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Apostila Agricultura da Vida Módulo 1 - Nutrição Materna e Saúde Fetal

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Módulo 1
Nutrição Materna 
e Saúde Fetal
Autoras
Monise Viana Abranches
Tatiana Coura Oliveira
Agricultura da Vida
Produção de alimento para gestante
Universidade Federal De Viçosa
Reitor: Demetrius David da Silva
Vice-Reitora: Rejane Nascentes
Coordenadoria de Educação 
Aberta e a Distância
Diretor: Francisco de Assis Carvalho Pinto
Edição de Conteúdo e CopyDesk:
João Batista Mota
Layout:
Juliana Dias de Almeida
Editoração Eletrônica:
Hugo Virgínio
Este obra está licenciada com 
uma Licença Creative Commons 
Atribuição 4.0 Internacional.
https://creativecommons.org/licenses/by-nd/4.0/
https://creativecommons.org/licenses/by-nd/4.0/
3
Significados dos Ícones da Apostila
Para facilitar o seu estudo e a compreensão imediata do conteúdo 
apresentado, ao longo de todas as apostilas, você vai encontrar peque-
nas figuras as lado do texto. Elas têm o objetivo de chamar a sua atenção 
para determinados trechos do conteúdo, com uma função específica, 
como apresentamos a seguir:
DESTAQUE: 
são definições, conceitos ou 
afirmações importantes às quais 
você deve estar atento.
GLOSSÁRIO: 
informações pertinentes ao texto, para situá-lo 
melhor sobre determinado termo, autor, entidade, 
fato ou época, que você pode desconhecer.
PARA REFLETIR: 
vai fazer você relacionar 
um tópico a uma situação 
externa, em outro contexto.
Dica da nutricionista Ana: 
curiosidades, dicas recomendações 
para se ter uma alimentação saudável 
durante a gravidez.
4
Sumário
Significados dos Ícones da Apostila 3
Apresentação 5
Unidade 1. Início da Gestação 
Quais são as principais mudanças que acontecem na gestação? 6
1. Aspectos gerais da gestação 7
Unidade 2. Necessidades nutricionais 
A gestante deve comer por dois? 12
1. Ganho de peso corporal 13
2. Necessidades nutricionais da gestante: macronutrientes 15
3. O que são micronutrientes? 16
Unidade 3. Dos nutrientes aos grupos de alimentos 
Quais alimentos são importantes na gestação? 19
1. Grupo dos feijões 20
2. Grupo dos cereais 21
3. Grupo das raízes e tubérculos 21
4. Grupo dos legumes e das verduras 21
5. Grupo das frutas 22
6. Grupo das castanhas e nozes 22
7. Grupo do leite e queijos 23
8. Grupo das carnes e ovos 23
9. Água 23
10. Transição alimentar: o que aconteceu com a nossa alimentação nos últimos 
anos? 24
11. Como os alimentos são classificados atualmente? 25
12. Alimentação saudável: planejar é necessário 28
13. Cuidados de higiene durante o preparo dos alimentos  30
REFERÊNCIAS 32
5
Apresentação
Olá! Boas-vindas!
Esse material integra o curso “Agricultura da vida”, o qual é destina-
do a mulheres rurais, indígenas e afrodescendentes e é promovido pelo 
Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos. Seu objetivo 
principal é aproximar a produção de alimentos para gestantes ao empre-
endedorismo. Por meio dele, espera-se viabilizar o poder transformador 
das mulheres com vistas à sua autonomia plena e à promoção da ali-
mentação saudável no ciclo inicial da vida.
Este curso foi elaborado considerando as dificuldades encontradas no 
cotidiano das mulheres que trabalham no campo produzindo alimentos. 
O Módulo 1 aborda as principais mudanças corporais que acontecem 
na gestação, as necessidades nutricionais nesse período e as fontes de 
nutrientes. 
As temáticas propostas evidenciam a importância da nutrição mater-
no-fetal e abrem um caminho de possibilidades para se pensar a produ-
ção de alimentos, por meio das Boas Práticas Agrícolas e de estratégias 
empreendedoras para a agregação de valor aos produtos - temas a se-
rem abordados nos Módulos 2 e 3. 
https://www.gov.br/pt-br/orgaos/ministerio-da-mulher-da-familia-e-dos-direitos-humanos
6
Unidade 1. Início da Gestação 
Quais são as principais mudanças que 
acontecem na gestação?
