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Caderno de estudos Cineantropometria UNIP

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UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP 
CAMPUS GOIÂNIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CINEANTROPOMETRIA 
 
 
CADERNO DE ESTUDOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 
 
Caderno de Estudos de Cineantropometria 
UNIDADE I 
1 INTRODUÇÃO: DEFINIÇÕES E ETAPAS DE UM PROGRAMA DE AVALIAÇÃO 
 
1.1 Definições 
 
Cineantropometria 
“Estudo do corpo humano, de forma estática e dinâmica, em relação a estrutura, funções gerais e todas 
suas relações internas e externas, com o objetivo de análise do desempenho, em especial de aspectos de condição 
física, seguimento de crescimento/desenvolvimento e análise de fatores intervenientes, inclusive os nutricionais” 
(KISS, p.19, 2003). 
Kiss (2003) ainda divide a cineantropometria em aspectos morfológicos e funcionais. No primeiro 
grupo considera a estrutura física, analisada pelas diferentes medidas somáticas de rotina, como massa, estatura, 
perímetros, diâmetros e comprimentos, associadas a proporcionalidade, somatotipo, composição corporal e 
maturação sexual. Já no segundo grupo, são englobadas as variáveis condicionais, como resistência aeróbia 
(potência e capacidade aeróbia), resistência anaeróbia (potência e capacidade lática e alática) e velocidade, bem 
como, força/potência muscular e flexibilidade. 
 
Os conceitos de medir, avaliar e testar são muitas vezes utilizados como sinônimos nos processos de 
coleta de informações na área de Educação Física, sendo, na verdade, processos distintos. 
 
Medir 
“É associar um número a determinada característica (propriedade) de um ser, de um objeto ou de um evento 
conforme regras preestabelecidas” (KISS, p.3, 2003). 
 
“Medir significa determinar a quantidade, a extensão ou o grau de determinado atributo com base em um sistema 
convencional de unidades. O resultado de uma medida é expresso de forma numérica. (...) basicamente um 
processo descritivo” (GUEDES e GUEDES, p.1, 2006). 
 
Avaliar 
 “É realizar um julgamento de valor sobre a medida, ou seja, interpretá-la em função do objetivo que determinou 
a realização da medida” (KISS, p.3, 2003). 
 
“Avaliar é julgar ou fazer apreciações do atributo selecionado, com base em uma escala de valores. Dessa forma, 
avaliação consiste na coleta de dados quantitativos e/ou qualitativos e na interpretação dessas informações com 
base em referenciais previamente definidos. (...) define-se como um processo interpretativo” (GUEDES e 
GUEDES, p.1, 2006). 
 
Testar 
“Consiste em verificar o desempenho de alguém mediante situações previamente organizadas e padronizadas, 
denominadas testes. O teste é, portanto, apenas um dos diversos instrumentos de medida” (GUEDES e 
GUEDES, p.2, 2006). 
 
Menos abrangente Mais abrangente 
Testar Medir Avaliar 
Verificar desempenho mediante situações 
previamente organizadas e padronizadas 
denominadas “testes” 
Descrever fenômenos do ponto de vista 
quantitativo 
Interpretar dados quantitativos e qualitativos 
para obter parecer ou julgamento de valores 
com bases referenciais previamente 
definidos 
Figura 1: Testar, medir e avaliar. Fonte: (GUEDES e GUEDES, 2006). 
 
1.2 Aspectos relacionados à qualidade das informações 
 
Validade 
“A validade de um instrumento é diretamente proporcional ao grau ou à extensão em que realmente testa ou 
mede o fenômeno ou a dimensão que constituem o seu objeto”. “O quanto uma medida realmente mede aquilo 
que se pressupõe que ela meça” (GUEDES e GUEDES, p.2-8, 2006). 
 
Erros de medida 
Erros de medida na maioria das vezes são causados pelas constantes alterações que podem surgir com 
relação aos avaliadores, aos avaliados e aos instrumentos utilizados. Os erros são mais frequentes quando mais 
avaliadores estiverem envolvidos na coleta dos dados e não houver padronização das medidas (GUEDES e 
GUEDES, 2006). 
3 
 
Caderno de Estudos de Cineantropometria 
 
Valores de referência: Norma ou critério 
Avaliações com referência a normas são planejadas com o intuito de estimar a posição dos avaliados 
em relação a outros sujeitos de idênticas características. Já avaliações referenciadas em critérios são planejadas 
para verificar se os avaliados alcançam determinados níveis específicos de competência sem levar em 
consideração que outros tenham atingido o mesmo nível de proficiência (GUEDES e GUEDES, 2006). 
 
 
1.3 Etapas de um programa de avaliação 
 
1.3.1 Finalidade - Porque medir e avaliar 
Definir com que finalidade se realizarão as avaliações é o ponto de partida para as tomadas de 
decisões. Guedes e Guedes (2006) estabelecem as seguintes etapas para o delineamento de um programa de 
avaliação na área da Educação Física: finalidade; definição dos atributos; referenciais de análise; seleção dos 
instrumentos de medida; aplicação dos instrumentos de medida; análise das informações; e disseminação dos 
resultados. 
 
Figura 2: Etapas do delineamento de um programa de avaliação em Educação Física. 
Fonte: GUEDES e GUEDES (2006). 
 
Kiss (2003) relata que ao receber um novo atleta para treinamento, por exemplo, seu técnico deverá 
verificar suas condições biológicas, psicológicas e sociais e, para isso, deverá utilizar instrumentos de avaliação 
que permitam orientar adequadamente o treinamento. Por meio da avaliação, poderá determinar as sobrecargas 
que irá utilizar, em função da periodização e especificidade da modalidade. 
Guedes e Guedes (2006) resumem as finalidades para a avaliação no campo da Educação Física da 
seguinte forma: 
a) Reunir subsídios para o acompanhamento do processo de ensino aprendizagem; 
b) Permitir a detecção, a seleção e a promoção de talentos para a prática de esportes direcionados ao alto 
rendimento; 
c) Oferecer informações voltadas à prescrição e à orientação da prática de atividades físicas/exercícios 
físicos; 
d) Contribuir na elaboração de diagnósticos direcionados ao acompanhamento do estado de saúde; 
e) Alimentar bancos de dados com finalidade de desenvolver pesquisas de cunho científico. 
 
 
4 
 
Caderno de Estudos de Cineantropometria 
1.3.2 Quando avaliar 
A avaliação deve ser feita antes, durante e após o treinamento esportivo. No início tem função 
diagnóstica da condição física (capacidades condicionais), técnica (capacidades coordenativas) e psicológica. 
Durante o treinamento, tem função formativa, ou seja, acompanhamento do treinamento a médio e longo prazo e, 
após o treinamento, tem função somativa, ou em outras palavras, verificar se os objetivos previstos foram 
alcançados (KISS, 2003). 
 
1.3.3 Definição dos atributos (variáveis) a serem avaliadas 
O rol de atributos (variáveis) selecionados para a avaliação deverá ser grande o suficiente para atender 
em toda a sua plenitude aos objetivos propostos, mas pequeno o suficiente para não contaminar a quantidade das 
informações. No caso da Educação Física, segundo Guedes e Guedes (2006), as variáveis que mais 
frequentemente interessam aos profissionais da área são: 
a) Crescimento físico 
b) Maturação biológica 
c) Desempenho motor 
d) Proporcionalidade corporal 
e) Somatotipo 
f) Composição corporal 
g) Estado nutricional 
h) Atividade física habitual 
i) Aspectos funcionais: sistemas de mobilização energética 
j) Aspectos funcionais: aparelho locomotor 
 
1.3.4 Determinação dos referenciais de análise 
Formulados os objetivos de avaliação e definidas as variáveis de interesse a serem mensuradas, faz-se 
necessário estabelecer o referencial de análise, devendo-se, portanto, optar por: avaliação referenciada por 
normas ou referenciada em critérios (GUEDES e GUEDES, 2006). 
 
1.3.5 Escolha dos instrumentos de medida 
Os instrumentos de medida que melhor podem auxiliar o Profissional deEducação Física, segundo 
Guedes e Guedes (2006) são: testagem, medição, observação, entrevista e questionários. 
 
Atributos Instrumentos de medida 
Crescimento físico Medição Medidas antropométricas 
Maturação biológica 
Medição 
Observação 
Medidas antropométricas 
Técnicas laboratoriais 
Inspeção visual 
Desempenho motor Testagem Testes motores 
Proporcionalidade Medição Medidas antropométricas 
Somatotipo Medição Medidas antropométricas 
Composição corporal Medição 
Medidas antropométricas 
Técnicas laboratoriais 
Indicadores nutricionais 
Medição 
Entrevista 
Questionário 
Medidas antropométricas 
Anamnese alimentar 
Registro dietético 
Atividade física habitual 
Medição 
Observação 
Entrevista 
Questionário 
Monitoração mecânica e fisiológica 
Filmagem e observação direta 
Sistema de mobilização energética 
Testagem 
Medição 
Testes de esforço 
Medidas fisiológicas 
Técnicas laboratoriais 
Sistema musculoarticular 
Testagem 
Medição 
Testes de sobrecarga 
Amplitude de movimentos 
Figura 3: Instrumentos de medida para avaliação de atributos relacionados à educação física. 
Fonte: Guedes e Guedes (2006) 
 
Para avaliar os diferentes aspectos do desempenho esportivo, Kiss (2003) recomenda os seguintes 
meios e técnicas: 
 Documentação: registro sistemático dos objetivos, conteúdos, intensidade e volume dos treinos. 
 Questionamentos/entrevistas: fornecem subsídio sobre aspectos psicológicos e sociais dos atletas. 
 Testes esportivo-motores: meios utilizados na avaliação das capacidades motoras condicionais (resistência, 
força, velocidade e flexibilidade) e coordenativas (equilíbrio, ritmo, orientação espaço-temporal e percepção 
sinestésica), bem como habilidades motoras específicas. 
5 
 
Caderno de Estudos de Cineantropometria 
 Procedimentos da medicina esportiva/fisiologia do esforço: meios que dependem de equipamentos como 
cicloergômetros, esteiras rolantes, exames bioquímicos, eletrocardiogramas, etc., que permitem a avaliação 
do funcionamento dos diferentes sistemas orgânicos do atleta. 
 Procedimentos biomecânicos: análise biomecânica dos movimentos feita em laboratórios através de 
vídeos/filmagens, plataformas de força, eletromiógrafos e baropodômetros etc. 
 Antropometria: avaliação do desenvolvimento corporal do atleta. 
 
