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24/10/17 1 Terapia Nutricional na Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS/SIDA) Profª Chris Barroso Nutricionista Mestre em Nutrição e Saúde – CMANS – Universidade Estadual do Ceará (UECE) Centro Universitário Estácio do Ceará Unidade: Via Corpvs Disciplina: Fisiopatologia da nutrição e Dietoterapia II hEp://www.aids.gov.br INTRODUÇÃO • 1981 – EUA (primeiros relatos de pacientes com quadro compaOvel com a AIDS/SIDA) • Agente eRológico: vírus HIV (HIV – human immunodeficiency virus) • HIV: retrovírus, com RNA e replica-se pela ação da enzima transcriptase reversa • 1993: Brasil passa a produzir o AZT 24/10/17 2 FISIOPATOLOGIA FISIOPATOLOGIA Estágios CaracterísScas Contagem de células CD4+ Estágio inicial AssintomáRca. Ocorre em 2 a 4 semanas após a infecção pelo vírus, acometendo 50 a 90% dos pacientes --- Estágio I Com o decorrer do tempo, evolui para infecção sintomáRca (dermaRtes, linfadenopaRa) na maioria dos indivíduos, quando o sistema imunológico começa a ficar debilitado > 500 células/ mm³ Estágio II Surgem doenças como a candidíase oral e vaginal, neuropaRa periférica, Herpes zorter, ocorre declínio da função imunológica, quando o paciente fica susceOvel às infecções oportunistas (sarcoma de Kaposi, pneumonia por Pneumocys2s carinii, etc.) 200 a 500 células/mm³ Estágio III Doenças neurológicas, infecções oportunistas e tumores, etc. < 200 células/ mm³ Ø Vale salientar que uma pessoa infectada pelo HIV pode levar 10 a 15 anos para desenvolver a AIDS 24/10/17 3 • Pode ocorrer ou não • Sintomas Notáveis • Alguns meses e até 10 anos • Diminuição de MCM (peso?) • Vit. B12 • Infecção por patógenos comuns HIV assintomáSco • Ocorrência de sintomas: - Endocardite bacteriana - Meningite - Pneumonia - Sepse - Candidíase vulvovaginal e orofaríngea - Displasia cervical ou carcinoma - Herpes Zoster - Infecção por Mycobacterim tubercuylosis pulmonar HIV SINTOMÁTICO • Condições clínicas que definem AIDS: Sintomas clássicos Exames bioquímicos • Pneumonia por Pneumoyistis jirovecii (antigamente P. carinii) • Toxoplasmose do Sistema Nervoso Central • Tuberculose pulmonar atípica ou disseminada • Meningite criptocócica • Retinite por citomegalovírus AIDS OU HIV AVANÇADO 24/10/17 4 • As condições clínicas que caracterizam a doença são alterações em órgãos chave As neoplasias mais comuns são: - Sarcoma de Kaposi (neoplasia endotélio linfático) - Linfoma Não-Hodgkin (neoplasia nos linfonodos) - Câncer de colo uterino AIDS OU HIV AVANÇADO • Diarreia • Febre • Má-absorção • Perda de peso INFECÇÕES OPORTUNISTAS/ SIDA • Sangue • Sêmen • Fluido pré-seminal • Fluido vaginal • Leite materno • Outros fluidos corporais com sangue: ü Fluido cerebroespinhal: (cérebro e medula espinhal) ü Líquido sinovial: circunda as arRculações ósseas ü Líquido amnióRco: feto TRANSMISSÃO 24/10/17 5 EPIDEMIOLOGIA FONTE: MINISTÉRIO DA SAÚDE 24/10/17 6 • Brasil: primeiro país em desenvolvimento a administrar a HAART em seu sistema público de saúde Tratamento medicamentoso Ministério da Saúde. Terapia Anti-Retroviral em Adultos infectados pelo HIV , 2008. Ampla uRlização da HAART Melhora nos indicadores Impacto +++ programa brasileiro DST/AIDS Terapia anSrretroviral - Terapia anSrretroviral altamente aSva Contagem total de linfócitos TCD4 Carga viral total Desvantagens? 