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MONITORIZAÇÃO DAS DOENÇAS DIARREICAS AGUDAS EPIDEMIOLOGIA

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MINISTÉRIO DA SAÚDE
FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE
MONITORIZAÇÃO DAS DOENÇAS
DIARRÉICAS AGUDAS
Diarréias - EpidemiolDiarréias - EpidemiolDiarréias - EpidemiolDiarréias - Epidemioloooogiagiagiagia
CENTRO NACIONAL DE EPIDEMIOLOGIA - CENEPI
COORDENAÇÃO NACIONAL DE DOENÇAS ENTÉRICAS
Manual reproduzido pelo
CENTRO DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA
 "PROF. DR. ALEXANDRE VRANJAC"
SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE DE SÃO PAULO
São Paulo, Setembro de 1999
2
DIARRÉIA
DADOS EPIDEMIOLÓGICOS
Texto Produzido Por
Juarez Pereira Dias
Assessor da CNDE/CENEPI/FNS/MS
SITUAÇÃO DAS DOENÇAS DIARRÉICAS AGUDAS
1. INTRODUÇÃO
3
Um indivíduo adulto ingere durante o dia em torno de 2.000 ml de
líquidos, e secreta cerca de 7 a 8.000 ml. Destes, 98% são reabsorvidos ao
longo do tubo digestivo e apenas 100 a 200 ml são eliminados pelas fezes.
 
Qualquer mecanismo que interfira nesta relação secreção x ab-
sorção, quer seja no aumento da secreção, diminuição da absorção, ou am-
bos, vai alterar a quantidade de líquidos presente nas fezes, e isso pode ca-
racterizar a diarréia, que vem a ser uma síndrome clínica determinada princi-
palmente pela diminuição da consistência das fezes e/ou aumento no número
de dejeções, trazendo como conseqüência básica, se não tratada, distúrbio
hidro-eletrolítico. Com freqüência é acompanhada de vômitos, febre e dor ab-
dominal.
As Doenças Diarréicas Agudas são geralmente auto-limitadas,
com duração de 2 a 14 dias, tendendo à cura espontânea, quando estabeleci-
4
das medidas que garantam a hidratação. As formas clínicas podem variar, e
sua gravidade depende da presença e intensidade da desidratação.
A doença diarréica pode ser classificada segundo a sua fisiopa-
tologia em: diarréia osmótica, quando há concentração de substâncias na luz
intestinal com osmolaridade maior do que a sangüínea, ou diarréia secretora
ativa e passiva, quando há agressão direta ao enterócito, embora sem lesões,
provocando aumento na secreção de líquidos.
 
