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direito empresarial e do consudireito_empresarial_e_do_consumidor

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Prévia do material em texto

1
UNIDADE 1
DIREITO EMPRESARIAL
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir desta unidade, você será capaz de:
• compreender as formas de como se estabelecem as obrigações comerciais 
utilizando-se da visão sistêmica do Direito Empresarial; 
•	 identificar	 as	 relações	 comerciais	 e	 empresariais,	 com	 suas	 respectivas	
obrigações,	a	ponto	de	facilitar	no	seu	dia	a	dia	profissional.
Esta	unidade	está	dividida	em	seis	tópicos.	Ao	final	de	cada	um	deles	você	
encontrará	atividades	que	o(a)	ajudarão	a	fixar	os	conhecimentos	adquiridos.
TÓPICO	1	–	DADOS	HISTÓRICOS	DO	DIREITO	EMPRESARIAL	
TÓPICO	2	–	CONCEITO	DE	DIREITO	EMPRESARIAL
TÓPICO	3	–	DA	SOCIEDADE	EMPRESÁRIA			
TÓPICO	4	–	DA	SOCIEDADE	ANÔNIMA
TÓPICO	5	–	TÍTULOS	DE	CRÉDITO
TÓPICO	6	–	RECUPERAÇÃO	DE	EMPRESAS	E		FALÊNCIA
2
3
TÓPICO 1
UNIDADE 1
 DADOS HISTÓRICOS DO DIREITO EMPRESARIAL
1 INTRODUÇÃO
O	 comércio	 nasceu	 da	 própria	 necessidade	 dos	 seres	 humanos	
conviverem	 harmoniosamente	 na	 sociedade.	 O	 seu	 desenvolvimento	 deveu-
se,	 inequivocamente,	ao	 surgimento	da	moeda,	pois,	 com	seu	uso,	as	 riquezas	
começaram	a	circular	muito	mais	rapidamente,	pois	o	seu	transporte	tornou-se	
muito	mais	simples	e	prático	do	que	transportar	mercadorias	para	troca.
Nasceu,	assim,	a	economia	de	mercado	e,	com	ela,	a	figura	do	comerciante,	
que	se	coloca	entre	o	produtor	e	o	consumidor,	ou	seja,	torna-se	aquele	que	compra	
e	vende	mercadorias,	cujas	diferenças	de	valores	atingem	seu	objetivo:	o	lucro.
A	 evolução	 dos	 conceitos	 levou	 à	 remodelação	 do	 Direito	 Comercial.	
Ou	seja,	no	auge	da	Segunda	Guerra	Mundial,	com	o	advento	do	Código	Civil	
Italiano,	 unificou-se	 o	 direito	 privado,	 juntando	 em	 uma	 única	 codificação	 o	
Direito	Civil	e	o	Direito	Comercial,	dando	origem	ao	que	chamamos,	atualmente,	
de	Direito	Empresarial.
2 SURGIMENTO DO COMÉRCIO E EVOLUÇÃO HISTÓRICA
Se	nós	fizermos	uma	breve	pesquisa	aos	achados	pré-históricos,	veremos	
que	os	homens	viviam	em	completa	bruteza,	aproximando-se	do	estado	irracional,	
vagando	em	 famílias	ou	em	bandos,	 comandados	por	um	chefe,	 em	constante	
combate	pela	sobrevivência.																		
Nessa	 forma	 primitiva	 de	 sociedade,	 devido	 à	 agressividade	 então	
reinante,	 não	 havia	 ambiente	 propício	 para	 que	 se	 desenvolvesse	 o	 fenômeno	
que,	hoje,	chamamos	de	comércio.
Após	 muitos	 séculos,	 a	 humanidade	 chegou	 ao	 entendimento	 de	 que	
cada	ser	humano	necessitou	do	seu	semelhante	para	pôr	em	execução	grandes	
expedições	de	caça	e	para	defender-se	de	animais,	 conforme	nos	dá	notícias	a	
Paleontologia.
Os	estudos	históricos	demonstram	que	os	grupos	menos	agressivos	foram	
se	aproximando	cada	vez	mais,	 e	passaram	a	se	 juntar	em	 torno	de	 templos	e	
outros	 lugares	 considerados	 sagrados,	 para	 a	 celebração	de	 eventos	 festivos	 e	
UNIDADE 1 | DIREITO EMPRESARIAL
4
religiosos.	Em	decorrência	desses	encontros,	começou	a	ganhar	espaço	a	concepção	
de	trocarem,	uns	com	os	outros		aqueles	bens	que	lhes	eram	desnecessários	ou	
excedentes.
E foi assim que surgiu o que podemos considerar a forma embrionária do 
comércio: a troca direta.
Mas	as	negociações	realizadas	pela	simples	troca	eram	muito	limitadas.	
O	possuidor	 de	 determinado	produto	 tinha	de	 encontrar	 alguém	que	detinha	
aquele	outro	bem	de	que	ele	precisava,	na	qualidade	e	na	quantidade	desejada.	
Porém,	havia	o	problema	em	determinar	o	valor	dos	bens	a	serem	trocados.
Era	preciso,	portanto,	achar	um	meio	que	permitisse	uma	facilitação	nas	
trocas	e	simplificasse	o	cálculo	das	mercadorias	a	serem	trocadas,	ou	seja,	algo	
que	fosse	tanto	um	instrumento	de	troca	e	medida	comum	de	valor,	além	de	ser	
facilmente	transportável.
Não	demorou	muito	para	que	tal	elemento,	chamado	moeda,	surgisse.
Desde	que	surgiu	a	moeda,	mesmo	em	sua	forma	rudimentar	e	primitiva,	
medindo	 e	 determinando	 valores,	 sobrepondo	 a	 troca	 direta,	 iniciou-se	 uma	
nova atividade: a dos intermediários entre o produtor e o consumidor,	ou	seja,	
a atividade do comerciante,	cujo	trabalho	passou	a	ser	exercido	habitualmente,	
com	intuito	de	lucro.
Na Idade Antiga,	povos	primitivos,	como	os	fenícios,	destacaram-se	pelo	
exercício	da	atividade	comercial,	porém	sem	poder	ainda	falar-se	na	existência	de	
um	direito	comercial,	com	regras	e	princípios	próprios.
IMPORTANT
E
Caro(a) acadêmico(a)! Rodrigues (2004, p. 15) explica sobre o assunto:
O comércio desenvolveu-se em larga escala entre as civilizações 
primitivas, mas, a despeito disso, não se pode afirmar, pela escassez 
de elementos históricos, haver nas remotas sociedades um direito 
autônomo, com princípios, normas e institutos sistematizados, voltado 
à regulamentação da atividade mercantil.
TÓPICO 1 | DADOS HISTÓRICOS DO DIREITO EMPRESARIAL
5
Foi	durante	a	Idade Média,	contudo,	que	o	comércio	já	atingira	um	nível	
mais	avançado,	e	já	era	uma	característica	de	praticamente	todos	os	povos.	É	neste	
período	da	história	que	se	costuma	apontar	o	surgimento	do	Direito	Comercial,	
juntamente	 com	 o	 renascimento	 das	 cidades	 (burgos)	 e,	 principalmente,	 do	
comércio	 marítimo.	 Surgem	 as	 chamadas	 Corporações	 de	 Ofício,	 que	 logo	
assumiram	relevante	papel	na	sociedade	da	época,	conseguindo	obter,	inclusive,	
uma	certa	autonomia	em	relação	à	nobreza	feudal.
Esta primeira fase do Direito Comercial compreende os usos e 
costumes	mercantis,	observados	na	disciplina	das	relações	jurídico-comerciais.	
E	na	elaboração	deste	direito	não	havia	ainda	nenhuma	participação	do	Estado.		
Cada	corporação	tinha	seus	próprios	usos	e	costumes,	e	os	aplicava	através	de	
cônsules,	que	eram	os	magistrados	escolhidos/eleitos	pelos	próprios	associados	
para	reger	as	relações	entre	os	seus	membros.	Daí	por	que	alguns	autores	usam	
a	expressão	“codifi	cação	privada”	do	Direito	Comercial.
FONTE: Adaptado de: <http://conhecendodireitos.blogspot.com.br/2011/11/direito-comercial-
-ou-direito.html>. Acesso em: 18 fev. 2013.
IMPORTANT
E
Ainda sobre a primeira fase do Direito Comercial, Requião (2003, p. 10-11) 
esclarece:
É nessa fase histórica que começa a se cristalizar o Direito Comercial, 
deduzido das regras corporativas e, sobretudo, dos assentos 
jurisprudenciais das decisões dos cônsules, juízes designados 
pela corporação para, em seu âmbito, dirimirem as disputas entre 
comerciantes. Diante da precariedade do direito comum para 
assegurar e garantir as relações comerciais, fora do formalismo que o 
direito romano remanescente impunha, foi necessário, de fato, que os 
comerciantes organizados criassem entre si um direito costumeiro, 
aplicado internamente na corporação por juízes eleitos pelas suas 
assembleias: era o juízo consular, ao qual tanto deve a sistematização 
das regras do mercado. 
Outra característica marcante desta fase inicial do Direito Comercial é 
o	seu	caráter	 subjetivista,	ou	seja,	era	o	direito	dos	membros	das	corporações.	
Comentando	o	assunto,	Coelho	(2003,	p.13)	assim	se	manifesta:	“Resultante	da	
autonomia	corporativa,	o	Direito	Comercial	de	então	se	caracteriza	pelo	acento	
subjetivo	 e	 somente	 se	 aplica	 aos	 comerciantes	 associados	 à	 corporação.	 [...]	
Adota-se,	assim,	um	critério	subjetivo	para	defi	nir	seu	âmbito	de	incidência”.	
UNIDADE 1 | DIREITO EMPRESARIAL
6
Desse	modo,	era	necessário	que	uma	das	partes	de	determinada	relação	
fosse comerciante para que fosse a mesma disciplinada pelo Direito Comercial - 
ius mercatorum -,	em	detrimento	dos	demais	direitos.		
As	 fontes	 do	 ius mercatorum eram os estatutos das corporações 
mercantis,	 o	 costume	 mercantil	 e	 a	 jurisprudência	 da	 cúria	 dos	
mercadores.	[...]	O	costume	nascia	da	constante	prática	contratual	dos	
comerciantes: as modalidades consideradas vantajosas convertiam-
se	 em	 direito;	 as	 cláusulas	 contratuais	 transformavam-se,uma	
vez	 generalizadas,	 no	 conteúdo	 legal	 dos	 contratos.	 Por	 último,	 os	
comerciantes	 designados	 pela	 corporação	 compunham	 os	 tribunais	
que	decidiam	as	controvérsias	comerciais.	(GALGANO,	1990,	p.	40).
Sobre	o	ius mercatorum,	Galgano	(1990,	p.	39)	muito	bem	destaca:
O ius mercatorum nasce,	portanto,	como	um	direito	diretamente	criado	
pela	 classe	mercantil,	 sem	 a	mediação	 da	 sociedade	 política;	 nasce	
como	um	direito	 imposto	 em	 nome	 de	 uma	 classe,	 e	 não	 em	 nome	
da	 comunidade	 no	 seu	 conjunto.	 É	 imposto	 aos	 eclesiásticos,	 aos	
nobres,	aos	militares,	aos	estrangeiros.	Pressuposto	da	sua	aplicação	é	
o	mero	fato	de	se	haverem	estabelecido	relações	com	um	comerciante.
Por	fi	m,	é	interessante	notar	a	revolução	que	o	Direito	Comercial,	nesta	
fase,	provocou	na	doutrina	contratualista,	rompendo	com	a	teoria	contratual,	
até	o	momento	disciplinada	pelo	direito	romano.	Isto	ocorreu	em	Roma,	com	
os	ideais	de	segurança	e	estabilidade	da	classe	dominante,	atrelando	o	contrato	
ao	instituto	da	propriedade.	O	contrato	era	apenas	um	instrumento	através	do	
qual	se	adquiria	ou	se	transferia	a	propriedade	de	uma	coisa.
FONTE: Adaptado de: <pt.scribd.com/.../Andre-Luiz-Santa-Cruz-Ramos-Direito-Empresarial-
-...>.Acesso em: 18 fev. 2013.
Esta	concepção	de	estabilidade	das	relações	jurídicas	pelo	contrato,	inerente	
ao	direito	romano,	obviamente,	entrava	em	choque	com	os	ideais	da	classe	mercantil	
em	ascensão,	que	tinha	preferência	oposta,	ou	seja,	pela	mudança,	pela	instabilidade,	
ganhando	espaço	o	princípio	da	liberdade	na	forma	de	celebração	dos	contratos.
DICAS
Estimado (a) acadêmico(a)!
Após tanta informação, para descansarmos um pouco, convido-o(a) para assistir a um fi lme 
chamado “O Mercador de Veneza”, lançado no ano de 2004 e estrelado pelo ator Al Pacino. 
Este está baseado numa peça de William Shakespeare que foi escrita entre os anos de 1594 
e 1597 e retrata muito bem a primeira fase do Direito Comercial.
Vale a pena ver!
TÓPICO 1 | DADOS HISTÓRICOS DO DIREITO EMPRESARIAL
7
Com	o	fim	do	período	medieval,	surgem	no	cenário	geopolítico	mundial	os	
grandes Estados Nacionais Monárquicos que,	representados	na	figura	do	monarca	
absoluto,	vão	submeter	os	seus	súditos,	incluindo	a	classe	dos	comerciantes,	a	um	
direito	posto	através	do	controle	estatal	das	relações	comerciais,	que	outrora	eram	
reguladas	por	parte	dos	próprios	mercadores,	através	das	corporações de ofício 
e	seus	juízos	consulares.
Tal	assim	foi	que,	em	1804	e	1808,	respectivamente,	foram	editados	na	França	
o	Código	Civil	e	o	Código	Comercial,	inaugurando	assim	a	segunda fase do Direito 
Comercial,	marcado	por	um	 sistema	 jurídico	 estatal	 destinado	 a	disciplinar	 as	
relações	jurídico-comerciais.
2.1 A CODIFICAÇÃO NAPOLEÔNICA E A TEORIA DOS 
ATOS DE COMÉRCIO
IMPORTANT
E
Prezado(a) acadêmico(a)!
Sobre este período da história do comércio, Galgano (1990, p. 43) relata que: “A classe 
mercantil deixa de ser artífice do seu próprio direito. O Direito Comercial experimenta uma 
dupla transformação: o que foi direito de classe transforma-se em direito do Estado; o que 
foi direito universal converte-se em direito nacional”.
A	codificação	 napoleônica	 divide	 claramente	 o	 direito	 privado:	 de	 um	
lado,	o	Direito	Civil,	regido	pelo	Código	Civil,	um	corpo	de	leis	que	atendia	aos	
interesses	da	burguesia	fundiária,	pois	estava	centrado	no	direito	de	propriedade;	
e	de	outro,	o	Direito	Comercial,	regulado	pelo	Código	Comercial,	que	seguia	o	
espírito	da	burguesia	comercial	e	industrial,	valorizando	a	riqueza	mobiliária.
A	divisão	do	direito	privado	em	duas	grandes	partes	cria	a	necessidade	de	
estabelecimento de um critério que delimitasse a incidência de cada uma destas 
legislações	nas	diversas	relações	ocorridas	no	dia	a	dia	dos	cidadãos.	Para	tanto,	
criou-se	 a	 Teoria	 dos	Atos	 de	 Comércio,	 que	 tinha	 como	 atribuição	 principal	
aplicar	as	normas	do	Código	Comercial	a	quem	praticasse	os	denominados	“atos	
de	comércio”.
Por	outro	 lado,	não	envolvendo	a	relação	 jurídica	à	prática	destes	atos,	
seria	ela	regida	então	pelas	normas	do	Código	Civil.	
UNIDADE 1 | DIREITO EMPRESARIAL
8
DICAS
 Caro(a) acadêmico(a)! Como sugestão de leitura, para maior 
aprofundamento do tema convido à leitura da obra: 
COELHO, Fábio Ulhoa. Manual de direito comercial. 14. ed. São Paulo: 
Saraiva, 2003. 
A partir da página 7, o autor retrata de modo claro e sucinto essas 
mudanças ocorridas no Direito Comercial, no início do século XIX, na 
França, o que acabou originando a divisão do direito privado em dois 
códigos: o Código Civil e o Código Comercial (Code de Commerce). 
Contudo,	 o	 sistema	 francês	 passou	 a	 apresentar	 deficiências,	 uma	 vez	
que	trazia	dificuldades	ao	intérprete	da	lei,	ao	avaliar	a	aplicabilidade	do	Direito	
Comercial	ou	do	Direito	Civil	no	caso	concreto,	até	pela	própria	ausência	de	uma	
definição	satisfatória	do	que	são	atos	de	comércio.
 
