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Licenciatura em História CRISTIANO PENA DA SILVA Fundação e Desenvolvimento da Loja Maçônica no Município de Pinheiral/RJ Pinheiral/RJ. 2018 1 RESUMO O referido trabalho de conclusão de curso tem por finalidade relatar desde a criação até o desenvolvimento da Loja Maçônica no município de Pinheiral/RJ, expondo e descrevendo sua participação junto à comunidade. Pois a palavra mais utilizada por todos os maçons é a filantropia, agindo tanto na área político-administrativo, sociais ou econômicas, nunca deixando de fortalecer seus dizeres de liberdade, igualdade e fraternidade. Entretanto tudo que é realizado pela maçonaria, primeiramente é colocado em pauta de reunião para que todos saibam sobre o referido assunto e tão somente após acontece um planejamento para que tudo se encaminhe de forma correta e organizada. Palavras-Chave: Maçonaria, Filantropia, Maçom, Loja maçônica. 2 SUMÁRIO 1. Introdução; 2. Metodologia; 3. Revisão Bibliográfica; 3.1. Chegada da Maçonaria ao Rio de Janeiro e a formação do Grande Oriente do Brasil; 3.2 – A Fundação da Loja Maçônica no Município de Pinheiral; 3.3 – Participação econômica e social no município de Pinheiral; 4. Considerações finais; Referências Bibliográficas. 3 1 - INTRODUÇÃO O referido trabalho de conclusão de curso (TCC) tem como tema a “Fundação e Desenvolvimento da Loja Maçônica no Município de Pinheiral”. Pinheiral é uma cidade com apenas 22 (vinte e dois) anos de emancipação, sendo assim um local que necessita conhecer sua história, desde a época distrital, pois existem problemas locais de miséria, desemprego, falta de incentivo à participação dos cidadãos em assistências sociais. Todavia se faz necessário para a comunidade do município de Pinheiral este trabalho, pois irá exprimir quem tanto fez e continua fazendo pelo município desde sua fundação até atualmente, a maçonaria do município de Pinheiral como entidade filantrópica esta constantemente participativa à resolução de problemas encontrados na política, economia e parte social. Atenta-se que tal investigação historiográfica aprofundará o processo de formação e desenvolvimento do núcleo urbano da cidade supracitada. O trabalho realizado servirá como informativo e referência de estudo local, uma vez que se baseia em mostrar para sociedade que a loja maçônica se faz participativa e atuante em vários seguimentos da sociedade que é algo de grande relevância e a partir deste projeto haverá registro para estudo da maçonaria em Pinheiral e também já autorizado pela loja, será escrito um livro contando a história da maçonaria municipal com o conteúdo do material colhido. A meta principal desta pesquisa será expor a Fundação e Desenvolvimento da Loja Maçônica no Município de Pinheiral. 4 2 - METODOLOGIA Para a realização da pesquisa os principais autores lidos e pesquisados foram ALMEIDA FILHO (2005), ASLAN (1973), CARVALHO (2009), CASTELLANI (1993), DURÂO (2008), MOREL (2008), NAME (2009), e SANTOS (2004). Para reunião de material e informações sobre o tema colocado em questão realizou-se primeiramente pedido formal de autorização para que se pesquisasse e escrevesse sobre o distinto tema em sessão na loja maçônica José Rodrigues Gomes da Silva, no município de Pinheiral/RJ, no dia 14 de novembro de 2017. A partir deste ponto foram realizadas entrevistas com algumas fontes orais que são membros mais antigos da loja maçônica do município. Foi dada uma entrevista pelo membro ancião mais antigo da loja de Pinheiral, no interior do templo para esclarecimentos relevantes sobre o tema em questão e também foi abordado e explicado sobre as Acácias que são as esposa dos maçons que se reúnem para ações filantrópicas no município, no dia 14 de novembro de 2017. A entidade marcou mais uma entrevista com outro ancião na loja maçônica, para que fosse visualizados e fotografados documentos da loja no que diz respeito à data da fundação, a carta constitutiva, relatos sobre primeiro maçom que se tem conhecimento em Pinheiral, a constatação de diversas