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UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP CAMPUS GOIÂNIA CINEANTROPOMETRIA CADERNO DE ESTUDOS 2 Caderno de Estudos de Cineantropometria UNIDADE I 1 INTRODUÇÃO: DEFINIÇÕES E ETAPAS DE UM PROGRAMA DE AVALIAÇÃO 1.1 Definições Cineantropometria “Estudo do corpo humano, de forma estática e dinâmica, em relação a estrutura, funções gerais e todas suas relações internas e externas, com o objetivo de análise do desempenho, em especial de aspectos de condição física, seguimento de crescimento/desenvolvimento e análise de fatores intervenientes, inclusive os nutricionais” (KISS, p.19, 2003). Kiss (2003) ainda divide a cineantropometria em aspectos morfológicos e funcionais. No primeiro grupo considera a estrutura física, analisada pelas diferentes medidas somáticas de rotina, como massa, estatura, perímetros, diâmetros e comprimentos, associadas a proporcionalidade, somatotipo, composição corporal e maturação sexual. Já no segundo grupo, são englobadas as variáveis condicionais, como resistência aeróbia (potência e capacidade aeróbia), resistência anaeróbia (potência e capacidade lática e alática) e velocidade, bem como, força/potência muscular e flexibilidade. Os conceitos de medir, avaliar e testar são muitas vezes utilizados como sinônimos nos processos de coleta de informações na área de Educação Física, sendo, na verdade, processos distintos. Medir “É associar um número a determinada característica (propriedade) de um ser, de um objeto ou de um evento conforme regras preestabelecidas” (KISS, p.3, 2003). “Medir significa determinar a quantidade, a extensão ou o grau de determinado atributo com base em um sistema convencional de unidades. O resultado de uma medida é expresso de forma numérica. (...) basicamente um processo descritivo” (GUEDES e GUEDES, p.1, 2006). Avaliar “É realizar um julgamento de valor sobre a medida, ou seja, interpretá-la em função do objetivo que determinou a realização da medida” (KISS, p.3, 2003). “Avaliar é julgar ou fazer apreciações do atributo selecionado, com base em uma escala de valores. Dessa forma, avaliação consiste na coleta de dados quantitativos e/ou qualitativos e na interpretação dessas informações com base em referenciais previamente definidos. (...) define-se como um processo interpretativo” (GUEDES e GUEDES, p.1, 2006). Testar “Consiste em verificar o desempenho de alguém mediante situações previamente organizadas e padronizadas, denominadas testes. O teste é, portanto, apenas um dos diversos instrumentos de medida” (GUEDES e GUEDES, p.2, 2006). Menos abrangente Mais abrangente Testar Medir Avaliar Verificar desempenho mediante situações previamente organizadas e padronizadas denominadas “testes” Descrever fenômenos do ponto de vista quantitativo Interpretar dados quantitativos e qualitativos para obter parecer ou julgamento de valores com bases referenciais previamente definidos Figura 1: Testar, medir e avaliar. Fonte: (GUEDES e GUEDES, 2006). 1.2 Aspectos relacionados à qualidade das informações Validade “A validade de um instrumento é diretamente proporcional ao grau ou à extensão em que realmente testa ou mede o fenômeno ou a dimensão que constituem o seu objeto”. “O quanto uma medida realmente mede aquilo que se pressupõe que ela meça” (GUEDES e GUEDES, p.2-8, 2006). Erros de medida Erros de medida na maioria das vezes são causados pelas constantes alterações que podem surgir com relação aos avaliadores, aos avaliados e aos instrumentos utilizados. Os erros são mais frequentes quando mais avaliadores estiverem envolvidos na coleta dos dados e não houver padronização das medidas (GUEDES e GUEDES, 2006). 3 Caderno de Estudos de Cineantropometria Valores de referência: Norma ou critério Avaliações com referência a normas são planejadas com o intuito de estimar a posição dos avaliados em relação a outros sujeitos de idênticas características. Já avaliações referenciadas em critérios são planejadas para verificar se os avaliados alcançam determinados níveis específicos de competência sem levar em consideração que outros tenham atingido o mesmo nível de proficiência (GUEDES e GUEDES, 2006). 1.3 Etapas de um programa de avaliação 1.3.1 Finalidade - Porque medir e avaliar Definir com que finalidade se realizarão as avaliações é o ponto de partida para as tomadas de decisões. Guedes e Guedes (2006) estabelecem as seguintes etapas para o delineamento de um programa de avaliação na área da Educação Física: finalidade; definição dos atributos; referenciais de análise; seleção dos instrumentos de medida; aplicação dos instrumentos de medida; análise das informações; e disseminação dos resultados. Figura 2: Etapas do delineamento de um programa de avaliação em Educação Física. Fonte: GUEDES e GUEDES (2006). Kiss (2003) relata que ao receber um novo atleta para treinamento, por exemplo, seu técnico deverá verificar suas condições biológicas, psicológicas e sociais e, para isso, deverá utilizar instrumentos de avaliação que permitam orientar adequadamente o treinamento. Por meio da avaliação, poderá determinar as sobrecargas que irá utilizar, em função da periodização e especificidade da modalidade. Guedes e Guedes (2006) resumem as finalidades para a avaliação no campo da Educação Física da seguinte forma: a) Reunir subsídios para o acompanhamento do processo de ensino aprendizagem; b) Permitir a detecção, a seleção e a promoção de talentos para a prática de esportes direcionados ao alto rendimento; c) Oferecer informações voltadas à prescrição e à orientação da prática de atividades físicas/exercícios físicos; d) Contribuir na elaboração de diagnósticos direcionados ao acompanhamento do estado de saúde; e) Alimentar bancos de dados com finalidade de desenvolver pesquisas de cunho científico. 4 Caderno de Estudos de Cineantropometria 1.3.2 Quando avaliar A avaliação deve ser feita antes, durante e após o treinamento esportivo. No início tem função diagnóstica da condição física (capacidades condicionais), técnica (capacidades coordenativas) e psicológica. Durante o treinamento, tem função formativa, ou seja, acompanhamento do treinamento a médio e longo prazo e, após o treinamento, tem função somativa, ou em outras palavras, verificar se os objetivos previstos foram alcançados (KISS, 2003). 1.3.3 Definição dos atributos (variáveis) a serem avaliadas O rol de atributos (variáveis) selecionados para a avaliação deverá ser grande o suficiente para atender em toda a sua plenitude aos objetivos propostos, mas pequeno o suficiente para não contaminar a quantidade das informações. No caso da Educação Física, segundo Guedes e Guedes (2006), as variáveis que mais frequentemente interessam aos profissionais da área são: a) Crescimento físico b) Maturação biológica c) Desempenho motor d) Proporcionalidade corporal e) Somatotipo f) Composição corporal g) Estado nutricional h) Atividade física habitual i) Aspectos funcionais: sistemas de mobilização energética j) Aspectos funcionais: aparelho locomotor 1.3.4 Determinação dos referenciais de análise Formulados os objetivos de avaliação e definidas as variáveis de interesse a serem mensuradas, faz-se necessário estabelecer o referencial de análise, devendo-se, portanto, optar por: avaliação referenciada por normas ou referenciada em critérios (GUEDES e GUEDES, 2006). 1.3.5 Escolha dos instrumentos de medida Os instrumentos de medida que melhor podem auxiliar o Profissional deEducação Física, segundo Guedes e Guedes (2006) são: testagem, medição, observação, entrevista e questionários. Atributos Instrumentos de medida Crescimento físico Medição Medidas antropométricas Maturação biológica Medição Observação Medidas antropométricas Técnicas laboratoriais Inspeção visual Desempenho motor Testagem Testes motores Proporcionalidade Medição Medidas antropométricas Somatotipo Medição Medidas antropométricas Composição corporal Medição Medidas antropométricas Técnicas laboratoriais Indicadores nutricionais Medição Entrevista Questionário Medidas antropométricas Anamnese alimentar Registro dietético Atividade física habitual Medição Observação Entrevista Questionário Monitoração mecânica e fisiológica Filmagem e observação direta Sistema de mobilização energética Testagem Medição Testes de esforço Medidas fisiológicas Técnicas laboratoriais Sistema musculoarticular Testagem Medição Testes de sobrecarga Amplitude de movimentos Figura 3: Instrumentos de medida para avaliação de atributos relacionados à educação física. Fonte: Guedes e Guedes (2006) Para avaliar os diferentes aspectos do desempenho esportivo, Kiss (2003) recomenda os seguintes meios e técnicas: Documentação: registro sistemático dos objetivos, conteúdos, intensidade e volume dos treinos. Questionamentos/entrevistas: fornecem subsídio sobre aspectos psicológicos e sociais dos atletas. Testes esportivo-motores: meios utilizados na avaliação das capacidades motoras condicionais (resistência, força, velocidade e flexibilidade) e coordenativas (equilíbrio, ritmo, orientação espaço-temporal e percepção sinestésica), bem como habilidades motoras específicas. 