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Gestão Financeira (Disciplina equivalente a Administração Financeira) UNIDADE 2 1 2ª UNIDADE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA 1. Introdução: Nesta unidade trataremos sobre a estrutura e custo de capital da disciplina de Admi- nistração Financeira. Esse assunto é primordial para que possamos cumprir o nosso objetivo de conhecermos as aplicações da área de finanças em uma empresa. Para que você entenda o que será tratado nesta unidade, será preciso que você pare para fazer uma leitura no livro texto de administração financeira do autor Megliorini, dispo- nível na biblioteca virtual. Por enquanto, é preciso que você leia a Unidade dois do livro texto de administração financeira, da página vinte e nove (29) até a página trinta e dois (32). Agora que você já fez a leitura das páginas recomendadas, já tem uma noção do assunto que abordaremos na unidade. Pois, vamos aprender como tomar a decisão correta sobre fontes de financiamentos. Essa é a primeira questão que surge quando uma pessoa vai abrir uma empresa, afinal, para abrir uma empresa, é necessário ter capital para financiar as operações dessa empresa. E como conseguir esse capital? Os empresários podem recorrer aos seus sócios, o que seria chamado de capital próprio, que é o dinheiro advindo dos sócios ou acionistas da empresa, ou seja, dos proprietários da empresa. Ou os empresários poderiam recorrer a empréstimos e financiamentos de fontes externas à empresa, o que seria chamado de capital de terceiros. Ou, de repente, dependendo do custo de cada fonte de capital, eles pode- riam fazer uma combinação de cada um dos capitais, próprios e de terceiros, para conseguir financiar suas atividades. Com isso, aprenderemos como combinar essas duas fontes de financiamento, bus- cando maximizar os lucros da empresa. Afinal, esse é o objetivo da nossa disciplina de administração financeira, que é fazer uma boa administração das finanças da em- presa, buscando maximizar o lucro do negócio. 2. Conceitos de Estrutura e Custo de capital O primeiro passo para se abrir uma empresa é a necessidade de se constituir ca- pital, ou seja, os proprietários da empresa necessitam de dinheiro para investir nas operações da empresa e montar a sua estrutura, assim como comprar máquinas, equipamentos, instalações, veículos, entre outros tipos de investimentos. Diante dis- so, eles captam recursos dos seus sócios ou acionistas que aparecem na demons- tração contábil do Balanço Patrimonial, que é como se fosse uma foto da empresa que apresenta todos os seus bens, direitos e obrigações de uma só vez. O dinheiro investido pelos proprietários da empresa aparecerá no Balanço Patrimonial no grupo de contas chamado de Patrimônio Líquido representado pela conta de Capital So- cial. O grupo de contas do patrimônio Líquido representa o chamado capital próprio da empresa, porque foi financiado pelos sócios ou acionistas da empresa. 2 Vamos dar um exemplo para demonstrar a situação acima. Suponha que você, jo- vem empreendedor, tem o sonho de abrir uma empresa de consultoria e seu amigo de faculdade também compartilha desse sonho, então, o primeiro passo que vocês vão precisar para abrir a empresa é de dinheiro para investir nesse negócio. Mas vocês não têm muitos recursos para investir, então, para resolver a situação, vocês sacaram todo dinheiro que estava investido nas suas contas no banco, venderam seus veículos e juntaram o valor. Cada um dos sócios investiu vinte e cinco mil reais. Com essa informação, vamos montar o balanço patrimonial dessa empresa de con- sultoria. Esse lançamento contábil pode ser demonstrado pelo balanço patrimonial apresentado a seguir: BALANÇO PATRIMONIAL – CONSULTORIA ABC LTDA. Em: 31/12/2013 ATIVO R$ MIL PASSIVO R$ MIL CAIXA 50 PATRIMÔNIO LÍQUIDO R$ MIL CAPITAL SOCIAL 50 TOTAL DO ATIVO 50 TOTAL DO PASSIVO 50 De acordo com o balanço patrimonial acima, o dinheiro investido por cada um dos sócios totalizou o valor de cinquenta mil reais, que foi para conta de capital social, que faz parte do grupo de contas chamado de patrimônio líquido e, como