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DEP ARTAMENTO DE CIÊNCI A DOS ALIMENTOS COLEGI ADO DO CURSO DE ENGENHARI A DE ALIMENTOS APOSTILA: DESENVOLVIMENTO DE NOVOS PRODUTOS JOÃO DE DEUS SOUZA CARNEIRO CARLA SARAIVA GONÇALVES Lavras/MG, fevereiro de 2013. INTRODUÇÃO GERAL O desenvolvimento de novos produtos desempenha importante papel no setor alimentício, o qual é caracterizado, principalmente, pela alta competitividade. Uma das maneiras das indústrias alimentícias se manterem competitivas no mercado, aumentar os seus lucros e atender as necessidades dos consumidores é desenvolver e lançar no mercado produtos diferenciados e com alto valor agregado. Entretanto, a taxa de sucesso de novos produtos lançados no mercado é pequena. Para que o novo produto tenha sucesso no mercado, faz-se necessário o exame de questões como avaliação das necessidades dos consumidores, identificação das oportunidades de mercado, avaliação da capacidade técnica e econômica da empresa para desenvolver o novo produto, expectativa de venda do novo produto, marketing, comportamento do consumidor, etc. Uma das formas de minimizar os erros que podem levar ao fracasso de um novo produto é a sistematização do processo de desenvolvimento de novos produtos. Este texto acadêmico abordará de forma simples e objetiva o processo de desenvolvimento de produtos nas indústrias alimentícias. E objetiva orientar os profissionais que atuam ou atuarão nestas indústrias sobre o processo de desenvolvimento de novos produtos. 1 NOVOS PRODUTOS NA INDÚSTRIA ALIMENTÍCIA 1.1 IMPORTÂNCIA DOS NOVOS PRODUTOS PARA A INDÚSTRIA ALIMENTÍCIA A indústria alimentícia no Brasil representa um segmento importante da produção industrial. No ano de 2011, faturou aproximadamente R$ 383,4 bilhões e foi responsável por cerca de 9,3% do PIB (Produto Interno Bruto) nacional, apresentando crescimento nas taxas absolutas de produtividade, emprego de mão- de-obra e capacidade ocupada (ABIA, 2012). O desenvolvimento de produtos tem grande importância econômica para a indústria alimentícia, contribuindo para a sustentação das mesmas, que precisam constantemente inovar e acompanhar as tendências do mercado. Além disso, o cenário político e econômico resultante da globalização se caracteriza, principalmente, pela competitividade industrial. E, neste cenário, o desenvolvimento de produtos ocupa um papel importante e estratégico, se tornando ponto chave para obtenção de vantagens no mercado. A indústria alimentícia, no Brasil, nunca lançou tantos novos produtos no mercado, como vem ocorrendo, a condição de estabilização econômica do país a partir de 1995, permitiu ao consumidor acesso a novos produtos e condições de compra. Vários fatores justificam o aumento de novos produtos lançados no mercado. São eles: o A relação comprovada entre novos produtos e o aumento das vendas e participação no mercado; o O uso dos novos produtos como instrumento de diferenciação e segmentação de mercado; o O maior ritmo das inovações tecnológicas; o Consumidores mais exigentes e com novos valores; o Maior competição estrangeira no mercado; o Aumento da população; o Maior acesso dos consumidores à informação; o Aumento do poder de compra; o Envelhecimento da população; 7 o Redução do número de filhos nas famílias; o Maior participação das mulheres no mercado de trabalho. A busca pelo desenvolvimento de novidades no setor alimentício ocorre, também, devido à mudança constante das necessidades dos consumidores e da concorrência acirrada. A vida dos consumidores passa por frequentes mudanças culturais, sociais e que têm grande influência nas refeições diárias, seja pela falta de tempo para preparar as mesmas, seja por hábitos sociais ou pela descoberta de novos produtos. A indústria alimentícia deve estar atenta a essas mudanças, pois os consumidores buscam produtos que atendam às suas necessidades. Outro ponto que influencia o desenvolvimento de produtos é o fator custo- benefício. Por isso, as indústrias buscam as inovações tecnológicas e a otimização de produtos para aumentar a qualidade e diminuir preço na medida do possível, para levar até o consumidor a maior