5 Caderno de Estudos de Cineantropometria Procedimentos da medicina esportiva/fisiologia do esforço: meios que dependem de equipamentos como cicloergômetros, esteiras rolantes, exames bioquímicos, eletrocardiogramas, etc., que permitem a avaliação do funcionamento dos diferentes sistemas orgânicos do atleta. Procedimentos biomecânicos: análise biomecânica dos movimentos feita em laboratórios através de vídeos/filmagens, plataformas de força, eletromiógrafos e baropodômetros etc. Antropometria: avaliação do desenvolvimento corporal do atleta. 1.3.6 Aplicação ou administração dos instrumentos de medida Quando se trata de instrumentos de medida que envolvem esforços físicos, atenção especial deve ser dada às instruções apresentadas aos avaliados sobre a execução e a ordem dos testes, os procedimentos de prática, o aquecimento prévio, tempo de recuperação entre um teste e o seguinte, as condições climáticas, da temperatura ambiente e a motivação na tentativa de estimular o avaliado a alcançar o máximo de rendimento. Considerações éticas devem incluir exposição clara dos objetivos, riscos inerentes (físicos e psicológicos), bem como, garantir que as informações coletas serão mantidas em sigilo e utilizadas única e exclusivamente para fins científicos (GUEDES e GUEDES, 2006). 1.3.7 Análise das informações/dados A análise diz respeito à interpretação dos resultados obtidos, devendo-se extrair dos resultados brutos conclusões legitimadas pelo conhecimento disponível na área e pelos recursos interpretativos coerentes com os objetivos a serem alcançados na avaliação, podendo ser necessária a utilização de técnicas estatísticas para essa finalidade (GUEDES e GUEDES, 2006). 2 ANTROPOMETRIA E COMPOSIÇÃO CORPORAL De acordo com Queiroga (2005, p.20) antropometria é “o procedimento utilizado para medir o tamanho, as dimensões e as proporções do corpo humano”. Para Guedes e Guedes (2006, p.36) é uma “técnica sistemática utilizada para medir dimensões corporais do homem”. 2.1 Medidas antropométricas Dentre as medidas antropométricas mais utilizadas pelos profissionais de educação física estão a estatura, comprimentos, massa corporal (peso), perímetros (circunferências), diâmetros ósseos, bem como, medidas da espessura das dobras cutâneas. Tais medidas apresentam relação tanto com o desempenho atlético como com a saúde. As medidas antropométricas devem ser realizadas com instrumentos específicos e procedimentos rigorosamente padronizados. 2.1.1 Estatura A estatura refere-se à distância observada entre dois planos que tangenciam o vértex (ponto mais alto da cabeça) e a planta dos pés. Suas medidas podem ser realizadas com o avaliado na posição ortostática (estatura em pé) ou em decúbito dorsal (usada apenas em crianças menos de 2-3 anos). Como instrumentos, podem ser utilizados o estadiômetro com cursor ou antropômetros. No que diz respeito aos procedimentos, o avaliado e o avaliador, segundo Guedes e Guedes (2006), devem: Quanto ao avaliado a) Estar descalço e com o mínimo de roupa possível; b) Posicionar-se em pé, de forma ereta, com os membros superiores pendentes ao longo do corpo, os calcanhares unidos e as pontas dos pés afastadas em 60º entre si; c) O peso corporal deve estar distribuído igualmente em ambos os pés e a cabeça orientada no plano de Frankfurt paralelo ao solo; d) Estar em apnéia inspiratória no momento da definição da medida e com as superfícies posteriores dos calcanhares, do cíngulo do membro inferior (cintura pélvica), do cíngulo do membro superior (cintura escapular) e da região occipital em contato com a escala de medida; Quanto ao avaliador: a) Posicionar-se em pé do lado direito do avaliado e, se necessário, sobre um banco para observar melhor o vértex; b) A mão direita no queixo do avaliado ajuda na manutenção do plano de Frankfurt; c) A mão esquerda fixa o cursor móvel do antropômetro ou do estadiômetro sobre o vértex e realiza pressão suficiente para comprimir o cabelo. 6 Caderno de Estudos de Cineantropometria Guedes e Guedes (2006) sugerem a tomada de três medidas em escala milimétrica, realizadas sucessivamente (a cada medida o avaliado deixa a posição e retorna), considerando para análise/registro o valor mediano. Figura 4: Estadiômetro Figura 5: Antropômetro 2.1.2 Massa corporal (peso) Para mensuração da massa corporal podem se utilizar dois tipos de balanças antropométricas, as que requerem ajuste manual ou as eletrônicas. Para a determinação da medida o avaliado deve (GUEDES e GUEDES, 2006): a) Estar descalço e com o mínimo de roupa possível; b) Posicionar-se em pé, de frente para a escala de medida da balança, com afastamento lateral das pernas, entre as quais estará a plataforma; c) O avaliado coloca-se cuidadosamente sobre a plataforma, com um pé de cada vez no centro desta, em posição ereta, com os pés afastados à largura dos quadris; d) O peso deve estar distribuído igualmente em ambos os pés, os braços ao longo do corpo e o olhar em um ponto fixo à sua frente, de modo a evitar oscilações na escala de medida; Obs.: O avaliador deve colocar-se à frente do avaliado; Verificar necessidade de realização de calibragem da balança, bem como, posicionamento desta em superfície nivelada. 2.1.3 Diâmetros ósseos Diâmetros ósseos são medidas que procuram estabelecer distâncias projetadas entre dois pontos anatômicos definidos por proeminências ósseas. Para tanto, utilizam-se antropômetros, compassos de barras ou de pontas rombas. Os diâmetros ósseos mais comumente medidos são: biacromial, bicrista-ilíaca, biepicondilar do fêmur, biepicondilar do úmero e bimaleolar. Nas medidas que são realizadas nos membros livres (superior e inferior), deve-se dar preferência pelo lado direito do corpo (GUEDES e GUEDES, 2006).Figura 6: Compasso de pontas rombas. Fonte: GUEDES e GUEDES, (2006). As proeminências ósseas usadas como referência devem ser identificadas inicialmente pelo avaliador através da palpação e depois demarcar o local exato com lápis dermográfico. Após este procedimento, as pontas 7 Caderno de Estudos de Cineantropometria das hastes do antropômetro são posicionadas nestes pontos anatômicos, empregando discreta pressão. A mão não dominante do avaliador deve manter a haste fixa do antropômetro no local desejado enquanto a mão dominante desloca a haste móvel em direção ao outro ponto de referência. As medidas devem ser realizadas por três vezes consecutivas, considerando para análise/registro o valor mediano. A leitura da medida é feita com as hastes do antropômetro voltadas para cima (GUEDES e GUEDES, 2006). Procedimentos para a realização das medidas: Diâmetro biacromial: corresponde à distância entre as bordas que mais se projetam lateralmente do acrômio da escápula (direito e esquerdo). a) O avaliado deve posicionar-se em pé, de forma ereta, com os membros superiores pendentes ao longo do corpo, os pés afastados à largura dos quadris, o peso corporal dividido igualmente em ambos os pés e a cabeça orientada no plano de Frankfurt; b) O avaliador deve se colocar atrás do avaliado, o que lhe permite localizar facilmente os pontos anatômicos; Diâmetro bicrista-ilíaca: equivale à distância dos pontos mais salientes e projetados lateralmente da crista ilíaca (usar como referência a linha axilar média). a) O avaliado deve posicionar-se em pé, de forma ereta, com os membros superiores pendentes ao longo do corpo, os pés afastados à largura dos quadris, o peso corporal dividido igualmente em ambos os pés e a cabeça orientada no plano de Frankfurt; b) O avaliador deve se posicionar à frente do avaliado; Diâmetro biepicondilar do fêmur: corresponde à distância projetada entre os epicôndilos medial e lateral do fêmur. a) O avaliado deve posicionar-se sentado, com os joelhos flexionados a 90º e os pés apoiados no solo; b) O avaliador agacha-se de frente para o avaliado; Diâmetro bimaleolar: corresponde à distância entre as projeções mais salientes do maléolo medial (tíbia) e lateral (fíbula). a) O avaliado deve sentar-se com os pés apoiados no solo e afastados à largura aproximada dos quadris; b) O avaliador posiciona-se agachado à frente do avaliado. Obs.: as hastes do antropômetro devem ser posicionadas obliquamente, considerando que os maléolos encontram-se em planos diferentes. Diâmetro biepicondilar do úmero: corresponde à distância projetada entre as bordas mais externas dos epicôndilos medial e lateral do úmero. a) O avaliado deve estar sentado, com o ombro e o cotovelo direito flexionados à 90º respectivamente, mãos em supinação (palma voltada para o rosto); b) O avaliador fica de pé, de frente para o avaliado; Diâmetro biestilóide: compreende a distância projetada entre os processos estilóides da ulna e do rádio. a) O avaliado deve estar sentado, flexão de ombro a 90º, mão em posição pronada (palma voltada para baixo) e com flexão de punho; b) O avaliador se posiciona em pé à frente do avaliado. 8 Caderno de Estudos de Cineantropometria Figura 7: Medidas dos diâmetros (biacromial, bricrista-ilíaca, biepicondilar do fêmur, bimaleolar, biepicondilar do úmero e biestilóide). Fonte: TERRAZUL, (2010). 