congratulações por escrito a ações sociais prestadas aos munícipes locais e relatos de por quais motivos fazem tais filantropias, no dia 21 de novembro 2017. Foi pedida autorização para outra visita para que se consultassem algumas referências bibliográficas no interior da loja de Pinheiral, com o auxílio de um irmão maçom, para melhores esclarecimentos de dúvidas quanto a algumas datas e motivos que os levaram da chegada ao país até posteriormente à cidade de Pinheiral e também foi abordado sobre ações filantrópicas distintas, no dia 28 de novembro de 2017. A secretaria da distinta loja maçônica marcou uma visita e entrevista com um EX – Venerável Mestre maçom, que foi marcado na própria loja municipal para maior conhecimento dos fatos, esclarecimento de dúvidas e também foram tiradas fotografias de alguns ícones da história maçônica no Brasil e consequentemente em Pinheiral, tudo contado e mostrado por um homem que esteve na liderança maçônica municipal e ainda se faz presente com suas contribuições na loja. Todavia foram esclarecidas dúvidas referentes aos autores com seus temas de alguns dos livros pesquisados para o estudo, no dia 02 de dezembro de 2017. Foram tiradas fotografias de alguns documentos que foram autorizados para poder contar como prova e registro histórico tanto para loja maçônica, quanto para cidade. Tudo isto com o propósito de recolher o maior número de material e informação possível para o trabalho de pesquisa que foi constituído de forma sublime e respaldado em maior número de fatos possíveis. 5 3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 3.1 - Chegada da Maçonaria ao Rio de Janeiro e a formação do Grande Oriente do Brasil Nos primeiros meses de 1821, a ordem do dia nos meios maçônicos era a Independência do país. As agitações provocaram forte repressão imperial, sendo preso Joaquim Gonçalves Ledo, juntamente com outros membros da irmandade. Em abril 1821, D. João VI voltou a Portugal, por exigência das Cortes, deixando como Regente seu filho D. Pedro de Alcântara. Nesse período, Gonçalves Ledo foi solto e retomou suas atividades na Loja Comércio e Artes, enquanto José Bonifácio aumentava sua influência na corte. Em setembro de 1821, as cortes portuguesas determinaram o retorno a Portugal do Príncipe Regente. Em 09 de janeiro de 1822, após várias manifestações em favor da permanência do Príncipe no Brasil, D. Pedro proferiu o discurso do Fico (NAME, 2009). Desse período, a Loja Comércio e Artes na Idade do Ouro pode ser considerada como a que deu origem ao Grande Oriente do Brasil, uma vez que, na sessão de 17 de junho de 1822, decidiu-se pela criação da Loja Esperança de Niterói e da Loja União e Tranquilidade, pelo desdobramento de seu quadro, realizado por sorteio. A partir dessas três Lojas iriam se formar então o Grande Oriente Brasileiro, fundado em junho e 1822. Alguns dos membros desta loja eram Joaquim Gonçalves Ledo e o padre-mestre Januário da Cunha Barbosa, dois ilustres ativistas do processo de emancipação política brasileira (CASTELLANI, 1993). O Grande Oriente Brasileiro foi fundado em 17 de junho de 1822 ou 24 de junho de 1822, por 94 homens, entre eles José Bonifácio de Andrada e Silva e Joaquim GonçalvesLedo, duas figuras maçônicas marcantes desse período. Bonifácio, adepto da Monarquia; Ledo, adepto da independência republicana, ambos podem ser considerados homens influentes da independência, ainda que entre eles houvesse grande divergência de ideais (ALMEIDA FILHO, 2005; NAME, 2009). 