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RESPONSABILIDADE CIVIL - Resumo 1 - Prof. Dresch

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PROF. DRESCH 2016/2 HELENA FABRICIO 
RESPONSABILIDADE CIVIL 
História do Direito Civil 
Antes de iniciar a análise da Responsabilidade Civil propriamente dita, cabe uma breve 
retomada histórica do direito civil. A história do Direito Civil se inicia no Direito Romano, com seus 
diversos institutos. 
O primeiro período que cabe ser analisado dentro do Direito Romano é a transformação do 
“Fas” (direito baseado em normas morais e religiosas) em “ius civile” (direito quiritário dos patriarcas 
romanos). O “Fas” foi a base do Direito Romano, pois este teve seu início muito vinculado à solenidade 
do procedimento. Eram, inclusive, sacerdotes que tratavam do direito e, quando especialistas, 
tornavam-se jurisconsultos. Inicialmente, havia um só magistrado: o Rei. É somente com a República 
que passa a haver maior distribuição de tarefas e uma maior acessibilidade, mesmo que ainda mínima, 
da plebe ao direito. 
Os jurisconsultos eram os grandes especialistas principalmente do período clássico. Eles foram 
importantes, pois auxiliaram a moldar o direito civil, produzindo obras como Digesto e Justiniano. Já os 
magistrados funcionavam como administradores da lei, em diversos cargos. A magistratura era anual e o 
início de um mandato era marcado pelos Éditos. Esses Éditos eram atualizados com base nos casos 
enfrentados, vinculados aos novos problemas que surgiam em uma sociedade cada vez mais complexa. 
Essa atualização devia ser feita após consulta aos jurisconsultos, tendo também como fontes os 
plebiscitos e a própria jurisprudência do período. 
Foi a extrema solenidade do Direito Romano que permitiu o estabelecimento de um 
formalismo contratual. Isso gerou a distinção entre pactos e contratos. Os pactos eram vínculos 
estritamente morais, informais e não-jurídicos. Já os contratos são formais, com vínculo jurídico. O 
pacto só foi tornar-se vinculativo com a evolução do direito, quando foi, inclusive, equiparado ao 
contrato. 
Vale dizer, então, que o nosso direito vem do direito romano e que o conceito de direito em 
Roma vinha, em grande parte, da ideia aristotélica de justiça. Essa ideia aristotélica faz uma análise dos 
diversos tipos de justiça, sendo que a aplicada no Direito Romano era a chamada “corretiva e 
sinalagmática”. Ela buscava corrigir e permitir o equilíbrio, a fim de garantir a justiça. É por essa razão, 
inclusive, que pactos e contratos foram equiparados (para garantir o equilíbrio nas relações), dando 
origem à termos como boa-fé e sinalagma. 
Cabe, porém, analisar a ideia de justiça aristotélica mais a fundo. Era a “dike” a justiça tratada 
em Ética a Nicômaco, sendo este o primeiro sentido de justiça grego. Divide-se em justiça geral, 
particular, sinalagmática e comutativa: 
a) Justiça Geral (Dikaiosini) – Era a que Aristóteles via como base de estruturação da 
sociedade. Essa justiça corresponderia a soma de todas as virtudes, sendo vinculada ao 
dever do indivíduo e da legalidade de seus atos. É uma justiça que busca garantir a ordem. 
b) Justiça Particular (Dikaione) – Aristóteles acreditava ser possível a injustiça perante outro 
membro específico da sociedade, sem interferir na ordem geral. Esse tipo de injustiça 
ocorre quando um toma mais do que lhe cabe em uma relação com outro, ferindo o 
critério de isonomia. A justiça seria o meio termo entre duas pessoas, que poderia se dar 
de duas formas: corretiva e distributiva. 
A corretiva é aquela em que se retira o que o injusto “lucrou”, compensando o injustiçado. 
Essa é a base da responsabilidade civil, a exemplo de um acidente: aquele que se excedeu 
em sua ação deve compensar o outro. 
