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Inquérito de Consumo Familiar de Alimentos 1996

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Cadernos de Debate, Vol. IV, 1996 1 
Artigo publicado no Vol. IV / 1996 da Revista Cadernos de Debate, uma publicação do Núcleo 
de Estudos e Pesquisas em Alimentação da UNICAMP, páginas 32-46. 
 
Inquérito de Consumo Familiar de Alimentos - 
Metodologia para Identificação de Famílias de Risco Alimentar 
Maria Antonia Martins Galeazzi, Heloisa Bonvino, 
Fernando Lourenço e Rodrigo P. de Toledo Vianna 
Resumo 
O presente trabalho é resultado de várias reformulações metodológicas do Inquérito de Consumo do 
município de Mogi Guaçu aplicado em 1984 em convênio realizado entre NEPA/UNICAMP e 
prefeitura de Mogi Guaçu. A validação da metodologia consistiu na aplicação de Inquéritos de 
Consumo em dois municípios de São Paulo (Campinas) e Mato Grosso do Sul (Campo Grande) de 
forma sistemática por dois anos consecutivos. O instrumento permite, através de perfil 
socioeconômico e padrões de consumo de uma dada população, dar suporte a planejadores de 
políticas locais e até mesmo regionais além de ser seu custo/benefício baixo em relação a outras 
metodologias. 
 
Palavras chaves: consumo familiar de alimentos; metodologia de inquérito; políticas públicas. 
 
Family Food Consumption: Methodology for 
Identification of Families at Nutritional Risk 
Abstract 
The methodology used in the Family Food Consumption survey conducted in Mogi Guaçu in 1984 
has been reformulated and tested for two years in two other counties in Brazil: Campinas (SP) and 
Campo Grande (MS). The instrument provides a relatively inexpensive outline of socioeconomic 
profile and local consumption patterns which can be used to assist in the planning of local policies 
and which cost/benefit ratio is lower than that of other known methodologies. 
 
Key words: family food consumption; methodology of investigation; public policies. 
 
 
 
1. INTRODUÇÃO 
 No campo da alimentação, importante ferramenta para se obter informações quanto 
ao perfil socioeconômico e nutricional de uma dada população é o inquérito de consumo 
alimentar. Entende-se por consumo alimentar a caracterização - qualitativa e quantitativa - 
do tipo de alimentação de um indivíduo, grupo ou população. Este está ligado a fatores 
Cadernos de Debate, Vol. IV, 1996 2 
socioeconômicos, conjunturais sendo fortemente dinâmico e determinando, ao longo do 
tempo, o hábito alimentar, de acordo com as características estruturais da população como: 
cultura; regionalidade; condições produtivas, urbana ou agrícola. No Brasil, as informações 
sobre este tema são extremamente escassas. Ainda hoje, a principal referência provem do 
Estudo Nacional sobre a Despesa Familiar (ENDEF), realizado pela Fundação Instituto 
Brasileiro de Geografia e Estatística (FIBGE) em 1974/75. Esta pesquisa coletou dados 
sobre todos os alimentos consumidos pelas famílias incluídas na amostra, dentro de um 
questionário amplo contemplando questões de saúde, antropometria e informações sócio 
econômicas. 
 Após o ENDEF, IBGE em 1987/88 realizou uma nova Pesquisa de Orçamentos 
Familiares (POF), que objetivou a quantificação indireta do consumo de alimentos nas áreas 
urbanas metropolitanas do País através dos dados de despesas com alimentação , permitindo 
assim uma estimativa do consumo de alimentos através de preços médios. Em 1989, a 
Pesquisa Nacional sobre Saúde e Nutrição (PNSN), numa parceria entre o Ministério da 
Saúde, através do Instituto Nacional de Alimentação e Nutrição, o Instituto de Pesquisas 
Econômicas Aplicadas e o IBGE. E permitiu atualizar o mapeamento da quantificação da 
desnutrição e da obesidade no país, sem contudo acrescentar informações atuais sobre 
consumo alimentar, em relação às já existentes. 
 A própria FIBGE reconhece a necessidade, no Brasil, de adoção de sistemas de 
informação atualizados de coleta de dados, sobre o consumo de produtos alimentares pela 
população, devido às flutuações do nível e distribuição de renda e da introdução de novos 
produtos no mercado. Estes são indicadores característicos da estrutura de consumo pouco 
estável das economias em desenvolvimento. 
 Tomando como base o trabalho desenvolvido no município de Mogi-Guaçu em 1984 
(Galeazzi, 1984)1, adaptou-se a metodologia, a partir do instrumento de coleta de dados e da 
sua aplicação, para ser utilizada em, em diferentes bairros da cidade de Campinas (Jardim 
Miranda, Real Parque e Jardim Novos Campos Elíseos). Com a aplicação de 30 
 