6 Figura 1. José Bonifácio, 1º Grão Mestre do Brasil O maçom que presidiu os atos de instalação do GOB foi o Capitão João Mendes Viana, que posteriormente participou da Confederação do Equador, sendo por isso encarcerado durante sete anos. Nessa reunião, José Bonifácio de Andrada e Silva foi aclamado primeiro Grão-Mestre do Grande Oriente Brasileiro; Joaquim Gonçalves Ledo, o 1º Grande Vigilante; e o cônego Januário da Cunha Barbosa, o Grande Orador (MOREL, 2008). Com o objetivo principal de lutar pela independência política do Brasil, as primeiras reuniões do GOB foram realizadas na clandestinidade. Nas atas de suas primeiras reuniões, consta que só se admitiria a iniciação de pessoas que se comprometessem com o ideal da Independência (SANTOS, 2004). Figura 2. D. Pedro I, Grão-mestre do GOB Logo depois, o príncipe D. Pedro foi indicado para a Ordem, em 13 de julho de 1822, por proposta do Grão-Mestre José Bonifácio. Em seguida, foi iniciado em assembleia geral do Grande Oriente, no dia 2 de agosto de 1822, adotando o nome de Guatimozim (nome 7 do último imperador asteca) e passando a fazer parte do quadro da Loja Comércio e Artes. Na sessão seguinte do Grande Oriente, realizada em 05 de agosto, por proposta de Joaquim Gonçalves Ledo, que ocupava a presidência, D. Pedro foi aclamado Mestre Maçom. Em 04 de outubro do mesmo ano, na ausência de José Bonifácio, também por proposta de Ledo, D. Pedro foi também aclamado Grão-Mestre do GOB, pela sua condição de Príncipe Regente. A indicação de Gonçalves Ledo visava à neutralização de Bonifácio (MOREL, 2008). Naquele período, quase todas as pessoas influentes junto a Dom Pedro eram maçons e também membros do Grande Oriente, única Obediência Maçônica então existente. No entanto, a rivalidade política entre eles era grande, o que provocou sérias disputas pelo poder. Com a Independência do Brasil, oficialmente proclamada em 12 de outubro de 1822 (DURÃO, 2008). D. Pedro assumiu a condição de imperador, com o título de D. Pedro I. Um mês e meio depois, no dia 21 de outubro, D. Pedro I determinava “primo como Imperador, secundo como Grão Mestre. Ele então mandou suspender de forma temporária as atividades do Grande Oriente que acabou se mantendo em vigor durante todo seu reinado, encerrada com a abdicação ao trono em 07 de abril de 1831 e sua ida a Portugal (DURÃO, 2008). Já em 1830 os maçons do Rio de Janeiro procuravam retomar os trabalhos que estavam praticamente parados, tendo fundado o Grande Oriente Nacional Brasileiro e, posteriormente, grande Oriente do Passeio, utilizando o nome da rua onde tinha sede. Na verdade esse Grande Oriente só foi instalado em 24 de junho de 1831. Alguns meses depois, em 23 de novembro de 1831, seria instalado o Grande Oriente do Brasil, por um grupo de maçons remanescentes do primitivo Grande Oriente Brasílico, e que incorporou as Lojas do então extinto Grande Oriente do Passeio. Em consequência, durante 30 anos funcionaram no Rio de Janeiro dois Grandes Orientes, até que em 1861 o Grande Oriente do Passeio deixou de existir, sendo suas Lojas absorvidas pelo Grande Oriente do Brasil. Alguns autores ainda discutem sobre qual dos dois Grandes Orientes seria o sucessor do Grande Oriente Brasileiro, no entanto, o importante é assinalar que as histórias dos dois se entrelaçam e se confundem, tendo em vista que, naquele período, foi frequente a movimentação de Lojas e de obreiros de uma para outra Obediência (CASTELLANI, 1994). 8 A campanha republicana, por seu lado, era incrementada pela Questão Militar, que na verdade, consistiu em uma série de atritos, acontecidos entre 1883 e 1889, entre políticos e militares, causados pelo brio destes e pela inabilidade de políticos e ministros. Esses atritos iriam criar uma atmosfera propícia para o levante militar final, em 1889, o qual resultaria na implantação do regime republicano, sob a liderança de maçons militares como Manuel Deodoro da Fonseca e Benjamin Constant. Apesar da intensa movimentação, os velhos militares, com patente de major para cima, tinham grande respeito do imperador, que durante a guerra do Paraguai, se mantivera firme ao lado dos alvos nacionais da campanha sustentada pelas forças armadas. Os postos inferiores, entretanto, estavam preenchidos por jovens alunos das escolas militares, os quais, além de não experimentar sentimentos semelhantes aos dos oficiais mais antigos, estavam altamente doutrinados pelo professor de maior prestígio da Escola militar, aquele que viria, por sua atuação, a ser cognominado “o pai da República”: o maçom e positivista tenente-coronel Benjamin Constant, que