tudo em contabilidade gera uma contrapartida, devido ao método das chamadas partidas do- bradas, (um método que permite o equilíbrio patrimonial, onde o total do ativo sem- pre será igual ao total do passivo), a conta de contrapartida para essa ação tomada será a conta caixa, ou seja, os sócios investiram cinquenta mil reais no capital social que foi para conta caixa, que servirá para financiar as operações da empresa. Observando o balanço acima, vemos que ele é financiado cem por cento por capital próprio, ou seja, por capital advindo dos sócios da empresa. Pois, como já discuti- mos anteriormente, o grupo de contas do patrimônio líquido representa o capital pró- prio no balanço patrimonial. Como os recursos investidos pelos sócios foram poucos e a empresa de consultoria necessita de mais capital para financiar suas atividades iniciais, e como os sócios não dispõem de mais recursos para efetuar esse investimento, então o que resta de opção para os sócios? Certamente você deve ter pensado em empréstimos ban- cários, não foi? Muito bem! É isso mesmo, eles devem recorrer a empréstimos ou financiamentos bancários para conseguirem o capital de que necessitam. Vamos supor que os sócios procuraram o Banco XYZ e fizeram um financiamento bancário de R$ 40.000,00 para comprar um veículo visando auxiliar os sócios em suas visitas aos clientes por um prazo de vinte e quatro meses para pagar. Vamos ver como ficará esse lançamento contábil no balanço patrimonial da Consultoria ABC LTDA. 3 BALANÇO PATRIMONIAL – CONSULTORIA ABC LTDA. Em: 31/12/2013 ATIVO R$ MIL PASSIVO R$ MIL ATIVO CIRCULANTE R$ 50 MIL PASSIVO CIRCULANTE R$ MIL CAIXA 50 ATIVO NÃO CIRCULANTE R$ 40 MIL PASSIVO NÃO CIRCU- LANTE R$ 40 MIL VEÍCULOS 40 FINANCIAMENTOS BANCÁRIOS 40 PATRIMÔNIO LÍQUIDO R$ 50 MIL CAPITAL SOCIAL 50 TOTAL DO ATIVO 90 TOTAL DO PASSIVO 90 O financiamento bancário feito pelos sócios no valor de quarenta mil reais foi para o grupo de contas do passivo não circulante, devido ao prazo de pagamento que é maior do que um exercício social, ou seja, maior do que um ano. E o veículo adqui- rido, como é um bem, que apresenta uma vida útil maior, foi para o grupo de contas do ativo não circulante, que é o grupo de contas onde estão registrados todos os bens e direitos que apresentam uma vida útil maior do que um exercício social da empresa ou maior do que um ano. E, como já foi explicado anteriormente, o total do ativo foi igual ao total do passivo devido ao método das partidas dobradas. O grupo de contas do passivo é conhecido também como capital de terceiros, pois representa os recursos captados pela empresa advindo de terceiros, ou seja, advin- dos de pessoas que não fazem parte da empresa, como demonstrado no balanço patrimonial através do financiamento bancário adquirido pelos sócios da consultoria ABC Ltda. para compra do veículo da empresa. De acordo com o balanço patrimo- nial apresentado acima, podemos dizer que a empresa possui cinquenta mil reais de capital próprio que representa aproximadamente cinquenta e seis por cento (56%) do capital total investido na empresa e quarenta mil reais de capital de terceiros que representa aproximadamente quarenta e quatro por cento (44%) do capital total in- vestido na empresa. Será que essa composição de capital é boa para a empresa? Será que essa composição de capital está sendo rentável para empresa? Para respondermos essas questões e continuarmos avançando em nossos estudos, é necessário que você pare novamente e pegue o seu livro-texto do autor Megliorini e faça uma leitura das páginas trinta e dois (32) até a página trinta e quatro (34) para que depois retomemos a nossa discussão sobre essas questões. 