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17 17.1. Adenite eqiiina (garrotilho). o garrotilho e enfermidade infecto-contagiosa purulenta causada pela infec<;aopor Strep- tococcus equi. A enfermidade caracteriza-se por inflama<;aodo trato respirat6rio "superior", prin- cipalmente de equfdeos jovens, e absceda<;ao dos linfonodos adjacentes. o Streptococcus equi aco- mete mais os equinos jovens por sofrerem frequentes baixas na resistencia, principal mente em tempo frio e umido, desmama, agrupamento de potros em re- cintos de corridas e leil6es, trans- portes prolongados, treinamen- to intensivo e superlota<;ao nas instala<;6es.0 contagio e a fon- te de infec<;ao do garrotilho e 0 corrimento nasal de animais in- fectados, que, ao tossir, espirrar e relinchar espalham pus sob a forma de aerossol contaminan- do a agua, 0 ar e os alimentos, facilitando a difusao da enfer- midade a praticamente todos os animais susceptfveis. o agente etiol6gico e ende- mico nas cria<;6es de equinos e pode ser encontrado nas muco- sas orofarfngea e nasal normal. Nos potros com baixa resisten- cia, 0 germe preexistente na mucosa nasal ou farfngea, ou recem-contaminados, penetram nas glandulas nasais e no teci- do linf6ide farfngeo, causando processo inflamat6rio com ex- sudato seroso ou seromucoso que em dois a quatro dias se transforma em purulento. A se- guir, pelos vasos linfaticos 0 pro- cesso alcan<;aos linfonodos re- gionais que se infartam e so- frem processo purulento, absce- dando e fistulizando nos quatro a dez dias seguintes. Clinicamente os animais afe- tados apresentam, subitamente, anorexia nas primeiras 48 ho- ras antes das descargas nasais. A temperatura podera oscilar entre 39 a 40°C e, posterior- mente, aparece 0 corrimento nasal seroso, que rapidamente se torna copioso e purulento, e a temperatura podera atingir 40 a 41°C. Os linfonodos retrofa- rfngeos apresentam aumento de volume uni ou bilateralmen- te, observando-se tumora<;6es de 5 a 15 em de diametro, que no infcio saG duras, quentes e dolorosas a palpa<;ao. Os animais afetados apre- sentam tosse e espirros que fa- zem escorrer ou expulsar violen- tamente 0 pus nasal e, as ve- zes, ha dificuldade respirat6ria Figura 17.1 SeCre98.0 purulenta nasal - garrotilho. e de deglutic;ao, fazendo com que a animal regurgite a alimen- to pelas narinas e mantenha a cabec;a em extensao. Na evoluc;ao normal da do- enc;a,as linfonodos apresentam flutuac;ao, abscedam e fistulizam em lOa 15 dias, e em mais dais dias a hipertermia cede, po- dendo ocorrer a cura c1rnicaem duas semanas apraximadamen- te. Se a enfermidade se agra- var, a que podera ocorrer em 1 a 2% dos casas, surge forte dis- pneia e pneumonia; pode ainda acontecer a difusao dos mi- craorganismos pelas vias linfa- tica e hematica, comprometen- do muitos outras linfonodos co- mo as faringeanos, submaxi- lares, parotrdeos, etc. o diagn6stico, na maioria dos casas, e c1rnicoe se baseia nas caraderrsticas de surto da doen- c;a, idade dos animais acometi- dos, rinorreia purulenta, tosse, linfadenite satelite e hipertermia. o garrotilho ocasionalmen- te pode deixar sequelas como sinusites, empiema das bolsas guturais, paralisia do nervo la- rrngeo recorrente e formac;ao de abscessos a distancia, principal- mente no mesenterio. Ap6s a acometimento de animais adul- tos, pode ocorrer purpura hemor- ragica, devido ao desenvolvimen- to de sensibilidade a proterna estreptoc6cica. o tratamento e relativamen- te simples e eficaz, e a antibi6- tico de eleic;ao e a penicilina benzatina na dose de 20.000 a 40.000 Ul/kg, par via intramus- cular, repetindo-se a dose 72 horas ap6s a primeira aplicac;ao. Inalac;6es umidas, contendo mucolrticos podem produzir all- via e acelerar a recuperac;ao. Eventualmente, no decorrer da enfermidade, devido ao gran- de aumento de volume dos lin- fonodos, au par intenso em- piema das balsas guturais, pode haver asfixia par compressao larrngea, levando a animal a dis- pneia intensa e cianose. Nestes casas, a intervenc;ao deve ser imediata e a traqueotomia deve ser realizada, sob pena de ocor- rer a morte par asfixia. Passado a surto epidemico au a cura clrnica do animal doente, todos apresentam imu- nidade ao S. equi. Essa imuni- dade e vitallcia, provavelmente porque sempre havera reforc;o natural pela permanencia do agente no indivrduo au no meio ambiente. Os esquemas de vacinac;ao sao muito discutrveis cientifica- mente devido a baixa capacida- de imunogenica das vacinas, porem, a que se observa e que quando animais vacinados con- traem a doenc;a, ela se manifes- ta de forma amena reduzindo sua gravidade. Enfermidade com elevada capacidade infedo-contagiosa, a mormo acomete equrdeos, preferencialmente as muares e as asininos, notadamente das regi6es norte e nordeste do Brasil, devida as condic;6es fa- voraveis de calor e umidade dessas regi6es, associadas as praticas de criac;ao e manejo de animais mantidos agrupados e em ambientes insalubres. o mormo e causado pela Burkho/deira mallei, que e uma baderia gram-negativa im6vel, aer6bia au anaer6bia facultati- va, nao esporulada e nao redu- tora de nitrato; sensrvel a des- secac;ao pelo calor e pela luz, pode sob reviver no meio am- biente par ate 2 meses. o animal se infeda atraves de alimentos, agua e solo con- taminados, par aeross6is, par secrec;6es nasais e fistulizac;ao de abscess as, e, raramente, por urina e fezes contaminadas. A baderia invade a organismo do animal par penetrac;ao na mu- cosa da regiao orafarrngea, da mucosa nasal, da mucosa intes- tinal e par soluc;6es de continui- dade da pele. o perrodo de incubac;aopode levar de tres dias a alguns me- ses sem sinais c1rnicosaparen- tes, paden do, na fase aguda, apresentar apenas edema no peito e ir a 6bito em 24 a 48 ho- ras. Na forma cr6nica, a animal pode se transformar em porta- dor e apresentar apatia, fadiga, febre, tosse e emagrecimento. A doenc;a pode, basicamen- te, se apresentar sob tres formas distintas: a nasal, a pulmonar e a cutanea, sendo que alguns ani- mais, no inrcio da afecc;ao, po- dem apresentar apenas sinais de semiflexao e abduc;aodos mem- bras posteriores. A forma nasal se caraderiza par descarga na- sal serosa que pode ser unilate- ral, transformando-se, com a evoluc;:aodo processo, em puru- lenta fluida de colorac;:aoamare- lo-escura e purulenta-hemor- ragica, Ja, a forma pulmonar manifesta-se por pneumonia lobular com abscedac;:ao caver- nosa e desenvolvimento de pleurite fibrinosa, A forma cut§.