A	demais,	outras	atividades	econômicas,	tão	importantes	quanto	o	comércio,	
não	 se	 encontravam	na	 enumeração	 legal	dos	 atos	de	 comércio.	Algumas	delas	
desenvolveram-se	posteriormente,	como,	por	exemplo,	a	prestação	de	serviços.
Há	ainda	outras	delas,	como	bem	atesta	Coelho	(2003,	p.	15-16):
A	exclusão	da	negociação	de	imóveis	do	âmbito	de	incidência	do	Direito	
Comercial pelo Code de Commerce - que não se reproduz em outras 
legislações	 adeptas	 da	 Teoria	 dos	 Atos	 de	 Comércio,	 a	 exemplo	 do	
código	italiano	de	1882,	é,	por	vezes,	relacionada	a	um	caráter	sacro	de	
que se revestiria a propriedade imobiliária ou pela tardia distinção entre 
circulação	física	e	econômica	dos	bens.	Porém,	esta	exclusão	só	pode	ser	
satisfatoriamente	explicada	à	luz	de	considerações	políticas	e	históricas,	
ou	seja,	a	partir	da	necessidade	de	a	burguesia	francesa	preservar	a	sua	
identidade	na	luta	contra	o	feudalismo.
Outro	problema	detectado	na	época,	em	virtude	da	aplicação	da	Teoria	
dos	Atos	 de	 Comércio,	 referia-se	 aos	 chamados	 atos	 mistos,	 ou	 seja,	 aqueles	
que eram comerciais para apenas uma das partes (na venda de produtos aos 
consumidores,	por	 exemplo,	o	 ato	 era	 comercial	para	o	 comerciante	vendedor	
e	 civil	 para	 o	 consumidor	 adquirente).	 Nestes	 casos,	 aplicavam-se	 as	 normas	
do	Código	Comercial	para	a	solução	de	eventual	litígio.	Por	esta	razão,	alguns	
estudiosos	denunciaram	o	retorno	ao	corporativismo	do	direito	mercantil,	como	
na	época	de	vigência	das	chamadas	corporações de ofício,	fazendo	o	cidadão	se	
submeter	às	normas	distintas	em	razão,	simplesmente,	da	qualidade	da	pessoa	
com	quem	contratava.
TÓPICO 1 | DADOS HISTÓRICOS DO DIREITO EMPRESARIAL
9
Apesar	da	existência	de	tais	críticas,	a	teoria	francesa	dos	atos	de	comércio	
foi	adotada	por	quase	todas	as	codificações	mercantis	modernas,	inclusive	a	do	
Brasil,	através	do	Código	Comercial	de	1850.
Contudo,	 em	 virtude	 do	 modelo	 francês	 não	 abranger	 atividades	
econômicas	 tão	 ou	 mais	 importantes	 que	 o	 comércio	 de	 bens,	 tais	 como:	 a	
prestação	de	 serviços,	 a	 agricultura,	 a	pecuária	 e	 a	negociação	 imobiliária.	Tal	
fato	 fez	 surgir	um	novo	critério,	mais	de	 cem	anos	após	a	 edição	dos	 códigos	
napoleônicos	e	em	plena	Segunda	Guerra	Mundial.
2.2 O CÓDIGO CIVIL ITALIANO DE 1942 E A TEORIA DA 
EMPRESA
Em	1942,	a	Itália	editou	um	novo	Código	Civil,	trazendo	um	novo	sistema	
delimitador	da	incidência	do	regime	jurídico	comercial:	a	teoria	da	empresa.
 Além	disso,	o	Código	Civil	Italiano	promoveu	uma	unificação	formal	do	
direito	privado,	disciplinando,	em	uma	única	lei,	as	relações	civis	e	comerciais.	
O	 Direito	 Comercial	 entrou,	 assim,	na	 sua	 terceira fase,	 passando	a	 adotar	o	
conceito	da	empresarialidade.
Na	teoria	da	empresa,	o	Direito	Comercialnão	se	limita	a	regular	apenas	
as	relações	jurídicas	em	que	ocorra	a	prática	de	um	determinado	ato	definido	em	
lei	como	ato	de	comércio,	ou	com	alguns	atos,	mas	com	uma	forma	específica	de	
exercer	uma	atividade	econômica:	a	forma	empresarial.
Vejamos	 ainda	 o	 ensinamento	 de	 Bulgarelli	 (2000,	 p.	 19):	 “Nos	 dias	
que	 correm,	 transmudou-se	 (o	 Direito	 Comercial)	 de	 mero	 regulador	 dos	
comerciantes	e	dos	atos	de	comércio,	passando	a	atender	à	atividade	sob	a	forma	
de	empresa,	que	é	o	atual	fulcro	do	Direito	Comercial”.
Assim,	 restou	 superada	 a	 dificuldade	 existente	 na	 teoria	 francesa,	
passando	a	teoria	da	empresa	a	enquadrar	qualquer	atividade	econômica,	desde	
que	exercida	profissionalmente	e	destinada	a	produzir	ou	fazer	circular	bens	ou	
serviços.
2.3 O DIREITO COMERCIAL NO BRASIL
No	Brasil	Colônia,	o	Direito	Comercial	Brasileiro	estava	intrinsecamente	
ligado	ao	Direito	Português.	Foi	 somente	em	18	de	agosto	de	1769,	através	da	
edição	da	Lei	da	Boa	Razão,	que	foi	permitida	a	aplicação	de	leis	e	normas	de	
nações	cristãs	para	resolver	litígios	de	natureza	mercantil.
Assim,	ao	longo	da	história	brasileira,	o	ramo	do	Direito	Empresarial	já	
recebeu três diferentes denominações: 
 
UNIDADE 1 | DIREITO EMPRESARIAL
10
1- Direito Mercantil:	 sendo	 o	 primeiro	 nome	usado	 a	 partir	 de	 1553,	 quando	
surgiu	a	primeira	obra	sobre	o	assunto,	através	dos	jesuítas.	
 
2 - Direito Comercial:	foi	o	segundo,	adotado	a	partir	da	publicação	da	Lei	nº	556,	
de	25	de	junho	de	1850,	qual	seja,	o	Código	Comercial	Brasileiro.
3 - Direito Empresarial: seu	nome	atual,	que	passou	a	ser	empregado	mediante	
a	publicação		da	Lei	nº	10.406,	em	10	de	janeiro	de	2002,	o	atual	Código	Civil,	
que	revogou	a	Primeira	Parte	(Arts.	1º	a	456)	do	Código	Comercial.																																																												
Assim,	o	Código	Civil	de	2002	unifica	parcialmente	o	Direito	Comum	e	o	
Direito	Comercial,	da	mesma	forma	que	o	Código	Civil	Italiano,	trazendo	em	seu	
âmago	o	denominado	“Direito	de	Empresa”.			
Quanto	à	denominação	no	Brasil,	de	uma	forma	bem	resumida	podemos	
afirmar	que,	ao	longo	da	história,	o	Direito	Empresarial	já	recebeu	três	diferentes	
denominações:
FIGURA 1 - DENOMINAÇÕES DO DIREITO COMERCIAL
FONTE: O autor 
2ª - Direito 
Comercial
(1850	–	com	
a entrada em 
vigor do Código 
Comercial).
1ª - Direito 
Mercantil
(1553 – primeira 
obra sobre a 
matéria – Padres 
Jesuítas).
3ª - Direito Empresarial
Nomenclatura	atual,	desde	
2002,	com	a	publicação	do	
Código	Civil,	que	revogou	
o	Livro	I	do	Código	
Comercial
TÓPICO 1 | DADOS HISTÓRICOS DO DIREITO EMPRESARIAL
11
FIGURA 1 - DENOMINAÇÕES DO DIREITO COMERCIAL
FONTE: O autor 
LEITURA COMPLEMENTAR
DIREITO EMPRESARIAL
Luiz	Braz	Mazzafera
Pela	primeira	vez,	de	certa	feita,	dois	seres	humanos	trocaram	bens	entre	
si.	Nessa	primeira	troca,	observam-se	claramente	dois	aspectos:	um	social	e	outro	
econômico.	O	aspecto	social	decorre	da	utilização	mútua	dos	objetos	permutados,	
e	o	econômico,	o	primeiro	passo	dado	no	sentido	de	fazer	circular	riquezas.	Da	
generalização	 desse	 hábito	 de	 permutar	 bens	 nasceu	 a	 economia	 de	 troca	 ou	
escambo.
Nos	primórdios	da	fundação	de	Roma,	cidade	que	virá	a	tornar-se	um	dos	
grandes	centros	do	poder	e	da	cultura	da	humanidade,	o	comércio	era	proibido	
aos	cidadãos.	Já	ao	tempo	de	Numa,	os	comerciantes	se	uniam	em	corporações,	
embora	a	agricultura	continuasse	a	ser	considerada	profissão	honrosa	do	cidadão	
romano.
A	 evolução	 impôs,	 por	 final,	 o	 conceito	 Commercium	 est	 emendi	
vendedique	invicem	jus	(o	comércio	é	o	direito	de	comprar	e	vender	mutuamente).	
O desenvolvimento do comércio deveu-se inequivocamente ao surgimento 
da	moeda,	porque,	com	seu	uso,	as	riquezas	começaram	a	circular	muito	mais	
rapidamente e o transporte de moedas é muito mais simples e prático do que 
transportar	mercadorias	para	troca.
Nasceu,	assim,	a	economia	de	mercado,	e	com	ela	a	figura	do	comerciante,	
que	 se	 coloca	 entre	 o	 produtor	 e	 o	 consumidor,	 ou	 seja,	 torna-se	 aquele	 que	
compra e vende mercadorias e de cujas diferenças de valores atinge seu objetivo: 
o	lucro.
 