qualidade pelo menor preço. Devido a isso surgem as constantes mudanças de embalagens, formulações e processos. Logo, observa-se, no contexto atual, que as empresas que falharem no desenvolvimento de novos produtos estarão se expondo a um grande risco. Isso porque seus produtos existentes são vulneráveis às mudanças das necessidades e gostos dos consumidores, às novas tecnologias, aos ciclos mais curtos de vida dos produtos e ao aumento da concorrência doméstica e estrangeira. Assim, o sucesso financeiro a longo prazo está diretamente relacionado à efetividade e à eficiência com que as empresas podem reconhecer e atender às necessidades dos consumidores por meio de novos produtos. 1.2 TENDÊNCIAS DO MERCADO ALIMENTÍCIO O setor alimentício, nas últimas duas décadas, teve que se adequar rapidamente às mudanças no mercado, devido, principalmente, à estabilização da economia, à globalização e à abertura de mercado. A estabilização e a abertura de mercado provocaram um aumento no lançamento de novos produtos. Esses fatores contribuíram para a melhoria do poder aquisitivo e expuseram os consumidores a produtos mais elaborados, como pratos prontos, cafés gourmets, produtos mais saudáveis e mais elaborados, aumentando a exigência dos consumidores e o consumo desses produtos. Outros fatores também influenciaram na formação do perfil da indústria alimentícia no Brasil, entre eles, a crescente participação da mulher no mercado de trabalho, a mobilidade dos consumidores e a mudança de hábitos de consumo, diminuindo a demanda por ingredientes para refeições em casa, incentivando a busca por produtos pré-prontos e com o menor tempo de preparo e impulsionando o 8 consumo de produtos que proporcionem benefícios para a saúde dos consumidores. O agrupamento desses fatores torna o setor cada vez mais dinâmico, na tentativa de atender às expectativas dos consumidores, as quais vão surgindo à medida que o mercado se modifica. De acordo com a pesquisa "Brasil Foods Trends 2020", pesquisa nacional encomendada pela FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo ao IBOPE – Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística para avaliar o grau de aderência do consumidor brasileiro às tendências internacionais, as principais tendências do mercado brasileiro são: o Sensorialidade e prazer (23%): produtos com variação de sabores, produtos com sabores regionais, produtos com maior valor agregado (premium, gourmet), etc. Ex.: Picolé Fruttare Caseiro (Kibon); Barras de cereal Neston de diversos sabores (Nestlé); Biscoito Cream Cracker sabor queijo minas (Mabel). o Saudabilidade e bem estar; Sustentabilidade e Ética (21%): produtos com benefícios à saúde, produtos com adição ou restrição de nutrientes, produtos orgânicos, empresas que protegem o meio ambiente, produtos sustentáveis, produtos vinculados à causas sociais ou ambientais, etc. Ex.: Coca-cola light plus (Coca-Cola); Lasanha com carne de soja (Sadia); Leite enriquecido com ferro (Itambé); Pão de forma com selo livre de gordura trans (Seven Boys); Petit suisse vem com sementinhas para plantar (Danone), embalagem elaborada a partir de cana de açúcar (Coca-Cola). o Conveniência e praticidade (34%): Produtos prontos ou semiprontos, alimentos de fácil preparo, produtos em pequenas porções, produtosadequados para comer em trânsito; Ex.: Biscoito salgado recheado embalado em porções individuais (Club social); Hot pocket fatia de pizza para aquecer e comer (Sadia). o Confiabilidade e qualidade (23%): Produtos com credibilidade de marca, produtos com selo de qualidade, etc. Ex.: Coca-cola, McDonald’s, Nestlé, Unilever, produtos com qualidade reconhecida em diversos países; produtos que possuem selos atestando que os mesmos são recomendados ou aprovados por entidades reconhecidas nacionalmente (Associação de Cardiologia, Associação Brasileira das Indústrias de Cefé, etc.). 