fazia aberta apologia do movimento republicano e era um dos mais categorizados críticos do governo imperial (CARVALHO, 2009). O levante para a Proclamação da República ocorreu em 15 de novembro de 1889. Deposto todo o Conselho de Ministros, presidido pelo visconde de Ouro Preto, Deodoro, todavia, em um rasgo de sua antiga fidelidade a D. Pedro II, não se dispunha a tomar providências para implantar a república, tendo declarado, a Ouro Preto, que iria mandar procurar o imperador, em Petrópolis, para propor-lhe um novo gabinete. Foi aí que, mais uma vez, entrou em cena Benjamin Constant, que fez ver, a Deodoro, o perigo que eles correriam daí em diante, por sua rebeldia, com a sobrevivência do governo imperial. E, assim, se fez a república no Brasil. Implantada a república, Deodoro assumiria o poder, como chefe do Governo Provisório, com um ministério totalmente constituído por maçons: Quintino Bocayuva, na Pasta dos Transportes; Aristides Lobo, na do Interior; Benjamin Constant, na da Guerra; Rui Barbosa, na da Fazenda; Campos Salles, na da Justiça; Eduardo Wandenkolk, na da Marinha; e Demétrio Ribeiro, na da Agricultura. Esses homens foram escolhidos pelo fato de representarem – com exceção de Rui Barbosa -, a nata dos republicanos históricos, que por feliz coincidência, pertencia ao Grande Oriente do Brasil, em uma época em que a maçonaria abrigava os melhores homens do país e a elite intelectual da nação (CARVALHO, 2009). 9 Figura 3. Deodoro da Fonseca e seu ministério maçom 3.2 – A Fundação da Loja Maçônica no Município de Pinheiral/RJ. O Idealizador da Fundação da Loja maçônica no município designada pelo nome de Augusta e Respeitável Loja Simbólica José Rodrigues Gomes da Silva Nº2252, foi Remy Eduardo Rodrigues Barbosa Viana. Este foi um maçom de muito respeito por seus irmãos de maçonaria e pela sociedade, pois se tratava de um médico nascido em Pinheiral, no dia 9 de outubro de 1945, era filho de Remy Rodrigues Barbosa e Rita Rodrigues Barbosa Viana. Formou-se em Medicina na Universidade Federal Fluminense em 1972, dedicou-se sempre com muito amor à profissão. Pois seu interesse pelo ser humano, “principalmente aos menos favorecidos”, foi sempre uma constante em sua vida. O ápice de sua devoção como um bom ser humano foi à criação de uma tabela de preços para consultas, com base em uma escala salarial, chegando até a doação. É este tipo de cidadão que a maçonaria sempre busca convidar para ordem, ser humano capaz de se diferenciar por suas atitudes perante seus irmãos. O Mestre Maçom Remy Eduardo Rodrigues Barbosa Viana pertencia ao quadro da Loja Independência e Luz, do Oriente deBarra Mansa. Foi Venerável Mestre da Augusta e Respeitável Loja Simbólica José Rodrigues Gomes da Silva, no ano de 1987. Acometido de uma doença grave, faleceu em 12 de Outubro de 1987 (FRANCO, 2017) 1 . 1 Entrevista concedida por FRANCO, Antônio Carlos Leite. Entrevista I. [nov. 2017]. Entrevistador: Cristiano Pena. Pinheiral/RJ, 2017. 10 Figura 4. Dr. Remy Eduardo Rodrigues Barbosa Viana No ano de 1984, quando surgiu do idealizador da Loja, o Irmão Remy Eduardo Rodrigues Barbosa Viana, a proposta de fundar uma Loja Maçônica na cidade de Pinheiral, onde em inúmeras sessões na Loja Maçônica Independência e Luz, Oriente de Barra Mansa, a ideia fora criando forma, adquirindo adeptos, amadurecendo e por fim foram concluídos os preparativos para a fundação daquela que viria a ser a Loja Maçônica “Jose Rodrigues Gomes da Silva” (FRANCO, 2017). Figura 5. Fundação da Loja maçônica de Pinheiral na residência de Celso Rayol No dia dois de abril de mil novecentos e oitenta e quatro, aconteceu a fundação da Loja, na residência de Celso Rayol, cunhado do idealizador (Remy Eduardo Rodrigues Barbosa Viana), situada à Rua Domingos Mariano nº75, Centro –Pinheiral – RJ, sendo depois 11 construída sua sede com endereço fixado na Rua Remy E. Barbosa Viana, 133, Centro, Pinheiral/RJ, onde se encontras até os dias atuais (FILHO, 2017) 2 . O patrono da loja Sr. José Rodrigues Gomes da Silva era filho de Firmino