5
 
As diarréias quanto à sua etiologia podem ser classificadas como
infecciosas e não infecciosas. Dentre as infecciosas, os principais agentes pa-
togênicos são os vírus, seguidos das bactérias e parasitas (ver Quadros I, II e
III).
QUADRO I - PARASITAS
AGENTE GRUPO ETÁRIO CLÍNICA PERÍODO DURAÇÃO MODO DE TRANSMISSÃO E
DOS CASOS DIARRÉIA FEBRE ABDOMEN INCUBAÇÃO DA DOENÇA PRINCIPAIS FONTES
Balantidium
coli
Ignorado Eventual com muco
ou sangue
Rara Dor Ignorado Ignorado Fecal-oral, alimentos, água
Cryptosporidium Crianças e adul-
tos com AIDS
Abundante e
aquosa
Even-
tual
Caimbra
eventual
1 a 2
semanas
4 dias a 3
semanas
Fecal-oral, alimentos, água, pes-
soa a pessoa, animais domésticos
Entamoeba
histolítica
Todos, principal-
mente adultos
Eventual com muco
ou sangue
Variá-
vel
Cólica 2 a 4
semanas
semanas e
meses
Fecal-oral, alimentos, água
Giardia
lamblia
Todos, principal-
mente crianças
Incoercível fezes cla-
ras e gordurosas
Rara Caimbras
Distensão
5 a 25
dias
semanas e
anos
Fecal-oral, alimentos, água
Isopora
belli
Adultos com
AIDS
Incoercível Igno-
rado
Ignorado 2 a 15
dias
2 a 3
semanas
Fecal-oral
FONTE: MMWR - Vol. 39, rr. 14 - 1990
QUADRO II - BACTÉRIAS
AGENTE GRUPO ETÁRIO CLÍNICA PERÍODO DURAÇÃO MODO DE TRANSMISSÃO E
DOS CASOS DIARRÉIA FEBRE VÔMITO INCUBAÇÃO DA DOENÇA PRINCIPAIS FONTES
Bacillus cereus e
S. aureus
Todos Geralmente pouco
importante
Rara Comum 1 a 6 horas 24 horas Alimentos
Campylobacter Todos Pode ser
disentérica
Variável Variável 1 a 7 dias 1 a 4 dias Fecal-oral, alimento, água,
animais domésticos
E. coli
enterotoxigênica
Todos Aquosa pode ser
profusa
Variável Eventual 12 horas a
3 dias
3 a 5 dias Fecal-oral, alimento, água,
pessoa a pessoa
E. coli
enteropatogênica
Crianças Aquosa pode ser
profusa
Variável Variável 2 a 7 dias 1 a 3
semanas
Fecal-oral, alimento, água,
pessoa a pessoa
E. coli
enteroinvasiva
Adultos Pode ser
disentérica
Comum Eventual 2 a 3 dias 1 a 2
semanas
Fecal-oral, alimento, água,
pessoa a pessoa
E. coli
enterohemorragic
Todos Inicia aquosa com
sangue a seguir
Rara Comum 3 a 5 dias 1 a 12 dias Fecal-oral, alimento, pessoa
a pessoa
Salmonella
não tifóide
Todos principal-
mente crianças
Pastosa, aquosa, as
vezes com sangue
Comum Eventual 8 horas a
2 dias
5 a 7 dias Fecal-oral, alimento, água
Shigella Todos principal-
mente crianças
Pode ser
disentérica
Comum Eventual 1 a 7 dias 4 a 7 dias Fecal-oral, alimento, água,
pessoa a pessoa
Yersínia
enterocolítica
Todos Mucosa, as vezes
sangue
Comum Eventual 2 a 7 dias 1 dia a 3
semanas
Fecal-oral, alimento, água,
pessoa a pessoa, animais
domésticos
Vibrio
cholerae
Todos principal-
mente adultos
Pode ser profusa e
aquosa
Geral-
mente
afebril
Comum 7 horas a
5 dias
3 a 5 dias Fecal-oral, alimento, água
FONTE: MMWR - Vol. 39, rr. 14 - 1990
6
QUADRO III - VÍRUS
AGENTE GRUPO ETÁRIO CLÍNICA PERÍODO DE DURAÇÃO MODO DE TRANSMISSÃO E
DOS CASOS FEBRE VÔMITO INCUBAÇÃO DA DOENÇA PRINCIPAIS FONTES DE INFECÇÃO
Astrovírus Crianças pequenas
e idosos
Eventual Eventual 1 a 14 dias 1 a 14 dias Fecal-oral, alimento, água
Calicivírus Crianças e adultos Eventual Comum em
crianças
1 a 3 dias 1 a 3 dias Fecal-oral, alimento, água
nosocomial
Adenovírus
enteric
Crianças pequenas Comum Comum 7 a 8 dias 8 a 12 dias Fecal-oral, nosocomial
Norwalk Crianças maiores
e adultos
Rara Comum 18 horas a
2 dias
12 horas a
2 dias
Fecal-oral, alimento, água
pessoa a pessoa
Rotavírus
grupo A
Crianças pequenas Comum Comum 1 a 3 dias 5 a 7 dias Fecal-oral, nosocomial, alimento,
água, pessoa a pessoa
Rotavírus
grupo B
Crianças e adultos Rara Variável 2 a 3 dias 3 a 7 dias Fecal-oral, água
pessoa a pessoa
Rotavírus
grupo C
Crianças e adultos Ignorado Ignorado 1 a 2 dias 3 a 7 dias Fecal-oral