Já a distributiva é aquela que ocorre quando é necessário distribuir algo de forma 
igualitária entre os membros da sociedade, tratando “desigualmente os desiguais” – não 
sendo, portanto, uma justiça absoluta. Tem, então, um viés mais subjetivo, pois precisa 
estabelecer critérios para esta distribuição (mérito X necessidade,...). É exemplo a medida 
de cotas nas universidades. 
c) Justiça Sinalagmática – É a base de muitos institutos atuais, baseando-se na ideia de 
equilíbrio de prestações. Discute-se se realmente é um tipo diferenciado de justiça ou um 
tipo de justiça particular. 
d) Justiça Comutativa – Mistura a sinalagmática e a corretiva, sendo, de certa forma, 
confundida com a distributiva. Isso porque busca equilibrar as relações através de uma 
correção. 
Responsabilidade Civil no Direito Romano 
 A responsabilidade civil no direito romano pode ser analisada por fases: vingança privada, Lei 
das XII Tábuas, Lex Aquilia e estruturação do critério de culpa. 
 A fase da vingança privada é aquela em que não se distinguia responsabilidade penal e civil. A 
vítima ou a própria comunidade poderia se vingar daquele que causou o dano conforme achasse 
melhor. 
 Já a segunda fase, da Lei das XII Tábuas, é onde há a tipificação dos delitos públicos (crimen) e 
privados (maleficium). O primeiro gerava pena corpórea e pecuniária, enquanto o segundo, apenas 
pecuniária. Essa pecúnia é o que atualmente conhecemos como indenização. Essa foi a fase em que foi 
tipificado o furto, a rapina e o dano iniura. Houve, ainda, a “Lei Poetelia Papiria”, que determinou o fim 
da responsabilidade corpórea por dívidas. 
 A terceira fase é a da “Lex Aquilia”, em 286 a.C. Nela, é reforçada a ideia de indenização em 
pecúnia e passa a exigir-se, como elemento fundamental para responsabilização, a valoração do 
elmento subjetivo da conduta do ofensor (a culpa), sendo um grande marco para a responsabilidade 
civil. 
 A quarta e última fase do Direito Romano é aquela em que ocorre a estruturação do critério de 
culpa. A culpa torna-se elemento essencial de definição que separa as responsabilidades civil, penal, 
contratual e extracontratual. Isso porque cada uma utiliza a culpa de um modo diferente, a exemplo da 
responsabilidade contratual, que independe totalmente deste critério, utilizando a responsabilidade 
objetiva. 
 
Responsabilidade Civil na Idade Média 
 É importante que se faça, também, uma análise da Responsabilidade Civil na Idade Média. 
Nesse período, a justiça era totalmente vinculada ao cristianismo. A religião cristã torna-se a única 
oficial e, por isso, influenciou no modo de pensar o mundo e a própria justiça. Essa justiça cristã auxiliou 
a estruturar o conceito de culpa, pois a cultura religiosa é extremamente vincula à ideia de vontade. Era 
essa vontade que guiava a conduta do homem e que podia salvá-lo, e esse foi o conceito que ajudou na 
responsabilização. 
 Em relação a justiça cristã, vale lembrar de Santo Agostinho. Ele falava da diferença entre a “lei 
de Deus”, eterna, e a “lei dos homens”, temporal. Os bispos deviam interpretar essa lei de Deus para 
que, a partir dela, fossem criadas as leis humanas. Em seus textos falava que o mal era o “afastamento 
da vontade de Deus”, que era pecaminoso e gerava ilícito. A ideia de pecado era, então, totalmente 
vinculada a de culpa, o que tornava o homem responsável pelas vontades – nessa época, contrárias às 
de Deus – que exercer. 
 Em resumo, a Idade Média com sua visão de Justiça cristã enxergava o homem como dotado de 
vontade e, portanto, passível de responsabilização. Além disso, esse período permitiu que se 
desenvolvesse a noção subjetiva de culpa, vinculada à vontade do cristianismo. 