24/10/17 7 Terapia anSrretroviral de alta potência (highly ac*ve an*retroviral therapy — HAART) 1. Inibidores de transcriptase reversa análoga de nucleosídeo: Exemplo: AZT, Biovir (AZT+3TC), Zidovudina (AZT), Estavudina (d4T), Lamivudina (3TC), Didanosina (ddI), Abacavir (ABC), Tenofovir (TDF) 2. Inibidores de transcriptase reversa não-análogo de nucleosídeo Exemplo: Efavirenz e Nevirapina Diarréia, náusea, vômito, fadiga, cefaléia, supressão da hemopoiese (anemia, neutropenia) Anorexia, Náusea, Vômito, Erupção cutânea, tontura, alucinações, euforia Terapia anSrretroviral de alta potência (highly ac*ve an*retroviral therapy — HAART) 3. Inibidores de protease: Exemplos: Amprenavir (APV), Indinavir (IDV), Nelfinavir (NFV), Kaletra (LPV/r), Ritonavir (RTV), Atazanavir (ATV), Saquinavir (SQV). Anorexia, diarréia, náusea, vômito, fadiga, consSpação 24/10/17 8 Ministério da Saúde. Terapia Anti-Retroviral em Adultos infectados pelo HIV , 2008. Por outro lado contribui para: ü O d e s e n v o l v i m e n t o c r ô n i c o - degenerativo assumido pela doença na atualidade ü Parte das pessoas que estão em uso de TARV há mais tempo convivem com efeito da TOXICIDADE dos medicamentos. Terapia anSrretroviral Causas de morte relacionadas à AIDS e Infecções oportunistas Causas não-associadas diretamente ao HIV: Eventos cardiovasculares e diabetes mellitus DIMINUINDO AUMENTANDO Novo perfil da doença em populações que têm acesso ao tratamento 24/10/17 9 Cerca de 70% dos pacientes em TARV Dislipidemia em níveis altos • A dislipidemia encontrada nesses pacientes é maior que na população geral: • Caracterizada por níveis: - Triglicérides - Colesterol total - LDL plasmáticos - HDL Ministério da Saúde. Terapia Anti-Retroviral em Adultos infectados pelo HIV , 2008. DISLIPIDEMIA ALTERAÇÕES E PARÂMETROS DE AVALIAÇÃO NUTRICIONAL ALTERAÇÕES NUTRICIONAIS Relacionadas a baixa ingestão alimentar, má absorção de nutrientes, alterações metabólicas, infecções oportunistas, fatores psicossociais e neurológicos e interação drogas-nutrientes. • PrognósRco • 95 a 100% • perda de peso associada com febre crônica e diarréia. Menor ingestão, hipermetabolismo e perda calórica. Dixcil reverter o quadro • Efeito da HAART • Distribuição de gordura de forma anômala com perda do tecido adiposo subcutânea periférico e acúmulo de gordura central. RI, hiperlipidemia 24/10/17 10 Síndrome ConsumpSva Ø Critérios atuais para diagnósRco da síndrome consumpRva (POLKY et al, 2001) Perda de peso não intencional de 10% em 12 meses 5% de perda de massa celular corporal (MCC) em 6 meses ♂ MCC < 35% do peso corporal total + IMC < 27kg/m² Perda de peso não intencional de 7,5% em período superior a 6 meses IMC < 20 kg/m² ♀ MCC < 23% do peso corporal total + IMC < 27 kg/m² O paciente deve cursar com pelo menos um dos critérios acima Síndrome ConsumpSva • 20% no diagnósRco da AIDS • 70% evoluem para óbito • DiagnosRcada inicialmente: perda ponderal Diarréia crônica Astenia • Condições clínicas: Anorexia Disfagia Náuseas Vômitos Lesões orais e esofágicas Doenças neurológicas ingestão de alimentos Síndrome Lipodistrófica do HIV • 50 a 80% dos indivíduos com AIDS desenvolvem lipodistrofia • DiagnósRco: exame xsico Giba de búfalo Buffalo Hump Lipoatrofia Lipohipertrofia 24/10/17 11 • Lipohipertrofia Ministério da Saúde. Terapia Anti-Retroviral em Adultos infectados pelo HIV , 2008. • Lipoatrofia Síndrome Lipodistrófica do HIV Ministério da Saúde. Terapia Anti-Retroviral em Adultos infectados pelo HIV , 2008. Lipoatrofia facial: Perda progressiva de gordura da região Gordura de Bichat temporal e pré - auricular Surgem áreas de depressão: Acentuação do arcabouço óssea e aspecto de envelhecimento Essa condição trouxe de volta o estigma da AIDS, quebra do sigilo (pois permite identificação dos pacientes)e dificuldade de socialização Síndrome Lipodistrófica do HIV • Aumento das circunferências da cintura e do quadril • Acúmulo de gordura abdominal • Mudanças na face com perda de gordura lateral • Aumento da gordura dorso cervical • Aumento de peso • Nas mulheres: aumento das mamas e diminuição nas coxas • Aumento do colesterol total, LDL, TGR e diabetes tipo 2 Lipodistrofia e Acúmulo de gordura em adultos infectados por HIV 24/10/17 12 Tratamento no SUS • Centros de Testagem e Acompanhamento: camisinhas masculinas e femininas para a população geral, gel lubrificante para profissionais do sexo e homens que fazem sexo com homens e kits de redução de danos