) explica que, "sob o nomen iuris de 'providências preliminares', o Código instituiu certas medidas que o juiz, eventualmente, deve tomar logo após a resposta do réu e que se destinam a encerrar a fase postulatória do processo e a preparar a fase saneadora. O saneamento propriamente dito deverá se aperfeiçoar, na fase seguinte, por meio do 'julgamento conforme o estado do processo'. Resultam as 'providências preliminares' da necessidade de manter o processo sob o domínio completo do princípio do contraditório. Sem elas, o método dialético que inspira o sistema processual restaria comprometido, pois haveria o risco de decisões proferidas sobre questões deduzidas em juízo, sem que o autor fosse ouvido sobre elas". Sobre a réplica, entende que, "em dois casos, há providência preliminar consistente em facultar ao autor o direito de réplica à resposta do réu: (a) quando o demandado, reconhecendo o fato em que se fundou a ação, outro lhe opuser impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor (NCPC, art. 350); (b) quando, em preliminar da contestação, for alegada qualquer das matérias enumeradas no art. 337 (art. 351). Em ambos os casos, para manter a observância do princípio do contraditório, será facultado ao autor replicar a resposta do réu, bem como produzir prova documental, tudo no prazo de quinze dias". · Maria Lúcia Lins Conceição (Breves..., p. 941) afirma que as providências preliminares "visam, fundamentalmente, a assegurar o direito fundamental ao contraditório e a sanear o processo, eliminando vícios que possam comprometer sua higidez". · Nelson Nery Jr. e Rosa Maria de Andrade Nery(Comentários..., p. 963) entendem que "a réplica é a manifestação do autor sobre a contestação do réu. A matéria objeto da réplica é restrita à parte da contestação em que o réu arguiu preliminares ou fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. Caso o réu tenha contestado apenas o mérito strictu sensu, não há réplica, devendo prosseguir o processo sem manifestação do autor sobre a contestação. Ressalta-se que o CPC estipulou o prazo da réplica em 15 dias, um acréscimo em comparação aos 10 dias do CPC/1973". Enunciados do FPPC N.º 152. (Art. 339, §§ 1.º e 2.º, CPC/2015) Nas hipóteses dos §§ 1.º e 2.º do art. 339, a aceitação do autor deve ser feita no prazo de quinze dias destinado à sua manifestação sobre a contestação ou sobre essa alegação de ilegitimidade do réu. N.º 282. (Art. 319, III; art. 343, CPC/2015) Para julgar com base em enquadramento normativo diverso daquele invocado pelas partes, ao juiz cabe observar o dever de consulta previsto no art. 10. N.º 299. (Art. 357, § 3.º; art. 191, CPC/2015) O juiz pode designar audiência também (ou só) com objetivo de ajustar com as partes a fixação de calendário para fase de instrução e decisão. N.º 300. (Art. 357, § 7.º, CPC/2015) O juiz poderá ampliar ou restringir o número de testemunhas a depender da complexidade da causa e dos fatos individualmente considerados. Bibliografia Fundamental Arruda Alvim, Manual de direito processual civil, 11. ed., São Paulo, Ed. RT, 2007, vol. 2; Eduardo Talamini, Saneamento do processo, RePro 86/76, Doutrinas Essenciais de Processo Civil, vol. 3, p. 281, out. 2011; Fredie Didier Jr., Curso de Processo Civil: introdução ao direito processual civil, parte geral e processo de conhecimento, 17. ed., Salvador, JusPodivm, 2015, vol. 1; Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito processual civil, 56. ed., Rio de Janeiro, Forense, 2015, vol. 1; Luiz Rodrigues Wambier, A audiência preliminar como fator de otimização do processo. O saneamento "compartilhado" e a probabilidade de redução da atividade recursal das partes, RePro 118/137, Doutrinas Essenciais de Processo Civil, vol. 3, p. 397, out. 2011; Nelson Nery Jr. e Rosa Maria de Andrade Nery, Comentários ao código de processo civil, São Paulo, Ed. RT, 2015; Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini e Bruno Dantas (coord.), Breves comentários ao Novo Código de Processo Civil, São Paulo, Ed. RT, 2015. Complementar Alcides de Mendonça Lima, As providências preliminares no CPC brasileiro, RBDP 4/13 e RePro 1/26; _____, A nova terminologia do código de processo civil, Revista dos Tribunais 950/339; Alexandre Freitas Câmara, Lições de direito processual civil, 16. ed., Rio de Janeiro, Lumen Juris, 2007, vol. 1; Alfredo de Araújo Lopes da Costa, Manual elementar de direito processual civil, 3. ed., Atual. Sálvio de Figueiredo Teixeira, Rio de Janeiro, Forense, 1982; Cleanto Guimarães Siqueira, A defesa no processo civil: as exceções substanciais no © desta edição [2016] processo de conhecimento, Belo Horizonte, Del Rey, 1995; Darci Guimarães Ribeiro, Audiência preliminar e oralidade, GenesisProc 11/57; Edson Prata, Providências preliminares, RBDP 34/17; Eduardo Arruda Alvim, Curso de direito processual civil, São Paulo, Ed. RT, 1999, vol. 1; Enrico Tullio Liebman, O despacho saneador e o julgamento do mérito, RT 767/737; Ernane Fidélis dos Santos, Manual de direito processual civil, 12. ed., São Paulo, Saraiva, 2007, vol. 1; Fernando Neves Castela, A réplica no processo civil brasileiro, São Paulo, Edipro, 2007; Francisco C. Pontes de Miranda, Comentários ao Código de Processo Civil, 3. ed., Rio de Janeiro, Forense, 1996, t. IV; Fredie Didier Jr., Curso de direito processual civil: teoria geral do processo e processo do conhecimento, 7. ed., Salvador, JusPodivm, 2007, vol. 1; Geraldo Sobral Ferreira, Providências preliminares:julgamento conforme o estado do processo, RPGEBA 5/117; Gisele Santos Fernandes Góes, Direito processual civil: processo de conhecimento, São Paulo, Ed. RT, 2006; J. J. Calmon de Passos, Comentáriosao Código de Processo Civil, 8. ed., Rio de Janeiro, Forense, 1997, vol. 3; Jacy de Assis, Das providências preliminares, RBDP 33/77; Joel Dias Figueira Júnior, Comentários ao Código de Processo Civil, 2. ed., São Paulo, Ed. RT, 2007, vol. 4, t. II; José Wellington Bezerra da Costa Neto, O esforço do projeto de Código de Processo Civil contra a jurisprudência defensiva, RePro 233/123; Leandro Martins Zanitelli, Atividade saneadora do juiz, Elementos para uma nova teoria geral do processo, Porto Alegre, Livraria do Advogado, 1997; Luiz Guilherme Marinoni e Sérgio Cruz Arenhart, Processo de conhecimento, 6. ed., São Paulo, Ed. RT, 2007, vol. 2; Marcelo Abelha Rodrigues, Elementos de direito processual civil, 2. ed., São Paulo, Ed. RT, 2003, vol. 2. FOOTNOTES 1 A respeito, v. Luiz Rodrigues Wambier. A audiência preliminar como fator de otimização do processo. O saneamento "compartilhado" e a probabilidade de redução da atividade recursal das partes. RePro 118/137. Doutrinas Essenciais de Processo Civil, vol. 3, p. 397, out. 2011. 2 Sobre o tema, v. Eduardo Talamini. Saneamento do processo. RePro 86/76. Doutrinas Essenciais de Processo Civil, vol. 3, p. 281, out. 2011.
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