1.3.6 Aplicação ou administração dos instrumentos de medida 
Quando se trata de instrumentos de medida que envolvem esforços físicos, atenção especial deve ser 
dada às instruções apresentadas aos avaliados sobre a execução e a ordem dos testes, os procedimentos de 
prática, o aquecimento prévio, tempo de recuperação entre um teste e o seguinte, as condições climáticas, da 
temperatura ambiente e a motivação na tentativa de estimular o avaliado a alcançar o máximo de rendimento. 
Considerações éticas devem incluir exposição clara dos objetivos, riscos inerentes (físicos e psicológicos), bem 
como, garantir que as informações coletas serão mantidas em sigilo e utilizadas única e exclusivamente para fins 
científicos (GUEDES e GUEDES, 2006). 
 
1.3.7 Análise das informações/dados 
A análise diz respeito à interpretação dos resultados obtidos, devendo-se extrair dos resultados brutos 
conclusões legitimadas pelo conhecimento disponível na área e pelos recursos interpretativos coerentes com os 
objetivos a serem alcançados na avaliação, podendo ser necessária a utilização de técnicas estatísticas para essa 
finalidade (GUEDES e GUEDES, 2006). 
 
 
2 ANTROPOMETRIA E COMPOSIÇÃO CORPORAL 
 
De acordo com Queiroga (2005, p.20) antropometria é “o procedimento utilizado para medir o 
tamanho, as dimensões e as proporções do corpo humano”. Para Guedes e Guedes (2006, p.36) é uma “técnica 
sistemática utilizada para medir dimensões corporais do homem”. 
 
2.1 Medidas antropométricas 
 
Dentre as medidas antropométricas mais utilizadas pelos profissionais de educação física estão a 
estatura, comprimentos, massa corporal (peso), perímetros (circunferências), diâmetros ósseos, bem como, 
medidas da espessura das dobras cutâneas. Tais medidas apresentam relação tanto com o desempenho atlético 
como com a saúde. 
As medidas antropométricas devem ser realizadas com instrumentos específicos e procedimentos 
rigorosamente padronizados. 
 
2.1.1 Estatura 
 
A estatura refere-se à distância observada entre dois planos que tangenciam o vértex (ponto mais alto 
da cabeça) e a planta dos pés. Suas medidas podem ser realizadas com o avaliado na posição ortostática (estatura 
em pé) ou em decúbito dorsal (usada apenas em crianças menos de 2-3 anos). Como instrumentos, podem ser 
utilizados o estadiômetro com cursor ou antropômetros. No que diz respeito aos procedimentos, o avaliado e o 
avaliador, segundo Guedes e Guedes (2006), devem: 
Quanto ao avaliado 
a) Estar descalço e com o mínimo de roupa possível; 
b) Posicionar-se em pé, de forma ereta, com os membros superiores pendentes ao longo do corpo, os 
calcanhares unidos e as pontas dos pés afastadas em 60º entre si; 
c) O peso corporal deve estar distribuído igualmente em ambos os pés e a cabeça orientada no plano de 
Frankfurt paralelo ao solo; 
d) Estar em apnéia inspiratória no momento da definição da medida e com as superfícies posteriores dos 
calcanhares, do cíngulo do membro inferior (cintura pélvica), do cíngulo do membro superior (cintura 
escapular) e da região occipital em contato com a escala de medida; 
Quanto ao avaliador: 
a) Posicionar-se em pé do lado direito do avaliado e, se necessário, sobre um banco para observar melhor o 
vértex; 
b) A mão direita no queixo do avaliado ajuda na manutenção do plano de Frankfurt; 
c) A mão esquerda fixa o cursor móvel do antropômetro ou do estadiômetro sobre o vértex e realiza 
pressão suficiente para comprimir o cabelo. 
6 
 
Caderno de Estudos de Cineantropometria 
Guedes e Guedes (2006) sugerem a tomada de três medidas em escala milimétrica, realizadas 
sucessivamente (a cada medida o avaliado deixa a posição e retorna), considerando para análise/registro o valor 
mediano. 
 
 
 Figura 4: Estadiômetro Figura 5: Antropômetro 
 
 
2.1.2 Massa corporal (peso) 
 
Para mensuração da massa corporal podem se utilizar dois tipos de balanças antropométricas, as que 
requerem ajuste manual ou as eletrônicas. Para a determinação da medida o avaliado deve (GUEDES e 
GUEDES, 2006): 
a) Estar descalço e com o mínimo de roupa possível; 
b) Posicionar-se em pé, de frente para a escala de medida da balança, com afastamento lateral das 
pernas, entre as quais estará a plataforma; 
c) O avaliado coloca-se cuidadosamente sobre a plataforma, com um pé de cada vez no centro desta, 
em posição ereta, com os pés afastados à largura dos quadris; 
d) O peso deve estar distribuído igualmente em ambos os pés, os braços ao longo do corpo e o olhar 
em um ponto fixo à sua frente, de modo a evitar oscilações na escala de medida; 
Obs.: O avaliador deve colocar-se à frente do avaliado; Verificar necessidade de realização de 
calibragem da balança, bem como, posicionamento desta em superfície nivelada. 
 
 
2.1.3 Diâmetros ósseos 
 
Diâmetros ósseos são medidas que procuram estabelecer distâncias projetadas entre dois pontos 
anatômicos definidos por proeminências ósseas. Para tanto, utilizam-se antropômetros, compassos de barras ou 
de pontas rombas. Os diâmetros ósseos mais comumente medidos são: biacromial, bicrista-ilíaca, biepicondilar 
do fêmur, biepicondilar do úmero e bimaleolar. Nas medidas que são realizadas nos membros livres (superior e 
inferior), deve-se dar preferência pelo lado direito do corpo (GUEDES e GUEDES, 2006).Figura 6: Compasso de pontas rombas. Fonte: GUEDES e GUEDES, (2006). 
 
As proeminências ósseas usadas como referência devem ser identificadas inicialmente pelo avaliador 
através da palpação e depois demarcar o local exato com lápis dermográfico. Após este procedimento, as pontas 
7 
 
Caderno de Estudos de Cineantropometria 
das hastes do antropômetro são posicionadas nestes pontos anatômicos, empregando discreta pressão. A mão não 
dominante do avaliador deve manter a haste fixa do antropômetro no local desejado enquanto a mão dominante 
desloca a haste móvel em direção ao outro ponto de referência. As medidas devem ser realizadas por três vezes 
consecutivas, considerando para análise/registro o valor mediano. A leitura da medida é feita com as hastes do 
antropômetro voltadas para cima (GUEDES e GUEDES, 2006). 
Procedimentos para a realização das medidas: 
Diâmetro biacromial: corresponde à distância entre as bordas que mais se projetam lateralmente do 
acrômio da escápula (direito e esquerdo). 
a) O avaliado deve posicionar-se em pé, de forma ereta, com os membros superiores pendentes ao 
longo do corpo, os pés afastados à largura dos quadris, o peso corporal dividido igualmente em 
ambos os pés e a cabeça orientada no plano de Frankfurt; 
b) O avaliador deve se colocar atrás do avaliado, o que lhe permite localizar facilmente os pontos 
anatômicos; 
 
Diâmetro bicrista-ilíaca: equivale à distância dos pontos mais salientes e projetados lateralmente da 
crista ilíaca (usar como referência a linha axilar média). 
a) O avaliado deve posicionar-se em pé, de forma ereta, com os membros superiores pendentes ao 
longo do corpo, os pés afastados à largura dos quadris, o peso corporal dividido igualmente em 
ambos os pés e a cabeça orientada no plano de Frankfurt; 
b) O avaliador deve se posicionar à frente do avaliado; 
 
Diâmetro biepicondilar do fêmur: corresponde à distância projetada entre os epicôndilos medial e 
lateral do fêmur. 
a) O avaliado deve posicionar-se sentado, com os joelhos flexionados a 90º e os pés apoiados no 
solo; 
b) O avaliador agacha-se de frente para o avaliado; 
 
Diâmetro bimaleolar: corresponde à distância entre as projeções mais salientes do maléolo medial 
(tíbia) e lateral (fíbula). 
a) O avaliado deve sentar-se com os pés apoiados no solo e afastados à largura aproximada dos 
quadris; 
b) O avaliador posiciona-se agachado à frente do avaliado. 
Obs.: as hastes do antropômetro devem ser posicionadas obliquamente, considerando que os maléolos 
encontram-se em planos diferentes. 
 
Diâmetro biepicondilar do úmero: corresponde à distância projetada entre as bordas mais externas dos 
epicôndilos medial e lateral do úmero. 
a) O avaliado deve estar sentado, com o ombro e o cotovelo direito flexionados à 90º 
respectivamente, mãos em supinação (palma voltada para o rosto); 
b) O avaliador fica de pé, de frente para o avaliado; 
 
Diâmetro biestilóide: compreende a distância projetada entre os processos estilóides da ulna e do 
rádio. 
a) O avaliado deve estar sentado, flexão de ombro a 90º, mão em posição pronada (palma voltada 
para baixo) e com flexão de punho; 
b) O avaliador se posiciona em pé à frente do avaliado. 
 
 
8 
 
Caderno de Estudos de Cineantropometria 
 
 
Figura 7: Medidas dos diâmetros (biacromial, bricrista-ilíaca, biepicondilar do fêmur, bimaleolar, biepicondilar do úmero e biestilóide). 
Fonte: TERRAZUL, (2010). 
 
