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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE MEDICINA III CURSO DE MEDICINA Prof. Antonio Augusto Pereira Martins Especialista em Docência do Ensino Superior Especialista em Ciências da Educação PROPEDÊUTICA EM GINECOLOGIA RESUMO: O presente trabalho tem o objetivo de servir de roteiro de estudo aos nossos alunos do Departamento de Medicina III / Centro de Ciências Biológicas e da Saúde (DEMED III / CCBS) da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), que estão iniciando a Disciplina de Clínica Ginecológica I, referendada ao 4º período de medicina, atendendo as exigências da nova grade curricular. Como roteiro de estudo, não tem a pretensão de ser completo. Algumas aulas poderão ter abordagem ou seqüência diferente daquela aqui apresentada. Porém, o conteúdo principal será respeitado. A leitura das obras citadas na Bibliografia Recomendada na Programação da Disciplina ampliará e solidificará os conhecimentos aqui auferidos, lembrando que a complementação com aulas práticas é de fundamental importância. A consulta médica em ginecologia é formada de anamnese, exame ginecológico, seguindo- se por hipótese diagnóstica, e exames complementares, quando necessário. Segue-se a conduta terapêutica, em função dos dados obtidos. A anamnese e o exame ginecológico não devem ser reduzidos apenas à queixa ginecológica e ao exame dos órgãos genitais, pois se sabe que muitas vezes o ginecologista é o médico assistente daquela paciente e nem sempre o exame pélvico é o elemento mais importante que permite o diagnóstico da doença que a acomete. O exame ginecológico consta de exame físico geral, exame físico especializado (mamas, axilas, baixo-ventre e regiões inguino-crurais), exame genital (avaliação de órgãos genitais externos e internos) - exame ao especulo (especuloscopia) e toque genital, (vaginal e retal) e exames complementares. Deve-se estabelecer uma adequada relação médico–paciente, criando um vínculo que permita, além de abordar as queixas da paciente e realizar o exame físico sem causar maior desconforto ou constrangimento, ter uma avaliação global das condições biopsicossociais da paciente. Palavras-chave: Relação médico-paciente. Empatia. Anamnese. Exame físico geral. Exame físico especializado. Exames de imagem. Exames hormonais. 2014, Edição de Puberdade Normal e Patológica. São Luís do Maranhão. Todos os direitos reservados. I. CONSIDERAÇÕES INICIAIS Muito embora tenhamos em nossos dias os extraordinários avanços tecnológicos concernentes à propedêutica, a avaliação clínica perdura em sua soberania como o alicerce do raciocínio que conduz ao diagnóstico. O médico ginecologista ao solicitar quaisquer que sejam os exames complementares, devem 2 estar alinhados em informações prestadas pela paciente por meio da anamnese detalhada em relação à queixa, exame físico geral e no cuidadoso exame ginecológico. Além disso, o ginecologista deve investigar os antecedentes familiares, visto que, algumas doenças ginecológicas apresentam caráter familiar. Segue-se abordando os antecedentes pessoais, menstruais, sexuais e obstétricos que discorremos a seguir. A consulta médica, portanto, se constitui de anamnese e exame físico geral e especializado, seguindo-se por hipótese diagnóstica, e exames complementares, quando necessário. Segue-se a conduta terapêutica, em função dos dados obtidos. É o tempo em que se estabelece a relação médico-paciente onde o médico ginecologista vai avaliar a personalidade do paciente. A relação médico-paciente é extremamente importante na anamnese. A consulta ginecológica não significa apenas a anotação fria dos dados fornecidos pela paciente e aqueles colhidos pelo médico; ela exige uma perfeita interação entre o médico e a paciente, desde a sua chegada até o momento de sua saída. No contato com a paciente o médico deve sempre identificar-se, dirigir-se a ela pelo nome, demonstrar comunicabilidade, a fim de ganhar sua confiança e simpatia para que a inibição natural seja superada, e então ela revele suas dúvidas. É necessário, com habilidade, moderar a fala da paciente extrovertida, evitando detalhes sobre fatos não relacionados com o interesse do diagnóstico. Deve ajudar para que a introvertida consiga traduzir seus sintomas em informações necessárias. Quando a paciente estiver falando, primeiro ouvi-la, se possível olhando-a em seus olhos (nunca ficar de cabeça baixa ou fazendo anotações neste momento – coordenar tempo de ouvir e tempo de escrever) e, após seu relato, anotar os dados legivelmente no prontuário. Lembrar que, quando a paciente o procura, ela se encontra enferma, com dúvidas, podendo até estar desesperada e confia ao médico seu bem maior, que é a sua vida, com a esperança de melhora e esclarecimentos. Portanto é necessário que, após a consulta, seja explicada, de maneira que ela entenda, sua patologia e não saia com a as mesmas dúvidas e preocupações que tinha no início do atendimento. Uma anamnese completa e precisa, legível e sem rasuras ou uso de corretivos, é de grande valor para a defesa do médico envolvido nos freqüentes problemas atuais de medicina legal e médicos-judiciais. Os dados colhidos devem ser registrados dentro de uma 3 seqüência sistematizada, para melhor servir à interpretação. Assim, devemos abordar os seguintes itens: II. ANAMNESE A anamnese e o exame ginecológico não devem ser reduzidos apenas à queixa ginecológica e ao exame dos órgãos genitais, pois se sabe que muitas vezes o ginecologista é o médico assistente daquela paciente e nem sempre o exame pélvico é o elemento mais importante que permite o diagnóstico da doença que a acomete. No meu percurso de médico professor tenho construído duas dimensões basilares que se integram: como Docente da Disciplina Clínica Ginecológica I e, como Tocoginecologista que presta assistência médica à Saúde da Mulher. Estas dimensões basilares têm como cenário formativo o Serviço de Tocoginecologia do Hospital Universitário Unidade Materno Infantil / Universidade Federal do Maranhão (HU-UMI / UFMA). No labor docente-assistencial com a Graduação de Medicina da UFMA e na Preceptoria da Residência Médica do HU-UMI, temos observado que o médico ginecologista se depara com quatro importantes imagens clínicas, relatadas pelas nossas pacientes. São elas; a dor pélvica aguda ou crônica; os sangramentos genitais, nas fases de evolução feminina; os corrimentos vaginais e a tumoração vulvar (glândula de Bartholin) ou pélvica (miomas, cistos anexiais). Secundariamente as queixas urinárias (disúria e perda involuntária de urina), os relaxamentos genitais e as queixas sexuais (frigidez), sem contar com aquelas que buscam nossos préstimos para um exame rotineiro ou aconselhamento contraceptivo. Estas últimas são encaminhadas para o ambulatório de Planejamento Familiar onde participarão de atividades educativas e de aconselhamento. Retornarão ao ambulatório para análise individual, considerando o risco/benefício da escolha contraceptiva e prescrição médica após a avaliação ginecológica, onde lhe é oferecido acompanhamento médico periódico. É nossa intenção ser pragmático com nossos alunos da graduação e o médico residente iniciante (R1) quanto ao delineamento da HDA no que concerne ao início dos sintomas, a duração dos mesmos, recrudescimento e remissão. Pois, na ginecologia faz-se mister a correlação do exame ginecológico e desses sintomas com o ciclo menstrual. O tipo de regularidade menstrual (padrão menstrual individual) se há aumento do fluxo menstrual (hipermenorréia), o 4 número de dias que a paciente sangra, se está aumentado ou diminuído, o intervalo desses ciclos, se está prolongado ou está encurtado. A partir dessas correlaçõespoderemos chegar ao diagnóstico de aumento do fluxo menstrual – hipermenorréia, metrorragia – em relação ao aumento da freqüência do número de fluxos catameniais. É a paciente que menstrua duas, três vezes em um mês. Com relação aos corrimentos faz-se importante verificar com a paciente, a quantidade, a cor, o odor, se existe prurido ou ardor e se está associado à época do ciclo menstrual, com recrudescimento ou exacerbação, se existe alteração do odor (putrefato) com a presença do fluxo menstrual, pela liberação de enzimas vasoativas (putrescina, cadaverina e trimetilamina). Tumor – data de início do aparecimento, se esse tumor evolui de tamanho se ele dói ou não. 01 – IDENTIFICAÇÃO Aqui, devem ser anotados os seguintes dados: data da consulta (usar o zero na frente quando o número for de um dígito – ex.: 01), nome do paciente, idade, cor, nacionalidade, procedência, profissão, estado civil, nível sócio- econômico, endereço, local de origem e o nome do acompanhante e /ou de parente próximo. Os dados devem ser anotados em ficha clínica (prontuário – que recebe um número), e é exigido por lei. a) Identificação: a identificação da paciente deve ser feita da forma mais precisa possível, evitando-se erros e confusões que podem ter conseqüências irreparáveis. b) IDADE: permite situar a paciente em uma das diversas fases da vida da mulher, quais seja infância, puberdade, maturidade, climatério e senilidade. Sabe-se que certas patologias são mais freqüentes em determinadas faixas etárias, facilitando assim o raciocínio diagnóstico. Assim, na infância ocorrem corrimentos e malformações como genitália ambígua. Na adolescência, as perturbações menstruais como resultantes de disfunções neuroendócrinas, enquanto na pós-menopausa os sangramentos anômalos sugerem malignidade como câncer de endométrio. c) Cor: tem importância visto que certas patologias são mais constantes em determinadas raças. Como exemplo, temos que mulheres negras tendem a apresentar leiomioma uterino mais freqüentemente que mulheres brancas. 