- nea apresenta-se com formac;:ao de abscessos subcutaneos e adenopatia, que na face do ani- mal pode apresentar linfonodos e vasos linfaticos superficiais aumentados de volume, o diagn6stico baseia-se na apresentac;:aoc1lnicae na epide- miologia da doenc;:a, notada- mente pelas condic;:oesde insa- lubridade ambiental e pelos si- nais manifestados nas diversas formas de apresentac;:ao da en- fermidade, Laboratorialmente a suspeita pode ser confirmada pelo Teste de Fixac;:aode Com- plemento e 0 Teste da Maleina, determinados pel a legislac;:ao brasileira e pelo C6digo Zoosa- nitario Internacional. Nao ha indicac;:ao de trata- menta para casos de mormo, A legislac;:ao brasileira determina a notificac;:aocompuls6ria ao Mi- nisterio da Agricultura, Pecua- ria e do Abastecimento, a inter- dic;:aoda propriedade e 0 sacri- f1cio e incinerac;:ao dos animais positivos, Sob 0 ponto de vista de Sau- de Publica, a mormo e uma das mais graves zoonoses, poden- do levar 0 paciente a morte, Como medidas profilaticas, os animais nao devem ser man- tidos agrupados em locais insa- lubres, principalmente em re- gioes de c1imaquente e umido, e a desinfecc;:aodo ambiente em que animais doentes se encon- travam, de cochos e bebedouros, deve ser feita com soluc;:aode hipoclorito de s6dio 500 ppm,17.3. Influenza eqUina (gripe eqUina). A influenza equina e uma enfermidade infedo-contagiosa produzida por virus do genero /nf/uenzavrrus tipo A, subtipo equi-1 e equi-'2. Todos os equinos, indepen- dente do sexo, idade e rac;:a,saD senslveis, sendo que 0 contagio se processa atraves do ar e por partlculas umidas que os equi- nos afetados eliminam atraves da tosse, A doenc;:amanifesta-se prin- cipalmente em locais onde exis- tem grandes aglomerados de cavalos, principalmente nos j6- queis c1ubes,sociedades de tro- te, de hipismo e nos haras, afe- tando nas epidemias pratica- mente 100% dos animais, mui- to embora 0 isolamento de ani- mais afetados diminua a pass i- bilidade de contagio dos sadi- os, Nao ha vetores nem trans- missores da doenc;:a, exceto at raves de cavalos doentes. o /nf/uenzavrrus equi-A 1 e menos ratogenico e geralmen- te s6 determina inflamac;:ao na- sofaringea e laringo-traqueal;ja o /nfluenzavrrus equi-A'2 emais patogenico, determinando 0 mesmo processo do equi-A 1, mas tambem bronquite e bron- quiolite e, as vezes, miocardite e encefalite. Os potros jovens saD particularmente susceptl- veis e podem apresentar graves pneumonias e morte, Clinicamente, a enfermidade se inicia por tosse seca e conti- nua, por um perlodo de aproxi- madamente dois a tres dias, se- guida de intensa rinite com ex- sudac;:aoseromucoso que rapi- damente se faz mucosa, visco- sa e espessa, A tosse, nesta fase da evoluc;:ao,se torna mais profunda e umida ou produtiva, com eliminac;:aode exsudato em forma de aerossol contendo 0 virus. A temperatura, durante as fases produtivas do processo respirat6rio, comumente pode atingir 40°C, sendo que nas in- fecc;:oescom 0 subtipo equi-A'2, ou quando se instala infecc;:ao baderiana secundaria atingindo os pulmoes, pode chegar a 41 a 4 1,5°C. Em geral, os cavalos perdem 0 apetite, ficam tristes e, eventual mente, apresentam lacrimejamento, A auscultac;:ao dos pulmoes dos animais gravemente enfer- mos pode revelar estertores e sibilos decorrentes do IIquido contido nos br6nquios e bron- qUlolos,traduzindo complicac;:oes como bronquite e bronquiolite e, as vezes, focos ou areas de si- lencio pulmonar que represen- tam edema ou pneumonia. o diagn6stico e baseado nas caracterlsticas epidemicas da afecc;:aoe na apresentac;:aodos sinais c1lnicos.Ouando 0 quadro se instala em um grupo pequeno de animais ou se apresenta de forma isolada, torna-se necessa- rio 0 diagnostico diferencial com a rinopneumonia equina, que e uma doenc;ac1inicamente similar a influenza, porem causada pelo HerpesvIrus equi-1. Uma particu- laridade da rinopneumonia e que comumente ela nao manifesta sintomatologia respiratoria grave em cavalos adultos. Para 0 diagnostico diferen- cial deve-se colher exsudato nasal, ou lavado das narinas com soluc;ao fisiologica para posteriormente acondicionar 0 material em tubos individuais e remete-Io conservado em gelo a laboratorio especializado. o tratamento da influenza e puramente sintomatico, ja que as drogas disponiveis nao pos- suem nenhuma ac;ao contra 0 virus. Podem ser administrados febrifugos como a dipirona na dose de 5 a 25 mg/kg, 2 vezes ao dia, pela via intramuscular ou intravenosa, procurando-se man- ter a temperatura abaixo dos 40°C. Paralelamente, deve-se prevenir infecc;6es baderianas secundarias com aplicac;ao de tetraciclina a 10 a 20 mg/kg, 2 vezes ao dia, pela via intramus- cular por 5 a 10 dias, ou penici- lina benzatina. Eventualmente, quando hou- ver comprometimento pulmonar grave, geralmente causado pelo subtipo equi-A2, pode-se admi- nistrar dexametasona a 0,05 mg/kg, 1 vez ao dia, pela via in- tramuscular, para se aliviar a in- flamac;ao dos pulm6es. Os cavalos devem ser man- tidos em abrigos protegidos do frio e do vento, e cuidado espe- cial deve ser dado a cama das baias para se evitar a formac;ao de poeira no recinto. As inalac;6es umidas con- tendo mucoliticos e broncodi- latadores podem ser indicadas para aliviar a respirac;ao, e a eli- minac;ao do muco, pela melho- ra da atividade das estruturas mucociliares. Profilaticamente, muito em- bora a influenza nao constitua no Brasil enfermidade grave, devido ao c1ima tropical, pode- se instituir esquema de vacina- c;ao com vacinas preparadas com os subtipos equi-AI e equi- A2 que podem ser aplicadas em duas a tres doses com interva- los de um a tres meses na pri- meira vez, e a seguir pode-se aplicar uma so dose ao ano, ou entao duas doses com interva- 10 de 3 meses, obtendo-se uma boa imunidade. 