2.1.4 Comprimentos As medidas de comprimento, segundo Guedes e Guedes (2006), correspondem às distâncias projetadas entre dois pontos de referência anatômica, estabelecidas paralelamente ao eixo longitudinal do segmento. Suas dimensões são medidas com o auxílio de antropômetros ou compassos de barra ou pelas diferenças aritméticas entre as alturas de diferentes segmentos. Deve-se localizar as proeminências ósseas (referências anatômicas) através da palpação e, posteriormente, demarcar a pele com lápis dermográfico, facilitando assim, o posicionamento do antropômetro. A mão não dominante do avaliador deve manter a haste fixa do antropômetro no local desejado enquanto a mão dominante desloca a haste móvel em direção ao outro ponto de referência. As medidas devem ser realizadas por três vezes consecutivas, considerando para análise/registro o valor mediano (GUEDES e GUEDES, 2006). Procedimentos Comprimento dos membros inferiores: corresponde à distância entre o ponto mais superior do trocanter maior do fêmur e o plano que tangencia a planta dos pés. a) O avaliado deve posicionar em pé, de forma ereta, com os membros superiores pendentes ao longo do corpo, os pés afastados à largura dos quadris, o peso corporal igualmente distribuído entre ambos os pés e a cabeça orientada no plano de Frankfurt; b) O avaliador deve colocar-se agachado, lateralmente à direita do avaliado. Comprimento da coxa: corresponde à distância entre o ponto mais superior do trocanter maior do fêmur e a extremidade súpero-lateral da tíbia. a) O avaliado deve adotar posição similar à adotada na medida do membro inferior; b) O avaliador deve adotar posição similar à adotada na medida do membro inferior; Comprimento da perna: compreende a distância entre a extremidade súpero-lateral da tíbia e a porção mais distal e inferior do maléolo tibial (projetado lateralmente). c) O avaliado deve adotar posição similar à adotada na medida do membro inferior; d) O avaliador deve adotar posição similar à adotada na medida do membro inferior; Comprimento dos membros superiores: corresponde à distância projetada entre a borda mais lateral do acrômio da escápula e o ponto dactílio (ponto mais distal do 3º dedo). A haste fixa deve ser posicionada sobre o ponto acromial. a) O avaliado deve posicionar-se em pé, de forma ereta, os membros superiores pendentes ao lado do corpo, a palma das mãos voltada para a coxa, os pés afastados à largura dos quadris, o peso corporal equilibrado entre ambas as pernas e a cabeça orientada no plano de Frankfurt; b) O avaliador se coloca em pé, lateralmente à direita do avaliado; 9 Caderno de Estudos de Cineantropometria Comprimento do braço: corresponde à distância projetada entre a borda mais lateral do acrômio da escápula e a extremidade externa da interlinha umerorradial. A haste fixa deve ser posicionada sobre o ponto acromial. a) O avaliado deve posicionar-se em pé, de forma ereta, pés afastados à largura dos quadris, o peso corporal equilibrado entre ambos as pernas, a cabeça orientada no plano de Frankfurt, os braços na vertical, lateralmente ao corpo, cotovelos flexionados a 90º, palma das mãos voltada para o lado medial (para dentro), dedos unidos e estendidos e o polegar apontando para cima; b) O avaliador se coloca em pé, lateralmente à direita do avaliado; Comprimento do antebraço: equivale à distância em projeção da extremidade externa da interlinha umerorradial à extremidade distal do processo estilóide do rádio (projetado). A haste fixa deve ser posicionada na porção proximal do úmero-radio. a) O avaliado deve adotar posição idêntica à adotada na medida do comprimento do braço; b) O avaliador deve adotar posição idêntica à adotada na medida do comprimento do braço; Figura 8: Medidas dos comprimentos (membro inferior, coxa, perna, membro superior, braço e antebraço). Fonte: GUEDES e GUEDES, (2006). 2.1.5 Perímetros (circunferências) Os perímetros são medidas circulares (circunferências) de segmentos específicos, obtidas no plano horizontal, perpendicularmente ao eixo longitudinal do corpo. Para realização das medidas utiliza-se fita métrica flexível não elástica, com definiçãodas dimensões milimétricas, preferencialmente com largura entre 5 e 7 mm e espessura não superior a 2 mm e com dispositivo para controle da pressão exercida sobre a pele (GUEDES e GUEDES, 2006). Figura 9: Fita métrica flexível. Fonte: GUEDES e GUEDES, (2006). Os mesmos autores ainda registram que ao se fazer a medida, deve-se circundar o segmento a ser medido com a fita métrica, aproximando as pontas na tentativa de cruzar as extremidades desta à altura do ponto 10 Caderno de Estudos de Cineantropometria zero. A orientação da fita deve ser perfeitamente horizontal em relação ao plano definido, bem como, deve-se exercer uma leve pressão, que equivale ao ponto mínimo de utilização da capacidade elástica da mola. Os pontos anatômicos de referência devem ser demarcados com o auxílio de um lápis dermográfico e as medidas realizadas sobre a pele nua (sempre que possível). A medida dos perímetros deve ser realizada por três vezes consecutivas, considerando-se o valor mediano para registro/análise (GUEDES e GUEDES, 2006). Procedimentos Perímetro do braço: refere-se à circunferência obtida na distância média entre a borda mais lateral do acrômio da escápula e o olécrano. Para identificar o ponto de referência, o avaliado deve flexionar o cotovelo a 90º, com a palma da mão voltada para cima. a) O avaliado deve posicionar-se em pé, de forma ereta, pés afastados à largura dos quadris, o peso corporal equilibrado entre ambas as pernas, a cabeça orientada no plano de Frankfurt, os membros superiores pendentes ao lado do corpo, e palma das mãos voltada paras as coxas; b) O avaliador se posiciona em pé, à direita do avaliado; Perímetro do antebraço: corresponde à circunferência encontrada no ponto de maior volume identificado nesse segmento anatômico. a) O avaliado deve posicionar-se em pé, de forma ereta, pés afastados à largura dos quadris, o peso corporal equilibrado entre ambas as pernas, a cabeça orientada no plano de Frankfurt, os membros superiores pendentes ao lado do corpo; contudo, com o braço e o antebraço direito discretamente afastado do corpo e com a mão em posição de supinação; b) O avaliador coloca-se em posição ântero-lateral em relação ao avaliado; Perímetro da coxa: equivale à circunferência identificada no ponto correspondente à distância média entre o trocanter maior e a extremidade súpero-lateral da tíbia. Demarcar a protuberância mais superior do trocanter maior e da extremidade súpero-lateral da tíbia. a) O avaliado deve posicionar-se em pé, de forma ereta, o peso corporal equilibrado entre ambas as pernas, a cabeça orientada no plano de Frankfurt, os membros superiores pendentes ao lado do corpo, coxas afastadas o suficiente para manusear livremente a fita; b) O avaliador fica agachado lateralmente à direita do avaliado; Perímetro da perna – medial: corresponde à circunferência do ponto de maior volume geminal (para tanto, mover a fita em torno e ao longo da perna). a) O avaliado deve posicionar-se em pé, de forma ereta, o peso corporal equilibrado entre ambas as pernas, a cabeça orientada no plano de Frankfurt, os membros superiores pendentes ao lado do corpo, coxas afastadas o suficiente para manusear livremente a fita; b) O avaliador fica agachado lateralmente à direita do avaliado; Figura 10: Medida dos perímetros (braço, antebraço, coxa e perna). Fonte: GUEDES e GUEDES, (2006). Perímetro da cintura: corresponde à menor circunferência da cintura, habitualmente acima do umbigo (2,5 cm acima do umbigo). A mensuração é feita após uma expiração normal (ACSM, 2006). a) O avaliado deve posicionar-se em pé, de forma ereta, o peso corporal equilibrado entre ambas as pernas, a cabeça orientada no plano de Frankfurt, os membros superiores pendentes ao lado do corpo, mas ligeiramente afastadas para permitir o livre acesso ao ponto de referência; b) O avaliador se posiciona em pé, à frente do avaliado; 11 Caderno de Estudos de Cineantropometria Perímetro do quadril: corresponde à maior circunferência ao redor das nádegas, acima da prega glútea (ACSM, 2006). a) O avaliado deve posicionar-se em pé, de forma ereta, o peso corporal equilibrado entre ambas as pernas, a cabeça orientada no plano de Frankfurt, os membros superiores pendentes ao lado do corpo, mas ligeiramente afastadas para permitir o livre acesso ao ponto de referência; b) O avaliador fica agachado lateralmente à direita do avaliado; Perímetro do tórax: corresponde à altura da quarta articulação esternocostal. Além deste ponto, a literatura indica também: altura dos mamilos e na altura do apêndice xifóide do esterno (TERRAZUL SOFTWARE, 2010). a) O avaliado deve posicionar-se em pé, de forma ereta, o peso corporal equilibrado entre ambas as pernas, a cabeça orientada no plano de Frankfurt, os membros superiores pendentes ao lado do corpo, mas ligeiramente afastadas para permitir o livre acesso ao ponto de referência; b) O avaliador se posiciona em pé, à frente do avaliado; Figura 11: Medidas dos perímetros (cintura, quadril e tórax). Fonte: TERRAZUL SOFTWARE, (2010). 