 
 
2.1.4 Comprimentos 
 
As medidas de comprimento, segundo Guedes e Guedes (2006), correspondem às distâncias 
projetadas entre dois pontos de referência anatômica, estabelecidas paralelamente ao eixo longitudinal do 
segmento. Suas dimensões são medidas com o auxílio de antropômetros ou compassos de barra ou pelas 
diferenças aritméticas entre as alturas de diferentes segmentos. 
Deve-se localizar as proeminências ósseas (referências anatômicas) através da palpação e, 
posteriormente, demarcar a pele com lápis dermográfico, facilitando assim, o posicionamento do antropômetro. 
A mão não dominante do avaliador deve manter a haste fixa do antropômetro no local desejado enquanto a mão 
dominante desloca a haste móvel em direção ao outro ponto de referência. As medidas devem ser realizadas por 
três vezes consecutivas, considerando para análise/registro o valor mediano (GUEDES e GUEDES, 2006). 
Procedimentos 
Comprimento dos membros inferiores: corresponde à distância entre o ponto mais superior do 
trocanter maior do fêmur e o plano que tangencia a planta dos pés. 
a) O avaliado deve posicionar em pé, de forma ereta, com os membros superiores pendentes ao 
longo do corpo, os pés afastados à largura dos quadris, o peso corporal igualmente distribuído 
entre ambos os pés e a cabeça orientada no plano de Frankfurt; 
b) O avaliador deve colocar-se agachado, lateralmente à direita do avaliado. 
 
Comprimento da coxa: corresponde à distância entre o ponto mais superior do trocanter maior do 
fêmur e a extremidade súpero-lateral da tíbia. 
a) O avaliado deve adotar posição similar à adotada na medida do membro inferior; 
b) O avaliador deve adotar posição similar à adotada na medida do membro inferior; 
 
Comprimento da perna: compreende a distância entre a extremidade súpero-lateral da tíbia e a porção 
mais distal e inferior do maléolo tibial (projetado lateralmente). 
c) O avaliado deve adotar posição similar à adotada na medida do membro inferior; 
d) O avaliador deve adotar posição similar à adotada na medida do membro inferior; 
 
Comprimento dos membros superiores: corresponde à distância projetada entre a borda mais lateral do 
acrômio da escápula e o ponto dactílio (ponto mais distal do 3º dedo). A haste fixa deve ser 
posicionada sobre o ponto acromial. 
a) O avaliado deve posicionar-se em pé, de forma ereta, os membros superiores pendentes ao lado 
do corpo, a palma das mãos voltada para a coxa, os pés afastados à largura dos quadris, o peso 
corporal equilibrado entre ambas as pernas e a cabeça orientada no plano de Frankfurt; 
b) O avaliador se coloca em pé, lateralmente à direita do avaliado; 
9 
 
Caderno de Estudos de Cineantropometria 
Comprimento do braço: corresponde à distância projetada entre a borda mais lateral do acrômio da 
escápula e a extremidade externa da interlinha umerorradial. A haste fixa deve ser posicionada sobre o 
ponto acromial. 
a) O avaliado deve posicionar-se em pé, de forma ereta, pés afastados à largura dos quadris, o peso 
corporal equilibrado entre ambos as pernas, a cabeça orientada no plano de Frankfurt, os braços 
na vertical, lateralmente ao corpo, cotovelos flexionados a 90º, palma das mãos voltada para o 
lado medial (para dentro), dedos unidos e estendidos e o polegar apontando para cima; 
b) O avaliador se coloca em pé, lateralmente à direita do avaliado; 
 
Comprimento do antebraço: equivale à distância em projeção da extremidade externa da interlinha 
umerorradial à extremidade distal do processo estilóide do rádio (projetado). A haste fixa deve ser 
posicionada na porção proximal do úmero-radio. 
a) O avaliado deve adotar posição idêntica à adotada na medida do comprimento do braço; 
b) O avaliador deve adotar posição idêntica à adotada na medida do comprimento do braço; 
 
 
 
Figura 8: Medidas dos comprimentos (membro inferior, coxa, perna, membro superior, braço e antebraço). 
Fonte: GUEDES e GUEDES, (2006). 
 
 
2.1.5 Perímetros (circunferências) 
 
Os perímetros são medidas circulares (circunferências) de segmentos específicos, obtidas no plano 
horizontal, perpendicularmente ao eixo longitudinal do corpo. Para realização das medidas utiliza-se fita métrica 
flexível não elástica, com definiçãodas dimensões milimétricas, preferencialmente com largura entre 5 e 7 mm e 
espessura não superior a 2 mm e com dispositivo para controle da pressão exercida sobre a pele (GUEDES e 
GUEDES, 2006). 
 
 
Figura 9: Fita métrica flexível. Fonte: GUEDES e GUEDES, (2006). 
 
Os mesmos autores ainda registram que ao se fazer a medida, deve-se circundar o segmento a ser 
medido com a fita métrica, aproximando as pontas na tentativa de cruzar as extremidades desta à altura do ponto 
10 
 
Caderno de Estudos de Cineantropometria 
zero. A orientação da fita deve ser perfeitamente horizontal em relação ao plano definido, bem como, deve-se 
exercer uma leve pressão, que equivale ao ponto mínimo de utilização da capacidade elástica da mola. 
Os pontos anatômicos de referência devem ser demarcados com o auxílio de um lápis dermográfico e 
as medidas realizadas sobre a pele nua (sempre que possível). A medida dos perímetros deve ser realizada por 
três vezes consecutivas, considerando-se o valor mediano para registro/análise (GUEDES e GUEDES, 2006). 
Procedimentos 
Perímetro do braço: refere-se à circunferência obtida na distância média entre a borda mais lateral do 
acrômio da escápula e o olécrano. Para identificar o ponto de referência, o avaliado deve flexionar o cotovelo a 
90º, com a palma da mão voltada para cima. 
a) O avaliado deve posicionar-se em pé, de forma ereta, pés afastados à largura dos quadris, o peso 
corporal equilibrado entre ambas as pernas, a cabeça orientada no plano de Frankfurt, os 
membros superiores pendentes ao lado do corpo, e palma das mãos voltada paras as coxas; 
b) O avaliador se posiciona em pé, à direita do avaliado; 
 
Perímetro do antebraço: corresponde à circunferência encontrada no ponto de maior volume 
identificado nesse segmento anatômico. 
a) O avaliado deve posicionar-se em pé, de forma ereta, pés afastados à largura dos quadris, o peso 
corporal equilibrado entre ambas as pernas, a cabeça orientada no plano de Frankfurt, os 
membros superiores pendentes ao lado do corpo; contudo, com o braço e o antebraço direito 
discretamente afastado do corpo e com a mão em posição de supinação; 
b) O avaliador coloca-se em posição ântero-lateral em relação ao avaliado; 
 
Perímetro da coxa: equivale à circunferência identificada no ponto correspondente à distância média 
entre o trocanter maior e a extremidade súpero-lateral da tíbia. Demarcar a protuberância mais 
superior do trocanter maior e da extremidade súpero-lateral da tíbia. 
a) O avaliado deve posicionar-se em pé, de forma ereta, o peso corporal equilibrado entre ambas as 
pernas, a cabeça orientada no plano de Frankfurt, os membros superiores pendentes ao lado do 
corpo, coxas afastadas o suficiente para manusear livremente a fita; 
b) O avaliador fica agachado lateralmente à direita do avaliado; 
 
Perímetro da perna – medial: corresponde à circunferência do ponto de maior volume geminal (para 
tanto, mover a fita em torno e ao longo da perna). 
a) O avaliado deve posicionar-se em pé, de forma ereta, o peso corporal equilibrado entre ambas as 
pernas, a cabeça orientada no plano de Frankfurt, os membros superiores pendentes ao lado do 
corpo, coxas afastadas o suficiente para manusear livremente a fita; 
b) O avaliador fica agachado lateralmente à direita do avaliado; 
 
 
Figura 10: Medida dos perímetros (braço, antebraço, coxa e perna). Fonte: GUEDES e GUEDES, (2006). 
 
Perímetro da cintura: corresponde à menor circunferência da cintura, habitualmente acima do umbigo 
(2,5 cm acima do umbigo). A mensuração é feita após uma expiração normal (ACSM, 2006). 
a) O avaliado deve posicionar-se em pé, de forma ereta, o peso corporal equilibrado entre ambas as 
pernas, a cabeça orientada no plano de Frankfurt, os membros superiores pendentes ao lado do 
corpo, mas ligeiramente afastadas para permitir o livre acesso ao ponto de referência; 
b) O avaliador se posiciona em pé, à frente do avaliado; 
 
11 
 
Caderno de Estudos de Cineantropometria 
Perímetro do quadril: corresponde à maior circunferência ao redor das nádegas, acima da prega glútea 
(ACSM, 2006). 
a) O avaliado deve posicionar-se em pé, de forma ereta, o peso corporal equilibrado entre ambas as 
pernas, a cabeça orientada no plano de Frankfurt, os membros superiores pendentes ao lado do 
corpo, mas ligeiramente afastadas para permitir o livre acesso ao ponto de referência; 
b) O avaliador fica agachado lateralmente à direita do avaliado; 
 
Perímetro do tórax: corresponde à altura da quarta articulação esternocostal. Além deste ponto, a 
literatura indica também: altura dos mamilos e na altura do apêndice xifóide do esterno (TERRAZUL 
SOFTWARE, 2010). 
a) O avaliado deve posicionar-se em pé, de forma ereta, o peso corporal equilibrado entre ambas as 
pernas, a cabeça orientada no plano de Frankfurt, os membros superiores pendentes ao lado do 
corpo, mas ligeiramente afastadas para permitir o livre acesso ao ponto de referência; 
b) O avaliador se posiciona em pé, à frente do avaliado; 
 
 
 
Figura 11: Medidas dos perímetros (cintura, quadril e tórax). Fonte: TERRAZUL SOFTWARE, (2010). 
 
