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Fundamentos da Educação UNIDADE 4 1 DISCIPLINA: FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO PROFESSOR CONTEUDISTA: FRANCISCO MARCELO G. FERREIRA PARA INÍCIO DE CONVERSA INTRODUÇÃO Caro cursista, na terceira unidade foram vislumbradas as tendências da educação em nossa atualidade. Com as novas modalidades do saber – fazer educação, compreendemos os diferentes contextos e prin- cipais demandas educacionais no saber moderno. O entendimento da escola nova e da educação perma- nente, bem como educação e tecnologia, educação e ecologia, além do multiculturalismo e da educação popular, nos colocam sapientes dos desafios a serem enfrentados pelos pedagogos bem como os aportes práticos e teóricos a serem seguidos. Nesta quarta e última unidade, partiremos para uma discussão mais prática sobre o papel do pedagogo nas formas diferenciadas de pedagogia, assim com as atividades didáticas e profissionais tão necessárias a organização ensinante. Com base nessas fundamentações, poderemos finalizar esse módulo colocando em tese nessa unidade, um pouco de cada uma das contribuições das unidades anteriores. PEDAGOGOS E PEDAGOGIAS Umas das grandes preocupações nas ultimas décadas no que concerne a educação é o papel da pedago- gia na formação do individuo. Apesar de vivermos numa chamada “sociedade pedagógica”, dois grandes paradoxos afetam o fazer pedagogia atualmente: se por um lado temos uma redescoberta da pedagogia, por outro temos o a fato de indetificá-la somente a partir da prática da docência. Dentre as tentativas para resolver essa problemática está a afirmativa de que o campo da educação é muito mais amplo que o pensamento da docência. Além de ser possuidora de um significado amplo, a pedagogia também se ba- seia em uma concepção globalizante; a mesma deve seguir os preceitos das diversas realidades sociais, políticas, econômicas e culturais sempre, indo de encontro a cada contexto histórico. PALAVRAS DO PROFESSOR As mudanças tornam-se imensamente necessárias assim como as adaptações de suas teorias e práticas no âmbito educacional. Cabe assim caro aluno, pensarmos a pedagogia enquanto ciência “da” e “para” a educação, nesse sentido ela deve ser considerada teoria e prática da educação. Entre as diversas fun- ções da pedagogia está o de integrar os fins e os meios da educação. Da mesma forma que ela reflete sistematicamente sobre o caráter educativo, esta pedagogia também terá o caráter de ser orientadora do trabalho educativo. 2 ASSISTA AO VÍDEO! Por outro lado, outros estudiosos apontam a falta de conexão entre teoria e prática no saber- fazer pedagógico. No vídeo de 15 min “Formação de professores: o papel dos professores de Pedagogia” https://www.youtube.com/watch?v=YUF3CtebT5Q, vídeo produzido pela UNIVESP- Universidade Virtual do Estado de São Paulo, encontramos alguns empecilhos principalmente do que diz respeito a prá- tica docente. Segundo os especialistas, a universidade não apresenta um bom preparo para o pedagogo trabalhar da melhor forma possível a prática do ensino. DICA! Tais habilidades são reduzidas, pois o curso visa mais uma formação do bacharelado (prepara o pedagogo pensador, pesquisador) deixando em segundo plano uma matriz curricular que priori- ze a formação didática do professor. A prática do estágio por exemplo, não favorece o contato real do professor com o aluno. A escola, juntamente com a universidade, deveria, portanto estar juntas nesse ato educativo. Outra diferenciação importante do que diz respeito à função pedagógica, é que existe uma diferença o trabalho docente e o trabalho pedagógico. Ou seja, “todo trabalho docente é um trabalho pedagógico, mas nem todo trabalho pedagógico se constitui um trabalho docente”. Essa diferenciação está ligada a variedade de campos práticos da pedagogia, que envolvem a prática educativa (mas não necessariamente pedagógicas), bem como as diversas especia- lizações que o pedagogo pode apreender na atualidade, que não necessariamente remete a prática clássica do ensinar dentro de uma sala de aula. Para alguns intelectuais, cabe ao pedagogo algumas nomenclaturas de acordo com suas fun- ções: o profissional, o docente, o especialista e o pesquisador, além da existência dos chama- dos “pedagogos ocasionais”, que não tem formação na pedagogia , mas que realizam ativida- des ligadas a prática da educação. Apresentados esses problemas relacionados a prática pedagógica na atualidade, cabe-nos