2.2 Composição corporal Entende-se por composição corporal de um corpo os constituintes que, combinados, formam uma estrutura única. A avaliação da composição corporal desempenha importante função no controle da massa corporal (peso corporal), pois fornece subsídios para: prescrever e orientar exercícios físicos; recomendar o consumo energético adequado; e como critério para acompanhamento das condições de saúde tanto individual quanto populacional (QUEIROGA, 2005). Os modelos de análise da composição corporal que permitem fracionar o peso corporal (gordura corporal e massa corporal magra ou massa livre de gordura) fornecem informações valiosas a respeito das adaptações ocorridas em seus componentes, seja mediante a prática de exercícios físicos, dieta alimentar, ou ambos. A gordura corporal é apenas uma subcategoria dos lipídeos e compreende a parcela de lipídios simples (triglicerídeos). Aproximadamente 90% da quantidade de lipídeos do corpo são de natureza simples, não essenciais. Já a massa corporal magra é o componente da composição corporal constituído pelos músculos, ossos, bem como, outros tecidos que incluem pele, órgãos, tecido nervoso, sangue, cabelos etc. (QUEIROGA, 2005). Os procedimentos para determinação da composição corporal são classificados em métodos diretos, indiretos e duplamente indiretos (figura 12). Procedimentos diretos Dissecação macroscópica Extração lipídica Procedimentos indiretos Hidrometria (bioquímica) Espectometria de raios gama (bioquímica) Ativação de nêutrons (bioquímica) Excreção de creatina (bioquímica) Radiologia convencional (imagem) Ultra-sonografia (imagem) Tomografia axial computadorizada (imagem) Ressonância magnética nuclear (imagem) Absortometria radiológica de dupla energia (DEXA) (imagem) Pesagem hidrostática (densitometria) Pletismografia (densitometria) Procedimentos duplamente indiretos Condutividade elétrica corporal total Interactância de raios infravermelhos Bioimpedância elétrica Antropometria Figura 12: Procedimentos para determinação da composição corporal. Fonte: GUEDES e GUEDES (2006). 12 Caderno de Estudos de Cineantropometria Nos procedimentos diretos obtêm-se informações in vitro precisas dos diferentes tecidos do corpo. Nos indiretos, são obtidas informações sobre as variáveis de domínio físico e químico e, posteriormente, estimam-se os componentes de gordura e de massa isenta de gordura. Já nos procedimentos duplamente indiretos, são utilizadas equações de regressão a fim de predizer as variáveis associadasaos procedimentos indiretos que, por sua vez, deverão estabelecer estimativas a respeito dos componentes da composição corporal (GUEDES e GUEDES, 2006). O método antropométrico para estimativa da composição corporal é simples de ser utilizado, é de fácil interpretação, requer pouco tempo, equipamento, tem baixo custo e é bastante seguro. No entanto, o domínio exato das técnicas requer treinamento rigoroso e fiel seguimento aos procedimentos de medidas (QUEIROGA, 2005). Dentre os métodos duplamente indiretos, os mais práticos e frequentemente utilizados pelos profissionais de educação física são a bioimpedância elétrica e as medidas antropométricas que envolvem a espessura das dobras cutâneas (EDC), perímetros (circunferências) e diâmetros ósseos. 2.2.1 Índice de Massa Corporal (IMC) O índice de massa corporal (IMC), também conhecido como índice de Quetelet, é obtido dividindo a massa corporal (peso corporal) em quilogramas pela estatura em metros elevada ao quadrado. IMC = peso estatura 2 Embora o IMC não forneça informações acerca dos componentes da massa corporal, sua aplicabilidade não poder ser ignorada, já que envolve medidas relativamente fáceis de serem obtidas e é um método rápido e barato na determinação da obesidade. Uma limitação na utilização do IMC para profissionais de educação física está no fato de que a medida não fraciona os componentes massa gorda e massa magra. 2.2.2 Avaliação da composição corporal através da medida da espessura das dobras cutâneas (EDC) De acordo com Queiroga (2005), como qualquer outro método que procura estimar a quantidade de gordura corporal, o uso da espessura das dobras cutâneas (EDC) está sujeito a inúmeros erros, normalmente associados com o equipamento (modelo do compasso), a técnica (duplamente indireta), habilidade do avaliador com os procedimentos de medida, a localização do ponto anatômico e o destaque da dobra, além dos erros referentes à escolha da equação/protocolo. Alguns pesquisadores afirmam que as fontes de erros em potencial estão relacionadas ao tipo de compasso (de acordo com a equação/protocolo) e a precisão dos avaliadores. A habilidade do avaliador em medir as EDC é adquirida com muita prática (medida das dobras cutâneas de 50 a 100 sujeitos). A compressibilidade (sujeitos obesos, magros, idosos, hipertrofiados), e grossura da pele, quais os locais e quantas regiões são necessárias para representar a gordura corporal, o padrão de gordura interna e subcutânea e a variabilidade do conteúdo da gordura podem comprometer a análise da composição corporal mediante a técnica das EDC (QUEIROGA, 2005). O uso das EDC em indivíduos muito obesos deve ser evitado, uma vez que a localização dos pontos anatômicos, o destaque do tecido adiposo e a abertura da mandíbula do compasso não atenderão aos padrões necessários para uma boa medida, sendo mais recomendado, neste caso, o método antropométrico anteriormente mencionado. O instrumento utilizado para realizar as medidas das EDC é o compasso, também conhecido como adipômetro, espessímetro ou plicômetro. Os mais recomendados são o Lange (norte-americano e com 30mm 2 de área de contato) e Harpenden (inglês e com 90mm 2 de área de contato), embora o Cescorf (90mm 2 de área de contato), de fabricação nacional seja usado em larga escala (similar ao Harpenden). Figura 13: Compassos de dobras cutâneas. Localização do ponto anatômico: Para que a medida das EDC possam ser comparadas entre avaliadores, é preciso adotar os mesmos procedimentos de localização e coleta dos dados. A demarcação do local com lápis dermográfico é de suma importância, principalmente quando se está ensinando ou aprendendo a 13 Caderno de Estudos de Cineantropometria realizar as medidas. Seguem a seguir, os procedimentos e a localização adequada para a medida das EDC, adotados por diversos autores. Figura 14: Procedimentos para a localização e medida das EDC. Fonte: QUEIROGA (2005). 14 Caderno de Estudos de Cineantropometria Figura 15: Localização e medida das EDC. Fonte: QUEIROGA (2005). 15 Caderno de Estudos de Cineantropometria Figura 16: Localização e medida das EDC. Fonte: QUEIROGA (2005). 16 Caderno de Estudos de Cineantropometria Figura 17: Localização e medida das EDC. Fonte: QUEIROGA (2005). 2.2.2.1 Procedimentos para medir e localizar as EDC Além da escolha do compasso, da exata localização do ponto anatômico e da familiarização com a técnica de medida, alguns procedimentos devem ser adotados para padronizar a coleta das medidas das EDC. a) As medidas deverão ser realizadas no lado direito do corpo; b) As regiões a serem medidas devem ser cuidadosamente definidas com marcas na pele, utilizando lápis dermográfico; c) Destacar a pele adjacente ao tecido subcutâneo com o polegar e o indicador, movimentando delicadamente para separá-lo do tecido muscular; d) Destacar a dobra iniciando a pinçada a aproximadamente 8 cm entre os dedos (quanto mais espesso o tecido, maior a distância); e) Elevar o suficiente a dobra para permitir a colocação da mandíbula do compasso; f) Com o polegar e o indicador, elevar e destacar a dobra firmemente a uma distância de um centímetro da região na qual a dobra está sendo medida; g) Manter a dobra elevada enquanto se realiza a medida; h) Aplicar o compasso perpendicularmente à dobra; i) Realizar uma série de três medidas no mesmo local, de forma alternada em relação às demais; j) A compressão do compasso na pele fará com que o indicador de leitura apresente valores decrescentes, portanto, a medida deverá ser lida em 1 a 2 segundos; k) O resultado deverá ser lido e registrado em milímetros (mm); l) Para efeito de cálculo, deve-se considerar o valor intermediário entre as três medidas realizadas. 2.2.2.2 Equações e determinação da densidade e gordura corporal A correta seleção de uma equação para predição da densidade corporal e do percentual de gordura é uma tarefa fundamental para a obtenção de estimativas realísticas da composição corporal. Estas equações podem ser específicas (população com variações de idade e adiposidade bem reduzidas) e generalizadas (grupos heterogêneos). A escolha pelo modelo deve levar em consideração os objetivos da avaliação e, especialmente, as características da população que será avaliada. Equações específicas devem ser empregadas em sujeitos representativos apenas da população para a qual a equação foi criada. Como vantagem, as equações generalizadas atendem grupos com características mais amplas em idade e adiposidade. De acordo com Queiroga (2005), as equações generalizadas de maior destaque foram desenvolvidas por Jackson e Pollock (1978) para homens; Jackson, Pollock e Ward (1980) para mulheres; e Petroski (1995) para homens e mulheres. Para maiores detalhes, consultar Queiroga (2005). 