1 "Perfil de Consumo e Nutricional de Famílias de Escolares em Escolas Públicas de 1° grau" que abrangeu 900 crianças 
matriculadas nas escolas públicas de 1° grau do município de Mogi-Guaçu, totalizando um universo de 5.400 
indivíduos. Convênio NEPA/Prefeitura de Mogi-Guaçu - Galeazzi, M. A. M.; Collares, C. A. L.; Amorim, S. 
Cadernos de Debate, Vol. IV, 1996 3 
questionários em cada teste procurou-se adequar o instrumento de coleta de dados, o tempo 
de aplicação e a receptividade dos entrevistados. A análise dos resultados obtidos 
comparados com os resultados do ENDEF e da POF demonstrou a consistência da 
metodologia. 
 O trabalho objetiva, através de um instrumento conciso (ANEXO I), ágil e de baixo 
custo, realizar Inquérito de Consumo Alimentar de uma dada população, além de obter 
estimativas do estado nutricional relativo às características socioeconômicas da população 
em análise. Visa, portanto, avaliar questões relevantes para os tomadores de decisão em 
políticas públicas relativas a alimentação. 
 
2. PROCEDIMENTO PARA TRABALHO DE CAMPO 
 2.1. Amostragem 
 A técnica de amostragem utilizada é a de Conglomerados em Dois Estágios, com a 
seleção feita por amostra aleatória simples (α = 0,05). Primeiro Estágio: Amostra Aleatória 
Simples, unidade amostral: ESCOLAS. Segundo Estágio: Amostra Sistemática, unidade 
amostral: CRIANÇA. Assim, a partir da criança, chega-se à FAMÍLIA a ser pesquisada. 
 Considera-se que o matriculado dá preferência a uma instituição próxima à sua 
residência, logo a dispersão geográfica da população no município é obtida através das 
instituições selecionadas. Como se trata de uma população de renda relativamente baixa, 
levou-se em consideração que todos os alimentos comprados pela família são consumidos 
no próprio mês. Considerando-a não existência de estoque de um mês para outro, pode-se 
obter com os dados destas compras, o consumo mensal da família no domicílio. 
 
 2.2. Treinamento da Equipe de Entrevistadores 
 Esta etapa é fundamental para o bom desempenho das entrevistas, confiabilidade e 
análise dos dados obtidos. São realizados dois treinamentos, utilizando o material de campo 
(questionários e manual do entrevistador), com a equipe de entrevistadores selecionada: a) 
para a aplicação de um pré-teste; b) para avaliação do material obtido no pré-teste e 
complementação da formação dos entrevistadores. 
Cadernos de Debate, Vol. IV, 1996 4 
 2.3. Suporte de Informática 
 Todos os dados coletados são transcritos para meio eletrônico, em formato dbf, e 
todos os procedimentos de análise são realizados utilizando-se os softwares EXCELL e 
SAS, em microcomputadores IBM compatível. 
 
