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16 PATUTTI, C. A. O. B.. A Elaboração de Relatos de Atendimento em Psicodiagnóstico Interventivo sua importância na formação do aluno está... (1)

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Prévia do material em texto

Capítulo	XI
A	elaboração	de	relatos	de
atendimento	em	psicodiagnóstico
interventivo:
sua	importância	na	formação	do	aluno-estagiário
Cicera	Andréa	Oliveira	Brito
Patutti
Lionela	Ravera	Sardelli
Maria	da	Piedade	Romeiro	de
Araujo	Melo
Regina	Célia	Ciriano
Introdução
O	 ensino	 da	 produção	 de	 documentos	 escritos	 referentes	 à	 atuação	 do
psicólogo	 nas	 mais	 variadas	 áreas	 tem	 sido	 uma	 preocupação	 das	 instituições
formadoras	como	faculdades	e	 institutos	de	Psicologia,	bem	como	de	 instituições
normativas,	como	o	Conselho	Federal	de	Psicologia	 (CFP)	e	Conselhos	Regionais
de	Psicologia	(CRPs),	visando	a	melhor	orientar	a	consecução	adequada	de	laudos,
pareceres	e	relatórios.
Para	 Guzzo	 e	 Pasqualli	 (2001,	 p.	 156),	 ainda	 hoje	 os	 laudos	 se	 mostram
ineficientes	para	o	propósito	a	que	foram	criados,	isto	é,	“subsidiar	ações	e	decisões
[razão	pela	qual	devem	ser]	[…]	objeto	de	estudos,	assumindo	espaço	importante	na
formação	e	no	exercício	profissional”.	Assim	é	que	os	psicólogos	também	têm	sido
obrigados	a	 rever	 suas	 formas	de	 realização	de	 tais	documentos	e	de	como	serão
utilizados	os	dados	ali	contidos.
Sabemos	 que	 há	 uma	 exigência	 cada	 vez	 maior	 sobre	 a	 organização	 dessas
informações,	 devendo-se	 levar	 em	 conta	 o	 que	 será	 colocado	 nos	 laudos	 e
relatórios,	 por	 quem	 será	 utilizado	 e	 que	 interesses	 estão	 subjacentes	 a	 sua
utilização,	entendendo	que,	ao	sermos	criteriosos	na	elaboração	desses	documentos
e	relatórios,	estaremos	pautando	nossa	prática	na	garantia	de	direitos	das	pessoas.
Nosso	 objetivo	 é	 alinhavar	 a	 experiência	 da	 construção	 desse	 laudo	 técnico,
dando	 ênfase	 ao	 registro	 documental	 e	 aos	 prontuários,	 unindo	 a	 isto	 a	 reflexão
sobre	 a	 experiência	 de	 ensino	 e	 aprendizagem,	 para	 que	 supervisor	 e	 aluno-
estagiário	 possam	 juntos	 acompanhar	 as	 competências	 que	 estão	 sendo
desenvolvidas.
Ressaltamos	que	 a	 elaboração	de	 laudos	 e	 relatos	para	o	prontuário	 e	para	o
registro	 documental	 do	 paciente	 como	 instrumentos	 técnicos,	 embora	 complexa,
não	 é	 o	 foco	 deste	 capítulo,	 mas	 sim	 o	 que	 permeia	 essa	 experiência,	 isto	 é,	 os
processos	 que	 são	 acionados	 para	 esse	 fim.	Laudos,	 relatos,	 prontuários	 seriam	 a
dimensão	organizadora	da	técnica,	importante	parte	do	processo	de	aprendizagem
vivenciado,	 tanto	 pelo	 aluno-estagiário	 como	 pelo	 psicólogo-supervisor,	 no
encontro	das	descobertas	que	se	dão	na	relação.
Consideramos	 que	 o	 psicólogo-supervisor	 ocupa	 um	 lugar	 importante	 na
formação	 do	 aluno-estagiário,	 pois,	 além	da	 responsabilidade	 técnica	 sobre	 o	 que
ocorre	num	atendimento	e	sobre	o	que	é	relatado	sobre	o	paciente	pelo	estagiário,
também	se	constitui	 como	modelo	e	 referência	para	este.	Portanto,	não	podemos
desconsiderar	o	papel	e	a	responsabilidade	do	supervisor	neste	processo.
Também	 não	 há	 como	 dissociar	 a	 prática	 psicológica	 da	 ética	 profissional,
devendo-se	visar	sempre	ao	bem-estar	biopsicossocial	dos	sujeitos	envolvidos,	em
nosso	 caso,	 especialmente,	 a	 ética	 envolvida	 no	 contexto	 da	 relação
usuários/clientes/pacientes	e	a	produção	de	documentos	sobre	a	experiência	clínica
no	serviço-escola.
Assim,	 este	 capítulo	 utiliza-se	 da	 experiência	 de	 um	 grupo	 de	 psicólogos-
supervisores[1]	 de	 uma	 clínica-escola	 do	 interior	 do	 estado	 de	 São	 Paulo	 para,	 a
partir	 da	 própria	 vivência	 dentro	 do	 estágio	 supervisionado,	 estabelecer	 alguns
dispositivos	 norteadores	 para	 o	 aprimoramento	 teórico	 e	 técnico	 do	 processo	 de
ensino-aprendizagem	 de	 seus	 alunos	 que	 inclua	 a	 forma	 de	 relatar	 o
acompanhamento	 aos	 casos	 clínicos	 acompanhados	 dentro	 do	 psicodiagnóstico
interventivo	infantil	grupal.
Alguns	aspectos	sobre	a	produção	de	documentos
escritos	no	campo	da	Psicologia
Pensar	 o	 psicodiagnóstico	 interventivo	 nos	 obriga	 a	 entender	 o	 projeto	 de
formação	acadêmica	no	qual	se	insere.	Entendemos	que	não	se	pode	desvincular	o
psicodiagnóstico	 do	 processo	 de	 formação	 como	 um	 todo,	 assim	 como	 também
não	 podemos	 dissociá-lo	 da	 ética	 envolvida	 nessa	 prática.	 Quelho,	 Munhoz,
Damião	e	Gomes	(1999)	reconhecem	o	psicodiagnóstico	enquanto	disciplina,	como
um	dos	 alicerces	 do	 curso	 de	 Psicologia,	 cujo	 objetivo	 é	 desenvolver	 no	 aluno	 a
integração	dos	conhecimentos.
É	importante	que	o	aluno	desde	o	início	do	curso	de	Psicologia	tenha	contato
e/ou	 experiência	 de	 relatar/descrever	 observações	 e	 experimentos	 desenvolvidos
num	 conjunto	 de	 disciplinas	 que	 antecedem	 o	 estágio	 em	 Psicodiagnóstico	 e	 o
preparam	para	a	experiência	do	relato	de	atendimentos	clínicos.	Visualizar	o	aluno
como	 estagiário	 é	 pensá-lo	 também	 envolvido	 na	 produção	 de	 documentos	 e
relatórios	comprobatórios	de	sua	experiência	no	estágio,	cuja	 finalidade	dentro	de
um	processo	de	avaliação	psicológica	é	a	produção	de	um	laudo	psicológico,	como
determinado	 pelo	Manual	 de	 Elaboração	 de	Documentos	 do	 CFP	 (Resolução	 n.
007/2003)
[…]	 descrição	 de	 situações	 e/ou	 condições	 psicológicas,	 suas	 determinações
históricas,	 sociais,	 políticas	 e	 culturais,	 pesquisadas	 no	 processo	 de	 avaliação
psicológica.	Como	todo	documento,	deve	ser	subsidiado	em	dados	colhidos	e
analisados,	 à	 luz	 de	 um	 instrumental	 técnico	 (entrevistas,	 dinâmicas,	 testes
psicológicos,	 observação,	 exame	 psíquico,	 intervenção	 verbal),
consubstanciado	 em	 referencial	 técnico-filosófico	 e	 cientifico	 adotado	 pelo
psicólogo	(Conselho	Federal	de	Psicologia,	2013,	p.	7).
O	manual	ainda	destaca	como	finalidade	deste	laudo:
[…]	 apresentar	 os	 procedimentos	 e	 conclusões	 gerados	 pelo	 processo	 da
avaliação	 psicológica,	 relatando	 sobre	 o	 encaminhamento,	 as	 intervenções,	 o
diagnóstico,	 o	 prognóstico	 e	 evolução	 do	 caso,	 orientação	 e	 sugestão	 de
projeto	 terapêutico,	 bem	 como,	 caso	 necessário,	 solicitação	 de
acompanhamento	psicológico,	limitando-se	a	fornecer	somente	as	informações
necessárias	 relacionadas	 à	demanda,	 solicitação	ou	petição	 (Conselho	Federal
de	Psicologia,	2013,	p.	7).
As	determinações	do	CFP,	Resolução	n.	001/2009	(CFP,	2009),	prescrevem	a
diferenciação	entre	prontuário	e	registro	documental,	pontos	discutidos	a	seguir.
Sobre	o	prontuário	e	registro	documental
Para	 melhor	 resultado	 na	 padronização	 e	 sistematização	 das	 atividades	 dos
psicólogos,	 inclusive	 daqueles	 que	 atuam	 nos	 serviços-escola	 e	 em	 campos	 de
estágio,	 a	 partir	 de	 2009,	 passou	 a	 ser	 previsto	 pela	Resolução	CFP	 n.	 001/2009
(CFP,	 2013),	 em	 conformidade	 ao	 estabelecido	 pelo	 Ministério	 da	 Saúde,	 o
armazenamento	individual	e	em	local	específico	do	registro	de	dados	e	informações
fornecidas	por	aquele	que	vier	a	fazer	uso	de	serviços	psicológicos.	Destaca-se	que
este	arquivamento	é	subdividido	em	duas	partes:	prontuário	e	registro	documental.