17.4. Rinopneumonia eqUina. E uma enfermidade causa- da pelo HerpesvIrus equi-1, ca- raderizado por um processo respiratorio agudo e febril de equinos jovens, frequentemen- te complicando-se com infec- c;aobaderiana secundaria. Nos animais adultos 0 HerpesvIrus equi-1 e 0 causador do aborto equino a virus e frequentemen- te responsabilizado por paresia e paralisias por lesao nervosa. Nos animais jovens, princi- palmente entre um e dois anos de idade, 0 virus causa uma en- fermidade muito semelhante a influenza, ocorre febre que pode atingir ate 41°C e que persiste durante 2 a 5 dias, podendo ser acompanhada de tosse e de flu- xo nasal seroso. A tosse pode persistir ate 3 semanas. As con- sequencias da enfermidade nos potros saG muito brandas e fa- cilmente debeladas com a tera- pia adequada. Devido a grande semelhanc;a c1inica com a influ- enza, 0 diagnostico diferencial podera ser feito em laboratorio especializado. No entanto, quan- do na propriedade estiverem ocorrendo casos de aborto sem prodromos, cujos fetos apresen- tem les6es caraderisticas, en- tre 20 a 120 dias antes do apa- recimento do processo respira- t6rio nos potros, e bem possivel que a suspeita de rinopneumo- nia possa ser confirmada. o tratamento e em tudo se- melhante ao da influenza, resu- mindo-se apenas em se evitar as infecc;6es respirat6rias se- cundarias e propiciar boas con- dic;6es higienico-sanitarias. Como a enfermidade no po- tro e branda e facilmente trata- da, nao e rotina vacina-Ios, po- rem as eguas devem ser vaci- nadas de 2 a 4 vezes ao ano, no comec;o da estac;ao de mon- ta e no 6° mes de gestac;ao, pre- ferentemente com vacina com virus inativado e com adjuvante para produzir uma protec;ao adequada. E recomendada a aplicac;ao de doses de reforc;o em intervalos de seis meses. Os potros podem receber a 1a dose aos 4 meses de idade, com re- forc;o vacinal 30 dias apos. 17.5. Aborto eqiHno a virus. o agente e 0 Herpesvirus equi-1 causador da rinopneumo- nia equina em cavalos jovens. Muitas eguas adquirem a in- fecc;ao em locais de grandes concentrac;6es de equinos e nos haras com superlotac;ao. Muito embora nao se conhec;am bem os reservatorios, as fontes e as vias de infecc;ao, sabe-se que e posslvel haver eguas portado- ras do virus devido aos abortos em anos seguidos e 0 isolamen- to do virus em seu feto. Inicialmente, em haras, pode haver a ocorrencia de surto epi- demico com alta taxa de abor- tos, para depois se tornar ende- mico com taxa de aborto ao re- dor de 10%. Uma caracterlstica desse tipo de aborto e que a egua nao apresenta qualquer manifesta- c;ao externa de que esta com problema e vai abortar. 0 abor- to habitual mente ocorre entre 0 70 e 0 110 mes de gestac;ao, po- dendo produzir natimortos ou neonatos enfermos e debilita- dos. A expulsao do feto ocorre rapidamente, acompanhada pela placenta, que e eliminada em torno de 5 minutos. Algumas eguas, excepcio- nalmente, podem manifestar si- nais de desconforto abdominal agudo, antes do abortamento. Estes sinais geralmente SaGin- terpretados pelos profissionais como crises de colica de origem gastrenterica e induzir a tera- peutica voltada para 0 aparelho digestorio, 0 que pode ser um equlvoco. o aborto equino a virus eessencialmente uma afecc;ao do feto, onde 0 virus 0 atinge atra- ves da via hematica sem, no entanto, causar qualquer lesao placentaria. Os fetos abortados com as caracterlsticas acima descritas devem ser examinados junta- mente com a placenta e necrop- siados. A necropsia do feto re- vela les6es vasculares graves com exsudato seroso ou sero- sanguinolento nas cavidades serosas; as mucosas aparentes podem estar ictericas assim como todo 0 tecido subcutaneo. Sao encontradas petequias no bac;o,rins, pleura e, as vezes, no epicardio e endocardio. 0 f1ga- do se apresenta aumentado de volume, congesto e com necro- ses focais puntiformes, embora sejam diflceis de serem vistas. o diagnostico, alem das ca- racterlsticas do aborto e das le- s6es encontradas no feto, pode ser reforc;ado atraves da impres- sao ou esfregac;o de pequeno fragmento do flgado, que apos colorac;ao especifica e observa- do ao microscopio, mostrara in- c1us6es intranucleares que pra- ticamente definem 0 diagnosti- co devido a especificidade da lesao. 0 isolamento e a identifi- cac;aodo virus pode ser feito em laboratorio especializado, que utilizara triturado de f1gado e pulmao para inocular em cere- bro de camundongo e posterior caraderizac;ao do virus. Note bem: e muito importan- te que 0 feto e a placenta se- jam rapidamente remetidos ao laboratorio especializado, prote- gidos em saco plastico bem fe- chado e acondicionado em cai- xa de isopor com gelo. Ouanto mais demorada for a remessa, menores serao as condic;6es de diagnostico laboratorial. As eguas que abortam devi- do a infecc;ao com 0 HerpesvI- rus equi-1 involuem rapidamen- te 0 trato genital como se fosse um parto normal. Alguns auto res referem uma forma paralltica nas eguas in- fedadas pelo Herpesvirus equi- 1 caraderizada por incoordena- c;aomotora que e revertida apos o aborto. Ouando 0 aborto ocorre em torno do 40 ao 110 mes de ges- tac;ao, pode acontecer do potro nascer vivo, porem fraco; as ve- zes consegue ficar em pe para mamar e frequentemente apre- senta problemas respiratorios, morrendo nas primeiras horas apos 0 "nascimento" ou, quan- do muito, resistir ate cerca de quatro a cinco dias. Nao existe tratamento eficaz. A infecc;ao natural sempre acar- reta a formac;ao de anticorpos defendendo temporariamente a egua contra a reinfecc;ao. A vacinac;ao e bastante efi- ciente no controle da doenc;a, devendo ser realizada com 0 uso, preferencialmente, de va- cinas de alto titulo com virus morto pelo formol e com adju- vante. As vacinas vivas nao SaG recomendadas devido aos ris- cos de abortos ou de paralisias. Inicialmente todas as eguas que ira.oentrar em reprodu<;aodevem ser vacinadas, repetindo-se a dose 15 a 30 dias ap6s. A par- tir dai vacinar as eguas no 5°, 7° e 9° mes de gesta<;ao. E uma enfermidade infedo- contagiosa aguda das vias res- pirat6rias superiores dos equi- nos, provocada pela a<;aode um RNA virus. A arterite viral ja foi confun- dida com a influenza e com a rinopneumonia devido a seme- Ihan<;a dos sintomas, porem atualmente sabe-se que saG entidades nosol6gicas distintas. A infec<;ao e de distribui<;ao mundial, muito embora nao se tenha dados precisos sobre a sua epidemiologia e os prejui- zos economicos que possa advir dos casos de aborto quando as eguas prenhes saG infedadas. A arterite acomete potros desde 0 desmame ate um ou dois anos de idade, manifestan- do-se, sobretudo, de forma mais grave em cavalos adultos. A in- fec<;ao se instala com maior fre- quencia atraves das vias respi- rat6rias, por aerossol, por via oral por fomites, agua e alimentos contaminados por secre<;6es e excre<;6es dos enfermos, e pelo contato direto entre equinos do- entes e sadios. 