José Rodrigues e Ignácia Maria da Silva. Natural da cidade de São Marcos do Rio de Janeiro. Nasceu em 06 de abril de 1848 e sua passagem para o Oriente Eterno ocorreu em 25 de outubro de 1903, acometido por um enfarto, já em sua residência de Pinheiral. Vindo do Rio Grande do Sul, casou-se com Adelaide da Silva Albernaz, com quem teve quatro filhos. Foi residir no município de Barra Mansa, na Av. Joaquim Leite, onde foi proprietário da Padaria São José. Em seguida mudou-se para Pinheiral, estabeleceu-se também no ramo de panificação, na padaria denominada Santa Rosa, Localizada na Praça Brasil. Segundo informações de familiares, José Rodrigues Gomes da Silva gostava muito de caçar e fazer amigos. Foi grau 33 na maçonaria, tendo pertencido à Augusta Respeitável e Benemérita Grande Benfeitora Loja Simbólica Independência e Luz nº 301, Oriente de Barra Mansa/RJ, federada ao Grande Oriente do Brasil, pois a que se têm notícias ele foi o primeiro maçom do município de Pinheiral, por este motivo recebeu esta homenagem tendo seu nome vinculado à Loja do município de Pinheiral, segundo registro interno da Loja (FILHO, 2017). Figura 6. Patrono da Loja, José Rodrigues Gomes da Silva. 2 Entrevista concedida por FILHO, João Batista Teixeira. Entrevista IV. [nov. 2017]. Entrevistador: Cristiano Pena. Pinheiral/RJ, 2017. 12 Atendendo ao requerimento da Augusta e Respeitável Loja Simbólica José Rodrigues Gomes da Silva, nº 185, datado de 14 de março de 1985, assinado pelo Venerável Mestre Augusto da Silva Marques Junior, protocolado pela Prefeitura de Piraí, sob o nº 498, em 18 de março de 1985, foi concedido pelo prefeito Nurdim Noro Hassum, a autorização para uso de uma área de terra, para a edificação de sua sede própria, conforme termo de cessão, datado de agosto de 1987. Vale ressaltar que o projeto de Lei nº 1986 foi apreciado pelas “Comissões de Justiça e Perdão, Finanças e Orçamento de Obras e Serviços Público” e aprovado de acordo com o voto do ilustre relator, à época, o Irmão Antônio Ribeiro da Silva. A mensagem nº 14/86 foi encaminhada à Câmara Municipal de Piraí pelo Prefeito Nurdim Noro Hassum e foi protocolada em 15 de outubro de 1986. Reconhecida como de Utilidade Pública, através da Lei 295 de 15 de agosto de 1991 (FILHO, 2017). Figura 7. Constr. da Loja em Pinheiral/RJ Figura 8. Loja pronta Sendo assim não somente a maçonaria de Pinheiral, mais todas as Lojas maçônicas do mundo, utilizam-se do termo Grande Arquiteto do Universo ou G.A.D.U. que é a denominação maçônica para um Ser superior, que planejou e criou de tudo o que existe. Com esta designação, não se faz semelhança a uma ou outra religião ou crença, permitindo que muçulmanos, católicos, espíritas e outros, se reúnam numa mesma loja maçônica. Para um maçom de origem católica, por exemplo, G.A.D.U. o encaminha a Deus, enquanto que para um muçulmano se referiria a Allah que afinal também é Deus. Assim as reuniões em loja 13 podem congregar irmãos de diversas crenças, sem invadir ou questionar seus conteúdos, porque não permite discussões de nível religioso intolerante (MOREL, 2008). A maçonaria é, portanto, uma sociedade fraternal, que admite todos os homens livres e de bons costumes, sem distinção de raça, religião, pensamento político ou posição social. Suas principais exigências são que o candidato acredite em um princípio criador, tenha boa índole, respeite a família, possua um espírito filantrópico e o firme propósito de tratar sempre de buscar a perfeição, aniquilando seus vícios e trabalhando para a constante evolução de suas virtudes. Os maçons estruturam-se e reúnem-se em células autônomas, designadas por oficinas, ateliers, ou lojas (NAME, 2009). Figura 9. Foto do templo maçônico do município de Pinheiral/RJ A primeira administração na maçonaria de cidade Pinheiral foi presidida por uma administração provisória por irmãos experientes da loja Independência e Luz de Barra Mansa/RJ e teve como primeiro Venerável Mestre Interino o Sr. Augusto da Silva Marques Junior, seguido do 1º Vigilante: Remy Eduardo R. B. Vianna, 