O	prontuário,	de	livre	acesso	ao	paciente	e/ou	seu	representante	legal,	é	visto
como	 um	 conjunto	 de	 documentos	 padronizados	 e	 ordenados	 nos	 quais	 são
registrados	 os	 cuidados	 profissionais	 prestados	 ao	 paciente,	 atestando	 o
atendimento	 psicológico	 realizado	 a	 uma	 pessoa	 ou	 a	 uma	 instituição,	 sendo	 sua
confecção	e	organização	obrigação	e	responsabilidade	do	psicólogo.
Nas	 instituições	 de	 ensino	 de	 Psicologia,	 é	 feito	 com	 orientação,	 correção	 e
responsabilidade	 do	 psicólogo-supervisor.	 No	 artigo	 2o	 da	 Resolução	 CFP	 n.
001/2009	citada	(CFP,	2009,	p.	1-2),	são	apontadas	as	informações	que	devem	ser
registradas	no	prontuário	pelo	psicólogo,	como:
[…]	identificação	do	usuário/instituição;	avaliação	de	demanda	e	definição	dos
objetivos	 do	 trabalho;	 registro	 da	 evolução	 dos	 atendimentos,	 de	 modo	 a
permitir	 o	 conhecimento	 do	 caso	 e	 seu	 acompanhamento,	 bem	 como	 osprocedimentos	 técnico-científicos	 adotados;	 registro	 de	 encaminhamento	 ou
encerramento;	cópia	de	outros	documentos	produzidos	pelo	psicólogo	para	o
usuário/instituição	do	serviço	de	psicologia	prestado,	que	deverá	ser	arquivada,
além	do	registro	da	data	de	emissão,	finalidade	e	destinatário.
Entendemos	 que	 este	 prontuário	 e	 o	 resumo	 do	 atendimento	 ali	 contido
devem	 expressar	 informações	 com	 objetividade	 e	 clareza,	 bem	 como	 usar	 uma
linguagem	acessível	ao	paciente	ou	ao	interessado	para	explicar	o	que,	em	conjunto
com	ele,	se	trabalhou	e	se	concluiu	durante	o	atendimento	psicológico.
Consideramos	 importante	 salientar	 que	 o	 item	 “registro	 da	 evolução	 dos
atendimentos”,	 citado	 pela	Resolução	 n.	 001/2009,	 trata	 da	 descrição	 pontual	 do
acompanhamento	 semanal	 realizado	 e,	 portanto,	 do	 andamento	 do	 processo	 do
atendimento	psicológico,	não	 se	 referindo	 à	melhora	do	quadro	 apresentado	pelo
paciente,	 sendo	este	um	equívoco	 frequente.	Entendemos	que	o	objetivo	do	 item
“evolução”	no	prontuário	do	paciente	é	o	de	refletir	o	ocorrido	na	relação,	de	modo
que	 tanto	 o	 psicólogo	 como	o	paciente	 e	 sua	 família	 possam	 reconhecer	 naquilo
que	foi	descrito,	de	maneira	resumida,	as	etapas	pelas	quais	passaram	os	processos
de	 acolher,	 observar,	 refletir,	 compreender	 e	 intervir.	 Esse	 item	 deve	 incluir,	 de
forma	 sintética,	 a	 técnica	 utilizada,	 o	 tema	 central	 trabalhado	 e	 o	 resumo	 da
compreensão	 minimamente	 elaborada,	 não	 sendo	 de	 cunho	 interpretativo,	 como
ilustra	o	trecho	que	segue:
Data	 (xx/xx/xxxx)	 Segunda	 entrevista	 com	 pais:	 realização	 de	 entrevista	 de
anamnese,	segundo	encontro	com	os	pais,	quando	informaram,	de	forma	clara,
a	 história	 de	 vida	 de	 seu	 filho.	 Por	 este	 roteiro	 de	 anamnese,	 não	 foram
observadas	 dificuldades	 aparentes	 no	 desenvolvimento	 da	 criança	 e	 em	 suas
relações.	É	importante	ressaltar	que	a	mãe,	ao	abordar	o	nascimento	da	criança,
se	emocionou,	enquanto	o	pai	mostrou-se	tranquilo	durante	toda	entrevista.
O	 prontuário,	 além	 de	 oferecer	 documentos	 comprobatórios	 da	 experiência
clínica	vivida	entre	paciente	e	psicólogo,	como	identificação	do	paciente,	avaliação
da	 demanda,	 definição	 dos	 objetivos	 do	 trabalho	 psicológico	 e	 apontamentos
referentes	 à	 evolução,	 preenche,	 com	 sua	 confecção,	 os	 requisitos	 de	 direito	 do
cidadão,	 como	 o	 de	 ter	 explicitado	 de	 maneira	 concreta,	 clara	 e	 organizada	 os
pareceres	 e	 saberes	 técnicos	 sobre	 os	 fatos	 de	 natureza	 psicológica	 relatados,	 de
forma	elaborada	e	cientificamente	fundamentada.
Lembremos	 que	 o	 prontuário,	 como	documento	 de	 livre	 acesso	 ao	 paciente,
nem	sempre	existiu.	A	Resolução	CFP	n.	001/2009	(CFP,	2009),	no	que	concerne	à
elaboração	do	Prontuário,	deu	ao	usuário	este	direito:	o	de	poder	obter	livremente
os	dados	sobre	ele	ali	contidos,	dando-lhe	poderes	como	cidadão	usuário	do	serviço
psicológico	na	medida	em	que	detém,	por	prerrogativa,	um	saber	sobre	si	mesmo.
Ao	 mesmo	 tempo,	 obrigou	 o	 profissional	 psicólogo	 a	 rever	 constantemente	 a
forma	 que	 realiza	 seus	 registros,	 devendo	 estar	 atualizado,	 bem	 formado	 e
informado.	Esta	mudança	trouxe	maior	legitimidade	e	transparência	aos	processos	e
a	entendemos	como	um	ganho	para	a	profissão,	pois	garante	aos	usuários	os	seus
direitos,	enquanto	desenvolve	no	profissional	um	comprometimento	e	preocupação
maior	com	seu	exercício	profissional.
Ao	contrário	do	prontuário,	 algum	 tipo	de	 apontamento	 sobre	o	 caso,	 como
forma	 anotações	 de	 natureza	 mais	 técnica	 para	 uso	 nas	 análises	 clínicas	 com
embasamentos	teóricos,	sempre	existiu	para	o	acompanhamento	e	estudo	próprios
do	psicólogo,	de	acesso	exclusivo	desse	profissional,	de	ordem	confidencial.
O	 artigo	 2o	 da	 Resolução	 citada	 (CFP,	 2009,	 p.	 2-3)	 veio	 regulamentar	 a
existência	de	tais	registros,	determinando	que,	doravante,	documentos	estritamente
técnicos	 resultantes	 de	 aplicação	 de	 instrumentos	 de	 avaliação	 psicológica	 e	 de
análises	 clínicas,	 bem	 como	 observações	 detalhadas	 resultantes	 de	 tratamentos
psicológicos,	 deverão	 ser	 arquivados	 em	 pasta	 de	 acesso	 exclusivo	 do	 psicólogo,
constituindo-se	 no	 registro	 documental.	 assim,	 o	 registro	 documental	 se	 compõe
dos	relatos	de	cada	sessão	realizada,	dos	relatórios	conclusivos	sobre	o	caso	e	das
decisões	 sobre	 o	 encaminhamento,	 estes	 feitos	 ao	 final	 do	 acompanhamento
psicológico.
No	estágio	em	Psicodiagnóstico	Interventivo,	o	conjunto	de	relatos	das	sessões
e	os	 registros	detalhados	dos	atendimentos,	com	suas	 respectivas	análises	clínicas,
estão	 contidos	 no	 registro	 documental,	 que,	 neste	 caso,	 tem	 um	 uso	 acadêmico,
sendo	 que	 sua	 confecção,	 escrita	 e	 redação	 fazem	 parte	 da	 formação	 do	 aluno-
estagiário,	servindo	também	para	discussão	na	supervisão	clínica,	que	é	realizada	em
grupo.
Tais	 relatos	 possibilitam	 ao	 supervisor	 avaliar	 em	 parte	 o	 estagiário,	 entre
outros	 requisitos	 exigidos	 pelo	 estágio.	 A	 supervisão	 em	 grupo	 desse	 material
permite	que	cada	aluno	aprenda	com	a	experiência	do	outro.