0 virus pode ser excretado pela urina por longos periodos, sendo provavelmente o que mais contribui para a dis- semina<;ao da doen<;a.Os liqui- dos e tecidos de fetos aborta- dos tambem constituem perigo- sa fonte de infec<;ao,justifican- do os cuidados que se deve ter ap6s qualquer aborto, ate que 0 seu diagn6stico etiol6gico seja realizado. o periodo de incuba<;ao da doen<;a e de 2 a 10 dias, segui- dos pelo surgimento de um qua- dro febril de 39 a 41°C e corri- mento nasal seroso que pode tomar-se purulento; logo a se- guir, em alguns animais, pode aparecer congestao e petequias na mucosa nasal, lacrimeja- mento (epifora), conjuntivite, e- dema palpebral (quemose) e movimentos frequentes de fe- chamento espastico das palpe- bras (blefaroespasmo). A cera- tite geralmente esta associada aos sinais oftalmicos, acompa- nhada por opacidade do humor aquoso. A tosse e a dispneia aparecem; 0 cavalo apresenta fraqueza acentuada, apatia, ano- rexia; comumente pode ocorrer diarreia e c6lica, podendo, em razao destes sinais, haver ide- ricia. Em animais gravemente enfermos a dispneia e intensa como resultado do edema e con- gestao do pulmao. Alguns ani- mais podem apresentar edema dos membros, principal mente em cavalos estabulados, sendo que 0 edema nos garanh6es pode se estender ate 0 prepu- cio e escroto, e nas eguas ate as mamas. Muito embora a morbidade possa ser alta, a letalidade e muito pequena, s6 ocorrendo nos casos mais graves, devido a desidrata<;ao, ou ao edema pulmonar, com possivel hidro- t6rax. 0 aborto ocorre poucos dias ap6s 0 aparecimento dos sinais clinicos, podendo chegar a 50 a 80% nas primeiras duas semanas. Nao existem sinais premonit6rios de aborto e a pla- centa e normal mente eliminada. o diagn6stico se fundamen- ta nas caraderisticas c1inicas onde se verifica doen<;a respi- rat6ria com alguns animais a- presentando severa dispneia, outros com sintomas respirat6- rios e diarreia, ou com lacrime- jamento, edema de conjuntiva e de partes baixas. Os abortos precoces ajudam a fundamen- tar a suspeita. Laboratorialmente, na arte- rite viral, pode-se observar, ao hemograma, leucopenia neutro- fllica e linfocitaria. Os testes de fixa<;aode complemento e soro- neutraliza<;ao e a cultura de te- cidos saGutilizados para a iden- tifica<;ao do virus e 0 diagn6sti- co diferencial. o tratamento e sintomatico e restringe-se a impedir infec<;6es bacterianas secundarias com 0 usa de tetraciclina na dose de 10 a 20 mg/kg, durante 7 a 10 dias, por via intramuscular, ou por via oral 50-100 mg/L de agua ou misturada a ra<;ao, quando saG muitos os animais a serem tratados. A hidrata<;ao deve seT feita pela via intravenosa, utilizan- do-se 0 esquema geral de flui- doterapia. Nos casos em que se desenvolveu edema de partes baixas ou complica<;6es pulmo- nares, 0 uso de corticoster6ides e diureticos pode melhorar os sintomas. Em geral, 0 problema se re- solve em duas semanas. Os ani- mais devem ficar em repouso, sob estrita vigilancia, e os ca- sos mais graves devem ser man- tidos em baias arejadas livres de correntes de ar e com cama alta e macia. A profilaxia pode ser feita pela vacina<;ao, com virus ate- nuado, considerado inocuo. 17.7. Anemia infecciosa eqiiina. E uma enfermidade infecto- contagiosa causada por um RNA Virus, caracterizada, prin- cipalmente, por perlodos febris e anemias, que se manifestam de forma intermitente, sem ten- dencia a cura. o virus da Anemia Infeccio- sa Equina e bastante resisten- te, sobrevivendo por varias ho- ras quando exposto a luz solar e resistindo a fervura pelo me- nos por 15 minutos. E encon- trado em quase todos os palses do mundo e sua frequencia tem aumentado a cada dia. o virus e transmisslvel a to- dos os equldeos, sem que haja qualquer preferencia por ra<;a, sexo e idade, atraves da picada de insetos hemat6fagos que atu- am como veto res da doen<;a, 0 que, em parte, justifica 0 fato do problema ser mais grave em re- gi6es que favore<;am a prolife- ra<;aode mosquitos, como pan- tanos e vales de rios. No Brasil, o problema aindacontinua atin- gindo propor<;6es preocupantes no Pantanal do Mato Grosso e na Ilha de Maraj6, devido, eviden- temente, as caracterlsticas geo- c1imaticas dessas regi6es. Da mesma maneira com que a transmissao se realiza natu- ralmente, ela pode ser efetua- da pelo emprego de instrumen- tal cirurgico e agulhas hipoder- micas nao-esterilizadas, 0 que justifica a utiliza<;ao de agulhas descartaveis na colheita de san- gue para exames ou tratamen- to de doen<;as. A doen<;a se manifesta c1i- nicamente de diferentes formas, sendo posslvel a reversao de uma forma a outra, a qualquer instante. Os sintomas gerais, nos ca- sos agudos e subagudos, sac de febre intermitente oscilando entre 39 e 41 DC,anorexia, fra- queza, anemia, e a morte pode- ra ocorrer entre 10 e 30 dias ap6s 0 inlcio dos sintomas. Ain- da na forma aguda da doen<;a, os animais jovens podem apre- sentar forte depressao nervosa e andar cambaleante. Pode-se notar palidez de mucosas e he- morragias petequiais, ou ainda icterlcia e edemas nas partes baixas do corpo. Nos casos cr6nicos ativos, 0 equino apresenta perlodos de febre com dura<;aode 1 a 7 dias e, a seguir, podem voltar a nor- malidade por algumas seman as, para, posteriormente, principal- mente sob condi<;6es de estres- se e de ma-nutri<;ao, manifes- tar novamente os sintomas. E- ventualmente, sob condi<;6es de intenso estresse, 0 quadro pode voltar a forma aguda e a doen- <;aprovocar a morte do animal. Os perlodos de cura c1lnica e recidivas podem se prolongar por muito tempo, ou mesmo os casos cr6nicos serem assinto- maticos, transformando 0 cava- 10em portador inaparente sem qualquer sinal da doen<;a. o diagn6stico da Anemia In- fecciosa pode ser c1lnico e la- boratorial. Clinicamente, deve-se sus- peitar de Anemia Infecciosa Equina sempre que houver pe- rlodos febris que se repitam, anemia sem babesiose ou qual- quer outra enfermidade hemo- Iitica. Para tanto, 0 medico ve- terinario devera realizar um cri- terioso exame c1lnicobaseando- se no hist6rico do animal, carac- terlsticas endemicas com outros animais manifestando as mais variadas formas e sintomas da doen<;a, introdu<;ao de novos animais no rebanho, provenien- tes de regi6es onde a doen<;a exista, e pela grande