 
2.2 Composição corporal 
 
Entende-se por composição corporal de um corpo os constituintes que, combinados, formam uma 
estrutura única. A avaliação da composição corporal desempenha importante função no controle da massa 
corporal (peso corporal), pois fornece subsídios para: prescrever e orientar exercícios físicos; recomendar o 
consumo energético adequado; e como critério para acompanhamento das condições de saúde tanto individual 
quanto populacional (QUEIROGA, 2005). 
Os modelos de análise da composição corporal que permitem fracionar o peso corporal (gordura 
corporal e massa corporal magra ou massa livre de gordura) fornecem informações valiosas a respeito das 
adaptações ocorridas em seus componentes, seja mediante a prática de exercícios físicos, dieta alimentar, ou 
ambos. A gordura corporal é apenas uma subcategoria dos lipídeos e compreende a parcela de lipídios simples 
(triglicerídeos). Aproximadamente 90% da quantidade de lipídeos do corpo são de natureza simples, não 
essenciais. Já a massa corporal magra é o componente da composição corporal constituído pelos músculos, 
ossos, bem como, outros tecidos que incluem pele, órgãos, tecido nervoso, sangue, cabelos etc. (QUEIROGA, 
2005). 
Os procedimentos para determinação da composição corporal são classificados em métodos diretos, 
indiretos e duplamente indiretos (figura 12). 
 
Procedimentos diretos 
Dissecação macroscópica 
Extração lipídica 
Procedimentos indiretos 
Hidrometria (bioquímica) 
Espectometria de raios gama (bioquímica) 
Ativação de nêutrons (bioquímica) 
Excreção de creatina (bioquímica) 
Radiologia convencional (imagem) 
Ultra-sonografia (imagem) 
Tomografia axial computadorizada (imagem) 
Ressonância magnética nuclear (imagem) 
Absortometria radiológica de dupla energia (DEXA) (imagem) 
Pesagem hidrostática (densitometria) 
Pletismografia (densitometria) 
Procedimentos duplamente indiretos 
Condutividade elétrica corporal total 
Interactância de raios infravermelhos 
Bioimpedância elétrica 
Antropometria 
Figura 12: Procedimentos para determinação da composição corporal. Fonte: GUEDES e GUEDES (2006). 
12 
 
Caderno de Estudos de Cineantropometria 
Nos procedimentos diretos obtêm-se informações in vitro precisas dos diferentes tecidos do corpo. 
Nos indiretos, são obtidas informações sobre as variáveis de domínio físico e químico e, posteriormente, 
estimam-se os componentes de gordura e de massa isenta de gordura. Já nos procedimentos duplamente 
indiretos, são utilizadas equações de regressão a fim de predizer as variáveis associadasaos procedimentos 
indiretos que, por sua vez, deverão estabelecer estimativas a respeito dos componentes da composição corporal 
(GUEDES e GUEDES, 2006). 
O método antropométrico para estimativa da composição corporal é simples de ser utilizado, é de fácil 
interpretação, requer pouco tempo, equipamento, tem baixo custo e é bastante seguro. No entanto, o domínio 
exato das técnicas requer treinamento rigoroso e fiel seguimento aos procedimentos de medidas (QUEIROGA, 
2005). Dentre os métodos duplamente indiretos, os mais práticos e frequentemente utilizados pelos profissionais 
de educação física são a bioimpedância elétrica e as medidas antropométricas que envolvem a espessura das 
dobras cutâneas (EDC), perímetros (circunferências) e diâmetros ósseos. 
 
2.2.1 Índice de Massa Corporal (IMC) 
 
O índice de massa corporal (IMC), também conhecido como índice de Quetelet, é obtido dividindo a 
massa corporal (peso corporal) em quilogramas pela estatura em metros elevada ao quadrado. 
 
IMC = peso 
 estatura
2
 
 
Embora o IMC não forneça informações acerca dos componentes da massa corporal, sua 
aplicabilidade não poder ser ignorada, já que envolve medidas relativamente fáceis de serem obtidas e é um 
método rápido e barato na determinação da obesidade. Uma limitação na utilização do IMC para profissionais de 
educação física está no fato de que a medida não fraciona os componentes massa gorda e massa magra. 
 
2.2.2 Avaliação da composição corporal através da medida da espessura das dobras cutâneas (EDC) 
 
De acordo com Queiroga (2005), como qualquer outro método que procura estimar a quantidade de 
gordura corporal, o uso da espessura das dobras cutâneas (EDC) está sujeito a inúmeros erros, normalmente 
associados com o equipamento (modelo do compasso), a técnica (duplamente indireta), habilidade do avaliador 
com os procedimentos de medida, a localização do ponto anatômico e o destaque da dobra, além dos erros 
referentes à escolha da equação/protocolo. Alguns pesquisadores afirmam que as fontes de erros em potencial 
estão relacionadas ao tipo de compasso (de acordo com a equação/protocolo) e a precisão dos avaliadores. A 
habilidade do avaliador em medir as EDC é adquirida com muita prática (medida das dobras cutâneas de 50 a 
100 sujeitos). 
A compressibilidade (sujeitos obesos, magros, idosos, hipertrofiados), e grossura da pele, quais os 
locais e quantas regiões são necessárias para representar a gordura corporal, o padrão de gordura interna e 
subcutânea e a variabilidade do conteúdo da gordura podem comprometer a análise da composição corporal 
mediante a técnica das EDC (QUEIROGA, 2005). 
O uso das EDC em indivíduos muito obesos deve ser evitado, uma vez que a localização dos pontos 
anatômicos, o destaque do tecido adiposo e a abertura da mandíbula do compasso não atenderão aos padrões 
necessários para uma boa medida, sendo mais recomendado, neste caso, o método antropométrico anteriormente 
mencionado. 
O instrumento utilizado para realizar as medidas das EDC é o compasso, também conhecido como 
adipômetro, espessímetro ou plicômetro. Os mais recomendados são o Lange (norte-americano e com 30mm
2
 de 
área de contato) e Harpenden (inglês e com 90mm
2
 de área de contato), embora o Cescorf (90mm
2
 de área de 
contato), de fabricação nacional seja usado em larga escala (similar ao Harpenden). 
 
 
Figura 13: Compassos de dobras cutâneas. 
 
Localização do ponto anatômico: Para que a medida das EDC possam ser comparadas entre 
avaliadores, é preciso adotar os mesmos procedimentos de localização e coleta dos dados. A demarcação do 
local com lápis dermográfico é de suma importância, principalmente quando se está ensinando ou aprendendo a 
13 
 
Caderno de Estudos de Cineantropometria 
realizar as medidas. Seguem a seguir, os procedimentos e a localização adequada para a medida das EDC, 
adotados por diversos autores. 
 
 
 
 
Figura 14: Procedimentos para a localização e medida das EDC. Fonte: QUEIROGA (2005). 
14 
 
Caderno de Estudos de Cineantropometria 
 
 
 
 
Figura 15: Localização e medida das EDC. Fonte: QUEIROGA (2005). 
15 
 
Caderno de Estudos de Cineantropometria 
 
 
 
Figura 16: Localização e medida das EDC. Fonte: QUEIROGA (2005). 
 
16 
 
Caderno de Estudos de Cineantropometria 
 
Figura 17: Localização e medida das EDC. Fonte: QUEIROGA (2005). 
 
2.2.2.1 Procedimentos para medir e localizar as EDC 
 
Além da escolha do compasso, da exata localização do ponto anatômico e da familiarização com a 
técnica de medida, alguns procedimentos devem ser adotados para padronizar a coleta das medidas das EDC. 
a) As medidas deverão ser realizadas no lado direito do corpo; 
b) As regiões a serem medidas devem ser cuidadosamente definidas com marcas na pele, utilizando 
lápis dermográfico; 
c) Destacar a pele adjacente ao tecido subcutâneo com o polegar e o indicador, movimentando 
delicadamente para separá-lo do tecido muscular; 
d) Destacar a dobra iniciando a pinçada a aproximadamente 8 cm entre os dedos (quanto mais 
espesso o tecido, maior a distância); 
e) Elevar o suficiente a dobra para permitir a colocação da mandíbula do compasso; 
f) Com o polegar e o indicador, elevar e destacar a dobra firmemente a uma distância de um 
centímetro da região na qual a dobra está sendo medida; 
g) Manter a dobra elevada enquanto se realiza a medida; 
h) Aplicar o compasso perpendicularmente à dobra; 
i) Realizar uma série de três medidas no mesmo local, de forma alternada em relação às demais; 
j) A compressão do compasso na pele fará com que o indicador de leitura apresente valores 
decrescentes, portanto, a medida deverá ser lida em 1 a 2 segundos; 
k) O resultado deverá ser lido e registrado em milímetros (mm); 
l) Para efeito de cálculo, deve-se considerar o valor intermediário entre as três medidas realizadas. 
 
2.2.2.2 Equações e determinação da densidade e gordura corporal 
 
A correta seleção de uma equação para predição da densidade corporal e do percentual de gordura é 
uma tarefa fundamental para a obtenção de estimativas realísticas da composição corporal. Estas equações 
podem ser específicas (população com variações de idade e adiposidade bem reduzidas) e generalizadas (grupos 
heterogêneos). A escolha pelo modelo deve levar em consideração os objetivos da avaliação e, especialmente, as 
características da população que será avaliada. 
Equações específicas devem ser empregadas em sujeitos representativos apenas da população para a 
qual a equação foi criada. Como vantagem, as equações generalizadas atendem grupos com características mais 
amplas em idade e adiposidade. 
De acordo com Queiroga (2005), as equações generalizadas de maior destaque foram desenvolvidas 
por Jackson e Pollock (1978) para homens; Jackson, Pollock e Ward (1980) para mulheres; e Petroski (1995) 
para homens e mulheres. Para maiores detalhes, consultar Queiroga (2005). 
17 
 
Caderno de Estudos de Cineantropometria 
2.2.3 Avaliação da composição corporal mediante medidas de perímetros (circunferências) 
 
A grande vantagem da avaliação da composição corporal mediante medidas de perímetros é que 
supera algumas limitações impostas ao uso dos compassos de dobras cutâneas, como por exemplo, o custo 
comercial e a impossibilidade do emprego da técnica de medida das EDC em indivíduos obesos, além de: 
 Possibilitar reduzir o erro de medida intra e interavaliadores; 
 Serem mais reprodutivas do que as medidas das EDC; 
 Requerem menor habilidade técnica para a medida do que as EDC; 
 Permitem avaliar pessoas obesas (≥ 30% gordura) sem a problemática do limite de abertura da 
mandíbula dos compassos.Algumas equações generalizadas desenvolvidas para homens e mulheres por Tran e Weltman (1988 e 
1989) apud Queiroga (2005), usando perímetros, estatura, peso corporal e idade, para estimativa da densidade 
corporal, são comparáveis àquelas com utilização de compassos. 
 