também pensar em alguns desafios a serem alcançados por essa pedagogia. Dentre os pri- meiros desafios, está um já elencando anteriormente nas unidades lidas por você caro aluno. A busca por um pensamento pós-moderno dentro da pedagogia, torna-se uma necessidade cada vez mais constante, diante de um mundo que se apresenta mais plural e diverso, e junto a ele, os anseios de emancipação, autonomia e intelectualidade política, que só a educação pode ajudar a alcançar. O segundo desafio, se refere a necessidade de redefinição do conceito de qualidade democrá- tica. Parte-se do pressuposto de que a escola não é uma empresa, e o aluno não é um cliente ou 3 meramente consumidor, nesta incumbência cabe a educação mostrar a relevância de conceito de cidadania e formação de valores. Junto a esse caso está o terceiro fator que é o de articular a vida na escola como mundo social, informacional e comunicacional. Este terceiro quesito nos ajuda a pensar um quarto que é o de pensar o processo de ensino e aprendizagem na sociedade de informação. Quais a técnicas, os recursos metodológicos e as informações que podem ou não serem des- cartadas nesse mundo informacional? Entre os desafios atuais da pedagogia está também a gestão escolar, enquanto algo que deve ser construído coletivamente e ao mesmo tempo de maneira autônoma. A construção do PPP (projeto político pedagógico) deve ser um exemplo desta prática. O sexto quesito diz respeito a formação e profissionalização do professor centrada na figura do professor mediador. Não o detentor do conhecimento, mas aquele que articula as diversas formas de conhecimentos obtidos em sala de aula da melhor forma possível. No sétimo está a relação extremamente necessária entre filosofia e ética, principalmente no que concerne a escolha de determinados temas a serem abordados em sala de aula, e a esco- lha do pedagogo em utilizá-los independentemente de formação pessoal, sexual, religiosa e de seus respectivos juízos de valor. Ao oitavo une-se algo já dito na unidade 2, que é o reforço a formação teórica do pedagogo e suas diversas nuances. Por ultimo, a necessária afirmação do campo teórico prático da pe- dagogia, demonstrada através da inter-racionalidade da prática educativa, na qual a mesma possui relações diretas com o posicionamento crítico do educador. Contudo, as propostas acima elencadas estão balizadas nas eminentes necessidades da pedagogia na atualidade, tais desafios incumbem a pedagogia difíceis e relevantes propostas, resultantes de contextos históricos diferenciados, bem como de lutas de poder. Parte do pressuposto de que o professor atual deve ser um articulador, interlocutor e mediador no processo de ensino e aprendizagem. Como vimos na unidade 3, na década de 30 os educadores assumiram a função de técnicos e na década de 60, o papel administrativo salta aos olhos na formação deste profissional. O que é demandado na atual conjuntura é a figura do profissional orgânico, ou seja, aquele que é pesquisador e investigador das questões ligadas ao processo investigativo. Mediante as diversas formações do pedagogo na atualidade está à formação do profissional denomina- do de pedagogo stricto senso, isto é, aquele que investiga e que planeja, e ao mesmo tempo discute e compreende as peculiaridades do processo e aprendizagem e ensino. Tal fato remete a apreensão das questões sociais,políticas, culturais e psicológicas, bem como as técnicas de ensino. Além disso, cabe a este pedagogo introjetar em seu “ethos¨ educativo, uma pedagogia crítica, que postu- la a capacidades dos alunos cidadãos intervirem politicamente nas mudanças das estruturas sócioecnô- micas, em busca de autonomia liberdade e democracia: busca por uma humanização escolar. 4 PEDAGOGIA DIFERENCIADA A busca por uma humanização escolar pregada no tópico anterior, você está pautado na procura por uma pedagogia diferenciada. A mesma está baseada em alguns pilares principais, dentre os quais, dois em especifico, ganham maior destaque: a adaptação do currículo ao conceito de diferença, e por outro lado, a flexibilização do ensino colaborativo e sua importância para a aprendizagem eficaz. Não obstante, antes de entrar na análise desses pilares, é mister realizarmos uma pontuação sobre a fonte da problemática atual da educação: o fracasso escolar. Ao longo da história, diversas teorias e conceitos realizaram a avaliação sobre o porquê do fracasso escolar. Inicialmente uma visão médica foi a grande responsável