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Respostas - Análise do Documentário - Pro Dia Nascer Feliz

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Universidade Federal de Uberlândia
Faculdade de Educação - FACED
Curso: Ciências Sociais
Disciplina: Didática Geral
Professora: Camila Lima Coimbra
Nome: Víctor Rodrigues Nascimento Vieira
FILME: PRO DIA NASCER FELIZ
Ficha Técnica
Direção: João Jardim
Gênero: Documentário
País e ano de produção: Brasil/2005
Duração: 88 min.
Sinopse
Definido pelo próprio diretor como "um diário de observação da vida do adolescente no Brasil em seis escolas", Pro Dia Nascer Feliz flagra o dia-a-dia e adentra a subjetividade de alunas e professores de Pernambuco, São Paulo e Rio de Janeiro. As entrevistas são intercaladas com sequencias de observação do ambiente das escolas - meio, por sinal, bem pouco frequentado pelo documentário. Sem exercer interferência direta, a câmera flagra salas de aula, esquadrinha corredores, pátios e banheiros, testemunha uma reunião de conselho de classe (onde os professores decidem o destino curricular dos alunos "difíceis") e momentos de relativa intimidade pessoal.
A partir das reflexões feitas em sala de aula, analise os seguintes aspectos:
Consegue identificar no documentário algum processo de ensinagem? Por quê? Onde? Descreva a cena e analise a partir do conceito trabalhado no texto de Anastasiou (2009). 
Tendo em vista que a sociedade brasileira passou por mudanças significativas em um curto espaço de tempo e que hoje a realidade dos alunos e dos professores não é a mesma que se tinha há algumas décadas, é necessário que o sistema educacional seja repensado. A peça chave, no contexto escolar, da mudança dos métodos de ensino e de aprendizagem é o professor, que deve estar ciente que educar, no contexto social contemporâneo, não é somente repassar conteúdo, mas também construir os saberes de um conjunto de pessoas por meio de um processo eficiente e contextualizado com o meio em que está inserido.
Dessa forma, para a construção do processo de ensinagem mais adequado à realidade escolar que se encontra, o professor deverá ser um estrategista.
“... o professor deverá ser um verdadeiro estrategista, o que justifica a adoção do termo estratégia, no sentido de estudar, selecionar, organizar e propor as melhores ferramentas facilitadoras para que os estudantes se apropriem do conhecimento.”
(ANASTASIOU, Léa das Graças Camargos e ALVES, Leonir Pessate. (Orgs.) Processos de ensinagem na Universidade. p. 69)
Um dos prováveis processos de ensinagem existentes no documentário, ocorre em Itaquaquecetuba, no estado de São Paulo, onde encontra-se a Escola Estadual Parque Piratininga II que está localizada na periferia da cidade. Observa-se dentro da sala de aula uma atividade, que é uma discussão sobre a sexualidade e evidencia-se, nesse debate, aspectos sobre a ensinagem, pois alguns alunos estão na frente da turma falando sobre o tema, de posse de um texto e o restante da classe interage com as apresentadoras do tema e expressam suas opiniões.
A atividade da escola de Itaquaquecetuba é mediada pela professora, que atua dessa forma, construindo o saber dos alunos por meio da formulação de opiniões, análise crítica do tema e debate com o restante da turma. Observa-se que todos os alunos estão de posse do texto que está sendo tratado e sentem-se a vontade para debater o assunto.
Esse tipo de aula é chamada de Aula Expositiva Dialogada e faz parte de uma das estratégias do trabalho do docente no processo de ensinagem. Nesse formato de aula, os estudantes participam ativamente, interpretam e discutem o tema proposto.
A escola em questão teve um bom resultado no Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), isso evidência que o processo de ensinagem adotado pelo corpo docente foi eficaz. As consequências desse sucesso no ENEM são positivas, pois o restante dos alunos fica interessado nas aulas porque dispõem de um ensino capaz de aprova-los no concurso e assim garantir a entrada em curso superior.