FONTE: MMWR - Vol. 39, rr. 14 - 1990
Vale salientar que o homem, os animais e os alimentos são re-
servatórios de agentes infecciosos, ocorrendo a sua transmissão pela via fecal-
oral de forma direta (mãos contaminadas) ou indireta (alimentos, água, utensí-
lios contaminados).
Alguns fatores relacionados ao agente, como dose infectante, e
ao hospedeiro como acidez gástrica, sistema imunológico, estado nutricional e
leite materno, têm papel fundamental na instalação e patogênese da doença.
Fatores relacionados com as infecções intestinais
Hospedeiro Bactéria Ambiente
Acidez gástrica Dose infectante Higiene alimentar
Peristalse Adesão Saneamento
Proteólise pancreática Colonização Abastecimento de água
Muco Toxinas Higiene individual
Microflora Invasão Educação
Sistema imunológico
Ig, linfócitos, anticorpos
(humorais e celulares)
Estado nutricional
Leite materno
Nos países em desenvolvimento, onde as condições higiênico-
sanitárias são deficientes, a doença apresenta-se sob forma endêmica, com
freqüentes episódios de surtos. As crianças menores de 5 anos são as mais
comumente atingidas, e nas quais se verifica a maior letalidade, principalmente
quando existe a associação com desnutrição ou outras patologias infecciosas,
como o sarampo.
A complicação mais freqüente e imediata das diarréias, tratadas
incorretamente ou não tratadas, é o desequilíbrio hidro-eletrolítico, que geral-
mente é a causa básica do óbito, e a desnutrição, principalmente em episódios
repetidos o que acarreta retardo no desenvolvimento físico e mental.
A toxi-infecção alimentar é um quadro que acomete pessoas que
fizeram uso de alimentos e/ou água contaminada com agentes etiológicos em
quantidade suficiente para comprometer sua saúde. Geralmente ocasiona
7
surtos que se manisfestam de forma explosiva, devido à fonte comum de ali-
mentação.Pode ser causada pela ingestão de bactérias, fungos, vírus, para-
sitas, ingestão de toxinas formadas em tecidos de animais e plantas, de pro-
dutos metabólicos de microorganismos nos alimentos ou pela ingestão de
substâncias químicas que se incorporam à eles, como praguicidas, metais pe-
sados, hormônios, antibióticos, aditivos alimentares e outros.
Características da Intoxicação Alimentar
Agente Veículos Média de In-
cubação (h)
Clínica Média de
Du-
ração (dias)
Salmonela Ovos, carne 24 Febre, diarréia, cólicas, vômitos, às
vezes sangue nas fezes, cefaléia
3
Shiguella sp. Leite, salada, peru, atum 24 Cólicas, febre, diarréia com sangue,
vômitos, cefaléia
3
B. cereus Arroz frito, carne, galinha,
molhos, creme de bauni-
lha
2 - 9 Vômitos, cólicas, diarréia em alguns 1 - 4
V. parahaemo-
lyticus
Mariscos, legumes 12 Diarréia, cólicas, vômitos, cefaléia,
febre, às vezes sangue nas fezes
1
C. perfringens Carne, peru, galinha 12 Diarréia, cólicas, raramente vômitos e
febre
1
S. aureus Presunto, porco, conser-
vas, cremes
3 Vômitos, cólicas, diarréia, raramente
febre
1
Y. enterocolítica Chocolate, leite cru, porco 72 Febre, cólicas, diarréia, vômitos, artri-
te, faringite, adenite mesentérica,
exantema
7
C.fetus
C. jejuni
Leite, galinha.
Animais de estimação
72 Diarréia, febre, cólicas, sangue nas
fezes, cefaléia, vômitos
7
E. coli Saladas 24 Diarréia, cólicas, náuseas, cefaléia,
febre
3
Adaptado de David Snyderman - Bacterial food Poisoning in S.Gorbach - Infectious Diarrhea,1986.
In: Diarréia Aguda na Criança. Rodrigues, L et cols.
2. CARACTERÍSTICAS EPIDEMIOLÓGICAS
Faixa etária - as diarréias incidem principalmente nas crianças,
que além de estarem mais expostas ao risco, apresentam maior massa relativa
de tecido adiposo que não fixa água, o que as torna mais susceptíveis à doen-
ça.
8
0 a 5 6 a 11 12 a 23 24 a 35 36 a 47 48 a 59
 22%
 25%
22%
 14%
 12%
 10%
 