por ser o carro chefe dessa discussão. Posteriormente, o aporte principal era que o problema do fracasso escolar devia-se a carência cultural existente entre os alunos. Com o passar do tempo os intelectuais da educação afirmaram que a escola seria a grande res- ponsável pelo fracasso escolar. Por fim, o fracasso seria decorrente da chamada “reprodução das relações de produção”, isto é, das desigualdades sociais resultantes do modelo capitalista de produção, que consequentemente se reverberava na produção educacional, tema que foi debatido nas unidades anteriores. Postuladas essas visões a respeito do fracasso resta-nos apontarmos algumas causas do fra- casso. Dentre as primeiras causas está o fato de que a escola não está preparada para as mudanças da sociedade, pelo menos não absorve isso como deveras facilidade. Um segundo ponto diz respeito a metodologia empregada em sala de aula bem como a sua didática. A relação entre aluno e professor apresenta-se como terceiro tópico ou causa do fra- casso escolar. Além disso, podemos inserir como causa desse fracasso, o fato de o problema está não na estrutura educacional, nem no professor e sim, no aluno. Outros empecilhos como problemas familiares, pobreza, violência também estão alinhados nessa tendên- cia ao fracasso. Por ultimo, coloca na figura do professor essa problemática. VISITE A PÁGINA No que diz respeito a essa ultima causa do fracasso escolar, convido a você aluno a realizar uma leitura do artigo “Formação inicial: a origem do sucesso ( e do fracasso escolar) LINK: http://revistaescola.abril.com.br/formacao/origem-sucesso-fracasso-escolar-419845.shtml. O texto aponta a figura do professor como a peça chave para a melhoria no processo educativo. A for- mação continuada e o incentivo a cursos de graduação de qualidade apresentam-se como essenciais nesse processo de valorização do caráter educativo. Nesse artigo também você aluno, verás um link da entrevista de Fernando Haddad , naquela época ministro da educação, aprontando as formas de tentar-se produzir essas melhorias. 5 Elencadas as características acima, cabe-nos apontar algumas fundamentações da denominada educa- ção diferenciada. Um ponto chave para se pensar a pedagogia diferenciada, é que a educação não pode ser mensurada com base em fórmulas estáticas ou estatísticas. A mesma deve partir de uma mudança essencial nas atitudes dos profissionais que da educação participam. Como já foi dito anteriormente, a organização escolar se fundamenta, também, enquanto polo de insucesso escolar, justamente por não promover um bom entendimento na relação escola sociedade. Uma grande tendência existente na forma de se fazer educação na atualidade é a de apresentar os saberes sem problematizá-los. Dai a necessidade da “busca por um saber vivo”. Tal busca, consiste na inserção de uma diversidade prática no saber/fazer educativo, bem como o empreendimento de diversidades metodológicas. Para promoção desse empreendimento denominado pedagogia diferenciada alguns fundamentos são im- portantes de serem destacados. Primeiramente a necessária construção de uma política educativa de base igualitária. Deixando de lado qualquer tipo de exclusão ou marginalização social, bem como acessos diferenciados em hierarquia no que tange a aquisição do conhecimento. Um segundo fundamento, seria o de que se deveria analisar dentro dos fatos educativos as diferenças cognitivas de cada aluno, em consequência disso deveria se produzir uma diversificação didática de acor- do com essas realidades encontradas. O terceiro fator estaria relacionado ao pano de fundo ético que deveria está presente na educação. Esse fundamento ético mais do que uma premissa filosófica do termo, parte de um pressuposto subjetivo, no sentindo de sempre buscar encontrar caminhos para a aprendizagem, mesmo tendo tudo falhado. Ao pensarmos a relação educação e desigualdades sociais o sociólogo Pierre Bourdieu, nos mostra importantes contribuições no que diz respeito as relações entre a educação e essas estratificações. Para ele, as indiferenças existentes nas escolas em relação às desigualdades culturais, se reverberariam em desigualdades de aprendizagem no êxito escolar. Essa postulação do filosofo francês se coaduna com as explanadas nos textos acima, diante da dificul- dade das instituições escolares saírem da prática de verem os alunos diante de um todo universal, e partirem para a particularidade. Assim, a ânsia por uma pedagogia diferenciada, consiste