Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Os desvios da norma culta serão normais até que as regras gramaticais sejam dominadas Variação linguística - As variações linguísticas ocorrem de acordo com o meio no qual os sujeitos encontram-se. a variação é o reflexo de diferenças sociais, como origem geográfica e classe social, e de circunstâncias da comunicação a variação é uma característica inerente das línguas naturais para o contexto escolar, cabendo aos professores o cuidado para evitar discriminações linguísticas na turma. a variação é um fenômeno regular, sistemático, motivado pelas próprias regras do sistema linguístico. mesmo os falantes da variante popular seguem alguma regra para a formulação das suas orações. Em contraposição, eles não seguem as regras da língua culta. todas as formas de expressão são válidas; a língua serve à comunicação; tanto a língua culta quanto a língua coloquial seguem uma sequência lógica e todos os falantes dessa são capazes de seguir tal sequência os contextos de uso das línguas culta popular estão relacionados às variedades geográficas e socioculturais Os principais ambientes de uso da norma culta são as instituições de ensino a norma culta é uma forma universal - uma modalidade da linguagem à qual todos os sujeitos do País devem têm acesso — ou deveriam ter — por meio do ensino quando o objetivo de um texto — escrito ou falado — é ser lido por todos os sujeitos de um país, é necessário adotar a norma culta. Já quando se está em um contexto local ou regional qualquer, é possível usar variantes específicas daquele lugar para ser compreendido. A construção da comunicação se estabelece segundo essas características de modo natural. O uso das modalidades da língua culta e da língua popular, portanto, são sempre adequados ao contexto em que o falante se encontra O processo de leitura se divide em três definições: geral, específico e conciliatório. Leitura tradicional o conhecimento das palavras e dos significados a elas atrelados é o fator definitivo para a leitura do texto. as palavras são lidas uma a uma de forma linear, e esse movimento configura a leitura Decodificar representa apenas a primeira etapa da leitura. Após essa etapa, há a compreensão, a interpretação, a ação e a retenção Leitura moderna „ Ler um gesto. „ Ler o olhar de alguém. „ Ler o tempo Esses são apenas alguns exemplos que demonstram a complexidade do processo de leitura imprimimos diferentes sentidos para os textos As expressões faciais, por exemplo, podem ser lidas e interpretadas de formas diferentes, mudando de acordo com o leitor (observador) e o contexto. Leitura moderna – perspectiva Não há uma preocupação excessiva com a decodificação do código linguístico, mas, sim, uma ênfase na autonomia semântica do leitor, em que os contextos sociais, históricos e culturais do indivíduo também são valorizados Leituras verticais e horizontais e objetivos do leitor mencionamos a leitura linear, mas também existem as leituras vertical e horizontal A leitura horizontal é classificada como superficial, estrutural, com base na observação de títulos e subtítulos Logo, tem como objetivo principal fazer com que o leitor se familiarize com o conteúdo, examinando partes-chave do texto, um entendimento mais geral do tema do texto Pense na leitura de um jornal, que pode ser impresso ou digital. O que lemos primeiro são as manchetes. Caso a notícia seja de nosso interesse acessamos o conteúdo na íntegra e desenvolvemos a leitura completa. A leitura vertical é profunda, reflexiva e analítica. É feita a observação de toda a estrutura linguística do texto uma leitura analítica é crítica “tanto no sentido de buscar mais detalhes, examinando os argumentos e conceitos fundamentais, quanto no sentido de realmente criticar o conteúdo, entendendo a posição do autor ao ponto de concordar ou discordar dele”. Aquilo que está nas entrelinhas também é observado. Estratégias de leitura literal As estratégias de leitura são utilizadas como instruções que ampliam a realização do objetivo de leitura. As estratégias são divididas em cognitivas e metacognitivas As estratégias metacognitivas são as operações (e não regras) realizadas com objetivo previamente determinado, temos controle consciente As estratégias metacognitivas da leitura são, primeiro, autoavaliar constantemente a própria compreensão, e segundo, determinar um objetivo para a leitura. Devemos entender que o leitor saberá dizer quando ele não está entendendo um texto e saberá dizer para que ele está lendo um texto. De forma consciente, o leitor reconhece as dificuldades de alcance do objetivo de leitura e pratica determinadas ações para resolver