Equação de Tran e Weltman (1988) – Homens (brancos e negros = 22 – 78 anos) 
DC = 1,2114223 – 0,0013803819 (C12) – 0,0006135732 (C5) – 0,0005001182 (C15) + 0,0008460263 (PC) 
 
Equação de Tran e Weltman (1989) – Mulheres (brancas = 15 – 79 anos) 
DC = 1,168297 – 0,002824 (C12) + 0,0000122098 (C12)2 – 0,000733128 (C5) + 0,000510477 (ES) – 0,000216161(ID) 
 
Equação de Tran e Weltman (1988) – Homens (brancos – 22 – 78 anos) 
%G = 0,57914807 (C12) + 0,25189114 (C5) + 0,21366088 (C15) – 0,35595404 (PC) – 47,371817 
 
Legenda: 
PC = Peso corporal 
ES = Estatura 
ID = Idade 
C5 = Circunferência do quadril: maior amplitude (cm) 
C12 = Valor médio entre as medidas C1 e C2 (cm) 
C1 = C. Abdome1: ponto médio entre o processo xifóide e o umbigo (cm) 
C2 = C. Abdome2: linha do umbigo (cm) 
C15 = Circunferência ilíaca: anterior superior à crista ilíaca (cm) 
 
 
2.2.4 Estimativa da distribuição da gordura corporal através de perímetros (circunferências) 
 
Estimar a quantidade de tecido adiposo abdominal interno, bem como, suas consequências por meio 
do método antropométrico é de grande relevância na avaliação do estado de saúde individual e populacional, em 
razão da simplicidade na utilização e interpretação dos resultados. 
O profissional de educação física tem a sua disposição duas técnicas principais para a estimativa da 
distribuição da gordura corporal mediante circunferências: uma conhecida como Relação Cintura/Quadril 
(RC/Q) e a outra que considera tão somente a medida da circunferência abdominal. A utilidade da RC/Q se 
fundamenta na associação desta relação com medidas obtidas por tomografia computadorizada e associação com 
complicações metabólicas, além de ser considerada melhor preditor de mortes do que o IMC. Desta forma, a 
RC/Q é aceita como um índice de gordura abdominal interna e como indicador de distúrbios metabólicos 
(QUEIROGA, 2005), embora muitos autores afirmem que a medida abdominal é o melhor indicador de gordura 
interna e de distúrbios metabólicos (DESPRÉS, et al., 1991; HOUMARD et al., 1994 apud QUEIROGA, 2005). 
Intervalos críticos de circunferência do abdome que estão fortemente associados com a pressão 
arterial elevada, diabetes mellitus e outros fatores de risco compreendem a faixa de valores de 92-102 e 88-99 
cm para homens e mulheres respectivamente (HAN et al., 1995 e SÁNCHEZ-CASTILLO et al., 2003 apud 
QUEIROGA, 2005). 
Para avaliar a distribuição de gordura corporal por meio de circunferências, segundo Queiroga (2005), 
seja adotando apenas a circunferência da cintura ou sua relação com o quadril, deve-se obedecer ao que segue: 
 
Medida da circunferência da cintura: determinada no ponto que coincide com a distância média entre 
a última costela e a crista ilíaca. 
Medida da circunferência do quadril: obtida na região de maior circunferência posterior dos glúteos. 
 
A RC/Q deve ser calculada com base na fórmula abaixo: 
 
RC/Q = Medida da circunferência da cintura 
 Medida da circunferência do quadril 
 
18 
 
Caderno de Estudos de Cineantropometria 
Em referência aos valores desejados para distribuição de gordura, Björntorp (1985) apud Queiroga 
(2005) afirma que uma relação superior a 1,00 e 0,80 unidades para homens e mulheres, respectivamente, deve 
ser considerada como um limiar de risco para a saúde. 
 
 
Figura 18: Padrão RC/Q para homens e mulheres. Fonte: ACSM (2006). 
 
 
2.2.5 Análise da distribuição da gordura corporal mediante espessura das dobras cutâneas (EDC) 
 
Além das medidas de circunferências, as EDC também podem ser indicadoras de distribuição de gordura. 
Entretanto, a relação entre EDC e gordura intra-abdominal é inferior à encontrada com as medidas de 
circunferência. Por sua vez, as EDC são capazes de identificar com precisão a distribuição do tecido adiposo 
tronco/extremidades (QUEIROGA, 2005). 
Para análise da distribuição do tecido adiposo tronco/extremidades em adultos, embora pouco comum em 
função do tempo necessário para coletar as medidas, utilizam-se oito regiões, sendo encontradas, no entanto, 
relações com seis medidas (figura 19). Para o cálculo deve-se somar os valores das espessuras das dobras do 
tronco e dividir pela somatória das dobras das extremidades (QUEIROGA, 2005). 
 
Referência: Adultos 
8 Regiões 6 Regiões 
SB + AM + SI + AB 
TR + BC + CX + PM 
SB + SI + AB 
TR + BC + PM 
Figura 19: Análise da distribuição de tecido adiposo através das EDC. 
Fonte: QUEIROGA, 2005. 
 
Valor superior a 1,0 unidade para homens e 0,8 unidade para mulheres indicam maior acúmulo de tecido 
adiposo no tronco do que nos membros. 
 
 
2.2.6 Avaliação da composição corporal através da Bioimpedância Elétrica 
 
É também considerado um método duplamente indireto de avaliar a composição corporal. O princípio 
básico da bioimpedância elétrica baseia-se nos diferentes níveis de condutibilidade elétrica dos tecidos 
biológicos expostos a várias frequências de corrente. Ou seja, a técnica produz informações sobre a impedância 
(oposição oferecida por um circuito elétrico a uma corrente alternada) que o corpo humano oferece à condução 
de uma corrente elétrica. No caso do corpo humano, a impedância está relacionada à resistência (R) apresentada 
pelos próprios tecidos à condução elétrica e à reactância (Xc) ou oposição adicional, causada pela capacidade de 
isolamento à passagem da corrente elétrica, apresentada pelas membranas celulares (GUEDES e GUEDES, 
2006). 
É um método criticado, pois seu princípio considera o corpo humano como um condutor cilíndrico 
perfeito, o que não parece ser verdade. Por outro lado, boa correlação tem sido encontrada quando comparado à 
métodos de referência (DEUREMBERG et al., 1991; FULLER e ELIA, 1989; LUKASKI et al., 1986 apud 
GUEDES e GUEDES, 2006). 
19 
 
Caderno de Estudos de Cineantropometria 
O equipamento utilizado na análise, costumeiramente chamado de balança de bioimpedância, é 
corretamente denominado de ohmímetro. Vários modelos estão disponíveis no mercado atualmente (figura 20), 
podendo estes ser divididos em duas categorias: tetrapolares (utilizam dois pares de eletrodos emissores e 
receptores) e bipolares (utilizam um par de eletrodos – emissor e receptor; costumam apresentar erros leitura 
elevados). 
 
 
Figura 20: Equipamentos de bioimpedância elétrica. Fonte: GUEDES e GUEDES, (2006). 
 
O protocolo de medida da técnica tetrapolar consiste na fixação dos eletrodos emissores distalmente na 
superfície dorsal da mão e do pé, no plano da cabeça do terceiro metacarpo e do terceiro metatarso, 
respectivamente. Os eletrodos receptores são colocados proximalmente, também na mão e no pé, sendo o 
primeiro no pulso, num plano imaginário de união entre os dois processos estilóides (rádio e ulna), e o segundo 
na região dorsal da articulação tibiotársica, numa linha imaginária entre os dois maléolos (medial e lateral) 
(figura 21). Por convenção, os quatro eletrodos são colocados do lado esquerdo do corpo, estando o avaliado em 
decúbito dorsal (GUEDES e GUEDES, 2006). Esta técnica e também chamada de técnica horizontal de 
bioimpedância elétrica. 
 
 
Figura 21: Colocação dos eletrodos – técnica horizontal de bioimpedância elétrica (tetrapolar). 
Fonte: GUEDES e GUEDES, (2006). 
 
Apesar da relativa facilidade e rapidez da medida, alguns procedimentos prévios que devem ser seguidos 
por parte do avaliado, objetivando não comprometer a qualidade da informação:1. Não ter feito uso de medicamentos diuréticos nos últimos sete dias; 
2. Manter-se em jejum por pelo menos 4 horas; 
3. Não ter ingerido bebidas alcoólicas nas últimas 48 horas; 
4. Ter-se abstido da prática de atividades físicas intensas nas últimas 24 horas; 
5. Urinar pelo menos 30 minutos antes da medida; 
6. Manter-se pelo menos 5-10 minutos em repouso absoluto em posição de decúbito dorsal antes de 
efetuar a medida; 
 
Além destes cuidados, deve ser evitado o uso de peças de metal (brincos, relógios, pulseiras, anéis etc.), 
bem como, uso de vestimentas mais pesadas, já que dificultam a condutibilidade da corrente elétrica. As medias 
realizadas nas primeiras horas pós-despertar, tendem a apresentar maior reprodutibilidade, pois apresentam 
menor variação no metabolismo de repouso. 
 