2.1 Custo de capital de terceiros Como já discutimos anteriormente,vimos que o custo de capital de terceiros é re- presentado pelos empréstimos feitos junto a instituições financeiras como os bancos e também poderá ser representado pelas obrigações emitidas pelas chamadas de debêntures. Mas você sabe o que seria uma debênture? De acordo com a definição da Bovespa: “Debênture é um título de dívida, de médio e longo prazo, que confere 4 a seu detentor um direito de crédito contra a companhia emissora. Quem investe em debêntures se torna credor dessas companhias.” No Brasil, as debêntures consti- tuem uma das formas mais antigas de captação de recursos por meio de títulos. O custo do capital de terceiros, se utilizado da forma correta, normalmente, é mais vantajoso do que o custo do capital próprio. Afinal, como você deve ter visto no livro texto a utilização das fontes de capital de terceiros proporciona benefícios no impos- to de renda, uma vez que as despesas com os juros pagos sobre essas transações gera uma dedução no lucro antes dos juros e imposto de renda (LAJIR), causando, consequentemente, uma diminuição no valor do imposto de renda a ser pago pela empresa. Você viu o exemplo da página trinta e três (33) do livro texto que exemplifi- ca perfeitamente a situação discutida anteriormente. Para calcular o custo do empréstimo, ou seja, encontrar a taxa efetiva do emprésti- mo que a empresa está tomando junto ao banco, utiliza-se a seguinte equação: Ke = J x (1 - IR) (Fórmula 2.1.1) Onde: Ke = custo do empréstimo J = juros cobrados pelos bancos IR = alíquota cobrada pelo imposto de renda Vamos calcular o custo do empréstimo do nosso exemplo da Consultoria ABC LTDA. Em nosso exemplo, os sócios da empresa pegaram um financiamento junto ao banco de R$ 40.000,00 (quarenta mil reais). Supondo que eles pegaram esse finan- ciamento a uma taxa de juros 15% (quinze por cento) ao ano e que a alíquota do imposto de renda seja de quarenta por cento (40%). Qual seria o custo do emprésti- mo? Substituindo na fórmula, faremos o seguinte cálculo: Ke = 0,15 x (1 – 0,40) = 0,15 x 0,60 = 0,09, ou seja, 9%. De acordo com o nosso exemplo de financiamento da consultoria ABC LTDA, onde os sócios adquiriram um financiamento no valor de quarenta mil reais a uma taxa de juros de quinze por cento ao ano, logo, as despesas com juros da empresa serão de seis mil reais (R$ 6.000,00). Obtemos esse valor fazendo o seguinte cálculo: Despesas com juros = 40.000 x 0,15 = 6.000,00. Já as despesas com juros líquidas representam R$ 3.600,00 (três mil e seiscentos reais), de acordo com o cálculo a seguir, que pode ser feito utilizando a seguinte equação: Despesas com juros líquidas = Despesas com juros x (1 - IR) (Fórmula 2.1.2) Logo, o nosso cálculo será: Despesas com juros líquidas = 6.000 x (1- 0,40) = 3.600,00. Dentro do contexto de mercado, as melhores taxas de financiamento são oferecidas normalmente pelos bancos de desenvolvimento ligados a órgãos governamentais ou de fomento mundial como, por exemplo: Banco Mundial, Banco Nacional de Desen- 5 volvimento (BNDES), Banco do Nordeste do Brasil (BNB), entre outros. No contexto brasileiro, o Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES) tem o papel mais impor- tante no financiamento de empresas nacionais, por meio de diversas linhas espe- cíficas. Pois esse banco possui diversas linhas de financiamento com taxas muito atraentes para os empresários investirem no desenvolvimento de suas empresas. Já as debêntures são os títulos de dívida emitidos pelas empresas tipicamente no território nacional. As empresas as utilizam para captar recursos, pagando juros e prêmios estipulados em uma escritura registrada, em que são resguardados todos os direitos e condições. Tais investidores podem ser pessoas, empresas jurídicas, bancos ou até mesmo pessoas físicas. Ou seja, esse tipo de título não deixa de ser um financiamento ou empréstimo tomado junto ao público, portanto, não se caracteriza como um financiamento bancário. Existem dois tipos de debêntures: as debêntures conversíveis em ações e as debêntures não conversíveis em ações. E aí você deve estar se perguntando qual a diferença entre ambas? A diferença é que as debêntures conversíveis em ações dão ao adquirente do título o direito de renunciar ao recebimento do dinheiro no vencimento e, com o valor das debêntures, transformá-las em ações ordinárias ou preferenciais, de acordo com o estipulado na escritura em termos de valor e quantidades equivalentes. Caso isso ocorra, a empresa se compromete a uma nova emissão de ações para