5 Assim, o grupo étnico tem particular importância, pois, enquanto o carcinoma do colo uterino incide com mais freqüência em mulheres afrodescendentes, as neoplasias epiteliais malignas do ovário acometem preferencialmente mulheres brancas. d) Naturalidade e procedência: sua importância reside no fato que certas doenças são mais comuns em determinadas regiões, como o câncer da mama, que é mais freqüente em mulheres procedentes dos Estados Unidos. e) Profissão: deve ser bem definida, porquanto em algumas situações assumem importância capital, como no caso de mulheres grávidas que lidam com materiais tóxicos (gráficos). f) Estado civil: deve ser registrado, juntamente, com o nome do parceiro para possível contato e informações sobre o estado de saúde da paciente. g) Religião: justifica-se pelo fato que pode fornecer informações sobre costumes, práticas e hábitos de vida da mulher. Já na identificação, uma primeira análise deve ser realizada. Por exemplo, determinadas ginecopatias são mais freqüentes dentro de certas faixas etárias. As pacientes de raça negra, em relação à branca, são mais sujeitas ao mioma uterino, porém menos predispostas ao prolapso do útero, por apresentarem maior consistência das estruturas músculo-aponeuróticas do assoalho pélvico. 02 – QUEIXA PRINCIPAL (QP) Onde se registra o sintoma motivador da consulta. É preferível transcrever fielmente, a própria expressão usada pela paciente, entretanto sem exageros e, há quanto tempo. Geralmente, a queixa e o tempo dos sintomas já permitem formular hipóteses diagnósticas. É importante lembrar que nem sempre a queixa que a paciente apresenta é o que realmente a levou a procurar o médico. Por exemplo, uma paciente receosa de ser portadora de uma neoplasia pode tornar- se poliqueixosa, incoerente em suas informações, etc.; outra paciente, que tem uma vida sexual insatisfatória, a princípio, pode não relatar essa queixa, por inibição, e ter a mesma atitude da primeira. É necessário conquistar sua confiança e simpatia para que então ela revele suas dúvidas. . 6 03 – HISTÓRIA DA DOENÇA ATUAL (HDA) É a descrição da queixa principal (QP), usando terminologia médica e em ordem cronológica. Anota-se a evolução da sintomatologia desde o início até o momento da consulta, observando-se as intercorrências acontecidas: períodos de remissão ou recrudescimento, fatores desencadeantes, medicamentos utilizados, exames laboratoriais, etc. Todas as particularidades devem ser minudenciadas, tais como períodos de melhora espontânea, medicação utilizada, exames laboratoriais e possíveis tratamentos clínicos e/ou cirúrgicos realizados. O conhecimento destes dados facilita o raciocínio diagnóstico. Queixa principal e história da doença atual: serão investigadas em profundidade, procurando saber seu início, duração e principais características a ela relacionadas. 04 – ANTECEDENTES FAMILIARES O interrogatório sobre outras pessoas da família deve ser dirigido especialmente para doenças ginecológicas que podem ter caráter familiar. Assim, deve ser perguntado sobre a saúde do pai, da mãe e dos filhos. Se falecidos, qual a doença causadora do óbito. Sabe-se que algumas ginecopatias tendem a se repetir entre membros de uma mesma família como, por exemplo, os leiomiomas uterinos, encontrando-se mesmo as chamadas “famílias miomatosas”. Doenças como diabetes, hipertensão, câncer, alergias e doenças infecto-contagiosas devem ser, rigorosamente, anotadas. Antecedentes de neoplasia ginecológica (mama, ovário, útero) ou tracto gastrointestinal – TGI, uma vez que a incidência dessas neoplasias malignas é muito elevada frente a mutações genéticas hereditárias; antecedentes de osteoporose; em algumas situações idade da menarca e menopausa materna e de irmãs. O conhecimento da história de doenças em sua família é importante para uma avaliação global dos riscos da paciente. Determinadas patologias apresentam uma predisposição familiar ou padrão genético de ocorrência e apresenta grande importância em ginecologia e obstetrícia, como a presença de câncer de mama ou ovário da mãe, gemelidade, câncer de endométrio e de cólon etc. 7 A História familiar é um importante fator de risco para o câncer de mama, especialmente se um ou mais parentes de primeiro grau (mãe, irmã ou filha) foram acometidas antes dos 50 anos de idade. Entretanto, o câncer de mama de caráter familiar corresponde a aproximadamente 10% do total de casos de cânceres de mama. A idade constitui outro importante fator de risco, havendo um aumento rápido da incidência com o aumento da idade. A menarca precoce (idade da primeira menstruação), a menopausa tardia (após os 50 anos de idade), a ocorrência da primeira gravidez após os 30 anos e a nuliparidade (não ter tido filhos), constituem também fatores de risco para o câncer de mama. O câncer de mama hereditário resulta de genes mutantes de alta penetrância – BRCA 11 e BRCA 22 – e costuma estar presente antes da menopausa, podendo surgir associado a outras doenças malignas, possivelmente hereditárias – ovário, endométrio, cólon – e algumas doenças geneticamente transmissíveis, às quais, ultimamente, têm sido dada maior atenção – Síndrome de Li-Fraumeni (sarcomas, leucemias, tumores adrenais, câncer de tireóide), Síndrome de Peutz-Jeghers (polipose intestinal associada a depósito sistêmico de melanina), Doença de Cowden (hamartomas generalizados), Síndrome de Ataxia- teleangectasia (degeneração cerebelar, teleangectasias oculares, tumores sólidos, leucemias e linfomas). Os genes mutantes mais conhecidos foram descritos como BRCA 1 e BRCA 2. Entre famílias de alto risco, selecionadas para investigação genética, estes genes são responsáveis por 90% dos carcinomas hereditáriosde mama3. Embora a maioria dos carcinomas de mama não esteja associada à presença de outros casos entre parentes, a ocorrência de fatores hereditários 1 BRCA1 (breast cancer 1, early onset) = (câncer de mama 1, início precoce). O gene BRCA1 está localizado no braço longo (q) do cromossoma 17 na posição 21. 2 BRCA2 (breast cancer 2, early onset) =( câncer de mama 2 , início precoce ). O gene BRCA2 está localizado no braço longo (q) do cromossoma 13 na posição 12.3. 3 BRCA1 e BRCA2 são genes que todos nós temos, cuja função é impedir o surgimento de tumores através da reparação de moléculas de DNA danificadas. O BRCA1 e o BRCA2 são, portanto, genes que nos protegem do aparecimento de cânceres. Quando um desses genes sofre uma mutação, ele perde sua capacidade protetora, tornando-nos mais susceptíveis ao aparecimento de tumores malignos, nomeadamente câncer de mama, câncer de ovário e câncer de próstata. 8 alcança até 20% das portadoras. Na população em geral, a mutação de BRCA 1 chega a 1 em 800 mulheres, e um pouco mais para o BRCA 2, duplicando sua participação quando o câncer de mama se associa ao câncer de ovário. De modo geral, a mutação de tais genes é responsável por 5 a 10% de todos os carcinomas de mama e de ovários, índice que se mantém estável nos últimos anos. Ambos os genes mutantes BRCA 1 e BRCA 2, são transmitidos através de herança autossômica dominante. Os descendentes têm 50% de chance de possuir esses genes, transmitidos pela mãe ou pelo pai. Entretanto, a presença dos genes mutantes não significa que a portadora terá câncer de mama, de ovário ou ambos. Mas a incidência de câncer de mama neste grupo de mulheres é alta, chegando a 51% na menopausa e alcançando 85% aos 80 anos. Quanto ao BRCA 2, o risco de câncer de mama é alto – 87% –, sendo mais baixo para o câncer de ovário. Em homens portadores de câncer de mama, encontra-se BRCA 2 em 14% dos casos, incidência menor do que o BRCA 1. 05 – ANTECEDENTES PESSOAIS Segue-se abordando os antecedentes pessoais. Assim, as pacientes devem ser inquiridas acerca de ginecopatias pregressas, excepcionalmente as tratadas cirurgicamente. Assim, perguntamos quais as doenças já apresentadas pela paciente. As doenças da infância têm valor relativo. Em ginecologia, poucos dados trazem para a formulação de uma hipótese diagnóstica. Entretanto, o passado de doenças contagiosas da infância deve ser esclarecido, pois doenças como rubéola, toxoplasmose, sarampo, caxumba e outras assumem importância capital, durante o período reprodutivo da mulher. Inquirimo-la sobre a existência de salpingite aguda, dor pélvica crônica e infertilidade. Interessante saber se houve, no passado, afecção pulmonar específica, visto que, a tuberculose genital é sempre doença secundária. A história de doenças sistêmicas como diabetes mellitus, visto ocasionar prurido vulvar, motivo freqüente de queixa ginecológica, pode esclarecer uma vulvite. Um passado de doença sexualmente transmissível como a gonocócica e por clamídia deve ser investigado e esclarecido, pois pode ser responsável pela presença de inflamações anexiais crônicas (DIP)4 acompanhada 4 DIP; Doença Inflamatória Pélvica 9 ou não de infertilidade. A queixa de verrugas genitais é, também, relevante, pois pode indicar a presença de doença causada pelo Papilomavirus humano (HPV). História de infecção urinária de repetição nos fornece subsídio para a hipótese de má formação do aparelho renal. (SINTOMAS MAMÁRIOS) Devemos perguntar se existe alguma alteração: derrame papilar, presença de nódulos, abaulamentos ou dor. A queixa de nódulo mamário é muitas vezes comprovada pelo exame físico. Sua presença pode corresponder a fibroadenoma, forma cística de displasia, e a carcinoma. Displasia mamária pode, também, aparecer sob a forma de espessamento do parênquima, acompanhado de dor que se intensifica no período pré-menstrual. Sangramento pela papila é expressão clínica de papiloma ou de carcinoma de ducto. Devemos também perguntar se a paciente tem o hábito de fazer o auto-exame das mamas. 