Cabe	aqui	pontuar	que	entre	as	diversas	funções	do	supervisor	de	estágio	em
psicodiagnóstico	 interventivo,	 uma	 delas	 é	 a	 de	 fazer	 anotações	 nos	 relatos
apresentados	 por	 seus	 estagiários	 de	 orientações,	 correções	 e	 apontamentos	 que
julgue	necessários	para	a	facilitação	da	aprendizagem	técnica	e	teórica.	Observa-se
que	tais	registros	são	valiosos	para	o	processo	de	aprendizagem	do	aluno-estagiário,
como	 também	 representam	 uma	 forma	 de	 esse	 aluno	 ser	 acompanhado	 em	 seu
estágio.	Para	complementar,	Archanjo	e	cols.	(1998	apud	Freitas	e	Noronha,	2005,
p.	88)	apontam	os	supervisores	como:
[…]	 responsáveis	 pelo	 conteúdo	 prático	 do	 psicodiagnóstico.	 [A	 eles]	 são
atribuídas	 as	 responsabilidades	 de	 planejar	 as	 supervisões,	 para	 que	 o
supervisionado	 tenha	 o	 mínimo	 de	 experiência	 e	 competência	 para	 a	 livre
prática	 profissional,	 uma	 vez	 que	 a	 supervisão	 fornece	 uma	 orientação
formalizada	para	suprir	as	necessidades	de	formação	dos	alunos.
Assim,	 os	 relatos	 de	 sessões	 feitos	 pelos	 estagiários	 no	 Psicodiagnóstico
Interventivo,	 contidos	 no	 registro	 documental,	 revelam	 um	 processo	 de
aprendizagem	 que	 se	 dá	 no	 entrelaçamento	 da	 experiência	 ocorrida	 entre	 aluno-
estagiário,	paciente	e	supervisor.
Da	supervisão	e	sobre	a	discussão	dos	relatos
Em	nossa	experiência	de	ensinar	o	psicodiagnóstico	interventivo,	tem	sido	uma
preocupação	orientar	o	aluno-estagiário	a	construir	uma	forma	de	relatar	que	reflita,
ao	menos	em	parte,	 como	chegou	ao	conhecimento	sobre	o	ocorrido,	 levando-se
em	conta	que	todo	fenômeno	clínico	nunca	é	totalmente	passível	de	descrição.	Por
isso,	 relatar	 uma	 sessão	 é	 um	 desafio	 tanto	 para	 o	 aluno-estagiário	 como	 para	 o
supervisor.
Assim,	 na	 construção	 dos	 registros	 documentais	 no	 psicodiagnóstico
interventivo	 infantil,	 costumamos	 realizar	 relatos	 de	 cada	 atendimento	 ocorrido
junto	 ao	 paciente	 e	 a	 sua	 família,	 procurando	 oferecer	 informações,	 levando	 em
conta	 a	 abordagem	 teórica	 e	 o	 raciocínio	 clínico	 utilizados	 nesse	 tipo	 de
procedimento.	 Com	 isso,	 queremos	 salientar	 que	 a	 compreensão	 do	 caso	 é
construída	 durante	 o	 processo	 e	 vivência	 clínica,	 procurando	 mais	 elucidar	 e
compreender	do	que	classificar.	Entendemos,	então,	que	neste	processo	ocorre	um
estado	permanente	de	construção	e	desconstrução,	codificação	e	descodificação	do
conhecimento.
De	acordo	com	a	configuração	proposta	por	M.	Ancona-Lopez	(2002,	p.	77),	o
psicólogo	supervisor	deve	ser	 incluído	no	 setting	do	atendimento	com	a	 finalidade
•
•
•
de	“acompanhar	os	atendimentos	realizados	e	zelar	pela	saúde	psíquica	dos	clientes
e,	enquanto	professores,formar	profissionais	competentes,	orientando	a	prática	dos
estagiários	 e	 fornecendo	 os	 conhecimentos	 necessários	 para	 a	 atuação	 clínica”.
Assim,	 é	 importante	 ressaltar	 que,	 em	 nossa	 vivência	 nesse	 processo,	 existe	 um
desafio	 a	mais,	 que	 é	 a	 presença	do	 supervisor	no	momento	do	 atendimento	 em
grupo.	Além	do	mais,	esse	atendimento	faz	parte	de	uma	configuração	mais	ampla
que	inclui:
a	 recepção	 do	 aluno-estagiário	 e	 a	 preparação	 do	 atendimento,	 que	 dura
cerca	de	30	minutos;
o	atendimento	propriamente	dito,	que	dura	60	minutos;
a	discussão	e	supervisão	do	atendimento,	que	dura	em	torno	de	75	minutos.
Esta	 configuração	 diferencia	 o	 estágio	 em	 Psicodiagnóstico	 Inter-ventivo	 de
outras	 propostas	 de	 estágio	 em	 psicodiagnóstico,	 uma	 vez	 que	 introduz	 o
supervisor	 nas	 várias	 etapas,	 cuja	 presença	 modifica	 desde	 o	 atendimento	 até	 a
produção	 dos	 relatos,	 que	 serão	 entregues	 pelo	 aluno-estagiário	 em	 próximo
encontro,	quando	serão	corrigidos	pelo	supervisor,	seguindo-se,	assim,	outra	etapa
pedagógica.
Esta	peculiaridade	da	presença	do	supervisor	nas	várias	etapas	do	processo	tem
se	 revelado	 facilitadora	 e	 organizadora	 da	 aprendizagem	 do	 aluno	 e	 da	 redação
posterior	do	 relato	da	 sessão.	A	experiência	de	discutir	 em	supervisão	 antes	de	o
aluno	elaborar	 seu	 relato	 tem	se	mostrado	extremamente	proveitosa.	No	entanto,
avaliamos,	não	ingenuamente,	que	tal	presença	pode	causar	impacto	e	incômodo	no
aluno-estagiário,	inibindo-o	em	sua	conduta	não	somente	de	relatar	como	também
de	 atuar	 dentro	 do	 atendimento.	 Neste	 sentido,	 cabe	 ao	 supervisor	 desfazer
fantasias	 persecutórias,	 dirigindo-o	 para	 a	 percepção	 de	 que	 estas	 experiências
fazem	parte	do	processo	de	ensino-aprendizagem.
De	 outro	 lado,	 tal	 configuração,	 do	 ponto	 de	 vista	 do	 supervisor,	 facilita	 o
acesso	 à	 forma	 de	 descrição	 e	 à	 compreensão	 dos	 fatos	 e	 dos	 fenômenos
psicológicos	 ocorridos,	 realizada	 pelo	 aluno.	 Também	 auxilia	 a	 avaliação	 de
conhecimentos	 previamente	 adquiridos	 pelo	 aluno	 em	 etapas	 anteriores	 de	 sua
forma,	 bem	 como	 sua	 disposição	 para	 pesquisa	 atual	 pertinente	 ao	 tema
acompanhado	 nesse	 momento.	 Assim,	 esse	 psicólogo-supervisor	 poderá	 ensinar,
acompanhar	e	avaliar	o	aluno	na	busca	por	uma	melhor	qualidade	do	atendimento,
preservando	o	compromisso	com	o	usuário	do	serviço	e	contribuindo,	assim,	para
o	 desenrolar	 do	 processo,	 já	 que	 está	 diretamente	 inserido	 no	 campo	 de
atendimento.
Por	se	dar	em	grupo,	o	desenvolvimento	do	psicodiagnóstico	interventivo	está
intimamente	ligado	às	características	das	pessoas	que	compõem	o	grupo,	tornando-
se	ímpar,	dependendo	do	ocorrido	a	cada	encontro.	A	ênfase	se	dá	no	atendimento
grupal	 e	 participativo	 como	 potencializador	 de	 novas	 significações	 e	 explorações
subjetivas	 e	 possibilidades	 de	 a	 tríade	 cliente,	 aluno-estagiário	 e	 do	 professor-
supervisor	 chegarem	 a	 uma	 compreensão	 conjunta	 do	 fenômeno	 que	 queriam
entender.
Esses	aspectos	devem	ser	levados	em	conta	na	elaboração	do	relato	feito	pelo
aluno-estagiário,	 isto	 é,	 ele	 precisa	 apreender	 o	 processo	 diagnóstico	 interventivo
grupal	 por	 meio	 do	 atendimento	 realizado,	 mas	 também	 a	 partir	 dos	 estudos	 e
escritos	 que	 ele	 mesmo	 produz	 e	 que	 estão	 contidos	 no	 registro	 documental,
destacando	que,	nessa	produção,	deve	haver	 a	 convergência	dos	vários	pontos	de
entendimento	realizados	pela	tríade	citada.
Nesse	 sentido,	 para	 a	 confecção	 de	 relatos	 semanais	 e	 laudo,	 costumamos
oferecer	 aos	 nossos	 alunos-estagiários	 dispositivos	 norteadores,	 cuja	 função	 é
orientar	 a	 ação	 de	 relatar	 e	 de	 construir	 o	 conhecimento.	 Tais	 norteadores	 estão
apoiados	nas	bases	teóricas	que	direcionam	o	olhar	e	a	percepção	clínica	do	caso,
não	 perdendo	 de	 vista	 o	 ser	 da	 relação.	 Ao	 mesmo	 tempo,	 facilitam	 o
desenvolvimento	de	competências	e	habilidades	necessárias	à	experiência	clínica	do
psicodiagnóstico	 interventivo	 infantil,	 sem	 deixar	 de	 dar	 espaço	 para	 o	 aluno	 se
desenvolver	por	meio	de	suas	próprias	descobertas.
A	seguir,	faremos	algumas	considerações	sobre	os	relatos	no	psicodiagnóstico
interventivo,	 atendo-nos	 mais	 especificamente	 a	 três	 contextos,	 a	 saber,	 o	 da
realização	de	entrevistas	psicológicas,	o	da	hora	de	jogo	diagnóstica	e	o	da	aplicação
de	 testes	 psicológicos,	 levando	 em	 conta	 que	 outros	 procedimentos	 já	 foram
discutidos	anteriormente	neste	livro.
