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AIDS.SIDA DIETO 2

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1	
Terapia	Nutricional	na	
Síndrome	da	
Imunodeficiência	
Adquirida	(AIDS/SIDA)	
Profª	Chris	Barroso	
	Nutricionista	
Mestre	em	Nutrição	e	Saúde	–	CMANS	–	Universidade	Estadual	do	Ceará	(UECE)	
Centro	Universitário	Estácio	do	Ceará		
Unidade:	Via	Corpvs	
Disciplina:	Fisiopatologia	da	nutrição	e	Dietoterapia	II	
hEp://www.aids.gov.br	
INTRODUÇÃO	
•  1981	–	EUA		(primeiros	relatos	de	pacientes	com	quadro	
compaOvel	com	a	AIDS/SIDA)	
•  Agente	eRológico:	vírus	HIV		
(HIV	–	human	immunodeficiency	virus)	
•  HIV:	retrovírus,	com	RNA	e	replica-se	pela	ação	
da	enzima	transcriptase	reversa	
	
•  1993:	Brasil	passa	a	produzir	o	AZT	
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2	
FISIOPATOLOGIA	
FISIOPATOLOGIA	
Estágios	 CaracterísScas	 Contagem	de	
células	CD4+	
Estágio	
inicial	
AssintomáRca.	Ocorre	em	2	a	4	semanas	após	a	infecção	
pelo	vírus,	acometendo	50	a	90%	dos	pacientes	
---	
Estágio	I	 Com	o	decorrer	do	tempo,	evolui	para	infecção	sintomáRca		
(dermaRtes,	linfadenopaRa)	na	maioria	dos	indivíduos,	
quando	o	sistema	imunológico	começa	a	ficar	debilitado	
>	500		
células/	mm³	
Estágio	II	 Surgem	doenças	como	a	candidíase	oral	e	vaginal,	
neuropaRa	periférica,	Herpes	zorter,		ocorre	declínio	da	
função	imunológica,	quando	o	paciente	fica	susceOvel	às	
infecções	oportunistas	(sarcoma	de	Kaposi,	pneumonia	por	
Pneumocys2s	carinii,	etc.)	
200	a	500	
células/mm³	
Estágio	III	 Doenças	neurológicas,	infecções	oportunistas	e	tumores,	
etc.	
<	200	células/
mm³	
Ø 	Vale	salientar	que	uma	pessoa	infectada	pelo	HIV	pode	levar	10	a	15	anos	para	
desenvolver	a	AIDS	
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•  Pode ocorrer ou não 
•  Sintomas Notáveis 
•  Alguns meses e até 10 anos 
• 	Diminuição	de	MCM	(peso?)	
• Vit.	B12	
• 	Infecção	por	patógenos	comuns	
HIV	assintomáSco	
•  Ocorrência de sintomas: 
-  Endocardite bacteriana 
-  Meningite 
-  Pneumonia 
-  Sepse 
-  Candidíase vulvovaginal e orofaríngea 
-  Displasia cervical ou carcinoma 
- Herpes Zoster 
-  Infecção por Mycobacterim tubercuylosis pulmonar 
HIV	SINTOMÁTICO	
•  Condições clínicas que definem AIDS: 
 Sintomas clássicos 
 Exames bioquímicos 
 
•  Pneumonia por Pneumoyistis jirovecii (antigamente P. 
carinii) 
•  Toxoplasmose do Sistema Nervoso Central 
•  Tuberculose pulmonar atípica ou disseminada 
•  Meningite criptocócica 
•  Retinite por citomegalovírus 
AIDS	OU	HIV	AVANÇADO	
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•  As condições clínicas que caracterizam a 
doença são alterações em órgãos chave 
 
As neoplasias mais comuns são: 
-  Sarcoma de Kaposi (neoplasia endotélio linfático) 
-  Linfoma Não-Hodgkin (neoplasia nos linfonodos) 
-  Câncer de colo uterino 
AIDS	OU	HIV	AVANÇADO	
•  Diarreia 
•  Febre 
•  Má-absorção 
•  Perda de peso 
INFECÇÕES	OPORTUNISTAS/	SIDA	
• 	Sangue		
• 	Sêmen	
• 	Fluido	pré-seminal	
• 	Fluido	vaginal	
• 	Leite	materno	
• 	Outros	fluidos	corporais	com	sangue:		
ü Fluido	cerebroespinhal:	(cérebro	e	medula	espinhal)	
ü Líquido	sinovial:	circunda	as	arRculações	ósseas	
ü Líquido	amnióRco:	feto	
TRANSMISSÃO	
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EPIDEMIOLOGIA	
FONTE:	MINISTÉRIO	DA	SAÚDE	
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•  Brasil: primeiro país em desenvolvimento a 
administrar a HAART em seu sistema 
público de saúde 
Tratamento	medicamentoso	
Ministério da Saúde. Terapia Anti-Retroviral em Adultos infectados pelo HIV , 2008. 
Ampla	uRlização	da	HAART	
Melhora nos indicadores 
Impacto +++ programa 
brasileiro DST/AIDS 
Terapia	anSrretroviral	-	Terapia	
anSrretroviral	altamente	aSva	
Contagem total de linfócitos TCD4 
Carga viral total 
Desvantagens? 
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Terapia	anSrretroviral	de	alta	potência		
(highly	ac*ve	an*retroviral	therapy	—	HAART)	
	