06 – HÁBITOS DE VIDA Investigar tabagismo e se presente, questionar número de cigarros fumados por dia. Igualmente, o hábito de etilismo deve ser determinado. Fundamental buscar informações sobre utilização de drogas ilícitas, por via inalatória ou venosa. 07 – ANTECEDENTES GINECOLÓGICOS E OBSTÉTRICOS � Antecedentes Sexuais � Idade da primeira relação sexual � Número de parceiros � Frequência das relações sexuais � Metodo anticoncepcional � Dispareunia e sinusorragia � Orgasmo e libido � DISPAREUNIA – Dor a relação sexual � SINUSORRAGIA – Sangramento vaginal associado a relacao sexual 10 � Antecedentes Obstétricos � Número de gestações � Idade do primeiro e último parto � Abortos � Tipo de parto � Local dos partos � Pesos dos recém-nascidos � Lactação � Intercorrências na gestação ou no parto Deve-se anotar: desenvolvimento dos caracteres sexuais secundários, idade da menarca, intervalo entre as menstruações = I, duração (quantos dias fica menstruada) = D, quantidade do fluxo = Q, data da ultima menstruação = DUM, data da menopausa (se for o caso), presença ou não de dismenorréia e tensão pré-menstrual, número de gestações e paridade com suas complicações, atividade sexual e métodos de anticoncepção, cirurgias, traumatismos, doenças, DST5 e AIDS6. Em nosso meio, a menarca ocorre, geralmente, entre os 10 e 14 anos de idade. O intervalo dos ciclos menstruais varia, de mulher para mulher, de 21 a 35 dias, sendo na maioria das mulheres em torno de 28 a 30 dias. Muitas mulheres chegam a informar que seus ciclos são totalmente irregulares, pois acham que suas menstruações devem vir todo mês no mesmo dia. Devemos iniciar a pesquisa sobre o intervalo com a seguinte pergunta: sua menstruação vem todo mês? Se a resposta é afirmativa, temos aí um bom dado de que sua menstruação provavelmente, no que se refere a intervalo, seja normal; caso contrário, deve 5 Doenças sexualmente transmissíveis são patologias antigamente conhecidas como doenças venéreas. São doenças infecciosas que se transmitem essencialmente (porém não de forma exclusiva) pelo contato sexual. 6 AIDS: Síndrome da imunodeficiência adquirida (SIDA). Em inglês: acquired immunodeficiency syndrome (AIDS) é uma doença do sistema imunológico humano causada pelo vírus da imunodeficiência humana (VIH); em inglês: human immunodeficiency virus (HIV). 11 existir alguma anormalidade. Após esta resposta, devemos fazer uma segunda pergunta: sua menstruação vem sempre no mesmo dia, atrasa ou adianta? Se a resposta é que vem sempre no mesmo dia, para efeito de registro, o intervalo deve ser considerado de 30 dias; se for a de que atrasa por 3 dias, considerar intervalo de 33 dias; se adianta 3 dias, intervalo de 27 dias (considerar todos os meses com 30 dias) . Explicar que o importante não é o dia em que a menstruação vem e sim de quantos em quantos dias (se está cíclica). Tomando como exemplo uma paciente que apresenta ciclos com intervalos de 23 em 23 dias, e relata que suas últimas menstruações foram em 01-05, 24-05, 16-06, 07-07, observamos que as datas são diferentes, que no mês de maio menstruou por duas vezes, entretanto o intervalo entre as menstruações é cíclico (de 23 em 23 dias) o que demonstra normalidade. Variações de 2 a 3 dias de um ciclo para o outro bem como alteração em apenas um ciclo menstrual são desprezíveis. A duração pode variar de 2 a 7 dias, sendo a média em torno de 3 a 5 dias. Em relação à quantidade, não temos umparâmetro numérico. Alguns autores sugerem questionar o número de absorventes usados a cada ciclo para se ter um parâmetro mensurável, entretanto é uma medida imprecisa, pois estaria condicionado à higiene pessoal de cada paciente e até mesmo a fatores econômicos em função dos seus preços elevados. Portanto, a informação da paciente se a quantidade é normal, pequena ou aumentada deve ser considerada e sempre complementada com a seguinte pergunta: sempre foi assim? Se aumentada, mas sempre foi o seu padrão a paciente encontra-se clinica e laboratorialmente normal, esse padrão aumentado é o padrão normal da paciente. Da mesma maneira quando a quantidade for diminuída. A maioria das pacientes, entretanto, não sabe informar com precisão o seu padrão menstrual. Se não podemos analisar o padrão (passado), devemos orientá-la sobre a necessidade de anotar seus ciclos para que possamos, em consultas posteriores, realizar uma correta análise do seu padrão menstrual. Se a paciente já está no climatério pós-menopausal, devemos informar a data da menopausa (última menstruação) e sobre a ocorrência de sangramento após a mesma. Alterações em um ou mais destes itens (menarca, intervalo, duração, quantidade, menopausa) podem traduzir ginecopatias. Portanto devem ser sempre perguntados e anotados, pois a paciente, em função do constrangimento e 12 nervosismo, freqüentes, durante a consulta ginecológica, pode esquecer-se de relatar a existência de alguma alteração menstrual, que a história ginecológica poderá fazê-la lembrar-se. Por exemplo: alteração no intervalo, duração e/ou quantidade do ciclo menstrual podem significar mioma uterino; uso de DIU pode levar a aumento do fluxo menstrual (quantidade e ou duração); o uso de pílula anticoncepcional pode levar à diminuição do fluxo menstrual (quantidade e ou duração); sangramento após a menopausa pode significar neoplasia de endométrio. Na história obstétrica perguntamos o número de gravidezes (gesta), de partos (para), abortos (ab). De acordo com a Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia (FIGO), dá-se o aborto quando ocorre a interrupção da gravidez até a 20ª semana de gestação; parto, após a 21ª semana de gravidez, sendo que da 21ª semana de gravidez até a 36ª semana é considerado parto prematuro; da 37ª semana até a 42ª semana de gravidez, parto a termo e, após a 42ª semana, parto pós-datado ou serotino. Portanto, se uma paciente teve quatro gravidezes, sendo a primeira, parto normal (gravidez a termo), a segunda, parto por cesariana (gravidez a termo), a terceira, com interrupção na 16ª semana e a quarta, com interrupção na 26ª semana, classificamos como: GESTA 04, PARA 03, AB.01. Também questionamos sobre a evolução dos partos; se foram transpélvicos (domiciliares ou hospitalares) ou cesariana, a termo ou prematuro. Quanto aos abortos, é muito importante saber se foram provocados ou espontâneos, se foram seguidos de processo febril (infeccioso) ou de curetagem uterina. A infecção pós-aborto pode causar dor pélvica e obstrução tubária. A curetagem pode levar à destruição do endométrio, determinando sinéquias uterinas, que levam a amenorréia (Síndrome de Asherman). Os abortos repetidos podem representar, por exemplo, insuficiência ístimo-cervical, etc.. Deve-se perguntar também sobre a data do término da última gravidez, se houve alguma intercorrência durante a gravidez (Doença Hipertensiva Específica da Gravidez – DHEG, Doença Hemolítica Perinatal, Doença trofoblástica gestacional,), se a evolução do puerpério transcorreu dentro da normalidade ou apresentou alguma complicação (infecção, hemorragia), se a paciente amamentou, número de filhos nascidos vivos, natimortos (nascidos mortos), neomortos (nascidos vivos e com morte até o 28º dia pós nascimento), numero 13 de filhos vivos atualmente, recém-nascidos com baixo peso (abaixo de 2500 gr), recém-nascidos macrossômicos (acima de 4000 gr), gravidez gemelar. Todos estes dados são de muita importância, principalmente para aquelas pacientes que não têm família constituída e desejam ainda engravidar, para possibilitar a análise do risco obstétrico numa futura gravidez, mas também podem trazer informação que ajude no diagnóstico de queixas ginecológicas. A data do término da ultima gravidez, há quatro meses, por exemplo, pode justificar a queixa de um atraso menstrual em função do aleitamento materno. Um puerpério hemorrágico pode justificar uma amenorréia (Síndrome de Sheehan – necrose hipofisária do lobo anterior – adeno-hipófise pós-parto). Filhos macrossômicos podem fazer pensar em diabetes; etc... Na história sexual abordamos independente do estado civil, se a paciente poderá, ou não, ter vida sexual ativa. Se a tem, é necessário saber há quanto tempo (idade da primeira relação sexual), quantos parceiros já teve, se o ritmo das atividades sexuais é freqüente ou esporádico (quantas vezes por mês), se tem dispareunia (dor ao coito), se a libido e o orgasmo estão presentes. Estas informações nos permitem obter dados importantes sobre o psiquismo da paciente, além de se relacionarem com a possibilidade da existência de doenças sexualmente transmissíveis, vaginismo (causa de dor pélvica e queixa freqüente nos consultórios de ginecologia) Os métodos anticoncepcionais usados devem ser anotados: o tipo e o tempo de uso. Em relação ao tipo do método, não devemos contentar-nos apenas com a informação do tipo do método anticoncepcional, mas complementar com a pergunta: como faz o seu uso? Por exemplo, uma paciente pode estar usando pílula anticoncepcional, mas de maneira incorreta e com o complemento da sua informação podemos observar o possível erro e orientá-la a fazer o uso correto, evitando uma gravidez indesejada. O tipo do método contraceptivo também pode explicar disfunções sexuais (ausência de orgasmo, presente quando o método utilizado é o coito interrompido ou diafragma por tirar a espontaneidade do sexo), alterações menstruais, como explicados na história ginecológica. 