Considerações	a	respeito	dos	relatos	da	primeira
entrevista,	da	hora	de	jogo	e	do	uso	de	teste
A	 partir	 deste	 momento,	 focaremos	 o	 que	 consideramos	 importante	 para	 o
aluno-estagiário	filtrar	em	sua	experiência	junto	ao	paciente	e,	para	isso,	utilizamos
referenciais	que	possam	auxiliar	nos	seus	relatos	e	reflexões.
Longe	 da	 pretensão	 de	 serem	 considerados	 como	 modelos,	 criamos
dispositivos	norteadores	da	redação	de	relatos	a	partir	das	necessidades	advindas	da
realidade	 docente	 na	 qual	 estamos	 inseridos.	 Devemos	 levar	 em	 conta	 que	 tais
dispositivos	 não	 refletem	 as	 necessidades	 que	 contemplam	 toda	 e	 qualquer
experiência	 clínica,	 mas	 estão	 localizados	 dentro	 de	 um	 fluxo	 no	 processo	 do
psicodiagnóstico	 interventivo	 já	 proposto	 por	 M.	 Ancona-Lopez	 (2002),	 como
discutido	em	outros	capítulo	deste	livro.
Sobre	os	relatos	de	entrevistas
Os	 primeiros	 relatos	 a	 serem	 produzidos	 são	 os	 referentes	 às	 primeiras
entrevistas	clínicas,	a	saber,	as	realizadas	com	pais	no	início	do	processo	diagnóstico
grupal:	 a	 entrevista	 inicial	 semidirigida	 e	 a	 entrevista	 de	 anamnese,	 sendo	 os
conhecimentos	 e	 estudos	 sobre	 entrevistas	 e	 desenvolvimento	 humano	 os
norteadores	dos	relatos	e	das	reflexões	clínicas	nesses	procedimentos	específicos.
Trabalhamos	com	o	conceito	de	Tavares	(2000,	p.	45),	para	quem:
A	 entrevista	 clínica	 é	 um	 conjunto	 de	 técnicas	 de	 investigação,	 de	 tempo
delimitado,	dirigido	por	um	entrevistador	 treinado,	que	utiliza	conhecimentos
psicológicos,	 em	 uma	 relação	 profissional,	 com	 o	 objetivo	 de	 descrever	 e
avaliar	aspectos	pessoais,	relacionais	ou	sistêmicos	—	indivíduo,	casal,	família,
rede	 social	 —	 em	 um	 processo	 que	 visa	 a	 fazer	 recomendações,
encaminhamentos	 ou	 propor	 algum	 tipo	 de	 intervenção	 em	 benefício	 das
pessoas	 entrevistadas.	 […]	 A	 investigação	 possibilita	 alcançar	 os	 objetivos
primordiais	 da	 entrevista,	 que	 são	 descrever	 e	 avaliar,	 o	 que	 pressupõe	 o
levantamento	 de	 informações,	 a	 partir	 das	 quais	 se	 torna	 possível	 relacionar
eventos	 e	 experiências,	 fazer	 inferências,	 estabelecer	 conclusões	 e	 tomar
decisões.
Para	Tavares	(2000),	o	entrevistador,	ao	reconhecer	a	interação	entre	sintomas,
sinais	 e	 aspectos	 do	 funcionamento	 psicodinâmicos,	 amplia	 suas	 condições	 de
compreensão,	tornando	suas	intervenções	mais	adequadas.
Nos	 relatos	 sobre	 entrevista,	 salientamos	 aos	 nossos	 alunos-estagiários	 a
importância	 de	 observar	 determinados	 pontos	 que	 são	 comumente	 citados	 por
alguns	 autores	 de	 referência,	 como	 Arzeno	 (1995),	 Bleger	 (1993)	 e	 o	 já	 citado
Tavares	(2000).
Um	primeiro	 tópico	a	 ser	 abordado	no	 relato	das	entrevistas	é	como	os	pais
chegaram	até	a	instituição	—	apenas	um	dos	pais,	ou	só	a	mãe,	avó	ou	responsável
—,	 sendo	que	 a	 ausência	de	um	deles	pode	 ter	um	significado,	o	que	merece	 ser
mais	 bem	 investigado.	 Devem	 ser	 relatadas	 suas	 atitudes,	 se	 são	 solícitos,	 se
mostram	 cooperação	 ou	 se	 estão	 resistentes	 ou	 retraídos.	 Também,	 é	 importante
dizer	 de	 que	 forma	 receberam	 a	 proposta	 de	 atendimento	 em	 psicodiagnóstico
interventivo,	ressaltando-se	suas	reações	à	forma	de	trabalho	e	ao	contrato	grupal.
Então,	 o	 aluno-estagiário	 poderá	 discorrersobre	 o	 motivo	 da	 consulta
explicitado	 pelos	 pais;	 suas	 queixas	 em	 relação	 à	 criança;	 suas	 dificuldades	 e
conflitos	e	como	os	pais	veem	os	fatos;	em	que	momento	o	equilíbrio	familiar	se
rompeu	e	a	família	resolveu	buscar	ajuda	psicológica.	De	modo	geral,	a	atenção	ao
discurso	da	família	sobre	a	criança	revela	a	expressão	de	uma	concepção	de	sintoma
que	é	precedida	por	uma	rede	significante	que	lhe	dá	um	lugar	no	mundo	mediante
o	desejo	dos	pais.	Dessa	forma,	não	podemos	reduzir	a	visão	que	temos	da	criança
apenas	ao	manifestado	pelo	desejo	ou	queixa	de	seus	pais,	uma	vez	que	ela	tende	a
buscar	uma	posição	no	mundo	 a	partir	 do	que	 supõe	que	o	discurso	 familiar	 lhe
pede	(Santoro,	2011).
Podem	ser	explicitados	no	relato	os	sentimentos	dos	pais	em	relação	à	queixa	e
às	mudanças	 ocorridas	 na	 vida	 familiar,	 em	 especial	 na	 vida	 do	 casal,	 a	 partir	 da
ocorrência	 das	 dificuldades	 relatadas.	 É	 importante	 destacarem	 os	 vínculos
relacionais	contidos	na	dinâmica	familiar:	detalhes	do	relacionamento	dos	pais	entre
si,	 dos	 pais	 com	 os	 filhos	 e	 entre	 os	 irmãos,	 bem	 como	 da	 família	 no	 contexto
social	mais	amplo.
Os	 antecedentes	 familiares,	 bem	 como	 os	 relatos	 da	 história	 do	 casal,	 da
concepção,	da	gestação,	do	parto,	da	amamentação	e	do	primeiro	ano	de	vida,	são
de	 extrema	 importância	 para	 a	 compreensão	 do	 que	 a	 criança	 representa	 para	 a
família,	 que	 lugar	 ocupa	 em	 seu	 contexto	 e	 como	 se	 adaptou	 ao	meio	 desde	 seu
nascimento.	 Deve-se	 destacar	 se	 houve	 alguma	 defasagem	 ou	 problema	 em	 seu
desenvolvimento	inicial,	por	exemplo,	como	reagiu	ao	desmame	e	à	volta	da	mãe	ao
trabalho,	como	enfrentou	as	frustrações	inerentes	aos	momentos	iniciais	da	vida,	se
apresentou	doenças	ou	sintomas	significativos.
Posteriormente	 a	 isso,	 podem	 ser	 relatados	 os	 dados	 coletados	 sobre	 o
desenvolvimento	da	criança	a	partir	do	primeiro	ano	de	vida,	até	o	momento	atual,
numa	descrição	dos	 fatos	em	ordem	cronológica:	 a	evolução	do	aspecto	motor,	 a
progressão	da	fala,	seu	desenvolvimento	intelectual,	seu	sono,	sua	alimentação,	sua
saúde,	as	reações	à	entrada	na	escola	ou	creche.
O	 relato	 pode	 conter	 também	 as	 ideias	 e	 fantasias	 dos	 pais	 sobre	 a
personalidade	 e	 temperamento	 da	 criança,	 destacando	 se	 há	 sinais	 de	 possíveis
aspectos	 psicopatológicos	 a	 serem	 investigados.	 Numa	 perspectiva	 mais	 ampla,
pode	 conter	 dados	 sobre	 os	 aspectos	 socioeconômicos,	 a	 vida	 social,	 cultural	 e
religiosa	da	família.
Ao	 final,	 poderão	 ser	 destacadas	 ainda	 as	 evidências	 sobre	 a	 existência	 de
recursos	para	mudanças,	bem	como	sobre	as	 expectativas	de	 solução	encontradas
no	discurso	dos	pais.
Tais	 norteadores,	 no	 entanto,	 não	 deverão	 pressupor	 uma	 narrativa	 rígida,	 já
que	 nenhuma	 situação	 clínica	 ocorre	 sem	 prerrogativas	 específicas	 do	 momento
relacional	 ali	 vivido,	 podendo	 também	 conter	 a	 exposição	 de	 fatos	 próprios	 do
encontro	que	se	dá	nesse	campo	relacional.
Sobre	os	relatos	de	hora	de	jogo	diagnóstica
Num	outro	momento,	como	professores-supervisores	solicitamos	aos	alunos-
estagiários	os	relatos	dos	primeiros	contatos	com	as	crianças,	que,	no	contexto	do
psicodiagnóstico	 interventivo,	 se	 realizam	 por	 meio	 da	 técnica	 de	 hora	 jogo
diagnóstica,	 mesclando	 a	 ela	 também	 alguns	 pontos	 relativos	 às	 técnicas	 do
atendimento	 grupal	 infantil.	 Assim,	 um	 segundo	 norteador	 para	 a	 realização	 dos
relatos	são	os	conhecimentos	e	estudos	sobre	a	hora	de	jogo	diagnóstica.