A	palavra	comércio	tem	sua	origem	no	latim,	composta	de	cum	(preposição)	
e	de	merx	(substantivo),	de	onde,	comércio,	comerciar,	comercial	e	comerciante.
A	economia	de	mercado	referida,	cada	vez	mais	ágil	e	dinâmica,	passa	
a	 exigir	 proteção	 àqueles	 que	 dela	 participavam.	 Surgem,	 então,	 as	 regras,	
obrigações,	direitos	e	penalidades	e,	como	seria	natural,	o	Direito	Comercial.
 
Com	todo	este	lastro	histórico,	chegamos	à	Idade	Média,	quando,	então,	o	
Direito	Comercial	floresce,	notadamente	na	Itália.	A	maioria	dos	autores	acorda	
que	 nesta	 época	 se	 encontram	 os	 primórdios,	 as	 origens	 reais,	 dos	 títulos	 de	
crédito,	quando,	em	face	dos	riscos	decorrentes	dos	roubos	durante	o	transporte	
de	 dinheiro	 e	 de	 outros	 valores,	 surge	 a	 necessidade	 da	 transferência	 desse	
encargo	a	terceiros.
UNIDADE 1 | DIREITO EMPRESARIAL
12
Significa	isso	a	troca	(câmbio)	de	dinheiro	presente	(pecúnia	proesenti),	
no	 ato,	 com	dinheiro	 ausente,	 futuro	 (pecúnia	 absenti)	 e,	 nessa	 troca	de	 valor	
presente	 com	o	valor	 futuro,	 era	 essencial	 a	 existência	de	uma	distância	 entre	
os	 locais	da	 entrega	 e	do	 recebimento	 (distancia	 loci).	 Sem	esta	distância,	 que	
necessariamente	 implicava	 risco,	 o	 câmbio	 era	 considerado	 um	 empréstimo	
usurário	e,	como	tal,	condenado	pelas	leis	eclesiásticas.
Em	1808	começa	a	vigorar	o	Código	de	Napoleão	e,	posterior	a	ele,	firma-se	
o	Liberalismo	Econômico,	segundo	o	qual	até	pessoas	não	comerciantes	podiam	
responder	judicialmente	por	atos	de	comércio.
Finalmente,	vamos	nos	referir	ao	que	já	é	uma	aceitação	unânime,	ou	seja,	
não	mais	falar-se	em	Direito	Comercial	e	sim	em	Direito	Empresarial,	denominação	
muito	mais	abrangente,	uma	verdadeira	imposição	de	nosso	tempo.
Exige-se,	 hoje,	 a	 inclusão,	 entre	 as	 atribuições	 decorrentes	 do	 exercício	
do	 comércio	 e	 da	 indústria,	 de	 obrigações	 pertinentes	 às	 leis	 do	 trabalho,	 da	
previdência	social,	da	saúde	do	transporte,	do	seguro,	etc.
Fala-se,	então,	no	Direito	Empresarial,	o	qual	abrange	as	disciplinas	de	
Direito	Comercial,	de	Direito	Tributário,	de	Direito	Previdenciário,	estendendo-se	
até	parte	do	Direito	Civil,	notadamente	no	capítulo	dos	contratos	e	da	insolvência	
civil.
No	sistema	em	que	se	vive,	sistema	capitalista,	a	parte	central	da	atividade	
econômica	é	ocupada	pela	empresa,	e	nela	 fulgura	o	empresário,	cujo	objetivo	
principal	é	o	lucro.	Com	este	lucro,	o	empresário	faz	reaplicações	e	reinvestimentos	
geradores	 de	mais	 empregos,	 mais	 arrecadação	 de	 impostos,	 maior	 e	melhor	
consumo	através	da	livre	concorrência,	resultando	isto	tudo,	como	consequência,	
na	melhoria	de	vida	da	população.
Em	resumo,	o	verdadeiro	empresário	é	um	decisivo	 fator	de	progresso	
e	 bem-estar	 social,	 cabendo-lhe,	 ainda,	 o	 inteiro	 risco	 por	 todas	 as	 iniciativas	
tomadas.	 Aliás,	 saliente-se,	 o	 risco	 lhe	 é	 inerente,	 pois	 que,	 nas	 atividades	
comerciais	 e	 industriais,	 é	 o	 empresário	 o	 único	 cidadão	 contemplado	 com	 a	
falência.								
 