14 08 – CORRIMENTOS Secreção vaginal aumentada pode caracterizar colporréia, motivo freqüente de queixa ginecológica. Pela anamnese as características do corrimento dão indícios de sua etiologia. Devemos questionar sobre a sua quantidade, cor, tipo, cheiro, presença de prurido, tratamentos já realizados. Trichomonas produzem corrimento amarelado e fétido. A secreção causada por monília é branca, em pequenos grumos, quase sempre pruriginosa. Para se admitir que a paciente apresente colporréia é preciso obter a informação de que a secreção vaginal se encontra permanentemente aumentada. Aumento fisiológico da quantidade de secreção se verifica no período pós- menstrual até mais ou menos no meio do ciclo (muco cervical, nas pacientes que não fazem uso de pílula anticoncepcional) – mucorréia – e nos momentos de excitação sexual. Na mulher hígida, a vagina não é completamente seca. Diariamente nela é produzida uma pequena quantidade de secreção que é muito importante para lubrificá-la durante a relação sexual, protegê-la de outras bactérias e ajudar na espermomigração, facilitando a fecundação do óvulo disponível na ampola tubária. Esta secreção normal é composta de líquidos, algumas bactérias protetoras – naturais do corpo, e muco cervical – secreção natural da mulher produzida no colo do útero. Ela é branca ou transparente, não tem cheiro ruim e a quantidade pode variar muito de mulher para mulher, costumando aumentar no período fértil, nos dias mais quentes e com a excitação sexual: ���� Mucorréia: a paciente procura o ginecologista devido um fluxo vaginal que, na verdade é uma secreção fisiológica. De 5 a 10 % das perdas anormais, possui caráter normal – mucorréia – com quantidade superior, secundário a uma ectopia, estímulo hormonal (período ovulatório);aumento do transudado vaginal / descamação celular (influência hormonal / vasodilatação por excitação sexual); estresse e período menstrual. ���� Característica: intermitente, inodora, transparente, umedece as vestes, sem prurido, ardência ou desconforto. Exame ao espéculo: ausência de inflamação, muco claro e límpido. Exame microscópico – em gota pendente / a fresco: – células não inflamadas, leucócitos normal, Döderlein, ausência de 15 polinucleares e pH 3,5 a 4,5. Conduta: clara e sucinta explicação da fisiologia, assegurando que são normais e não há cura cabível. Lembrar o mecanismo de defesa próprio – autodepuração. O QUE PODE CAUSAR UM CORRIMENTO ANORMAL? a) Infecção por bactérias, vírus e fungos; b) Aumento ou diminuição dos hormônios; c) Uso de vestuário inadequado ou absorvente fora do período menstrual; d) Falta de higiene e / ou excesso de higiene no local; e) Irritação, alergia; f) Stress – cansaço –, fatores emocionais. A presença de fluxo vaginal anormal é uma das queixas mais freqüentes em ambulatórios de ginecologia de atenção primária. O prurido vulvar pode manifestar-se isoladamente, porém, quando associado a outros sintomas crônicos como queimação, dor ou irritação, chama-se vulvodínia. ECOSSISTEMA MICROBIOLÓGICO VAGINAL NORMAL ���� Ecossistema vaginal. É constituído por: a) transudado (90 e 95 % de água, sais, uréia, carboidrato, ácidos graxos, albumina, etc.); b) secreções (do canal cervical, das glândulas de Bartolini e Skene); c) granulócitos e linfócitos; d) células exfoliadas; e) IgA e IgG; f) flora bacteriana. CARACTERÍSTICAS DA FLORA E DO AMBIENTE VAGINAL ���� Flora vaginal: O termo flora vaginal refere-se à flora da vagina. A vagina humana possui uma concentração de bactérias maior do que qualquer parte do corpo com exceção do cólon. As bactérias da flora vaginal foram descobertas pelo ginecologista alemão Albert Döderlein em 1892. Estas bactérias consistem principalmente de lactobacilos e são coletivamente chamadas de flora vaginal. A quantidade e o tipo de bactérias presentes na vagina possui importantes implicações para a saúde geral da mulher. Estas bactérias e o ácido lático que produzem, em combinação com os fluidos secretados durante a excitação sexual, possuem grande importância na origem do característico odor associado à área vaginal. 16 A vagina é habitada por uma série de microorganismos. A bactéria mais comum da flora vaginal é o “bacilo de Döderlein” (aeróbio Gran-positivo); inclui também os Estreptococus; Estafilococus, Difteróides; Gardenerella vaginalis; Eschirichia coli; Anaeróbicos, Cândida e Mycoplasma, que vivem num equilíbrio entre si (é um mini ecossistema). Esses bichos têm como função a manutenção da acidez vaginal, assim como algumas propriedades de defesa da vagina contra agentes externos. O QUE PODE ALTERAR A FLORA VAGINAL? 1. Medicações: • Pílula anticoncepcional ou anticoncepcional injetável: os hormônios existentes nessas medicações podem levar a uma alteração da produção do muco vaginal, assim como na acidez da vagina. Essas alterações resultam numa alteração da flora. • Antibióticos: agem não só nas bactérias que estão causando a infecção para a qual ele foi recomendado, como tem ação sistêmica. Assim, ele pode agir num determinado grupo de microrganismos que fazem parte da flora vaginal, resultando num desequilíbrio dessa flora. Isso pode predispor ao desenvolvimento de irritações vaginais ou corrimentos. • Corticóides (prednisona): agem diminuindo a função do sistema imunológico contra os microrganismos que causam doenças. Isso pode resultar numa proliferação patogênica exagerada dos microrganismos que compõe a flora vaginal, podendo resultar em corrimentos, irritações. • Cremes vaginais: são medicamentos que contêm antibióticos e / ou corticóides que são usados diretamente na vagina. Seu uso indiscriminado, sem receituário médico específico pode levar ao desequilíbrio da flora vaginal. 2. Depilação pubiana: os pêlos pubianos têm como função proteger a vagina contra os microrganismos do meio exterior. Portanto, com a tricotomia, a vagina fica muito mais exposta, podendo facilitar infecções genitais. � Candidíase Vaginal: A cândida é um fungo geralmente presente no trato gastrointestinal e região perianal. Ele chega à vagina por transferência e 17 cresce bem no meio ácido da vagina, podendo colonizá-la. O controle do seu crescimento depende da presença de outros microrganismos na flora vaginal normal, aparecendo quando ocorre seu desequilíbrio A candidíase não é considerada uma doença sexualmente transmissível (DST), � Vaginose Bacteriana: Também conhecida como vaginite não específica, é a causa mais comum de vaginite. Não é considerada doença sexualmente transmissível (DST), pois já foi relatada em mulheres jovens e freiras sem atividade sexual. É causada por uma alteração na flora vaginal normal, com diminuição na concentração de lactobacilos e predomínio de uma espécie de bactérias sobre outras, principalmente a Gardnerella vaginalis. ���� Ambiente vaginal: Idade Estradiol – E2 Proliferaçã o Epitelial Glicogênio pH Flora Bacteriana Neonatal + + + ácido Lactobacilar Pré-puberal – – – alcalino Mista Menacme + + + Ácido lactobacilar + mista Menopausa – – – alcalino Mista CONCEITO DE FLUXOS GENITAIS PATOLÓGICOS São processos inflamatórios ou não-inflamatórios da vulva e vagina causados por microorganismos, cujos sintomas: aumento do volume do fluxo vaginal, prurido e ardência. Tem cor amarelado, esverdeado, pardacento, 18 sanguinolento ou marrom. Pode exalar odor de peixe podre, fétido, adocicado, penetrante, intenso ou discreto, mas desagradável, deixando manchas nas vestes FATORES PREDISPONENTES Gravidez; uso de contraceptivos orais; de barreira (condons, diafragmas); DIUs; diabetes; imunossupressão; absorventes vaginais internos; espermaticidas e antibioticoterapia. BARREIRAS NATURAIS CONTRA INFECÇÃO: 1. Espessura do epitélio vaginal: durante o menacme (epitélio vaginal com várias camadas de células pavimentosas), que descamam continuamente é importante defesa mecânica. Na puberdade e na menopausa se torna delgada e subtrai essa ação protetora; 2. pH ácido vaginal: O termômetro da saúde vaginal é o índice de pH, ou potencial hidrogeniontico. O pH da vagina saudável é ácido, ou seja, seu grau normal varia de 3,8 a 4,2. É esta a condição ideal de sobrevivência dos Bacilos de Döderlein – lactobacilos –, representantes da flora microbiana que povoa o ambiente vaginal saudável. Varia com a idade, estado físico, ciclo menstrual, ação alcalinizante do meio (sêmen, fluxo menstrual, gravidez e infecção). As células vaginais são ricas em glicogênio, substrato necessário para produção de ácido láctico. A gravidez e os contraceptivos hormonais tendem a diminuir o conteúdo de glicogênio. A diminuição de células superficiais, ricas em glicogênio, é função da ação da progesterona. Infere-se, que, gravidez e CHO são fatores predisponentes da infecção genital por alteração do pH. O diabetes (devido à glicogenólise) é outro fator etiopatogênico importante; 19 SE