0
 
5
 
10
 
15
 
20
 
25
 30
% Crianças
0 a 5 6 a 11 12 a 23 24 a 35 36 a 47 48 a 59
 IDADE EM MESES
Fonte: F. Barros e C.Victora - 1983/93
INCIDÊNCIA DE DIARRÉIA CONFORME A IDADE. REGIÃO NORDESTE,
 1991.
Zona de residência - observa-se no trabalho "Perfil Estatístico de
Crianças e Mães - Brasil UNICEF - 1992", que na zona urbana a faixa mais
acometida são crianças de 12 a 24 meses, e na rural de 6 a 12 meses, obser-
vando-se freqüências praticamente iguais nas faixas de 0 a 6 e 12 a 24 meses.
FREQÜÊNCIA DE CRIANÇAS COM DIARRÉIA NOS QUINZE DIAS ANTERIORES À
ENTREVISTA SEGUNDO FAIXA ETÁRIA E RESIDÊNCIA EM ZONA URBANA, BRASIL -
1989.
 
 0 - 6 6 - 12 12 - 24 24 - 36 36 - 48 48 - 60
 MACROREGIÕES
Fonte: IBGE - 1989
9
FREQÜÊNCIA DE CRIANÇAS COM DIARRÉIA NOS QUINZE DIAS ANTERIORES À
ENTREVISTA SEGUNDO FAIXA ETÁRIA E RESIDÊNCIA EM ZONA RURAL, BRASIL, 1989.
 
 0 - 6 6 - 12 12-24 24-36 36-48 48-60
 IDADE (meses)
Fonte: IBGE - 1989
Localização geográfica - a região nordeste apresenta a maior
freqüência de crianças com diarréia em todas as faixas etárias, exceto na de
menores de 6 meses, onde a região norte a suplanta.
No trabalho "Pesquisa Nacional de Saúde e Nutrição", a freqüên-
cia anual de diarréia encontrada foi de 1,4 episódios na região sul, freqüência
igual à dos países desenvolvidos. Na região sudeste e centro-oeste, 2 episódi-
os, e na região nordeste 4 episódios, igual à dos países da África e Ásia.
FREQÜÊNCIA DE CRIANÇAS COM DIARRÉIA NOS QUINZE DIAS ANTERIORES À
ENTREVISTA SEGUNDO FAIXA ETÁRIA E RESIDÊNCIA EM ZONA URBANA DAS
REGIÕES NORTE, NORDESTE E CENTRO-OESTE, BRASIL, 1989.
 