A	hora	de	jogo	diagnóstica	é	um	dos	procedimentos	mais	significativos	para	o
psicodiagnóstico	infantil.	Sua	relevância	teórica	e	técnica,	desde	seu	uso	delimitado
por	 Aberastury	 (1992),	 tem	 sido	 largamente	 explorada,	 sendo	 utilizada	 e
desenvolvida	por	outros	autores,	com	o	objetivo	de	investigar	as	fantasias	trazidas
pelas	 crianças	 em	 seu	 primeiro	 contato	 com	 o	 terapeuta,	 suas	 dificuldades	 e
conflitos,	bem	como	suas	esperanças	de	suplantá-los.
Aberastury	(1992)	apresenta	a	hora	de	jogo	diagnóstica	como	um	momento	em
que	 a	 criança	 vai	 trazer	 até	 nós,	 psicólogos,	 sua	 “fantasia	 inconsciente	 de
enfermidade	e	de	cura”,	dando	a	ideia	de	que	a	criança	sabe	que	passa	por	conflitos,
que	 tais	 conflitos	 são	 de	 natureza	 especial	 e	 de	 que	 ela	 compreende,	 aceita	 e
colabora	com	o	atendimento	psicológico.	Nessa	hora,	a	criança	é	deixada	livre	para
brincar,	 sendo-lhe	 oferecida	 uma	 caixa	 de	 brinquedos	 variados	 e	material	 gráfico,
para	 que	 possa	 expressar,	 por	 meio	 do	 jogo	 livre	 e	 espontâneo,	 as	 fantasias
subjacentes	 às	 dificuldades	 e	 sintomas	 pelos	 quais	 veio	 procurar	 o	 atendimento
juntamente	com	sua	família.
Ressaltamos	 que,	 no	 psicodiagnóstico	 interventivo	 infantil,	 a	 hora	 de	 jogo	 é
realizada	em	grupo,	sendo	atendidas,	na	mesma	sala	e	no	mesmo	horário,	crianças
de	 ambos	 os	 sexos	 e	 de	 idade	 similares,	 em	 número	 de	 quatro	 a	 seis	 crianças,
normalmente,	 sendo	 responsáveis	 por	 cada	 uma	 delas	 uma	 dupla	 de	 alunos-
estagiários.
Essa	dupla	teria	como	função	observar	simultaneamente	a	dinâmica	grupal	—
portanto,	o	brincar	em	grupo	—	e	o	brincar	individual	da	criança	acompanhada	por
eles,	o	que	acarreta	uma	complexidade	a	mais	para	a	função	de	observar	e	coletar
informações.	Aparentemente,	isso	seria	um	agravante	para	a	aprendizagem;	porém,
com	 o	 tempo	 o	 aluno-estagiário	 ganha	 habilidade	 para	 a	 realização	 dessas	 duas
funções,	 compreendendo	 que	 uma	 é	 complementar	 à	 outra,	 tornando-se
ferramentas	 indispensáveis	 à	 construção	 do	 relato	 da	 sessão,	 bem	 como	 à
construção	do	conhecimento	sobre	o	caso.
Ao	 ensinarmos	 o	 psicodiagnóstico	 interventivo,	 nós,	 supervisores,	 temos
solicitado	 aos	 alunos	 o	 relato	 da	 hora	 de	 jogo,	 buscando	 analisar	 o	 nível	 de
aprendizagem	da	 técnica	 alcançado	 e	 a	 apreensão	 da	 teoria	 subjacente	 a	 seu	 uso,
bem	 como	 das	 condições	 criadas	 pelo	 estagiário	 para	 utilizá-las,	 formando	 uma
costura	crítica	 e	 reflexiva	entre	 a	 experiência	 clínica	vivida,	 a	 teoria	 anteriormente
aprendida	e	a	técnica	agora	experimentada.	Acrescente-se	aí	a	capacidade	de	o	aluno
buscar	novos	recursos	teóricos,	por	meio	de	suas	pesquisas	e	estudos	espontâneos
sobre	 o	 tema	 dentro	 da	 proposta	 delimitada	 pela	 abordagem	 fenomenológica-
existencial	oferecida	no	psicodiagnóstico	interventivo,	enriquecendo	ainda	mais	suas
condições	 e	 capacidade	de	discussão	do	 caso	 com	a	utilização,	nas	discussões,	 de
alguns	pontos	de	compreensão	da	psicologia	psicodinâmica.
Na	hora	de	jogo,	é	importante	que	relate	de	forma	clara	e	muito	detalhada	cada
movimento,	 gesto	 e	 atitude	 das	 crianças.	 Temos	 que	 verificar	 a	 capacidade	 de	 o
estagiário	observar	e	detectar	aspectos	 relevantes	contidos	no	brincar	espontâneo,
pinçando	 o	 que	 é	 importante	 enquanto	 realiza	 suas	 próprias	 associações,
desenvolvendo,	com	o	 tempo,	a	capacidade	de	 fazer	 ligações	de	sentido	entre	um
brincar	e	outro,	entre	um	acontecimento	e	outro,	entre	falas	e	desenhos	livres,	como
já	elucidava	Klein	(1932)	em	seus	estudos	sobre	a	técnica	do	livre	brincar,	o	que	foi
ressaltado	por	Efron	et	al.	(1995)	e	Aberastury	(1992).
Levamos	em	conta	as	condições	de	o	aluno-estagiário	descrever,	de	forma	clara
e	 minuciosa,	 a	 experiência	 observada	 e	 vivida	 junto	 ao	 grupo	 e	 à	 criança
I.
II.
III.
IV.
acompanhada,	sendo	esperado	que	seja	capaz	de	discorrer	sobre:
a	experiência	de	observação	do	livre	brincar	como	forma	de	comunicação
do	conflito.
a	 experiência	 de	 observar	 a	 dinâmica	 grupal,	 percebendo	 os	 interjogos
nos	 relacionamentos,	 o	 papel	 ocupado	 por	 cada	 criança,	 as	 lideranças
estabelecidas,	 as	 identificações	 realizadas,	 a	 coesão	 na	 consecução	 dos
objetivos	grupais	e	o	conflito	apresentadode	forma	coletiva.
as	 características	 do	 brincar	 individual	 apresentado	 pela	 criança
especificamente	 acompanhada	 pela	 dupla	 e	 seu	 conflito	 num	 âmbito
individual,	dentro	de	sua	história	e	contexto.
as	intervenções	realizadas	e	a	reação	das	crianças	a	elas,	o	que	dá	indícios
de	estarmos	ou	não	no	caminho	adequado	de	compreensão,	dependendo
das	 respostas,	 interjeições	 ou	 mesmo	 do	 brincar	 explicitado
imediatamente	após	sua	realização.
Os	relatos	devem	referir-se	desde	quando	as	crianças	são	chamadas,	sua	reação
na	 sala	 de	 espera	 ao	 despedir-se	 de	 seus	 pais	 ou	 acompanhantes,	 bem	 como	 o
comportamento	 no	 caminho	 para	 a	 sala	 de	 atendimento	 junto	 ao	 estagiário,	 se
conversa	 ou	 permanece	 em	 silêncio,	 se	 parece	 curioso	 ou	 temeroso	 da	 nova
experiência.
Pode-se,	então,	 relatar	como	foram	dadas	as	explicações	 sobre	o	processo	ali
vivido,	 o	 sigilo	 terapêutico,	 a	 forma	 de	 atendimento	 que	 será	 realizada	 e	 como	o
grupo	 e,	 em	 especial,	 a	 criança	 acompanhada	 pela	 dupla	 reagiram:	 se	 fizeram
observações;	se	permaneceram	estagnados	e	se	assim	ficaram	e	por	quanto	tempo;
se	solicitaram	mais	 informações;	se	mostraram	interesse,	curiosidade	prazerosa;	se
foram	reticentes	ou	denotaram	liberdade	de	agir	e	brincar.
A	partir	daí,	 relatar	a	observação	sobre	como	escolheram	seus	brinquedos	na
caixa	lúdica	e	exatamente	o	que	fizeram	em	cada	brincadeira	escolhida,	descrevendo
como	 estruturaram	 seu	 brincar,	 o	 que	 já	 nos	 permite	 levantar	 algumas	 hipóteses
sobre	as	fantasias	vividas	no	espaço	do	brincar,	que	remete	àquele	que	brinca	a	um
espaço	especial	que	não	é	 a	 realidade	propriamente	dita,	o	que	exige	daquele	que
observa	o	brincar	a	condição	de,	em	parte,	adentrar	ao	mundo	da	fantasia	infantil	e,
por	 outro	 lado,	manter	 a	 função	 terapêutica	 de	 pensar	 sobre	 o	 que	 ocorre	 nesse
brincar.	As	 condições	 de	 organização	 das	 fantasias	mostram	 também	os	 recursos
intelectuais	da	criança,	bem	como	a	forma	como	lidam	com	a	realidade.