Dentro	desta	concepção,	mercê,	portanto,	ao	verdadeiro	empresário,	todo	
respeito	pelo		patriótico	trabalho	que	desempenha.																																																																																																	
FONTE: MAZZAFERA, Luiz Braz. Notas introdutórias do Capítulo I. In: Curso Básico de Direito 
Empresarial. Bauru: EDIPRO, 2003. 
13
Nestetópico você viu que:
• O	Direito	 Empresarial	 de	 hoje,	 na	 forma	 adotada	 pelo	Direito	 brasileiro,	 é	
originado	de	uma	evolução	histórica,	marcada	por	três	fases:
• A	 primeira	 fase	 atingiu	 o	 seu	 auge	 na	 Idade Média,	 com	 o	 surgimento	
do	 D ireito	 Comercial,	 juntamente	 com	 o	 renascimento	 das	 cidades	 e	
principalmente	 do	 comércio	 marítimo,	 quando	 surgiram	 as	 chamadas	
Corporações	de	Ofício.
• A	segunda	 fase,	 tendo	 como	marco	 inicial	 os	 anos	 de	 1804	 e	 1808,	 quando,	
respectivamente,	foram	editados	na	França	o	Código	Civil	e	o	Código	Comercial,	
um sistema jurídico estatal destinado a disciplinar as relações jurídico-
comerciais.
• A	 terceira	 fase,	 que	 iniciou	 em	 1942,	 na	 Itália,	 com	 a	 edição	 de	 um	 novo	
Código	 Civil,	 trazendo	 a	 teoria	da	 empresa,	 unindo	 formalmente	 o	direito	
privado,	disciplinando,	em	uma	única	lei,	as	relações	civis	e	comerciais.
RESUMO DO TÓPICO 1
14
Considerando	a	Leitura	Complementar	ao	final	deste	tópico,	respondam	em	
grupo	às	seguintes	questões:
1		 Explique	os	aspectos	social	e	econômico	das	primeiras	trocas	de	objetos.
2 Como nasceu a economia de mercado?
3 Por que se diz que o desenvolvimento do comércio deveu-se inequivocamente 
ao surgimento da moeda?
4		 O	que	poderá	ser	apontado	atualmente	como	o	foco	da	atividade	econômica?
5		 Aponte	o	principal	objetivo	da	atividade	do	empresário.	
6		 Explique	 a	 afirmação	 do	 autor	 de	 que	 “o	 verdadeiro	 empresário	 é	 um	
decisivo	fator	de	progresso	e	bem-estar	social”.
AUTOATIVIDADE
15
TÓPICO 2
CONCEITO DE DIREITO EMPRESARIAL E EMPRESÁRIO
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
Com	a	publicação	do	Código	Civil	Brasileiro	em	2002,	não	mais	se	utiliza	
a	 denominação	 “Direito	 Comercial”,	 mas	 sim	 “Direito	 Empresarial”.	 Neste	
tópico estudaremos o conceito deste importante ramo do Direito Civil e também 
as	condições	necessárias	para	ser	empresário.	
Também serão analisadas neste tópico as quatro condições para 
caracterizar	o	empresário,	as	quais	são:
•		 O	exercício	de	atividade	econômica.
•		 Atividade	organizada.
•		 Profissionalismo	
•	 A	finalidade	do	lucro.
Vamos em frente?
2 CONCEITO DE DIREITO EMPRESARIAL
O	Direito	Empresarial	é	um	ramo	do	Direito	Privado	que	“disciplina	sobre	
a	vida	do	empresário	e	das	empresas,	com	nova	estrutura	aos	diversos	tipos	de	
sociedades	empresariais	 contidas	no	novo	Código	Civil”.	 (OLIVEIRA,	2003,	p.	
111).
Assim,	o	Direito	Empresarial	é	um	ramo	do	Direito	Privado	que	consiste	
de	um	conjunto	de	normas	referentes	à	pessoa	do	empresário,	seja	ele	individual	
ou	 coletivo,	 disciplinando	 sua	 atividade,	 economicamente	 organizada	 para	 a	
produção	ou	circulação	de	bens	ou	de	serviços,	de	forma	a	atender	ao	mercado	
consumidor.
3 O EMPRESÁRIO 
Como	 o	 Direito	 Empresarial	 é	 relativo	 à	 pessoa	 do	 empresário,	
abordaremos a seguir os principais aspectos a ela relacionados e relevantes para 
melhor	estudo	do	Direito	Empresarial.	 
UNIDADE 1 | DIREITO EMPRESARIAL
16
3.1 CONCEITO DE EMPRESÁRIO 
Na	nova	modalidade	legislativa	adotada	pelo	Direito	brasileiro,	sempre	
que	 alguém	 explora	 atividade	 econômica	 privada	 para	 habitual	 exercício	 da	
produção	ou	circulação	de	bens	ou	de	serviços,	é	considerado	um	empresário.	
Este	exerce	sua	atividade	através	do	estabelecimento	comercial	ou	industrial,	do	
qual é o titular e no qual se encontram os bens para o seu comércio ou para sua 
indústria.																																																																																								
Contudo,	para	o	empresário	exercer	sua	atividade	é	preciso	um	mínimo	
de organização dos fatores da produção de bens ou de serviços para o mercado 
em	geral.	
IMPORTANT
E
Vejamos o conceito dado pelo Artigo 966 do Código Civil Brasileiro: “Considera-
se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a 
produção ou circulação de bens ou de serviços”.
Em	decorrência	do	conceito	dado	pelo	código	civilista,	são	identificadas	
quatro condições para caracterizar o empresário:
1.	 Exercício de atividade econômica: consiste na geração de riqueza através 
da	produção	e	circulação	de	bens	ou	serviços.	A	sua	função	essencial	é	a	de	
produzir	bens	ou	serviços	para	atender	ao	mercado	de	consumo.
2.	 Atividade organizada: o	 empresário	 é	 aquele	 que	 organiza	 a	 empresa,	
articulando	os	três	fatores	da	produção:	capital,	trabalho	e	tecnologia.	Neste	
entendimento,	 considera-se	que	alguém	dirige	 e	ordena	o	 trabalho	próprio	
ou	de	 terceiras	pessoas	e	organiza	bens	de	capital,	que	 também	podem	ser	
próprios	ou	de	terceiros,	para	exercer	determinada	atividade	econômica.
3.	 Profissionalismo:	é	o	exercício	da	atividade	econômica	de	forma	habitual,	de	
forma	pessoal	ou	por	sua	conta,	com	o	objetivo	de	lucro.	Pessoas	que	agem	em	
nome	do	empresário	são	apenas	seus	prepostos	ou	auxiliares.
TÓPICO 2 | CONCEITO DE DIREITO EMPRESARIAL E EMPRESÁRIO
17
4. Finalidade do lucro:	a	fi	nalidade	do	lucro	é	o	quarto	elemento	do	conceito	
de	empresário.	O	Código	Civil	menciona	apenas	atividade	econômica,	sem	
referir-se	 expressamente	 ao	 objeto	 lucrativo.	 No	 entanto,	 interpretando-
se	 sistematicamente	 o	Código	Civil,	 verifi	ca-se	 que	 a	 atividade	 econômica	
signifi	ca,	na	realidade,	atividade	com	fi	m	lucrativo.
FONTE: Adaptado de: <www.cursomarcato.com.br/admin/mod.../oempresrionocdigocivil.do...>. 
Acesso em: 19 fev. 2013.
Portanto,	o	empresário	é	aquele	que	exerce	profi	ssionalmente	atividade	
econômica	 organizada,	 através	do	 estabelecimento	 empresarial,	 para	 o	 efetivo	
exercício	da	produção	ou	circulação	de	bens	ou	de	serviços.	Ou	seja,	é	o	titular	
da	empresa,	que	possui	a	iniciativa	da	 sua	criação	e	que	a	dirige,	correndo	o	risco	
inerente	à	atividade	empresarial.
FIGURA 2 - CONDIÇÕES PARA CARACTERIZAÇÃO DO EMPRESÁRIO
FONTE: O autor (2012), com base na legislação. 
Condições para 
caracterização do 
empresário
Profi	ssionalismo
Finalidade	do	
lucro
Atividade	
organizada
Exercício	de	
atividade 
econômica
Do	conceito	de	empresário	são	excluídos	aqueles	que	exercem	profi	ssão	
intelectual,	de	natureza	 científi	ca,	 literária	ou	artística,	 ainda	com	o	auxílio	de	
colaboradores,	salvo	se	o	exercício	da	profi	ssão	constituir	elemento	de	empresa,	
conforme	determina	o	parágrafo	único	do	art.	966,	a	saber:
Parágrafo único.	 Não	 se	 considera	 empresário	 quem	 exerce	 profi	ssão	
intelectual,	de	natureza	científi	ca,	literária	ou	artística,	ainda	com	o	concurso	de	
auxiliares	ou	colaboradores,	salvo	se	o	exercício	da	profi	ssão	constituir	elemento	
de	empresa.
Desta	 forma,	 o	 legislador	 estabelece	 que	 os	 que	 exercem	 atividade	
econômica	de	natureza	intelectual	não	são	considerados	empresários,	como,	por	
exemplo,	os	profi	ssionais	liberais.
UNIDADE 1 | DIREITO EMPRESARIAL
18
3.2 REQUISITOS PARA A CARACTERIZAÇÃO DO 
EMPRESÁRIO
Além	do	exercício	da	atividade	econômica	organizada,	do	profissionalismo	
e do fato de	visar	ao	lucro,	há	o	requisito	da	inscrição	do	empresário	no	Registro	
Público	de	Empresas	Mercantis,	a	cargo	das	Juntas	Comerciais,	o	qual	o	próprio	
Código	Civil	determina	a	observância	desta	regra.
IMPORTANT
E
Vejamos o art. 967 do Código Civil: É obrigatória a inscrição do empresário no 
Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede, antes do início de sua atividade.
Essa	inscrição	concede	o	uso	exclusivo	do	nome	nos	limites	do	respectivo	
Estado	ou	do	próprio	Distrito	Federal,	conforme	determina	o	art.	1.166	do	CC: A 
inscrição do empresário, ou dos atos constitutivos das pessoas, ou as respectivas 
averbações, no registro próprio, asseguram o uso exclusivo do nome nos limites 
do respectivo Estado.
Assim,	antes	deiniciar	a	atividade	empresarial,	é	obrigatória	a	inscrição,	
que	é	feita	na	sede	do	órgão	responsável	pela	inscrição,	notadamente	no	Estado	
onde	está	a	sede	da	empresa,	mediante	requerimento	que	contenha:
1.	o	seu	nome,	nacionalidade,	domicílio,	estado	civil	e,	 se	casado,	o	 regime	de	
bens;
2.	a	firma,	com	a	respectiva	assinatura;
3.	o	capital;
4.	o	objeto	e	a	sede	da	empresa.
O	artigo	971	do	Código	Civil	garante	tratamento	favorecido,	diferenciado	
e	simplificado	ao	empresário	rural	e	ao	pequeno	empresário	(art.	971	do	CC).	
Por	sua	vez,	o	empresário	individual	que	deseja	abrir	uma	filial,	sucursal	
ou	agência	em	outro	Estado	da	Federação	ou	no	Distrito	Federal,	deverá	também,	
primeiramente,	 providenciar	 a	 averbação	 no	 respectivo	 Registro	 Público	 de	
Empresas	Mercantis	daquela	jurisdição.
TÓPICO 2 | CONCEITO DE DIREITO EMPRESARIAL E EMPRESÁRIO
19
UNI
É o que determina o artigo 969 do Código Civil e seu parágrafo único: 
O empresário que instituir sucursal, filial ou agência, em lugar sujeito à jurisdição de outro 
Registro Público de Empresas Mercantis, neste deverá também inscrevê-la, com a prova da 
inscrição originária.
Parágrafo único: Em qualquer caso, a constituição do estabelecimento secundário deverá 
ser averbada no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede. (BRASIL, 2013).
Agora	que	você	já	entendeu	as	condições	para	que	alguém	seja	considerado	
empresário,	 vamos	 conhecer	 as	 espécies	de	 empresário	 que	 existem	 em	nosso	
ordenamento: empresário individual e empresários reunidos na forma de 
sociedade	de	pessoas,	a	qual	denominamos	de	sociedade empresária.
3.3 TIPOS DE EMPRESÁRIO
No	Direito	Empresarial	Brasileiro	há	dois	tipos	de	empresários:
1	 Empresário	Individual.
2	 Empresário	na	forma	de	sociedade	de	pessoas	(sociedade	empresária).
Como	mencionamos	acima,	no	Direito	Empresarial	Brasileiro	há	dois	tipos	de	
empresários:
 O empresário individual:	que	é	representado	pela	pessoa	física,	através	
de	 seu	 nome	 civil,	 completo	 ou	 abreviado.	 	 Quando	 for	 uma	 pessoa	 física,	 o	
empresário deverá ter plena capacidade civil e estar legalmente livre para praticar 
atividades	empresariais.	
O segundo tipo de empresário é o organizado na forma de sociedade de 
pessoas	(sociedade	empresária).	Quando	se	tratar	de	uma	sociedade	de	pessoas,	
os	atos	empresariais	serão	praticados	em	nome	da	pessoa	jurídica.	
Vejamos	cada	um	destes	tipos,	em	separado.
UNIDADE 1 | DIREITO EMPRESARIAL
20
3.4 EMPRESÁRIO INDIVIDUAL
Como	 visto,	 o	 empresário	 é	 a	 pessoa	 que	 organiza	 uma	 atividade	
econômica	 a	fi	m	de	produzir	 ou	 fazer	 circular	 bens	 ou	 serviços.	 Contudo,	 tal	
exercício	realizado	na	pessoa	física,	de	forma	única	e	exclusiva,	recebe	o	nome	de	
“individual”.
Portanto,	o	empresário	individual	é	a	própria	pessoa	física,	que	utiliza	o	
seu	próprio	nome	no	exercício	de	sua	atividade	empresarial.		
IMPORTANT
E
É o que determina o art. 1.156 do Código Civil: 
O empresário opera sob fi rma constituída por seu nome completo 
ou abreviado, aditando-lhe, se quiser, designação mais precisa da sua 
pessoa ou do gênero de atividade. (BRASIL, 2013). 
Por	 outro	 lado,	 “fi	rma”	 é	 o	 nome	 que	 este	 empresário	 adota	 para	 ser	
conhecido	na	sua	atividade	 empresarial.	 Em	 consequência,	 a	 fi	rma	 individual	
utilizada pela pessoa física em seu estabelecimento empresarial não pode ser 
diferente	da	forma	de	seu	nome	civil.	
Portanto,	 denomina-se	 o	 empresário	 individual	 a	 pessoa	 física	 capaz,	
que	 atua	 em	 seu	 próprio	 nome	 civil,	 abreviado	 ou	 completo	 e	 que	 explora	
com	habitualidade	 (profi	ssionalmente)	atividade	econômica	organizada	para	a	
produção	de	bens	ou	de	serviços,	tendo	como	objetivo	o	lucro.
Contudo,	 a	 lei	 não	 considera	 empresário	 individual	 quem	 exerce	
profi	ssão	intelectual,	de	natureza	científi	ca,	literária	ou	artística,	ainda	que	com	
o	auxílio	de	colaboradores,	salvo	se	o	exercício	da	profi	ssão	constituir	elemento	
de	empresa.	
FONTE: Adaptado de: <http://www.univercidade.br/cursos/graduacao/direito/pdf/sumulasde-
aulas/TEORIA_GERAL_DO_DIREITO_CIVIL.pdf>. Acesso em: 19 fev. 2013.
Ou	seja,	se	esses	profi	ssionais	constituírem	uma	sociedade,	uma	empresa	
para	explorar	sua	atividade,	como	no	caso	de	sociedade	de	advogados,	de	médicos,	
de	engenheiros,	de	contadores,	passam	a	ser	considerados	também	empresários.
TÓPICO 2 | CONCEITO DE DIREITO EMPRESARIAL E EMPRESÁRIO
21
3.4.1 Composição de firma individual
O	 já	 mencionado	 artigo	 1.156	 do	 Código	 Civil	 permite	 ao	 empresário	
individual	o	uso	de	seu	nome	civil,	completo	ou	abreviado,	e,	se	desejar,	a	adição	de	
determinado	qualificativo	que	melhor	o	identifique,	ou	que	realce	sua	atividade.
Assim,	 a	firma,	 o	nome	pelo	qual	 o	 empresário	passa	 a	 ser	 conhecido,	
será	sempre	o	próprio	nome	civil	do	titular	da	empresa,	podendo	adotar	o	nome	
abreviado,	mas	mantendo	o	sobrenome.	Portanto,	um	empresário	que	se	chama	
José	dos	Anzóis	poderá	ter	como	firma	José dos Anzóis ou J. Anzóis.	Esse	nome	
poderá,	ainda,	ser	acrescido	de	uma	palavra	capaz	de	identificar	a	si	próprio	ou	
a	sua	atividade,	especialmente	nos	casos	em	que	 já	existir	 cadastrado	na	 Junta	
Comercial	um	nome	empresarial	idêntico.
Se,	por	exemplo,	o	empresário	for	um	indivíduo	magro,	poderá	adotar	a	
firma	J. Anzóis, o magrela.	Mas	se	for	atividade	de	açougue,	poderá	utilizar	na	
firma	o	nome	J. Anzóis, o açougueiro.
IMPORTANT
E
O próprio parágrafo único do art. 1.163 do Código Civil determina que o nome 
de empresário individual deve ser distinto de qualquer outro já inscrito no mesmo registro: 
“Se o empresário tiver nome idêntico ao de outros já inscritos, deverá acrescentar designação 
que o distinga”. (BRASIL, 2013).
3.4.2 Da capacidade para a atividade de empresário 
individual
Para	iniciar	a	exploração	de	atividade	empresarial,	a	capacidade	da	pessoa	
é	 condição	 essencial	 para	 que	 o	 negócio	 jurídico	 seja	 válido.	 Se	 praticado	por	
pessoa	incapaz	civilmente,	não	será	juridicamente	válido.
IMPORTANT
E
Assim dispõe o Art. 972 do C.C.: “Podem exercer atividade de empresário os que 
estiverem em pleno gozo da capacidade civil e não forem legalmente impedidos”. (BRASIL, 
2013).a
UNIDADE 1 | DIREITO EMPRESARIAL
22
3.4.3 Requisitos para o exercício da atividade de 
empresário individual
De	acordo	com	o	artigo	anteriormente	citado,	são	dois	os	requisitos	para	
o	exercício	da	atividade	empresarial:
1.	Capacidade	para	o	exercício	da	profissão.
2.	Não	estar	legalmente	impedido	de	exercer	sua	atividade.
 
Neste	 sentido,	 podem	 ser	 empresários	 aquelas	 pessoas	 que	 estiverem	
no	pleno	gozo	da	capacidade	civil,	que	são	os	maiores	de	18	anos.	Em	resumo:	
atualmente,	os	maiores	de	18	anos	de	idade,	que	não	forem	legalmente	impedidos,	
podem	ser	empresários	individuais.
Como	a	atividade	empresarial	implica	a	prática	de	negócios	jurídicos,	é	
fundamental	que	quem	os	realize	esteja	em	pleno	gozo	da	capacidade	civil.	As	
pessoas	têm	capacidade	plena	com	18	anos	completos	e	os	emancipados.
	Não	têm	capacidade	civil	os	absolutamente	e	os	relativamente	incapazes,	
nos	termos	da	legislação	civil.
3.4.3.1 Absolutamente incapazes
O	art.	3º	do	C.C.	enumera	os	absolutamente	incapazes:
São	absolutamente	incapazes	de	exercer	pessoalmente	os	atos	da	vida	
civil: 
I	–	Os	menores	de	dezesseis	anos.	
II	 –	Os	 que,	 por	 enfermidade	 ou	 deficiência	mental,	 não	 tiverem	 o	
necessário	discernimento	para	a	prática	desses	atos.	
III	–	Os	que,	mesmo	por	causa	transitória,	não	puderem	exprimir	sua	
vontade.	(BRASIL,	2013).
Por	conseguinte,	a	lei	civil	não	admite	que	o	absolutamente	incapaz	exerça	
atividade	empresarial.	 Contudo,	 há	 exceções	 à	 regra	 dada	 pelo	artigo	 974	 do	
Código Civil:
Poderá,	o	incapaz,	por	meio	de	representanteou	devidamente	assistido,	
continuar	a	empresa	antes	exercida	por	ele	enquanto	capaz,	por	seus	pais	ou	pelo	
autor	de	herança.	(BRASIL,	2013).
Continua	o	artigo	em	seu	parágrafo	1º:
TÓPICO 2 | CONCEITO DE DIREITO EMPRESARIAL E EMPRESÁRIO
23
Nos	casos	deste	artigo,	procederá	autorização	judicial	após	exame	das	
circunstâncias	e	dos	riscos	da	empresa,	bem	como	da	conveniência	em	
continuá-la,	podendo	a	autorização	ser	revogada	pelo	juiz,	ouvidos	os	
pais,	tutores	ou	representantes	legais	do	menor	ou	do	interdito,	sem	
prejuízo	dos	direitos	adquiridos	por	terceiros.	(BRASIL,	2013).
 