17 Caderno de Estudos de Cineantropometria 2.2.3 Avaliação da composição corporal mediante medidas de perímetros (circunferências) A grande vantagem da avaliação da composição corporal mediante medidas de perímetros é que supera algumas limitações impostas ao uso dos compassos de dobras cutâneas, como por exemplo, o custo comercial e a impossibilidade do emprego da técnica de medida das EDC em indivíduos obesos, além de: Possibilitar reduzir o erro de medida intra e interavaliadores; Serem mais reprodutivas do que as medidas das EDC; Requerem menor habilidade técnica para a medida do que as EDC; Permitem avaliar pessoas obesas (≥ 30% gordura) sem a problemática do limite de abertura da mandíbula dos compassos.Algumas equações generalizadas desenvolvidas para homens e mulheres por Tran e Weltman (1988 e 1989) apud Queiroga (2005), usando perímetros, estatura, peso corporal e idade, para estimativa da densidade corporal, são comparáveis àquelas com utilização de compassos. Equação de Tran e Weltman (1988) – Homens (brancos e negros = 22 – 78 anos) DC = 1,2114223 – 0,0013803819 (C12) – 0,0006135732 (C5) – 0,0005001182 (C15) + 0,0008460263 (PC) Equação de Tran e Weltman (1989) – Mulheres (brancas = 15 – 79 anos) DC = 1,168297 – 0,002824 (C12) + 0,0000122098 (C12)2 – 0,000733128 (C5) + 0,000510477 (ES) – 0,000216161(ID) Equação de Tran e Weltman (1988) – Homens (brancos – 22 – 78 anos) %G = 0,57914807 (C12) + 0,25189114 (C5) + 0,21366088 (C15) – 0,35595404 (PC) – 47,371817 Legenda: PC = Peso corporal ES = Estatura ID = Idade C5 = Circunferência do quadril: maior amplitude (cm) C12 = Valor médio entre as medidas C1 e C2 (cm) C1 = C. Abdome1: ponto médio entre o processo xifóide e o umbigo (cm) C2 = C. Abdome2: linha do umbigo (cm) C15 = Circunferência ilíaca: anterior superior à crista ilíaca (cm) 2.2.4 Estimativa da distribuição da gordura corporal através de perímetros (circunferências) Estimar a quantidade de tecido adiposo abdominal interno, bem como, suas consequências por meio do método antropométrico é de grande relevância na avaliação do estado de saúde individual e populacional, em razão da simplicidade na utilização e interpretação dos resultados. O profissional de educação física tem a sua disposição duas técnicas principais para a estimativa da distribuição da gordura corporal mediante circunferências: uma conhecida como Relação Cintura/Quadril (RC/Q) e a outra que considera tão somente a medida da circunferência abdominal. A utilidade da RC/Q se fundamenta na associação desta relação com medidas obtidas por tomografia computadorizada e associação com complicações metabólicas, além de ser considerada melhor preditor de mortes do que o IMC. Desta forma, a RC/Q é aceita como um índice de gordura abdominal interna e como indicador de distúrbios metabólicos (QUEIROGA, 2005), embora muitos autores afirmem que a medida abdominal é o melhor indicador de gordura interna e de distúrbios metabólicos (DESPRÉS, et al., 1991; HOUMARD et al., 1994 apud QUEIROGA, 2005). Intervalos críticos de circunferência do abdome que estão fortemente associados com a pressão arterial elevada, diabetes mellitus e outros fatores de risco compreendem a faixa de valores de 92-102 e 88-99 cm para homens e mulheres respectivamente (HAN et al., 1995 e SÁNCHEZ-CASTILLO et al., 2003 apud QUEIROGA, 2005). Para avaliar a distribuição de gordura corporal por meio de circunferências, segundo Queiroga (2005), seja adotando apenas a circunferência da cintura ou sua relação com o quadril, deve-se obedecer ao que segue: Medida da circunferência da cintura: determinada no ponto que coincide com a distância média entre a última costela e a crista ilíaca. Medida da circunferência do quadril: obtida na região de maior circunferência posterior dos glúteos. A RC/Q deve ser calculada com base na fórmula abaixo: RC/Q = Medida da circunferência da cintura Medida da circunferência do quadril 18 Caderno de Estudos de Cineantropometria Em referência aos valores desejados para distribuição de gordura, Björntorp (1985) apud Queiroga (2005) afirma que uma relação superior a 1,00 e 0,80 unidades para homens e mulheres, respectivamente, deve ser considerada como um limiar de risco para a saúde. Figura 18: Padrão RC/Q para homens e mulheres. Fonte: ACSM (2006). 2.2.5 Análise da distribuição da gordura corporal mediante espessura das dobras cutâneas (EDC) Além das medidas de circunferências, as EDC também podem ser indicadoras de distribuição de gordura. Entretanto, a relação entre EDC e gordura intra-abdominal é inferior à encontrada com as medidas de circunferência. Por sua vez, as EDC são capazes de identificar com precisão a distribuição do tecido adiposo tronco/extremidades (QUEIROGA, 2005). Para análise da distribuição do tecido adiposo tronco/extremidades em adultos, embora pouco comum em função do tempo necessário para coletar as medidas, utilizam-se oito regiões, sendo encontradas, no entanto, relações com seis medidas (figura 19). Para o cálculo deve-se somar os valores das espessuras das dobras do tronco e dividir pela somatória das dobras das extremidades (QUEIROGA, 2005). Referência: Adultos 8 Regiões 6 Regiões SB + AM + SI + AB TR + BC + CX + PM SB + SI + AB TR + BC + PM Figura 19: Análise da distribuição de tecido adiposo através das EDC. Fonte: QUEIROGA, 2005. Valor superior a 1,0 unidade para homens e 0,8 unidade para mulheres indicam maior acúmulo de tecido adiposo no tronco do que nos membros. 2.2.6 Avaliação da composição corporal através da Bioimpedância Elétrica É também considerado um método duplamente indireto de avaliar a composição corporal. O princípio básico da bioimpedância elétrica baseia-se nos diferentes níveis de condutibilidade elétrica dos tecidos biológicos expostos a várias frequências de corrente. Ou seja, a técnica produz informações sobre a impedância (oposição oferecida por um circuito elétrico a uma corrente alternada) que o corpo humano oferece à condução de uma corrente elétrica. No caso do corpo humano, a impedância está relacionada à resistência (R) apresentada pelos próprios tecidos à condução elétrica e à reactância (Xc) ou oposição adicional, causada pela capacidade de isolamento à passagem da corrente elétrica, apresentada pelas membranas celulares (GUEDES e GUEDES, 2006). É um método criticado, pois seu princípio considera o corpo humano como um condutor cilíndrico perfeito, o que não parece ser verdade. Por outro lado, boa correlação tem sido encontrada quando comparado à métodos de referência (DEUREMBERG et al., 1991; FULLER e ELIA, 1989; LUKASKI et al., 1986 apud GUEDES e GUEDES, 2006). 19 Caderno de Estudos de Cineantropometria O equipamento utilizado na análise, costumeiramente chamado de balança de bioimpedância, é corretamente denominado de ohmímetro. Vários modelos estão disponíveis no mercado atualmente (figura 20), podendo estes ser divididos em duas categorias: tetrapolares (utilizam dois pares de eletrodos emissores e receptores) e bipolares (utilizam um par de eletrodos – emissor e receptor; costumam apresentar erros leitura elevados). Figura 20: Equipamentos de bioimpedância elétrica. Fonte: GUEDES e GUEDES, (2006). O protocolo de medida da técnica tetrapolar consiste na fixação dos eletrodos emissores distalmente na superfície dorsal da mão e do pé, no plano da cabeça do terceiro metacarpo e do terceiro metatarso, respectivamente. Os eletrodos receptores são colocados proximalmente, também na mão e no pé, sendo o primeiro no pulso, num plano imaginário de união entre os dois processos estilóides (rádio e ulna), e o segundo na região dorsal da articulação tibiotársica, numa linha imaginária entre os dois maléolos (medial e lateral) (figura 21). Por convenção, os quatro eletrodos são colocados do lado esquerdo do corpo, estando o avaliado em decúbito dorsal (GUEDES e GUEDES, 2006). Esta técnica e também chamada de técnica horizontal de bioimpedância elétrica. Figura 21: Colocação dos eletrodos – técnica horizontal de bioimpedância elétrica (tetrapolar). Fonte: GUEDES e GUEDES, (2006). Apesar da relativa facilidade e rapidez da medida, alguns procedimentos prévios que devem ser seguidos por parte do avaliado, objetivando não comprometer a qualidade da informação:1. Não ter feito uso de medicamentos diuréticos nos últimos sete dias; 2. Manter-se em jejum por pelo menos 4 horas; 3. Não ter ingerido bebidas alcoólicas nas últimas 48 horas; 4. Ter-se abstido da prática de atividades físicas intensas nas últimas 24 horas; 5. Urinar pelo menos 30 minutos antes da medida; 6. Manter-se pelo menos 5-10 minutos em repouso absoluto em posição de decúbito dorsal antes de efetuar a medida; Além destes cuidados, deve ser evitado o uso de peças de metal (brincos, relógios, pulseiras, anéis etc.), bem como, uso de vestimentas mais pesadas, já que dificultam a condutibilidade da corrente elétrica. As medias realizadas nas primeiras horas pós-despertar, tendem a apresentar maior reprodutibilidade, pois apresentam menor variação no metabolismo de repouso. 20 Caderno de Estudos de Cineantropometria Figura 22: Ilustração da técnica vertical ou bipolar de bioimpedância elétrica. Fonte: GUEDES e GUEDES, (2006). Na técnica bipolar (ou vertical), na qual é usado apenas um par de eletrodos, os equipamentos não fornecem dados acerca da resistência (R) e reactância (Xc) e o avaliado deve se posicionar em pé para a realização da medida (figura 22). Em alguns modelos de equipamento a corrente elétrica percorre os membros inferiores e a região do abdome (modelo Tanita – o avaliado se posiciona em pé sobre o equipamento). Nos modelos em que o avaliado segura o equipamento com ambas as mãos (sobre os eletrodos), com os braços estendidos à frente, formando um ângulo de 90º com o tronco, a corrente elétrica percorre os membros superiores e a região superior do tronco. De acordo com Jebb et al. (2000) apud Guedes e Guedes (2006), as diferenças entre as duas técnicas (tetrapolar ou horizontal e bipolar ou vertical) no que se refere à quantidade de gordura e peso corporal em adultos jovens, são relativamente pequenas. 