Apesar do sucesso de parte dos alunos no Exame, a escola enfrenta problemas quanto à disponibilidade e regularidade dos professores para ministrar a aula. Alguns dos professores justificam a falta dizendo que a carga física e mental a que estão sujeitos é desgastante, e muitas vezes não conseguem manter a regularidade nas aulas.
Na mesma escola, são desenvolvidas atividades em grupo, em que há a leitura de textos, juntamente com a professora, tirada de dúvidas e interação de todos os alunos do grupo. A atividade em questão tem o nome de “fanzine”, e os estudantes produzem textos e levam para as reuniões.
Em uma das reuniões do “fanzine” há a discussão do tema da homossexualidade e os alunos expõem experiências pessoais e debatem o tema que tem mediação da professora. O projeto é desenvolvido após o horário das aulas e estimula as atividades grupais que tornam possível aos estudantes um crescimento pessoal e global.
A atitude do professor enquanto mediador tem o objetivo de fazer com que os alunos desenvolvam habilidades de representatividade. O docente deve sempre explicitar aos alunos que a escola é o local de treino, da aprendizagem e que o erro serve para que seja possível a reconstrução do pensamento e uma forma de superação de dificuldades.
“Participar de grupos de estudo, permite o desenvolvimento de uma serie de papeis que auxiliam na construção da autonomia, do autoconhecimento do aluno, do lidar com o diferente, da exposição e da contraposição, do divergir, do sintetizar e do resumir, enfim, habilidades necessárias no desempenho do papel profissional...”
(ANASTASIOU, Léa das Graças Camargos e ALVES, Leonir Pessate. (Orgs.) Processos de ensinagem na Universidade. p. 77)
A atividade em questão pode ser considerada um processo de ensinagem, pois como é retratado no texto de Anastasiou, esse método é um ato social que necessita da mediação de “outro” como facilitador da aprendizagem. O “outro” em questão pode ser o professor, os colegas, um texto, um vídeo, um caso a ser solucionado e até mesmo um tema a ser debatido, como foi evidenciado no relato acima de um trecho do documentário. 
Em termos de planejamento e avaliação. Qual reflexão faz a partir do filme? São dimensões da ensinagem presentes no documentário? De que forma? Por quê?
No documentário fica claro que, assim como existem no Brasil enormes desigualdades sociais, há também no sistema educacional brasileiro, grande disparidade, quanto ao ensino, à estrutura física das escolas, à condição financeira dos alunos e as necessidades dos estudantes em cada bairro, cidade, região ou estado. Dessa forma, o planejamento, entendido como “organização metodológica do conteúdo a ser desenvolvido pelos professores em sala de aula, baseado na necessidade e no conhecimento de mundo dos alunos, que por sua vez são os principais interessados e possivelmente os principais beneficiados com o sucesso nesse tipo de organização metodológica que visa o crescimento do homem dentro da sociedade” é extremamente importante. 
(GAMA, Anailton de Souza e FIGUEIREDO, Sonner arfux de. O planejamento no contexto escolar. p. 2)
Essa organização metodológica do docente pode ser encarada como uma das dimensões de ensinagem, pois o professor ao se deparar com uma realidade que venha a exigir um modelo de aula diferente deve gozar de certa autonomia para poder garantir o aprendizado dos alunos. Essa autonomia de que necessita o professor é tratada no livro de Anastasiou: “há a autonomia docente, que possibilita a implementação de estratégias diferenciadas, ainda que num nível de ação individual.”
(ANASTASIOU, Léa das Graças Camargos e ALVES, Leonir Pessate. (Orgs.) Processos de ensinagem na Universidade. p. 73)
Observa-se que os contextos sociais, econômicos e culturais que são apresentados no documentário vão de um extremo a outro. Existe uma grande lacuna que se estende entre as escolas públicas e privadas, bem como a relação do jovem estudante com a escola, dando ênfase na desigualdade social e na multiplicação da violência.
