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Fundação Centro de Ciências e Educação a Distância do Estado do Rio de Janeiro Centro de Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro Universidade Federal Fluminense Curso de Licenciatura em Letras- UFF / CEDERJ Disciplina: Linguística I Coordenadora: Profª Silvia Maria de Sousa Avaliação PRESENCIAL 2 - 2012/ 1 Aluno(a): _______________________________________________________ Polo: _______________________________ Matrícula ________________ Nota: _______________ 1) Dado o enunciado: “Vim a Comala porque me disseram que aqui vivia meu pai, um tal de Pedro Páramo.” (RULFO, Juan. Pedro Páramo. Tradução e prefácio de Eric Nepomuceno. Rio de Janeiro: BestBolso, 2008). a) Dê dois exemplos de relações sintagmáticas. (1,5) O eixo sintagmático diz respeito às relações de combinação dos elementos postos em cadeia, em que os termos se combinam de forma linear. Assim, a relação sintagmática existe in praesentia. A partir do enunciado extraído do romance Pedro Páramo, de Juan Rulfo, podemos dar como exemplo de relação sintagmática aquela estabelecida no nível sintático entre o verbo “Vim” e o sintagma preposicional “a Comala”, bem como, no nível morfológico, entre “diss” (radical) “e” (vogal temática) “ra” (marca de pretérito perfeito do indicativo) e “m” (marca que mostra que o verbo está na 3ª pessoa do plural), dentre muitos outros exemplos possíveis. b) Dê dois exemplos de relações paradigmáticas. (1,5) O eixo paradigmático diz respeito às relações associativas, de substituição – são as escolhas possíveis, in absentia. A partir do enunciado proposto, podemos, por exemplo, substituir “Vim a Comala” por “Vim ao Rio de Janeiro”, “disseram” por “dissera” etc. 2) A partir do poema de Augusto de Campos “Luxo”, de 1965, explique a concepção de dupla articulação da linguagem desenvolvida por André Martinet. (3,0) André Martinet, influenciado pelas noções saussurianas de signo linguístico, o que também significa dizer sobre sua ideia de valor, ou seja, de que um elemento do sistema linguístico não se define por si só, mas se individualiza na relação que estabelece com os outros elementos do sistema, relações essas entendidas em dois eixos, sintagmáticos e paradigmáticos, formulou sua própria concepção de dupla articulação da linguagem. Dizia Martinet então que todas as línguas se combinam e se subdividem em segmentos mínimos significativos e, ainda, apenas distintivos. Os elementos da primeira articulação são os segmentos mínimos significativos, os monemas. Já os elementos da segunda articulação são aqueles sem significado, elementos apenas distintivos, os fonemas. Os fonemas, então, são entidades discretas, sem significado, mas que constituem os signos linguísticos. Assim, podemos ver como o poeta Augusto de Campos se utiliza dessa característica de a linguagem verbal ser articulada e, então, compor seu poema. Ele substitui uma unidade de segunda articulação, ou seja, um fonema /u/ por um fonema /i/. Os fonemas não têm significado, mas são distintivos. Dessa forma, a substituição de um fonema por outro faz com que tenhamos outro signo linguístico, isto é, faz com que de “luxo” surja “lixo”. 3) Enquanto a língua inglesa divide em seis as cores do espectro (purple, blue, green, yellow, orange e red), a língua bassa divide em duas (hui e ziza). Discorra sobre essa diferença levando em conta a relação entre linguagem e cultura. (2,0) A querela em torno da questão da natureza da linguagem, quer dizer, se a linguagem é natural ou se é um fator cultural vem desde os gregos. É a partir desse legado grego que antropólogos, sociólogos, linguistas se voltaram (e se voltam) para a linguagem a fim de responder a essa pergunta. Sapir e Whorf foram dois desses linguistas que atualizaram esse debate. Investigando a língua dos Hopi, eles perceberam que ela não dizia o tempo conforme as línguas europeias o fazem. Enquanto as línguas europeias dividem o tempo em passado, presente e futuro, o Hopi tem uma ideia circular de tempo. A partir de exemplos como esse, Sapir e Whorf formularam aquela que ficou conhecida como hipótese Sapir-Whorf. Segundo tal hipótese, a linguagem humana determina como vemos o mundo – e, como não existe pensamento significativo sem linguagem, a linguagem humana também determina nosso pensamento. Dessa maneira, dizer que duas línguas dividem as cores de maneira diferente não quer dizer que os falantes de uma e de outra tenham algum problema visual que escape ao seu olhar. Antes, significa dizer que essas línguas classificam o mundo de maneiras diferentes – na perspectiva de Sapir e Whorf, que seus falantes pensam e veem o mundo de uma forma diferente, de acordo com a linguagem verbal culturalmente herdada. 4) Marque V para as afirmações verdadeiras e F para as falsas. Corrija as alternativas falsas. (2,0) a) ( V ) Segundo a hipótese Sapir-Whorf, a língua de uma determinada comunidade organiza a sua cultura, sua visão de mundo, pois uma comunidade vê e compreende a realidade que a cerca através das categorias gramaticais e semânticas de sua língua. b) ( F ) O discurso paradigmático dispõe-se sobre o eixo cujo suporte segmental é a extensão linear dos significantes e cuja propriedade básica é a de construir-se através da combinação de unidades idênticas. É o discurso sintagmático que se dispõe na extensão linear dos significantes. Além disso, sua propriedade básica é a de construir-se através da combinação de unidades diferentes. c) ( V ) Afirmar que a linguagem humana é articulada significa dizer que os enunciados produzidos em uma língua não se apresentam como um todo indivisível. d) ( V ) A noção de distribuição postula que as unidades linguísticas aparecem em contextos específicos e, desta forma, as partes dependem do todo. Numa frase as palavras não são postas aleatoriamente, mas sim em posições determinadas, isto é, possuem uma distribuição característica. e) ( F ) Podemos dizer que estruturalismo americano tem seu início a partir da observação das línguas europeias e da constatação de que há identidades intrínsecas às línguas, que cabe então ao linguista descrever. O estruturalismo americano tem seu início a partir da observação das línguas indígenas. f) ( V ) As relações associativas, mais tarde chamadas de paradigma, compõem o eixo da verticalidade, isto é, o eixo das escolhas possíveis. g) ( F ) O Behaviorismo é uma teoria psicológica que explica os fenômenos mentais, sem se importar com os comportamentos observáveis. O Behaviorismo é uma teoria psicológica que explica os fenômenos mentais a partir de dados empíricos, observáveis.
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