2.2.7 Avaliação da composição corporal através da pesagem hidrostática Os métodos empregados para avaliar a composição corporal mediante a técnica da densitometria baseiam- se no pressuposto que a densidade de todo o corpo é estabelecida pelas densidades de vários componentes corporais e pela proporção com que cada um desses componentes contribui para o estabelecimento da massa corporal total. Assim sendo, admitindo-se que a densidade da gordura é consideravelmente menor que a densidade de outras estruturas do corpo, quanto maior a quantidade de gordura em proporção ao peso corporal, menor será a densidade de todo o corpo (GUEDES e GUEDES, 2006). A densidade corporal representa uma relação entre o peso corporal e o seu volume e pode ser assim expressa: Peso corporal (g) Densidade corporal (g.mL-1) = ------------------------------------ Volume corporal (mL) Já que o peso corporal é facilmente mensurado através de técnicas e equipamentos simples, a principal preocupação na determinação da densidade corporal refere-se à mensuração do volume corporal. A pesagem hidrostática tem sido a opção mais empregada na verificação do volume corporal. O método da pesagem hidrostática, considerado como procedimento indireto na avaliação da composição corporal, está alicerçado no princípio de que o corpo totalmente submerso em água sofre a ação de uma força contrária de sustentação, evidenciada por perda de peso igual ao peso da água deslocada. Desse modo, o avaliado é submerso em um tanque com água e o volume corporal é computado com base na diferença entre o peso corporal medido no ambiente (Preal) e o peso corporal medido totalmente submerso (Págua – figura 23). Figura 23: Pesagem hidrostática. Fonte: GUEDES e GUEDES, (2006). 21 Caderno de Estudos de Cineantropometria A quantidade de ar nos pulmões e os gases presentes no aparelho gastrointestinal no momento da pesagem hidrostática são dois volumes extras que precisam ser corrigidos nos cálculos do volume corporal. Para tanto, o avaliado deve eliminar a maior quantidade possível de ar dos pulmões antes de submergir, através de uma expiração forçada. O volume dos gases presentes no aparelho gastrointestinal não podem ser medidos, contudo, são estimados em 100mL. Assim, partindo-se da fórmula convencional para a densidade (peso/volume), estimativas sobre a densidade corporal por intermédio da pesagem hidrostática passam a ser estabelecidas. Pesoreal Densidade corporal (g.mL-1) = ------------------------------------ Pesoreal – Pesoágua ------------------------------- - (VR + 100 mL) Dágua Apesar de o método da pesagem hidrostática produzir medidas de densidade corporal muito precisas, é preciso levar em conta que somente avaliados com razoável adaptação ao meio aquático podem ser submetidos ao procedimento, o que limita consideravelmente sua utilização em avaliações rotineiras da composição corporal. Uma vez estabelecida a medida da densidade corporal, sua conversão em quantidades percentuais de gordura em relação ao peso corporal pode ser realizada com o uso de expressões matemáticas propostas com base em estudos sobre procedimentos diretos da composição corporal, conforme segue: Siri (1961) 4,95 % Gord = -------------- - 4,50 100 Dens Brozek et al. (1963) 4,57 % Gord = --------------- - 4,142 100 Dens 3 AVALIAÇÃO POSTURAL 3.1 Postura corporal De acordo com Fernandes, Amadio e Mochizuki (1997), a postura é uma posição ou atitude do corpo, formada por meio do arranjo relativo de suas partes para uma atividade específica, ou ainda uma maneira individual de sustentação orientada em função da força de gravidade, sendo estudada sob vários aspectos, tanto em sua forma estrutural como funcional. Para Bankoff et al. (1993) a postura corporal envolve um conceito de equilíbrio, de coordenação neuromuscular e cada indivíduo apresenta uma característica postural própria. Ainda segundo estes autores, a postura ou atitude postural é um equilíbrio dinâmico somático, onde estão estabelecidas relações simples ou complexas com o meio circundante. A postura, em amplo grau, é também uma representação somática. Posicionamo-nos e movemo-nos como nos sentimos. A postura de um indivíduo é a somatização de todo o seu passado, seu cotidiano, sua forma de se posicionar diante das situações de lazer, trabalho e de repouso, seu estado emocional etc. Nesse sentido, durante o transcorrer do dia, submetemos o nosso corpo a posições variadas consciente e inconscientemente (SCHMIDT, 1999). Rasch e Burke (1977) afirmam que não existe uma postura padrão, sendo a mesma uma questão variável de indivíduo para indivíduo. Por esta razão, de acordo com Santos (2000), deve ser evitada a denominação de postura normal, devendo ser adotada a expressão boa postura quando os segmentos corporais estiverem equilibrados na posição de menor esforço e de máxima sustentação, ou seja, quando for resultado de um equilíbrio harmonioso entre as solicitações impostas aos músculos, ligamentos e discos intervertebrais. Desta forma, a avaliação postural de um indivíduo não pode ser comparada à de outro, tampouco a um modelo padrão. 22 Caderno de Estudos de Cineantropometria3.2 Objetivos e aplicação da avaliação postural As constantes alterações antropométricas e morfológicas causadas pelo crescimento e desenvolvimento provocam inúmeras adaptações no aparelho locomotor, objetivando alcançar uma postura adequada. Assim sendo, as atitudes posturais diárias frente ao trabalho, lazer, repouso e prática de atividades físicas, podem gerar desequilíbrios aos constituintes do aparelho locomotor (ossos, ligamentos e músculos), desencadeando os problemas posturais. As causas do mau alinhamento corporal e postural estão relacionadas à diminuição da flexibilidade, fraqueza muscular, quadro álgico (SANTOS, 2000), assimetria dos corpos das vértebras e assimetria de comprimento de membros (principalmente os inferiores). Além destes, podem ser citados o rápido crescimento corporal durante o estirão de crescimento, a prática de exercícios físicos de forma inadequada, o transporte incorreto de cargas (com excesso de peso e/ou unilateralmente), postura incorreta ao sentar durante longos períodos de tempo e postura inadequada durante as atividades laborais. A avaliação postural deve ser realizada com o objetivo de detectar e registrar as alterações no alinhamento do aparelho locomotor, possibilitando a prescrição de exercícios físicos que não são contra indicados para cada caso, assim como, o não agravamento dos problemas/desvios/assimetrias detectados. Além dos objetivos citados acima, Santos (2000) apresenta também os seguintes: Visualizar e determinar possíveis desalinhamentos posturais ou atitudes posturais incorretas dos indivíduos, amenizando e/ou evitando sintomas de sobrecarga mecânica, muscular e relacionada a ligamentos; Avaliar os desequilíbrios musculares; Analisar possíveis problemas estruturais e funcionais relacionando a dependência entre exercícios físicos e problemas posturais, podendo, assim, indicar ou contra indicar exercícios respeitando os limites e propiciando uma conscientização corporal. Percebe-se então, que a avaliação postural é indicada para todos que pretendem iniciar ou continuar a prática de exercícios físicos. No entanto, é ainda mais importante nos períodos da vida nos quais ocorre o rápido crescimento e desenvolvimento corporal, característicos do estirão de crescimento, na adolescência e início da juventude. Para esta população, a avaliação postural apresenta-se como um importante instrumento para acompanhar o adequado crescimento e desenvolvimento corporal, sendo também, o foco de maior interesse da avaliação postural para profissionais de educação física. A importância da avaliação postural na adolescência e na juventude se justifica pelo maior êxito de reversão quando problemas/desvios/assimetrias posturais são detectadas precocemente. Desta forma, a intervenção do profissional de educação física, através da avaliação postural dos escolares, se classifica como preventiva. Além disso, o profissional de educação física, não raro, é o único profissional da área da saúde com presença e inserção direta nas escolas, situação que justifica este trabalho preventivo. É importante registrar que, uma vez detectados problemas/desvios/assimetrias posturais dentre a população escolar, as seguintes providências devem ser tomas pelo profissional de educação física: Comunicar à direção da escola/estabelecimento de ensino sobre os problemas/desvios/assimetrias detectados, mediante relatório próprio (avaliação postural); Acompanhar o comunicado aos pais e/ou responsáveis pelos escolares acerca dos resultados da avaliação postural, sugerindo uma avaliação fisioterápica criteriosa, com consequente reabilitação (quando for o caso); Indicar e contra indicar exercícios físicos, de acordo com cada caso, objetivando minimizar os efeitos negativos incutidos ao aparelho locomotor; Fornecer informações acerca dos exercícios físicos realizados pelo escolar sob sua orientação/prescrição aos profissionais que estiverem atuando no processo de reeducação postural, sempre que solicitado. 