20 
 
Caderno de Estudos de Cineantropometria 
 
Figura 22: Ilustração da técnica vertical ou bipolar de bioimpedância elétrica. Fonte: GUEDES e GUEDES, (2006). 
 
Na técnica bipolar (ou vertical), na qual é usado apenas um par de eletrodos, os equipamentos não 
fornecem dados acerca da resistência (R) e reactância (Xc) e o avaliado deve se posicionar em pé para a 
realização da medida (figura 22). Em alguns modelos de equipamento a corrente elétrica percorre os membros 
inferiores e a região do abdome (modelo Tanita – o avaliado se posiciona em pé sobre o equipamento). Nos 
modelos em que o avaliado segura o equipamento com ambas as mãos (sobre os eletrodos), com os braços 
estendidos à frente, formando um ângulo de 90º com o tronco, a corrente elétrica percorre os membros 
superiores e a região superior do tronco. 
De acordo com Jebb et al. (2000) apud Guedes e Guedes (2006), as diferenças entre as duas técnicas 
(tetrapolar ou horizontal e bipolar ou vertical) no que se refere à quantidade de gordura e peso corporal em 
adultos jovens, são relativamente pequenas. 
 
 
2.2.7 Avaliação da composição corporal através da pesagem hidrostática 
 
Os métodos empregados para avaliar a composição corporal mediante a técnica da densitometria baseiam-
se no pressuposto que a densidade de todo o corpo é estabelecida pelas densidades de vários componentes 
corporais e pela proporção com que cada um desses componentes contribui para o estabelecimento da massa 
corporal total. Assim sendo, admitindo-se que a densidade da gordura é consideravelmente menor que a 
densidade de outras estruturas do corpo, quanto maior a quantidade de gordura em proporção ao peso corporal, 
menor será a densidade de todo o corpo (GUEDES e GUEDES, 2006). 
A densidade corporal representa uma relação entre o peso corporal e o seu volume e pode ser assim 
expressa: 
 Peso corporal (g) 
Densidade corporal (g.mL-1) = ------------------------------------ 
 Volume corporal (mL) 
 
Já que o peso corporal é facilmente mensurado através de técnicas e equipamentos simples, a principal 
preocupação na determinação da densidade corporal refere-se à mensuração do volume corporal. A pesagem 
hidrostática tem sido a opção mais empregada na verificação do volume corporal. 
O método da pesagem hidrostática, considerado como procedimento indireto na avaliação da composição 
corporal, está alicerçado no princípio de que o corpo totalmente submerso em água sofre a ação de uma força 
contrária de sustentação, evidenciada por perda de peso igual ao peso da água deslocada. Desse modo, o avaliado 
é submerso em um tanque com água e o volume corporal é computado com base na diferença entre o peso 
corporal medido no ambiente (Preal) e o peso corporal medido totalmente submerso (Págua – figura 23). 
 
 
Figura 23: Pesagem hidrostática. 
Fonte: GUEDES e GUEDES, (2006). 
21 
 
Caderno de Estudos de Cineantropometria 
A quantidade de ar nos pulmões e os gases presentes no aparelho gastrointestinal no momento da 
pesagem hidrostática são dois volumes extras que precisam ser corrigidos nos cálculos do volume corporal. Para 
tanto, o avaliado deve eliminar a maior quantidade possível de ar dos pulmões antes de submergir, através de 
uma expiração forçada. O volume dos gases presentes no aparelho gastrointestinal não podem ser medidos, 
contudo, são estimados em 100mL. 
Assim, partindo-se da fórmula convencional para a densidade (peso/volume), estimativas sobre a 
densidade corporal por intermédio da pesagem hidrostática passam a ser estabelecidas. 
 
 Pesoreal 
Densidade corporal (g.mL-1) = ------------------------------------ 
 Pesoreal – Pesoágua 
 ------------------------------- - (VR + 100 mL) 
 Dágua 
 
Apesar de o método da pesagem hidrostática produzir medidas de densidade corporal muito precisas, é 
preciso levar em conta que somente avaliados com razoável adaptação ao meio aquático podem ser submetidos 
ao procedimento, o que limita consideravelmente sua utilização em avaliações rotineiras da composição 
corporal. 
Uma vez estabelecida a medida da densidade corporal, sua conversão em quantidades percentuais de 
gordura em relação ao peso corporal pode ser realizada com o uso de expressões matemáticas propostas com 
base em estudos sobre procedimentos diretos da composição corporal, conforme segue: 
 
 
Siri (1961) 4,95 
 % Gord = -------------- - 4,50 100 
 Dens 
 
 
Brozek et al. (1963) 4,57 
 % Gord = --------------- - 4,142 100 
 Dens 
 
 
 
3 AVALIAÇÃO POSTURAL 
 
3.1 Postura corporal 
 
De acordo com Fernandes, Amadio e Mochizuki (1997), a postura é uma posição ou atitude do corpo, 
formada por meio do arranjo relativo de suas partes para uma atividade específica, ou ainda uma maneira 
individual de sustentação orientada em função da força de gravidade, sendo estudada sob vários aspectos, tanto 
em sua forma estrutural como funcional. 
Para Bankoff et al. (1993) a postura corporal envolve um conceito de equilíbrio, de coordenação 
neuromuscular e cada indivíduo apresenta uma característica postural própria. Ainda segundo estes autores, a 
postura ou atitude postural é um equilíbrio dinâmico somático, onde estão estabelecidas relações simples ou 
complexas com o meio circundante. 
A postura, em amplo grau, é também uma representação somática. Posicionamo-nos e movemo-nos como 
nos sentimos. A postura de um indivíduo é a somatização de todo o seu passado, seu cotidiano, sua forma de se 
posicionar diante das situações de lazer, trabalho e de repouso, seu estado emocional etc. Nesse sentido, durante 
o transcorrer do dia, submetemos o nosso corpo a posições variadas consciente e inconscientemente (SCHMIDT, 
1999). 
Rasch e Burke (1977) afirmam que não existe uma postura padrão, sendo a mesma uma questão variável 
de indivíduo para indivíduo. Por esta razão, de acordo com Santos (2000), deve ser evitada a denominação de 
postura normal, devendo ser adotada a expressão boa postura quando os segmentos corporais estiverem 
equilibrados na posição de menor esforço e de máxima sustentação, ou seja, quando for resultado de um 
equilíbrio harmonioso entre as solicitações impostas aos músculos, ligamentos e discos intervertebrais. 
Desta forma, a avaliação postural de um indivíduo não pode ser comparada à de outro, tampouco a um 
modelo padrão. 
 
22 
 
Caderno de Estudos de Cineantropometria3.2 Objetivos e aplicação da avaliação postural 
 
As constantes alterações antropométricas e morfológicas causadas pelo crescimento e desenvolvimento 
provocam inúmeras adaptações no aparelho locomotor, objetivando alcançar uma postura adequada. Assim 
sendo, as atitudes posturais diárias frente ao trabalho, lazer, repouso e prática de atividades físicas, podem gerar 
desequilíbrios aos constituintes do aparelho locomotor (ossos, ligamentos e músculos), desencadeando os 
problemas posturais. 
As causas do mau alinhamento corporal e postural estão relacionadas à diminuição da flexibilidade, 
fraqueza muscular, quadro álgico (SANTOS, 2000), assimetria dos corpos das vértebras e assimetria de 
comprimento de membros (principalmente os inferiores). Além destes, podem ser citados o rápido crescimento 
corporal durante o estirão de crescimento, a prática de exercícios físicos de forma inadequada, o transporte 
incorreto de cargas (com excesso de peso e/ou unilateralmente), postura incorreta ao sentar durante longos 
períodos de tempo e postura inadequada durante as atividades laborais. 
A avaliação postural deve ser realizada com o objetivo de detectar e registrar as alterações no 
alinhamento do aparelho locomotor, possibilitando a prescrição de exercícios físicos que não são contra 
indicados para cada caso, assim como, o não agravamento dos problemas/desvios/assimetrias detectados. 
Além dos objetivos citados acima, Santos (2000) apresenta também os seguintes: 
 Visualizar e determinar possíveis desalinhamentos posturais ou atitudes posturais incorretas dos 
indivíduos, amenizando e/ou evitando sintomas de sobrecarga mecânica, muscular e relacionada 
a ligamentos; 
 Avaliar os desequilíbrios musculares; 
 Analisar possíveis problemas estruturais e funcionais relacionando a dependência entre 
exercícios físicos e problemas posturais, podendo, assim, indicar ou contra indicar exercícios 
respeitando os limites e propiciando uma conscientização corporal. 
Percebe-se então, que a avaliação postural é indicada para todos que pretendem iniciar ou continuar a 
prática de exercícios físicos. No entanto, é ainda mais importante nos períodos da vida nos quais ocorre o rápido 
crescimento e desenvolvimento corporal, característicos do estirão de crescimento, na adolescência e início da 
juventude. Para esta população, a avaliação postural apresenta-se como um importante instrumento para 
acompanhar o adequado crescimento e desenvolvimento corporal, sendo também, o foco de maior interesse da 
avaliação postural para profissionais de educação física. 
A importância da avaliação postural na adolescência e na juventude se justifica pelo maior êxito de 
reversão quando problemas/desvios/assimetrias posturais são detectadas precocemente. Desta forma, a 
intervenção do profissional de educação física, através da avaliação postural dos escolares, se classifica como 
preventiva. Além disso, o profissional de educação física, não raro, é o único profissional da área da saúde com 
presença e inserção direta nas escolas, situação que justifica este trabalho preventivo. 
É importante registrar que, uma vez detectados problemas/desvios/assimetrias posturais dentre a 
população escolar, as seguintes providências devem ser tomas pelo profissional de educação física: 
 Comunicar à direção da escola/estabelecimento de ensino sobre os 
problemas/desvios/assimetrias detectados, mediante relatório próprio (avaliação postural); 
 Acompanhar o comunicado aos pais e/ou responsáveis pelos escolares acerca dos resultados da 
avaliação postural, sugerindo uma avaliação fisioterápica criteriosa, com consequente 
reabilitação (quando for o caso); 
 Indicar e contra indicar exercícios físicos, de acordo com cada caso, objetivando minimizar os 
efeitos negativos incutidos ao aparelho locomotor; 
 Fornecer informações acerca dos exercícios físicos realizados pelo escolar sob sua 
orientação/prescrição aos profissionais que estiverem atuando no processo de reeducação 
postural, sempre que solicitado. 
 