quantida- de de insetos veto res na pro- priedade. A necr6psia mostrando lin- 'fadenite e f1gado com cor acas- tanhada e muito sugestiva de Anemia Infecciosa; pode-se ainda observar edema subcu- taneo, icterlcia, hemorragias petequiais, hepatomegalia e esplenomegalia. A anemia, nos casos agudos, subagudos e cronicos ativos pode ser bastante acentuada e o hemograma pode revelar em quadros de maior gravidade 2 a 4 milh6es de hemacias/mm3, 12% no hematocrito, e 4 a 5% de hemoglobina. A contagem diferencial nos estagios febris frequentemente mostra leuco- penia por neutropenia, com lin- focitose relativa. Laboratorialmente 0 diagnos- tico e realizado pela prova da imunodifusao em Agar Gel (Pro- va de Coggins), que e 0 diagnos- tico definitivo se 0 cavalo tem ou nao a Anemia Infecciosa. Como nao existe tratamen- to espedfico, 0 controle e a pro- filaxia sao, ainda, as unicas al- ternativas que possuimos, para o combate a doen<;a. Como tambem nao existem vacinas e os animais doentes saG os reservatorios vitalicios, a uni- ca medida efetiva e a realiza<;ao da Prova de Coggins pelo me- nos uma ou duas vezes ao ano, assim como a exigencia de ates- tado provando a negatividade para a Prova de Coggins em ex- posi<;6es,leil6es e trans porte de animais. Como medida de segu- ran<;a, exija sempre atestado quando for comprar um animal novo ou quando for receber eguas para serem cobertas pelo garanhao, resguardando dessa maneira a saude do rebanho. A legisla<;ao brasileira de saude animal classifica a Ane- mia Infecciosa Equina como doen<;a de notifica<;ao obriga- toria, devendo 0 medico veteri- nario comunicar a autoridade sanitaria animal competente, ou a orgao local do Ministerio da Agricultura, Pecuaria e do Abas- tecimento, 0 diagnostico dos casos da doen<;a, quando sera procedido 0 sacrificio dos rea- gentes a prova de Coggins. Devido a alta incidencia da doen<;aem algumas regi6es do Brasil, alguns pesquisadores, para evitar que os rebanhos se- jam eliminados, estao estudan- do novas condi<;6es de mane- jo, no sentido de reduzir a inci- den cia e criando novas condi- <;6es para que se possa convi- ver com a enfermidade. 17.8. Encefalomielite eqUina a virus. A encefalomielite virotica dos equinos e uma doen<;a infecto-contagiosa caracteriza- da por sinais neurologicos de perturba<;ao da consciencia, disfun<;6es motoras e paralisia. Tres saG os tipos de virus causadores da encefalomielite; saGRNA virus da famnia Toga- viridae, cuja nomenclatura an- terior os classificava no grupo dos Arbovfrus, isto e, virus trans- mitidos por artropodes. Os a- gentes da enfermidade saG os virus da encefalomielite equina oeste, leste e Venezuela. No Brasil, praticamente so ocorre a doen<;a causada pelo virus tipo leste, muito embora ja tenha havido 0 isolamento de caso provocado pelo virus do tipo Oeste. A doen<;a acomete os equi- deos, independentemente de sexo e idade, manifestando-se principalmente nas epocas quen- tes e nos periodos chuvosos, de- vido a grande prolifera<;ao de in- setos. Os artropodes e mosqui- tos nao atuam simplesmente como veto res meca,nicos da doen<;a,0 virus se mantem vivo e neles se multiplicam atingindo as glandulas salivares, podendo ser transmitido pela picada Muito embora, nos Estados Unidos, as casas de encefalo- mielite equina sejam acompa- nhados por casos humanos, no Brasil tal comportamento nao se repete, provavelmente devido as caracteristicas dos veto res em preferirem os equinos. As aves desempenham papel importante no cicio de manuten- <;aoda encefalomielite equina. 0 artropode, ao picar as aves, infecta-se, sofre 0 cicio intrinse- co de multiplica<;ao viral e local i- za<;ao nas glandulas salivares, passando a transmitir a doen<;a. Os cavalos, ao serem picados, propiciam a replica do virus no ponto de inocula<;ao e a seguir, por viremia, isto e, - transporte dos virus pela corrente sangui- nea -, estes atingem 0 Sistema Nervoso Central, infectando as neuronios, causando degenera- <;ao.As meninges saG atingidas e podem apresentar congestao, edema e infiltra<;ao celular. Na fase inicial da doen<;a,as cavalos apresentam febre, que pode chegar a 41 DC e discreta depress13.o, que muitas vezes pode passar despercebida. Alguns cavalos podem curar- se neste perlodo inicial de viremia e desenvolverem imuni- dade, Nos animais em que a doen<;:aevolui, a febre cede em 24 a 48 horas; aparece intran- quilidade caraderizada por hiper- sensibilidade a rUldos e excita- <;:13.0;0 animal pode andar em dr- culos, trope<;:arem objetos, ba- ter contra obst,kulos como cer- cas, arvores e paredes; n13.Ose alimenta e nem bebe agua, 0 cavalo parece que ficou "cego", Podem ocorrer contra<;:6esmus- culares involuntarias na escapula e na face, e ere<;:13.openiana. Comumente, desde 0 inlcio da enfermidade, 0 cavalo apre- senta apatia; mantem a cabe<;:a abaixada, im6vel, ou apoiada sobre um bebedouro ou cerca, ou contra a parede, como se estivesse "dormindo"; pode ain- da manter 0 capim ou feno par- cialmente mastigado pendendo da boca, como se tivesse "es- quecido" de que esta com ali- mento na boca. Alguns cavalos podem apresentar as mais es- tranhas posi<;:6escom os mem- bros, como manter os ante rio- res abertos, outros ainda sen- tam-se sobre os posteriores. Com a evolu<;:13.o,no 3° ou 4° dia da doenc;:a,surgem os sinais de paralisia; 0 labio inferior per- manece aberto e flacido, a lIn- gua pendente, falta de reflexo cutaneo, e, durante a marcha in- coordenac;:13.o,principalmente dos membros posteriores.No esta- gio final, os doentes caem, al- guns pedalando com os mem- bros anteriores; manifesta-se um estado de paralisia completa e final mente sobrevem a morte. Deve-se sempre aventar a possibilidade de outras encefa- lopatias, como a leucoencefalo- malacia, e realizar-se 0 diagn6s- tico diferencial. o diagn6stico evidentemen- te e fundamentado na suspeita c1lnicadevido as manifestac;:6es neurol6gicas. 0 soro colhido na fase aguda ou na convalescen- <;:apode servir para os testes de soroneutraliza<;:13.o,inibi<;:13.ode hemaglutina<;:13.oou fixa<;:13.ode complemento, e deve sempre ser "testado" laboratorialmente quando surgem os primeiros casos.O medico veterinario de- vera enviar fragmentos do sis- tema nervoso em frascos este- reis e estes entre sacos plasti- cos com gelo, bem fechados e acondicionados em caixa de isopor. Outra serie de fragmen- tos sera enviada, desta feita em formal 10%. 