Fonte: IBGE - 1989
FREQÜÊNCIA DE CRIANÇAS COM DIARRÉIA NOS QUINZE DIAS ANTERIORES À
10
ENTREVISTA SEGUNDO FAIXA ETÁRIA E RESIDÊNCIA EM ZONA URBANA DAS
REGIÕES SUDESTE E SUL, BRASIL, 1989.
Fonte: IBGE - 1989
Sexo - na pesquisa "Epidemiologia da Diarréia em Menores de 5
Anos na Região Nordeste", de Cesar Victora e Fernando C. Barros, encontrou-
se uma freqüência de 16,5% em meninos e 15,3% em meninas, uma diferença
que apesar de pequena foi estatisticamente significativa.
Sazonalidade - observa-se elevações na incidência da diarréia
em determinadas épocas do ano, fato este vinculado principalmente ao regime
das chuvas e aumento da temperatura. Um estudo longitudinal realizado no
Ceará, mostrou um aumento de casos de diarréia nos meses de janeiro e feve-
reiro; já o sistema de informação da Pastoral da Criança, demonstra uma maior
incidência nos meses de janeiro a março.
Mortalidade - apesar do elevado número de casos de doença
diarréica, a sua letalidade tem diminuído ao longo dos anos. Observando-se a
mortalidade proporcional em menores de 1 ano, segundo principais causas,
verifica-se uma redução no percentual de óbitos por doenças infecciosas intes-
tinais de 25,8% em 1979 para 16,4% em 1988.
Tabela 1 - Mortalidade Proporcional* (%) em Menores de 1 Ano segundo Prin-
cipais Causas. Brasil, 1979-1988.
Causas de Óbito Ano
1979 1980 1981 1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988
D.Inf.e Parasitárias 25,8 24,3 21,9 20,5 20,7 20,6 17,3 17,9 16,8 16,4
D.Imunopreveníveis 2,0 2,0 1,8 1,4 1,3 1,4 1,1 1,2 0,8 0,5
Septicemia 2,4 2,4 2,5 2,8 2,5 3,2 2,8 2,9 2,9 3,0
Def. Nutricionais 5,9 5,8 5,4 5,2 5,2 6,3 5,8 6,1 4,9 4,6
Pneumonia 13,1 12,8 13,0 13,1 11,7 12,1 11,7 12,0 10,8 11,4
Anomal.Congênitas 5,1 5,3 5,8 6,1 6,3 6,9 7,0 6,9 7,4 7,6
Causas Perinatais 36,4 38,3 41,3 42,2 44,2 42,2 46,8 46,3 48,0 47,1
Outras Causas 9,3 9,1 8,5 8,7 8,1 8,3 8,6 8,7 8,4 9,4
* Excluídos os óbitos sem definição da causa básica
Fonte: CENEPI/FNS
11
Os coeficientes de mortalidade infantil, segundo principais causas
de óbitos - Brasil - 1979 - 1988, mostra uma redução nos seus índices de
284/10.000 nascidos vivos em 1979, para 144/10.000 em 1988, o que significa
uma redução de quase 50% sobre o valor inicial.
Tabela 2 - Coeficientes de Mortalidade Infantil * (por 10.000 nascidos vivos)
segundo Principais Causas de Óbitos. Brasil, 1979 - 1988.
Causas de Óbito Ano
1979 1980 1981 1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988
D.Inf.e Parasitárias 264 252 214 194 196 201 145 157 144 144
D.Imunopreveníveis 18 17 13 10 11 11 8 9 6 4
Septicemia 19 17 15 20 16 25 18 21 21 21
Def. Nutricionais 40 41 35 32 32 45 37 34 34 30
Pneumonia 102 92 86 85 77 83 72 77 64 65
Anomal.Congênitas 36 37 37 38 37 37 37 37 38 36
Causas Perinatais 280 298 297 315 316 313 299 299 299 284
* Calculados entre os óbitos com causa definida
FONTE: CENEPI/FNS
TENDÊNCIAS DA MORTALIDADE INFANTIL POR
PRINCIPAIS CAUSAS, BRASIL, 1979-88.
0
50
100
150
200
250
300
79 80 81 82 83 84 85 86 87 88
CMI (/10.000NV)
PNEUM
DEF.NUT
IMUNOP
DII
Fonte: CENEPI/FNS
12
COEF. DE MORTALIDADE INFANTIL SEGUNDO CAUSAS
SELECIONADAS, BRASIL, 1979-88.
0
50
100
150
200
250
300
79 80 81 82 83 84 85 86 87 88
CMI (/10.000NV)
AN.CONG.
PNEUM
DII
 FONTE: CENEPI/FNS
Na comparação entre o comportamento dos coeficientes da
mortalidade infantil e das doenças diarréicas agudas entre 1979 e 1989, ob-
serva-se uma redução de 30,6% na mortalidade infantil e 49,3% nas doenças
diarréicas agudas. Podemos observar que a redução se faz mais evidente
após 1984, época da implantação da TRO no país.
79 80 81 82 83 84 85 86 87 88 89
85
28.4
82
25.2
75
21.4
75
19.4
74
19.6
77
20.1
67
14.5
69
15.7
66
14.4
64
14.4
59
0
20
40
60
80
100
79 80 81 82 83 84 85 86 87 88 89
COEFICIENTE DE MORTALIDADEINFANTIL E POR DOENÇAS
DIARRÉICAS, BRASIL - 1979-89.