Assim,	o	exercício	empresarial	pelo	incapaz,	mesmo	sua	continuidade	da	
atividade	antes	exercida	por	ele	mesmo,	quando	era	capaz,	poderá	ser	realizado	
quando	autorizado	por	ordem	judicial,	com	a	assistência	de	seus	pais,	pelo	autor	
da	herança	ou	por	representante	legal.											
Contudo,	ficam	protegidos	dos	 riscos	da	atividade	empresarial	os	bens	
que	o	incapaz	já	possuía	ao	tempo	da	sucessão	ou	da	interdição,	nos	termos	do	
artigo	974,	parágrafo	2º	do	Código	Civil.
3.4.3.2 Relativamente incapazes 
O	art.	4.º	do	Código	Civil	enumera	os	relativamente	incapazes:	
São	incapazes,	relativamente	a	certos	atos,	ou	à	maneira	de	exercê-los:	
 
I – os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; 
 
II	–	os	ébrios	habituais,	os	viciados	em	tóxicos,	e	os	que,	por	deficiência	
mental,	tenham	o	discernimento	reduzido;
III	–	 os	excepcionais,	sem	desenvolvimento	mental	completo;	
IV	–	os	pródigos.	(BRASIL,	2013).
As	considerações	descritas	em	relação	ao	absolutamente	 incapaz	valem	
também	para	o	relativamente	incapaz.
3.4.3.3 Emancipação
Antes	de	completar	18	anos	de	idade,	pode	o	menor	tornar-se	plenamente	
capaz.	É	o	que	se	verifica	por	meio	da	emancipação,	conforme	determina	o	artigo	
5º	do	Código	Civil,	em	seu	parágrafo	único:
Cessará,	para	os	menores,	a	incapacidade:
I	–	pela	concessão	dos	pais,	ou	de	um	deles	na	falta	do	outro,	mediante	
instrumento	público,	independentemente	de	homologação	judicial,	ou	
por	sentença	do	juiz,	ouvido	o	tutor,	se	o	menor	tiver	dezesseis	anos	
completos;
II – pelo casamento;
III	–	pelo	exercício	de	emprego	público	efetivo;
UNIDADE 1 | DIREITO EMPRESARIAL
24
IV – pela colação de grau em curso de ensino superior;
V	 –	 pelo	 estabelecimento	 civil	 ou	 comercial,	 ou	 pela	 existência	 de	
relação	de	emprego,	desde	que,	em	função	deles,	o	menor	com	dezesseis	
anos	completos	tenha	economia	própria.	(BRASIL,	2013).
 
O	emancipado	continua	menor,	mas	se	torna	capaz	para	o	exercício	da	
atividade	empresarial.	Evidentemente,	se	o	menor	se	estabelecer	sem	economia	
própria,	necessitará	da	autorização	paterna	ou	materna	para	obter	a	emancipação.
3.4.3.4 Dos impedimentos ao exercício da atividade 
empresarial
O	Direito	Brasileiro	enumera	as	pessoas	impedidas	de	exercer	atividades	
de	empresário	individual,	embora	sejam	elas	capazes.	Eis	algumas:
1		Os	funcionários	públicos,	estaduais	e	municipais.
2		O	Presidente	da	República.
3		O	governador	do	Estado.
4		O	prefeito.
5		Os	magistrados	vitalícios	e	membros	do	Ministério	Público.
6		Os	falidos	(enquanto	não	forem	legalmente	reabilitados,	tendo	sido	declaradas	
extintas	todas	as	suas	obrigações).
7		Os	médicos,	na	exploração	de	farmácia.
IMPORTANT
E
O Código Civil, no seu art. 973, trata do assunto abordado: 
A pessoa legalmente impedida de exercer atividade própria de empresário, se a exercer, 
responderá pelas obrigações contraídas. (BRASIL, 2013).
Os	magistrados,	quais	sejam,	os	juízes,	desembargadores	e	ministros	dos	
tribunais	superiores,	não	podem	exercer	a	atividade	de	empresário	ou	participar	
de	sociedade	empresária,	inclusive	de	economia	mista,	exceto	como	acionista	ou	
cotista.	Não	podem,	 no	 entanto,	 exercer	 cargo	de	direção,	 tais	 como	gerentes,	
diretores,	nem	serem	membros	de	Conselho	Fiscal.
TÓPICO 2 | CONCEITO DE DIREITO EMPRESARIAL E EMPRESÁRIO
25
Já	 os	 médicos	 são	 proibidos	 de	 exercer	 a	 profi	ssão	 com	 interação	
ou	 dependência	 de	 farmácia,	 indústria	 farmacêutica,	 óptica	 ou	 qualquer	
organização	destinada	à	fabricação,	manipulação,	promoção	ou	comercialização	
de	produtos	de	prescrição	médica,	qualquer	que	seja	sua	natureza.	Também	não	
podem	os	médicos	exercer	simultaneamente	a	Medicina	e	a	Farmácia,	tal	como	
determina	a	Resolução	do	Conselho	Federal	de	Medicina	nº	1.931/2009.
Já	 os	 médicos	 são	 proibidos	 de	 exercer	 a	 profi	ssão	 com	 interação	
ou	 dependência	 de	 farmácia,	 indústria	 farmacêutica,	 óptica	 ou	 qualquer	
organização	destinada	à	fabricação,	manipulação,	promoção	ou	comercialização	
de	produtos	de	prescrição	médica,	qualquer	que	seja	sua	natureza.	Também	não	
podem	os	médicos	exercer	simultaneamente	a	Medicina	e	a	Farmácia,	tal	como	
determina	a	Resolução	do	Conselho	Federal	de	Medicina	nº	1.931/2009.
FONTE: Disponível em: <www.portalmedico.org.br/notasdespachos/CFM/2012/1_2012.pdf>. 
Acesso em: 19 fev. 2013.
Os	funcionários	públicos	não	podem	exercer	individualmente	a	atividade	
empresarial,	mas	podem	ser	acionistas,	cotistas	ou	comanditários,	não	podendo,	
em	hipótese	alguma,	assumir	a	gerência	ou	a	administração	de	uma	sociedade.	
A	desobediência	a	essa	proibição	da	Lei	nº	1.711,	de	1952,	art.	195,	incisos	VI	e	VII,	
não	invalida	os	atos	praticados,	mas	sujeita	os	infratores	a	penas	administrativas,	
tais	como	sua	demissão.
3.4.3.5 Responsabilidade do empresário individual
Conforme	 decisões	 dos	 tribunais,	 em	 empresas	 individuais	 a	
responsabilidade	 por	 obrigações	 contraídas	 recai	 sobre	 os	 patrimônios	
individuais	dos	respectivos	titulares.																
IMPORTANT
E
Vejamos a decisão do Superior Tribunal de Justiça no Acórdão proferido no 
Recurso Especial nº 227393/PR (DJ 29/11/1999): 
Tratando-se de fi rma individual, há identifi cação entre empresa e pessoa 
física, posto não constituir pessoa jurídica, não existindo distinção para 
efeito de responsabilidade entre a empresa e seu único sócio.
Tratando-se	de	empresário	individual,	não	é	possível	separar	sua	fi	rma	de	
sua	pessoa	civil,	para	fi	ns	de	responsabilidade	patrimonial.
Contudo,	com	a	edição	da	Lei	n◦	12.441/2011,	passou	a	ser	permitida	a	
criação	da	Empresa	Individual	de	Responsabilidade	Limitada	(EIRELI),	a	qual	
autoriza	 a	 uma	 única	 pessoa	 física	 ser	 titular	 de	 todo	 o	 capital,	 devidamente	
integralizado.
UNIDADE 1 | DIREITO EMPRESARIAL
26
Esse capital não poderá ser inferior a cem vezes o valor do maior salário 
mínimo	vigente	no	país,	sendo	que	a	quantia	deve	estar	disponível	em	dinheiro,	
bens	ou	direitos.
A	nova	modalidade	jurídica	restringe	a	responsabilidade	do	empresário	
individual	 ao	 capital	 da	 empresa,	 não	 comprometendo	 a	 totalidade	 de	 seu	
patrimônio	pessoal.	
3.4.3.6 Perda da qualidade de empresário individual
Em várias situações pode cessar a qualidade de empresário singular:
1	 Pela	morte.
2	 Pela	desistência	voluntária	ou	abandono	da	profissão.
3	 Pela	falência.
A	morte,	além	de	simbolizar	o	fim	da	vida	da	pessoa	humana,	para	fins	
de	direito	também	causa	a	extinção	do	empresário	individual,	tendo	em	vista	que	
não	pode	haver	a	transferência	de	sua	qualidade	para	seus	herdeiros.
Por	sua	vez,	a	desistência	voluntária	ou	abandono	da	profissão	é	causa	
de	 extinção	 da	 qualidade	 de	 empresário	 individual,	 justamente	 porque	 a	
própria pessoa física do empresário é a força motriz que impulsiona a atividade 
empresarial.
Por	fim,	a	 falência	é	uma	das	 formas	de	extinção,	a	qual	será	objeto	de	
estudo	no	final	desta	unidade,	precisamente	no	Tópico	6.
27
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, a respeito do Direito Empresarial,você viu que:
 Com	o	advento	do	Novo	Código	Civil	brasileiro,	não	se	fala	mais	em	“Direito	
Comercial”,	mas,	sim,	em	“Direito Empresarial”,	sendo	este	um	conjunto	de	
normas	referentes	à	pessoa	do	empresário,	seja	ele	individual	ou	coletivo.
 Para	que	a	pessoa	possa	ser	empresário,	deve	possuir	capacidade	civil	e	não	
estar	legalmente	impedida.	Além	do	mais,	a	fim	de	caracterizar	o	empresário,	
há	a	necessidade	de	preenchimento	de	quatro	condições	básicas,	tais	como:	o	
exercício	de	atividade	econômica,	atividade	organizada,	o	profissionalismo	e	a	
finalidade	lucratividade.
28
Para	 melhor	 fixação	 do	 que	 estudamos	 neste	 tópico,	 classifique	 V	 para	 as	
sentenças	verdadeiras	e	F	para	as	falsas:
(		)	Para	ser	empresário,	não	é	necessária	a	inscrição	na	Junta	Comercial.
(		)	Existem	limitações	ao	exercício	da	atividade	empresarial.
(		)	A	firma	é	o	nome	pelo	qual	o	empresário	individual	será	conhecido.
(		)	O	 patrimônio	 do	 empresário	 individual	 não	 responde	 por	 dívidas	 da	
empresa.
(		)	Uma	das	condições	para	a	caracterização	do	empresário	é	o	profissionalismo.
(		)	O	lucro	é	o	principal	objetivo	da	atividade	empresarial.
(		)	A	morte	do	empresário	individual	não	significa	a	perda	de	sua	qualidade	de	
empresário	individual.
(		)	O	empresário	 individual	poderá	acrescentar	à	 sua	firma	uma	designação,	
caso	já	exista	firma	igual	registrada.
(		)	Para	que	uma	pessoa	possa	ser	empresária,	ela	deve	ter	capacidade	civil	e	
não	estar	legalmente	impedida	de	exercer	esta	atividade.
(		)	O	juiz	de	Direito	pode	ser	empresário.
(		)	A	firma	deve	coincidir	com	o	nome	civil	do	empresário	individual.	
(		)	No	 requerimento	 a	 ser	 encaminhado	 à	 Junta	 Comercial	 para	 o	 registro	
da	firma	individual	não	é	necessário	estar	apontado	o	valor	do	capital	da	
empresa.
Agora,	assinale	a	alternativa	que	apresenta	a	sequência	CORRETA:
a)		(		)	F	–	F	–	F	–	F	–	V	–	V	–	F	–	V	–	V	–	F	–	V	–	F	.
b)		(		)	F	–	V	–	F	–	V	–	F	–	F	–	F	–	V	–	V	–	F	–	V	–	F.
c)		(		)	V	–	V	–	V	–	V	–	F	–	F	–	F	–	F	–	F	–	V	-		F	–	F	.
d)	(		)	F	–	F	–F	–	F	–	V	–	V	–	V	–	F	–	F	–	F	–	V	–	V.
AUTOATIVIDADE
29
TÓPICO 3
DA SOCIEDADE EMPRESÁRIA
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
Este	tópico	é	dedicado	às	sociedades	empresariais,	que	nascem	do	esforço	
de	várias	pessoas	 em	nome	de	um	objetivo	 comum,	o	 lucro.	 Iniciaremos	pelo	
conceito	legal	deste	tipo	de	sociedade.
Também estudaremos como são celebrados os contratos de sociedade e os 
requisitos	do	contrato	social,	assim	como	o	requisito	essencial	para	que	ganhe	a	
personalidade	jurídica.
Vamos aos estudos!
2 CONCEITO
Sobre	as	sociedades	empresariais,	determina	o	artigo	981	do	Código	Civil:	
Celebram contrato de sociedade as pessoas que, reciprocamente, se 
obrigam a contribuir com bens ou serviços para o exercício de atividade 
econômica e a partilha, entre si, dos resultados.	(BRASIL,	2013).
Da	 leitura	deste	dispositivo	 legal	podemos	afirmar	que	uma	sociedade 
empresarial se forma	quando	duas	ou	mais	pessoas	se	reúnem	com	o	propósito	
de	combinarem	esforços	e	bens,	objetivando	repartir	entre	si	os	proveitos	obtidos.	
Para	 alcançarem	 seus	 objetivos,	 exercem	 atividade	 de	 natureza	 econômica,	
voltada	para	a	produção	e	circulação	de	bens	ou	para	a	prestação	de	serviços.
Para	 uma	 sociedade	 ganhar	 personalidade	 jurídica	 é	 necessária	 a	
inscrição	de	seu	contrato	ou	estatuto	social	(ato	constitutivo)	no	registro	que	lhe	
é	peculiar.
Todas as sociedades que possuem seu ato constitutivo inscrito no órgão 
competente	são	reconhecidas	pelo	ordenamento	jurídico	como	sujeitos	de	direito	e	
equiparadas	às	pessoas	físicas.							
3 CONSTITUIÇÃO DE UMA SOCIEDADE
Uma	sociedade,	na	forma	empresarial	ou	simples,	é	constituída	mediante	
contrato	social.
30
UNIDADE 1 | DIREITO EMPRESARIAL
IMPORTANT
E
Prezado(a) acadêmico(a)! Segundo o artigo 997 do Código Civil:
“A sociedade constitui-se mediante contrato escrito, particular ou público. [...]”. (BRASIL, 
2013).
O	contrato	social,	por	sua	vez,	deve	conter,	necessariamente,	as	seguintes	
cláusulas:
I	–	 nome,	nacionalidade,	estado	civil,	profissão	e	residência	dos	sócios,	
se	pessoas	naturais,	e	a	firma	ou	denominação,	nacionalidade	e	sede	
dos	sócios,	se	jurídicas;
II	–	denominação,	objeto,	sede	e	prazo	da	sociedade;
III	 –	 capital	 da	 sociedade,	 expresso	 em	 moeda	 corrente,	 podendo	
compreender	 qualquer	 espécie	 de	 bens,	 suscetíveis	 de	 avaliação	
pecuniária;
IV	–	quota	de	cada	sócio	no	capital	social,	e	o	modo	de	realizá-la;
V – prestações a que se obriga o sócio cuja contribuição consista em 
serviços;
VI	–	pessoas	naturais	incumbidas	da	administração	da	sociedade,	bem	
como seus poderes e atribuições;
VII – a participação de cada sócio nos lucros e nas perdas;
VIII	 –	 se	 os	 sócios	 respondem,	 ou	 não,	 subsidiariamente,	 pelas	
obrigações	sociais.	
(BRASIL,	2013).
A	sociedade	somente	adquire	personalidade	jurídica	(sujeito	de	direitos)	
quando	seu	contrato	social	estiver	arquivado	nos	registros	próprios.
4 DISTINÇÃO ENTRE SOCIEDADE E ASSOCIAÇÃO
Uma sociedade empresária é	formada	por	duas	ou	mais	pessoas,	que	se	
comprometem	a	juntar	capital	ou	trabalho	para	a	realização	de	um	fim	lucrativo.	
Seu	 objetivo	 é,	 portanto,	 econômico.	 Por	 outro	 lado,	 a	 lei	 prevê	 também	 a	
sociedade	sem	fins	lucrativos	ou	econômicos.	São	as	chamadas	associações.
TÓPICO 3 | DA SOCIEDADE EMPRESÁRIA
31
IMPORTANT
E
Conforme o artigo 53 do Código Civil:
 Constituem-se as associações pela união de pessoas que se organizem para fins não 
econômicos. (BRASIL, 2013).
Mesmo	não	tendo	finalidade	lucrativa,	nada	impede	que	uma	associação	
de	caráter	cultural,	ou	altruísta,	mantenha	uma	atividade	econômica	apenas	para	
sobreviver.
A	questão	está	na	destinação	dos	 lucros,	ou	seja,	na	associação	os	 lucros	
são	destinados	à	consecução	dos	objetivos	 ideais	dos	associados.	Na	sociedade	
empresária,	por	sua	vez,	os	lucros	são	repartidos	entre	os	sócios.
A	sociedade,	 assim	 como	 a	 associação,	 tem	 início	 com	 a	 inscrição	 dos	
seus	atos	constitutivos	no	órgão	correspondente.
5 SOCIEDADES NÃO PERSONIFICADAS
Aquelas	sociedades	que	não	possuem	seu	contrato	inscrito	(depositado)	no	
Registro	Público	competente	são	chamadas	de	não	personificadas.	São	exemplos:	
as	sociedades	em	comum	ou	por	conta	de	participação	que,	por	consequência,	
não	são	pessoas	jurídicas.
Essa publicidade decorrente da sua inscrição no órgão competente é para 
que	terceiros	tomem	conhecimento	de	sua	existência,	do	grau	de	responsabilidade	
dos	sócios	e	do	conteúdo	do	seu	contrato	social.
IMPORTANT
E
Por isso, o art. 987 do Código Civil determina: “Os sócios, nas relações entre 
si ou com terceiros, somente por escrito podem provar a existência da sociedade, mas os 
terceiros podem prová-la de qualquer modo”. (BRASIL, 2013). 
32
UNIDADE 1 | DIREITO EMPRESARIAL
Além	disso,	as	 sociedades	não	personificadas	estão	 impossibilitadas	de	
participar	de	licitações,	nas	modalidades	de	concorrência	pública	(Lei	nº	8.666/93).	
E	mais:	não	é	permitido	a	ela	contratar	com	o	poder	público	(CF,	art.195,	&	3º),	
abrir	conta	bancária,	ter	patrimônio	em	seu	nome	etc.
5.1 ESPÉCIES DE SOCIEDADES NÃO PERSONIFICADAS 
	São	duas	as	espécies	de	sociedades	não	personalizadas:																																																			
 
