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AULA 1 geografia

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CONTEUDO, METODOLOGIA E PRÁTICA DO ENSINO DE HISTÓRIA E GEOGRAFIA
Aula 1: O tempo de mercúrio e o Tempo de vulcano
O pensamento Positivista
O positivismo foi uma doutrina que englobou tanto perspectivas filosóficas como cientificas do século XIX.
Surgiu com o desenvolvimento do iluminismo, das crises social e moral do fim da Idade Média e do nascimento da sociedade industrial.
O Positivismo pregava a redução dos fenômenos a um conteúdo físico e a um encadeamento, que faz as ciências interagirem ao redor desse conteúdo físico, fragmentando-o por seus dados em diferentes campos e métodos específicos.
Tudo isso tinha como meta obter resultados claros, objetivos e completamente corretos.
Ciência: Defendia a ideia de que o conhecimento científico é a única forma de conhecimento verdadeiro. Assim sendo, desconsiderava todas as outras formas do conhecimento humano que não podiam ser comprovadas cientificamente.
Crença: Defendia a ideia de que o conhecimento científico é a única forma de conhecimento verdadeiro. Assim sendo, desconsiderava todas as outras formas do conhecimento humano que não podiam ser comprovadas cientificamente.
Os seguidores desse movimento acreditavam num ideal de neutralidade, isto é, na separação entre o pesquisador/autor e sua obra. Para os Positivistas, o progresso da humanidade dependia única e exclusivamente dos avanços científicos, único meio capaz de transformar a sociedade e o planeta Terra.
Augusto Comte, autor do movimento, afirmava que o homem passou por três estágios em suas concepções, isto é, na forma de conceber as suas ideias e a realidade:
Teológico: 
O ser humano explica a realidade apelando para entidades supranaturais (os "deuses"), buscando responder a questões como "de onde viemos?" e "para onde vamos?".
Metafísico: 
É uma espécie de meio-termo entre a teologia e a positividade. No lugar dos deuses, há entidades abstratas para explicar a realidade: o Éter*, "o Povo", "o Mercado financeiro" etc. Continua-se a procurar responder a questões como "de onde viemos?" e "para onde vamos?" e procurando o absoluto.
“O ÉTER” para os antigos gregos, o éter seria a matéria que permeava o cosmos, o quinto elemento, o ar brilhante superior, de densidade menor que a do ar, assim definido em substituição ao vácuo.
Positivo: 
Etapa final e definitiva, não se busca mais o "porquê" das coisas, mas sim o "como", através da descoberta e do estudo das leis naturais, ou seja, relações constantes de sucessão ou de
Coexistência. A imaginação subordina-se à observação e busca-se apenas pelo observável e concreto.
O positivismo na Geografia e na História
Você aprendeu que a essência do Positivismo foi a redução de todos os fenômenos a um conteúdo físico, ou seja, só se tornava verdade o que pudesse ser observado. E, nisso, a Geografia acompanhou o plano referencial da época.  
Deixou de ser holística (ser indivisível, não podendo ser entendida através de uma análise separada de suas diferentes partes) para se tornar uma ciência pulverizada e especializada com seus saberes fragmentados. 
Surgem várias “Geografias” como a geomorfologia, a biogeografia, a climatologia etc. A descrição, a enumeração e a classificação dos fatos referentes ao espaço constituem o seu método
Os homens passam a ser estudados na Geografia Humana, através do tema população pelos dados quantitativos de crescimento, distribuição, expectativa de vida, natalidade e mortalidade. Mas, o mais grave, é que todas essas “Geografias” não se inter-relacionavam.
No que concerne a Geografia dos professores (a que era ensinada) apresentava um conhecimento meramente informativo, com uma coleção de dados quantitativos que exigiam muito mais a memorização do que a análise. Daí a velha fala de que “a Geografia é pura decoreba”.
RECURSOS NATURAIS E PRODUÇÃO
POPULAÇÃO
VEGETAÇÃO-HIDROGRAFIA
CLIMA RELEVO
DADOS POLITICOS
Muitos autores classificaram essa forma de ensinar como um sacrifício para os alunos, pois exigia a retenção de muitas informações, que na maioria das vezes não possuía significado para eles. O programa usado era formado das famosas “gavetinhas” ou seja, saberes que se bastavam por si só aplicados aos estados, países e continentes:
Quanto à História, poderíamos iniciar pela expressão que retrata muito bem o seu momento positivista: “História não é arte, mas uma ciência pura”.
Para os positivistas, a História é formada pela cronologia e o que está realmente significa em si, ou seja, a busca incessante de fatos históricos e sua comprovação empírica.
Utilizavam na pesquisa/análise o máximo de documentos possíveis para obter a totalidade sobre os fatos e não deixar nenhuma margem de dúvida no que se refere à sua compreensão.
A busca desses fatos deveria ser feita por mentes neutras, pois qualquer juízo de valor na pesquisa ou análise alteraria o sentido e a verdade, modificando pois, a própria História.
Excluía as tensões, os conflitos e todas as manifestações da vida social que não concorressem para a ordem e funcionamento da sociedade.