para pessoas que fazem uso de drogas • Realização de exames e sigilo • Realização de cirurgias para correção da lipodistrofia • Centro de Assistência Especializada OBJETIVOS DA DIETOTERAPIA • Prevenir perda ponderal e recuperar o estado nutricional • Preservar massa corporal magra • Fornecer quan2dade adequada de nutrientes • Contribuir para a eficácia da terapia medicamentosa • Auxiliar no alívio dos sintomas e nas complicações • Promover educação nutricional em todas as fases da doença • Contribuir para uma melhor qualidade de vida TERAPIA NUTRICIONAL Avaliação do estado nutricional História Clínica Exame xsico Avaliação antropométrica Bioimpedância elétrica Avaliação bioquímica Avaliação do consumo alimentar Macro e micronu- trientes Necessi- dades de energia Recomendações de energia (maior gasto calórico – varia de acordo com o estágio da doença, presença de infecções oportunistas) Recomendações de macronutrientes Recomendações de micronutrientes 24/10/17 13 TERAPIA NUTRICIONAL Necessi- dades de energia Cálculo das necessidades energéScas Necessidade energéRca = TMB (ou REE) x Fator ARvidade (FA) x Fator Lesão (FL) x Fator Térmico (FT) TMB: Harris & Benedict (1919) Fator aSvidade (FA): Acamado = 1,2 Acamado + móvel = 1,25 Ambulante = 1,3 Fator Térmico (FT): 38 ºC = 1,1 39 ºC = 1,2 40 ºC = 1,3 Fator lesão ou injúria (FL/FI): AIDS = 1,4 TERAPIA NUTRICIONAL Necessi- dades de energia Estágio Energia Estágio – assintomáRco, peso estável 30 a 35 kcal/kg de peso atual/dia Estágio – sintomáRco com complicações do HIV, necessidade de ganho de peso 40 kcal/kg de peso atual/dia Estágio – infecções oportunistas e/ou AIDS (CD4 < 200 céls/mm³) 40 a 50 kcal/kg de peso/dia Estágio – com desnutrição grave Iniciar com 20 kcal/kg de peso atual/dia, aumentando gradaRvamente para evitar a síndrome da realimentação Obesidade 20 a 25 kcal/kg de peso atual/dia Kcal/ kg de peso atual TERAPIA NUTRICIONAL Macro e micronu- trientes Estágio Necessidades de PTN Estágio – assintomáRco, peso estável 1,1 a 1,5 g/kg de peso atual (1,2g/kg de peso atual) DITEN Estágio – sintomáRco com complicações do HIV, necessidade de ganho de peso 1,5 a 2,0 g/kg de peso atual (1,5g/kg de peso atual) DITEN Estágio – infecções oportunistas e/ou AIDS 2 a 2,5 g/kg de peso atual Estágio – com desnutrição grave Aumentar a oferta gradaRvamente Obesidade URlizar o peso ajustado para o cálculo das necessidades proteicas PTN 24/10/17 14 TERAPIA NUTRICIONAL Macro e micronu- trientes CH O 45 a 65% do VET Fi br as 25 a 30g/dia LI P 20 a 35% do VET Lí qu id os 30 a 35 mL/kg de peso Paciente com má absorção • Dieta com TCM Paciente com diarreia • Dieta isenta de lactose Vitamina A: 2 a 4 vezes a RDA Vitamina E: 15 – 800 UI Vitamina C: 1.000 mg Tiamina: 5 vezes a RDA Riboflavina: 5 vezes a RDA Vitamina B6: 2 vezes a RDA Zinco: 1,3 vezes a RDA Ø seguir as DRIs Deficiência de vit A e B12 – ↓ contagem linfócitos CD4+ Há necessidades especiais de micronutrientes: vitaminas A, B, C, E, Zinco, Selênio < 100% DRI´s TERAPIA NUTRICIONAL • Orientações gerais ü Evitar alimentos com risco de infecções: latas, prazo de validade, pasteurização, utensílios de plásRco, condições higiênico-sanitárias, armazenamento ü Alimentos bem cozidos e crus higienizados ü Água filtrada • Alterações orais • Náuseas, vômitos, diarréia TERAPIA NUTRICIONAL Terapia medica- mentosa Uso de esRmulantes do apeRte, anabolizantes ou inibidores de citocinas concomitante à terapia nutricional 24/10/17 15 TERAPIA NUTRICIONAL Educação nutricional - Importância e princípios da alimentação saudável - Segurança higiênico sanitária da água e dos alimentos - Manejo nos sintomas clínicos e efeitos adversos de medicações - Manejo nutricional de comorbidades dislipidemias, diabete, osteoporose, etc. - Interação droga-nutriente - Importância de hábitos de vida saudáveis Aconselha- mento nutricional
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