●	 Sociedade em comum: é	 a	 sociedade	 irregular	 ou	 de	 fato,	 cuja	 principal	
consequência	 de	 sua	 existência	 é	 a	 responsabilidade	 ilimitada	 das	 pessoas	
físicas/jurídicas	dos	sócios	pelas	obrigações	sociais,	sendo	que	os	bens	e	dívidas	
sociais	 constituem	 patrimônio	 especial,	 do	 qual	 os	 sócios	 são	 titulares	 em	
comum.	Além	do	mais,	todos	os	sócios	respondem	solidária	e	ilimitadamente	
pelas	obrigações	sociais.
●	Sociedade em contade participação: numa	sociedade	em	conta	de	participação,	
conforme	 artigo	 990	 do	Código	Civil,	 sua	 constituição	 independe	 de	 qualquer	
formalidade	e	pode	provar-se	por	 todos	os	meios	de	direito,	 sem	contar	que	o	
contrato social produz efeito somente entre os sócios e a eventual inscrição de seu 
instrumento	em	qualquer	registro	não	confere	personalidade	jurídica	à	sociedade.
A	sociedade	em	conta	de	participação	constitui-se	de	duas	ou	mais	pessoas,	
uma	delas,	necessariamente,	em	cujo	nome	girarão	os	negócios,	também	denominada	
de	sócio	ostensivo,	que	aparece	perante	terceiros	como	empresário.	O	outro	sócio	é	
o	oculto,	que	não	aparece	nem	trata	com	terceiros.	Toda	a	responsabilidade	pelos	
negócios	é	do	sócio	ostensivo.
IMPORTANT
E
Como determina o artigo 991 do Código Civil: na sociedade em conta de 
participação, a atividade constitutiva do objeto social é exercida unicamente pelo sócio 
ostensivo, em seu nome individual e sob sua própria e exclusiva responsabilidade, participando 
os demais dos resultados correspondentes. 
(BRASIL, 2013).
“A	 falência	 do	 sócio	 ostensivo	 acarreta	 a	 dissolução	 da	 sociedade	 e	
a	 liquidação	 da	 respectiva	conta,	 cujo	 saldo	constituirá	crédito	quirografário”.	
(BRASIL,	2013).
TÓPICO 3 | DA SOCIEDADE EMPRESÁRIA
33
6 SOCIEDADES PERSONIFICADAS
O surgimento das primeiras sociedades foi em decorrência da evolução 
histórica	do	empresário	individual,	tendo	em	vista	a	necessidade	do	agrupamento	
de	comerciantes	com	a	finalidade	de	enfrentar	a	concorrência.
Com	a	evolução	dos	conceitos,	as	sociedades	passaram	também	a	adquirir	
personalidade	jurídica,	pelo	registro	do	seu	ato	constitutivo	(contrato	social)	no	
órgão	público	competente,	sendo,	portanto,	um	sujeito	de	direito.
As	sociedades	que	possuem	seu	ato	constitutivo	devidamente	inscrito	
no	 órgão	competente	são	chamadas	de	sociedades	personificadas.
Há	duas	espécies	de	sociedades	personificadas:
1 A sociedade simples.
2 A sociedade empresária.
6.1 SOCIEDADE SIMPLES
O	art.	982	do	Código	Civil	Brasileiro	faz	a	delimitação	entre	as	sociedades	
empresárias e as sociedades simples: salvo as exceções expressas, considera-se 
empresária a sociedade que tem por objetivo o exercício de atividade própria 
de empresário sujeita a registro (art. 967); e, simples, as demais.	(BRASIL,	2013).
Portando,	 a	 sociedade	 empresária	 é	 a	 pessoa	 jurídica	 que	 exerce,	
profissionalmente,	atividade	econômica	organizada	para	a	produção	ou	circulação	
de	 bens	 ou	 de	 serviços.	 Porém,	 deve,	 antes	 do	 início	 de	 sua	 atividade,	 ter	
obrigatoriamente	inscrito	seus	atos	constitutivos	no	Registro	Público	competente.
Já as sociedades simples não são estruturadas empresarialmente e 
decorrem	das	antigas	sociedades	civis	que	visam	ao	lucro.
Sobre	as	sociedades	simples,	assim	explica	Fiúza	(2004,	p.	888):
A	sociedade	simples	é	aquela	constituída	para	o	exercício	de	atividades	
que	não	sejam	estritamente	empresariais,	como	ocorre	nos	casos	das	
atividades	rurais,	educacionais,	médicas	ou	hospitalares,	de	exercício	
de	 profissões	 liberais	 nas	 áreas	 de	 engenharia,	 arquitetura,	 ciências	
contábeis,	consultoria,	auditoria,	pesquisa	científica,	artes,	esportes	e	
serviço	social.					
 