fundamen- tar a incorporação das debêntures como capital social. Já as debêntures não con- versíveis, não permitem a transformação em ações. No dia do seu vencimento, a empresa tem que honrar o pagamento da obrigação aos seus detentores. Para que você aprofunde os seus conhecimentos acerca das debêntures, faça uma leitura sobre o assunto no site da enciclopédia virtual Wikipédia acessando o seguinte link: http://pt.wikipedia.org/wiki/Deb%C3%AAnture. No livro texto é apresentada uma forma de calcular o custo de capital das debêntu- res que utiliza os conceitos da Taxa Interna de Retorno (TIR), que é uma ferramenta utilizada para avaliar o retorno dos investimentos, porém vocês só conhecerão em profundidade esse assunto na unidade três do livro texto. Portanto, sugiro que, para continuarmos nossa aula sem que haja atropelos no conhecimento que está sendo construídos, vocês ignorem inicialmente esse cálculo que está sendo demonstrado nas páginas trinta e quatro (34) a trinta e seis (36) em relação ao custo das debên- tures. Pois, na próxima unidade, esse conceito de taxa interna de retorno será mais bem explicado para que vocês entendam mais claramente. E agora para que possamos dar continuidade à construção do nosso conhecimento sobre custo de capital, é necessário que você pare e pegue seu livro texto de Me- gliorini e faça a leitura da página trinta e sete (37) até a página quarenta e um (41) no tópico que aborda sobre custo do capital próprio. 2.2 Custo do capital próprio O custo do Capital Próprio é a remuneração oferecida para os sócios e investidores da entidade. Ele se divide em custo das ações ordinárias e das ações preferenciais. Mas você sabe qual a diferença entre ações ordinárias e ações preferenciais? A di- ferença consiste no direito ao voto, pois as ações ordinárias permitem participação 6 nos lucros e dão direito a voto nas assembleias da empresa, enquanto nas ações preferenciais, como o próprio nome diz, os sócios que possuem esse tipo de ação têm preferência na hora de receber os dividendos, ou seja, eles possuem prioridade no recebimento de dividendos mínimos ou fixos e também no reembolso do capital investido em caso de dissolução da sociedade, porém não possuem direito a voto nas assembleias da empresa. O custo de capital das ações preferenciais, no Brasil, se assemelha bastante às ordinárias, exceto quanto ao direito a voto. Mas, com base num modelo americano, apresentamos uma fórmula para encontrar o custo dessas ações, que, novamente considerando o Brasil, pode ser utilizado para casos de títulos que possuem uma re- muneração fixa, vencimento inexistente e valorização de mercado irrelevante. O cus- to das ações preferenciais, rp, é o quociente entre o dividendo da ação preferencial e os recebimentos líquidos provenientes da venda dela pela empresa. Os recebimen- tos líquidos representam a quantia a ser embolsada, menos quaisquer custos de lan- çamento. A equação a seguir mostra o custo das ações preferenciais, rp, em termos do dividendo anual, Dp, e dos recebimentos líquidos com a venda da ação, Np. rp = (Fórmula 2.2.1)Onde: rp = custo do capital da ação preferencial; Dp = dividendo preferencial (considerado fixo); Np = montante a ser recebido pela emissão da ação preferencial, líquido de todas as despesas de colocação. Dividendos líquidos com a venda das ações. Como os dividendos das ações preferenciais são pagos com fluxos de caixa depois do imposto de renda da empresa, não se faz necessário qualquer ajuste ao imposto. Para que você entenda melhor como funciona esse cálculo, vamos citar um exem- plo: Vamos voltar ao nosso exemplo da Consultoria ABC LTDA e supor que os sócios da consultoria estão avaliando a possibilidade de emitirem ações preferenciais a uma remuneração de 12% (doze por cento), que espera vender tais ações ao valor de face de R$ 100,00 (Cem reais) por ação. O custo de emissão e venda deve ser de R$ 10,00 (dez reais) por ação. Então, eu lhe pergunto, qual o custo das ações preferenciais da Consultoria ABC LTDA? Como faremos para resolver e calcular esse custo? A primeira ação que deveremos adotar para resolver o problema é calcular o custo da ação, ou seja, calcular o valor dos dividendos preferenciais anuais que serão pa- gos para os detentores da ação preferencial, que, nesse caso, se calcula da seguin- te forma: a Consultoria ABC LTDA paga uma remuneração de 12% (doze por cento) sobre o valor da ação que é de R$ 100,00 (Cem reais). Logo, o valor do custo da ação preferencial será de: R$ 100,00 X 12% = R$ 12,00 (doze reais). 