na busca por respostas as características individuais dos alunos. Nesse sentindo, três mudanças principais atenderiam essa demanda de pensar a diferença na escola. Inicialmente deveríamos pensar na questão da diferença curricular, a sistematização de uma pedagogia voltada para a diversidade cultural e cognitiva dos alunos, se baseando na premissa de que se a escola é para todos os indivíduos, a escola deve criar condições para isso. Um segundo ponto também referente a desigualdade, aponta que a desigualdade educacional é intolerável por não está de acordo com os direi- tos dos homens bem como os ideais democráticos. E por fim, deve haver uma chamada desmistificação do saber, ou seja, a retirada de uma forma de transmissão do saber única e universal, e deixar, portanto o aluno pensar por si mesmo. PARA PESQUISAR! É válido salientar que esse ultima característica se assemelha muito a um dos preceitos de Paulo Freire http://www.e-biografias.net/paulo_freire/ , que você aluno analisou na terceira unidade. 6 Por fim, apontadas as características de uma busca por uma educação diferenciada, nos cabe concluirmos que para o seu entendimento, é necessário darmos importância ao diversos dispositivos que desta edu- cação fazem parte. O primeiro dispositivo para a busca uma educação diferenciada é a auto-formação do professor e sua liberdade de produzir um trabalho autônomo no víeis educativo. Questões como auxilio metodológico, análise práticas, orientação e acompanhamento, bem como mobili- zação de recursos externos e regulação e avaliação das progressões também entram no “roll” desse novo fazer educacional. Como você deve está percebendo, que a demanda por uma educação diferenciada está mescladas a di- ferentes ritmos, diferentes capitais culturais e conhecimentos de mundo escolares anteriores ao caráter educativo. Analisar com minúcia essas diferenças constitui o caráter antropológico da aula. O lugar que esse professor ocupa, faz a diferença. A relação de tempo e espaço também o faz. Assim como a busca pelo diálogo constituísse no principal meio de observação formativa na identificação e observação do aluno. Nesse sentido, a pluralidade de modalidades didáticas tem que acompanhar os objetivos democráticosda educação. PARA PESQUISAR! Para mais detalhes sobre o conceito de pedagogia diferenciada, convido você aluno a reali- zar a leitura integral do artigo de José B. Duarte: “Pedagogia Diferenciada para uma aprendi- zagem eficaz. Contra o pessimismo pedagógico, uma reflexão sobre duas obras de referência” http://recil.grupolusofona.pt/bitstream/handle/10437/1409/Educacao04_Duarte.pdf?sequence=1 , nesse texto o autor irá esmiuçar com maior profundidade os fundamentos características e dispositivos da pedagogia diferenciada aqui elencados. AS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS Ao discutirmos o tópico anterior, você percebeu que a função atual do professor-mediador requer a figura de um profissional criativo, pesquisador de sua prática e que se envolve com questões políticas e sociais, numa perspectiva de inclusão da diversidade cultural. Cabe, portanto nesse tópico, analisarmos como o conceito de prática e formação educacional são temas de suma relevância para se entender o saber-fazer educacional na atualidade. Costumeiramente quando pensamos a prática escolar, a primeira coisa que vem a tona é a prática em sala de aula, porém, tal ação não se resume somente aos procedimentos didáticos metodológicos utilizados pelo professor. No contexto atual, vemos professores constantemente se rendendo as exigências e possi- bilidades institucionais. Por outro lado, os vemos presos ao darem importância para as teorias não dano vazão aos procedimentos práticos. 7 O que vemos, é o que alguns autores chamam de situação “ilógica” da prática educativa, na medida em que, toda forma de saber que chega ao educador, é um saber produzido e legitimado por outro, ou seja, a ausência da autonomia. Tal erro é considerado para os estudiosos na educação uma das piores violên- cias, que é o de separa teoria e prática. As grandes mudanças sociais, e consequentemente as pressões exercidas sobre os professores para tentar trazer soluções a essas novas realidades, não só acabam aprisionando os professores, mas também os deixam acomodados diante dessas pressões. A sua principal estratégia passa a ser a busca pela sobrevivência, seja ela econômica ou sociocultural, para depois a questão de o ensino vir a tona (característica