Responsabilidade Civil na Modernidade 
 Na modernidade a visão deixa de ser religiosa para tornar-se mais antropocentrista: o ser 
humano passa a ser o centro do conhecimento. Isso permite um maior desenvolvimento da corrente 
humanista, baseada na dignidade da pessoa humana como concepção central. Surgem,aqui, os direitos 
humanos (subjetivos, que decorrem da natureza do homem) com mais fora. 
 O relativismo ganha, também, mais força: os valores passam a ser relativizados. Percebe-se que 
é possível levantar questionamentos sobre aquilo que o cristianismo defendendo. Surge, então, a 
liberdade religiosa, permitindo concepções diferentes das cristãs, que com o passar do tempo se 
transforma em política e econômica. Há, aqui, o movimento de securalização: a igreja se separa do 
Estado, que se torna laico. 
 Há, então, um fortalecimento da corrente racionalista. A razão se torna o ponto central, 
vinculando-se à sistematização e ao cientificismo que surgiram com força na modernidade. 
 Cabe, na verdade, uma análise do próprio direito na modernidade. O direito, de um modo 
geral, passa a ser fundamentado no homem e não mais na ordem divina, baseando-se no 
antropocentrismo. É aqui que Hobbes cria sua teoria do estado de natureza (homem lobo do homem) e 
o pacto social (ideia contratualista, que troca liberdade pela segurança estatal). Busca-se, então, 
segurança e paz. 
 O surgimento dos Estados Nacionais também influencia no direito. Ele passa a ser concentrado 
no poder soberano do Estado (existindo, porém, divergência sobre quem é esse soberano – o 
parlamento ou o Rei). A garantia da paz e da segurança cabe ao Estado, que passa a fazê-la a partir da lei 
escrita e do direito. O direito passa a ser único para todos os súditos, sendo abandonada a pessoalidade 
(critério que diferia o direito aplicado por diferentes origens e qualidades). 
Há, ainda, na modernidade, a separação gradativa entre direito, ética e política. É Maquiavel 
que difere esses três conceitos, mostrando o direito como técnica de manutenção do poder, e não 
necessariamente como manifestação da ética. 
 Surge, ainda, o jusracionalismo. Kant, com sua teoria do homem como animal racional, diz que 
é essa racionalidade que dá base à liberdade. A moral e o direito é que servem como limite para os 
impulsos da ação humana, sendo o direito externo ao homem. O agir irracional e instintivo torna-se 
contrário ao dever, sendo consequência a responsabilização. 
 É com essa corrente jusracionalista que se inicia a busca por um direito ideal: aquele 
puramente racional e relacionado à ética e a moral. O direito positivo não tem fundamento na razão, 
mas ela seria o critério para a positivação do Estado. O direito torna-se mais sistemático e a culpa 
fornece critério para pensar as ações humanas e a própria responsabilidade civil, que passa a pressupor 
liberdade e igualdade formal (perante à lei). 
A responsabilidade civil se baseia no grande princípio do direito obrigacional: a autonomia da 
vontade. Nas relações privadas, os agentes têm liberdade para estabelecer suas vontades. A culpa é, 
aqui, a violação ou dano causado dentro dessa autonomia, possuindo um sentido lato sensu (que 
engloba tanto o dolo quanto a culpa stricto sensu). Essa culpa é o que gera a responsabilização, por se 
tratar de abuso ou negligência dentro da liberdade. 
A responsabilidade é um conceito amplo: é o indivíduo que, em sua liberdade, age 
culposamente. Essa responsabilidade pode ser penal, administrativa, contratual, extracontratual e civil. 
Debate ético-político contemporâneo 
 A análise deontológica sobre o debate ético-político foi desenvolvida por Kant. Ela é vinculada 
ao dever-ser, relacionada à razão e mais formalista. Foi a que preponderou na modernidade. 
 Já as análises consequencialistas tiveram Bentham como o grande pensador. O critério do 
direito, para ele, é a consequência da ação na sociedade, devendo ser buscada a felicidade para o maior 
número de pessoas. Jhering defende, também, essa análise, mas com uma corrente funcionalista do 
direito privado, buscando um bem coletivo. 