esse problema, pois detecta as causas de sua dificuldade. Ad estratégias cognitivas, por sua vez, são inconscientes. Essa é uma ação necessária para a leitura, mas que não acontece de forma consciente A princípio, temos o objetivo de leitura. De acordo com esse objetivo (ou objetivos), selecionamos os textos. A partir de conheci mentos prévios sobre o assunto, selecionamos as leituras pertinentes. Nessa etapa, podemos realizar uma leitura mais horizontal/superficial, apenas para confirmar a aderência do texto ao objetivo proposto De acordo com o objetivo proposto, vamos selecionar os tipos de textos que serão pertinentes. „ Narrativo: há um desenvolvimento cronológico, com o objetivo de explicar alguns acontecimentos em uma determinada ordem. Alguns textos narrativos seguem uma organização (estado inicial > complicação > ação > resolução > estado final), já outros introduzem uma estrutura dialogal dentro da estrutura narrativa. São exemplos o conto, a lenda, o romance, entre outros. „ Descritivo: descreve um objeto ou fenômeno com o uso de comparações e outras técnicas. Esse tipo de texto é frequente tanto na literatura quanto nos dicionários, em guias turísticos, em inventários, etc. „ Expositivo: explica determinados fenômenos ou proporciona infor mações sobre eles. Os livros didáticos e os manuais utilizam muito esse tipo de texto. „ Instrutivo-indutivo: tem o objetivo de induzir a ação do leitor. São exemplos as palavras de ordem, as instruções de montagem ou de uso, etc. „ Dissertativo: texto centrado na defesa de uma ideia. Com a apre sentação de diferentes pontos de vista, o texto dissertativo aborda temas com profundidade reflexiva, convidando o leitor a construir conhecimentos sobre um tema específico. São exemplos o artigo de opinião, a redação dissertativa, entre outros Um texto é construído na interação entre sujeito e texto. Para a produção de sentido, é necessário considerar o contexto. para que haja compreensão do texto e para a construção da coerência textual, é imprescindível que se considere o contexto tipos de conhecimento arquivados na memória: „ O conhecimento linguístico propriamente dito; „ O conhecimento enciclopédico, que pode ser declarativo (que se recebe pronto e é introjetado na memória “por ouvir falar”) ou episódico (adquirido por meio da convivência social e armazenado em “bloco” sobre as diversas situações e eventos da vida cotidiana); „ O conhecimento da situação comunicativa e de suas “regras” (situacionalidade); „ O conhecimento superestrutural ou tipológico (gêneros e tipos textuais); „ O conhecimento estilístico (registros, variedades da língua e sua adequação às situações comunicativas); „ O conhecimento de outros textos que permeiam a cultura (intertextualidade) Intertextualidade No conjunto dos conhecimentos constitutivos do contexto, se destaca aquele referente a outros textos. Este consiste na intertextualidade. a intertextualidade é um dos fenômenos da transtextualidade: „ A intertextualidade, que supõe a presença de um texto em outro (por citação,alusão, etc.); „ A paratextualidade, que diz respeito ao entorno do texto propriamente dito, sua periferia (títulos, prefácios, ilustrações, encartes, etc.); „ A metatextualidade, que se refere à relação de comentário de um texto por outro; „ A arquitextualidade, bastante mais abstrata, que põe um texto em relação com as diversas classes às quais ele pertence (por exemplo, um poema de Baudelaire se encontra em relação de arquitextualidade com a classe dos sonetos, com a das obras simbolistas, com a dos poemas, com a das obras líricas, etc.); „ A hipertextualidade, que recobre fenômenos como a paródia, o pastiche, etc. A intertextualidade ocorre quando há um texto inserido em outro texto que já foi reproduzido anteriormente e que faz parte da memória social de uma coletividade. a intertextualidade pode ser implícita ou explícita A intertextualidade explícita ocorre quando se faz a citação da fonte do intertexto. Acontece, por exemplo, em discursos relatados, nas citações e referências, nos resumos, resenhas e traduções; e também nas retomadas de texto de parceiro para encadear sobre ele ou questioná-lo na conversação A intertextualidade de modo implícito Pode ocorrer com alusões, na paródia, em certos tipos de paráfrases e ironias. Essa intertextualidade se dá sem a citação da fonte. Assim, é responsabilidade do interlocutor recuperar na memória a informação e construir o sentido do texto. Quando isso não ocorre, grande parte ou mesmo toda a construção do sentido fica prejudicada categorias de intertextualidade: „ Citação: é identificável de modo imediato, tendo em vista o uso de marcas tipográficas específicas, como aspas, itálicos, separação do texto citado. Para Samoyault (2008, p. 49), “Basta uma dessas marcas para assinalar a citação, a ausência total de tipografia própria transforma a citação em plágio, cuja definição mínima poderia ser a citação sem aspas, a citação não marcada.”