9 1.3 INOVAÇÃO TECNOLÓGICA E NOVOS PRODUTOS Inovação é a introdução de novidade no ambiente produtivo ou social que resulte em novos produtos, processos ou serviços. No desenvolvimento de produtos, a inovação tecnológica é indispensável como elemento de diferenciação, oferecendo vantagem competitiva para a empresa. Na diferenciação, selecionam-se um ou mais fatores que os consumidores consideram importantes, posicionando-se, singularmente, para satisfazer a estas necessidades. Esta singularidade é recompensada com uma vantagem no preço do produto (PORTER, 1992). Segundo ATHAYDE (1999), é difícil avaliar o grau de inovação de um novo produto alimentício. Alguns especialistas da área entendem que o conceito de novo é relativo e dependente de fatores, como aplicação, produção e mercado. E sugerem atentar primeiro para o fato de que o grau de inovação de um produto não está somente relacionado ao fato de ser inédito ou não. O conceito de inovação está intimamente ligado a melhorias do produto tais como: melhoria da embalagem, melhoria das características sensoriais, alteração da formulação, modificação do conceito do produto, reposicionamento do produto no mercado, etc. As empresas podem realizar várias atividades inovativas que contribuem para o desenvolvimento de produtos, tais como: realização de atividades internas de pesquisa (pesquisa básica e pesquisa aplicada), aquisição externa de conhecimentos (consultoria, parceria com universidades, etc.), aquisição de máquinas e equipamentos, treinamento dos funcionários e contratação de funcionários capacitados. As empresas, por meio da inovação, podem obter vários benefícios: o Substituição de produtos obsoletos no mercado; o Aumento do portfólio de produtos da empresa; o Entrada em novos mercados; o Redução dos custos de produção, taxas de defeito e consumo de materiais; o Melhoria dos produtos e processos de produção. Não podemos também esquecer o fato de que o sucesso na introdução de novos produtos está longe de ser uma atividade fácil e de êxito garantido. A inovação também é um risco. No Brasil, segundo entrevista realizada no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi), mais de 80% dos produtos registrados não chegam nem 10 a ser lançados, e em levantamentos realizados, apenas cerca de 200 chegaram a mais de US$ 15 milhões de faturamento e menos de 10 a US$ 100 milhões nos últimos 10 anos, numa base de cerca de 6 mil patentes (2002). 1.4 CATEGORIAS DE NOVOS PRODUTOS Antes de comentar a respeito das categorias de novos produtos, é necessário definir o termo produto. Segundo Semenick e Bamossy (1995), produto é um conjunto de atributos tangíveis ou intangíveis que proporciona benefícios reais ou percebidos, com a finalidade de satisfazer às necessidades e aos desejos dos consumidores. Kotler e Armstrong (1998) definem produto como qualquer coisa que possa ser oferecida a um mercado para atenção, aquisição, uso ou consumo e que possa satisfazer a um desejo ou necessidade. Já para McCarthy e Perrealt Jr. (1997), produto significa a oferta de uma empresa que satisfaz a uma necessidade. Logo, produto pode ser um bem físico, um serviço ou uma mistura de ambos, que atende às necessidades dos consumidores (McCarthy e Perrealt Jr., 1997). Como exemplos podemos citar: caixa de bombons (bem físico), curso sobre pesquisa de mercado (serviço) e a compra de um equipamento, na qual a instalação será realizada pela empresa que vendeu o equipamento (mistura de bem físico e serviço). Segundo Irigaray et al.,(2007), os novos produtos dividem-se em dois grupos básicos: novos para o mercado (produtos novos para os consumidores) e novos para a empresa (produtos que a empresa não produz atualmente). Uma outra forma de classificar os nonos produtos a descrita a seguir: a) Produtos Totalmente Novos Produtos que trazem uma inovação verdadeira para uma categoria de produtos ou criam novas categorias. Como exemplo desses produtos podemos citar, quando foram lançados, os isotônicos (Gatorade), as embalagens cartonadas (Tetra Pak), e os alimentos funcionais (Iogurte Activia). b)Produtos de Valor Transferido Novos produtos lançados com a marca de produtos já existentes e estabelecidos no mercado. Um exemplo seria o sorvete Prestígio (Nestlé). Neste caso, o objetivo é transferir o valor da marca do chocolate Prestígio para o sorvete. 