7
1. Aspectos gerais da gestação
A gestação é um período único para a mulher. Ao longo das 40 semanas, as trans-
formações corporais e emocionais mudam a vida da gestante. Se nos primeiros me-
ses são comuns os enjoos, o cansaço e a sonolência, nos últimos meses, já com o 
bebê formado, o tamanho da barriga pode levar a dores na coluna ou dificuldades 
de encontrar uma posição confortável para dormir, dentre outras situações. 
Vale lembrar que a saúde e o bom desenvolvimento do bebê 
dependem das condições gerais de saúde da mamãe, que incluem a 
qualidade da sua alimentação. Alguns aspectos considerados como 
preditores de prognóstico em uma gestação são: idade da mulher, 
peso pré-gestacional, se teve filho há menos de dois anos, e se tem o 
hábito de fumar ou consumir álcool.
Além das mudanças físicas, a descoberta da gravidez pode desencadear, além de 
alegria e entusiasmo, sensações, como insegurança e preocupação. O turbilhão de 
sentimentos e emoções pode ser associado aos hormônios gestacionais, bem como 
a aspectos sociais relacionados com o apoio familiar e de amigos, existência de ou-
tros filhos, desejo de engravidar e condições econômicas.
8
1. 1. Mudanças corporais no 1º, 2º e 3º trimestres de 
gestação
A gestação pode ser dividida em etapas. Vamos ver o que acontece em cada uma delas.
a) fecundação 
A fecundação corresponde ao momento em que o óvulo da mulher é fertilizado 
pelo espermatozoide do homem, o que acontece durante o período fértil. A nidação 
é o processo seguinte à fecundação, no qual o óvulo fecundado dirige-se ao útero 
para que seja implantado na parede uterina, dando início à gravidez.
• O óvulo fecundado demora cerca de sete dias até ser implantado no útero. 
• A partir daí, uma tsérie de ajustes acontecem no corpo da gestante, para ga-
rantir um ambiente favorável ao desenvolvimento do bebê. 
b) 1º Trimestre 
O 1º trimestre vai do 1º ao 3º mês completo, o que corresponde a um período de 
12 semanas gestacionais.
• As modificações no primeiro trimestre (1ª à 12ª semana) podem levar a sinto-
mas que auxiliam no diagnóstico da gestação. Alguns desses sintomas incluem: 
9
 - Ausência de menstruação, 
 - Náuseas (principalmente pela manhã), 
 - Aumento da vontade de fazer xixi, 
 - Seios inchados e doloridos, 
 - Escurecimento da aréola mamária, entre outros.
• Os hormônios gestacionais preparam o corpo da mulher para o desenvolvi-
mento do feto. Parte das transformações do corpo e sensações observadas 
são consequência da ação desses hormônios. 
• Há o aumento da quantidade de sangue circulando no corpo da gestante por 
volta da 6ª semana gestacional, o que pode levar à redução da pressão arterial.
• Esse aumento também é responsável pela diluição dos componentes sanguíne-
os, como as células vermelhas - condição conhecida como anemia fisiológica.
• Algumas gestantes podem apresentar redução da quantidade de açúcar no 
sangue, condição conhecida como hipoglicemia.
• Essas primeiras alterações podem levar a gestante a sentir sonolência e fra-
queza. Entretanto, toda e qualquer alteração na pressão arterial deve ser co-
municada ao médico.
O aumento da pressão arterial na gravidez oferece riscos para a 
mãe e o bebê. Os sintomas costumam surgir após a 20ª semana ges-
tacional. Os mais comuns são: dor de cabeça, tontura, dor abdomi-
nal, inchaço repentino no rosto e nas mãos, problemas na visão 
e vômitos.
• Ao final do 1º trimestre, o bebê já possui cérebro, 
além de coração, medula espinhal, ossos, músculos, olhos e boca. Os dentes 
têm a sua formação iniciada. Sua cabeça é maior que o corpo; ele consegue 
dobrar os braços e as pernas; suas unhas começam a aparecer.