3. PROCEDIMENTO DE ANÁLISE 
 3.1. Caracterização socioeconômica 
 Para a estratificação da população em faixas de renda utiliza-se como parâmetro o 
Salário Mínimo Per Capita (SMPC), que representa o total da renda da unidade amostral, 
incluindo salários, aposentadoria, pensão, aluguel, rendimentos, etc., dividido pelo número 
de integrantes da unidade amostral. 
 Define-se unidade amostral neste estudo como o conjunto de indivíduos que repartem 
as mesmas estratégias de sobrevivência. É certo que na maioria dos casos o que chamamos 
de unidade amostral é coincidente com as relaçõesconsanguíneas, isto é, a família, mas 
podem acontecer casos de indivíduos agregados às famílias, que em conjunto compõe o que 
nos interessa, que chamamos de unidade amostral. 
 A partir dos dados de renda per capita, define-se um conjunto de classes, com uma 
quantidade suficiente de casos, para se proceder as análises relevantes . São desconsiderados 
os questionários das unidades amostrais que não declaram, direta ou indiretamente a renda, 
pois pode-se observar na prática, que estes casos compõem um grupo bastante heterogêneo, 
compostos por, unidades que não declararam renda por motivos diversos, bem como aquelas 
que realmente não dispunham de renda. 
 São descritos a média de integrantes nas Unidades Amostrais em cada faixa de renda, 
o número médio de pessoas que trabalham, ou tem algum rendimento, por unidade amostral, 
dividido por faixas de renda e a renda per capita média por unidade amostral (família), 
dividido por faixa de renda. 
 O significado dos gastos com alimentação são indicados dentro dos rendimentos 
mensais da unidade amostral. Tomando-se como base de cálculo a média da renda das faixas 
Cadernos de Debate, Vol. IV, 1996 5 
estipuladas, pode-se obter a porcentagem dos rendimentos de cada classe com alimentação e 
também os valores absolutos de gasto com esta despesa. 
 São descritas as frequências de número de trabalhadores por unidade amostral, 
distribuição das unidades amostrais, relativas à relação de dependência encontrada e 
finalmente a distribuição das unidades amostrais em função do seu número de integrantes. 
 Após a caracterização das unidades amostrais, é descrito o universo pesquisado de 
maneira geral em função da distribuição etária da população, divisão por sexo, porcentagem 
de gestantes e nutrizes e escolaridade. 
 
 3.2. Cobertura dos programas de alimentação 
 O instrumento permite, avaliar o impacto dos programas sociais, principalmente 
promovidos pelo poder público, através de questões que visam medir o impacto de serviços 
como de creche, pré-escola, merenda escolar, programa de alimentação ao trabalhador 
(PAT) e outros programas de atendimento. São obtidas a s frequências de cobertura destes 
programas e qualitativamente avaliado seu atendimento. Observa-se também a frequência de 
trabalhadores com carteira assinada e trabalhadores informais, como subsídio para a 
discussão de programas como o PAT. 
 
3.3. Local das refeições dos serviços de alimentação e equipamentos de 
abastecimento 
 As informações sobre os locais das refeições de cada indivíduo pertencente ao 
universo amostral. é importante ao utilizar esta metodologia para a avaliação nutricional e 
consequentemente identificação de famílias de risco alimentar sendo computados somente 
os alimentos consumidos ou preparados no domicílio. A quantidade disponível de alimentos 
e consequentemente nutrientes é avaliada em função da demanda real dos mesmos por cada 
indivíduo dentro do domicílio. Desta maneira, uma pessoa que faz frequentemente suas 
refeições fora de casa tem necessidade de alimentos intra domicílio inferior àquele que faz 
todas suas refeições no domicílio. 
Cadernos de Debate, Vol. IV, 1996 6 
 É possível também, através da alimentação fora do domicílio, diagnosticar a 
distribuição da população nos diferentes locais, ou seja, onde se concentram as pessoas em 
cada período para realizar suas refeições e a avaliação do comportamento do indivíduo em 
função das respectivas estratégias de sobrevivência. 
 Os equipamentos de abastecimento utilizados pela população são avaliados, levando-
se em conta quanto cada unidade amostral gasta por mês com suas despesas de alimentação 
e, onde são feitos estes gastos. O resultado desta informação aponta para o estabelecimento 
de um perfil do consumidor do universo pesquisado. Uma análise espacial, poderá ser obtida 
determinando como estão sendo supridas as necessidades de abastecimento da população em 
diferentes regiões de abrangência da pesquisa e com isso dar subsídios à medidas de 
planejamento visando suprir pontos de estrangulamento de abastecimento. Através da 
mesma análise pode-se encontrar possíveis correlações para o consumo de itens na 
alimentação da população em função da oferta. 
 