3.3 Métodos de avaliação postural Os métodos de avaliação postural empregados pelo profissional de educação física podem ser classificados em: observação visual e análise postural digital. A observação visual (tanto estática quanto dinâmica) utiliza como referência pontos anatômicos específicos, através dos quais é possível identificar assimetrias e desvios nas estruturas ósseas e nos diferentes segmentos corporais. Trata-se de um método amplamente utilizado nas escolas, já que não requer instrumentos/equipamentos onerosos. Já a avaliação postural digital, realizada com a utilização de imagens digitais e análise destas através de recursos informatizados, requer o uso de máquina fotográfica digital ou câmera de vídeo, computador e software de avaliação postural, é mais utilizado nas academias de ginástica e clínicas. Em razão dos equipamentos empregado, esta metodologia se torna mais cara e difícil de ser aplicada à realidade das escolas, principalmente as públicas. 23 Caderno de Estudos de Cineantropometria Equipamentos/materiais utilizados na avaliação postural: Observação visual Fio de prumo (fio com uma massa de chumbo presa em sua extremidade) Fita métrica flexível Etiquetas adesivas (50 por avaliação) Simetrógrafo ou Tabuleiro quadriculado (armado em madeira ou metal com 1,95m de altura e 90cm de largura, com linhas horizontais e verticais dividindo toda a superfície do tabuleiro em quadrados de 7,5cm; pode ser afixado à parede ou não) Sala reservada Análise digital Fio de prumo (fio com uma massa de chumbo presa em sua extremidade) Fita métrica flexível Etiquetas adesivas (50 por avaliação) Simetrógrafo ou Tabuleiro quadriculado (armado em madeira ou metal com 1,95m de altura e 90cm de largura, com linhas horizontais e verticais dividindo toda a superfície do tabuleiro em quadrados de 7,5cm; pode ser afixado à parede ou não) Sala reservada Maquina fotográfica ou câmera de vídeo Computador Software para análise das assimetrias e desvios posturais Figura 24: Modelos de Simetrógrafo. 3.3.1 Avaliação postural mediante a observação visual Independente da metodologia a ser empregada, sugere-se a utilização de demarcação de pontos anatômicos de referência, projetados na superfície corporal para facilitar a identificação das principais assimetrias e os desvios posturais. Para tanto, devem ser identificados e demarcados os seguintes pontos anatômicos: 1. Processo mastóide do osso temporal 2. Projeção do acrômio (3cm - anterior, lateral e posteriormente) 3. Ângulo superior da escápula 4. Ângulo inferior da escápula 5. Processos espinhos das vértebras (C7-L5) 6. Ápice do processo xifóide 7. Saliência infra-umbilical 8. Espinha ilíaca ântero-superior 9. Trocanter maior do fêmur 10. Epicôndilo lateral do fêmur 11. Patela (centro) 12. Fossa poplítea (linha poplítea) 13. Maléolo lateral 14. Maléolo medial 15. Tuberosidade do calcâneo 16. Cabeça do 2º metatarso (demarcação na região dorsal do pé) 24 Caderno de Estudos de Cineantropometria Figura 24: Demarcação dos pontos anatômicos – plano frontal (vista anterior/posterior) e plano sagital (perfil direito/esquerdo). Fonte: SCHMIDT (1999). A demarcação dos pontos anatômicos pode ser realizada através de etiquetas adesivas (branca ou preta, conforme pigmentação da pele), facilmente removidas após o término da avaliação, estando o avaliado em trajes mínimos (traje de banho). Demarcados os pontos, o avaliado seve se posicionar a aproximada 3m do avaliador, à frente do tabuleiro quadriculado ou atrás do simetrógrafo, em postura ortostática estática,com os membros superiores pendentes ao longo do corpo, peso corporal distribuído igualmente em ambos os pés e a cabeça orientada no plano de Frankfurt, paralelo ao solo. Esta mesma posição deve ser assumida pelo avaliado nas análises nos planos frontal (vista anterior e posterior) e sagital (perfis direito e esquerdo). Estando o avaliado na posição indicada, o avaliador deve proceder à avaliação utilizando o protocolo a seguir: 25 Caderno de Estudos de Cineantropometria PROTOCOLO DE AVALIAÇÃO POSTURAL – OBSERVAÇÃO VISUAL NOME:.................................................................................................................................................................................... IDADE: ............................. SEXO: ( ) masculino ( ) feminino ANAMNESE: Sente alguma dor ou desconforto? ( ) sim ( ) não Local da dor/desconforto: ....................................................................................................................................................... Faz algum tipo de tratamento? ................................................................................................................................................ OBSERVAÇÃO VISUAL PLANO FRONTAL – VISTA ANTERIOR CABEÇA: ( ) alinhada ( ) inclinada ( ) direita ( ) esquerda ( ) rotação ( ) direita ( ) esquerda OMBROS: ( ) alinhados ( ) elevado ( ) direito ( ) esquerdo QUADRIL: ( ) alinhado ( ) elevado ( ) direito ( ) esquerdo JOELHOS: ( ) alinhados ( ) varo ( ) valgo ( ) elevado ( ) direito ( ) esquerdo PÉS: ( ) alinhados ( ) abduzido ( ) direito ( ) esquerdo ( ) aduzido ( ) direito ( ) esquerdo PLANO FRONTAL – VISTA POSTERIOR CABEÇA: ( ) alinhada ( ) inclinada ( ) direita ( ) esquerda ( ) rotação ( ) direita ( ) esquerda ESCÁPULAS: ( ) alinhadas Direita ( ) abduzida ( ) aduzida ( ) elevada ( ) rotação p/ cima ( ) rotação p/ baixo Esquerda ( ) abduzida ( ) aduzida ( ) elevada ( ) rotação p/ cima ( ) rotação p/ baixo OMBRO: ( ) alinhados ( ) elevado ( ) direito ( ) esquerdo ESCOLIOSE: ( ) sim ( ) não Tendência: ( ) direita ( ) esquerda ( ) em forma de “S” FLEXÃO DE TRONCO: ( ) gibosidade ( ) direita ( ) esquerda PLANO SAGITAL – PERFIL DIREITO/ESQUERDO REGIÃO CERVICAL: ( ) hiperlordose cervical ( ) retificação da lordose cervical OMBRO: ( ) protrusão REGIÃO TORÁCICA: ( ) hipercifose dorsal ( ) leve ( ) moderada ( ) grave ( ) retificação da cifose dorsal REGIÃO LOMBAR: ( ) hiperlordose lombar ( ) leve ( ) moderada ( ) grave ( ) retificação da lordose lombar JOELHO: ( ) hiperextensão ( ) hiperflexão Observações.: ........................................................................................................................................................................... .................................................................................................................................................................................................... .................................................................................................................................................................................................... 26 Caderno de Estudos de Cineantropometria 4 AVALIAÇÃO NEUROMUSCULAR Informações sobre os atributos (variáveis) voltadas ao sistema musculoarticular constituem-se em indicadores de grande importância para a avaliação de aspectos funcionais direcionados tanto à aptidão física relacionada à saúde como ao desempenho esportivo, sendo que no âmbito esportivo são solicitados o envolvimento simultâneo de força/resistência muscular e de flexibilidade (GUEDES e GUEDES, 2006). A manutenção de níveis adequados de força/resistência muscular é um importante mecanismo da saúde funcional, principalmente no que se refere à prevenção e ao tratamento de disfunções posturais, articulares e de lesões musculoesqueléticas (GUEDES e GUEDES, 2006). Queiroga (2005) confirma estes relatos adicionando que a prevenção é particularmente importante na independência de movimentos e na redução de quedas em idosos. Níveis adequados de força/resistência muscular desempenham papel importante também na regulação hormonal e no metabolismo (sensibilidade à insulina). Já níveis mais elevados de flexibilidade tendem a facilitar o movimento, reduzir a incidência de lesões quando da realização de exercícios físicos mais intensos, assim como, reduzir problemas relacionados às estruturas do aparelho locomotor (GUEDES e GUEDES, 2006). Tanto a flexibilidade quanto a força/resistência muscular estão sujeitas a alterações com o envelhecimento e o gradual declínio da atividade física diária (QUEIROGA, 2005). 4.1 Flexibilidade Flexibilidade é a capacidade funcional das articulações se movimentarem através de uma amplitude plena de movimento (ADM). A ADM funcional refere-se à capacidade de movimentar a articulação sem sofrer dor nem um limite para o desempenho (ACSM, 2006). Guedes e Guedes (2006) relatam que flexibilidade é a característica relacionada à amplitude de uma articulação isolada ou de um conjunto de articulações quando solicitadas na realização de um movimento voluntário. Estes autores dizem ainda que a flexibilidade reflete a capacidade das unidades musculotendinosas se alongarem tanto quanto as restrições morfológicas e mecânicas das articulações permitam, sem o risco de induzir a eventuais lesões nos constituintes do aparelho locomotor. 