marcante no caso de países como o Brasil). Tomando como base esse contexto, percebemos que uma mudança substancial da educação só irá ocorrer quando se operacionalizar uma transformação no imaginário dos educadores em suas múltiplas dimen- sões. Portanto, um dos primeiros requisitos para se pensar essas transformações é o repensar o conceito de “práxis” educacional. Quando pensamos o conceito de práxis geralmente costumamos relacioná-lo diretamente a premissa de ser uma prática, mas a práxis não é só isso, pois elas consistem em um conjunto de pessoas que seriam ca- pazes de pensar conjuntamente uma ação. Tal decisão que não seria individual e sim coletiva mediaria às ações de outros indivíduos. No que tange a questão educativa, a mudança da práxis e consequentemente nas praticas escolares passariam a ocorrer , quando fosse dada autonomia para a escola, na medida em que o papel da práxis é a fazer os sujeitos falarem. Poderia-se, portanto buscar mecanismos em que os professores possam “falar” e que esses seus “Eus” possam reivindicar uma nova escola. Pensar o conceito de praxis requer também pensar em um autoconhecimento crítico das coisas e de sua posição no mundo. Ao pensarmos as organizações enquanto processos coletivos de auto-formação, automaticamente estaríamos pensando em transformações da realidade educativa. Nesse sentindo, as questões emocionais e culturais são essenciais para tornar mais lógico o excesso de teorias inférteis e sem ligações com os processos formativos. Reconhecidas as características que sintetizam as práticas educacionais, é importante também fazermos referência à um conceito também prático que é a formação. O grande problema que temos hoje com relação a formação é que esta fica cada vez mais distante da prática. Um dos fatores que mais ajudam nessa distância é a própria formação universitária, local em que suas teorias não servem para pensar as práticas escolares. Segundo os estudiosos, essas teorias se distanciam primeiramente pelo fato de o quadro de professo- res dos cursos correlatos a educação está formado por um corpo docente de profissionais de diferente áreas do saber, e que nem sempre estão interessado em participar do processo formativo . No caso da pedagogia foi visto um exemplo claro no vídeo que foi trabalhado na Unidade 3, no qual o relato de uma professora demonstra o descompasso entre teoria e formação e prática do profissional recém-formado. Para superar esses desafios, alguns intelectuais pontuam algumas atividades na tentativa de diminuir essa longitude. A primeira delas seria a busca por uma validade dialógica e reflexiva dos sujeitos que fazem parte da educação, ou seja, o professor iria repensar e apreender com outros exemplos o seu fazer educativo. 8 Posteriormente, deveria ser criado espaços interativos de convivência crítica onde o professor pudesse ter um “feedback’ do seu trabalho e caso não estivesse sendo bem executado , ver as possibilidades de so- lucionar seus erros. Por fim, a busca por uma reflexão que deveria partir não só dos sujeitos, mas também dos espaços administrativos que se transformariam em espaços pedagógicos. Acoplada a esses desafios estaria presente o conceito de mediação, que estaria concatenado a todos esses fatores. Estamos pensando num amplo sentido na ação educativa sendo realizada como prática social. Nesse sentido, os saberes pedagógicos não só serviriam para pensarmos as realidades sócias que se reverberam no processo educativo, mas também a capacidade de criar na prática determinado conhe- cimentos que envolvem a condução e transformação dessas práticas. Portanto, o conceito do que seria um bom professor, seria aquele que iria construir sujeitos capazes de produzir ações e saberes conscientes de seu compromisso social e político. Nesse caso, três formas de saberes estariam proscritos para se consegui tal proeza: um saber do saber fazer; um saber para o saber fazer; e um saber a partir do saber fazer. Assim, aplicando esses métodos os profissionais da área de educação iriam diminuir, e muito, essa dissintonia entre a lógica das práticas e a lógica da formação, na mediada em que iria ser predominante uma pedagogização da própria prática. DIDÁTICA, PROFESSOR E IDENTIDADE PROFISSIONAL Nós vimos no tópico anterior que a identidade do professor consiste no adaptar-se ao contexto social, político e histórico, mediante uma critica reflexiva e investigativa do contexto educacional do contexto escolar. Esse movimento