Mortalidade Infantil Mortalidade por Diarréia
Fonte: CSMI/MS - 1994
13
Quando verifica-se os mesmos indicadores para a região nord-
este, nota-se que os valores absolutos são superiores ao do país. Todavia,
observa-se também um declínio tanto na mortalidade infantil como nas doen-
ças diarréicas agudas.
79 80 81 82 83 84 85 86 87 88 89
117
 51.4
116
46.1
111
 44.1
110
 36.8
110
 37.1
115
 38.5
103
 27.4
108
 29.8
107
 28.6
102
 29.2
92
0
20
40
60
80
100
120
140
79 80 81 82 83 84 85 86 87 88 89
COEFICIENTE DE MORTALIDADE INFANTIL E POR DOENÇAS
DIARRÉICAS (1.000 N.V.) REGIÃO NORDESTE DO BRASIL - 1979-1989
Coef. Mort. Infantil Doenças Diarréicas
 FONTE: CENEPI/FNS. 1991.
Os coeficientes de mortalidade infantil por doenças infecciosas
intestinais, segundo região Brasil 1979-1988, demonstram claramente a redu-
ção de seus índices, sendo mais evidentes nas regiões sul e sudeste.
Tabela 3 - Coeficientes de Mortalidade Infantil (/10000 nascidos vivos) por
Doenças Infecciosas Intestinais segundo Região.Brasil 1979-1988.
Região Ano
1979 1980 1981 1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988
NORTE 390 346 273 220 315 284 231 275 221 207
NORDESTE 514 461 410 368 371 385 274 298 286 292
SUDESTE 129 111 87 89 70 75 61 50 40 30
SUL 125 109 76 64 66 82 58 58 46 46
CENTRO-OESTE 147 125 94 87 88 61 58 60 58 43
BRASIL 284 252 214 194 196 201 145 157 144 144
FONTE: CENEPI/FNS
14
Paralelamente à redução da mortalidade infantil por doenças diar-
réicas agudas, há evidência de que as hospitalizações estejam também dimi-
nuindo. Através da coleta de dados sobre as causas de hospitalizações em
menores de 1 ano junto a hospitais pediátricos dos estados do nordeste, no
período de 1980 a 1990, observa-se que o percentual médio de internações
reduziu-se de 57% em 1980 para 30% em 1990, enquanto que as infecções
respiratórias agudas aumentaram de 16% para 25% nos referidos anos.
EVOLUÇÃO DO PERCENTUAL DE INTERNAÇÕES DE MENORES DE UM ANO
DEVIDAS À DIARRÉIA, CAPITAIS DA REGIÃO NORDESTE, 1980-90.
Já as internações por doenças diarréicas no Brasil em todas as
idades demonstram uma tendência francamente crescente, passando de
681.000 em 1984 para 982.000 em 1992, o que representa um incremento de
44,2%.
84 85 86 87 88 89 90 91 92
681
556 590
683
762 746 764
891
982
0
200
400
600
800
1000
1200
Mil
84 85 86 87 88 89 90 91 92
 NÚMERO DE PACIENTES INTERNADOS POR DOENÇAS
 DIARRÉICAS NO BRASIL, NOS SERVIÇOS DE SAÚDE DO
INAMPS E CONVENIADOS, 1984-92.
(TODAS AS IDADES)
FONTE: DATASUS/FNS
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3 - FATORES CONDICIONANTES
Nível sócio-econômico - a pobreza é o principal determinante da
morbi-mortalidade por diarréia. Entre as famílias nordestinas com renda inferior
a 1 salário mínimo, 9,8% das crianças apresentavam diarréia, contra apenas
5,3% naquelas pertencentes a famílias com renda de 5 ou mais salários míni-
mos.
Escolaridade da Mãe - dentre as crianças cujas mães nunca ha-
viam freqüentado a escola, 10,2% apresentavam diarréia, contra 4,4% daque-
las cujas mães haviam estudado por 12 anos ou mais.
PREVALÊNCIA DE DIARRÉIA CONFORME A RENDA E A ESCOLARIDADE
MATERNA, REGIÃO NORDESTE, 1991.
Fonte: F.Barros e C.Victora - 1983/93
Estado Nutricional - considerando as crianças com quadro de
desnutrição, quanto maior o desvio - padrão, tanto para altura/idade, que re-
flete uma desnutrição crônica, ou para peso/idade, que corresponde a desnu-
trição aguda, quanto mais apresentavam episódios de diarréia. Em um estudo
sobre prevalência de diarréia, demonstrou-se que crianças eutróficas apre-
sentavam freqüência de diarréia de 7,8%, enquanto em crianças desnutridas
foi encontrado o dobro, ou seja 14,8%. Vale ressaltar que a diarréia favorece a
desnutrição, tanto pela inapetência, má absorção dos alimentos ingeridos e
jejum prolongado, quanto pelo gasto energético do episódio. Esta por sua vez