Desejos por alimentos específicos na gestação 
 Algumas mulheres relatam vontade quase incontrolável de ingerir substâncias não 
alimentícias, como tijolo, terra, carvão, giz, cinza de cigarro; ou ainda fazem combinações 
alimentares menos comuns: comer frutas verdes ou feijão com pão, dentre outras. Esse 
fenômeno é conhecido como picamalácia. É importante destacar que tais desejos não 
devem ser saciados, pois há risco de contaminação e de intoxicação.
 Nessas situações, vale procurar orientação com o médico ou nutricionista para avaliaçãoda alimentação e a realização de exames, visando identificar as causas desta condição. 
10
c) 2º Trimestre 
O 2º trimestre vai do 4º ao 6º mês completo, o que corresponde ao período de 13 
a 26 semanas gestacionais. Nesse período, surgem mais mudanças e sinais no corpo 
da mulher, como são apresentados a seguir.
• A ação dos hormônios fica mais evidente nesse período: podem ser obser-
vados sangramento da gengiva; maior percepção dos sabores e cheiros, o 
que pode levar à rejeição de alimentos, cujo consumo era comum antes da 
gestação, e enjoos e vontade de vomitar.
• Apesar de surgirem por volta da 6ª semana gestacional, os enjoos e os vômi-
tos se estendem, em média, até a 20ª semana. A frequência e a intensidade 
dos vômitos podem contribuir para a perda de peso, uma vez que a gestan-
te tem dificuldade para se alimentar. Nesse contexto, os acompanhamentos 
pré-natal e nutricional são importantes para que a mulher possa receber 
orientações adequadas, que garantam a boa formação do bebê.
• O intestino tende a ficar preso, por causa da ação do hormônio 
progesterona. O trânsito intestinal mais lento favorece a 
absorção de nutrientes -  o que  é benéfico. É necessário 
que a alimentação seja rica em frutas, legumes, verduras, 
água e outros líquidos, como sucos de frutas, para 
aliviar a constipação e prevenir o aparecimento de 
hemorroidas. Essa constipação intestinal, associada 
a um esforço intenso para evacuar, pode resultar no aparecimento de 
hemorroidas, que podem ser favorecidas também pela compressão do útero 
no intestino grosso.
• Manchas escuras no rosto e uma linha escura na barriga são comuns de surgi-
rem durante a gestação, decorrentes do aumento na produção de melanina. 
• A partir da 18ª semana, a mamãe pode sentir o bebê se mexer. Ele pode 
responder a estímulos, como à voz da mãe. O sistema nervoso continua se 
desenvolvendo. Seus tornozelos, punhos, orelhas se formaram e o corpinho 
está proporcional à cabeça. Os cabelinhos também já começaram a nascer 
e os ossos estão mais resistentes. A partir de agora, o ganho de peso é mais 
significativo, os pulmões começam a funcionar, assim como os sistemas cir-
culatório e urinário. 
Dê atenção aos sinais do corpo! Lembre-se de que o médico deve 
ser informado durante as consultas de pré-natal sobre situações que 
causem dores anormais durante a gestação.
11
d) 3º Trimestre 
O 3º trimestre vai do 7º ao 9º mês completo, o que corresponde ao período de 27 
a 40 semanas gestacionais. O crescimento do bebê faz com que a barriga da mamãe 
aumente, levando a uma série de mudanças mais visíveis para a gestante.
• Conforme o bebê vai crescendo, adaptações nas estruturas internas do corpo 
vão ocorrendo: a respiração fica mais curta por causa da diminuição do espa-
ço para expansão dos pulmões ao respirar. Por isso, as gestantes ficam mais 
ofegantes.
• O superestiramento da pele pode promover o aparecimento de estrias, prin-
cipalmente nos seios, barriga e coxas.
• À medida que cresce, o bebê pressiona o estômago, 
causando a sensação de “estômago cheio” e queimações. 
Essa situação pode favorecer a ocorrência de refluxo 
gastroesofágico.
• A bexiga também fica bem comprimida. É comum o au-
mento da frequência do número de vezes em que a ges-
tante faz xixi. Atenção especial deve ser dada à ocorrência 
de infecções, incontinência e/ou urgência urinária.
