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4 Conj. Aulas - O fenômeno religioso e a sociedade atual

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CULTURA RELIGIOSA:
O fenômeno religioso e a sociedade atual.
Professor: Pe. Altair Manieri
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O FENÔMENO RELIGIOSO
E A SOCIEDADE ATUAL
Iluminismo: século XVIII – Modernidade: 
“Refere-se ao estilo, costume de vida ou organização social que emergiram na Europa a partir do século XVII e que ulteriormente se tornaram mais ou menos mundiais em sua influência”. (GIDDENS, Anthony. As consequências da modernidade, p. 11, Unesp)
Vontade de eliminar toda forma de conhecimento e representação da realidade que não fosse subordinada aos princípios da razão.
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O FENÔMENO RELIGIOSO
E A SOCIEDADE ATUAL
Iluminismo:
Narrações mitológicas, a religião e a teologia apareciam como formas arcaicas fatalmente ligadas à dominação política tradicional e às antigas estruturas de classe.
O mito e a religião tendem a ser substituídos pelo novo mito do progresso científico e tecnológico (positivismo de Comte) e pela nova fé no irresistível processo dialético que, no interior da história, levaria à superação definitiva das velhas contradições.
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Modernidade: 
		♦ Aparecimento de novas ciências da natureza;
		♦ A “revolução copernicana” do saber, que acompanha a revolução antropocêntrica que prevaleceria no discurso filosófico, na reforma protestante e na contra-reforma católica, nos ideais de liberdade, igualdade e fraternidade da revolução francesa;
		♦ O aparecimento do liberalismo associado ao fenômeno do capitalismo e nas reações radicais a ele, como o socialismo, o marxismo e o anarquismo ou as reações …
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Três idéias fundamentais deste período:
A Idéia de Totalidade: a realidade poderia ser captada como um todo;
	b)	A idéia de sujeito racional: vista a partir do sujeito a realidade se apresenta como uma representação “objetiva” (sujeito-objeto);
Religião natural – contra o Sagrado Histórico
	este provoca uma inversão na compreensão do religioso. Não é mais a religião que questiona e interpela a razão, mas é esta que se transforma na medida do religioso.
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Deísmo
Atitude dos que, rejeitando toda espécie de revelação divina e autoridade de qualquer Igreja, aceitam, todavia, a existência de um Deus, destituído de atributos morais e intelectuais. 
Década de 1960 e inícios dos anos 1970, Nietzche afirma “Deus morreu”.
 
Positivismo de Auguste Comte, o naturalismo de Friedrich Niestzsche e outros radicais: acham poder conservar a mensagem de Jesus Cristo sem crer em Deus – proclamação da “morte de Deus”.
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Modernidade: não acabou com o simbolismo; somente o ocultou. 
“El proceso moderno de una razón que se autofundamenta, ya hemos visto que se ahacía al precio de una ocultación de lo no racional. Más aún, en su despliegue histórico la razón moderna ha generado una triple manifestación social: la razón técnico-científica, como puso de manifiesto Heidegger; la razón burocrático-desencantada, de la que nos habló M. Weber; y la razón capitalista, analizada por K. Marx….
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…El resultado de este esfuerzo racionalizador de autoconstitución de la razón desembocó en un olvido de sus propias raíces sagradas o reveladas y en la cristalización e instrumentalización que han cortado los cables que nos unían no sólo con lo sagrado, sino con su mediación, lo simbólico.”(MARDONES, José Maria, Síntomas de un retorno, La religión en el pensamiento actual, p. 43, Sal Terrae).
Com a secularização moderna aconteceu um eclipse do interesse pelo religioso no pensamento.
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Mudanças (Pós-modernidade): 
	A realidade é complexa e multicausal (PÓS -MOD) 
	Uma única racionalidade ou diferentes racionalidades?
	Diversas pautas culturais. Sistemas de valores.
	Questão dos mitos e seu poder mobilizador.
A) Formas de produção:
Velocidade e profundidade das transformações tecnológicas;
A globalização e as políticas neoliberais: tudo sujeito ao mercado.
B) Novas tecnologias da informação:
	Impacto sobre a produção de bens e serviços e sobre o conjunto das relações sociais;
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Tedesco, citando Harold Innis: “As mudanças nas tecnologias da comunicação têm, invariavelmente, três tipos de efeitos: 
alteram a estrutura de interesses da sociedade (as coisas nas quais pensamos); 
mudam o caráter dos símbolos (as coisas com as quais pensamos);
modificam a natureza da comunidade (a área na qual se desenvolvem os pensamentos)”. (TEDESCO, Juan Carlos. El nuevo Pacto Educativo… en la Sociedad Moderna. Madrid, Ed. Anaya, 1995).
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C) Impacto na vida política:
	Qual será a forma política de organizar a participação cidadã?
	Estado-Nação: noção em declínio que outrora era construtor de identidades.
D) Impacto na vida comunitária
	Pensar e agir exclusivamente a partir da razão individualista torna-se uma forma de vida da sociedade. 
	O individualismo assumiu o papel de sol, que não só ilumina toda a realidade, mas faz agir em torno de si todos os valores.
Pensamento religioso: TEOCÊNTRICO
Pensamento moderno: ANTROPOCÊNTRICO
Pensamento atual: INDIVIDUOCÊNTRICO (Libânio)
	