 Cada uma das citadas se baseia em fundamentos diferentes: a deontólogica em fundamentos 
formalistas e a consequencialista em fundamentos funcionalistas. Os fundamentos formalistas são 
aqueles que veem o direito como liberal, baseado na justiça comutativa, na propriedade como direito 
absoluto e na autonomia da vontade, tendo a responsabilidade como centrada na culpa. Já os 
fundamentos funcionalistas já veem o direito como social, baseado na justiça distributiva, no 
funcionalismo econômico, tendo a responsabilidade civil funcionalizada para distribuição (protegendo o 
mais frágil). 
Responsabilidade Civil 
 Atualmente, porém, o conceito de sociedade civil é diferente. Ela é o instituto que define as 
situações em que uma pessoa (devedor) deve responder, através de indenização, pelos danos sofridos 
por outra pessoa (credor). A responsabilidade civil aloca as consequências de um dano para outra 
pessoa que não a vítima. O grande critério para isso é a culpa, sendo essa a responsabilização subjetiva. 
Há, porém, atualmente, a chamada responsabilização objetiva, que independe da culpa, como aquela 
em que o dano decorre de atividade com riscos inerentes (banco). 
Pressupostos da Responsabilidade Civil 
 A responsabilidade civil possui alguns pressupostos essenciais. Isso significa que a 
pessoa só poderá ser responsabilizada se todos esses pressupostos estiverem presentes em 
sua conduta. 
a) Dano: é o prejuízo que certa pessoa terá, podendo ser patrimonial ou 
extrapatrimonial. Ele é a base para estabelecer uma relação de credor e devedor. 
Existem hoje, porém, aqueles que defendem a responsabilidade civil sem dano, sendo 
a mera possibilidade (perigo de dano) o suficiente. Seria exemplo a responsabilização 
por danos ambientais que virão a longo prazo. O dano também pode ser presumido, 
mas normalmente é provado. Já quando não há dano, percebe-se que a função é mais 
de desencorajar atitudes do que gerar indenização – como no caso do exemplo 
ambiental. Em geral, o dano deve ser provado e, portanto, ainda é considerado 
essencial. 
b) Nexo causal: é o pressuposto que diz que o dano deve estar ligado ao ato ilícito do 
ofensor. Esse ato deve ser a causa do prejuízo da vítima. Há, portanto, uma relação de 
causa e efeito. O fato de não haver responsabilidade civil, porém, não afasta outras 
responsabilizações, como a penal (ex: bebeu e dirigiu, batendo o carro – mesmo que a 
culpa seja do outro, ele ainda cometerá crime de trânsito). 
c) Culpa (responsabilidade subjetiva): A responsabilidade civil é centrada no ato ilícito 
culposo. O ilícito pode ser geral (age culposamente causando o delito) ou específico (a 
culpa é presumida). A culpa é o agir doloso (intencionado) ou culposo stricto sensu 
(negligência ou imperícia). 
d) Risco (responsabilidade objetiva): O risco está presente nos casos em que não é exigida 
a avaliação de culpa. O risco, então, é o pressuposto da responsabilização objetiva. 
Quando há risco anormal inerente a uma atividade, aquele que explora pode ser 
responsabilizado por quaisquer danos causados. São exemplos os bancos. Isso está no 
Art 927, parágrafo único. 
e) Necessidade de um fator de imputação: É um elemento determinado pelo direito que 
estabelece a imputação da responsabilidade. 
Toda essa análise é somente um breve resumo, sendo necessária análise mais 
profunda de cada um desses pressupostos. Esse aprofundamento será feita a seguir. 
Dano 
O dano é a lesão ao bem jurídico protegido, que causa responsabilização. Como já dito, 
hoje fala-se em responsabilização sem dano. 
1) Espécies de dano 
Existem espécies de dano, que se dividem em patrimonial e extrapatrimonial (morais). 