• A postura da mulher sofre uma adaptação de eixo e os pés 
se afastam para melhorar o equilíbrio e evitar quedas: a ges-
tante tende a andar com as pernas um pouco afastadas.
• Conforme a hora do parto se aproxima, o corpo se prepara 
para a amamentação e pode acontecer vazamento de leite 
materno. 
• Também é comum a presença de edemas nas pernas e de dor 
nas costas.
• Nesta fase, o bebê está completamente formado. Seu ouvi-
do já se desenvolveu, ele consegue abrir os olhos e piscar. 
Seus pulmões ainda não finalizaram o amadurecimento - isso acontece após 
o nascimento. É comum a mudança de posição do bebê no útero. Parte do 
seu peso corresponde à gordura que ajudará a mantê-lo quentinho quando 
sair da barriga da mamãe.
Dicas da nutricionista Ana: 
- As dúvidas da gestação podem e devem ser esclarecidas nas consul-
tas pré-natais - procure sempre se informar! 
- Siga as orientações médicas. 
- Procure construir uma rede formada por pessoas que possam 
apoiá-la nesse momento tão especial!
12
Unidade 2. Necessidades nutricionais 
A gestante deve comer por dois?
13
1. Ganho de peso corporal
O ganho de peso na gestação deve ser planejado para o desenvolvimento ade-
quado do bebê. Diferentemente do que se pensa, a gestante não precisa ‘comer por 
dois’. Isso porque o hormônio progesterona atua durante a gestação reduzindo o 
trânsito intestinal, o que contribui para o aumento do tempo de absorção dos nu-
trientes presentes nos alimentos. Assim, não há necessidade de aumentar de forma 
significativa a ingestão alimentar.
Alguns cuidados contribuem para que o ganho de peso se dê de forma 
saudável. Recomenda-se que sejam feitas pelo menos três refeições 
(café da manhã, almoço e jantar) e dois lanches leves ao dia. Vale 
destacar que ficar muito tempo sem se alimentar pode contribuir para 
a ocorrência de náuseas, vômitos e mal-estar. O jejum contribui para o 
aumento da sensação de fome e, por esse motivo, corre-se o risco de a 
ingestão de alimentos ser exagerada na próxima refeição.
Dicas da nutricionista Ana: 
- Tenha atenção ao seu corpo, respeite os sinais de fome e de quando 
parar de comer. 
- Faça suas refeições em um ambiente tranquilo e agradável: tenha 
atenção plena ao comer os alimentos. 
- Coma devagar e mastigue bem os alimentos. 
- Evite usar o celular durante as refeições ou assistir à televisão, pois 
estes objetos fazem com que a gente se distraia e coma sem perce-
ber os sabores/aromas e as quantidades dos alimentos. 
- Emoções, como angústia, medo e solidão, podem contribuir para a 
sensação de fome. Por isso, fique atenta a elas. Se necessário, procure 
atendimento com um profissional especializado. 
- Evite refrigerantes, salgadinhos, biscoitos recheados, suco em pó, 
produtos em conserva e outros desse tipo. Eles são ricos em açúcares, 
sal e gordura, que não fazem bem para a sua saúde, quando consu-
midos em excesso, além de terem conservantes e corantes artificiais. 
O planejamento do ganho de peso deve ser baseado no estado nutricional da 
mulher no momento anterior à gestação e feito por um profissional habilitado, como 
nutricionista ou médico. O Cartão da Gestante é essencial para o acompanhamento 
adequado da evolução do peso. Não deixe de levá-lo nas consultas de pré-natal. Ve-
jamos qual é o ganho de peso desejável em cada condição.
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Ganho de peso da gestante
Quando a mulher está abaixo do peso ideal, é importante ter atenção para as 
reservas de energia na forma de gordura corporal, pois o crescimento do bebê e a 
produção de leite materno no pós-parto dependem dessa reserva. Nessa situação, o 
ganho de peso deve ser maior, variando de 12,5 a 18 Kg, quando comparado ao de 
uma gestante de peso normal, cujo ganho de peso deve ser de 11,6 a 16 Kg. 
Já a mulher que apresenta excesso de peso anterior à notícia da gravidez 
deve ficar atenta ao aumento do peso. Nesse caso, ele deve variar de 7 a 11,5 Kg, 
peso ligado principalmente às alterações corporais decorrentes da gestação, como: 
o aumento das mamas, do útero, relacionado ao desenvolvimento da placenta e do 
bebê, dentre outras. 