0 envio do mate- rial ao laborat6rio e importante para isolar e c1assificar 0 tipo de virus causador da doenc;:a,ten- do em vista a possibilidade de surgir a encefalomielite causa- da pelos demais virus. N13.oexiste tratamento espe- cifico. Os animais doentes de- vem ser protegidos em abrigos e tratados sintomatologicamen- te, aplicando-se antiinflamat6- rios, vitamina B 1 e a manuten- <;:13.0do equillbrio hidroeletrolltico e acido-base. A unica medida profilatica eficiente e a vacina<;:13.o,prefe- rencialmente com a vacina com virus morto. Todos os equinos devem ser vacinados conforme a indica<;:13.o do laborat6rio que produziu a vacina, ou ent13.ocom 1ml, por via intradermica, em duas doses intervaladas de 7 a 10 dias, uma vez ao ano, Potros nascidos de eguas n13.o-vacinadas devem receber a vacina com dois a tres meses de idade, com refor<;:o ap6s 30 dias, e os potros de eguas vacinadas, dos seis aos oito meses. Posteriormente deve-se estimular a mem6ria imunol6gica anualmente. Na vigen cia de surto epide- mico, se ja passaram mais de seis meses desde a vacina<;:13.o, revacinar com uma dose e, ime- diatamente, vacine com duas doses todos os animais que n13.O ten ham sido vacinados, interva- ladas com 15 dias. 17.9. Mieloencefalomielite protozoa ria eqi.iina. E uma enfermidade infedo- contagiosa que acomete 0 Sis- tema Nervoso Central de equi- nos causada pelo paras ita esporozoario Sarcocystis neuro- na, parasita semelhante ao Toxop/asma gondii, raz13.opela qual antigamente 0 diagn6stico da doen<;:aera de toxoplasmose. A enfermidade acomete ca- valos a partirdos 4 anos de ida- de, sendo que ja foi desctita em potros jovens e cavalos idosos, com prevalencia elevada na rac;:a Puro Sangue Ingles. o cavalo se infecta ao inge- rir esporozoftos de S. neurona que, no trato intestinal do ani- mal, penetram nas celulas do endotelio dos vasos e evoluem para a fase de merozoftos que apresenta propriedades de atra- vessar a barreira hematoen- cefalica instalando-se no Siste- ma Nervoso Central. Instalado no Sistema Nervoso Central, preferencialmente no tronco cerebral e na medula espinhal, o S. neurona causa processo degenerativo que pode ser fo- cal, multifocal ou difuso de ne- crose ou malacia dos tecidos e hemorragias, caracterizando-se por processo inflamatorio nao supurativo da substancia bran- ca e cinzenta. A mieloencefalomielite pro- tozoaria apresenta quadros c1f- nicos neurologicos distintos, con- forme for a extensao e a locali- za<;:aodas les6es. As manifes- ta<;:6esno infcio da doen<;:apo- dem levar 0 cavalo a apresen- tar fraqueza, trope<;:arno solo ou em objetos, arrastando as pin- <;:as,e apresentar espasticidade em um ou mais membros e in- coordena<;:ao;tem-se a impres- SaG de perda de equilfbrio ou "bambeira". Os sinais de incoor- dena<;:aoSaG inespecfficos po- dendo ser observada atrofia musculares focais. Ouando es- tao comprometidos os neur6- nios motores inferiores da me- dula espinhal 0 animal pode apresentar atrofia dos muscu- los quadrfceps e gluteos. Ja no comprometimento do tronco cerebral, podem ser encontra- das atrofia dos musculos mas- seteres, m. temporais e m.da Ifn- gua, com inclina<;:aoda cabe<;:a, paralisia do n. facial e, ocasio- nalmente, sinais de disfagia. 0 cavalo podera, ainda, apresen- tar sudorese regional (dermato- merica), quando estao acome- tidos tratos da substancia bran- ca simpatica, e hipoestesia ou insensibilidade de regi6es da cabe<;:ae do pesco<;:o. o diagnostico c1fnicobaseia- se nos sinais neurologicos, que, embora indistintos e comuns a varias outras afec<;:6esdo Sis- tema Nervoso Central, tem co- mo caracterfstica a perda da coordena<;:ao motora, principal- mente dos membros posterio- res e sinais de atrofia de gru- pos musculares. A suspeita ou o diagnostico c1fnico pode ser confirmado por exames imuno- diagnosticos ("immunoblot") do soro e do Ifquido cefalorraqui- diano desafiados para a detec- <;:aode anticorpos antiprotefna do S. neurona. E: prudente que o medico veterinario solicite e avalie as dosagens de IgG e de- termine 0 quociente de albumi- na (OA), tanto no soro sanguf- neo como no Ifquido cefalorra- quidiano, para certificar-se se real mente ocorreu produ<;:ao intratecal de anticorpos pela presen<;:ado paras ita no Siste- ma Nervoso Central. Eventual- mente os testes imunodiag- nosticos podem resultar em fal- sos-negativos, ou serem resul- tantes da imunoincompetencia do cavalo em responder a pre- sen<;:ado Sarcocystis. o tratamento pode ser insti- tufdo mediante a administra<;:ao de pirimetamina na dose de 0,25 a 0,50 mg/kg, pela via oral, duas vezes ao dia, durante 3 dias, seguida pela mesma dose e via, 1 vez ao dia. Nos casos de sinais neurologicos e mus- culares mais graves, podera ser adotada a dose de ate 1 mg/kg de pirimetamina. Concomitan- temente, deve-se administrar sulfa+trimetopim na dose de 15 a 20 mg/kg, pela via oral, 3 ve- zes ao dia. 0 tratamento deve ser mantido por no mfnimo 30 dias, podendo-se estende-Io ate 60 a 90 dias, nos casos de maior gravidade. Como medida terapeutica adicional, a aplica- <;:13.0de flunixin meglumine, na dose de 1,1 mg/kg, pela via in- tramuscular, 1 vez ao dia, ou de DMSO, na dose de 1 g/kg, di- lufdo em solu<;:aoa 10% e apli- cado lentamente pela via endo- venosa, pode abrandar os fen6- menos inflamatorios do Sistema Nervoso Central. Ainda reco- menda-se a aplica<;:aode acido folico na dose de 20 a 40 mg/ kg, pela via oral, ou 75 mg como dose total, pela via intramuscu- lar, 1 vez ao dia, a cada 3 dias. Como medida de carater ge- ral,mantenha 0 cavalo alojado em baia ampla, arejada e com cama alta, vez que alguns animais po- dem adotar 0 decubito lateral. Medidas de higiene em deposito de ra<;:6es,em cochos e bebedou- ros, assim como 0 controle de veto res e hospedeiros interme- diarios, pode quebrar 0 cicio epidemiologico da doen<;:a. o tetano e uma doen~a in- feeeiosa extremamente fatal a todas as espeeies de animais domestieos, eausada pela toxi- na do Clostridium tetani; vulne- ro-t6xieo-infee\=ao produz c1ini- eamente sinais de hiperestesia, tetania e eonvulsoes. o Clostridium tetani e en- eontrado em todo 0 mundo e e mais eomum, variando por isto a morbidade da doen~a, em re- gioes de terras ferteis de eultu- ra com explora\=ao animal e, apesar de habitar 0 solo, 0 bacilo tambem e