 3.4. Alimentos mais consumidos 
 De acordo com o questionário aplicado, determina-se, qualitativa e quantitativamente, 
os alimentos mais consumidos por faixa de renda. Com este recurso é possível avaliar o 
perfil de consumo com vistas à medidas a serem tomadas quanto a políticas públicas na área 
alimentar. 
 Os resultados da coleta de dados de consumo alimentar são apresentados em tabelas, 
com as especificações de produto, frequência, quantidade e gasto monetário, e a partir destes 
dados são feitas as análises de nutrientes disponíveis. 
 Os itens especificados correspondem a uma lista de 86 produtos, buscando-se adequar 
o instrumento de forma a encontrar os itens presentes no consumo mensal de alimentos das 
famílias. Estes itens foram definidos com base nas pesquisas anteriores realizadas pela 
Fundação IBGE, no caso o Estudo Nacional de Despesa Familiar (ENDEF) de 1974 e a 
Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) de 1987 e pelo NEPA (Mogi-Mirim, 1984; 
Campinas, abril, agosto e novembro de 1992; Campinas, 1994 e Campo Grande no Estado 
de Mato Grosso do Sul, 1995). 
Cadernos de Debate, Vol. IV, 1996 7 
 É quantificada a frequência de consumo dos itens, isto é, a porcentagem de famílias 
que responderam positivamente a cada alimento. Por exemplo: um item indicado com 
frequência de 100% representa que todas as famílias, com diferentes quantidades de 
alimentos, responderam que consomem este item mensalmente; e no caso de um produto 
com frequência de 25%, significa que somente 1/4 das famílias entrevistadas responderam 
que consomem este alimento mensalmente. 
 São expressas as médias de consumo, obtidos nas respostas positivas de consumo das 
famílias, ou seja, a quantidade média de consumo, de cada item alimentar, consumido pelas 
famílias que apontaram resposta positiva para o item. 
 Finalmente, o gasto monetário, representa uma estimativa do custo da quantidade 
média encontrada anteriormente. Os valores dos preços de cada item alimentar são obtidos 
através de dados atualizados no momento da execução da pesquisa. 
 