2º Vigilante: Carlos Roberto T. da Fonseca, Orador: Rogério Gonçalves Leoni, Secretário: Mário Rodrigues Costa, Tesoureiro: Jarbas Caldas Ozório, Chanceler: Arnaldo Luis V. da Silva, segundo ata da loja municipal. A Carta Constitutiva é um documento expedido pela Obediência que comprova a regularidade de funcionamento da Loja sem, contudo haver a necessidade premente de expô- 14 la dentro da loja, já que o que define mesmo a corporação maçônica ali reunida é o Estandarte da loja, o que em linhas gerais já seria suficiente pela sua presença. (FILHO, 2017). Figura 10. Foto da Carta Constitutiva do município de Pinheiral/RJ No ano de 1991 já na sexta administração maçônica na cidade, aconteceu pela primeira vez a gestão composta somente por irmãos da cidade sede, que é a cidade de Pinheiral/RJ. Esta administração juntamente com sua hierarquia foi composta pelos irmãos: Venerável Mestre: Antônio Carlos Leite Franco; 1º Vigilante: Armando Alves Gusmão; 2º Vigilante: Antônio José Espíndola; Orador: Antônio Ribeiro da Silva; Secretário: Francisco Roberto F. Valente; Tesoureiro: Antônio Carlos Cambraia; Chanceler: Antônio Cândido F. Godinho. Estes gestores ficaram de 1991 a 1993, sendo presididos dai por diante apenas por membros da própria cidade segundo ata da loja municipal. Então a cada dois anos realiza-se nova eleição para escolha dos líderes de uma nova gestão nas maçonarias. Estes líderes são escolhidos entre os próprios irmãos em eleição com o templo fechado em sessão somente para membros. A maçonaria da cidade hoje conta com 27 membros atuantes e se solidifica a cada ano por prestar diversos tipos de assistências locais, bem querendo saúde social para os munícipes (FURTADO, 2017) 3 . 3 Entrevista concedida por FURTADO, Márcio. Entrevistas II e III. [nov. 2017]. Entrevistador: CristianoPena. Pinheiral/RJ, 2017. 15 Figura 11. 1º venerável Mestre maçom da cidade de Pinheiral/RJ Dr. Antônio Carlos Leite Franco A Maçonaria, desde os primórdios de sua existência, sempre teve um papel primordial na sociedade, embora muitas vezes a própria sociedade desconheça a participação da ordem maçônica em torno de suas realizações político-administrativas, sociais e econômicas. Como prova desta afirmação, mostram-se algumas das obras mais importantes da Maçonaria, a Independência do Brasil, a abolição da escravatura e a proclamação da republica (NAME, 2009). 3.3 – Participação econômica e social no município de Pinheiral/RJ Na cidade de Pinheiral, varias são as formas da participação efetiva da Maçonaria. Das quais muito se contribuiu para a realização de obras sociais importantes à cidade. Desde que se tem notícia a maçonaria contribui para sociedade municipal de alguma forma, pois além dos cargos públicos que utilizam, também existem os maçons que são empresários dando assim empregos diretos e indiretos a muitas famílias. E além destes existem os que ajudam em sua grande maioria sem aparecer de forma alguma, ficando totalmente no anonimato. Existe participação dos maçons à frente de conselhos municipais, 16 instituições, clubes de serviços, entre outros e tem sido satisfatório para ordem (FILHO, 2017). O Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente foi um dos primeiros a serem fundados em Pinheiral. Teve como 1º Presidente o Maçom Armando Alves Gusmão. Este tem como finalidade fazer cumprir o Estatuto da Criança e do Adolescente, o qual define como regra de proteção contra a violência praticada às crianças e adolescente (FILHO, 2017). Outros Maçons como Círio Lopes da Silva, Fernando Pereira Marques, Walmir José de Oliveira, Antônio Candido Fernandes Godinho e Célio Henrique Pullig, participam do Conselho Municipal da Saúde e do Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa Idosa (FILHO, 2017). A Maçonaria de Pinheiral, representada pela Loja José Rodrigues Gomes da Silva, teve participação ativa na Gestão Pública. Desde a sua emancipação a cidade conta com a maçonaria algumas vezes no legislativo, outras no judiciário e também no executivo. Na gestão municipal do