eneontrado abundan- temente nas fezes dos animais. Por ser um germe eapaz de for- mar esporos, ele e m.uito res is- tente aos metodos rotineiros de desinfee~ao, podendo sobrevi- ver no solo por muitos anos. o tetano e eonsiderado uma toxi-infee~ao, porque na realida- de sac as toxinas produzidas pelo Clostridium tetani que de- sencadeiam a doen~a. 0 germe por si nao possui capacidade invasora tecidual. Multiplica-se no local de instala\=ao, que ge- ralmente sac feridas eontamina- das par terra, au entao em feri- das cirurgieas,liberando tetano- lisina e tetanospasmina que possuem potente a~ao neuro- t6xica. As toxinas liberadas no local de infec\=ao atuam no Sis- tema Nervoso Central ence- falico e medular e nas jun~oes mioneurais, determinando uma diminui\=ao do limiar de excita- bilidade, produzindo aumento de sensibilidade, irritabilidade cen- tral e eontra\=oes espasm6dicas ou tetanicas da musculatura. A mode do animal ocorre entre 5 e 15 dias ap6s os pri- meiros sintomas, devido a asfi- xia eausada pela para/isia dos museu/os respirat6rios, falta de alimenta\=ao e agua e, final men- te, por acidose. Os sintomas sac mais ou menos semelhantes em todos os animais. Ap6s um perfodo de ineuba~ao, que varia entre uma semana e alguns meses, na de- pendeneia da instala\=aoda con- di\=aopredisponente a infec\=ao, como acidentes traumaticos, partos dist6cicos, castra~oes, feridas cirurgicas, umbigos in- feccionados etc., observa-se um estado de rigidez muscular ge- ral, aeompanhado por tremores. A marcha e rfgida devido a difi- euldade de flexao das artieula- \=oes, as orelhas permanecem eretas ou eruzadas (orelhas em tesoura); membranas nictitantes fieam protrusas em espasmo tetanieo, "tremendo" quando 0 animal e estimulado. o animal pode eontinuar a comer e beber nos estagios ini- eiais, mas a apreensao dos ali- mentos e logo difieultada pela tetania dos museu/os massete- res, dando ao animal uma ex- pressao bueal earacterfstiea. Com 0 progredir da doen~a, a mareha pode estar impedida devido a rigidez dos museulos e 0 eavalo adota uma postura de "cavalete" ou "eavalo de pau", mantendo as membros estira- dos e abertos para possibilitar uma base de apoio ampla e fa- eilitar a respira~ao. A cauda es- tara erguida e desviada para um dos lados (cauda em bandeira) e, nesta fase, 0 animal reage vio- lentamente, com hiper-reflexia, ao rufdo, a luz solar ou tocando- se e batendo-se levemente no foeinho, logo abaixo dos olhos. Ouando for~ado a locomover- Figura 17.2 Protrusao da terceira palpebra. se,o animal pode cair manten- do a posi<;13.oespastica dos membros. Podem ocorrer con- vuls6es e opist6tomo, 0 suor pode ser profuso e a tempera- tura extremamente elevada (42°C) na fase inicial. A morte ocorre em 5 a 7 dias nos casos de evolu<;13.orapida e em 15 a 20 dias nos de evolu- <;13.0lenta. A respira<;13.oe rapida e superficial, denotando grave acidose. o diagnostico e extremamen- te simples e se baseia, sobretu- do na apresenta<;13.oc1lnica da doen<;a, n13.Ohavendo nenhuma dificuldade em diferencia-Ia de outros estados tetaniformes. Geralmente ela se apresenta apos algum evento traumatico ou cirurgico, 0 que deve ser lem- brado no atendimento c1lnicodo animal. o tratamento espedfico e feito com antitoxina ou soro antitetanico de alto titulo. Injete o soro antitetanico na dose de 300.000 U ou 200.000 U por via venosa e 100.000 U por via raquidiana atraves do foramen lombo-sacral ou pelo foramen magno, inje<;6es estas que so- mente devem ser feitas apos se tranquilizar 0 animal. E de fundamental importan- cia 0 tratamento das feridas aci- dentais vislveis ou cirurgicas. Elas devem ser abertas e lim- pas com desinfetantes oxidan- tes ou oxigenantes como agua oxigenada a 10 volumes,ja que o Clostridium necessita, para se multiplicar, de ambiente com baixa tens13.ode oxigenio. o tratamento auxiliar deve ser feito com inje<;6es de peni- cilina procalna mais penicilina benzatina em partes iguais na dose de 40.000 U I/kg, por via intramuscular, a fim de eliminar o C. tetani do foco; 0 relaxamen- to da tetania deve ser feito com aplica<;13.ode 0,5 mg/kg de Figura 17.3 Postura do cavalo com tetano. c1orpromazina, pela via intrave- nosa, a cada 6 horas, ou 1,0 mg/kg, pela via intramuscular, durante 4 a 8 dias. Como alter- nativa podem ser usados os benzodiazeplnicos ou miorrela- xantes com bons resultados como flunitrazepam na dose de 0,5 a 1,0 mg/1 00 kg, pela via venosa, ou 1,0 a 2,0 mg/100 kg, pela via intramuscular, a cada 8 horas, ou midazolam na dose de 0,2 mg/kg, associado a uma fenotiazina. Em casos em que a respira- <;13.0e muito rapida e superficial devido a acidose, injete, pela via venosa, bicarbonato de sodio a 5 a 10%, lentamente, na dose de 0,5 ml/kg, controlando 0 vo- lume total a ser injetado atra- yes do ritmo e da profundidade da respira<;13.o. Mantenha, se posslvel, 0 ani- mal em pe, atraves de aparelhos de suspens13.o;a baia deve estar na penumbra e longe de ruldos. A profilaxia em curto prazo deve ser feita com aplica<;13.o de 1.500 a 3.000 U de soro antitetanico, pela via subcuta- nea, em todo animal que for operado, com antecedencia de 24 horas, ou em qualquer ca- valo que apresente ferimento, assim ele estara protegido por 15 a 20 dias. Associe, preventi- vamente, 20.000 UI/kg de pe- nicilina benzatina para impedir o estabelecimento do agente in- feccioso. A vacina<;13.ocom anatoxina ou 0 toxoide tetanico deve ser feita em todos os animais, apli- cando-se uma dose, repete-se um mes apos e novamente 5 a 6 meses apos. A imunidade util com este esquema e de pelo men os 5 anos, podendo-se realizar, quando em cirurgia ou em acidentes traumaticos, a qualquer tempo, mais uma dose de reforc;o para a estimulac;ao da "memoria" imunologica do animal. Os potros devem ser vacinados com a primeira dose do toxoide com 4 a 6 meses de idade. 