3.3 Métodos de avaliação postural 
 
Os métodos de avaliação postural empregados pelo profissional de educação física podem ser 
classificados em: observação visual e análise postural digital. A observação visual (tanto estática quanto 
dinâmica) utiliza como referência pontos anatômicos específicos, através dos quais é possível identificar 
assimetrias e desvios nas estruturas ósseas e nos diferentes segmentos corporais. Trata-se de um método 
amplamente utilizado nas escolas, já que não requer instrumentos/equipamentos onerosos. Já a avaliação postural 
digital, realizada com a utilização de imagens digitais e análise destas através de recursos informatizados, requer 
o uso de máquina fotográfica digital ou câmera de vídeo, computador e software de avaliação postural, é mais 
utilizado nas academias de ginástica e clínicas. Em razão dos equipamentos empregado, esta metodologia se 
torna mais cara e difícil de ser aplicada à realidade das escolas, principalmente as públicas. 
23 
 
Caderno de Estudos de Cineantropometria 
Equipamentos/materiais utilizados na avaliação postural: 
Observação visual 
 Fio de prumo (fio com uma massa de chumbo presa em sua extremidade) 
 Fita métrica flexível 
 Etiquetas adesivas (50 por avaliação) 
 Simetrógrafo ou Tabuleiro quadriculado (armado em madeira ou metal com 1,95m de altura e 
90cm de largura, com linhas horizontais e verticais dividindo toda a superfície do tabuleiro em 
quadrados de 7,5cm; pode ser afixado à parede ou não) 
 Sala reservada 
 
Análise digital 
 Fio de prumo (fio com uma massa de chumbo presa em sua extremidade) 
 Fita métrica flexível 
 Etiquetas adesivas (50 por avaliação) 
 Simetrógrafo ou Tabuleiro quadriculado (armado em madeira ou metal com 1,95m de altura e 
90cm de largura, com linhas horizontais e verticais dividindo toda a superfície do tabuleiro em 
quadrados de 7,5cm; pode ser afixado à parede ou não) 
 Sala reservada 
 Maquina fotográfica ou câmera de vídeo 
 Computador 
 Software para análise das assimetrias e desvios posturais 
 
 
Figura 24: Modelos de Simetrógrafo. 
 
3.3.1 Avaliação postural mediante a observação visual 
 
Independente da metodologia a ser empregada, sugere-se a utilização de demarcação de pontos 
anatômicos de referência, projetados na superfície corporal para facilitar a identificação das principais 
assimetrias e os desvios posturais. Para tanto, devem ser identificados e demarcados os seguintes pontos 
anatômicos: 
1. Processo mastóide do osso temporal 
2. Projeção do acrômio (3cm - anterior, lateral e posteriormente) 
3. Ângulo superior da escápula 
4. Ângulo inferior da escápula 
5. Processos espinhos das vértebras (C7-L5) 
6. Ápice do processo xifóide 
7. Saliência infra-umbilical 
8. Espinha ilíaca ântero-superior 
9. Trocanter maior do fêmur 
10. Epicôndilo lateral do fêmur 
11. Patela (centro) 
12. Fossa poplítea (linha poplítea) 
13. Maléolo lateral 
14. Maléolo medial 
15. Tuberosidade do calcâneo 
16. Cabeça do 2º metatarso (demarcação na região dorsal do pé) 
24 
 
Caderno de Estudos de Cineantropometria 
 
 
Figura 24: Demarcação dos pontos anatômicos – plano frontal (vista anterior/posterior) e plano sagital (perfil direito/esquerdo). 
Fonte: SCHMIDT (1999). 
 
A demarcação dos pontos anatômicos pode ser realizada através de etiquetas adesivas (branca ou preta, 
conforme pigmentação da pele), facilmente removidas após o término da avaliação, estando o avaliado em trajes 
mínimos (traje de banho). Demarcados os pontos, o avaliado seve se posicionar a aproximada 3m do avaliador, à 
frente do tabuleiro quadriculado ou atrás do simetrógrafo, em postura ortostática estática,com os membros 
superiores pendentes ao longo do corpo, peso corporal distribuído igualmente em ambos os pés e a cabeça 
orientada no plano de Frankfurt, paralelo ao solo. Esta mesma posição deve ser assumida pelo avaliado nas 
análises nos planos frontal (vista anterior e posterior) e sagital (perfis direito e esquerdo). 
Estando o avaliado na posição indicada, o avaliador deve proceder à avaliação utilizando o protocolo a 
seguir: 
25 
 
Caderno de Estudos de Cineantropometria 
 
PROTOCOLO DE AVALIAÇÃO POSTURAL – OBSERVAÇÃO VISUAL 
 
NOME:.................................................................................................................................................................................... 
IDADE: ............................. SEXO: ( ) masculino ( ) feminino 
ANAMNESE: 
Sente alguma dor ou desconforto? ( ) sim ( ) não 
Local da dor/desconforto: ....................................................................................................................................................... 
Faz algum tipo de tratamento? ................................................................................................................................................ 
 
OBSERVAÇÃO VISUAL 
PLANO FRONTAL – VISTA ANTERIOR 
CABEÇA: ( ) alinhada 
( ) inclinada ( ) direita ( ) esquerda 
 ( ) rotação ( ) direita ( ) esquerda 
 
OMBROS: ( ) alinhados 
( ) elevado ( ) direito ( ) esquerdo 
 
QUADRIL: ( ) alinhado 
( ) elevado ( ) direito ( ) esquerdo 
 
JOELHOS: ( ) alinhados 
( ) varo 
 ( ) valgo 
 ( ) elevado ( ) direito ( ) esquerdo 
 
PÉS: ( ) alinhados 
( ) abduzido ( ) direito ( ) esquerdo 
 ( ) aduzido ( ) direito ( ) esquerdo 
 
PLANO FRONTAL – VISTA POSTERIOR 
CABEÇA: ( ) alinhada 
( ) inclinada ( ) direita ( ) esquerda 
 ( ) rotação ( ) direita ( ) esquerda 
 
ESCÁPULAS: ( ) alinhadas 
Direita ( ) abduzida ( ) aduzida ( ) elevada ( ) rotação p/ cima ( ) rotação p/ baixo 
Esquerda ( ) abduzida ( ) aduzida ( ) elevada ( ) rotação p/ cima ( ) rotação p/ baixo 
OMBRO: ( ) alinhados 
( ) elevado ( ) direito ( ) esquerdo 
 
ESCOLIOSE: ( ) sim ( ) não 
Tendência: ( ) direita ( ) esquerda ( ) em forma de “S” 
 
FLEXÃO DE TRONCO: ( ) gibosidade ( ) direita ( ) esquerda 
 
PLANO SAGITAL – PERFIL DIREITO/ESQUERDO 
REGIÃO CERVICAL: ( ) hiperlordose cervical ( ) retificação da lordose cervical 
 
OMBRO: ( ) protrusão 
 
REGIÃO TORÁCICA: ( ) hipercifose dorsal ( ) leve ( ) moderada ( ) grave 
 ( ) retificação da cifose dorsal 
 
REGIÃO LOMBAR: ( ) hiperlordose lombar ( ) leve ( ) moderada ( ) grave 
 ( ) retificação da lordose lombar 
 
JOELHO: ( ) hiperextensão ( ) hiperflexão 
 
 
Observações.: ........................................................................................................................................................................... 
.................................................................................................................................................................................................... 
.................................................................................................................................................................................................... 
 
26 
 
Caderno de Estudos de Cineantropometria 
4 AVALIAÇÃO NEUROMUSCULAR 
 
Informações sobre os atributos (variáveis) voltadas ao sistema musculoarticular constituem-se em 
indicadores de grande importância para a avaliação de aspectos funcionais direcionados tanto à aptidão física 
relacionada à saúde como ao desempenho esportivo, sendo que no âmbito esportivo são solicitados o 
envolvimento simultâneo de força/resistência muscular e de flexibilidade (GUEDES e GUEDES, 2006). 
A manutenção de níveis adequados de força/resistência muscular é um importante mecanismo da saúde 
funcional, principalmente no que se refere à prevenção e ao tratamento de disfunções posturais, articulares e de 
lesões musculoesqueléticas (GUEDES e GUEDES, 2006). Queiroga (2005) confirma estes relatos adicionando 
que a prevenção é particularmente importante na independência de movimentos e na redução de quedas em 
idosos. 
Níveis adequados de força/resistência muscular desempenham papel importante também na regulação 
hormonal e no metabolismo (sensibilidade à insulina). Já níveis mais elevados de flexibilidade tendem a facilitar 
o movimento, reduzir a incidência de lesões quando da realização de exercícios físicos mais intensos, assim 
como, reduzir problemas relacionados às estruturas do aparelho locomotor (GUEDES e GUEDES, 2006). 
Tanto a flexibilidade quanto a força/resistência muscular estão sujeitas a alterações com o envelhecimento 
e o gradual declínio da atividade física diária (QUEIROGA, 2005). 
 
4.1 Flexibilidade 
 
Flexibilidade é a capacidade funcional das articulações se movimentarem através de uma amplitude plena 
de movimento (ADM). A ADM funcional refere-se à capacidade de movimentar a articulação sem sofrer dor 
nem um limite para o desempenho (ACSM, 2006). Guedes e Guedes (2006) relatam que flexibilidade é a 
característica relacionada à amplitude de uma articulação isolada ou de um conjunto de articulações quando 
solicitadas na realização de um movimento voluntário. Estes autores dizem ainda que a flexibilidade reflete a 
capacidade das unidades musculotendinosas se alongarem tanto quanto as restrições morfológicas e mecânicas 
das articulações permitam, sem o risco de induzir a eventuais lesões nos constituintes do aparelho locomotor. 
 