de ação/reflexão e reflexão/ação seria até então determinado por três caracte- rísticas principais. A primeira seria a sua reflexão social da profissão (uma vez que a figura do professor antes possuiria uma determinada conotação, e hoje possui outra). Uma discussão sobre a questão do conhecimento (o conhe- cer não só a teoria, mas também o teorizar sobre as práticas pedagógicas). Por fim conhecer a realidade da escola (os universos culturais dos alunos e a infraestrutura socioeconômica e cultural da instituição). Todos esses meandros elencados se intercalam com a profissão do educador enquanto uma prática so- cial e ação docente. Nesse caso, a educação é fomentada como um meio de intervir na realidade social. Enquanto consequências dessas características referenciadas acima, sendo possuidor dessa identidade, o professor iria realizar um educar, baseado na formação do senso critico do aluno, além de produzir o confronto de ideias e práticas capazes de desenvolver a capacidade de ouvir o “outro” (ideia de alteridade desenvolvida na Unidade1) a “si mesmo” e de se auto-criticar. PALAVRAS DO PROFESSOR Questionar a identidade do professor é também questionar-se a concepção do que seria um professor ideal. O que tem a ver a função do professor com a ordem das coisas no mundo? O que tem o ensino a ver com as relações de poder? Esse questionamento também tem como resposta a importância da relação entre a profissão do educador e o conceito de vocação. O pedagogo Paulo Freire nos traz importantes 9 contribuições ao tentar responder esses questionamentos. O mesmo aponta algumas características que seriam necessárias a esse profissional. Categorias como humildade, amorosidade, coragem, tolerância, se uniriam a outras como capacidade de decisão, segurança, tensão entre paciência e impaciência, assim como parcimônia verbal. Tais caracterís- ticas seriam então necessárias no processo de formação do chamado professor progressista. Finalmente, cabe elencar outras competências necessárias para a prática do professor: 1- Organização; 2- Compreensão do conhecimento; 3- Ensinar com rigor e responsabilidade; 4- Capacidade de ouvir, falar, calar-se, compreender a dialética do processo de ensino e aprendiza- gem; 5- Saber dialogar, perguntar, motivar. 6- Ser provocador. 7- Formação reflexiva. A essas características também se agrega a função do professor pesquisador. Nesse caso, a de se fazer uma distinção entre a pesquisa que e feita no âmbito acadêmico e a pesquisa que é realizada em sala de aula, sendo esta ultima a função do referenciado professor pesquisador. O tipo de pesquisa realizado seria, portanto fruto da análise dos problemas cotidianos da escola, do fazer pedagógico do professor, ou de temas como a prática do bullying, dificuldades de aprendizagem, relações familiares e evasão, por exemplo. ASSISTA AO VÍDEO Contudo, as referências acima elencadas, É para você, ter um panorama específico das diversas funções e qualidades para a construção de uma profissional de qualidade no âmbito educacional. Para um exem- plo mais pragmático convido você aluno a ver um trecho de 02h18mins do filme “Sociedade dos Poetas Mortos” https://www.youtube.com/watch?v=vyds5y-d7oQ. O filme aborda a vida de um professor e ex-aluno de uma escola ultraconservadora, que passa a revolucionar os métodos de ensino no que concer- ne ao ensino de literatura, quebrando paradigmas e ensinando ao mesmo tempo a seu alunos, o exercício de pensar por si mesmo e da auto-reflexão. 10 CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao verificarmos nesta unidade o papel da pedagogia dos indivíduos nas questões como a identidade do pedagogo, a busca por uma pedagogia diferenciada, bem como as atividades didáticas e capacidades organizacionais do professor no âmbito educacional, dependem de fatores que intercalam questões teó- ricas e práticas do processo de prática e formação desse profissional, e que infelizmente o diálogo entre ambas ainda não é tão profícuo. Alguns procedimentos para mitigar esta distância foram apontados, Paulo Freire é um importante baluarte nesse sentido, ou seja, as teorias e tentativas de solução estão ai, basta “colocarmos a mão na massa”! Pois bem, vamos ficando por aqui. Espero que tenha aproveitado bastante este conteúdo e que ele lhe ajude em sua caminhada acadêmica. Agradeço pela sua atenção e quem sabe nos encontraremos nessa longa jornada que lhe aguarda. Sucesso.
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