Outro	dado	importante	é	se	preferiram	brincar	em	grupo	ou	solitariamente,	se
têm	condições	de	tolerar	a	convivência	grupal	ou	se	evitam	se	frustrar	ao	contato
com	 as	 diferenças	 impetradas	 pela	 presença	 do	 outro.	 Nesse	 sentido,	 deve-se
perceber	 que	 lugar	 o	 outro	 ocupa	 em	 seu	 jogo	 particular,	 que	 uso	 faz	 do	 outro
como	objeto	de	relação,	observando-se	a	existência	e	a	qualidade	das	transferências
em	 relação	 aos	 outros	 participantes	 do	 grupo,	 que	 tipo	 de	 vínculo	 é	 capaz	 de
realizar	e	como	escolhe	seus	pares.	O	relato	deve	conter	dados	de	seu	vínculo	com
a	 equipe	 técnica	 e	 como	 estabelece	 a	 ligação	 com	 o	 próprio	 processo	 do
psicodiagnóstico.
Devem-se	 evitar	 generalizações	 como:	 “Ela	 brincou	 o	 tempo	 todo	 com	 a
boneca”	ou	“Ele	ficou	a	sessão	toda	 jogando	bola”,	pois	certamente	quem	brinca
com	uma	boneca	ou	quem	chuta	uma	bola	o	faz	de	forma	especial	e	diferente	de
qualquer	 outro,	 sendo	 impossível	 se	 generalizar	 tanto	 a	 forma	 de	 esses
acontecimentos	 ocorrerem.	 É	 importante	 destacar	 que	 o	 máximo	 de	 detalhes
descritos	 será	 necessário	 à	 boa	 análise	 dos	 fatos	 observados,	 oferecendo	 maior
possibilidade	de	discussão	de	seus	significados.
O	 relato	 deve	 conter	 detalhes	 de	 cada	 etapa	 do	 brincar	 ou	 do	 desenhar,	 ou
mesmo	do	estar	em	silêncio,	aparentemente	sem	nada	fazer,	pois	tudo	o	que	ocorre
tem	um	 sentido.	Deve	 ser	 fiel	 ao	 ocorrido	 em	ordem	 cronológica,	 realizando,	 de
forma	concomitante,	a	descrição	do	que	ocorreu	horizontalmente	no	grupo	como
um	 todo	 e	 do	 que	 ocorreu	 verticalmente,	 narrando	o	 comportamento	 da	 criança
acompanhada	pela	dupla	de	estagiários.
Para	isso,	se	o	supervisor	assim	o	desejar,	poderá	solicitar	a	divisão	da	sessão,
separando-a	 em:	 a)	 Relato	 do	 ocorrido	 na	 dinâmica	 grupal;	 b)	 Relato	 sobre	 o	 caso
acompanhado,	sendo	que	a	análise	clínica	ficaria	restrita	mais	à	descrição	do	ocorrido
com	o	caso	em	estudo	da	dupla	de	estagiários,	podendo-se	utilizar	o	ocorrido	na
dinâmica	 grupal	 como	 complemento	 para	 a	 compreensão	 clínica,	 quando
necessário.
Na	fase	de	discussão	teórico-clínica	dos	dados,	ou	seja,	na	análise	clínica,	deve-
se	notar	a	capacidade	de	o	aluno-estagiário	interligar	situações	e	fatos	observados	à
teoria	e	à	técnica	de	hora	de	jogo,	e,	ainda,	verificar	o	uso	adequado	de	bibliografia
complementar	 espontaneamente	 pesquisada	 por	 ele	 sobre	 esse	 tema,	 notando-se
suas	condições	de	interligar	de	modo	reflexivo	e	crítico	teoria,	técnica	e	experiência
clínica.
Sobre	o	uso	do	teste	psicológico
Como	já	se	sabe,	o	psicodiagnóstico	compreende	várias	etapas;	dentre	estas	é
possível	 considerar	 a	 administração	 dos	 testes	 psicológicos.	 Tal	 momento	 é
caracterizado,	segundo	Freitas	e	Noronha	(2005,	p.	88),	como
peculiar	do	processo	de	avaliação	devido	à	possibilidade	de	obter	dados	sobre
a	 pessoa	 em	 questão,	 a	 fim	 de	 conhecer	 sua	 história	 mais	 detalhadamente,
assim	 como	 buscar	 informações	 relacionadas	 ao	 desenvolvimento,	 à
escolaridade,	 às	 relações	 familiares,	 aos	 aspectos	 profissionais,	 sociais,	 entre
outros.
A	 escolha	 das	 estratégias	 e	 dos	 instrumentos	 dentro	 de	 um	 processo	 de
avaliação	psicológica	é	feita	sempre	de	acordo	com	o	referencial	teórico,	o	objetivo
e	 a	 finalidade,	 portanto,	 no	 nosso	 caso,	 é	 clínica,	 cujo	 fim	 é	 colaborar	 com	 o
diagnóstico	que	contempla	outras	técnicas	além	dos	testes	(Araujo,	2007;	Ocampo,
2005).	 Pautados	 nesses	 referenciais,	 buscamos	 conciliar	 o	 processo	 de	 ensino-
aprendizagem	desses	procedimentos	 e	 a	 futura	prática	profissional	 do	 aluno,	pois
consideramos	 incoerente	o	ensino	e	 a	 adoção	de	qualquer	 técnica	de	 investigação
psicológica	 com	outra	 intenção	diferente	que	não	aquela	do	 instrumento,	pois,	 se
assim	o	for,	já	é	outra	coisa	que	foge	ao	que	o	instrumento	propõe	a	investigar.
Como	pontuado	pelas	diretrizes	contidas	na	regulamentação	da	profissão	(CFP.
Conselho	 Federal	 de	 Psicologia	 —	 Avaliação	 psicológica:	 diretrizes	 na
regulamentação	 da	 profissão,	 2010,	 p.	 42),	 para	 se	 alcançar	 o	 status	 de	 um	 “teste
psicológico”	percorreu-se	um	“[…]	processo	de	criação,	validação	e	aprovação	[…].
O	processo	de	validação	requer	a	articulação	do	construto	às	operações	do	teste	e	a
demonstração	 da	 relação	 do	 teste	 aos	 aspectos	 relevantes	 do	 psiquismo	 das
pessoas”.	 Villemor-Amaral	 (2012)	 reforça	 que	 a	 utilização	 de	 uma	 técnica	 de
avaliação	psicológica	 requer	a	compreensão	 tanto	dos	 fundamentos	que	embasam
as	 condições	 das	 conclusões	 extraídas	 dos	 resultados	 quanto	 a	 verificação	 de	 sua
comprovação	 científica	 que	 determina	 a	 validade	 do	 procedimento	 e	 justifica	 seu
uso.
Entendemos	que,	por	exemplo,	a	adoção	de	um	teste	projetivo,	como	o	HTP,
porque	seus	desenhos	são	ricos	como	estímulos	que	remetem	a	situações	familiares
vividas	 pelas	 pessoas	 em	 geral,	 ou,	 ainda,	 o	 fazer	 uso	 de	 teste	 psicométrico
reduzindo-o	a	uma	situação	para	estimulação,	demonstram	uso	equivocado	desses
instrumentos.	Desta	 forma,	pautados	nos	princípios	éticos	que	norteiam	a	prática
profissional,	 o	 uso	 dos	 testes	 psicológicos	 e	 o	 modo	 como	 a	 análise	 dos	 seus
resultados	 são	 apresentados	 seguem	os	 indicadores	 que	os	 próprios	 instrumentos
propõem	em	seu	Manual.
Assim,	 e	 como	 é	 enfatizado	 por	 tais	 diretrizes,	 concordamos	 que	 a	maneira
como	 os	 instrumentos	 são	 usados	 pelo	 psicólogo	 na	 avaliação	 psicológica	 é	 de
importância	 fundamental	 para	 que	 a	 área	 seja	 vista	 como	 profissional	 e
cientificamente	responsável	perante	a	sociedade	(CFP,	2010,	p.	42).	O	compromisso
com	 o	 processo	 de	 ensino-aprendizagem	 segue	 um	 continuum	 para	 além	 das
disciplinas	cujos	planos	de	ensino	contemplam	técnicas	e	exames	psicológicos,	ou
seja,o	 conhecimento	 previamente	 adquirido	 é	 experimentado	 no	 estágio	 de
Psicodiagnóstico	em	sua	prática.
Como	já	pontuado,	é	na	supervisão	clínica	que	se	constrói	um	espaço	em	que
esse	processo	ensino-aprendizagem	sedimenta-se	e	as	reflexões	produzidas	a	partir
das	discussões	do	caso	clínico	acompanhado	vai	abrindo	a	possibilidade	de	pensar
também	no	uso	ou	não	das	técnicas	que	temos	à	disposição.	Deste	modo,	quando
se	pensa	na	adoção	de	qualquer	instrumento	de	avaliação,	deve-se	questionar	se	terá
a	 função	 de	 responder	 a	 alguma	 pergunta	 relacionada	 ao	 caso	 clínico,	 ou	 seja,	 o
teste	 será	 adotado	 desde	 que	 realmente	 tenha	 alguma	 contribuição	 a	 oferecer,
evitando	 a	 submissão	 de	 nosso	 cliente	 a	 uma	 bateria	 de	 teste	 indevidamente,
especialmente	 pelo	 tempo	 despendido	 e	 pelo	 desgaste	 que	 qualquer	 situação
investigativa	provoca,	mesmo	que	se	tenha	cuidado	desta	condição.