O DESEQUILÍBRIO DA FLORA MICROBIANA TORNA O pH VAGINAL MAIS ÁCIDO OU ALCALINO? � Mais ácido: ficam sujeitas ao ataque de fungos como a Cândida, que provoca coceira intensa e o corrimento branco, com aparência de coalhada, chamado de candidíase. ���� Mais alcalino: ficam expostas à ação da bactéria “trichomonas”, que prolifera nesse meio.E também ficam vulneráveis à “vaginose”, outra infecção provocada pelo pH mais alcalino, caracterizada por mau cheiro perceptível, principalmente após a relação sexual. EXISTEM MEDIDAS CASEIRAS CAPAZES DE CORRIGIR O pH?: � Para diminuir o grau de alcalinidade da flora vaginal (que sujeita ao ataque da trichomoníase ou à vaginose): - banho de assento morno com vinagre diluído em água na proporção de meio copo de vinagre para um a dois litros de água, 15 minutos duas vezes ao dia; � Quando o pH aumenta de acidez (expondo o meio vaginal ao fungo da candidíase): - aplicar diretamente na vagina, com o auxílio de uma seringa, soluções com uma colher de sopa de bicarbonato dissolvido num copo de água pode trazer alívio imediato. � OBSERVAÇÃO 1: A única intervenção caseira que se pode utilizar sem a orientação médica é o banho de assento com chá de camomila. A planta é um anti-inflamatório natural muito bom, que alivia muitos os sintomas de irritação. � OBSERVAÇÃO 2: O uso de iogurte e de produtos com lactobacilos é visto com ressalvas pelos ginecologistas. Podem equilibrar o pH, mas, nada comprova que realmente ajudem a repor o nível dos bacilos de Doderlein e, portanto, recuperar a flora microbiana vaginal. 3. Bacilos de Döderlein: são microorganismos que existem na mucosa vaginal com o objetivo de proteger a mulher contra a penetração de outros microorganismos patogênicos, causadores de doenças. A redução do nível de lactobacilos na vagina é a principal causa das irritações e infecções que, vira e 20 mexe, incomodam e obrigam a paciente correr para o ginecologista. O tratamento com antibióticos pode diminuir o nível dessa flora da mesma forma que mata bactérias. Situações de estresse e de baixa da resistência do organismo, dependendo do impacto, causam o mesmo efeito e podem produzir infecções. A aproximação da menopausa e as mudanças que o desequilíbrio hormonal produzem também afetam o pH. A função dos bacilos de Döderlein é: • Manter o ambiente vaginal saudável a espera dos espermatozóides, para manter o pH estável e nutritivo para que eles ganhem força durante a longa jornada até o encontro do óvulo. • Dar aquele cheirinho de vagina limpa e saudável que qualquer homem, sem perceber, fica excitado pelo aroma que exala. OBSERVAÇÃO 3: A busca de uma “cepa de lactobacilos” adequada a este fim é hoje objeto de complexa pesquisa em todos os continentes. Entretanto, "as cepas variam entre as populações femininas de acordo com as diferenças de clima, vestuário e alimentação e, assim, os lactobacilos das asiáticas, não são iguais aos das americanas, e os das brasileiras também são diferentes." ���� Fluxo menstrual: importante meio de cultura. Preconizamos o hábito de lavagens vaginais com solução salina após o término das menstruações. Orientação do médico e escritor maranhense, Professor Doutor Antônio Vespasiano Ramos7, – (in memorian). QUAIS SÃO AS CAUSAS DO CORRIMENTO VAGINAL? VOCÊ CONHECE O pH DA SUA VAGINA? 7 Antônio Vespasiano Ramos era médico, pesquisador e escritor. Sócio honorário do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão (IHGM) e membro da Academia Maranhense de Medicina, onde ocupava a Cadeira Nº 22 da Academia, cujo patrono era o médico obstetra e saudoso professor de medicina da UFMA, José Antonio Gomes dos Santos Neto. Doutor Vespasiano Ramos era professor de medicina no Rio de Janeiro, nascido no dia 9 de julho de 1914 e falecido aos 96 anos no dia 19 de novembro de 2010. Autor de diversas obras publicadas nas Revistas do IHGM e regularmente escrevia artigos em periódicos da imprensa maranhense, dos quais se destacam: “Novo Método de Diagnóstico Precoce do Câncer Uterino”, ”Mulher de Trinta Anos” e “Coronel Mariano Martins Lisboa. 21 �CONTEXTO ATUAL DE ELEGÂNCIA E MODISMO: a mulher moderna tem pago pesado tributo com uso inadequado do vestuário. Com o aumento das roupas sintéticas, lycra, por exemplo, que impede a respiração do corpo, enfim a ventilação dos órgãos aumentaram consideravelmente os casos de corrimento vaginal – calcinha sintética, calça jeans, meia-calça, roupa de ginástica. Diminuem a aeração vulvovaginal, aumenta o aquecimento e umidificação, propiciando meio de cultura para saprófitos e patogênicos, propiciando um meio para fungos (Marilía Winkler, ginecologista e obstetra). �FILIGRANAS GENITAIS INÚTEIS: Outro fator importante é a utilização de amaciantes, ou sabonetes perfumados ou até o uso papel higiênico coloridos e perfumado, que são elementos irritantes; talco, perfume, desodorantes vaginais, pensos perfumados, enganam os incautos e criam meio ideal para a infecção. � Nada de perfume ou talco, nem calcinhas de material sintético. A vagina deve ser tratada com o mesmo cuidado e delicadeza dispensados aos seus olhos (SIMÕES, José Antônio - UNICAMP) e pós-doutorado em microbiologia vaginal na Universidade de Rush, em Chicago. �A vagina é suscetível ao estresse, a antibióticos e a condições adversas como o uso contínuo de absorventes ou de jeans muito apertados. A região vaginal precisa de ventilação para se manter saudável. SAIBA COMO CUIDAR BEM DA SUA VAGINA: �Para evitar as alterações de pH que produzem os malfadados corrimentos vaginais e, principalmente, impedir que eles se transformem em corrimentos crônicos é importante observar hábitos de higiene e certos cuidados com a região. ����EVITAR: � Perfume ou talco, papel higiênico e modess perfumado; � Sabonetes muito perfumados, que podem causar coceiras e irritação; � Usar modess sem estar menstruada ou roupa apertada, que impede a ventilação e contribui para aumentar a umidade na região; � Lavagens vaginais indiscriminadas, que não foram indicadas pelo ginecologista, podem ser prejudiciais . 22 ����PREFERIR: � Usar calcinha de algodão, de preferência inteira de algodão e não só com o fundo de algodão e o resto de material sintético; � Dormir sem calcinha; � Fazer banhos de acento com chá de camomila (sem açúcar) quando sentir irritação. A camomila é um ótimo anti-inflamatório natural; � Secar cuidadosamente a região genital após o banho e, no toilete, sempre usar o papel higiênico da frente para trás; � Trocar a roupa quando esta estiver úmida; � Arejar e ventilar o máximo a região, sempre que possível. DIAGNÓSTICO É útil conhecer o contexto sexual: número de parceiros sexuais regulares, recentes, ocasionais, parceiros que por sua vez, tenha outros parceiros sexuais, os possíveis métodos contraceptivos, os antecedentes de infecção ginecológica baixa ou possível infecção genital em seu parceiro. Durante muito tempo, os sintomas relatados pela paciente – leucorréia, prurido, ardor vaginal, dispareunia eram considerados fundamentais para o diagnóstico das infecções ginecológicas baixas. Na atualidade se sabe que, a miúdo, os sintomas não guardam relação com os dados da exploração clínica ou bacteriológica. Em mais de 10% das mulheres que se queixam de leucorréia excessiva, a exploração clínica resulta normal, enquanto que em torno de um terço das que apresentam perdas purulentas não apresentam nenhuma anomalia. Além disso, as sintomatologias das distintas infecções ginecológicas baixas podem ser uniformes: leucorréia anormal, ardor ou prurido vaginal. � Exploração clínica Uma “exploração clínica” minuciosa da vulva e um “exame ao espéculo” da mucosa da vagina, do conteúdo vaginal e da ectocérvice, apontam dados fundamentais. Com estes exames é permitido comprovar a ausência ou presença de fluxos anormais (excessivos, purulentos, leitosos); a existência ou ausência de irritação das mucosas (eritema, edema), a origem das secreçõespatológicas 23 (vaginas, uretra, glândulas de Skene ou de Bartolini, endocérvice). O aspecto dos fluxos anormais é importante: cor, volume, odor, prurido e grumosos ou bolhosos. Se leucorréia homogênea, leitosa e odor fétidos: Gardnerella; se apresenta ardor, disúria externa, dispareunia e corrimento grumosos espesso e causam prurido: Fungos, e se abundantes, purulentos (esverdeado), bolhosos e com odor fétido: Trichomoníase. Não obstante, o exame clínico tem suas limitações: � Não permite identificar a etiologia da irritação observada; � Tão pouco comprovar a possível ausência de bacilos de Döderlein nas secreções que parecem normais, nem nas secreções excessivas, determinar as que se devem a uma descamação celular demasiado importante. VULVOVAGINITES � Significado: Infecções da vulva e vagina � Etiologia: Fungos, Bactérias, Protozoários, Vírus. � Fatores Predisponentes: Hábitos inadequados de higiene, promiscuidade sexual, doenças sistêmicas, idade, distúrbios comportamentais, gravidez, uso de fármacos. CERVICITES � Significado: Infecção que acomete os epitélios do colo uterino (escamoso e glandular). � Etiologia: Neisseria Gonorrhoeae, Chlamídia trachomatis, Ureaplasma urealyticum e Mycoplasma hominis, Trichomonas vaginalis, Herpes Simples, Papiloma vírus humanus, Germes Anaeróbios, Fungos. � Fatores Predisponentes: Hábitos inadequados de higiene, atividade e promiscuidade sexual, doenças sistêmicas, idade, gravidez, paridade, cirurgias, distúrbios do comportamento, uso de fármacos, duchas vaginais. � Diagnóstico Clínico: Secreção purulenta, visível no ecto ou endocervice, associada ou não a secreção vaginal anormal, fácil sangramento à manipulação do colo uterino, seja por coito, coleta de exame citológico, introdução do espéculo vaginal. Maioria das vezes assintomáticas. 