favorece a diarréia, criando assim um círculo vicioso, favorecendo a ocorrên-
cia do óbito, pois o desnutrido tem episódios com maior duração, maior risco
de desidratação e maior necessidade de internação.
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PREVALÊNCIA DE DIARRÉIA CONFORME ESTADO NUTRICIONAL,
REGIÃO NORDESTE, 1991.
Fonte: F.Barros e C. Victora - 1983/93
Água e saneamento - a disponibilidade de água limpa, em grande quan-
tidade, está associada com a redução de 20 a 30% na morbi-mortalidade por
diarréia. Na região nordeste a prevalência de diarréia era de 6,3% nas crianças
pertencentes a famílias com água encanada dentro de casa, de 7,5% nas com
água no quintal, e 9,6% naquelas sem água encanada. Nas famílias com dis-
ponibilidade de instalações sanitárias, a prevalência foi de 5,6% nos domicílios
com sanitário com descarga e 9,6% naqueles sem qualquer instalação.
PREVALÊNCIA DE DIARRÉIA CONFORME ÁGUA E SANEAMENTO,
REGIÃO NORDESTE, 1991.
Fonte: F. Barros e C. Victora - 1983/93
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Tipo de leite consumido - num estudo de caso-controle, realizado
no sul do Brasil, foi confirmado o efeito marcante da amamentação sobre a
mortalidade infantil por diarréia. Crianças desmamadas apresentaram um risco
de morrer, 14,2 vezes maior do que as amamentadas, enquanto que as parci-
almente amamentadas apresentaram um risco 4,2 vezes mais elevado.
Peso ao Nascer - estudos brasileiros recentes demonstraram a
influência do peso ao nascer sobre a morbidade por diarréia. Crianças com
baixo peso no nascer mostraram um risco 2 vezes maior de apresentar episó-
dios repetidos de diarréia, elevando a hospitalização e a mortalidade.
Espaçamento Inter-Gestacional - em estudo de caso controle no
Rio Grande do Sul, verificou-se que crianças nascidas após um intervalo inferi-
or a 36 meses, apresentavam mortalidade por diarréia cerca de 2,7 vezes su-
perior à dos primogênitos, enquanto que crianças nascidas após um intervalo
superior a 35 meses apresentavam metade do risco dos primogênitos.
4 - MEDIDAS DE CONTROLE
Medidas consideradas como promissoras em termos, de efetividade:
- A promoção do aleitamento materno com a melhoria da prática do desmame
através da educação alimentar.
- A vacinação contra o sarampo e rotavírus (quando disponível).
- Melhoria do Saneamento Básico (melhoria da qualidade e aumento da oferta
de água tratada, coleta adequada do lixo, canalização de esgotos domésti-
cos, combate aos vetores e drenagem pluvial) promoção da higiene pessoal e
doméstica.
- Suplementação com vitamina A.
- Disponibilidade e facilidade de acesso ao serviços de saúde com TRO im-
plantado.
- Vontade política para fazer acontecer.
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BIBLIOGRAFIA
1. SILVA, LUCIANA RODRIGUES - Diarréia Aguda na Criança, Medsi, editora
médica e científica Ltda. - Ed. 1988.
2. BARROS, FERNANDO C., VICTORA CÉSAR G., - Manejo da Diarréia em
Menores de Cinco Anos nos Serviços de Saúde no Nordeste do Brasil -
1983/1993.
3. BARROS, FERNANDO C., VICTORA CÉSAR G., - Avaliação do Manejo
Domiciliar da Diarréia em Menores de Cinco Anos no Nordeste do Brasil -
1989/1991.
4. BARROS, FERNANDO C., VICTORA CÉSAR G., et al - Epidemiologia da
Diarréia em Menores de Cinco Anos na Região Nordeste do Brasil 1993.
5. MINISTÉRIO DA SAÚDE, COORDENAÇÃO DE SAÚDE MATERNO
INFANTIL - Avaliação de Casos de Diarréia e Cólera em Serviço de Saúde
da Região Nordeste. Brasília: Ministério da Saúde - 1993.
6. INFORME EPIDEMIOLÓGICO DO SUS. CENEPI/M.S. - julho de1992.
7. MARANHÃO, A.G.K. - Situação das Doenças Diarréicas no Brasil, Coorde-
nação de Saúde Materno-Infantil do Ministério da Saúde 1994.
8. PERFIL ESTATÍSTICO DE CRIANÇAS E MÃES NO BRASIL - IBGE 1989.

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