Guzzo	 e	 Pasquali	 (2001,	 p.	 155)	 chamam	 a	 atenção	 para	 a	 importância	 e	 a
qualidade	das	informações	fornecidas	pelo	psicólogo	no	processo	de	uma	avaliação
psicológica,	 através	 do	 laudo	 psicológico,	 pareando	 inclusive	 o	 modo	 como	 este
instrumento	 é	 construído	 como	 expressão	 de	 sua	 “competência	 profissional”.
Ressaltam	a	necessidade	de	os	profissionais	estarem	em	constante	aprimoramento
para	 a	 atuação	 na	 área	 de	 avaliação	 psicológica,	 que,	 além	 dos	 instrumentos	 de
medidas,	 envolve	 diferentes	 técnicas	 cujos	 resultados	 colaboram	 para	 a
compreensão	de	toda	a	investigação	(Freitas	e	Noronha,	2005).
Pensando	 em	 colaborar	 com	o	 processo	 psicodiagnóstico	 a	 partir	 do	 uso	 de
teste	 e	 da	 comunicação	 dos	 seus	 resultados,	 que	 acrescentados	 a	 este	 processo
maior	 de	 investigação	 possam	 torná-lo	 significativo,	 buscamos	 trabalhar	 o
levantamento	de	dispositivos	antes,	durante	e	após	a	realização	de	uma	sessão	para	a
qual	se	optou	pela	aplicação	de	uma	técnica,	em	especial	um	teste	projetivo,	e	que
servisse	para	o	relato	de	tal	sessão.
Detendo-nos	ainda	no	aspecto	do	que	pode	ocorrer	“antes,	durante	e	após”	de
uma	 aplicação	 de	 teste,	 assim	 como	 Azevedo	 (2002),	 notamos	 também	 que,
facilmente,	o	processo	de	psicodiagnóstico,	com	um	processo	psicoterápico	infantil,
poderá	ser	confundido	como	um	simples	encontro	para	brincar,	o	que	em	parte	é
verdade,	mas	não	é	suficiente.	É	imprescindível	que	seja	dito	para	a	criança	o	que
está	acontecendo,	o	que	estamos	percebendo	ou	o	que	vamos	fazer	e,	em	especial
para	este	último,	o	cuidado	é	essencial:	como	se	sabe,	nosso	enquadre	é	grupal	e,
por	conta	deste	“fazer	específico”,	o	atendimento	poderá	ser	individual.	Comunicar
o	 que	 será	 feito	 é	 fundamental	 para	 a	 manutenção	 da	 aliança	 de	 trabalho.	 Esta
comunicação	 deve	 ser	 oferecida,	 adequando	 a	 linguagem	 e	 o	 vocabulário	 às
condições	da	criança.
Notamos	 que	 o	momento	 de	 aplicação	 de	 uma	 técnica	 específica,	 um	 teste,
oportuniza	em	parte	o	resgate	do	enquadre	anteriormente	realizado,	melhorando	a
sua	 comunicação	 em	 um	 espaço	 que	 agora	 é	 tomado	 por	 um	nível	 de	 ansiedade
mais	atenuado	em	relação	ao	início	do	atendimento,	podendo	ser	oferecidas	novas
informações.	Esse	momento	parece	ajudar	a	criança	a	ressituar-se	na	clínica-escola,
(re)apropriando-se	do	motivo	que	a	 levou	até	ali,	 como	 também	parece	colaborar
com	 o	 aluno-estagiário,	 que	 deve	 desempenhar	 muitas	 tarefas	 como	 futuro
psicólogo,	dando	conta	das	mais	variadas	informações,	devendo	coletar	e	observar,
além	de	estar	envolvido	na	brincadeira.	Assim,	parece	que	se	reorganiza	à	medida
que	consegue	ajudar	a	criança	a	fazer	o	reconhecimento	deste	espaço	clínico	mais
próximo	do	real	—	afinal	não	se	trata	apenas	do	brincar.
Considerando	a	ocorrência	de	encontros	anteriores	com	a	criança,	esta	deverá
ser	informada	sobre	o	que	será	realizado:	possivelmente,	a	estranheza	da	sala	e	do
horário,	 a	 falta	 de	 outros	 estagiários	 e	 das	 outras	 crianças	 provocarão
questionamentos.	Deve-se	esclarecer	qual	a	atividade	a	ser	realizada	e	sua	finalidade.
Geralmente,	 é	 sugerido	que	o	 aluno-estagiário	busque	 esclarecer	 a	 criança	de	que
naquele	momento	será	realizada	uma	atividade	para	conhecê-la	melhor	e,	assim,	ele
procura	responder	a	algumas	perguntas	relacionadas	ao	motivo	que	a	trouxe	até	ali,
contribuindo	 para	 sua	 compreensão	 em	 relação	 à	 queixa.	 Nesse	 momento,	 é
possível	indagá-la	sobre	tal	motivo	e	conhecer	um	pouco	mais	de	sua	percepção	a
esse	 respeito.	 Villemor-Amaral	 (2012)	 ressalta	 o	 cuidado	 de	 evitar	 qualquer
informação	que	dê	falsa	noção	daquilo	que	a	 técnica	avalia	ou	que	 induza	a	certo
tipo	 de	 resposta.	 Entendemos	 que	 a	 autora	 pontuou	 um	 aspecto	 importante
aplicável	 a	 todas	 as	 técnicas,	 principalmente	 às	 menos	 estruturadas,	 como	 as
projetivas.
É	 importante	 chamar	 a	 atenção	 para	 perguntas	 delicadas	 do	 aluno-estagiário
1.
2.
3.
4.
relacionadas	 à	 técnica	utilizada,	 como	do	 tipo:	 “Você	gosta	de	desenhar?”;	 “Você
gosta	 de	 contar	 histórias?”.	 Essas	 indagações	 podem	 servir	 para	 enriquecer	 o
rapport,	mas	corre-se	o	risco	de	servirem	a	outro	propósito	quando	a	resposta	 for
negativa,	podendo	ocorrer	o	 fracasso	da	 aplicação,	pois	o	 aplicador	despreparado
terá	dificuldades	em	contornar	a	situação.
Com	o	material	do	teste	em	mãos	devidamente	revisado,	com	a	sala	organizada
e	 adequada	para	 receber	o	 examinando	e	 realizar	 a	 aplicação,	 cabe	 aos	 estagiários
iniciar	a	atividade,	emitindo	as	instruções	de	acordo	com	o	manual	do	teste,	assim
como	toda	a	conduta	restante.
A	 partir	 desse	 ponto,	 levando	 em	 conta	 todas	 essas	 reflexões,	 os	 relatos	 de
como	ocorreu	a	aplicação	do	teste	e	de	como	se	chegou	à	avaliação	dos	resultados
podem	ter	início.
Reconhecendo	 as	 dificuldades	 pertinentes	 à	 tarefa	 de	 construir	 um	 relato	 da
aplicação	de	teste,	a	seguir	apontamos	apenas	sugestões,	marcos	norteadores,	para
que	 nossos	 alunos	 cuidem	 das	 informações	 que	 devem	 ser	 observadas	 e	 que
possam	colaborar	com	a	análise	do	material	produzido	na	sessão.	Assim,	buscou-se
trabalhar	com	uma	divisão	de	sete	itens,	conforme	o	Quadro	1	adiante,	seguido	de
uma	explanação	dos	pontos	a	serem	valorizados	nesse	processo	de	construção	do
relato:
Dados	 de	 identificação:	 são	 os	 dados	 sobre	 o	 examinando,	 que	 incluem
somente	 as	 iniciais	 de	 seu	 nome,	 número	 de	 prontuário,	 sexo,	 idade
(quando	menor	de	18	anos,	devem	constar	o	nome	do	responsável	e	grau
de	parentesco),	data	de	aplicação	e	o	nome	dos	relatores,	que	devem	incluir
o	nome	da	dupla	de	alunos-estagiários	e	do	psicólogo-supervisor;
Técnica	utilizada:	neste	ponto,	caberá	ao	aluno-estagiário	definir,	segundo	o
Manual,	a	técnica	por	ele	adotada.
Objetivo	 da	 técnica	 e	 sua	 justificativa	 para	 o	 uso:	 nesse	 ponto	 deverá
esclarecer	o	objetivo	da	técnica	de	forma	geral,	e	especificamente,	ao	caso
acompanhado,	 ou	 seja,	 deverá	 informar	 no	 que	 o	 teste	 poderá	 colaborar
para	 a	 compreensão	 do	 caso	 que	 acompanha,	 qual	 hipótese	 justifica	 seu
uso.
Descrição	da	 aplicação:	 são	 incluídos	 aqui	pontos	 relacionados	 ao	“antes,
durante	 e	 após”	 a	 aplicação	 propriamente	 dita	 do	 teste,	 assim	 como	 as
condições	do	espaço	físico	e	sua	organização,	considerando	inclusive	a	hora
de	início	e	fim;	a	disposição	do	examinando	a	se	submeter	a	tal	atividade;
5.
6.
reações	comportamentais	e	verbais	do	examinando	quando	se	depara	com
uma	 atividade	 individual,	 já	 que	 as	 outras	 crianças	 e	 estagiários	 estão
ausentes;	 reações	quando	se	retoma	a	queixa,	sua	compreensão	até	aquele
momento	 do	 processo	 psicodiagnóstico;	 capacidade	 de	 compreensão	 das
instruções	 do	 teste;	 suas	 possibilidades	 de	 organização	 diante	 do	 novo
contexto	e	da	atividade	adotada;	se	é	resistente	ou	não,	se	é	organizado,	se	é
flexível	e	colaborativocom	relação	à	aplicação	do	teste	propriamente	dito.