1.   Inibidores	de	transcriptase	reversa	análoga	de	nucleosídeo:	
Exemplo:	AZT,	Biovir	(AZT+3TC),	Zidovudina	(AZT),	Estavudina	(d4T),	
Lamivudina	(3TC),	Didanosina	(ddI),	Abacavir	(ABC),	Tenofovir	(TDF)	
2.   Inibidores	de	transcriptase	reversa	não-análogo	de	nucleosídeo		
	Exemplo:	Efavirenz	e	Nevirapina		
Diarréia,	náusea,	vômito,	fadiga,	cefaléia,	
supressão	da	hemopoiese	(anemia,	neutropenia)		
Anorexia,	Náusea,	Vômito,	Erupção	cutânea,	
tontura,	alucinações,	euforia	
Terapia	anSrretroviral	de	alta	potência		
(highly	ac*ve	an*retroviral	therapy	—	HAART)	
	
3.	 	Inibidores	de	protease:	
	Exemplos:	Amprenavir	(APV),	Indinavir	(IDV),	Nelfinavir	(NFV),	
	Kaletra	(LPV/r),	Ritonavir	(RTV),	Atazanavir	(ATV),	Saquinavir	
	(SQV).		
		
Anorexia,	diarréia,	náusea,	vômito,	fadiga,	
consSpação	
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Ministério da Saúde. Terapia Anti-Retroviral em Adultos infectados pelo HIV , 2008. 
Por	outro	lado	contribui	para:		
ü  O d e s e n v o l v i m e n t o c r ô n i c o -
degenerativo assumido pela doença na 
atualidade 
ü  Parte das pessoas que estão em uso de 
TARV há mais tempo convivem com efeito 
da TOXICIDADE dos medicamentos. 
Terapia	anSrretroviral	
Causas	de	morte	
	relacionadas	
	à	AIDS	e	
Infecções	oportunistas	
Causas	não-associadas		
diretamente	ao	HIV:	
Eventos	cardiovasculares	e	
	diabetes	mellitus	
DIMINUINDO AUMENTANDO 
Novo	perfil	da	doença	em	populações	
que	têm	acesso	ao	tratamento	
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Cerca de 70% dos pacientes em TARV 
Dislipidemia em níveis altos 
•  A dislipidemia encontrada nesses pacientes é maior 
que na população geral: 
•  Caracterizada por níveis: 
- Triglicérides 
-  Colesterol total 
-  LDL plasmáticos 
-  HDL 
Ministério da Saúde. Terapia Anti-Retroviral em Adultos infectados pelo HIV , 2008. 
DISLIPIDEMIA	
ALTERAÇÕES	E	PARÂMETROS	DE	
AVALIAÇÃO	NUTRICIONAL	
ALTERAÇÕES	NUTRICIONAIS	
Relacionadas	a	baixa	ingestão	alimentar,	má	absorção	de	nutrientes,	
alterações	metabólicas,	infecções	oportunistas,	fatores	psicossociais	e	
neurológicos	e	interação	drogas-nutrientes.	• PrognósRco	
• 	95	a	100%	
• 	perda	de	peso	associada	com	febre	crônica	e	
diarréia.	Menor	ingestão,	hipermetabolismo	e	
perda	calórica.	Dixcil	reverter	o	quadro	
• 	Efeito	da	HAART		
• Distribuição	de	gordura	de	forma	anômala	com	
perda	do	tecido	adiposo	subcutânea	periférico	e	
acúmulo	de	gordura	central.	RI,	hiperlipidemia	
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Síndrome	ConsumpSva	
Ø 	Critérios	atuais	para	diagnósRco	da	síndrome	consumpRva	
(POLKY	et	al,	2001)	
Perda	de	peso	não	
intencional	de	10%	
em	12	meses	
5%	de	perda	de	
massa	celular	
corporal	(MCC)	em	6	
meses	
♂ 
MCC	<	35%	do	peso	
corporal	total	+		
IMC	<	27kg/m²	
Perda	de	peso	não	
intencional	de	7,5%	
em	período	superior	
a	6	meses	
IMC	<	20	kg/m²	
♀ 
MCC	<	23%	do	peso	
corporal	total	+		
IMC	<	27	kg/m²	
O	paciente	deve	cursar	com	pelo	menos	um	dos	critérios	acima	
Síndrome	ConsumpSva	
• 20%	no	diagnósRco	da	AIDS	
• 70%	evoluem	para	óbito		
• DiagnosRcada	inicialmente:		
perda	ponderal		
Diarréia	crônica		
Astenia	
• 	Condições	clínicas:	
Anorexia	
Disfagia	
Náuseas	
Vômitos	
Lesões	orais	e	esofágicas	
Doenças	neurológicas	
	
