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Interpretação Clínica de Exames Complementares em Oncologia - Prof. Me. Jhonathan Gonçalves Rocha - Brasília, setembro de 2017 Exames Complementares no Câncer •Anamnese e exame físico norteiam a indicação de exames complementares; •Exames laboratoriais e exames de imagem (endoscópicos, radiológicos, ultrassonográficos); •Avaliação anatômica e funcional do paciente; •Múltiplas finalidades destes exames na oncologia: avaliação do tumor primário, avaliação das funções orgânicas, estadiamento, ocorrência de outras enfermidades, detecção de recidivas, controle de terapêutica e rastreamento de grupos de risco. Situação Atual do Câncer no Brasil •De acordo com estimativa do INCA estima-se incidência de 596 mil novos casos de câncer para 2016; •Entre os homens espera-se 295.200 novos casos (próstata; traqueia brônquio e pulmão; cólon e reto; estômago e cavidade oral)*; •Entre as mulheres espera-se 300.800 novos casos (mama feminina; cólon e reto; colo do útero; traqueia brônquio e pulmão e estômago)*. *À exceção do Câncer de Pele Não-Melanoma Comportamento Biológico das Células Normais • Células normais coexistem em perfeita harmonia citológica, histológica e funcional - HOMEOSTASIA; •Crescimento celular – Responde a necessidades específicas e é delicadamente controlado. Fatores estimulantes Fatores inibidores HOMEOSTASIA DO PROCESSO DE PROLIFERAÇÃO CELULAR Comportamento Biológico das Células Normais Proto- oncogenes Genes Supressores Comportamento Biológico das Células Normais Mecanismos Citoquímicos de Regulação (Ciclinas/Quinases) Estado Quiescente (células estáveis) G1-S G2-M Metáfase-Anáfase Controle do Ciclo Ponto de controle em G1 – S • Em linhas gerais, pode-se dizer que este ponto de controle possui três funções: • 1) verificar as condições do meio, buscando fatores externos que induzam o progresso do ciclo celular; • 2) conferir se a célula já cresceu o suficiente; • 3) revisar o material genético em busca de possíveis danos. Este ponto é controlado principalmente pelo meio e depende da capacidade de indução que este exerce. Estão envolvidas diretamente neste ponto de controle as proteínas do complexo CDK2-Ciclina E que foram sintetizadas ainda no decurso do Ponto de Restrição. Controle do Ciclo Controle do ponto de verificação em G2 • No final da mitose ocorre o aumento na expressão da ciclina E que ligada a CDK2 forma o fator promotor da fase S (FPS), o qual só é ativo em cromossomos pré-replicativos. • São denominados desta forma por possuírem sobre cada origem de replicação um complexo conhecido como pré-replicativo. Nas origens de replicação encontra-se a sequencia de replicação autônoma, a esta se une o Complexo de Reconhecimento de Origem de Replicação. Controle do Ciclo O ponto de controle metáfase – anáfase • O ciclo celular se dá numa sequência de etapas bem definida: primeiro a célula duplica o DNA, depois organiza o DNA em cromátide irmãs e então divide os cromossomos entre as células filhas. • Entre os períodos G2 da interfase e prófase os complexos proteicos MPF (Fator de Promoção da Mitose) ativam a condensação dos cromossomos, o rompimento da carioteca e a formação das fibras do fuso de divisão. Para a separação correta das cromátides irmãs é necessário um delicado equilíbrio de processos opostos: a coesão entre as cromátides irmãs e as forças de separação que as fibras do fuso mitótico promovem. • O APC (Complexo Promotor da Anáfase) é uma ubiquitina ligase essencial tanto para o ciclo mitótico quanto para o ciclo meiótico. Proliferação Celular Normal • Regulação inibitória – Proteínas codificadas pela expressão de genes supressores de tumores (anti-oncogenes); •Regulação Estimulatória – Proteínas codificadas pela expressão de proto-oncogenes ; •Genes que condicionam a Apoptose; •Mobilidade celular; •Produção de fatores de crescimento. P-53 e PRb • Guardiões do Genoma; •Produto proteico inibidor de quinase dependente de ciclina (P-53); •“Controle de Qualidade” do Ciclo Celular ; •Supressor de tumor; •Mutações – Efeito negativo Indução de Câncer; Neoplasias • Genericamente Neoplasia = Tumor • Câncer – Grego Karkinos - Caranguejo O primeiro a usar o termo “câncer” foi Galeno para se referir a um tumor maligno de mama com veias ramificadas, lembrando as patas de um caranguejo. Fatores Associados a Neoplasias Fatores Genéticos Oncogenes Genes Supressores de Tumor Genes Reguladores do Reparo do DNA Neoplasias Proliferação Celular Descontrolada Concomitante aumento no processo de Multiplicação Celular e Redução no estado de diferenciação/especialização ATIPIAS CELULARES Célula neoplásica Alteração nos seus mecanismos regulatórios da multiplicação Adquire autonomia de crescimento Neoplasias Proliferação celular anormal, descontrolada e autônoma, na qual as células reduzem ou perdem a capacidade de se diferenciar em consequência de alterações nos genes que regulam o crescimento e a diferenciação celulares. AUTONOMIA DE CRESCIMENTO Hiperplasia Órgãos Sólidos – Células Neoplásicas (TUMOR) Displasia Neoplasia Neoplasias PONTO DE VISTA CLÍNICO, EVOLUTIVO E DE COMPORTAMENTO Neoplasias Benignas Neoplasias Malignas • Efeitos dependentes de: - Volume - Localização Neoplasias Benignas - Obstrução de órgãos ou estruturas; - Compressão de órgãos; - Produção de substâncias em grandes quantidades (ex. hormônios); - Óbito • Características: - Poucas ou nenhuma atipia celular – Baixo índice mitótico/crescimento lento; - Células crescem unidas, não se infiltram em tecidos vizinhos; - Ocorre compressão de estruturas vizinhas, podendo provocar hipotrofia; - Na maioria das vezes forma-se uma cápsula fibrosa, delimitando o tumor, o que favorece a ressecção cirúrgica. Neoplasias Benignas Neoplasias Benignas • Características: - Crescimento lento do tumor garante desenvolvimento de vasos (sincronismo), assegurando boa nutrição às células. Este fato impede degenerações, necroses, hemorragias, etc; - Neste tipo de neoplasia têm-se a ausência de produção de substâncias que levam à anemia e à caquexia; - Baixa ação espoliativa, comprometendo pouco a nutrição do indivíduo. Neoplasias Malignas • Alto índice mitótico, crescimento rápido do parênquima, o que não ocorre com os vasos sanguíneos, resultando em degenerações, necroses, hemorragias e ulcerações; • Crescimento infiltrativo, não apresentam cápsula; • Em geral, as células cancerosas são mais volumosas que as normais, sobretudo pelo aumento do núcleo (aumento da relação núcleo/citoplasma); • Ocorrem atipias celulares, levando ao pleomorfismo celular. Características e Propriedades das Células Neoplásicas • Adesividade - Células malignas tem menor adesão umas às outras (alterações de membrana, estruturas juncionais, fibronectina, etc); • Motilidade – Células malignas apresentam considerável motilidade (disseminação); • Funções Celulares – As funções fisiológicas ficam comprometidas. • ***Síndromes Paraneoplásicas Síndromes Paraneoplásicas • Grupos de eventos clínicos associados a tumores malignos, não diretamente relacionados a um efeito físico do tumor primário, ou de lesões metastáticas, infecções, isquemia, déficit metabólico ou nutricional, cirurgia ou outras formas de tratamento; • Dentre as causas destes eventos estão: - Produção de substâncias que causarão sintomas à distância e a depleção de substâncias normais, levando a manifestações clínicas; • Estima-se a ocorrência de síndromes paraneoplásicas em 8% dos pacientes. Síndromes Paraneoplásicas • Síndromes Endocrinológicas; • Síndromes Hematológicas; • SíndromesRenais; • Manifestações Cutâneas; • Manifestações Neurológicas. Propagação e Disseminação de Neoplasias • Metástases - Grego (metástasis – mudança de lugar, transferência); • Formação de uma nova lesão tumoral a partir da primeira, mas sem continuidade entre as duas; • Vias de Disseminação – Linfática, sanguínea, canais, ductos ou cavidades naturais, ex. cavidade peritoneal; • Metástases podem se implantar no trajeto de feridas cirúrgicas ou de agulhas utilizadas para punções-biópsias. Fatores de Risco • O termo “risco” é usado para definir