11 c) Extensões de Linha Enquadra-se nessa categoria o desenvolvimento de produtos que complementam as linhas de produtos já existentes na empresa, por meio de novas versões, embalagens, tamanhos, sabores, etc. As empresas podem expandir a suas linhas de produtos por meio de: - Expansão de uma marca ou produto: um mesmo produto apresentado de formas diferentes, variando-se volume, sabor, forma, embalagem, etc. Ex.: Coca-cola nas embalagens de 2,5L, 2L, 1,5L, 500mL, 350mL e 250mL. - Correlatos à marca: produtos afins comercializados sob a mesma marca. Exemplo: um laticínio que produz queijos começa a produzir iogurte e leite pasteurizado. Ex.: A empresa Nestlé produz os lácteos requeijão, iogurte e leite condensado. d) Novas linhas de produtos São novos produtos lançados pelas empresas com o objetivo de entrar em um mercado já estabelecido. Exemplo: uma empresa do setor de laticínios começa a produzir produtos cárneos, uma empresa do setor de panificação começa a produzir sucos em pó, etc. Ex.: A indústria de alimentos Yoki que produz produtos a base cereais (milho de pipoca, canjiquica, etc.), começa a produzir bebida a base de soja. e) Produtos Temporários São produtos preparados para datas e/ou eventos específicos, que reaparecem a cada estação ou que apresentam a maioria de suas vendas em certos períodos. Ex.: Produtos com embalagem comemorativa sobre a copa do mundo, olimpíadas; Panettone de Natal Bauducco. f) Melhoria de produtos existentes Estes são produtos que apresentam melhor desempenho ou maior valor percebido (custo-benefício), substituindo os produtos existentes. - Melhoria da aparência ou forma: forma de chamar a atenção de consumidores, novos ou não, para produtos que podem estar esquecidos ou sem atrativos que atuem na etapa de decisão da compra. Podem incluir desde mudanças sensoriais (cor, textura, adição de um novo ingrediente e nova formulação, entre outros) a mudanças gráficas, nova embalagem e mudança na forma de disposição do produto para o consumidor. Ex.: Nescau 2.0. - Melhoria do desempenho: forma de acrescentar novidade a um produto já estabelecido; é uma melhoria no desempenho. Esta é frequentemente acompanhada de melhorias na aparência e na forma. Ex.: Achocolatado Nescau 2.0 (Nestlé), 12 enriquecido com vitaminas e embalagem espiral, lembrando um tornado. - Modificação da formulação: com frequência envolve novos aditivos, modernas técnicas de processamento, substituição de ingredientes e até eliminação de partes dos componentes ou de ingredientes. Ex.: Leite UHT com reduçãode gordura (Cemil). - Melhoria da embalagem: aprimoramentos na construção da embalagem acrescentando novidade, melhorando a conveniência de uso, aparência, possibilidade de reaproveitamento (embalagens multiuso), volume, peso, portabilidade e utilizando novos materiais. Ex.: Leite condensado moça (Nestlé) com embalagem mais ergonômica. g) Reposicionamentos Direcionamento de produtos existentes para novos mercados ou para novos segmentos de mercado. Ex.: Reposicionamento do iogurte Activia (Danone) para crianças. h) Redução de custos Produtos que oferecem desempenho similar, a um menor custo, devido a melhorias no processo produtivo ou à redução do custo de produção. Ex.: Achocolatado Nescau em embalagem prática e econômica de 900g (Nestlé). Entre os novos produtos lançados, 10% correspondem a produtos totalmente novos, 20% a novas linhas de produtos, 26% a melhorias/revisões de produtos existentes, 26% a extensões de linha, 11% a reduções de custos e 7% a reposicionamento. 2 SISTEMÁTICA PARA O DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS Segundo ATHAYDE (1999), cada lançamento de um novo produto passa por diversas etapas. Nelas são avaliados vários itens para que os resultados do produto respondam às expectativas dos consumidores e tragam retorno ao investimento realizado. Um roteiro básico para o desenvolvimento de novos produtos é composto pelas seguintes etapas: geração de idéias; seleção de idéias (análise e triagem); elaboração e teste do conceito, análise de viabilidade técnica e econômica, desenvolvimento do protótipo, transferência da escala piloto para a escala industrial, elaboração do plano de marketing e checagem. Esse processo é cíclico e, a cada resposta negativa, ou se abandona a idéia ou o conceito, ou se retorna ao passo anterior. 