Os patrimoniais tratam de lesões vinculadas ao patrimônio, enquanto os morais não se 
vinculam a bens (como imagem e a honra). Conforme o art 402 do Código Civil, o dano 
patrimonial é uma lesão ao interesse econômico, sendo englobado o dano emergente (o queefetivamente perdeu) e o lucro cessante (o que deixou de ganhar). 
Há, atualmente, a indenização pela perda de uma chance, sendo uma subclasse do 
dano emergente: perde-se oportunidade de obter futura vantagem. É como meio caminho 
entre dano emergente e lucro cessante, na prática, pois o benefício era futuro e aleatório. O 
valor da indenização deve ser menor do que o lucro cessante. 
Já o dano extrapatrimonial é uma lesão da personalidade da pessoa, ligados à imagem 
e honra, por exemplo. Só existe dano moral quando a dignidade é atingida (conforme art 5 da 
CF). Esse tipo de dano não é suscetível à reparação, mas sim compensação, uma vez que não é 
possível reintegrá-lo através de pecúnia. O abalo à dignidade não é restaurado, só há uma 
compensação de outra forma. 
O dano moral pode ser vinculado ao estético. Nesse caso, pode ser cumulado com 
dano patrimonial. O dano estético causa desequilíbrio físico na vítima, sendo possível dano 
moral reflexo (quando a pessoa que sofreu o dano é diferente da que está pleitando). 
2) Liquidação do dano 
A liquidação do dano é a forma de mensurá-lo. Existem alguns critérios para isso no 
Código Civil. O critério geral está no artigo 944: a indenização mede-se pela extensão do dano, 
mas o juiz pode reduzi-la se o sujeito teve culpa levíssima (desproporcional ao dano causado). 
O art 953 fala, ainda, da indenização por injuria, difamação ou calúnia, que consiste em 
reparação. O art 954 trata da indenização por ofensa à liberdade pessoal (prisão ilegal), que 
consiste no pagamento por perdas e danos e, se este não puder ser comprovado, na reparação 
do art 953. 
Os critérios jurisprudenciais mais utilizados para estabelecer a liquidação do dano são 
o grau de culpa do ofensor; a situação econômica do ofensor (ex: Mc e seu café – a 
indenização deve ser alta o suficiente para fazê-lo mudar conduta); natureza, gravidade e 
repercussão da ofensa (amplitude do dano, relacionado à dignidade da pessoa humana); 
condições pessoais da vítima (posição social e econômica) e a intensidade do sofrimento da 
vítima. Tudo isso tem relação com a razoabilidade, a fim de evitar enriquecimento ilícito ou 
meio coercitivo fraco demais. Há, também, a ideia de equidade vinculada à indenização, 
tratando igualmente os iguais e de modo desigual os desiguais. 
3) Indenização por morte 
A indenização por morte está prevista no artigo 948 do Código Civil, determinando a 
pensão em caso de homicídio. Existem alguns critérios para determinar essa pensão: se a 
vítima possuía até 70 anos, devem ser pagos 2/3 dos preventos; se a vítima for maior de 70 
anos, realiza-se uma estimativa vinculada ao possível tempo de vida; se era uma criança que 
auxiliava na renda familiar, devem ser pagos 2/3 até data em que completaria 25 anos, e 
metade disso até os 70; se for menor de família com más condições, há presunção de ajuda no 
valor de um salário mínimo dos 16 aos 25 anos, mesmo que não trabalhasse; se foi um 
acidente de trabalho os lucros cessantes podem ser pagos em uma só parcela. 
4) Pessoa Jurídica 
A pessoa jurídica pode pedir indenização por danos morais. Isso porque ela possui 
honra objetiva: reputação, vinculada ao seu bom nome no mercado. O art 52 do CC determina 
que ela não possui direitos da personalidade, mas sim abalos de crédito decorrentes dos danos 
morais. A PJ sem fins lucrativos pode pedir indenização por dano institucional. 