24 09 – SINTOMAS URINÁRIOS A contigüidade da uretra, da bexiga e da porção pelviana dos ureteres com os órgãos genitais, faz com que sintomas urinários apareçam como queixa freqüente nos ambulatórios de ginecologia. As pacientes referem disúria, incontinência urinária, etc. Esta última, quando a perda de urina ocorre no esforço, revela incontinência uretral. Infecção do trato urinário e litíase renal podem estar relacionadas com a dor pélvica. 10 – SINTOMAS INTESTINAIS A dor pélvica é sintoma comum na consulta ginecológica. Algumas vezes a dor não é de origem ginecológica, mas de constipação intestinal crônica. Portanto, a função intestinal deve ser sempre investigada. 11 – ANTECEDENTES CIRÚRGICOS Registrar cirurgias realizadas, pois suas existências podem estar relacionadas com algumas queixas ginecológicas, como dor pélvica (devido a aderências) bem como influenciar na escolha da via de acesso em caso da necessidade de um novo procedimento cirúrgico. 12 – HISTÓRIA PREGRESSA Várias patologias podem interferir na condição ginecológica e obstétrica da paciente. A presença, por exemplo, de distúrbios endócrinos pode influenciar diretamente o ciclo menstrual. É também a oportunidade de detectarmos a existência de patologias sistêmicas e, quando presentes, devemos questionar se sua doença está sendo acompanhada por outro médico especialista , caso contrário, orientá-la quanto à sua necessidade. Assim, fazemos uma história sucinta sobre a presença de doenças sistêmicas onde questionamos: cardiopatias, hipertensão arterial, pneumopatias, diabetes, nefropatias, hepatite, alergia (principalmente medicamentosa), câncer, doenças da infância (rubéola, caxumba, etc), infecções do trato urinário, etc. Também perguntamos sobre transfusões sanguíneas anteriores e hábitos de vida, principalmente quanto ao uso de cigarro e de bebida alcoólica. 25 III. EXAME GINECOLÓGICO O exame satisfatório dos órgãos genitais depende da colaboração da paciente e do cuidado do médico em demonstrar segurança em sua abordagem no exame. Todos os passos do exame deverão ser comunicados previamente, em linguagem acessível ao paciente. A posição ginecológica ou de litotomia é a preferida para a realização do exame ginecológico. Coloca-se a paciente em decúbito dorsal, com as nádegas na borda da mesa, as pernas fletidas sobre as coxas e, estas, sobre o abdômen, amplamente abduzidas. O exame ginecológico consta de exame físico geral, exame físico especial (mamas, axilas, baixo-ventre e regiões inguino-crurais), exame genital (avaliação de órgãos genitais externos e internos - exame ao espéculo e toque genital, vaginal e retal) e exames complementares. 1. EXAME FÍSICO GERAL Sinais Vitais, Peso, Altura, IMC, Impressões Gerais, ACV e AR, Varizes, Edema, Tireóide Um exame geral completo é tão importante em ginecologia como em qualquer outra área da medicina. Embora o exame ginecológico seja dirigido naturalmente para a mama e órgãos pélvicos e abdominais, ele deve incluir uma observação geral do organismo. Deve-se iniciar pelo exame físico geral, onde são anotados os dados referentes à pressão arterial, pulso, temperatura, estatura e peso. Outros dados do exame físico geral, também, devem ser anotados. Em seguida, passa-se ao exame físico especial quando se examina a cabeça e o pescoço, o aparelho respiratório, o aparelho urinário, o aparelho cardiovascular e, em especial, o abdome, onde devem ser observado e descrito quanto à sua forma, tensão, presença de estrias, cicatrizes, pigmentação e presença de ascite. Da mesma forma, deve ser feita a ausculta e a palpação criteriosa de toda sua extensão, tendo em mente que algumas ginecopatias podem ter como sintoma inicial, alterações abdominais. 26 a) Exame Abdominal Paciente deve estar obrigatoriamente deitada, onde vamos avaliar a inspeção (forma, volume, presença de tumoração). O abdômen deve ser examinado obrigatoriamente, pela inspeção e palpação (superficial e profunda; dor à palpação) e, eventualmente, pela percussão e ausculta. O mais importante será a inspeção e a palpação, principalmente no abdome inferior (fossa ilíaca direita, esquerda e hipogástrio), devido ao grande número de queixas de dores pélvicas. Inspeção estática: observar se o abdômen é plano ou globoso e se existem assimetrias ou abaulamentos. Descrever cicatrizes cirúrgicas. Inspeção dinâmica: Ao esforço, verificar se surgem sinais de hérnia ou fraqueza da parede abdominal. Palpação: Através da palpação superficial e profunda, verificar se existem sinais de ascite (que pode estar presente nos casos de tumor de ovário). Realizar a palpação do fígado e do baço. Os órgãos genitais internos normalmente não são palpáveis por via abdominal. Sendo possível identificá-los, indica existir aumento de volume do útero ou anexos. Ausculta a) Normal: As vísceras ocas do tubo digestório contêm, em seu interior, líquidos e gases, decorrentes da ingestão e digestão dos alimentos. O conteúdo destas vísceras é constantemente agitado, misturado e impulsionado caudalmente pelos movimentos segmentares e peristálticos, característicos do tubo digestório. Estes movimentos são coordenados pelo sistema nervoso autônomo. A ação dos movimentos intestinais sobre seu conteúdo líquido-gasoso produz ruídos que, normalmente, são audíveis apenas com o estetoscópio ou por meio de procedimentos que ampliem sua intensidade. Os sons ouvidos recebem a denominação de ruídos hidroaéreos. b) Patológico: Em situações patológicas, podemos observar mudanças do comportamento 27 dos ruídos hidroaéreos. Eles podem desaparecer no abdome agudo inflamatório, quando há comprometimento do peritônio. Na apendicite em fase inicial, por exemplo, os ruídos hidroaéreos estão presentes; quando há evolução para peritonite, os ruídos diminuem ou podem estartotalmente ausentes. Aliás, nas peritonites, os sons podem desaparecer primeiro na proximidade da lesão; a seguir, desaparecem de maneira difusa. É o que se denomina de silêncio abdominal, que ocorre em razão da inibição dos movimentos das alças abdominais, causada reflexamente pelo processo inflamatório do peritônio. Para se afirmar que há silêncio abdominal, a ausculta deve ser demorada, durante vários minutos. Em infecções intestinais ou no sangramento intraluminal, com diarréia, é comum detectarem-se, na ausculta abdominal, ruídos hidroaéreos aumentados em freqüência e intensidade, acompanhando as dores abdominais em cólica. Os ruídos hidroaéreos também se intensificam na fase inicial dos processos obstrutivos, com a característica adicional de serem mais agudos e adquirirem um timbre especial, denominado de metálico. Quando os ruídos hidroaéreos passam a ser audíveis ao exame desarmado, são denominados de borborigmos. É o que ocorre, por exemplo, em pacientes portadores de aerofagia, os quais se queixam freqüentemente do aparecimento de roncos abdominais, audíveis à distância. Nesta situação, ocorre aumento quase que exclusivo do conteúdo gasoso intraluminal, em intestino com peristaltismo normal ou aumentado. Além dos ruídos hidroaéreos, podemos encontrar na ausculta outros sons, oriundos de outros órgãos que não os do tubo digestório. Os sopros abdominais, por exemplo, podem aparecer em situações em que ocorre interrupção do fluxo laminar do sangue, no interior dos vasos arteriais intracavitários. É o caso dos aneurismas da aorta abdominal, das placas ateromatosas nas ilíacas ou femorais, ou, ainda, nas obstruções parciais das artérias renais. O local da ausculta corresponde à região abdominal em que se projeta o segmento arterial lesado. No caso das artérias renais, o local mais audível é representado pela região periumbilical ou pelos flancos, na altura da cicatriz umbilical. Alguns autores citam os atritos audíveis nos hipocôndrios, secundários ao acometimento ou do fígado, ou do baço, por processos inflamatórios em suas superfícies. O atrito aparece em virtude da movimentação 28 respiratória destes órgãos quando suas cápsulas, espessadas e tornadas rugosas pelo depósito de fibrina, roçam na parede vizinha diafragmática ou peritonial. 2. EXAME FÍSICO ESPECIALIZADO. Durante a consulta ginecológica o médico examina com as mãos, a mama da paciente, procurando encontrar sinais e sintomas de doenças. Segundo recomendações do Instituto Nacional do Câncer no Brasil este exame deve ser feito anualmente por um médico ou agente de saúde treinado. Este exame não é substituído pelo auto exame das mamas. Inspeção: Estática: observar e descrever se as mamas são simétricas, se a circulação venosa superficial é normal e simétrica, se existem abaulamentos, retrações ou alterações de pele (hiperemia, edema ou ulceração) ou das papilas (descamação ou erosão). Descrever se as papilas mamárias (mamilos) são salientes ou invertidas. Dinâmica: solicitar que a paciente faça as manobras e observar se evidenciam-se abaulamentos ou retrações. 1. MAMAS: Inspeção: Estática e Dinâmica, Palpação do parênquima mamário (Glândula mamária), Palpação dos linfonodos axilares, supraclaviculares e infraclaviculares (fossas: Supraclavicular e Infraclavicular). 