Inclusive,	de	acordo	com	o	que	determina	o	artigo	1150	do	Código	Civil,	
o registro da sociedade simples é efetuado em lugar diverso das sociedades 
empresariais.	Ou	seja,	perante	o	Registro	Civil	das	Pessoas	Jurídicas:																																																																		
34
UNIDADE 1 | DIREITO EMPRESARIAL
O	 empresário	 e	 a	 sociedade	 empresária	 vinculam-se	 ao	 Registro	
Público	 de	Empresas	Mercantis,	 a	 cargo	 das	 Juntas	Comerciais,	 e	 a	
sociedade	 simples	 ao	 Registro	 Civil	 das	 Pessoas	 Jurídicas,	 o	 qual	
deverá	obedecer	às	normas	fixadas	para	aquele	registro,	se	a	sociedade	
simples	adotar	um	dos	tipos	de	sociedade	empresária.	(BRASIL,	2013).																																																																																													
É	importante	salientar	que	também	são	exemplos	de	sociedades	simples	as	
cooperativas,	conforme	determina	o	artigo	982	do	Código	Civil.
6.2 SOCIEDADE EMPRESÁRIA
Sociedade	empresária	é	a	pessoa	jurídica	que	exerce,	profissionalmente,	
atividade	econômica	organizada	para	a	produção	ou	circulação	de	bens	ou	de	
serviços.
Há	vários	tipos	de	sociedade	empresária	a	serem	escolhidos	pelos	sócios,	
dentro	de	suas	adequações	e	objetivos.
1	 Da	sociedade	em	nome	coletivo.
2	 Da	sociedade	em	comandita	simples.
3	 Da	sociedade	limitada.
4	 Da	sociedade	anônima.
5	 Da	sociedade	em	comandita	por	ações.
Veja	a	figura	a	seguir.
TÓPICO 3 | DA SOCIEDADE EMPRESÁRIA
35
FIGURA 3 - TIPOS DE SOCIEDADES EMPRESARIAIS 
FONTE: O autor 
Sociedade	em	
comandita por 
ações
Sociedade	em	
comandita 
simples
Sociedade	
em nome 
coletivo
Sociedade	anônima
Sociedade	
limitada
Sociedades	
empresárias
6.3 CLASSIFICAÇÃO DAS SOCIEDADES QUANTO À 
RESPONSABILIDADE DOS SÓCIOS
Quanto	ao	critério	da	classificação	dos	sócios	em	face	à	sua	responsabilidade	
perante	a	sociedade	empresária,	estas	recebem	a	seguinte	classificação:
• Sociedade ilimitada: quando os sócios respondem ilimitadamente pelas 
obrigações	sociais.	Significa	que,	se	o	patrimônio	social	não	for	suficiente	para	
o	pagamento	dos	credores	da	sociedade,	o	saldo	poderá	ser	exigido	dos	sócios,	
nos	seus	patrimônios	particulares.
• Sociedade mista: é aquela em que uma parte dos sócios tem responsabilidade 
limitada e outra tem	responsabilidade	ilimitada.
• Sociedade limitada: t odos os sócios têm responsabilidade limitada ao 
capital	 social	 integralizado	 na	 sociedade,	 não	 respondendo	 com	 seus	
patrimônios	 particulares	 pelas	obrigações	sociais.
Estes	 tipos	de	sociedade,	quanto	à	 responsabilidade	dos	sócios,	podem	
ser assim subdivididas:
1	 Sociedade	Ilimitada:	 sociedade	em	nome	coletivo.
2	 Sociedade	Mista:	 			a)	sociedade	em	comandita	simples.
 b)	sociedade	em	comandita	por	ações.
36
UNIDADE 1 | DIREITO EMPRESARIAL
3	 Sociedade	Limitada:		a)	Sociedade	limitada.
	 																											 			b)	Sociedade	anônima.
IMPORTANT
E
Dentre essas sociedades, são importantes apenas: a sociedade limitada, em 
primeiro plano, e a sociedade anônima, em segundo. Conforme observa Borba (1997, p. 62):
As demais praticamente inexistem, pois, envolvendo a responsabilidade 
ilimitada de todos ou de alguns sócios, perderam a preferência do meio 
comercial. [...] Assim, as que existiam foram transformadas, e novas não 
se constituíram. Restam pouquíssimas, sendo sempre citada, como 
exemplo remanescente de sociedade em nome coletivo, “Klabin Irmãos 
& Cia”, mantida como tal por apreço à tradição.
6.4 SOCIEDADE EM NOME COLETIVO
A	sociedade	em	nome	coletivo	é	o	tipo	societário	em	que	todos	os	sócios	
têm	 obrigações	 ilimitadas,	 respondendo	 particularmente	 com	 seus	 bens	 pelos	
compromissos	 sociais.	 Porém,	 é	 importante	 frisar	 que	 esta	 responsabilidade	 é	
subsidiária,	uma	vez	que	os	bens	pessoais	dos	sócios	somente	serão	utilizados	para	
pagamento	de	dívidas	quando	inexistirem	bens	suficientes	da	própria	sociedade.
UNI
É o que diz o art. 1.024 do Código Civil: “Os bens particulares dos sócios não 
podem ser executados por dívidas da sociedade, senão depois de executados os bens 
sociais”. (BRASIL, 2013). 
Além	do	mais,	somente	pessoas	físicas	podem	tomar	parte	na	sociedade	
em nome coletivo.
6.5 SOCIEDADE EM COMANDITA SIMPLES 
Numa	sociedade	em	comandita	simples	há	duas	categorias	de	sócios:	os	
comanditados,	que	são	pessoas	físicas,	responsáveis	solidária	e	ilimitadamente	
com	seus	patrimônios	particulares	pelas	obrigações	sociais,	de	forma	subsidiária;	
e os comanditários,obrigados	 somente	 pelo	 valor	 de	 suas	 quotas,	 devendo	 o	
contrato	social	discriminar	a	qual	categoria	os	sócios	pertencem.
 