2.1 GERAÇÃO DE IDEIAS O processo de desenvolvimento de novos produtos se inicia com a geração de idéias. As principais fontes de geração de ideias para o desenvolvimento de produtos são os consumidores, funcionários da própria empresa, fornecedores, distribuidores, atacadistas, varejistas, pesquisa em banco de patentes, publicações de universidades e centros de pesquisa, monitoramento da concorrência, dados demográficos, dados psicográficos (atitudes e comportamento dos consumidores) e análise das tendências de mercado. O conceito de marketing considera que as necessidades e os desejos dos consumidores são a fonte lógica para buscar ideias de novos produtos. Informações demográficas fornecem dados estatísticos relacionados com o tamanho e a distribuição da população por idade, grau de escolaridade, características da família, renda e etc. Essas informações são úteis para que se conheçam os hábitos de consumo e de compra dos consumidores. Os dados psicográficos refletem as atitudes e o comportamento do consumidor e fornecem uma melhor noção da qualidade que o produto deve apresentar para 14 satisfazer às necessidades e às expectativas dos consumidores. A combinação dos dados demográficos e psicográficos abre portas, também, para a geração de ideias de novos produtos que atendam as necessidades e desejos dos consumidores. Uma ferramenta útil para gerar ideias é a pesquisa de mercado (Malhotra, 2006). A pesquisa de mercado é definida como investigação organizada e imparcial para medir, quantitativa e qualitativamente, todos os fatores que influenciam o mercado, além de fornecer informações a partir de agrupamento de dados que auxiliam na tomada de decisões. Os principais objetivos da pesquisa de mercado são traçar o perfil dos consumidores, bem como conhecer suas necessidades e desejos, e reduzir erros e incertezas nas tomadas de decisões, e por consequência, reduzir riscos. Segundo IRIGARAY (2006) um resumo da metodologia das técnicas de geração de ideias é apresentada na Figura 1. Nesse caso, estamos exemplificando o diagrama de Parnes (Figura 2). Listagem de atributos Brainstorming Relacionamentos forçados Grupo de seis a dez pessoas Análise morfológica uma a duas horas – manhã Identificação da necessidade/problema Crítica proibida Divagação bem-vinda Quantidade encorajada O “gancho” utilizado “Tororó de palpite” Figura 1 – Técnicas de Geração de idéias. Fonte: IRIGARAY, 2006. A proposta desse modelo é que em, no máximo, cinco sessões rápidas de brainstorming se consiga estruturar uma ideia. Os cinco passos são: a identificação de requisitos do cliente, determinação de requisitos do produto associados a essas necessidades dos clientes, a descrição da ideia do produto, a coleta de dados sobre essa ideia para suportar sua decisão e o seu desenvolvimento para a apresentação e tomada de decisão. A proposta baseia-se integralmente no modelo brainstorming, que tem como regras básicas um grupo multidisciplinar de seis a dez pessoas, com sessões de, no máximo, duas horas, preferencialmente pela manhã. A quantidade 15 das ideias é incentivada, independentemente da qualidade, a critica inicial é proibida e o “gancho”, aproveitamento de idéias originais para seu desenvolvimento e aprofundamento, é utilizado. As sessões são, em um primeiro momento, divergentes, isto é, de total liberdade de expressão, e, próximo de seu final, convergentes, com as criticas acontecendo e o consenso e o envolvimento do grupo em torno da evolução da idéia sendo buscados de maneira a consolidar sua estruturação. Apesar de o exercício de brainstorming ter um conjunto de regras que soa um tanto quanto incompatível, estas são as recomendações para se alcançar uma melhor estruturação das idéias. Fatos <Requisitos> do cliente <Requisitos> do produto <Idéia de> produto <Dados> sobre a idéia <Desen>- volvimento da idéia < Pensamento divergente > Pensamento divergente Apresentação Figura 2 – Brainstorming: Modelo de Parnes. Fonte: IRIGARAY, 2006. 