ingestão	de	
alimentos	
Síndrome	Lipodistrófica	do	HIV	
• 	50	a	80%	dos	indivíduos	com	AIDS	desenvolvem	lipodistrofia	
• 	DiagnósRco:	exame	xsico	
Giba	de	búfalo	
Buffalo	Hump	
Lipoatrofia	
Lipohipertrofia	
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•  Lipohipertrofia 
Ministério da Saúde. Terapia Anti-Retroviral em Adultos infectados pelo HIV , 2008. 
• Lipoatrofia 
Síndrome	Lipodistrófica	do	HIV	
Ministério da Saúde. Terapia Anti-Retroviral em Adultos infectados pelo HIV , 2008. 
Lipoatrofia facial: 
Perda progressiva de gordura da região 
Gordura de Bichat temporal e pré - auricular 
Surgem áreas de depressão: 
Acentuação do arcabouço óssea e 
aspecto de envelhecimento 
Essa condição trouxe de volta o estigma da AIDS, quebra 
do sigilo (pois permite identificação dos pacientes)e 
dificuldade de socialização 
Síndrome	Lipodistrófica	do	HIV	
•  Aumento das circunferências da cintura e do quadril 
•  Acúmulo de gordura abdominal 
•  Mudanças na face com perda de gordura lateral 
•  Aumento da gordura dorso cervical 
•  Aumento de peso 
•  Nas mulheres: aumento das mamas e diminuição nas 
coxas 
•  Aumento do colesterol total, LDL, TGR e diabetes tipo 2 
Lipodistrofia	e	Acúmulo	de	gordura	
em	adultos	infectados	por	HIV	
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Tratamento	no	SUS	
•  Centros	 de	 Testagem	 e	 Acompanhamento:	
camisinhas	masculinas	 e	 femininas	 para	 a	 população	 geral,	 gel	 lubrificante	 para	
profissionais	do	sexo	e	homens	que	fazem	sexo	com	homens	e	kits	de	redução	de	
danos	para	pessoas	que	fazem	uso	de	drogas	
•  Realização	de	exames	e	sigilo	
•  Realização	de	cirurgias	para	correção	da	
lipodistrofia	
•  Centro	de	Assistência	Especializada	
OBJETIVOS	DA	DIETOTERAPIA	
• Prevenir	perda	ponderal	e	recuperar	o	estado	nutricional	
• 	Preservar	massa	corporal	magra	
• Fornecer	quan2dade	adequada	de	nutrientes		
• Contribuir	para	a	eficácia	da	terapia	medicamentosa	
• 	Auxiliar	no	alívio	dos	sintomas	e	nas	complicações	
• Promover	educação	nutricional	em	todas	as	fases	da	doença	
• 	Contribuir	para	uma	melhor	qualidade	de	vida	
TERAPIA	NUTRICIONAL	
Avaliação	
do	estado	
nutricional	
	História	Clínica	
	Exame	xsico	
	Avaliação	antropométrica	
	Bioimpedância	elétrica	
	Avaliação	bioquímica	
	Avaliação	do	consumo	alimentar	
Macro	e	
micronu-
trientes	
Necessi-
dades	de	
energia	
Recomendações	de	energia		
(maior	gasto	calórico	–	varia	de	acordo	com	o	
estágio	da	doença,	presença	de	infecções	
oportunistas)	
Recomendações	de	macronutrientes	
Recomendações	de	micronutrientes	
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TERAPIA	NUTRICIONAL	
Necessi-
dades	de	
energia	
Cálculo	das	necessidades	energéScas	
Necessidade	energéRca	=	TMB	(ou	REE)	x		
Fator	ARvidade	(FA)	x	Fator	Lesão	(FL)	x	Fator	Térmico	
(FT)	
	
TMB:	Harris	&	Benedict		(1919)	
	