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E) – Impacto sobre a religião:
	desinstitucionalização da religião;
	perda do monopólio religioso por parte das instituições;
	flexibilização doutrinal e a experiência religiosa mais centrada no indivíduo.
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“Numa perspectiva político-cultural, interpreta-se o fenômeno da pós-modernidade como um movimento de fuga em face da catastrófica situação provocada pela sociedade industrial, chamada de moderna (empobrecimento dos povos da Terra, desemprego generalizado, embrutecimento das relações sociais e cotidianas, guerras econômicas, conflitos étnicos e destruição do meio ambiente…). Trata-se da crise dos mecanismos de legitimaçào da ordem, presente em todo o seu espectro”. (Boff, Leonardo, A voz do Arco-íris, p. 18. Ed. Letraviva)
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Ressurgimento do fenômeno religioso:
Rubem Alves: “A história, entretanto, parece que se deleita em zombar de nossas previsões científicas. Quando tudo parecia anunciar os funerais de Deus e o fim da religião, o mundo foi invadido por uma infinidade de novos deuses e demônios, e um novo fervor religioso, que totalmente desconhecíamos, tanto pela sua intensidade quanto pela variedade de suas formas, encheu os espaços profanos do mundo que se proclamava secularizado”.
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O ressurgimento do fenômeno religioso:
Libânio: “O sagrado sempre aparece, em linguagem mais claramente sagrada ou travestida. Mas sempre presente. Por isso, não há volta do sagrado, porque nunca se foi. Há, sim, modificações de suas formas de expressão”.
Feuerbach no desejo de diminuir a religião dizia: “a religião é projeção do homem, é pura antropologia”.
Libânio: “Toda antropologia, a verdadeira realidade do homem, é religiosa. Não é a religião que nasce do homem, mas é o homem que nasce da religião”.
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Libânio: “a religião projeta – isto é – lança para fora – do coração do homem uma realidade de sentido, uma pátria de identidade, um reino de fraternidade e paz, que contradiz a evidência de uma sociedade caótica, alienada, sem irmãos e em guerra. O homem se faz humano precisamente nesse movimento religioso”.
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“Não ouvistes falar daquele louco que acendeu uma lanterna numa clara manhã, correu para a praça e pôs-se a gritar incessantemente: ‘Procuro a Deus! Procuro a Deus!. E uma vez que aí estavam precisamente muitos que não acreditavam em Deus, então ele provocou um grande
riso: Por acaso Ele está perdido?, disse um. Ele se desviou como uma criança?, disse outro. 
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Ou porventura está bem escondido? Tem medo de nós? Foi para algum navio? Migrou? Assim gritavam e riam uma grande confusão. O louco saltou no meio deles e traspassou com seu olhar. ‘Para onde foi Deus?’, gritou ele, ‘eu vo-lo direi! Nós o matamos-vós e eu! Nós todos somos seu assassino! Mas como fizemos isto? 
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Como fomos capazes de beber todo o mar? Quem nos deu a esponja para apagar todo o horizonte? O que fizemos quando desatamos esta Terra de seu sol? Para onde ela agora se move? Para onde nos movemos nós? Longe de todos os sóis? Não nos precipitamos desenfreadamente? E para trás, para os lados, pra frente, para todos os lados? Existe ainda um em cima e um embaixo? Não andamos errantes como que através de um infinito nada? Não nos alenta o espaço vazio? Não se fez mais frio? Não sobrevém sempre a noite e mais noite? ….
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…Não se devem ascender lanternas antes do meio-dia? Não ouvimos ainda nada do ruído dos coveiros que enterram a Deus? Não sentimos ainda nada da putrefação divina?- Também os deuses se putrefazem. Deus está morto! Deus permanece Morto! E nós o matamos! Como nos consolamos, assassinos que somos de todos os assassinos! 
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O mais santo e poderoso que a terra até então possuía, nós o dessangramos com nossas facas – quem limpará esse sangue de nós? Com que água poderemos purificar-nos? Que ritos de expiação, que jogos sagrados deveremos inventar? Não é grande demais para nós a grandeza desse ato? Não deveríamos nós mesmos tornar-nos deuses, para aparecer dignos dele? Nunca houve um ato maior – e todo aquele que nascer depois de nós se ligará, por causa desse ato, a uma história maior e que toda 
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a uma história maior que toda a história até este dia! Então o louco calou-se e encarou os seus ouvintes: também eles se calaram e olharam estranho para ele. Finalmente lançou sua lanterna ao solo. Ela se fez aos pedaços e se apagou. ‘Venho muito cedo’, disse ele então. ‘O meu tempo ainda não chegou. Esse terrível acontecimento está a caminho e avança – ainda não chegou aos ouvidos dos seres humanos. Raio e trovão precisam de tempo, para que depois de feitas, sejam vistas e ouvidas…. 
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…Este ato está ainda mais longínquo do que os mais distantes astros – e no entanto eles mesmos o fizeram!’Conta-se ainda que o louco neste mesmo dia adentrou diversas igrejas e entoou seu requiem aeternam deo (Descanso eterno para Deus). Conduzido para fora e trazido ao juízo, ele, porém, retrucava somente isto: ‘O que são as Igrejas ainda, se elas não são os túmulos e os mausoléus de Deus?’ ”(Tradução do original alemão. Libânio, João Batista, A religião no início do milênio, p. 43, Loyola) 
Estamos no tempo nihilista: da dissolução da verdade objetiva em uma pluralidade infinita de interpretações.
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A chuva dos deuses cai dos céus sobre o túmulo de Deus que sobreviveu à sua própria sepultura. Ateus têm seus santos e blasfemos constroem templos. Quando menos se espera, a religião surge lá onde a gente a supunha erradicada…”
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A pós–modernidade não se limita unicamente a suceder no tempo a modernidade, mas reage (e de forma bem dura) contra ela. Antimodernidade.

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