2.2 SELEÇÃO DE IDEIAS A seleção de ideias é uma atividade subsequente à geração de ideias que tem como objetivo principal descartar as ideias ruins para se evitarem altos custos de desenvolvimento desnecessários que vão se incorporando a partir dessa etapa. A ideia passa a ser uma oportunidade quando incorpora informações que permitam a sua definição clara. O primeiro passo para que as informações possam ser associadas à ideia é a definição do segmento de mercado que a empresa pretende atingir. Uma mesma ideia certamente terá configurações diferentes de produtos para os diversos segmentos em que possa ser implementada (NETO e JUNIOR, 2003). O segmento de mercado escolhido deve apresentar potencial de mercado compatível com a capacidade da empresa. A compatibilidade está relacionada com a 16 capacidade de investimento, conhecimento sobre o assunto (competência técnica) e a capacidade de comercialização (canais de distribuição, localização do público alvo, etc.). É recomendável analisar vários segmentos potenciais (NETO e JUNIOR, 2003). Após determinar o segmento de mercado é necessário definir a oportunidade. Para a definição da oportunidade é necessário obter informações a respeito de cinco tópicos principais: as características gerais da ideia (o que é?), a sua justificativa (o porquê?), o perfil do consumidor (para quem?), a forma de uso (onde e quando?) e as principais características técnicas funcionais (como?) (NETO e JUNIOR, 2003). Após a definição das oportunidades, as mesmas devem ser analisadas em relação a grau de novidade, prazo de desenvolvimento, probabilidade de sucesso comercial e técnico,necessidade de investimento, potencial de domínio da tecnologia necessária e durabilidade da vantagem competitiva. Após essa análise, devem ser selecionadas a(s) melhor(es) oportunidade(s). Ressalta-se que existem outras técnicas e metodologias que podem ser utilizadas para selecionar ideias. 2.3 ELABORAÇÃO E TESTE DO CONCEITO DO NOVO PRODUTO O conceito do novo produto são as características e os benefícios do mesmo. Para cada uma das oportunidades selecionadas na etapa anterior será definido o conceito do novo produto, ou seja, serão definidos as características, os benefícios e as especificações técnicas do novo produto. Após a definição do conceito, é necessário testá-lo. Existe uma técnica de pesquisa de marketing chamada teste do conceito, utilizada para avaliar o potencial de mercado do conceito do novo produto. O teste de conceito envolve a exposição do conceito do novo produto aos consumidores e a avaliação da reação dos mesmos. O teste do conceito pode ser realizado por meio de questionários, entrevistas, grupo de foco, etc. Um teste de conceito tem vários propósitos: avaliar a aceitação do conceito do novo produto pelos consumidores, aumentar a eficiência do processo de desenvolvimento, traçar caminhos para o trabalho de desenvolvimento, prever estimativas de intenção de compra e volume de produção e melhorar o conceito do novo produto (LORD, 2000). No teste de conceito, a empresa se propõe a avaliar as dimensões de comunicabilidade e credibilidade, nível de necessidade, nível de lacuna, valor percebido, intenção de compra e clientes-alvo, com suas ocasiões e frequências de compras. Questões como tipos de embalagens, faixas de preço, sugestões de nomes de marca também são avaliadas preliminarmente nessa etapa (IRIGARAY, 2006). 17 2.4 VIABILIDADE TÉCNICA E FINANCEIRA Após a elaboração e o teste do conceito do novo produto, deve-se avaliar a viabilidade técnica e financeira do mesmo. Um produto só será viável se houver demanda de mercado contínua e seus custos de produção forem compatíveis com os lucros gerados. Para a análise da viabilidade técnica do novo produto, devem ser avaliadas questões como: o Disponibilidade de materiais; o Disponibilidade de insumos, matéria-prima (qualidade e quantidade), aditivos, etc.; o Disponibilidade de equipamentos; o Disponibilidade de recursos humanos; o Disponibilidade de tecnologia; o Atendimento da legislação. Para a análise da viabilidade financeira do novo produto, devem ser avaliadas questões, como: o Investimentos necessários (equipamentos, construção, etc); o Custo dos insumos, matéria-prima