. „ Alusão: remete a um texto anterior sem marcar a diferença da citação. De acordo com Samoyault (2008), às vezes não é intertextual propriamente dita, sendo exclusivamente semântica, como o enunciado “ele só pensa naquilo”, uma alusão erótica. Mas pode ser também uma alusão intertextual, como a realizada por James Joyce (apud SAMOYAULT, 2008, p. 50) em Ulysses, quando se refere à “Helena de Argos, a jumenta de Troia que não era de madeira e que alojou tantos heróis nos seus flancos.”. Aqui, há uma alusão mitológica e alegórica que não é plenamente visível. Esse tipo de intertextualidade depende muito do efeito de leitura. Ela é frequentemente subjetiva e raramente é necessário desvendá-la para compreender o texto. „ Plágio: trata-se de uma retomada literal, porém sem marcas, o que torna a designação do heterogêneo nula. Quando ocorre a apropriação total, questões jurídicas devem ser levantadas a seu respeito, considerando que coloca em causa a propriedade literária, mais ou menos legitimada. Para a teórica, os termos de roubo e fraude são associados ao plágio e deslocam com mais frequência a questão do literário para o jurídico: “Introduzindo problemáticas ligadas à autoridade, à assinatura e à originalidade que ele anula, [...] o plágio merece assim ser mantido na tipologia, quando mesmo outras noções parecem poeticamente mais exatas ou mais eficazes para descrever certas operações de empréstimo.” (SAMOYAULT, 2008, p. 63). „ Referência: constitui-se também de intertextos ambíguos, assim como a alusão e o plágio. Para identificá-la, é necessário que o leitor possua determinada cultura e sagacidade, tornando a relação intertextual aleatória. „ Paródia: transforma uma obra precedente de modo a fazer uma caricatura ou reutilização de qualquer forma, transpondo-a. Sua construção visa à ludicidade, à subversão, de modo a desviar o hipotexto para zombar dele, e ainda à admiração. Possui caráter comum ao do patrimônio parodiado, o que possibilita aos leitores reconhecerem o hipotexto facilmente. „ Pastiche: imita o hipotexto, remetendo “[...] menos a um texto preciso do que ao estilo característico de um autor e, para isso, o sujeito pouco importa.” (SAMOYAULT, 2008, p. 55). O pastiche admite variantes. „ Integração: seus operadores atuam nos textos que absorvem mais ou menos o texto anterior, em benefício da biblioteca no texto atual Estratégias de leitura – texto e intertextualidade 109 e, em seguida, de sua dissimulação, eventualmente (SAMOYAULT, 2008). „ Colagem: nessas operações, o texto principal é colocado ao lado do intertexto e não o integra, o que valoriza o fragmentário e o heterogêneo. Elas podem aparecer acima do texto, como a epígrafe, e no meio do texto, como imagens colocadas no texto (SAMOYAULT, 2008). „ Epígrafe: destacada do texto que ela antecede e introduz, a epígrafe é constituída, geralmente, por uma citação, com referência do autor e do texto do qual foi retirada. É uma colagem feita acima do texto, na sua abertura (SAMOYAULT, 2008) coesão e coerência a coesão é conceito semântico que se refere às relações de sentido que se estabelecem entre os enunciados que compõem o texto três os níveis em que o sistema linguístico está organizado: o semântico, que é o significado; o léxico -gramatical, que se trata do formal; e o fonológico ortográfico, ou seja, a expressão a coesão é conseguida parcialmente por meio da gramática e parcialmente por meio do léxico e cinco categorias de procedimento: referência, substituição, elipse, conjunção e léxico „ Referência: é a função pela qual um signo linguístico se relaciona a um objeto extralinguístico. São três os tipos de referência: pessoal, que são pronomes pessoais e possessivos; demonstrativa, que são pronomes demonstrativos e advérbios indicativos de lugar; e comparativa, que se dá por via indireta, por meio de identidades ou similaridades. „ Substituição: é a colocação de um item no lugar de outro ou de uma oração inteira. Pode ser nominal e verbal. A nominal é feita por meio de pronomes pessoais, numerais, indefinidos e nomes genéricos, como “coisa”, “gente” e “pessoa”. Já a verbal se dá no verbo “fazer”, que é substituto dos causativos, e no verbo “ser”, o substituto existencial. „ Elipse: é a omissão de um item lexical recuperável pelo contexto, ou seja, a substituição por zero. Pode ocorrer elipse de elementos nominais, verbais e oracionais. „ Conjunção: tem natureza diferente das outras relações coesivas por não se tratar simplesmente de uma relação anafórica. Os elementos conjuntivos são coesivos não por si mesmos, mas indiretamente. Isso ocorre em virtude das relações específicas que se estabelecem entre orações, períodos e parágrafos. Essas diferentes relações conjuntivas possuem uma série de equivalentes estruturais. Os principais tipos de elementos conjuntivos são: advérbios e locuções adverbiais; conjunções coordenativas e subordinativas; locuções conjuntivas, preposições e locuções prepositivas; itens continuativos como “então”, “daí”, etc. „ Coesão lexical: é obtida pela reiteração de itens lexicais idênticos ou que possuem o mesmo referente. Também se dá pelo uso de nomes genéricos cuja função coesiva está no limite entre as coesões lexical e gramatical. Esses nomes estão a meio caminho do item lexical, membro de um conjunto aberto, e do item gramatical, membro de um conjunto fechado. A colocação também é um fator de coesão lexical. Ela resulta da associação de itens lexicais que regularmente ocorrem. A coesão textual se trata do uso adequado de elos que conferem unidade ao texto. Esses elos contribuem para que relações de sentido sejam estabelecidas e para que o texto seja tecido. No que tange aos mecanismos, a substituição se dá quando um componente é retomado ou precedido por uma pró-forma. A pró-forma é um elemento gramatical representante de uma categoria,como o nome. No caso de retomada, se tem uma anáfora. Já no caso de sucessão, uma catáfora. As pró-formas podem ser pronominais, verbais, adverbiais e numerais. Elas exercem função de pró-sintagma, pró-constituinte ou pró- - oração. Já a reiteração é a repetição de expressões no texto. Ela pode ocorrer por meio de: (1) repetição do mesmo item lexical; (2) sinônimos; (3) hiperônimos e hipônimos; (4) expressões nominais definidas; e (5) nomes genéricos. A coesão recorrencial ocorre quando o fluxo informacional caminha, progride aos recursos fonológicos há a função do componente fonológico no estabelecimento da coesão. dois casos em que a coesão é obtida com esse componente: o ritmo e os recursos de motivação sonora: Ritmo: trata-se do fato de que a duração relativa das sílabas, de um lado, está ligada à posição das pausas, acentos e entonação; de outro, a mudança do tempo pode constituir por si só uma função delimitadora ou um realce Recursos de motivação sonora: possuem expressividade das vogais e das consoantes, aliterações, ecos, assonâncias, etc. Coesão sequencial - por sequenciação temporal e por conexão. Sobre a sequenciação por conexão, tudo se relaciona em um texto. Nesse sentido, o enunciado só se compreende por si mesmo e ajuda na compreensão dos demais. Assim, o enunciado está subordinado a outros. Uma a interdependência semântica e duas grandes modalidades de coesão: coesão referencial, ou referenciação, e coesão sequencial, ou sequenciação a língua possui recursos que têm por função estabelecer relações de sentido entre enunciados - oposição ou contraste mecanismos de coesão textual contribui para uma melhor interpretação do texto seu mau uso pode implicar construções de sentido ou interpretações errôneas. Coesão referencial - A coesão referencial de um texto evita a repetição e promove uma leitura mais leve e agradável. Esse tipo de coesão é obtido por meio de dois mecanismos básicos, que são a substituição e a reiteração. Há substituição quando um componente da superfície textual é retomado ou precedido por uma pró-forma. A pró-forma é um elemento gramatical representante de uma categoria, como o nome. baixa densidade sêmica, já que traz as marcas do que substitui. pode ser pronominal, verbal, adverbial ou qualitativa Já a reiteração ocorre por meio de sinônimos, hiperônimos, nomes genéricos, expressões nominais definidas ou repetição do mesmo item lexical. Coesão sequencial busca escolher os articuladores adequados para a construção do sentido pretendido. se estabelecem diferentes tipos de interdependência semântica ou pragmática entre enunciados, à medida que o texto progride Ela é obtida por meio dos procedimentos de recorrência ou progressão. Em termos gerais, a coesão sequencial engloba: recorrência de termos; recorrência de estruturas ou paralelismo sintático; recorrência de conteúdos semânticos ou paráfrase; recorrência de recursos fonológicos segmentais e/ou suprassegmentais; recorrência de tempo e aspecto verbal; procedimento de manutenção temática; progressão temática; encadeamento; e conexão. A coesão sequencial se dá pelo encadeamento de segmentos textuais, que ocorre por meio de conectores ou operadores argumentativos
Compartilhar