3.5. Disponibilidade de nutrientes e adequação da dieta segundo recomendações 
 Os dados de consumo alimentar obtidos são analisados de acordo com as suas 
contribuições nutricionais. 
 Utilizam-se as recomendações nutricionais aplicadas à população brasileira, 
elaboradas pela Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição (SBAN) em 1990, e a 
Recommended Dietary Allowances/National Research Council (RDA/NRC, 1989) para 
determinar as adequações da população amostrada. Este procedimento é feito adotando as 
recomendações para cada indivíduo da amostra, ponderado por sua idade, sexo e estado 
fisiológico resultando nas recomendações específicas do universo analisado. 
 Analisa-se a contribuição nutricional dos alimentos determinados na pesquisa, 
convertidos em macronutrientes, micronutrientes e minerais (caloria e proteína; Vitamina A, 
B1, B2 e C; e Cálcio, Fósforo e Ferro). 
 Os alimentos são transformados em unidades de pesos e medidas comestíveis, 
utilizando-se a tabela de “Fator de Correção” de Niedja M. de Melo Luna do livro “Tecnica 
Dietética - Pesos e medidas em alimentos” da editora da Fundação Universidade Federal do 
Mato Grosso, 1995. 
Cadernos de Debate, Vol. IV, 1996 8 
 A conversão dos alimentos é feita a partir de um programa, desenvolvido em planilha 
eletrônica EXCEL, com base na tabela de composição de alimentos do IBGE de 1977, a 
mais apropriada para este tipode inquérito e de maior abrangência para estudos de alimentos 
brasileiros, uma vez que foi elaborada para o ENDEF na década de 70. 
 Definiu-se Ritmo Alimentar de acordo com o ENDEF, representando a frequência 
com que cada indivíduo faz suas refeições durante o dia. Assim, os dados de consumo 
levantados neste inquérito, que dizem respeito aos alimentos presentes no domicílio, são 
comparados com uma tabela de recomendação nutricional ponderada considerando-se o 
ritmo alimentar e o local das refeições de cada indivíduo de cada unidade amostral. 
 Os dados obtidos da conversão dos alimentos consumidos em nutrientes, e 
comparados com a recomendação nutricional de cada nutriente por unidade amostral, 
representam a disponibilidade de nutrientes nos domicílios. Este resultado é apresentado na 
forma de adequação, em porcentagem, de macro e micro nutrientes, de acordo com a 
disponibilidade de alimentos no domicílio em função da recomendação nutricional 
ponderada, levando em conta o local das refeições e o ritmo alimentar da população 
amostrada. De acordo com a porcentagem de adequação, nos casos negativos, identificamos 
grupos de risco nutricional, ou seja, unidades amostrais que não apresentam quantidades de 
alimentos suficiente nos seus domicílios para suprir as recomendações nutricionais de seus 
integrantes. 
 Uma vez obtida a conversão dos alimentos consumidos, é possível iniciar a análise da 
quantidade de nutrientes disponíveis para as unidades amostrais. Como este tipo de 
metodologia busca somente informações sobre os alimentos adquiridos - comprados, 
recebidos ou produzidos - pela família, as análises nutricionais possíveis de serem feitas são 
sobretudo de caráter indicativo, isto é, de detecção de grupos vulneráveis, ou de risco, 
considerados desta maneira em virtude de não dispor de quantidade suficiente para suprir 
suas recomendações nutricionais. Por outro lado, a composição do quadro de alimentos 
preferencialmente consumidos pelas unidades amostrais, permite observar as características 
de consumo e hábito alimentar. 
Cadernos de Debate, Vol. IV, 1996 9 
 A deficiência do consumo de algum item, assim como o consumo excessivo são 
dados importantes para subsidiar o planejador, na área de alimentação, que busca atingir o 
objetivo da Segurança Alimentar definida nos termos de “assegurar que todas as pessoas 
tenham, em todo momento, acesso físico e econômico aos alimentos básicos que necessitam 
(...) a segurança alimentar deve ter três propósitos específicos: assegurar a produção 
alimentar adequada, conseguir a máxima estabilidade no fluxo de tais alimentos e garantir o 
acesso aos alimentos disponíveis por parte dos que necessitam” (Galeazzi, 1996). 
 Esta metodologia permite indicar os alimentos mais consumidos, tomando como 
referência o aporte de calorias, que cada um deles fornece ao ser ingerido. A contribuição 
calórica, ou de energia, é escolhida como referência por ser um forte indicador da suficiência 
alimentar, ou seja, a deficiência no aporte de calorias indica deficiência de ingestão de 
alimentos, apontando para um quadro de desnutrição, aguda ou crônica. Além disso, a 
insuficiência calórica está associada a carências de outros nutrientes e micronutrientes. A 
listagem de alimentos, apresentada desta forma, permite dar subsídios para a elaboração de 
uma cesta básica regional, baseada nos padrões locais de consumo. 
 
4. BIBLIOGRAFIA 
FIBGE. Estudo Nacional de Despesa Familiar (ENDEF), Brasília, FIBGE, 1974. 
FIBGE. Estudo Nacional de Despesa Familiar: Tabelas de composição dos alimentos, 
Brasília, FIBGE, 1977. 
FIBGE. Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), Série relatórios metodológicos, v.10. 
Rio de Janeiro, 3v., FIBGE, 1990. 
Galeazzi M.A.M. Hábito Alimentar e Educação Alimentar. Boletim da SBCTA. 
Galeazzi M.A.M. Segurança Alimentar e os problemas estruturais de acesso. In Segurança 
Alimentar e Cidadania: a contribuição das Universidades Paulistas. Mercado de Letras, 
1º ed., Campinas, 1996. 
LUNA, N.M.de M. Técnica Dietética - Pesos e medidas em alimentos, editora da Fundação 
Universidade Federal do Mato Grosso, Cuiabá, 1995. 
Cadernos de Debate, Vol. IV, 1996 10 
NAS-USA. Food and Nutrition Board Committee on Dietary Allowances: Recommended 
Dietary Allowances, 9 th ed, Washington- DC, National Academy of Sciences, 1980. 
SBAN. Recomendações Nutricionais Aplicadas à População Brasileira. Sociedade Brasileira 
de Alimentação e Nutrição (SBAN), 1990. 
 