período de 2004 a 2012 esteve à frente da cidade como prefeito o Maçom Antônio Carlos Leite Franco, que norteou os processos Político-Administrativos, visando o atendimento prioritário à Comunidade, construiu-se Hospital e Maternidade, foram construídos e reformados escolas e creches atendendo sempre a Legislação Ambiental e outros requisitos exigidos, participaram de projetos sociais que visavam melhores condições de vida da população, infraestrutura de modo em geral. Nesta mesma Gestão Pública da cidade, também participaram os Maçons Armando Alves Gusmão, Francisco Roberto Farjardo Valente, Raimundo de Sá e Souza, Walmir José de Oliveira, Inácio Rodrigues Matias, João Batista Teixeira Filho, Aroldo Carlos Maiole, Jorge Adão de Souza, Luimar Guedes Belmont de Souza, Fernando Pereira Marques e Maçons de Lojas co-irmãs, tais como Elias Alvarenga, Túlio, Dr. Ivan Jordão, Dr. Alfredo Curty e outros. Além de sobrinhos (as) e cunhadas, demonstrando a participação da família Maçônica (FURTADO, 2017). A APAE de Pinheiral que teve seu início como um núcleo da APAE de Piraí, uma vez que Pinheiral ainda era distrito, e havia uma conceituação de que não poderia existir mais de uma APAE em um Município. Porém seguindo o modelo aplicado na cidade de Niterói - RJ, foi possível a fundação da unidade da APAE em Pinheiral, em 20/08/1989, 17 sendo o primeiro Presidente, o Maçom João Batista Teixeira Filho, o qual contou com a colaboração de outros Maçons, como Antônio Carlos Leite Franco, Francisco Roberto Fajardo Valente e Círio Lopes da Silva, entre outros (FURTADO, 2017). Figura 12. APAE de Pinheiral/RJ Maçons como Círio Lopes da Silva, Antônio Cândido Fernandes Godinho, Fernando Pereira Marques, João Batista Teixeira Filho, entre outros, participam da Diretoria e dos Conselhos Deliberativo e Fiscal do Recanto dos Velhinhos “Francisco Gonçalves Barbosa”, dando suas contribuições pecuniárias como sócios, assim como contribuindo nas decisões e orientações formais (FURTADO, 2017). Figura 13. Asilo de Pinheiral/RJ 18 O hospital municipal foi construído na gestão em que a maçonaria esteve na frente do governo municipal da cidade de Pinheiral, com o prefeito e todo seu secretariado sendo membros da ordem maçônica e assim puderam somar com a população de forma mais direta e consistente. Mostrando para população o que é uma gestão de qualidade feita para aqueles que mais precisam, praticando assim a filantropia que é a marca da Loja maçônica. Foram construídas e reformadas escolas e creches no município, também dada à cidade mais infraestrutura com calçamentos, esgotos, limpeza urbana, muros de contenção, entre outros (FILHO, 2017). Figura 14. Hospital e Maternidade Municipal de Pinheiral/RJ Dois outros importantes momentos que marcaram a participação da Maçonaria junto à Comunidade foram: O evento público Maçônico realizado por orientação do Grande Oriente do Brasil, com vistas à apresentação do vídeo sobre a Soberania da Amazônia, assim como divulgar os Maçons antepassados, que realizaram feitos marcantes no Brasil, como por exemplo: a Proclamação da República e outros. Neste evento por iniciativa da Loja José Rodrigues Gomes da Silva e com a parceria da Administração Pública, através da Secretaria Municipal de Educação, foi organizado entre alunos da 1ª a 4ª Séries, um concurso de redação sobre o tema Soberania da Amazônia, onde os três primeiros colocados, fizeram a leitura de suas redações em Seção no templo da Loja, diante dos seus familiares, professores e a comunidade (FILHO, 2017). 