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Livro Mayombe

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MAYOMBE: REFLEXAO CRÍTICA DA HISTORIA DA INDEPENDENCIA ANGOLANA. 
SARAIVA, Francisca Nayane1 
 
RESUMO 
O texto trata da analise crítica de Mayombe, obra de Pepetela publicada em 
1980. Mayombe relata o período de luta pela independência de Angola, como 
tambem procura objetivar internamente os principais problemas políticos e sociais 
vividos em meio a guerra contra o colonizador. Não é por acaso que Pepetela 
recebe o premio Camões por apresentar com nitidez os bastidores da guerra, fato 
vivenciado pelo próprio escritor pela participação no MPLA. Neste trabalho também 
focaremos a reflexão em torno da flexibilidade na literatura que Pepetela utiliza para 
compor uma obra mista de significados culturais, quando possibilita a integração da 
filosofia na literatura africana. 
 
PALAVRAS- CHAVE: 
 Mayombe; Contexto Histórico; Analise crítica; Angola; Filosofia africana. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Redenção- CE 
2013 
 
1
 - Discente do curso Bacharelado em Humanidades da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia 
Afro-brasileira (UNILAB). E-mail: nayanesaraiva.ph@gmail.com. 
INTRODUÇAO 
O livro Mayombe de autoria do escritor Arthur Mauricio Pestana dos Santos, 
mais conhecido por Pepetela, aborda por meio de uma literatura ficcionista africana, 
os principais problemas relacionados a valores e contradições no momento político, 
vivido pelo povo angolano na luta pela independência. O escritor apresenta também 
a preocupação de discorrer em torno da visão tradicionalista da sociedade angolana 
no tocante a liberdade da mulher, quando ,por exemplo, dedica em seu livro um 
capitulo inteiramente a personagem Ondina. Personagem esta que deve ser 
analisada enquanto sua postura de mulher e profissional na sociedade angolana. 
É com esta dedicação que o escritor tenta apresentar a história de 
independência de Angola, é que cujo trabalho tem por objetivo à analise dos 
principais aspectos obtidos da obra de Pepetela. As análises, portanto se norteara 
em torno de artigos críticos apreciadores da obra Mayombe. 
Não podemos deixar de lado, a clara concepção que nos é apresentada pelo 
escritor quando menciona no início do livro a correlação entre a filosofia grega e os 
sistemas sagrados africanos. Fato que neste resumo expandido, tem por finalidade 
acrescentar discussões a respeito de como a filosofia pode estar compartilhado na 
literatura africana. Já que é tema do grupo de estudos, do qual faço parte. 
 
METODOLOGIA 
Os métodos utilizados para realização do presente trabalho se deu através de 
pesquisas em revistas acadêmicas e artigos científicos que discorrem sobre o 
assunto do qual se baseiam na análise do livro Mayombe. Como também, a leitura 
minuciosa da própria obra de Pepetela. 
 
FUNDAMENTAÇAO TEORICA 
De acordo com Carlos Serrano (1999), citado por Soler (2013, pg.55) 
Mayombe é um documento social que registra os acontecimentos que antecedem a 
independência angolana. A obra é ficcional e nos remete, portanto uma visão crítica 
do MPLA, no qual denuncia a corrupção dentro movimento, como também o 
tribalismo, a mestiçagem e o machismo. Para Mia Couto (2005), citado por Santos 
(2010, pg.9) a “ficção é uma mentira que não mente”. Ainda ressalta que é 
necessário que o escritor crie espaço de reflexão e conscientização próprio de seu 
país, para que os africanos se reconheçam e compreendam enquanto integrantes de 
sua nação (COUTO, 2005, Pg.59). 
Pepetela utiliza-se da floresta Mayombe, caracterizada por floresta densa e 
fechada, para nos mostrar que ao mesmo tempo em que dificulta a vida dos 
guerrilheiros, a mata também fornece alimento, no qual é chamada de “comuna”, 
uma espécie de amêndoa, cujo nome é atribuído ao comunismo da URSS, sua 
principal aliada no campo politico e econômico. De acordo com Carmen Lucia Tindó 
Secco (2003), citado por Santos (2010, pg.12) Mayombe é também “floresta úmida, 
cheia de lama fecunda, é metáfora do útero de Angola parindo a Revolução”. 
A diversidade da mata, no qual é retratado no livro é frisada pelo escritor com 
intuito de retratar a diversidade étnico-cultural. Mais precisamente objetivo do 
escritor é mencionar o evento da mestiçagem como objeto de insatisfação do povo 
angolano de representar o “talvez” por pertencer em suas veias o sangue lusitano. 
 