0 toxoide geralmen- te e injetado por via subcuta- nea, porem a injec;ao intramus- cular produz menos reac;ao in- flamatoria local. E uma enfermidade infecto- contagiosa cronica que, muito embora seja mais frequente e grave nos bovinos, pode aco- meter tambem seriamente os equinos. Nos cavalos e causada qua- se que exclusivamente pela Bru- cella abortus e, eventualmente, pela Brucella Suis, que invade 0 organismo do animal pela via digestoria com alimentos, agua e fomites contaminados por 11- quidos e restos de abortos de bovinos e, ocasionalmente, de outros cavalos afetados. Em geral, a Brucella atinge a regiao orofarlngea ou 0 trato digestorio, multiplica-se e faz bacteremia, instalando-se pre- ferencialmente em bolsas sino-- viais e bainhas de tend6es. Na fase de bacteremia, pode ocor- rer aumento da temperatura cor- poral, que, por ser fugaz, pode facilmente passar despercebido. Ouando 0 processo se manifes- ta e se exterioriza na regiao nucal, recebe 0 nome de "mal- da-nuca", e quando na regiao interescapular e denominado de "abscesso de cernelha" ou "fis- tula da cernelha". No inlcio, a re- giao se apresenta aumentada de volume, quente e senslvel a pal- pac;ao,podendo tornar-se flutu- ante em um ou mais pontos, de- vido as caracterlsticas uni ou multilocular. Geralmente fistuliza drenando um Ilquido com carac- terlstica sero-purulenta que fre- quentemente possui germes de associac;ao. As vezes, 0 proces- so se instala mais profundamen- te, podendo comprometer as apofises espinhosas das primei- ras vertebras toracicas. Outra forma de manifesta- c;ao da doenc;a e a de infecc;ao generalizada, com sintomas c11- nicos que incluem rigidez geral, temperatura oscilante e letargia, alem de comprometimento loco- motor devido a instalac;ao de sinovites em quase todas as si- novias das articulac;6es e bai- nhas dos tend6es dos membros, notadamente na bolsa navicular. A brucelose pode tambem cau- sar orquite no garanhao e abor- to nas eguas. o diagnostico se baseia nos sinais da forma mais comum da doenc;a, que e a bursite interes- capular, ou nos casos de sino- vites, cuja etiopatogenia perma- nece obscura. Um aspecto im- portante quanto ao aparecimen- to da doenc;a em equinos e a convivencia mutua com bovinos infectados. No entanto, 0 diag- nostico definitivo sempre sera sorologico ou bacteriologico. Para tanto, deve-se colher san- gue de cavalo suspeito, sem anticoagulante, aguardarque haja a separac;ao do soro, que devera ser acondicionado em frasco limpo, bem fechado e identificado com 0 nome do ani- Figura 17.4 Fistula da cernelha - brucelose. mal e a data da colheita. Mande o frasco com 0 soro ao labora- t6rio especializado em caixa de isopor com gelo. As provas mais utilizadas para o diagn6stico da brucelose sao: 1.·Soroaglutina<;;8.o rapida ou "prova de Huddleson". 2. Soroaglutina<;;8.o lenta ou "prova de Bang", denomina- da tambem de "prova de Wrightt". Em equinos, 0 titulo indivi- dual de 50 UI ou maior e sinal de infee<;:aoe 0 tratamento po- dera ser considerado se real- mente houver interesse zootec- nico ou economico, devido ao alto custo. Podera ser tentado tratamento com estreptomicina e terramicina, sob estrito con- trole veterinario, muito embora os resultados sejam ainda in- consistentes em alguns casos. Paralelamente, deve-se drenar e tratar as fistulas da cernelha com soluc;:6es anti-septicas ou nitrofurasona soluc;:ao, ou ate mesmo cirurgicamente, quando existir comprometimento de te- cidos mais profundos. 0 contro- Ie da cura devera ser c1fnico e sorol6gico, sendo feita soroa- glutinac;:ao rapida semestral- mente, ate que 0 titulo baixe a 25 UI e se mantenha em duas provas consecutivas ou desapa- rec;:a.Caso 0 titulo se mantenha em 50 U I ou mais, a eutanasia devera ser considerada. Durante todo 0 tempo de tra- tamento, 0 equino sera mantido em isolamento e 0 pessoal de vaia devera se precaver, ja que a Brucela abortus facilmente infeda 0 homem, constituindo- se em importante zoonose. Por nao ser uma doenc;:aen- demica ou epidemica, a profi- laxia indicada restringe-se em nao criar ou manter equinos com bovinos. A leptospirose e uma en- fermidade infecto-contagiosa de carater agudo, causada pelo microorganismo do ge- nero Leptospira, da especie L. interrogans e seus sorotipos ou sorovar. Nos equinos os sorotipos mais importantes sao icterohae- morrhagiae, pomona, hardjo e canicola, que podem ser trans- mitidos ao cavalo por portado- res como ratos, sufnos, bovinos, gambas, preas, raposas, morce- gos etc, que podem contaminar a agua e os alimentos destina- dos ao consumo dos animais. A leptospira penetra ativa- mente pela via digest6ria ou atraves da pele lesada, e ap6s um perfodo de incubac;:ao de 2 a 5 dias, invade 0 sangue, se multiplica intensamente, neste e em varios 6rgaos, caraderizan- do 0 perfodo febril de leptospi- remia que e discreto, para ser seguido por um perfodo de lep- tospiruria que pode variar de 3 a 6 meses. Os sinais c1fnicos sao varia- veis e iniciam-se principal men- te com inapetencia, letargia e fe- bre no infcio da fase de leptos- piremia. Ap6s esta fase, poderao ocorrer varios graus de iderf- cia e anemia, as vezes acom- panhados de hemoglobinuria. Em femeas gestantes, e co- mum 0 relato de grande fndi- ce de reabsorc;:ao embrionaria precoce, abortamentos no ter- c;:ofinal da gestac;:ao ou nasci- mentos de potros prematuros e fracos. A infecc;:aopor leptospira nos cavalos pode desencadear qua- dros oculares de iridociclite au uvefte recorrente, ja referida no capftulo de afecc;:6esdos olhos e seus anexos. o diagn6stico e realizado atraves da suspeita c1fnicacon- firmada laboratorial mente par tres metodos: 1. Exame ao campo escuro ou fase, de sangue heparinizado ou urina. 2. Isolamento da leptospira em cultivo de meio Fletcher ou inoculac;:aoem cobaia. 3. Sorologia:tftulos entre 1:3.200 e 1 :6.400 com sinais c1fnicos podem indicar leptospirose aguda. o tratamento curativo pode ser realizado associando-se 10.000 UI/kg de penicilina ben- zatina e 5 mg/kg de estrepto- micina pela via intramuscular, e, concomitantemente, 10 mg/ kg/dia de terramicina dissolvi- da na agua de bebida durante 10 a 15 dias. Outro tratamento eficiente consiste na aplicac;:ao em dose unica de 25 mg/kg de estreptomicina, podendo-se fraciona-Ia em intervalos de 48 horas. Profilaticamente deve-se evi- tar a contamina<;:aode agua e ali- mentos a serem consumidos pe- los cavalos, principalmente com a urina dos animais transmisso- res da doen<;:a.Com bata exaus- tivamente os ratos nos depo- sitos de graos e ra<;:6es. Sob 0 ponto de vista de sau- de publica, por se tratar de zoo- nose, as pessoas que tiverem contato com animais enfermos devem ser orientadas pelo me- dico veterinario a procurarem 0 servi<;:ode saude publica mais proximo, para as providencias medicas que se fizerem neces- sarias.
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