19 Figura 15. Alunos ganhadores do concurso de redação sobre Soberania da Amazônia O clube das Acácias é a união das esposas dos irmãos Maçons, que se sentem orgulhosas por fazerem parte da Loja “José Rodrigues Gomes da Silva” onde sua participação é fundamental. Como em toda a Sociedade a presença da mulher é de grande relevância e na Maçonaria não poderia ser diferente, principalmente pela filosofia de “Liberdade, Igualdade e Fraternidade”. Elas são o setor social feminino da Loja Maçônica, que tem como objetivo a prática da solidariedade visível, em todas as dificuldades humanitárias, seja entre irmãos ou a todas, sem distinção de raça, cor ou crédulo, porque os Maçons fazem filantropia de forma discreta. Elas têm ainda a função de estabelecer e incentivar as relações sociais entre os familiares de Maçons juntamente com os irmãos e cunhados, visto que os maçons são todos irmãos. A acácia vem do nome de uma árvore da qual a Maçonaria muito se identifica. O clube foi oficialmente legalizado e fundado em 22 de outubro de 1991. Algumas de suas campanhas no município já são muito conhecidas como, por exemplo, a campanha do agasalho no meio do ano, apoio aos amigos servidores do Estado com fornecimento de remédio, alimentos, ajuda na quitação de débitos de luz, água, entre outros. São mulheres de bem e que mostram quem são ajudando pessoas e o bazar solidário. (FILHO, 2017). Figura 16. Símbolo do clube das Acácias de Pinheiral/RJ 20 No município pinheiralense existe o marco maçônico, que também é encontrado em diversas cidades pelo Brasil e no mundo, pois através dele se identifica se naquele local encontra-se algumaLoja Maçônica. Sendo assim o irmão maçom sabe que encontrará uma pessoa disposto a ajudá-lo se preciso for. Esta simbologia que é o esquadro, o compasso e a letra G no centro tem um significado racional para os maçons, sendo que o esquadro significa justiça, o compasso iguala-se a um símbolo de espiritualidade e do conhecimento humano e a letra G que se refere à Grande Arquiteto. Coloca-se em uma sequência que fica O Grande Arquiteto do Universo (FURTADO, 2017). Figura 17. Marco Maçônico do Município de Pinheiral/RJ 21 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS Esta pesquisa se propôs a relatar sobre a Fundação e o desenvolvimento da maçonaria no município de Pinheiral/RJ. Foi mencionada primeiramente a chegada da maçonaria no Estado do Rio de Janeiro onde se formou o GOB (Grande Oriente do Brasil). Logo em seguida relatou-se a influência da maçonaria em todos os acontecimentos importantes que marcaram a história do Brasil desde sua chegada. Todavia antes de chegar ao município de Pinheiral foi relatada também a participação da mesma na Proclamação da República e por fim sua implantação nesta cidade, historiando os passos percorridos até os dias atuais. Foi descrito e exposto o maior número de informações pesquisadas possíveis referente à Loja Maçônica municipal através de fontes orais, fotos do patrono, do idealizador, da carta constitutiva e de outros acontecimentos que marcaram sua história no município. Com relação ao que foi colocado como meta para o trabalho, supriu-se todas as expectativas com os relatos dos maçons entrevistados. Relatou-se sobre a parte filantrópica da maçonaria que se faz tanto por parte dos maçons quanto por parte das esposas dos mesmos, a atuação político- administrativa, a participação na economia municipal, entre outros. A partir deste trabalho se abrirá material de estudo para o tema colocado em pauta, uma vez que é a primeira abordagem do distinto assunto, interpelado e divulgado por um autor que assistiu e ainda assiste toda grande participação positiva da maçonaria no município de Pinheiral/RJ. 22 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMEIDA FILHO, Jose Carlos Paes de. Linguística Aplicada - ensino de línguas e comunicação. Campinas: Pontes, 2005. ASLAN, Nicola. Pequenas Biografias de Grandes Maçons Brasileiros. Rio de Janeiro: Editora Maçônica, 1973. CARVALHO, William. História do GOB. São Paulo: Editora Madras, 2009. CASTELLANI, José. História do Grande Oriente do Brasil. Brasília: Gráfica e Editora do Grande Oriente do Brasil. 1993. DURÃO, João Ferreira. – Pequena História da Maçonaria no Brasil. São Paulo: Ed. Madras, 2008. MOREL, Marco. O poder da maçonaria. A história de uma sociedade secreta no Brasil. Rio de Janeiro, 2008, 259p. NAME, Mário – Evolução Histórica da Maçonaria Brasileira. Indaiatuba: Vitória, 2009. SANTOS, Amado Espósito. et al. Manual Completo para Lojas Maçônicas. São Paulo: Madras, 2004. 272 p.