TÓPICO 3 | DA SOCIEDADE EMPRESÁRIA
37
Os sócios comanditados são os administradores da sociedade e somente 
eles	podem	usar	a	firma	ou	a	razão	social,	integrando	inclusive	o	seu	nome	na	firma	
da	sociedade.	Desse	modo,	a	firma	ou	a	razão	social	será	composta	do	nome,	por	
extenso	ou	abreviadamente,	de	um,	alguns	ou	de	todos	os	sócios	comanditados.
Ao	 sócio	 comanditário,	 por	 sua	 vez,	 é	 vedado	 utilizar	 o	 seu	 nome	 na	
razão	social	ou	até	mesmo	praticar	qualquer	ato	de	gestão	interna	ou	externa	da	
sociedade,	sob	pena	deste	assumir	responsabilidade	solidária	e	ilimitada.
UNI
Os comanditários limitam-se ao direito de fiscalizar os negócios sociais. Diz o 
art. 1021 do C.C.: Salvo estipulação que determine época própria, o sócio pode, a qualquer 
tempo, examinar os livros e documentos, e o estado da caixa e da carteira da sociedade. 
(BRASIL, 2013).
6.6 SOCIEDADE EM COMANDITA POR AÇÕES
De	acordo	com	o	artigo	1.090	do	Código	Civil:	A	sociedade	em	comandita	
por	ações	tem	o	capital	dividido	por	ações,	regendo-se	pelas	normas	relativas	à	
sociedade	anônima,	sem	prejuízo	das	modificações	constantes	deste	Capítulo,	e	
opera	sob	firma	ou	denominação.	(BRASIL,	2013).
Neste	tipo	de	sociedade	há	duas	categorias	de	sócios:
a) Diretores: que têm responsabilidade subsidiária e ilimitada pelas obrigações 
sociais.
b)	Acionistas:	que	respondem	apenas	pelo	valor	das	ações	subscritas	ou	adquiridas.
Portanto,	 a	 sociedade	 possui	 sócios	 de	 responsabilidade	 limitada	 e	 de	
responsabilidade	ilimitada.
A	 sociedade	 em	 comandita	 por	 ações	 pode,	 em	 lugar	 de	 firma,	 adotar	
denominações	designativas	do	objeto	 social,	 aditada	da	 expressão	 “comandita	
por	ações”.	Esta	sociedade	não	tem	conselho	de	administração,	mas	precisa	ter	
assembleia	geral	e	conselho	fiscal.
38
UNIDADE 1 | DIREITO EMPRESARIAL
Por	 fi	m,	 a	 assembleia	 geral	 não	 pode,	 sem	 o	 consentimento	 dos	
diretores,	 mudar	 o	 objeto	 essencial	 da	 sociedade,	 prorrogar-lhe	 o	 prazo	 de	
duração,	 aumentar	 ou	 diminuir	 o	 capital	 social,	 criar	 debêntures	 ou	 partes	
benefi	ciárias.
FONTE: Disponível em: <www.procon.sp.gov.br/texto.asp?id=671>. Acesso em: 26 fev. 2013.
6.7 DA SOCIEDADE COOPERATIVA
As	sociedades	cooperativas	são	criadas	para	a	prestação	de	serviços	aos	
seus	associados,	sendo	esta	sua	característica	básica.
Bulgarelli	(2000,	p.	34)	afi	rma	sobre	o	propósito	básico	da	cooperativa	o	
seguinte:
Encontra-se	 e	 se	 exprime	 na	 formação	 de	 uma	 empresa	 comum,	
formada	 pelos	 que	 têm	 as	 mesmas	 necessidades,	 empresa,	 essa,	
capaz	 de	 atendê-los	 proporcionalmente.	 [...]	 Sociologicamente	 (a	
cooperativa),	adotou	como	fundamento	a	lei	da	cooperação,	e	não	a	
da	concorrência;	economicamente,	tem	como	fi	nalidade	a	melhoria	das	
condições	econômicas	através	da	criação	de	uma	empresa	de	interesse	
comum,	destinada	a	prestar	serviços	a	seus	associados,	afastando	os	
intermediários,	que	encarecem	indevidamente	os	custos.
Atua,	 assim,	 a	 cooperativa	 no	 mercado,	 eliminando	 intermediários	
e	obtendo,	 em	razão	disto,	maiores	vantagens	patrimoniais.	É	próprio	destas	
sociedades	realizarem	negócios,	embora	em	seu	nome,	para	o	sócio,	a	quem	irão	
defl	uir	os	resultados	positivos,	chamados	de	“sobras”.
FONTE: Disponível em: <www.jusbrasil.com.br/.../djsp-judicial-1a-instancia-capital-04-07-201...>. 
Acesso em: 26 fev. 2013.
Em	apoio	a	este	entendimento,	explica	Ricardo	Mariz	de	Oliveira	(1996,	
p.	65)	que	“(as	cooperativas)	existem	para	trabalhar	por	seus	associados,	e,	por	
isto	mesmo,	os	lucros	que	são	gerados	por	seu	intermédio	não	lhes	pertencem,	
nem	originalmente,	porque	originalmente	eles	já	se	destinam	aos	que	atuam	em	
atividades	econômicas	de	forma	cooperada”.
Desta	 feita,	 a	 Lei	 nº	 5.764,	 de	 16.11.1971,	 que	 é	 a	 lei	 federal	 que	 trata	
especialmente	das	 	 sociedades	 cooperativas,	 adotou	os	princípios	doutrinários	
do	 cooperativismo,	 aprovados em	 1966,	 pelo	 Congresso	 de	 Viena.	 Ou	 seja,	
adesão	 livre,	 gestão	 democrática,	 retorno	 dos	 excedentes	 aos	 associados	
proporcionalmente	às	operações	realizadas	junto	à	cooperativa,	juros	limitados	
sobre	o	capital	e	desenvolvimento	da	educação	cooperativa.																																			
Reconheceu,	 outrossim,	 o	 princípio	 da	 cooperação	 e	 a	 fi	nalidade	 não	
lucrativa	da	sociedade.	 
TÓPICO 3 | DA SOCIEDADE EMPRESÁRIA
39
FONTE: Disponível em: <www.procon.sp.gov.br/texto.asp?id=671>. Acesso em: 26 fev. 2013.
O	 capital	 é	 ilimitado	 e	 variável,	 em	 conformidade	 com	 o	 número	 de	
associados	que	entrem	ou	saiam.	Há	impossibilidade	do	ingresso	na	cooperativa	
de	quem	opere	no	mesmo	campo	econômico	(art.	29,	§	4º	da	Lei	Cooperativista).
O	 retorno	 das	 sobras	 na	 proporção	 às	 operações	 realizadas	 (o	 que	
implica	 rigoroso	 controle	 dessas	 operações),	 a	 igualdade	 de	 direitos	 entre	
os	 associados	 (arts.	 37,	 38,	 §	 3º	 e	 42)	 e	 a	 impossibilidade	 de	 distribuição	
de	qualquer	 espécie	 de	 benefício	 às	 quotas-partes	 do	 capital,	ou	 estabelecer	
outras	 vantagens	 ou	 privilégios,	 fi	nanceiros	 ou	 não,	 em	 favor	 de	 quaisquer	
associados	ou	terceiros,	impossibilita	que	se	utilize	a	cooperativa	como	fachada	
para	evasão	fi	scal.
FONTE: Adaptado de: <https://www.plenum.com.br/plenum_jp/lpext.dll/.../14bb?...>. Acesso em: 
26 fev. 2013.
O	retorno	das	sobras	líquidas	é	atribuído,	em	proporção,	às	operações	
que o associado tiver efetuado com a sociedade e não em função do valor ou 
quantidade	das	quotas	que	possuir.	 Isto	quer	dizer	que,	como	regra,	o	produto	
econômico	do	trabalho	dos	associados	a	eles	retorna	(deduzidos,	por	exemplo,	
os	custos	da	cooperativa).
FONTE: Disponível em: <www.iob.com.br/bibliotecadigitalderevistas/bdr.dll?f...>. Acesso em: 26 
fev. 2013
Aqui	 temos	 importante	 aspecto	 a	diferenciar	 as	 cooperativas	de	outras	
sociedades	que	costumam	remunerar	os	sócios,	de	acordo	com	sua	participação	
no	capital.	Por	isso	é	que	o	associado	não	passa	a	usufruir	de	qualquer	vantagem	
diretamente	pelo	fato	de	possuir	quotas-partes.	Estas	servem,	basicamente,	para	
injetar	capital	social	que	possibilite	o	funcionamento	da	cooperativa.	O	associado	
não	passa	a	exercer	qualquer	outro	direito	pelo	fato	de	ser	quotista.
6.8 DA SOCIEDADE LIMITADA
A	sociedade	limitada	surgiu	tendo	como	garantia	aos	sócios	a	não	afetação	
de	seu	patrimônio	particular	pelas	dívidas	da	sociedade,	salvo	se	o	sócio	praticou	
ato	com	excesso	de	poderes	ou	infração	da	lei,	do	contrato	social	ou	estatutos.
A	lei	exige	que	os	sócios-quotistas	apenas	integralizem	o	capital	social.
É	o	que	determina	o		art.	1.052	do	Código	Civil:	Na sociedade limitada, a 
responsabilidade de cada sócio é restrita ao valor de suas quotas, mas todos 
respondem solidariamente pela integralização do capital social.	(BRASIL,	2013).
Assim,	uma	vez	 integralizado	o	capital	 social,	 cessa	a	 responsabilidade	
dos	sócios,	e	os	seus	bens	particulares	não	respondem	pelas	obrigações	sociais.
40
UNIDADE 1 | DIREITO EMPRESARIAL
Contudo,	se	não	houver	a	integralização	do	total	do	capital	social,	previsto	
no	contrato	social,	a	responsabilidade	entre	os	sócios	será	solidária	até	que	seja	
completado	 o	 montante	 do	 capital	 que	 falta,	 mesmo	 que	 um	 deles	 já	 tenha	
completado	a	sua	parte	no	capital.
6.8.1 Constituição da sociedade
A	 sociedade	 poderá	 ser	 constituída	 através	 de	 instrumento	 particular	
ou	 por	 instrumento	 público,	 sendo	 que	 em	 qualquer	 hipótese	 será	 inscrito	
(depositado)	no	“registro	público	competente”,	dentro	dos	30	dias	subsequentes	
à	sua	constituição.
No	caso	do	 socioquotista	não	 integralizar	 a	 sua	parte	no	 capital	 social,	
os	outros	sóciospodem	 tomá-la	para	 si	ou	 transferi-la	a	 terceiros,	 excluindo	o	
primitivo	 titular	 e	devolvendo-lhe	 o	 que	 houver	 pago,	 deduzidos	 os	 juros	 de	
mora,	as	prestações	estabelecidas	no	contrato	e	as	despesas.
6.8.2 Formação do seu nome social
A	sociedade	pode	adotar	tanto	firma	social	ou	denominação.	Ambas	devem	
sempre	ser	seguidas	da	palavra	Limitada,	que	pode	ser	usada	abreviadamente:	
Ltda.	(C.C.,	art.	1.158).	A	omissão	da	palavra	Limitada	determina	a	responsabilidade	
solidária	e	ilimitada.
a) Firma ou razão social:	conforme	o	§	1º	do	art.	1.158	do	Código	Civil:	A firma 
será composta com o nome de um ou mais sócios, desde que pessoas físicas, de 
modo indicativo da relação social.	(BRASIL,	2013).
	 Deverá	 ser	 acrescida	 da	 palavra	 LTDA,	 ou	 Limitada.	 Sempre	 que	 se	
omitir	o	nome	de	pelo	menos	um	deles,	acrescentam-se	as	palavras	&	Cia.	Ltda.	
Por	exemplo,	se	José	dos	Anzóis	e	Ambrósio	de	Abreu	constituem	uma	sociedade	
limitada,	esta	poderá	ter	como	nome	empresarial:	José	dos	Anzóis	&	Cia.	Ltda.,	
ou	Anzóis	&	Abreu	Ltda.	
Caso	ocorra	o	falecimento,	exclusão	ou	retirada	do	sócio	que	emprestou	
seu	nome	para	a	formação	do	nome	social,	deverá	ser	procedida	uma	alteração	do	
contrato	social.	Uma	vez	que,	de	acordo	com	o	art.	1.165	do	Código	Civil:	o nome 
de sócio que vier a falecer, for excluído ou se retirar, não pode ser conservado 
na firma social.	(BRASIL,	2013).
b) Denominação:	pode	ser	composta	por	uma	expressão	fantasia,	sendo	permitido	
nela	figurar	o	nome	de	um	ou	mais	sócios.	Deve	designar	o	objeto	da	sociedade.	
Seu	nome	deve	sempre	ser	acrescido	da	palavra	limitada.	Por	exemplo:	Anzóis	
Oficina	Mecânica	Ltda.					
TÓPICO 3 | DA SOCIEDADE EMPRESÁRIA
41
6.8.3 Da administração 
O contrato social deve determinar quem possui os poderes de 
representação	 da	 sociedade,	 ou	 seja,	 o	 administrador.	 Terceiros,	 não	 sócios,	
podem	 ser	 administradores	 da	 sociedade,	 como	 acontece	 nas	 sociedades	
anônimas,	desde	que	o	contrato	permita	e	haja	a	aprovação	unânime	dos	sócios.						
IMPORTANT
E
Dispõe o art. 1.061 do Código Civil que: 
se o contrato permitir administradores não sócios, a designação deles 
dependerá da aprovação da unanimidade dos sócios, enquanto o 
capital não estiver integralizado, e de dois terços, no mínimo, após a 
integralização. (BRASIL, 2013).
Importante	salientar	que,	havendo	excesso	de	mandato	ou	atos	praticados	
com	 violação	 do	 contrato	 ou	 da	 lei,	 o	 sócio-gerente	 responde,	 perante	 a	
sociedade	 e	perante	 terceiros,	limitadamente,	com	os	seus	bens	particulares.
6.8.4 Das quotas e sua transferência
Numa	sociedade	limitada,	o	capital	social	divide-se	em:	quotas,	iguais	ou	
desiguais,	cabendo	uma	ou	diversas	a	cada	sócio.
Em	caso	de	omissão	do	contrato,	segundo	o	artigo	1.057	do	Código	Civil	
Brasileiro,	um	dos	sócios	pode	ceder	suas	quotas	a	terceiros,	sem	a	anuência	dos	
demais	sócios,	desde	que	não	haja	oposição	de	titulares	de	mais	de	um	quarto	do	
capital	social.
6.8.5 Conselho fiscal
O	contrato	social	ou	o	estatuto	social	pode	instituir	conselho	fiscal	composto	
de	 três	ou	mais	membros	e	respectivos	suplentes,	sócios	ou	não,	residentes	no	
país,	eleitos	na	assembleia	anual.	Os	sócios	minoritários	que	representarem	um	
quinto	do	 capital	 social	poderão	 indicar	pelo	menos	um	membro	do	 conselho	
fiscal.
A	 função	 deste	 órgão	 social,	 além	 daquelas	 estipuladas	 no	 próprio	
contrato	 social,	 é	 a	 de	 fiscalizar	 a	 atuação	 dos	 administradores	 da	 sociedade,	
exigindo	destes	a	prestação	de	informações,	além	do	exame	de	livros	e	papéis	da	
sociedade.
42
UNIDADE 1 | DIREITO EMPRESARIAL
6.9 DA SOCIEDADE ANÔNIMA
As	sociedades	anônimas	ou	companhias	 são	uma	espécie	de	 sociedade	
empresarial,	 	 reguladas	 por	 lei	 especial,	 qual	 seja,	 a	 Lei	 nº	 6.404/1976.	 São	
formadas,	 a	maior	 parte	 das	vezes,	 com	 o	 objetivo	 de	 realização	 de	 grandes	
empreendimentos e que necessitam do emprego de elevado valor para a 
formação	de	 seu	 capital	 social,	 o	 que	 geralmente	 necessita	 da	participação	de	
muitas	pessoas,	os	chamados	acionistas.
ESTUDOS FU
TUROS
Prezado(a) acadêmico(a)! Tendo em vista a grande importância que o tema 
Sociedade Anônima possui no Direito Eempresarial, vamos abordá-lo com profundidade no 
Tópico 4.
43
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico apresentamos conceitos de sociedades não 
personificadas e personificadas.
•		 Aprendemos	 que	 as	 sociedades	 não	 personificadas	 são	 aquelas	 que	 não	
possuem seus atos constitutivos (contrato social) depositados (inscritos) no 
registro público	competente.	Temos	como	exemplos	as	sociedades	em	comum	
ou	por	conta	de	participação,	que,	por	consequência,	não	são	pessoas	jurídicas.
•		 Por	 sua	vez,	as	 sociedades	personificadas	 são	aquelas	que	estão	 legalmente	
constituídas.	 São	 exemplos:	 a	 sociedade	 em	 nome	 coletivo,	 a	 sociedade	 em	
comandita	simples,	a	sociedade	 limitada,	 a	 sociedade	anônima,	 a	 sociedade	
em	comandita	por	ações	e	as	sociedades	cooperativas.
44
Responda	às	questões:
1		 Sobre	a	Sociedade	Empresária,	assinale	a	alternativa	CORRETA:
a) ( ) Celebram contrato de sociedade as pessoas que reciprocamente se 
obrigam	a	contribuir	com	bens	ou	serviços	para	o	exercício	de	atividade	
econômica	e	a	partilha	entre	si	dos	resultados.
b)	 (		)	Celebram	contrato	de	sociedade	somente	as	pessoas	físicas.
c)	 (		)	Numa	sociedade	empresária	de	 responsabilidade	 ilimitada,	o	 capital	
social	é	dividido	em	ações.
d)	(		)	A	sociedade	empresária	é	formada	por	uma	pessoa,	que	se	compromete	
a	juntar	capital	ou	trabalho	para	a	realização	de	um	fim	lucrativo.
2		 Sobre	as	Sociedades	Empresariais,	assinale	a	alternativa	CORRETA:
a)	 (		)	Aquelas	sociedades	que	não	possuem	seu	contrato	inscrito	(registrado	
e	 arquivado)	 no	 registro	 público	 competente	 são	 chamadas	 de	 não	
personificadas.
b)	 (		)	A	sociedade	anônima	é	a	sociedade	irregular	ou	de	fato,	cuja	principal	
consequência	de	sua	existência	é	a	responsabilidade	ilimitada	das	pessoas	
físicas/jurídicas	 dos	 sócios	 pelas	 obrigações	 sociais,	 sendo	 que	 os	 bens	
e	 dívidas	 sociais	 constituem	 patrimônio	 especial	 do	 qual	 os	 sócios	 são	
titulares	em	comum.	Além	do	mais,	todos	os	sócios	respondem	solidária	e	
ilimitadamente	pelas	obrigações	sociais.
c)	 (		)	Numa	sociedade	em	comandita	por	ações,	sua	constituição	independe	
de	qualquer	formalidade	e	pode	provar-se	por	todos	os	meios	de	direito,	
sem	contar	que	o	contrato	social	produz	efeito	somente	entre	os	sócios,	e	
a eventual inscrição de seu instrumento em qualquer registro não confere 
personalidade	jurídica	à	sociedade.
d)	(	 	 )	As	 sociedades	 anônimas	 não	 são	 estruturadas	 empresarialmente,	 e	
decorrem	das	antigas	sociedades	civis	que	visam	ao	lucro.	
3		 Quanto	ao	critério	da	classificação	dos	sócios	em	face	da	sua	responsabilidade	
perante	a	sociedade	empresária,	assinale	as	alternativas	CORRETAS:
a)	 (	 	 )	Sociedade	mista:	 todos	 os	 	 sócios	 têm	 responsabilidade	 limitada	 ao	
capital	 social	 integralizado	 na	 sociedade,	 não	 respondendo	 com	 seus	
patrimônios	particulares	pelas	obrigações	sociais.	
b)	 (		)	Sociedade	ilimitada:	quando	os	sócios	respondem	ilimitadamente	pelas	
obrigações	sociais.	Significa	que,	se	o	patrimônio	social	não	for	suficiente	
para	o	pagamento	dos	credores	da	sociedade,	o	saldo	poderá	ser	exigido	
dos	sócios,	nos	seus	patrimônios	particulares.	
AUTOATIVIDADE
45
c)	 (		)	Sociedade	mista:	é	aquela	em	que	parte	dos	sócios	tem	responsabilidade	
limitada	e	outra	tem	responsabilidade	ilimitada.
d)	(		)		Sociedade	 limitada:	 todos	os	 	sócios	 têm	responsabilidade	 limitada	ao	
capital	 social	 integralizado	 na	 sociedade,	 não	 respondendo	 com	 seus	
patrimônios	particulares	pelas	obrigações	sociais.	
 
4		 Com	 relação

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