4.1.1 Fatores determinantes da flexibilidade 
 
Níveis específicos de flexibilidade envolvem a participação simultânea da elasticidade dos músculos, a 
plasticidade dos ligamentos e tendões e, em menor proporção, da maleabilidade da pele. Oposição ou rigidez 
oferecida à maior amplitude dos movimentos articulares pode ser causada pela excessiva concentração de 
proteína de colágeno presente no tecido conjuntivo (tendões, ligamentos e a própria cápsula articular) (GUEDES 
e GUEDES, 2006). 
A participação dos músculos esqueléticos nos níveis de flexibilidade varia consideravelmente de acordo 
com o movimento a ser analisado. Nas articulações interfalângicas, por exemplo, sua influência é praticamente 
nula. Já nos casos de movimentos que envolvem flexão de tronco à frente (quando os músculos isquiotibiais 
encontram-se com tônus aumentando e/ou encurtado), a participação dos músculos esqueléticos pode ser 
caracterizada como o principal fator limitador nos níveis de flexibilidade (GUEDES e GUEDES, 2006). Assim, 
sua participação é maior em movimentos que envolvem grandes articulações e menor em movimentos que 
envolvem pequenas articulações. 
É importante registrar que a limitação na participação dos músculos esqueléticos nos níveis de 
flexibilidade é atribuída aos componentes conectivos (tecidos conjuntivos - especialmente o epimísio e o 
perimísio) e não aos seus componentes contráteis. 
A gordura corporal localizada nos tecidos subcutâneos também representa um importante fator de 
restrição mecânica para o alcance de maior amplitude articular na execução de determinados movimentos, por 
causa do contato de segmentos adjacentes do corpo. Além disso, a posição relativa dos ossos em algumas 
articulações, como no caso do cotovelo, pode ocasionar restrição insuperável à maior amplitude articular. 
A idade, o sexo e a presença de anomalias neuromusculares constituem outro grupo de fatores que 
potencialmente podem influenciar nosníveis de flexibilidade. Quanto mais jovem o avaliado, pressupõe-se que 
maior seja seu nível de flexibilidade (maior quantidade de tecido cartilaginoso nas articulações). Ademais, com o 
envelhecimento, aumenta a espessura de tendões, ligamentos e fáscias musculares, o que pode inibir a 
capacidade de alongamento desses tecidos. As mulheres tendem a apresentar maiores níveis de flexibilidade, por 
apresentarem menor quantidade de massa muscular (CORBIN e LINDSEY, 1997 apud GUEDES e GUEDES, 
2006). 
Outros fatores determinantes da flexibilidade, segundo Guedes e Guedes (2006) são a temperatura 
ambiente e o aquecimento realizado antes dos testes de flexibilidade. 
 
27 
 
Caderno de Estudos de Cineantropometria 
4.1.2 Componentes da flexibilidade 
 
A flexibilidade pode ser decomposta em dois componentes: estático e dinâmico. No componente estático 
as unidades musculotendíneas devem ser alongadas lentamente e de maneira progressiva, até o alcance dos 
limites máximos, definindo-se a amplitude articular pela permanência, por algum tempo, na posição assumida. Já 
no componente dinâmico as unidades musculotendíneas devem ser alongadas com movimentos de natureza 
balística, alternando-se as fases de estiramento e de encurtamento dos músculos esqueléticos envolvidos no 
movimento (GUEDES e GUEDES, 2006). 
Em razão da dificuldade em estabelecer uma definição rigorosa para a avaliação do componente 
dinâmico, a literatura especializada tem sido unânime na preferência da mensuração da flexibilidade estática. 
O componente estático da flexibilidade, segundo Guedes e Guedes (2006), pode ainda ser classificado de 
acordo com os procedimentos direcionados ao alongamento do músculo esquelético como: passivo, assistido e 
ativo. 
Passivo: Envolve a ação da força aplicada externamente com atuação do avaliador, sem nenhuma 
participação voluntária do avaliado no alcance da amplitude articular. O avaliador desempenha papel 
fundamental para identificar o limite máximo de extensibilidade do segmento articular, ao passo que o avaliado 
deve estabelecer um relaxamento “ótimo”. Também podem ser incluídos movimentos realizados pelo próprio 
avaliado, quando este aplica força externa para realizar o movimento articular (ex.: flexão dos joelhos mediante 
tração do pé em direção aos glúteos). 
Assistido: Ocorre primariamente por ação de forças externas, porém, com a participação efetiva e 
voluntária do avaliado para alcançar o limite máximo do movimento. É aplicada apenas a ação do próprio peso 
corporal do avaliado ou a ação da gravidade. 
Ativo: É caracterizado pelo maior alcance do movimento voluntário realizado pelo próprio avaliado, que 
deve procurar não se beneficiar da ação da gravidade utilizando a força gerada pela contração dos músculos 
agonistas e pelo relaxamento dos antagonistas que atuam no movimento. São movimentos de natureza balística 
que alcançam, de maneira abrupta e imediata, a amplitude máxima. 
Informações provenientes de movimentos articulares realizados com alongamento muscular passivo e 
assistido, proporcionam ao avaliador indicadores mais específicos sobre a mobilidade das superfícies articulares 
e da extensibilidade dos ligamentos, tendões e músculos associados. 
 
4.1.3 Finalidade da avaliação da flexibilidade e recursos empregados 
 
De forma prática, segundo Queiroga (2005), a avaliação da flexibilidade tem por finalidade: 
 Estabelecer a amplitude existente e compará-la a valores de referência; 
 Comparar a simetria entre membros direito e esquerdo; 
 Reavaliar o estado do aluno após um programa de exercícios e compará-lo à avaliação inicial; 
 Fornecer informações para decisões relacionadas à prescrição de exercícios de alongamento ou 
de fortalecimento para grupos músculo-articulares desequilibrados. 
As técnicas aplicadas na avaliação da flexibilidade podem ser classificadas em diretas e indiretas. Os 
recursos direitos são mais precisos, porém mais dispendiosos, pois requerem a aquisição de equipamentos, bem 
como, o envolvimento de avaliadores treinados e o seguimento de protocolos rigorosos. Os recursos indiretos, 
por outro lado, de acordo com Queiroga (2005), são mais viáveis economicamente, empregam instrumentos 
baratos e fáceis de manusear, permitem avaliar grande número de pessoas em pouco tempo, contudo, a exatidão 
das medidas pode ser inferior. 
Os instrumentos para avaliação da flexibilidade além de serem classificados como diretos e indiretos, 
ainda podem ser entendidos, em função das unidades de medida, como angulares (diretos), lineares e 
adimensionais (indiretos). Os instrumentos empregados para a avaliação direta da flexibilidade incluem: raio X; 
ultra-sonografia, fotografias, filmes e videoteipes. Após a coleta das imagens, calcula-se a amplitude músculo-
articular em graus. Além destes instrumentos, podem ser empregados na medida direta o eletrogoniômetro 
(flexibilidade dinâmica), o goniômetro universal e o flexômetro/flexímetro (flexibilidade estática) (QUEIROGA, 
2005). 
 
Figura 25: Flexímetro e Goniômetro universal (metal e plástico). 
28 
 
Caderno de Estudos de Cineantropometria 
Os instrumentos angulares fundamentam-se na medida do ângulo formado entre dois segmentos corporais 
que se opõem na articulação. Já os instrumentos de medida indiretos, como os lineares, quantificam a amplitude 
de movimento em centímetros. Uma desvantagem desse método, considerando que a flexibilidade é específica 
para cada grupo músculo-articular, é a impossibilidade de fornecer uma visão abrangente da flexibilidade do 
avaliado, já que os testes que mensuram a flexibilidade em centímetros, geralmente permitem avaliar apenas uma 
ação articular, como é o caso da flexão do quadril (QUEIROGA, 2005). 
Os testes que atendem aos critérios mencionados acima são os testes de deslizamento de pele e os testes 
de alcance, destacando o popular teste de sentar-e-alcançar, desenvolvido por Wells e Dillon (1952). Os 
instrumentos lineares são muito modestos tanto na aquisição, construção e calibragem, uma vez que utilizam 
como recursos uma fita métrica e um banco graduado, respectivamente. 
 
 
Figura 26: Banco de Wells. 
 
As técnicas adimensionais para avaliação da flexibilidade, também consideradas indiretas, não empregam 
uma unidade de medida convencional para expressar o resultado obtido, mas usam mapas com ilustrações dos 
movimentos, onde o avaliador observa o avaliado e compara-o com os desenhos. Estes testes são realizados 
mediante observação e por isso, são bastante subjetivos, embora de fácil aplicação. Um dos mais comuns é o 
flexiteste, idealizado por Araújo (1986). 
Neste caderno de estudos serão abordados o procedimento direto de avaliação da flexibilidade utilizando 
o flexímetro e o procedimento indireto utilizado no Teste de Sentar-e-Alcançar. 
 
4.1.4 Procedimentos gerais para avaliação da flexibilidade 
 
Os instrumentos de flexibilidade têm por finalidade quantificar em graus, centímetros ou mediante 
observação, a amplitude alcançada a partir de uma ou mais articulações do corpo humano. Cuidados que devem 
ser levados em consideração, quando da avaliação da flexibilidade, segundo Queiroga (2005): 
 A reprodutibilidade depende de um preciso reconhecimento do ponto de referência ósseo, ou 
seja, a localização de fixação do aparelho. 
 O fato de permanecer em uma postura estática pode fadigar o avaliado e dificultar a 
reprodutibilidade das medidas, devendo-se evitar manter o avaliado na mesma posição por muito 
tempo. 
 Estabelecer um procedimento padrão para aquecer, ou não, antes do teste (seguir protocolo). 
Obs.: Quando se avalia indivíduos não-atletas, cujos quais realizam atividades leves, moderadas 
ou fortes

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