 HISTORIA
A abordagem positivista do ensino da História implicou numa metodologia fundamentada na aula expositiva, na qual os alunos eram ouvintes passivos e contemplativos. O sujeito da aprendizagem tornava-se então, um receptáculo que deveria registrar os conteúdos transmitidos pelo professor e reproduzi-los de modo mais fiel possível.
Os conteúdos, geralmente, os “grandes acontecimentos históricos e políticos” eram apresentados como fatos prontos e acabados, não passíveis de reflexão e interpretação por parte dos alunos. A História portanto, era factual e sequencial, que em geral se iniciava na data mais remota possível até chegar aos dias de hoje. O pressuposto básico da História dessa época é que “só se entende o presente a partir dos fatos passados”.
Questão para reflexão: 
Será que essa modalidade de ensino da Geografia e História do século XIX (Positivista) ainda é feita em pleno século XXI?
O Pensamento Marxista
O Marxismo é o conjunto de ideias filosóficas, econômicas, políticas e sociais elaboradas primariamente por Karl Marx e Friedrich Engels e desenvolvidas mais tarde por outros seguidores. Baseado na concepção do materialismo histórico e da dialética da História, interpreta a vida social conforme a dinâmica da base produtiva (o trabalho) das sociedades e das lutas de classes daí consequentes.
MATERIALOISMO HISTORICO
Doutrina filosófica que considera as formas de produção econômica como os fatores realmente determinantes do desenvolvimento.
DIALETICA
É um método de diálogo cujo foco é a contraposição de ideias que leva a outras ideias. Para a dialética, as coisas não são analisadas na qualidade de objetos fixos, mas em movimento: Nenhuma coisa está “acabada”, encontrando-se sempre em vias de se transformar, desenvolver; o fim de um processo é sempre o começo de outro.
O marxismo compreende o homem como um ser social históricos que possui a capacidade de trabalhar e desenvolver a produtividade pela sua atividade, o que o diferencia dos outros animais e possibilita o progresso de sua emancipação.
Fruto de décadas de colaboração entre Karl Marx e Friedrich Engels, o marxismo influenciou os mais diversos setores da atividade humana ao longo do século XX, desde a política e a prática sindical até a análise e interpretação de fatos sociais, morais, artísticos, históricos e econômicos
O MARXISMO NA GEOGRAFIA E NA HISTORIA
A Geografia sob a ótica do Marxismo, também chamada de Geografia Crítica, pode ser bem entendida pela afirmativa de Yves Lacoste: “É necessário pensar o espaço, para saber nele se organizar, para saber nele combater”.
YVES LACOSTE: É um geografo e geopolítico francês. Em março de 1976, escreveu: A Geografia – Isso serve, em primeiro lugar, para fazer a Guerra. A partir dos anos 1980, Yves Lacoste e os membros da revista herodote se dedicaram aos problemas de geopolíticas internas e externas, em escala regional, nacional, continental e internacional.
O marxismo traz a seguinte questão aos geógrafos: ou a Geografiaé uma ciência da sociedade ou uma ciência da natureza. Nesse sentido, escolhe-se a Geografia como ciência social (da sociedade) e os fenômenos da natureza são destacados enquanto recursos para a vida humana. Para tal, enfatiza a necessidade de engajamento político dos geógrafos e defende a diminuição das disparidades socioeconômicas e regionais.
A teoria marxista da História compreende entre várias teses a teoria da História Materialista, (materialismo histórico), que foi uma proposição efetuada por Marx e que institui uma abordagem economicista para a história da Humanidade. A historiografia marxista ofereceu uma perspectiva importante para a compreensão do passado.  Esta mostrou a importância das massas nos feitos históricos e mostrou que grandiosos homens hoje homenageados não fizeram a história. Indicou que todos os fatos históricos foram motivados pela luta entre as classes existentes na sociedade.
Patrões X Trabalhadores
As classes dominantes exploravam as classes menos favorecidas, obtendo assim ganhos econômicos. Por isso, elas desejavam manter o poder, enquanto as classes que realmente produziam a riqueza, não usufruindo dela, desejavam mudar a situação. Segundo a visão marxista, tudo que aconteceu na história da humanidade foi motivado, direta ou indiretamente, pelo dinheiro ou busca de privilégios de um grupo minoritário sobre os demais, majoritários sozinhos.
O ensino da História mediado pela concepção histórico-social possibilita ao aluno situar e entender a sociedade na época atual, apreendendo o seu movimento, a sua historicidade. Relacionando com questões do presente, professores e alunos procuram entender o passado e outras realidades em espaços diferentes sob a luz da crítica da nossa sociedade. Só quando entendemos criticamente a sociedade burguesa, isto é, quando a entendemos como história, é que podemos compreender as sociedades anteriores, o passado.
Historicidade: colocar em perspectiva temporal e espacial as ações humanas que podem ser depreendidas da análise dos documentos.
Questão para reflexão: 
Como a poesia de Bertolt Brecht, “Perguntas de um trabalhador que lê”, confirma os princípios da História marxista?

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