1.1 Inspeção Estática: As mamas devem ser inspecionadas com a paciente sentada, com os braços pendentes ao lado do corpo. O examinador deve observar o número, o tamanho, a forma, a cor do tecido mamário; quaisquer erupções cutâneas incomuns ou descamação; assimetria; evidência de peau d’orange (“pele em casca de laranja“); proeminência venosa; massas visíveis; retrações; ou pequenas depressões. A inspeção deve também incluir a procura de alterações na aréola (tamanho, forma e simetria); alterações na orientação dos mamilos (desvio da direção em que os mamilos apontam), achatamento ou inversão; ou evidência de secreção mamilar, como crostas em torno do mamilo. O examinador deve 29 relatar a presença de cicatrizes cirúrgicas prévias, nevos cutâneos, marcas congênitas e tatuagens. 2.1 Inspeção dinâmica: As mamas devem ser inspecionadas com a paciente com a paciente realizando os seguintes movimentos – elevação dos membros superiores acima da cabeça, pressão sobre os quadris, inclinação do tronco para a frente. (A e B) posição da paciente para contração dos músculos peitorais e distensão dos ligamentos de Cooper. Com a contração dos músculos peitorais e distensão dos ligamentos de Cooper, as deformidades observadas na mama com a inspeção estática, se acentuam e pode-se ver com mais detalhes as alterações sugestivas de patologia mamária, conforme veremos nas figuras abaixo: O ginecologista deve observar a acentuação de sinais observados na inspeção estática, tais como: a assimetria; evidência de peau d’orange (“pele em casca de laranja“); proeminência venosa; massas visíveis; retrações; ou pequenas depressões. Inspeção dinâmica: o examinador pede que a paciente pressione os quadris observando se surgem retrações, abaulamentos ou assimetria. Inspeção dinâmica: ao levantar os braços o observador procurará áreas de retrações ou abaulamentos e observará se há assimetria das mamas durante o movimento. A B 30 Assimetria mamária Abaulamento e sinal de de peau d’orange (“pele em casca de laranja“) Retração mamária Abscesso mamário Tumor e hiperemia mamária 31 3.1 Palpação das mamas Palpação: Das mamas: com a paciente em decúbito dorsal horizontal, sem travesseiro e com as mãos atrás da nuca, palpar todos os quadrantes, detalhadamente, pesquisando a presença de nódulos. Dos linfonodos: com a paciente sentada, palpar os linfonodos cervicais, supra-claviculares, infra-claviculares e axilares. LINFONODO SUPRACLAVICULAR ESQUERDO – Ganglio de Virchow Expressão: Fazer a expressão suave da mama, desde a base até o complexo aréolo- papilar. Ocorrendo a saída de fluxo, observar se é uni ou bilateral e monoductal ou poliductal. Para verificar adequadamente a cor do fluxo, deve ser absorvido em uma gaze. A palpação das mamas abrange o exame dos linfonodos das cadeias axilares, supra e infraclaviculares, que deve ser realizado com a paciente na posição sentada. Ao examinar a axila, é importante que os músculos peitorais fiquem relaxados para que seja feito um exame completo da axila. Músculos contraídos podem obscurecer discretamente linfonodos aumentados de volume. A melhor posição para examinar as mamas é com a paciente em decúbito dorsal, em mesa firme. Pede-se para a paciente elevar o membro superior ipsilateral acima da cabeça para tensionar os músculos peitorais e fornecer uma superfície mais plana para o exame. O examinador deve colocar-se no lado a ser palpado. Inicia-se o exame com uma palpação mais superficial, utilizando as polpas digitais em movimentos circulares no sentido horário, abrangendo todos os quadrantes mamários. Repete-se a mesma manobra para a mama contralateral. Após examinar toda a mama, o mamilo deve ser espremido delicadamente para determinar se existe alguma secreção. Não se esquecer de palpar o prolongamento axilar mamário, conhecido como “cauda de Spencer” e a região areolar. Devem ser relatadas as seguintes alterações: presença de nódulos, adensamentos, secreções mamilares ou areolares, entre outras. 32 OBSERVAÇÃO: existem pacientes que merecem um exame mais minucioso: gestantes,puérperas em lactação, portadoras de implantes protésicos e aquelas com história pregressa de câncer mamário. Nas mulheres submetidas à mastectomia, deve-se examinar minuciosamente a cicatriz cirúrgica e toda a parede torácica (plastrão). - Técnica de palpação das mamas: São duas as principais técnicas utilizadas para palpação das mamas: a (A) Técnica de Bloodgood onde o ginecologista executa a palpação mamária com as digitais daí ser chamada técnica do dedilhamento e a (B) Técnica de Velpeaux onde o ginecologista executa com a mão espalmada. Achados da palpação: o ginecologista verifica o tamanho, localização (quadrante), consistência, limites, mobilidade. O melhor método para registrar os achados do exame físico mamário é uma combinação de descrição por escrito com um esquema gráfico mamário. Tumores e outros achados físicos devem ser descritos pelas seguintes características: • Localização, por quadrante ou método do relógio; • Tamanho em centímetros; • Forma (redonda, oval); Posição da paciente (A) Técnica de Bloodgood (B) Técnica de Vealpeaux 33 • Delimitação em relação aos tecidos adjacentes (bem circunscritos, irregulares); • Consistência (amolecida, elástica, firme, dura); • Mobilidade, com referência a pele e aos tecidos subjacentes; • Dor à palpação focal; • Aspecto das erupções, eritemas,outras alterações cutâneas ou achados visíveis (retração, depressão, nevos, tatuagens). Segue com a palpação dos linfonodos das (a) axilas; (b) fossas supraclaviculares e (c) fossas infraclaviculares. Para examinar os linfonodos axilares direitos o examinador deve suspender o braço direito da paciente, utilizando o seu braço direito; deve então fazer uma concha com os dedos da mão esquerda, penetrando o mais alto possível em direção ao ápice da axila. A seguir, trazer os dedos para baixo pressionando contra a parede torácica. O mesmo procedimento deve ser realizado na axila contralateral. O examinador deve observar o número de linfonodos palpados, bem como seu tamanho, consistência e mobilidade. As fossas supraclaviculares são examinadas pela frente da paciente ou por abordagem posterior. Palpação da fossa supraclavicular Palpação da fossa infraclavicular c) Palpação da axila 34 4.1 Expressão papilar Fluxo Papilar (derrame ou descarga papilar) é a saída da secreção através da papila mamária, quando não associada à gravidez e à lactação (secreção láctea fisiológica). É o sintoma mais comum depois do nódulo, de dor mamária e sua freqüência varia de acordo com a idade. No período pré- menstrual, as mamas ficam edemaciadas e dolorosas, há aumento de atividade secretora da glândula, portanto apresenta algum tipo de secreção papilar à expressão, mas não tem correlação com patologia associada. Numa investigação clínica, a queixa principal deve ser bem explorada. O Fluxo Papilar pode ser uni ou bilateral, espontâneo ou provocado, mono ou multiorificial, seroso ou multicolorido, apresentar aspecto viscoso ou turvo e pode aparecer em qualquer fase da vida. Outros aspectos do Fluxo Papilar: lácteo, purulento, multicolorido, cristalino ou aquoso, amarelo ou seroso, róseo ou sanguinolento. Devemos lembrar que algumas mulheres realizam o auto-exame com manobras incorretas. Elas comprimem as glândulas sebáceas (tubérculo de Montgomery) e provocam pseudoderrames. A etiologia da maioria dos Fluxos Papilares são processos benignos. A investigação deve ser dirigida à causa básica. As pacientes devem ser esclarecidas e tranqüilizadas quanto à natureza do sintoma. Nos casos de Fluxo Papilar tipo cristalino, seroso, serossanguinolento ou sanguinolento, persistentes, espontâneos, monoductais ou unilaterais, associado à nódulo ou não, é indispensável prosseguir a investigação para diagnóstico da causa básica, com semiologia clínica e exames laboratoriais. 35 Diagnóstico • Idade, tempo da última lactação, estresse e uso de medicamentos, condições patológicas prévia, características da secreção. Características da Secreção • Espontânea ou à expressão, bilateralidade, coloração, quantidade e freqüência, associação a tumor, aspecto. Pesquisa do derrame papilar • Citologia da secreção, exames subsidiários, ductografia – desusada, mamografia, ultra-sonografia. Exames na pesquisa da galactorréia • TSH – PROLACTINA - RX DA SELA TÚRCICA - RESSONÂNCIA MAGNÉTICA (se PRL>100ng/ml Rx sela anormal). Causas de derrame papilar • Carcinoma: derrame papilar espontâneo, persistente ou intermitente, por único, unilateral, sangüíneo, serosangüíneo ou aquoso tipo água de rocha. OBSERVAÇÃO Derrame Papilar (Fluxo, Descarga) • Saída de secreção pela papila mamária, não associada à gravidez ou gestação. • 50% das mulheres na menacme apresentam descarga à expressão sem patologia associada. • 1 em 4 mulheres com descarga unilateral, uniductal, sero- sanguinolenta, persistente e espontâneo com mais de 65 anos tem Ca de Mama 36 • Derrame pastoso: pode corresponder a: neoplasia maligna, carcinoma in situ, comedocarcinoma, neoplasia intraductal Galactorréia Derrame papilar lácteo ou colostro-símile fora do ciclo gravídico-pureperal. Portanto não fisiológica. Associado a hiperprolactinemia na maioria das vezes. Pode estar presente nas pacientes normoprolactinêmicas. Pode estar ausente nas pacientes hiperprolactinêmicas. Pode resultar de causas fisiológicas, iatrogênicas ou patológicas. Eventualmente amarelada ou esverdeada. Bilateral freqüentemente, às vezes unilateral. Multiductal. Pode ser acompanhada de amenorréia, oligoovulação e insuficiência do corpo lúteo. 