Fator	aSvidade	(FA):		
Acamado	=	1,2		
Acamado	+	móvel	=	1,25		
Ambulante	=	1,3	
	
Fator	Térmico	(FT):	
38	ºC	=	1,1		
39	ºC	=	1,2		
40	ºC	=	1,3	
	
Fator	lesão	ou	injúria	(FL/FI):	
AIDS	=	1,4	
TERAPIA	NUTRICIONAL	
Necessi-
dades	de	
energia	
Estágio	 Energia	
Estágio	–	assintomáRco,	peso	
estável	
30	a	35	kcal/kg	de	peso	
atual/dia	
Estágio	–	sintomáRco	com	
complicações	do	HIV,	
necessidade	de	ganho	de	peso	
40	kcal/kg	de	peso	atual/dia	
Estágio	–	infecções	oportunistas	
e/ou	AIDS	(CD4	<	200	céls/mm³)	
40	a	50	kcal/kg	de	peso/dia	
Estágio	–	com	desnutrição	grave	 Iniciar	com	20	kcal/kg	de	
peso	atual/dia,	aumentando	
gradaRvamente	para	evitar	a	
síndrome	da	realimentação	
Obesidade	 20	a	25	kcal/kg	de	peso	
atual/dia	
Kcal/	kg	de	peso	atual	
TERAPIA	NUTRICIONAL	
Macro	e	
micronu-
trientes	
Estágio	 Necessidades	de	PTN	
Estágio	–	assintomáRco,	peso	
estável	
1,1	a	1,5	g/kg	de	peso	atual	
	
(1,2g/kg	de	peso	atual)	
DITEN	
Estágio	–	sintomáRco	com	
complicações	do	HIV,	
necessidade	de	ganho	de	peso	
1,5	a	2,0	g/kg	de	peso	atual	
	
(1,5g/kg	de	peso	atual)	
DITEN	
Estágio	–	infecções	oportunistas	
e/ou	AIDS	
2	a	2,5	g/kg	de	peso	atual	
Estágio	–	com	desnutrição	grave	 Aumentar	a	oferta	
gradaRvamente	
Obesidade	 URlizar	o	peso	ajustado	para	
o	cálculo	das	necessidades	
proteicas	
PTN	
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TERAPIA	NUTRICIONAL	
Macro	e	
micronu-
trientes	
CH
O
	
45	a	65%	
do	VET	
	
Fi
br
as
	
25	a	
30g/dia	
LI
P	20	a	35%	
do	VET	
Lí
qu
id
os
	
30	a	35	
mL/kg	de	
peso	
Paciente	com	má	absorção	
• Dieta	com	TCM	
Paciente	com	diarreia	
• Dieta	isenta	de	lactose	
Vitamina	A:	2	a	4	vezes	a	RDA	
Vitamina	E:	15	–	800	UI	
Vitamina	C:	1.000	mg	
Tiamina:	5	vezes	a	RDA	
Riboflavina:	5	vezes	a	RDA	
Vitamina	B6:	2	vezes	a	RDA	
Zinco:	1,3	vezes	a	RDA	
Ø 	seguir	as	DRIs	
Deficiência	de	vit	A	e	B12	–		
↓	contagem	linfócitos	CD4+	
Há	necessidades	especiais	de	
micronutrientes:	vitaminas	A,	B,	C,	E,	
Zinco,	Selênio	<	100%	DRI´s	
TERAPIA	NUTRICIONAL	
•  Orientações	gerais	
ü Evitar	 alimentos	 com	 risco	 de	 infecções:	 latas,	
prazo	 de	 validade,	 pasteurização,	 utensílios	 de	
plásRco,	 condições	 higiênico-sanitárias,	
armazenamento		
ü Alimentos	bem	cozidos	e	crus	higienizados	
ü Água	filtrada	
•  Alterações	orais	
•  Náuseas,	vômitos,	diarréia	
TERAPIA	NUTRICIONAL	
Terapia	
medica-
mentosa	
Uso	de	esRmulantes	do	apeRte,	anabolizantes	ou	
inibidores	de	citocinas		
concomitante	à	terapia	nutricional	
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TERAPIA	NUTRICIONAL	
Educação	nutricional	
	
- 	Importância	e	princípios	da	alimentação	
saudável	
- 	Segurança	higiênico	sanitária	da	água	e	dos	
alimentos	
- 	Manejo	nos	sintomas	clínicos	e	efeitos	
adversos	de	medicações	
- 	Manejo	nutricional	de	comorbidades	
dislipidemias,	diabete,	osteoporose,	etc.	
- 	Interação	droga-nutriente	
- 	Importância	de	hábitos	de	vida	saudáveis	
Aconselha-
mento	
nutricional

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