e aditivos; o Impostos; o Estimativa do custo de produção; o Estimativa do preço de venda; o Estimativa de receita; o Estimativa de lucro; o Avaliação financeira, de acordo com os parâmetros tempo de retorno do capital, valor presente líquido, etc; o Ressalta-se que a análise de viabilidade técnica e financeira deve ser revisada e atualizada durante a etapa de desenvolvimento do protótipo. Neste ponto, será realizado o detalhamento da estimativa de resultados financeiros do negócio ao longo do tempo, incluindo receitas, custos, depreciação de investimento e lucros. Trata-se de uma etapa absolutamente crucial, pois a ponderação, ou seja, uma visão realista e desprendida do amor à ideia, ao produto, orientará a empresa em uma decisão importante: dar início ou não ao desenvolvimento do produto em si, com diversos custos envolvidos (IRIGARAY, 2006). 18 2.5 DESENVOLVIMENTO DO PROTÓTIPO DO NOVO PRODUTO Se o novo produto apresentar viabilidade técnica e financeira, segue-se para a etapa de desenvolvimento do protótipo do novo produto, na qual se desenvolvem todas as ações práticas com relação à produção do novo produto. O protótipo do novo produto é um lote do produto com todas as características da formulação final, embalado e em condições de ser testado pelos consumidores. Nesta fase o protótipo do produto é desenvolvido em escala piloto ou laboratorial. As principais etapas do desenvolvimento do protótipo do novo produto são: a) Definição e otimização da formulação do novo produto. Nesta etapa deve-se: o Definir os fatores/variáveis que serão estudados; o Elaborar um planejamento estatístico do experimento; o Definir os materiais e métodos a serem utilizados (levantamento dos materiais necessários e da metodologia a ser utilizada e testes que serão realizados); o Definir um cronograma de execução; o Determinar o modo de preparo do novo produto (se necessário); o Definir as condições de armazenamento e comercialização; o Determinar da vida de prateleira do novo produto; o Definir as análises que serão utilizadas no desenvolvimento do protótipo do novo produto (análise sensorial, análises físico-químicas, análise microbiológica, análises instrumentais, etc.); b) Definir a embalagem do novo produto; c) Elaborar o rótulo do novo produto; d) Registrar o novo produto nos órgãos competentes. 19 2.6 TRANSFERÊNCIA DA ESCALA PILOTO PARA A ESCALA INDUSTRIAL Nesta etapa deve-se realizar a transferência da escala piloto/laboratorial para a escala industrial, ajustando a formulação e os parâmetros do processo de produção, para a obtenção de um produto produzido em escala industrial semelhante ao produto produzido em escala piloto. 2.7 ELABORAÇÃO DO PLANO DE MARKETING Após o desenvolvimento do protótipo do novo produto, é necessária a elaboração do plano de marketing para o novo produto, objetivando a introdução do mesmo no mercado. O plano de marketing do novo produto consiste na definição da modalidade de lançamento, do plano de publicidade e propaganda e do plano de vendas. a) Modalidades de lançamento Entende-se por modalidade de lançamento a determinação do(s) segmento(s) de mercado no(s) qual (is) será introduzido o novo produto e as datas nas quais os sucessivos lançamentos serão realizados, sendo necessário definir: o Quando o novo produto será lançado? o Onde o novo produto será lançado? o Para quem (segmento de mercado)? o Como (estratégias de lançamento no mercado)? b) Plano de publicidade O plano de publicidade consiste na definição do conteúdo da mensagem publicitária e as modalidades pelas quais ele vai ser expresso (rádio, televisão, jornal, revista, etc.), além das estimativas de orçamento correspondente. c) Plano de venda Após a definição da modalidade de lançamento e do plano de publicidade, elabora-se o plano de venda, o qual consiste na definição das formas de distribuição e comercialização do novo produto. 20 2.8 CHECAGEM Após o lançamento do novo produto no mercado, deve-se realizar uma verificação periódica do desempenho do produto, visando identificar possíveis problemas e realizar a correção dos mesmos. 21
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