33% das mulheres com amenorréia secundária tem hiperprolactinemia. A galactorréia é rara no homem. Tumores que dão hiperprolactinemia levando à galactorréia • Adenoma hipofisário - tumor pulmonar (1oat cell) - tumor renal - leiomioma uterino OBSERVAÇÃO: Descarga papilar unilateral uniductal cristalina - a que mais se associa ao carcinoma 1oat cell é um tipo de câncer de pulmão no qual as células são pequenas, redondas e assemelham-se a aveia. Também chamado de câncer de pulmão de pequenas células. 37 Síndromes associadas com galactorréia • Forbes-Albright (tumor intraselar) - Chiari-Frommel (galactorréia inapropriada pós-parto - Argonz del Castilho (galactorréia e amenorréia sem história de gestação prévia). Prolactina elevada • Inibe secreção pulsátil de GnRH - tem efeito feedback positvo de alça curta sobre a dopamina - a elevação da dopamina suprime a função do núcleo arqueado - a elevação da dopamina reduz o GnRH. 2. GENITÁLIA: Pele, pilificação, grande e pequenos lábios, clitóris e intróito vaginal O exame dos órgãos genitais deve ser feito numa seqüência lógica: a) órgãos genitais externos- vulva b) órgãos genitais internos- vagina, útero, trompas e ovários a) Exame dos órgãos genitais externos Inspeção estática: descrever a pilificação, as formações labiais (grandes lábios, pequenos lábios e clitóris), a uretra, as glândulas para-uretrais e o períneo (observando se existe rotura); Inspeção dinâmica: ao esforço solicitado, verificar se ocorre procidência das paredes vaginais anterior ou posterior, ou mesmo do útero, identificando se ocorre perda de urina. Áreas suspeitas: Teste de Collins, Vulvoscopia, Biópsia DISPAREUNIA – Dor a relacao sexual SINUSORRAGIA – Sangramento vaginal associado a relacao sexual Pelos riscos de contaminação do examinador sugerimos queeste exame seja efetuado com luvas de procedimentos, não necessariamente esterilizadas. Estas deverão ser mantidas durante todo o exame e trocadas por uma luva estéril, quando da realização do exame de toque vagina e retal. 38 OBSERVAÇÃO: deve haver cuidado com o manuseio do material – almotolias de soluções (solução salina a 5%, ácido acético a 3 – 5%, lugol a 1%, hipossulfito de sódio a 1 %), lâmpada, etc – de forma que não fique contaminado com o material da luva. A inspeção dos órgãos genitais externos é realizada observando-se a forma do períneo, a disposição dos pêlos e a conformação externa da vulva (grandes lábios). Realizada esta etapa, afastam-se os grandes lábios para inspeção do intróito vaginal. Com o polegar e o indicador prendem-se as bordas dos dois lábios, que deverão ser afastadas e puxadas ligeiramente para frente. Desta forma visualizamos a face interna dos grandes lábios e o vestíbulo, hímen ou carúnculas himenais, pequenos lábios, clitóris, meato uretral, glândulas de Skene e a fúrcula vaginal. Deve-se palpar a região das glândulas de Bartholin; e palpar o períneo, para avaliação da integridade perineal. Poderá ser realizada manobra de Valsalva para melhor identificar eventuais prolapsos genitais e incontinência urinária. Todas as alterações deverão ser descritas e, em alguns casos, a normalidade também. Vulvoscopia compreende o exame da vulva e regiões adjacentes com o uso do colposcópio, utilizando-se acessoriamente reagentes especiais como ácido acético e azul de toluidina. Teste de Richard Collins Consiste em pintar a vulva com azul de toluidina a 1%, em seguida, lava-se com ácido acético. O Azul de toluidina é captado pelos núcleos celulares. Nas Áreas hiperceratóticas o corante não é caprado (falso negativo), enquanto que em erosões e úlceras é muito acentuada (falsos positivos). O Teste de Collins, tem baixa especificidade e sensibilidade, por isso perde importância diagnóstica. O teste de Collins tem a finalidade de demarcar áreas de maior concentração nuclear no epitélio e, portanto, de maior interesse para o direcionamento de biópsias. 39 b) Exame dos órgãos genitais internos Deve-se iniciar o exame pelo toque vaginal, exceto quando for ser realizada a coleta de esfregaço cervicovaginal ou quando se desejar avaliar o conteúdo vaginal (existindo queixa de corrimento genital). Toque vaginal: Descrever a permeabilidade da vagina, a rugosidade e a elasticidade; a posição e consistência do colo uterino; a posição e volume do corpo uterino; os anexos e paramétrios; Exame ao especulo: Examinar o conteúdo vaginal, descrevendo o aspecto no que se refere a quantidade, cor, odor e presença de bolhas ou hiperemia. Descrever o colo uterino, se existe mácula rubra e a forma do orifício externo. 1.b) Exame ao especulo ou especuloscopia É realizado através de um instrumento denominado espéculo. Os espéculos são constituídos de duas valvas iguais; quando fechados, as valvas se justapõem, apresentando-se como uma peça única. Os espéculos articulados são os mais utilizados, podendo ser metálicos ou de plástico, descartáveis, apresentando quatro tamanhos: mínimo (espéculo de virgem), pequeno (nº 1), médio (nº 2) ou grande (nº3). Deve-se escolher o menor espéculo que possibilite o exame adequado, de forma a não provocar desconforto na paciente. O espéculo é introduzido fechado. Com a mão esquerda, afastam-se os grandes lábios, com auxílio dos dedos indicador ou médio e polegar. Apóia-se o espéculo sobre a fúrcula, ligeiramente oblíquo (para evitar lesão uretral), e faz-se sua introdução lentamente; antes de ser completamente colocado na vagina, quando estiver em meio caminho, deve ser rodado, ficando as valvas paralelas às paredes anterior e posterior posição que ocupará no exame. A extremidade do aparelho será orientada para baixo e para trás, na direção do cóccix, enquanto é aberto. Observa-se, então, se o colo já se apresenta entre as valvas, devendo o mesmo ser completamente exposto. Nem sempre o colo localiza-se na posição descrita anteriormente; nestes casos deve ser localizado através de movimentação delicada do especulo semi-aberto. 40 O colo é então inspecionado; pacientes nulíparas geralmente têm o orifício externo puntiforme ao passo que nas que já tiveram parto vaginal este apresenta- se em forma de fenda; mulheres na pós-menopausa tem o colo atrófico, e nas mais idosas pode ser difícil identificá-lo. A inspeção deve avaliar presença de “manchas”, lesões vegetantes, lacerações, etc. A seguir é coletado material para o exame da secreção vaginal, para o exame colpocitológico, é realizado o teste de Schiller, e colposcopia e biópsia, estas últimas quando se aplicarem. A retirada do espéculo é efetuada em manobra inversa à da sua colocação; durante sua retirada, deve-se examinar as paredes vaginais anterior e posterior. 2.b) Exames complementares 1. Exame a fresco Um microscópio no consultório do ginecologista, sem dúvida, facilitará bastante a correção de um diagnóstico. Nesse sentido, através do exame chamado “exame em gota pendente” ou “exame a fresco”, as secreções vaginais são examinadas ao microscópio, após ficarem em suspensão, sob lâmina e lamílula, em soluções distintas de soro fisiológico (NaCl) a 0,9% e de hidróxido de potássio (KOH) a 10 ou 15%. Com esse exame, com aumento de 10 – 40 vezes na objetiva do microscópio, é possível perceber facilmente a motilidade do Trichomonas vaginalis (como um pião), as células guias – clue cells (que são células epiteliais recobertas de Gardenerella vaginallis, que aderem à membrana celular, tornando seu contorno granuloso e impreciso), as hifas e esporos de leveduras, além de piócitos. A vantagem do KOH sobre o NaCl é permitir análise dos leucócitos, células descamadas e detritos. No esfregaço limpo, as HIFAS aparecem claramente. Com o soro fisiológico, o fungo adere àqueles elementos, atrapalhando a visão. O exame a fresco é um método muito simples, consistindo na observação ao microscópio de células, pequenos organismos vivos ou fragmentos de tecidos vivos, num meio líquido o mais próximo possível do meio natural desses organismos. A finalidade desse método é permitir a observação de estruturas “in vivo”, de modo a poder observar manifestações funcionais, como a ciclose, reações de estímulos, etc., além de ser importante na contraprova de outros métodos de estudo de 41 estrutura celular que utilizem o estudo de células mortas. Para que a célula sobreviva o maior tempo possível, é necessário o uso de líquidos chamados conservadores fisiológicos, os quais são soluções que proporcionam às células que estão sendo observadas, condições as mais aproximadas possíveis do seu ambiente natural. Isso possibilita um exame mais prolongado. Exame à Fresco 2. Avaliação do pH vaginal: A medida do pH da secreção vaginal é realizada por meio de uma fita de papel indicador de pH, colocada em contato com a parede vaginal, durante um minuto. Deve-se tomar cuidado para não tocar o colo, que possui um pH muito mais básico que a vagina e pode provocar distorções na leitura. O valor do pH vaginal normal varia de 3,5 a 4,5. Hifas e Esporos Clue - cells Trichomonas Cocos 42 3. Sniff test (Whiff test ou teste das aminas ou teste do odor): Adição de 02 (duas) gotas de secreção vaginal a 01 ou 02 gotas de KOH a 10%. O teste é positivo – se ocorrer alcalinização e conseqüente cheiro de “peixe podre”, pela liberação de aminas vasoativas, como putrecina e cadaverina; 4. Exame bactrioscópico corado pelo Gram. A pesquisa do fungo em bacterioscopia pelo método de Gram
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