a chance de uma pessoa sadia, exposta a determinados fatores ambientais ou hereditários, desenvolver uma doença; • Os fatores associados ao aumento do risco de se desenvolver uma doença são chamados de fatores de risco; •O mesmo fator de risco pode atuar para várias doenças. Ex. Tabagismo, etilismo e obesidade atuam como fatores de risco para diversos cânceres, além de doenças cardiovasculares e respiratórias; •Associação de fatores de risco. Fatores de Risco • As primeiras manifestações podem surgir muitos anos após uma única exposição (ex. radiações ionizantes) ou contínua (ex. radiação solar, tabagismo); • Por exemplo: exposição solar sem proteção durante a infância pode ser uma das causas do câncer de pele no adulto; Ambiente Físico Herdados Resultados de Hábitos de Vida Fatores de Risco Principais Fatores de Risco – Câncer • Tabagismo •Fatores Dietéticos •Massa Corporal •Hábitos Sexuais •Fatores Ocupacionais •Etilismo •Exposição Solar •Radiações •Medicamentos •Hereditátios/Genéticos 5% dos tumores com contribuição exclusivamente genética Xenobióticos*** Organismo x Ambiente Patologia Ambiental Fatores Genéticos • Identificação dos indivíduos geneticamente predispostos a determinado tipo de câncer Priorização de ações dirigidas para protegê-los. Ex. BRCA 1 e 2. Exposição Ambiental • Câncer – Doença multifatorial com importante interação entre genes, estilo de vida e meio ambiente; •Diversas exposições endógenas e exógenas podem levar direta ou indiretamente a mutações; Mutação é toda alteração permanente do material genético de uma célula, que não resulta de recombinação ou da segregação normal dos cromossomos. Exposição muitas vezes involuntária a fontes de carcinógenos - Podem ser evitadas por legislação, controle e medidas de esclarecimento à população. Mutagênese e Carcinogênese Ambiental • Mecanismos de mutagênese e carcinogênese – Intrinsicamente ligados Mutação – Consequência do dano no DNA Estágio inicial do processo que fatores ambientais inicial a formação do tumor Mutações em genes críticos para a carcinogênese se o reparo do DNA não ocorrer antes da divisão celular Mutagênese e Carcinogênese Ambiental • Estágios da Carcinogênese – Iniciação, promoção e progressão; •Ocorre acúmulo de mutações no DNA celular (translocações e inversões) – Podem favorecer inserção de proto-oncogene a um gene frequentemente transcrito; •Deleções – Importantes quando envolvem genes supressores de crescimento celular. Exposição Aumentada / Produção de Proteínas Aberrantes Mutagênese e Carcinogênese Ambiental • Amplificações – Expressão exacerbada de proteínas estruturalmente preservadas; •Mutações Puntiformes – Substituição e inserção de pares de base - Produção de proteínas estrutural e funcionalmente aberrantes; •Inserção de DNA viral – Inserem oncogenes virais no genoma humano; A proliferação de Células normais é regulada de modo inibitório pelas proteínas codificadas pela expressão dos genes supressores de tumores e de modo estimulatório pelas proteínas codificadas pela expressão de proto-oncogenes. Estresse, Imunologia e Câncer • Nem todos os indivíduos expostos aos compostos mutagênicos desenvolvem câncer; •Características individuais: aspectos genéticos e comportamentais; •Resposta do estresse: fisiológica, adaptativa, ativada em situações de ameaça; •Estresse – mudanças imunológicas adversas Imunossupressão (cortisol – inibição de síntese proteica); •Favorecimento de infecções e doenças malignas; •Resposta Imune – vigilância antitumoral Estresse, Imunologia e Câncer • Sistema Imune também modula crescimento tumoral e o desenvolvimento de metástases; •Células NK importantes no controle de metástases; •Sistema Imune deprimido pelo estresse – baixa atividade NK; •Mecanismos Hospedeiro x Tumor Câncer Desequilíbrio Homeostático Depleção Energética Distúrbios Nutricionais Imunos_ supressão Inflamação e Caquexia Toxicidade aos Fármacos Alterações Hepáticas Alterações Hematológicas Alterações Renais Anemia Eventos Trombóticos
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