Portanto, tendo em vista que algumas escolas passam por problemas de ordem cultural e familiar e outrasenfrentam as mazelas sociais que dizem respeito à violência e ao tráfico de drogas, o planejamento do professor, no sentido de antever-se ao aluno e conhecer a realidade dele, é extremamente importante. O planejamento do ensino deve ser pautado no contexto escolar em que está inserido, ou seja, deve ser feita a “Previsão das situações do professor com a classe. (Mattos, 1968, p.14)” 
(GAMA, Anailton de Souza e FIGUEIREDO, Sonner arfux de. O planejamento no contexto escolar. p. 4)
Compare as imagens de escola retratadas no documentário com o seguinte trecho de Arroyo, 2004:
“A condição de sobreviventes, de carentes é tão marcante na visão que temos da infância-adolescência popular que essa imagem com que convivemos nas escolas públicas nos impede de reconhecê-las como sujeitos humanos, sociais, culturais, em formação. A palavra carente tão usada no discurso pedagógico escolar é reveladora de que só conseguimos ver os alunos populares pela carência, pelo avesso.” (p. 78)
Uma das escolas públicas que são retratadas no documentário, a saber o Colégio Estadual Guadalajara (Duque de Caxias – RJ) tem alunos que relatam que é interessante andar armado, conhecer traficantes e dar uma volta no baile exibindo armas. Essa escola encontra-se localizada em um bairro de extrema violência, em que muitas vezes a saída encontrada pelos moradores, e até mesmo pelos alunos é ingressar na “vida do crime”, visando a obtenção de dinheiro, o que na opinião de alguns alunos, seria comparado como uma ascensão social.
Por outro lado, o Colégio Católico de Santa Cruz, localizado no bairro alto de Pinheiros, São Paulo – SP tem uma realidade extremamente diferente. A escola é de classe social alta e os problemas que são enfrentados pelos alunos são de ordem mais subjetiva, de cunho cultural e familiar.
Os alunos do Colégio Estadual Guadalajara, se fosse feita uma analogia ao trecho de Arroyo do enunciado da questão, poderiam ser comparados aos sobreviventes, pois enfrentam uma luta diária para poderem comparecer às aulas e assimilar o conteúdo que é passado, muitas vezes sem preocupação alguma com o aprendizado. Já o Colégio Estadual Guadalajara, estaria de posse dos alunos “carentes”, pois esses enfrentam problemas que são subjetivos, como a solidão e casos de alunas que estudam demais e sofrem “bullying” por esse motivo.
A questão central de ambas é que bastante tempo passou, a sociedade transformou-se porém a imagem dos alunos por mais que seja evidente que passou por transformações, aos olhos de muitos, principalmente de educadores conservadores, não mudou. Mas o fato é que as pessoas se transformaram, os conceitos são outros, as verdades não são as mesmas, daí que a educação e os professores precisam ser vistos com outros olhares e sobre outros ângulos.
Para que haja uma mudança do paradigma atual a primeira imagem que precisa ser quebrada é a que se tem do educando. A partir de agora o educando precisa ser visto como ser humano que é inserido num convívio de humanos e está sujeito as consequências que as mazelas da sociedade pode trazer.
As imagens cândidas e inocentes da infância foram quebradas. As crianças se mostram marcadas pelos problemas sociais que permeiam a comunidade em que estão inseridos. Agora os alunos convivem com a violência, as drogas, a vida sexual, a depressão, a solidão e diversos temas que antes não afetavam os educandos.
“Por vezes, nossos alunos, passam anos assistindo aulas onde se explica tudo, menos suas vidas. Por que a escola e seus professores que sabem tanto sobre tantas matérias pouco sabem e explicam sobre a infância, a adolescência, a juventude, suas trajetórias, impasses, medos, questionamentos, culturas, valores?" 
(ARROYO, Miguel G. Imagens quebradas, trajetórias e tempos de alunos e mestres, Petrópolis, Vozes, 5ª. Edição, 2009.p.305).