4.1.1 Fatores determinantes da flexibilidade Níveis específicos de flexibilidade envolvem a participação simultânea da elasticidade dos músculos, a plasticidade dos ligamentos e tendões e, em menor proporção, da maleabilidade da pele. Oposição ou rigidez oferecida à maior amplitude dos movimentos articulares pode ser causada pela excessiva concentração de proteína de colágeno presente no tecido conjuntivo (tendões, ligamentos e a própria cápsula articular) (GUEDES e GUEDES, 2006). A participação dos músculos esqueléticos nos níveis de flexibilidade varia consideravelmente de acordo com o movimento a ser analisado. Nas articulações interfalângicas, por exemplo, sua influência é praticamente nula. Já nos casos de movimentos que envolvem flexão de tronco à frente (quando os músculos isquiotibiais encontram-se com tônus aumentando e/ou encurtado), a participação dos músculos esqueléticos pode ser caracterizada como o principal fator limitador nos níveis de flexibilidade (GUEDES e GUEDES, 2006). Assim, sua participação é maior em movimentos que envolvem grandes articulações e menor em movimentos que envolvem pequenas articulações. É importante registrar que a limitação na participação dos músculos esqueléticos nos níveis de flexibilidade é atribuída aos componentes conectivos (tecidos conjuntivos - especialmente o epimísio e o perimísio) e não aos seus componentes contráteis. A gordura corporal localizada nos tecidos subcutâneos também representa um importante fator de restrição mecânica para o alcance de maior amplitude articular na execução de determinados movimentos, por causa do contato de segmentos adjacentes do corpo. Além disso, a posição relativa dos ossos em algumas articulações, como no caso do cotovelo, pode ocasionar restrição insuperável à maior amplitude articular. A idade, o sexo e a presença de anomalias neuromusculares constituem outro grupo de fatores que potencialmente podem influenciar nosníveis de flexibilidade. Quanto mais jovem o avaliado, pressupõe-se que maior seja seu nível de flexibilidade (maior quantidade de tecido cartilaginoso nas articulações). Ademais, com o envelhecimento, aumenta a espessura de tendões, ligamentos e fáscias musculares, o que pode inibir a capacidade de alongamento desses tecidos. As mulheres tendem a apresentar maiores níveis de flexibilidade, por apresentarem menor quantidade de massa muscular (CORBIN e LINDSEY, 1997 apud GUEDES e GUEDES, 2006). Outros fatores determinantes da flexibilidade, segundo Guedes e Guedes (2006) são a temperatura ambiente e o aquecimento realizado antes dos testes de flexibilidade. 27 Caderno de Estudos de Cineantropometria 4.1.2 Componentes da flexibilidade A flexibilidade pode ser decomposta em dois componentes: estático e dinâmico. No componente estático as unidades musculotendíneas devem ser alongadas lentamente e de maneira progressiva, até o alcance dos limites máximos, definindo-se a amplitude articular pela permanência, por algum tempo, na posição assumida. Já no componente dinâmico as unidades musculotendíneas devem ser alongadas com movimentos de natureza balística, alternando-se as fases de estiramento e de encurtamento dos músculos esqueléticos envolvidos no movimento (GUEDES e GUEDES, 2006). Em razão da dificuldade em estabelecer uma definição rigorosa para a avaliação do componente dinâmico, a literatura especializada tem sido unânime na preferência da mensuração da flexibilidade estática. O componente estático da flexibilidade, segundo Guedes e Guedes (2006), pode ainda ser classificado de acordo com os procedimentos direcionados ao alongamento do músculo esquelético como: passivo, assistido e ativo. Passivo: Envolve a ação da força aplicada externamente com atuação do avaliador, sem nenhuma participação voluntária do avaliado no alcance da amplitude articular. O avaliador desempenha papel fundamental para identificar o limite máximo de extensibilidade do segmento articular, ao passo que o avaliado deve estabelecer um relaxamento “ótimo”. Também podem ser incluídos movimentos realizados pelo próprio avaliado, quando este aplica força externa para realizar o movimento articular (ex.: flexão dos joelhos mediante tração do pé em direção aos glúteos). Assistido: Ocorre primariamente por ação de forças externas, porém, com a participação efetiva e voluntária do avaliado para alcançar o limite máximo do movimento. É aplicada apenas a ação do próprio peso corporal do avaliado ou a ação da gravidade. Ativo: É caracterizado pelo maior alcance do movimento voluntário realizado pelo próprio avaliado, que deve procurar não se beneficiar da ação da gravidade utilizando a força gerada pela contração dos músculos agonistas e pelo relaxamento dos antagonistas que atuam no movimento. São movimentos de natureza balística que alcançam, de maneira abrupta e imediata, a amplitude máxima. Informações provenientes de movimentos articulares realizados com alongamento muscular passivo e assistido, proporcionam ao avaliador indicadores mais específicos sobre a mobilidade das superfícies articulares e da extensibilidade dos ligamentos, tendões e músculos associados. 4.1.3 Finalidade da avaliação da flexibilidade e recursos empregados De forma prática, segundo Queiroga (2005), a avaliação da flexibilidade tem por finalidade: Estabelecer a amplitude existente e compará-la a valores de referência; Comparar a simetria entre membros direito e esquerdo; Reavaliar o estado do aluno após um programa de exercícios e compará-lo à avaliação inicial; Fornecer informações para decisões relacionadas à prescrição de exercícios de alongamento ou de fortalecimento para grupos músculo-articulares desequilibrados. As técnicas aplicadas na avaliação da flexibilidade podem ser classificadas em diretas e indiretas. Os recursos direitos são mais precisos, porém mais dispendiosos, pois requerem a aquisição de equipamentos, bem como, o envolvimento de avaliadores treinados e o seguimento de protocolos rigorosos. Os recursos indiretos, por outro lado, de acordo com Queiroga (2005), são mais viáveis economicamente, empregam instrumentos baratos e fáceis de manusear, permitem avaliar grande número de pessoas em pouco tempo, contudo, a exatidão das medidas pode ser inferior. Os instrumentos para avaliação da flexibilidade além de serem classificados como diretos e indiretos, ainda podem ser entendidos, em função das unidades de medida, como angulares (diretos), lineares e adimensionais (indiretos). Os instrumentos empregados para a avaliação direta da flexibilidade incluem: raio X; ultra-sonografia, fotografias, filmes e videoteipes. Após a coleta das imagens, calcula-se a amplitude músculo- articular em graus. Além destes instrumentos, podem ser empregados na medida direta o eletrogoniômetro (flexibilidade dinâmica), o goniômetro universal e o flexômetro/flexímetro (flexibilidade estática) (QUEIROGA, 2005). Figura 25: Flexímetro e Goniômetro universal (metal e plástico). 28 Caderno de Estudos de Cineantropometria Os instrumentos angulares fundamentam-se na medida do ângulo formado entre dois segmentos corporais que se opõem na articulação. Já os instrumentos de medida indiretos, como os lineares, quantificam a amplitude de movimento em centímetros. Uma desvantagem desse método, considerando que a flexibilidade é específica para cada grupo músculo-articular, é a impossibilidade de fornecer uma visão abrangente da flexibilidade do avaliado, já que os testes que mensuram a flexibilidade em centímetros, geralmente permitem avaliar apenas uma ação articular, como é o caso da flexão do quadril (QUEIROGA, 2005). Os testes que atendem aos critérios mencionados acima são os testes de deslizamento de pele e os testes de alcance, destacando o popular teste de sentar-e-alcançar, desenvolvido por Wells e Dillon (1952). Os instrumentos lineares são muito modestos tanto na aquisição, construção e calibragem, uma vez que utilizam como recursos uma fita métrica e um banco graduado, respectivamente. Figura 26: Banco de Wells. As técnicas adimensionais para avaliação da flexibilidade, também consideradas indiretas, não empregam uma unidade de medida convencional para expressar o resultado obtido, mas usam mapas com ilustrações dos movimentos, onde o avaliador observa o avaliado e compara-o com os desenhos. Estes testes são realizados mediante observação e por isso, são bastante subjetivos, embora de fácil aplicação. Um dos mais comuns é o flexiteste, idealizado por Araújo (1986). Neste caderno de estudos serão abordados o procedimento direto de avaliação da flexibilidade utilizando o flexímetro e o procedimento indireto utilizado no Teste de Sentar-e-Alcançar. 4.1.4 Procedimentos gerais para avaliação da flexibilidade Os instrumentos de flexibilidade têm por finalidade quantificar em graus, centímetros ou mediante observação, a amplitude alcançada a partir de uma ou mais articulações do corpo humano. Cuidados que devem ser levados em consideração, quando da avaliação da flexibilidade, segundo Queiroga (2005): A reprodutibilidade depende de um preciso reconhecimento do ponto de referência ósseo, ou seja, a localização de fixação do aparelho. O fato de permanecer em uma postura estática pode fadigar o avaliado e dificultar a reprodutibilidade das medidas, devendo-se evitar manter o avaliado na mesma posição por muito tempo. Estabelecer um procedimento padrão para aquecer, ou não, antes do teste (seguir protocolo). Obs.: Quando se avalia indivíduos não-atletas, cujos quais realizam atividades leves, moderadas ou fortes
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