Cadernos de Debate, Vol. IV, 1996 11 
ANEXO I - QUESTIONÁRIO SOBRE HÁBITOS ALIMENTARES - 
INSTRUMENTO DE PESQUISA 
Residência: 
Bairro: 
 
QUESTIONÁRIO SOBRE HÁBITOS ALIMENTARES 
N°: Hora início: Hora final: 
Entrevistador: 
Bairro: 
COD.: 
 
I- COMPOSIÇÃO DA FAMÍLIA 
Número Nome ( * = chefe da casa) Sexo Idade Estado Fisiológico Estudo Estudo 
 0- sem estudos 
 1- pré-escola 
 2- 1° grau incompleto 
 3- 1° grau completo 
 4- 2° grau incompleto 
 5- 2° grau completo 
 6- técnico 
 7- superior 
 8-não sei (último caso) 
 Est. Fisiológico 
 A- amamentando 
 G- grávida 
 
II- HISTÓRICO 
1- Família sempre morou na cidade? 1- Sim 3- Não 
Sabe de que Estado veio sua família? 2- marido: 
 3- mulher: 
 
III- ORIGEM DOS ALIMENTOS: Gasto mensal médio (R$) em: (Estimar o total quando 
não souber os ítens abaixo) 
4- Total: Supermercado: Sacolão: Armazém 
 Feira/ambulante: Açougue: Quitanda: 
 Produtor: Padaria: Outros (espec.): 
 
 
IV- LOCAL DAS REFEIÇÕES 
Cadernos de Debate, Vol. IV, 1996 12 
Número Café da manhã Almoço Lanche Jantar Local das refeições 
 0- Não faz 
 1- Casa 
 2- No trabalho mas leva de casa 
 3- No trabalho 
 4- Escola 
 5- Creche 
 6- Restaurante / Lanchonete 
 
V- CRECHE 
Número Identificação da creche: 1- Creche Municipal 
 2- Creche Conveniada 
 3- Creche Particular 
Número Alimentação: 1- Oferecido pela creche 4- A família prepara a comida 
 2- A família paga em dinheiro 5- Outros 
 3- A família paga em 
mercadoria 
 
 
VI- PRÉ-ESCOLA 
Número Identificação da Pré-Escola: 1- Particular 
 3- Pública 
 
Número A criança toma merenda? 1- Sim 
 2- As vezes 
 3- Não 
 
VII- MERENDA ESCOLAR (perguntar de preferência para as crianças da casa) 
Número O aluno toma merenda ? (por que?) 1- Sim 
 2- As vezes 
 3- Não 
Número A escola oferece merenda nas férias ? 1- Sim 
 2- As vezes 
 3- Não 
p/ a 
criança 
Qual mais gosta ? Qual menos gosta ? 
sorteada O que mais gostaria que houvesse na 
merenda ? 
Salgado Doce 
 
VIII- PROGRAMA DE ALIMENTAÇÃO AO TRABALHADOR (PAT) 
Cadernos de Debate, Vol. IV, 1996 13 
Número O local onde você trabalha oferece algum tipo 
de alimentação? 
2- refeição 6- cesta básica 
 4- ticket 8- não oferece 
 
Número Tem carteira 
assinada? 
A empresa desconta no seu 
pagamento esta alimentação? 
 1- sim 
 3- não 
 5- não sabe 
 
IX- OUTROS PROGRAMAS DE ALIMENTAÇÃO 
5- A família recebeu doação de algum tipo de alimento no último 
mês? 
1- sim 3- não 
6- Se sim, qual(is) alimento(s) recebeu 
? 
1- leite 
em pó 
2- leite fluido 3- óleo 4- outros 
(espec.) 
7- Quem distribuiu? 1- Prefeitura 3- Min. Saúde 5- Ent. 
Filantrópica 
7- não 
sabe 
 2- Gov. Federal 4- Igreja 6- Comitê Contra 
Fome 
8- outro 
(espec.) 
8- Quem consumiu os alimentos 
recebidos? 
1- toda família 3- as crianças 5- mulheres 
amamentando
 2- os idosos 4- gestantes 6- outros 
(especif.) 
9- A família, para receber estes 
alimentos, participou de atividades de: 
1- saúde ( pesagem,consulta 
médica, vacinação) 
3- trabalho 
comunitário 
 2- palestras educativas 4- nenhuma 
atividade 
 
X- HABITO ALIMENTAR E SAÚDE 
Número Cite 4 alimentos mais consumidos pela criança durante a semana (marcar ao 
lado a quantidade para os alimentos exclusivos) 
 