5) Dano Moral Coletivo (Lei 7347/85) (art. 6, CDC) 
O dano moral coletivo ocorre quando há agressão a direitos fundamentais difusos, 
transindividuais. O dinheiro de indenização vai para um fundo de prevenção vinculado ao 
assunto. O STJ, porém, não considera possível essa indenização. 
6) Punitive Damages 
Os “punitive damages” tentam dissuadir a nova prática do agente, sendo também 
chamados de teoria do valor do desestímulo. Essa teoria implica que, quanto maior a culpa, 
maior a indenização. O dano aqui pode ser inclusive social, com atos de conduta reprovável, 
que prejudicam a sociedade (como danos ao consumidor). Essa é a ideia de função social da 
indenização, que pode ser fixada além do dano a fim de evitar abusos no mercado. 
 Existem algumas críticas a essa teoria. A primeira delas é que não há previsão legal 
para esse tipo de punição. Ela também pode gerar enriquecimento ilícito para a parte que 
sofreu o dano. Por fim, ela afeta o “bis in idem”, gerando duas punições (já que o valor da 
indenização se altera pelo grau de culpa). Essa teoria, majoritariamente, não é utilizada no 
Brasil, mesmo que se admita o caráter punitivo da indenização. Ela tem origem americana e, 
portanto, é muito aplicada nos EUA. 
Ilícito 
Cabe, aqui, estudar o ilícito como elemento da responsabilidade. O ilícito é a atuação 
humana, comissiva ou omissiva, contrária ao direito. Ele é típico da responsabilidade subjetiva. 
Esse elemento nem sempre está presente nos casos de responsabilidade civil, mesmo que na 
teoria clássica ele seja central. 
O ilícito geral está determinado no art. 186. Conforme esse dispositivo comete ato 
ilícito aquele que, por culpa, causa dano a outro. Essa culpa aqui é lato sensu, englobando dolo 
e culpa stricto sensu. Há, ainda, o dolo eventual (podia prever o dano, mas não se importa) ou 
culpa consciente (pode prever o dano e tenta evitá-lo). Aqui entra, também, o abuso de direito 
(usar ilicitamente um direito, um meio lícito, desviando sua finalidade). 
Importante analisar aqui o critério da boa-fé objetiva, vinculada à responsabilidade pré 
e extra-contratual. É exemplo o caso das sementes Cicca, vinculado ao surrectio e venire 
contra factum proprium. Isso também se vincula ao abuso de direito. Isso porque a boa fé 
limita o exercício de direitos, como uma ordem de colaboração entre as partes. 
É ilícito também o exercício de direito contrário a sua função social. Isso significa que 
um direito deve atender às suas finalidades em sociedade. A propriedade, por exemplo, tem 
grande função social, a exemplo da patente do coquetel de AIDS. 
Já o ilícito específico é a contrariedade ao conteúdo expresso na lei. O sujeito age, 
então, de modo vedado pelo direito. 
Nexo Causal 
O nexo de causalidade é aquele que determina que deve haver uma conexão entre o 
ilícito e o dano. Ele é um dos elementos da responsabilidade civil. Ele baseia-se na ideia de 
causa e efeito, mas no plano do dever-ser. O principio torna-se a imputação: avalia-se se no 
plano do ser se o ilícito causou o dano sofrido, mas o direito, no seu dever-ser, imputa limites a 
essa avaliação a partir das normas. Cabe, aqui, estudar o ilícito como elemento da 
responsabilidade. O ilícito é a atuação humana, comissiva ou omissiva, contrária ao direito. Ele 
é típico da responsabilidade subjetiva. Esse elemento nem sempre está presente nos casos de 
responsabilidade civil, mesmo que na teoria clássica ele seja central. 
A ideia do nexo de causalidade foi sempre muito vinculada à liberdade. Kant dizia que 
a causa tem, na verdade, relação com a moralidade (aspecto psicológico). Kelsen também 
separa o ser do dever-ser, dizendo que o primeiro aborda a causalidade e o segundo está 
vinculado ao direito e a imputabilidade. 