7 Agora que já calculamos o valor da ação, precisamos encontrar o valor dos recebi- mentos líquidos para substituirmos na fórmula 2.2.1. Então, o valor dos recebimen- tos líquidos por ação com a venda proposta corresponde ao preço de venda menos os custos de lançamento. Logo, o valor será calculado por: R$ 100,00 - R$ 10,00 = R$ 90,00. Agora só falta substituir na fórmula 2.2.1 para encontrarmos o custo da ação preferencial. rp = = 0,1333 ou 13,33%. Você se lembra do custo de capital de terceiros que calculamos para a Consultoria ABC LTDA? Foi de 9% enquanto o custo da ação preferencial que calculamos acima foi maior que o custo de capital de terceiros. Você sabe por que isso ocorre? Isso acontece porque o custo do capital de terceiros (os juros) é dedutível do imposto de renda e também porque as ações preferenciais são mais arriscadas do que a dívida de longo prazo. O Custo de capital das ações ordinárias está relacionado à remuneração paga aos sócios da empresa através de dividendos e também ao aumento do valor da ação e estão diretamente relacionados ao lucro da empresa. Pois o custo do capital próprio sob a forma de ações ordinárias, rs, é a taxa à qual os investidores descontam os dividendos esperados da empresa para determinar o valor de sua ação. Podem ser utilizadas duas formas de calcular esse custo que pode ser o modelo de avaliação com crescimento constante ou o modelo de formação de preços de ativos (CAPM). Vamos utilizar agora o modelo de avaliação com crescimento constante de Gordon. Para calcular o custo do capital próprio das ações ordinárias, utilizaremos a seguinte equação: rs = (Fórmula 2.2.2) Onde: rs = retorno requerido da ação ordinária; (custo do capital próprio); D1 = dividendo por ação esperado ao final do primeiro ano; P0 = valor da ação ordinária; g = taxa de crescimento constante dos dividendos. Vamos supor que a Consultoria ABC LTDA deseje determinar o custo de seu capital próprio (ações ordinárias), rs. O preço de mercado, P0, de suas ações ordinárias é de R$ 75,00 (setenta e cinco reais) por ação. A empresa espera pagar dividendos, D1, de R$ 9,00 (nove reais) ao fim do próximo ano e nos últimos anos os dividendos apresentaram uma taxa de crescimento média anual de 6% (seis por cento). Calcule o custo da ação ordinária. Para encontrarmos o custo do capital próprio das ações ordinárias, vamos substituir na fórmula 2.2.2. rs = 0,06 = 0,12 + 0,06 = 0,18 ou 18% Esse custo de 18% do capital próprio representa o retorno requerido pelos acionistas atuais sobre seu investimento. Se o retorno efetivo for inferior a esse, é provável que eles comecem a vender suas ações. 8 Outra forma de calcular o custo das ações ordinárias é através do modelo de forma- ção de preços de ativos (CAPM), que é uma técnica que descreve a relação entre o retorno requerido, rs, e o risco não diversificável da empresa, medido pelo coeficiente beta, b. A fórmula para encontrar o CAPM básico é dada pela seguinte equação: )]([ RrRr FmFs b ��+= (Fórmula 2.2.3) Onde: Rf = taxa de retorno livre de risco. rm = retorno de mercado; retorno sobre os ativos da carteira de mercado. b = beta do mercado. O uso da técnica do CAPM indica que o custo do capital próprio das ações ordiná- rias é o retorno requerido pelos investidores como recompensa pelo risco não diver- sificável da empresa, medido pelo beta. Vamos analisar um exemplo prático dessa técnica para que vocês entendam melhor. Para isso continuaremos com o nosso exemplo da Consultoria ABC LTDA, que ago- ra calcula o custo das suas ações ordinárias, rs, com o modelo de formação de pre- ços de ativos. Seus assessores de investimentos e suas próprias análises indicam que a taxa livre de risco, Rf, é de 