Deverá	 ser	 registrada	 também	 toda	 a	 observação	 quanto	 às	 reações	 após
instruções,	falas,	gestos	no	decorrer	da	produção,	se	reage	com	curiosidade
aos	 registros	 realizados	 pelo	 aluno-estagiário.	 Assim,	 também,	 observar	 a
ocorrência	 de	 pausas	 e/ou	 silêncios,	 dependendo	 do	 teste	 adotado.	 Tais
condutas	 deverão	 ser	 seguidas	 até	 o	 final	 da	 aplicação,	 o	 que	 também
proporcionará	melhores	 condições	 de	 relato	 do	ocorrido	na	 aplicação	do
teste.
Levantamento	 dos	 dados	 interpretativos	 e	 síntese	 interpretativa:
pressupomos	aqui	que	houve	a	 leitura	minuciosa	do	Manual	do	teste	pelo
estagiário,	 sendo	 então	 observados	 os	 indicadores	 para	 tal	 levantamento
interpretativo;	 afinal,	 existem	 alguns	 testes	 que	 indicam	 a	 consulta	 de
tabelas	normativas,	 idades	etc.,	e	 tais	considerações	devem	ser	 levadas	em
conta.	 Portanto,	 trata-se	 de	 um	 item	 trabalhoso,	 pois	 caberá	 ao	 aluno-
estagiário	 recorrer	 ao	 Manual	 para	 o	 levantamento	 dos	 dados	 a	 serem
analisados.	 Em	 geral,	 os	 testes	 já	 trazem	 em	 sua	 composição	 folhas	 de
registros	 ou	 protocolos	 a	 serem	 preenchidos,	 porém	 nota-se	 certa
insegurança	por	parte	do	aluno	em	errar	tal	preenchimento.	Assim,	a	ele	é
sugerido	que	pratique	esse	preenchimento	antes	de	registrá-lo	oficialmente,
após	 correção	 pelo	 supervisor.	 Após	 esta	 etapa,	 segue	 a	 síntese
interpretativa,	na	qual	buscaremos	conciliar	os	aspectos	relevantes	contidos
no	resultado	do	teste	em	geral,	e,	para	isto,	o	aluno-estagiário	deverá	fazer
uso	 concomitante	 e	 imprescindível	 das	 informações	 prévias,	 ou	 seja,
daquelas	que	 foram	colhidas	através	das	entrevistas	e	de	outras	 técnicas	e
atividades	 adotadas	 no	 decorrer	 do	 processo	 psicodiagnóstico.	 Portanto,
levará	 em	 consideração	 o	 agrupamento	 das	 informações,	 e	 não	 as
interpretações	 isoladas,	 e	 sempre	 buscará	 a	 coerência	 no	 entrelaçamento
dos	dados.
Anexo(s):	 o	 aluno-estagiário	 deverá	 anexar	 ao	 relato	 todo	 o	 material
produzido	durante	a	aplicação	pelo	examinando,	que	podem	ser	desenhos,
7.
histórias	produzidas,	folha	de	resposta,	protocolo	de	 interpretação	(HTP),
protocolos	de	forma	geral	do	teste	e/ou	instrumento	de	medida	adotado.	É
importante	ressaltar	que	este	material	deverá	estar	devidamente	preenchido.
Referências	 bibliográficas:	 deverá	 constar	 nesse	 item	 toda	 literatura
consultada.	 E,	 no	 caso	 da	 aplicação	 de	 um	 instrumento	 de	 avaliação
padronizado,	 ou	 seja,	 o	 Teste	 Psicológico,	 invariavelmente,	 o	 Manual	 do
Teste.
Quadro	1.	Modelo	de	relato	da	aplicação	de	teste
Entendemos	que	tais	divisões	agregam	em	si	valor	pedagógico,	pois,	do	ponto
de	vista	prático	da	formação	do	futuro	profissional,	o	aluno	revelará	não	só	como
manuseia	 uma	 ferramenta	 de	 trabalho,	 o	 teste	 propriamente	 dito,	mas	 como	 está
1.
2.
3.
4.
5.
apreendendo	o	significado	de	seus	resultados	na	totalidade	do	psicodiagnóstico.
Considerações	finais
A	 experiência	 de	 supervisionar	 o	 estágio	 de	 um	 serviço-escola	 de	 Psicologia
nos	 obriga	 a	 estar	 em	 permanente	 questionamento.	 O	 ensino	 do	 relatar	 um
atendimento	clínico	constitui-se	em	tarefa	delicada,	complexa	e	bastante	difícil,	pois
pressupõe	a	construção	de	narrativas	que	aproximem	a	reflexão	sobre	a	experiência
clínica	 e	 as	 relações	 e	 vínculos	 estabelecidos	 na	 tríade	 aluno-estagiário/usuário-
cliente/supervisor	e	as	questões	que	atravessam	o	ensino-aprendizagem.
Neste	capítulo,	procuramos	refletir	sobre	essa	tarefa	e	sobre	a	importância	dos
atos	de	ensinar	e	aprender	a	confecção	do	prontuário	e	do	registro	documental,	que
são	parte	integradora	e	formal	que	permeia	a	experiência	clínica.
Nesse	 sentido,	 as	 ideias	 que	 empreendemos	 ao	 refletir	 sobre	 esse	 tema	 nos
levaram	às	seguintes	considerações:
O	 aperfeiçoamento	 do	 ensino	 da	 produção	 de	 documentos	 escritos
referentes	ao	usuário	de	serviços	de	Psicologia	deve	ser	uma	preocupação
constante	 das	 instituições	 formadoras	 e	 normativas,	 devido	 a	 sua
significativa	 importância	 na	 formação	 do	 aluno-terapeuta,	 bem	 como	 em
razão	das	especificidades	que	se	referem	à	propriedade	de	seu	uso.
O	relato	da	sessão	deve	refletir,	mesmo	que	parcialmente,	o	ocorrido	nos
atendimentos	 clínicos	 e	 na	 relação	 terapêutica,	 de	 forma	 que	 o	 paciente
possa	 reconhecer-se	 no	 material	 escrito	 produzido,	 respeitando-se	 as
questões	éticas	e	de	sigilo	profissional.
A	 experiência	 vivida	 por	 nós,	 como	 formadores,	 ensinou-nos	 que	 o
oferecimento	de	alguns	norteadores	que	direcionam	o	aluno	na	realização
da	 tarefa	 de	 relatar	 a	 experiência	 clínica	 revela-se	 como	 uma	 atividade
objetiva	e	profícua.
Tais	 norteadores	 podem	 estar	 baseados	 em	 pontos	 teóricos	 e	 técnicos
ligados	 ao	 procedimento	 utilizado	 para	 a	 realização	 do	 acompanhamento
psicológico,	 sendo	 aqui	 explicitados	 os	 pontos	 referentes	 ao
psicodiagnóstico	interventivo.
Os	 norteadores	 também	 refletem	 as	 necessidades	 institucionais,	 podendo
6.
7.
variar	 em	 ordem	 ou	 importância,	 dependendo	 do	 contexto	 vivido	 pela
equipe	de	supervisores	e	alunos	na	instituição	formadora.
No	caso	deste	 capítulo	 sobre	o	psicodiagnóstico	 interventivo,	visto	como
processo	 dinâmico	 e	 interativo,	 destacamos	 alguns	 norteadores
relacionados	aos	relatos	da	entrevista	com	pais,	da	hora	de	jogo	diagnóstica
e	 para	 aplicação	 de	 testes	 psicológicos,	 com	 o	 objetivo	 de	 exemplificar,
utilizando	esses	contextos,	o	oferecimento	de	diretrizes	que	funcionariam,
ao	 mesmo	 tempo,	 como	 auxiliares	 pedagógicos	 e	 técnicos	 da	 tarefa	 de
relatar.
Não	há	uma	forma	única	de	ensinar	a	elaboração	de	relatos	de	sessão,	mas
entendemos	 a	 importância	 da	 capacidade	 do	 supervisor	 de	 interagir	 e	 se
relacionar	 com	 os	 estagiários	 de	 modo	 que	 resulte	 em	 um	 encontro
produtivo,	 que	 contribua	 para	 a	 formação	 profissional,	 ao	mesmo	 tempo
que	 atinja	 o	 objetivo	 de	 oferecer	 um	 serviço	 psicológico	 e	 atenda	 à
demanda	do	usuário	da	instituição.
Nesse	sentido,	neste	capítulo,	nos	atemos	a	alguns	dispositivos	norteadores	da
forma	 de	 relatar	 no	 psicodiagnóstico	 interventivo,	 procurando	 contribuir	 para	 a
reflexão	sobre	as	narrativas	clínicas	e	sua	utilização	na	organização	do	prontuário	e
do	registro	documental	no	exercício	profissional	da	psicologia	clínica.
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1.	 Referimo-nos	 aqui	 ao	 Centro	 de	 Psicologia	 Aplicada	 —	 Unip-Campinas	 (SP)	 e	 aos	 psicólogos-
supervisores	 de	 estágio	 em	 Psicodiagnóstico	 Interventivo,	 que	 sempre	 buscaram	 realizar	 um	 trabalho	 em
equipe.
	XI. A elaboração de relatos de atendimento em psicodiagnóstico interventivo: sua importância na formação do aluno-estagiário

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