Portanto os alunos agora passam a assustar, como nunca haviam assustado antes. Porém é necessário que se reconheça que esse espanto não é advindo da transformação que os alunos sofreram, mas sim da resistência por parte dos estudantes à olhares estereotipados que focam as carências, e vasculham o avesso desses jovens e crianças.
“A escola, o estudo aparecem no imaginário social e docente como um impulso certo para longos voos, mas e aqueles a quem desde a infância cortavam-lhes as asas?” (ARROYO, 2004, p.103) Qual o papel da escola? Como pensar na concepção, forma e organização de uma escola que não seja a “mão com a tesoura”?
 A escola, desde a sua criação no Brasil, passou por perspectivas diferentes quanto ao papel que desempenhou. Em um primeiro momento a escola era vista como fornecedora de uma educação de redenção, como forma de salvação, de uma possível mobilidade social.
Numa outra perspectiva, a Escola era encarada como uma formadora profissionalizante de indivíduos para compor o mercado de trabalho e executar uma função específica na sociedade. A visão contemporânea do sistema educacional é de uma educação com o propósito de transformação da sociedade, como é retratada no trecho acima, como uma impulsionadora de longos voos.
O que há de comum nessas três perspectivas de escola, é a formação não só quanto à aprendizagem de conteúdos, mas também a construção da cidadania nos alunos. A escola não pode se limitar ao papel de transmitir conhecimento, ela tem que ir muito além da sua função de estar a serviço da educação e precisa passar a ser um serviço em vista da formação integral do ser humano indo além e quebrando os paradigmas que envolvem o seu mundo.
O imaginário dos educandos precisa encontrar na escola uma resposta para suas mais profundas inquietações. A evasão, a desatenção, a não aprendizagem e até mesmo a violência podem ser sintomas que a educação não está alcançando o objetivo de ser o imaginário construído. Parece que aquilo que se ensina não é referência para a vida. A especificidade de ensinar consiste em facilitar que o outro aprenda e isto obviamente não se dá enquanto o educador for visto e tratado como aquele que sabe a serviço daquele que não sabe.
Dessa forma, a concepção de professor como doador de conhecimento, deve ser repensada, pois o docente deve ser um guia para o aluno, um facilitador do processo de aprendizagem. Para que esse padrão recorrente nas salas de aula brasileiras (de educação vista como um depósito de uma verdade absoluta nos “sem luz”) seja quebrado é preciso reformular o sistema educacional, e empregar a forma que seja condizente com cada realidade que está sendo considerada.
Uma das escolas que desempenha um papel social e é evidenciada no documentário está na cidade de Duque de Caxias - RJ, e tem o nome de Colégio Estadual Guadalajara. No colégio há um Núcleo de Cultura que tem um programa que comporta uma banda e tem oficinas de Dança Afro, de Ritmo e de Teatro, que visam resgatar os alunos, após o tempo normal da aula, evitando que eles fiquem na rua e se envolvam com o tráfico de drogas ou armas e até mesmo sejam vítimas de homicídio em um bairro extremamente violento, como o dessa escola.
Percebe-se aí o papel social das escolas, enquanto alternativa para o crime organizado, o assalto e a violência que poderia estar sendo cometida. As escolas que possuem projetos como esse, tem o propósito de aumentar o interesse do aluno e ao contrário da “mão com a tesoura”, são capazes de oferecer aos alunos um propósito de vida diferente, contribuindo para a sua formação moral, ética e também cultural, ampliando os horizontes de pessoas que não teriam chance alguma de elevação numa sociedade capitalista extremamente preconceituosa, como a brasileira.
Portanto a “mística” do educador consiste em ir preparando sujeitos que serão muito mais do que “caixas de ferramentas” plenamente cheias e prontas para o uso num determinado momento de sua existência, mas que vão se construindo cotidianamente. Essa construção é pautada em aspectos educacionais, morais, sociológicos, culturais e políticos.
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