10%; o beta, b, da empresa é de 1,6; e o retorno de mercado, rm, é 15%. Vamos calcular o custo do capital próprio pela técnica do CAPM? Substituindo na equação 2.2.3 teremos o seguinte cálculo: rs = 10% + [1,6 x (15% - 10%)] = 10% + [1,6 x 5%] = 10% + 8% = 18% Logo, o custo de 18% do capital próprio representa o retorno requerido pelos investi- dores sobre as ações ordinárias da Consultoria ABC LTDA, que, por sua vez, é igual ao valor encontrado com o modelo de avaliação com crescimento constante. Para que você aprofunde seus conhecimentos sobre essas técnicas e aprenda mais sobre as principais diferenças entre ambos, é necessário que você vá a biblioteca virtual e leia o livro de Princípios de Administração Financeira do autor Lawrence J. Gitman, no capítulo onze (11) da página: 439 até a página 443. 2.3 Custo médio ponderado de Capital (CMPC) Para darmos continuidade ao nosso assunto de estrutura e custo de capital, vamos estudar agora o custo médio ponderado de capital. Para que você entenda melhor os conceitos que serão tratados nessa parte, será necessário que você pare e faça uma leitura desse assunto no livro texto, da página quarenta e um (41) até a página quarenta e quatro (44). Agora que você já leu sobre o assunto, você viu que o custo médio ponderado de capital (CMPC) é a média ponderada dos custos das diversas fontes de financia- mentos obtidas pela empresa. Ele é simples de calcular e é feito através da multi- plicação do custo específico de cada modalidade de financiamento por sua partici- 9 pação na estrutura de capital da empresa e somam-se os valores ponderados. De acordo com a equação a seguir: CMPC = (Wd x Kd) + (We x Ke) + (Wao x Kao) + (Wap x Kap) + (Wlr x Kao) (Fórmula 2.3.1) Wd = proporção de debêntures na estrutura de capital; We = proporção de empréstimos na estrutura de capital; Wao = proporção de ações ordinárias na estrutura de capital; Wap = proporção de ações preferenciais na estrutura de capital; Wlr = proporção de lucros retidos na estrutura de capital; Kd = custo das debêntures; Ke = custo dos empréstimos; Kao = custo das ações ordinárias; Kap = custo das ações preferenciais. Agora, para entendermos melhor a aplicação dessa equação, vamos voltar ao nosso exemplo da Consultoria ABC LTDA, já que os custos dos diversos tipos de capital já foram calculados, conformedemonstração a seguir: Custo do capital de terceiros, Ke ,= 9% Custo das ações preferenciais, Kap = 13,33% Custo das ações ordinárias, Kao = 18% Sabendo que a empresa pretende usar os seguintes pesos para calcular o custo mé- dio ponderado de capital: FONTES DE CAPITAL PESO Capital de terceiros de longo prazo 40% Ações preferenciais 10% Ações ordinárias 50% TOTAL 100% Para calcularmos o custo médio ponderado de capital da Consultoria ABC LTDA é só substituirmos os valores acima na fórmula 2.3.1: CMPC = (0,40 x 9%) + (0,10 x 13,33%) + (0,50 x 18%) = 3,6% + 1,33% + 9% = 13,93%. 10 Para complementar o seu conhecimento sobre o assunto, será necessário que você vá até a biblioteca virtual e continue a leitura do Livro de Princípios de Administração Financeira, do autor Lawrence J. Gitman, no capítulo onze (11), da página: 444 até a página 446. 2.4 Conceitos de Alavancagem Vamos discutir nessa seção um conceito muito importante para construção do seu conhecimento sobre Estrutura e Custo de Capital e que não está contemplado no livro texto de Megliorini. Então, para que você se aprofunde mais nesse conhecimen- to, peço que você pare e procure na biblioteca virtual o livro de Princípios de Admi- nistração Financeira, do autor Lawrence J. Gitman, e faça a leitura do capítulo doze do livro da página quatrocentos e sessenta e oito (468) até a página quatrocentos e oitenta e um (481). Agora que você já fez a leitura, aprendeu sobre o conceito de alavancagem que cor- responde ao termo geral utilizado para qualquer técnica aplicada para multiplicar a rentabilidade por meio de endividamento. O incremento proporcionado através da alavancagem também aumenta os riscos da operação e a exposição da empresa à insolvência. Existem três tipos de alavancagens que são: a alavancagem