 
Número A criança tem acompanhamento do posto de saúde ? 1- sim 
 3- não 
 
 
 
 
XI- RENDA E INFRA-ESTRUTURA 
Cadernos de Debate, Vol. IV, 1996 14 
10- Profissão do chefe da casa: 
11- Quantas pessoas da família trabalham: 
12- Renda familiar: 13- Renda do chefe : 
14- Tipo de construção da 
casa: 
1- alvenaria 
completa 
2- alvenaria incompleta 3- madeira / 
outros 
15-Situação da 
moradia: 
1- própria 2- alugada 3- cedida 4-financiada 5- outra 
16-Saneamento: 1- esgoto 
e água 
2- fossa e água 3- esgoto 
e poço 
4- fossa e 
poço 
5- sem 
saneamento 
17- Bens: 1- carro ( ) 2-geladeira ( ) 3- freezer ( ) 4- fogão ( ) 
 5- televisão ( ) 6- video 
cassete ( ) 
7- aparelho de som ( ) 8- telefone ( ) 
 
 
TABELA DE CONSUMO FAMILIAR MENSAL DE ALIMENTOS (**** perguntar primeiro os ítens mais consumidos, depois verificar os outros) 
 ANOTE TODO ALIMENTO ADQUIRIDO, COMPRADO, RECEBIDO E PRODUZIDO PARA CONSUMO FAMILIAR 
CEREAIS E DERIVADOS qdade local LEGUMES**** qdade local FRUTAS**** qdade local 
Arroz kg � abóbora kg � abacate kg � 
farinha de trigo kg � abobrinha kg � abacaxi un. � 
fubá de milho kg � agrião maço � banana dz � 
macarrão kg � alface pés � caju un. �
maizena kg � alho cabeça � doce de fruta kg � 
pão de forma pacote � almeirão pés � goiaba kg � 
pão francês un. � berinjela kg � laranja dz �
LEGUMINOSAS beterraba kg � limão dz �
feijão kg � brócolis maço � maçã kg �
lentilha/ervilha kg � cebola kg � mamão kg �
outras (esp.) kg � cenoura kg � manga kg �
TUBÉRCULOS cheiro verde maço � maracujá kg �
batata kg � chicória pés � melancia e melão kg � 
farinha de mandioca kg � chuchu kg � pera kg � 
mandioca kg � couve pés � tangerina/ponkan dz �
CARNES E PESCADOS couve-flor pés � uva kg �
carne bovina sem osso kg � espinafre/bertalha maço � BEBIDAS E DIVERSOS 
carne bovina com osso kg � jiló kg � café kg � 
carne enlatada lata � milho verde em espiga un. � caldo de carne tablete � 
carne de porco sem osso kg � pepino kg � cerveja garr. � 
carne de porco com osso kg � pimentão kg � chá kg � 
bacon/toucinho kg � quiabo kg � outra bebida alcoólica l � 
frango kg � repolho kg � refrigerante l �
salsicha kg � rúcula maço � sal kg �
linguiça kg � tomate kg � suco artificial l �
peixe kg � vagem kg � tempero pronto kg �
peixe enlatado lata � AÇÚCARES E DOCES ÓLEOS E GORDURAS 
OVOS, LEITES E 
QUEIJOS 
 achocolatado kg � oleo de cozinha lata � 
creme de leite lata � açúcar kg � banha kg � 
doce de leite kg � bolacha doce un. � maionese kg � 
leite l � bolacha salgada un. � manteiga kg �
leite condensado lata � bolos un. � margarina kg �
leite em pó lata � chocolate kg � ENLATADOS 
ovos dz � gelatina pte. � massa de tomate lata � 
queijo kg � pudim pte. � milho verde em lata lata � 
outro (esp.) � sorvete kg � seleta de legumes lata � 
OUTROS ÍTENS CONSUMIDOS E 
MENCIONADOS 
ÍTENS DE PRODUÇÃO PRÓPRIA CONSUMIDOS ITENS RECEBIDOS POR DOAÇÃO (EX.: CESTA BÁSICA) 
 
 
 
 
Legenda Ž 1- Não 
tem hábito 
2-Preço elevado 3-Falta 
de oferta

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