Sujeito quase branco, a lembrar, com os traços de seu próprio corpo, a 
permanência do tempo colonial, o mulato é um sujeito “sem tribo”, espécie 
de “judeu errante” em busca de um lugar no conjunto das novas relações 
que se estabelecem no país liberto do jugo colonial. (SCHIMDT, 2009, p. 
141) 
 
Por outro lado, Pepetela nos apresenta o desejo da nova mulher angolana. 
Desejo este representado pela personagem Ondina, mulher de gênio forte que não 
via traição como pecado, mas de acordo com Sérgio Paulo Adolfo (1992), citado por 
Santos( 2010 ,pg.10) “como símbolo de seu livre arbítrio enquanto mulher”. Outro 
ponto a analisar é que o fato de Ondina exercer a profissão de educadora na base, 
Pepetela deixa claro a significativa ajuda das mulheres nas guerrilhas. Pois, o 
movimento feminista de Angola(OMA) criada em 1962 em Cabinda exercia de toda e 
qualquer ajuda na educação dos guerrilheiros, até mesmo nas batalhas as mulheres 
estavam presentes. Sérgio Paulo Adolfo, ainda ressalta: 
 
O romance Mayombe é um fórum de debates (...) através da dramatização, 
da fala de seus personagens são purgados os conflitos internos de uma 
sociedade: o tribalismo, o colonialismo, a tradição africana, o poder do 
dinheiro (...) e é claro que não poderia passar a questão da mulher, que 
nessa nova sociedade, que procura libertar-se dos dissabores e enganos do 
colonialismo, procura-se onde homens e mulheres tenham um único papel 
determinado, o de cidadãos do estado angolano (1992, p. 72-3). 
Deve-se ressaltar a importância da educação, aspecto defendido por Pepetela 
juntamente com Augustinho neto, presidente do MPLA. Para o movimento, a 
educação era um dos meios capaz de acabar com a desigualdade, como tambem 
seria a base da construção de uma nova Angola. 
È importante observar a forma pela qual Pepetela utiliza-se da literatura para 
nos mostrar que a língua africana está entrelaçada com a língua do colonizador. 
Fato exemplificado pelas falas particulares dos guerrilheiros no final de todo capitulo, 
onde cada um explicita sua opinião sobre as questões políticas e sociais de Angola. 
È importante ressaltar que o escritor dar voz aqueles que estavam destinados ao 
silencio, tanto o silencio violento da PIDE, quanto o silencio advindo de ideologias 
raciais. 
 Pepetela, ao dar primazia ao “narrador”, revela ainda esta dimensão da 
oralidade, comum às sociedades africanas, e importantes no resgate das 
suas identidades. Identidade que se constrói pela memória dos narradores 
fictícios (personagens e/ou atores e pelo próprio autor). (SERRANO, 1999, 
p. 133) 
 
 
O tribalismo é um dos grandes problemas destacado em todo o Mayombe. O 
objetivo do escritor é mostra as contradições do movimento, como tambem 
apresentar as diversas opiniões dos guerrilheiros, nos quais são representantes de 
tribos diferentes. Carmen Tindó Secco ressalta dizendo: 
 
(...) cada narrador apresenta um olhar diferente, focalizando a História 
angolana por ângulos diversos. (...) Seus depoimentos expressam o choque 
das ideologias existentes no seio da Revolução angolana, embora o 
discurso do MPLA camuflasse as contradições, ocultando-as sob a utopia 
da “união nacional em prol da libertação” (2003, p. 39). 
 
Um caso que chama bastante atenção é o períodoque Mayombe passa para 
ser publicado. De acordo com Kjellin (2011, pg.264) Pepetela antes de publicar sua 
obra, entrega ao presidente do MPLA e atual presidente de Angola: Augustinho 
Neto, onde o mesmo sente receio a autorizar a publicação naquele devido momento. 
Até por que é uma obra que denuncia os pontos fracos do movimento e que poderia 
favorecer os ataques dos inimigos. Desse modo, Mayombe é publicado em 1980, 
mais ainda com receio do escritor. 
No tocante a flexibilidade literária, é Impressionante o modo como Pepetela 
inter-relaciona as divindades gregas com os sistemas sagrados africanos, quando, 
por exemplo, atribui a “história de Ogum, o prometeu africano” aos guerrilheiros do 
Mayombe. A presunção de Pepetela é mostrar uma Angola criada por diversas 
culturas como também a luta para não romper a tradição africana. Para Tania 
Macedo (2008), citado por (Kjellin, pg. 265) as narrativas de guerra angolana está 
não somente vinculada a influencia das tradições ocidentais, mas também as 
narrativas orais. A escritora ainda ressalta afirmando que Pepetela enaltece aos 
personagens por ora dominarem a arte da guerra, ora da floresta. 
 
CONCLUSAO 
 È importante relatar neste resumo expandido, a importância desta obra, 
tanto na representação como documento social para o povo angolano, como 
também para aqueles leitores de primeira viajem conhecerem a realidade de Angola 
vivendo em plena luta pela liberdade social e politica na década de setenta. 
Portanto, acredito que através da leitura não somente de Mayombe, mas também de 
Ngunga (obras do mesmo autor), me possibilitaram uma visão histórica crítica 
completa vista de dentro do movimento pelo próprio Pepetela. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
REFERENCIAS 
KAWAHALA. Edelu; SOLER, Rodrigo Diaz de Vivar. Mayombe: polifonia diaspórica, 
mestiçagens e hibridismo na guerra de libertação em Angola. Disponível em: 
<http://periodicos.pucminas.br/index. php/cadernoscespuc/article/view/4671/4836>. Acesso 
em: 16/11/2013. 
KJELLIN, Evillyn. Mayombe : narrativa de guerra em meio à independência angolana. 
Acesso em e-revista.unioeste.br index.php travessias article download >. 
Acesso em: 14/11/2013. 
SANTOS, Leandra Alves dos. Mayombe: a luta pelo (re) nascimento. Disponível em: 
<http://www.versaobeta.ufscar.br/index. php/vb/article/viewFile/81/35>. Acesso em: 10/11/2013

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