operacio- nal, a financeira e a total. A alavancagem operacional diz respeito à relação entre a receita de vendas da em- presa e o seu lucro antes dos juros e imposto de renda (LAJIR), conhecido também como lucro operacional. Ele mostra como uma mudança no percentual das vendas afetará o lucro da empresa. O grau de Alavancagem operacional (GAO) é dado pela seguinte equação: GAO = (Fórmula 2.4.1) Onde: Q = quantidade vendida P = preço de venda do produto CV = Custo variável CF = custo fixo Vamos supor que uma empresa hipotética deseje calcular o seu grau de alavanca- gem operacional, sabendo que a quantidade vendida foi de 10.000 unidades, que o preço de venda é de R$ 100,00, seu custo variável é de R$ 50,00 e seus custos fixos são de R$ 150.000,00. Para calcularmos, vamos substituir na equação 2.4.1: GAO = = 1,43 11 Logo, essa empresa possui um grau de alavancagem operacional de 1,43, que sig- nifica que, para cada um real de aumento nas vendas, o lucro da empresa crescerá 1,43 vezes mais do que as vendas. A alavancagem financeira diz respeito à relação entre o lucro antes dos juros e imposto de renda (LAJIR) e o seu lucro líquido por ação ordinária (LPA). Ele mostra o efeito que o capital de terceiros produz sobre o patrimônio líquido. Se o GAF for maior do que um (1,0), dizemos que foi favorável; se o GAF for menor do um (1,0), teve uma alavancagem desfavorável; e, se for igual a um (1,0), a alavancagem foi nula. O grau de Alavancagem Financeira (GAF) é dado pela seguinte equação: GAO = (Fórmula 2.4.2) Onde: J = juros DP = Dividendos preferenciais T = alíquota do imposto de renda Vamos calcular o grau de alavancagem financeira da empresa da questão anterior, sabendo que o LAJIR foi de R$ 350.000,00, que os juros foram de R$ 25.000,00, os dividendos preferenciais foram de R$ 22.000,00 e a alíquota do imposto de renda é de 40%. Para calcularmos vamos substituir na equação 2.4.2: GAF = GAF = = 1,21 Logo, essa empresa possui um grau de alavancagem financeira de 1,21, que signifi- ca que ela apresenta uma alavancagem favorável. Já alavancagem total diz respeito à relação entre a receita de vendas da empresa e o seu lucro líquido por ação ordinária (LPA). Ela resulta do efeito combinado do uso de custos fixos, tanto operacionais quanto financeiros, para ampliar os efeitos de variações nas vendas sobre o lucro por ação da empresa. Ela pode ser calculada através da multiplicação do GAO pela o GAF. GAT = GAO x GAF (Fórmula 2.4.3) 12 Vamos calcular agora o grau de alavancagem total (GAT) da empresa da questão anterior, para isso é só substituirmos na equação 2.4.3. GAT = 1,43 x 1,21 = 1,73 Com isso, verificamos que a empresa apresenta um grau de alavancagem total de 1,73. 2.5 Revisão da Unidade dois Para concluirmos o assunto da unidade dois, vamos recapitular os principais con- ceitos vistos. Pois, nessa unidade, aprendemos sobre a estrutura e custo de capital. Aprendemos a diferença entre o custo de capital de terceiros e o custo de capital próprio e também aprendemos a calcular o custo de cada uma dessas fontes de ca- pital. Vimos que é importante conhecer as diversas fontes de capital da empresa e saber calcular o custo dessas fontes, cujo objetivo é encontrar a estrutura ótima de capital. Pois as empresas procuram essas estruturas ótimas através da substituição do capital próprio pelo capital de terceiros, uma vez que o capital de terceiros apre- senta um custo menor do que o capital próprio. Logo, quanto maior for a participação de capital de terceiros na estrutura de capital da empresa, menor será o custo médio ponderado de capital. E, por último, aprendemos a calcular a alavancagem opera- cional, financeira e total com o intuito de verificarmos o efeito do custo de capital de terceiros sobre a empresa. Agora é sua vez de pôr em prática o que foi mostrado nessa unidade. Para praticar os conhecimentos vistos nessa unidade, faça os exercícios referentes à unidade dois que estão no ambiente virtual e participe do fórum sobre os assuntos abordados nessa unidade para trocar conhecimentos com os outros estudantes.
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