Existem algumas teorias de análise do nexo causal. Cabe analisar cada uma delas: 
a) Teoria da Equivalência dos Antecedentes: foi formulada em 1860 por Von Buri e 
considera como causa qualquer evento que contribua para o dano e que seja capaz 
de gerá-lo. Todas as causas são, então, equivalentes e que sem uma delas o dano 
já seria evitado. Foi a primeira teoria da causalidade, mas não é utilizada no Brasil. 
b) Teoria da Causa Adequada: foi formulada por Von Kries e procura identifica, na 
presença de uma possível causa, a que tem potencialidade apta (maisadequada) a 
produzir o dano. Faz-se, então, um juízo valorativo abstrato para avaliar se aquela 
causa poderia produzir o dano (formulação hipotética). É baseada na 
previsibilidade. Ela tem duas correntes: positiva (é causa sempre que se possa 
prever o dano como consequência natural) e negativa (só se afasta a causa se, 
dano sua natureza, não se poderia prever que geraria o dano). Alguns juristas 
acreditam que essa seja a teoria utilizada no Brasil. 
c) Teoria do Dano Direto e Imediato: procura verificar se a causa, no caso concreto, 
foi a necessária ao resultado, operando por si só. A grande diferença da anterior é 
que faz uma análise mais vinculada ao ser. É exemplo o dispositivo que determina 
que “o devedor só responde por danos que são consequência necessária do ato 
ilícito”. É, então, a mais utilizada no Brasil, conforme o art. 403 do CC, mesmo que 
seja especificamente para responsabilidade contratual. 
 Existem, ainda, teorias que falam de concausas. É importante estudá-las, pois 
podem levar ao rompimento do nexo. 
a) Causalidade alternativa: é aquela em que mais de uma causa pode ter gerado 
aquele dano. As causas são suficientes para gerar nexo de causalidade. É 
exemplo um caso com responsabilidade de vários autores. 
b) Causas Preexistentes e concomitantes: as pré-existentes não eliminam a 
relação causal, e são exemplos as condições peculiares da vítima. Já as 
concomitantes ocorrem simultaneamente ao fator gerador do dano e também 
não eliminam o nexo. 
c) Causas Supervenientes: Não eliminam o nexo causal, de modo geral. Existem 
casos, porém, em que esse se rompe, devido à teoria da causa adequada. 
d) Concorrência de culpa: ocorre quando o agente e o lesado concorrem para o 
resultado danoso. É exemplo o acidente de trânsito em que um está em alta 
velocidade e o outro passa o sinal vermelho. O art 945 determina que, se a 
vítima tiver concorrido culposamente, sua indenização será fixada tendo em 
conta a gravidade, estabelecendo uma porcentagem. Ela não exclui, porém, o 
nexo causal, sendo diferente da culpa exclusiva. 
e) Excludentes do nexo causal: São capazes de excluir o nexo causal a culpa 
exclusiva da vítima; a culpa de terceiro; o caso fortuito (evento imprevisível e 
evitável) ou força maior (evento previsível e inevitável). Existem, ainda, casos 
diferenciados para o consumidor, pois não há excludente de caso fortuito, 
havendo divergência na doutrina. 
Imputabilidade 
A imputabilidade diz respeito às condições pessoais que dão ao agente a capacidade 
de poder responder pelos resultados de sua conduta. Não responde pelo ato aquele que, no 
momento da prática, estava incapacitado de entender ou querer praticar o ato. 
É exemplo de inimputável o incapaz. Os incapazes são responsáveis de modo 
subsidiário, conforme o Art. 928, só respondendo se os responsáveis não puderem fazê-lo. 
Além disso, a indenização não pode ser cobrada se privar o incapaz ou seus responsáveis de 
suas necessidades. Ela deve, então, ser estabelecida de forma equitativa. Importante falar 
ainda da questão do deficiente: com o novo estatuto ele, em geral, não é incapaz, mas há 
divergências sobre o entendimento de sua responsabilização, prevalecendo a ideia relativa ao 
tipo e grau de deficiência (dependendo da condição do deficiente).

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