De modo geral, as mulheres terão um aumento das suas necessidades de energia 
entre a 10ª e a 30ª semana gestacional, e de alguns nutrientes (em especial, vitami-
nas e minerais), que serão tratados nos próximos tópicos. 
Dietas visando ao emagrecimento não devem ser feitas durante a 
gestação. A restrição alimentar, ao alterar o estado nutricional da 
gestante, pode ocasionar prejuízos no desenvolvimento do bebê, 
incluindo danos cerebrais.
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2. Necessidades nutricionais da gestante: 
macronutrientes
Os alimentos sãoos componentes da nossa nutrição diária. Eles podem ter dife-
rentes origens, como a vegetal e a animal, ser consumidos da forma como a natureza 
nos oferece, compondo preparações culinárias ou ainda utilizados na fabricação de 
produtos industrializados.
Os alimentos têm uma série de substâncias chamadas nutrientes, as quais são ne-
cessárias para o nosso crescimento e sobrevivência. Os nutrientes de que precisamos 
em maior quantidade são chamados de macronutrientes. Cada um deles desempe-
nha um papel importante no nosso corpo. Vejamos: 
• Carboidratos - fornecem energia para as atividades do dia a dia, sendo que-
brados em açúcares, como a glicose, após a digestão. Quando absorvida, a 
glicose é a principal fonte a partir da qual produzimos energia e de extrema 
importância para o funcionamento do cérebro. 
Os carboidratos podem ser encontrados no arroz, milho, trigo, mandioca, ba-
tata, etc., além dos alimentos produzidos a partir deles, como farinhas, pães, 
bolos, biscoitos, angu, cuscuz, tapioca e macarrão.
• Óleos e gorduras: constituem os lipídios. Além de fornecerem energia, atu-
am como isolantes térmicos; dão origem a hormônios; compõem a estrutura 
das nossas células e são importantes para a absorção de vitaminas, como a 
A, D, E, e K. 
As principais fontes são os óleos vegetais, como o de soja, milho e girassol; o 
azeite de oliva e de dendê; a banha de porco; a manteiga e sementes, como 
castanhas e gergelim. Vale destacar que, nas carnes, frango e peixes, tam-
bém encontramos lipídios. Estudos recentes têm mostrado a importância do 
ômega 3 no desenvolvimento do bebê. Este lipídio pode ser encontrado em 
peixes e na semente de linhaça, dentre outros alimentos.
• Proteínas: são responsáveis pela formação de músculos; dão origem aos hor-
mônios e constituem as enzimas digestivas, as células de defesa, e também 
os anticorpos presentes no leite materno. 
Os alimentos com maior quantidade de proteínas são o leite e seus derivados, 
as carnes, os ovos e as leguminosas, como o feijão.
• Fibras: são encontradas nas verduras, legumes, frutas e sementes integrais. 
São componentes dos alimentos que nós, seres humanos, não conseguimos 
digerir, mas que exercem função relevante no nosso organismo. As fibras 
podem ser divididas em dois tipos:
 - Fibras solúveis: dissolvem- se na água, formando um gel que ajuda a 
reduzir, por exemplo, a absorção de lipídios, como o colesterol, e a absor-
ção do açúcar (glicose) e sua concentração no sangue. 
16
 - Fibras insolúveis: não se dissolvem em água; elas  auxiliam principal-
mente no bom funcionamento intestinal.
Dicas da nutricionista Ana: 
Como a constipação é algo comum na gestação, é importante 
aumentar o consumo de alimentos ricos em fibras, como frutas e 
vegetais, para auxiliar na melhora da atividade intestinal. Mas, para 
uma ação eficiente das fibras, é necessário tomar água e sucos. 
• Água: é essencial para o funcionamento do organismo humano, especialmen-
te na gestação, quando a necessidade hídrica aumenta, devido à maior deman-
da para a formação do bebê e para mudanças corporais, como a constituição 
da placenta. Mais da metade do corpo humano é constituído pela água, que é 
importante componente do sangue, responsável pelo transporte de nutrientes 
e oxigênio para as células. Ela ainda ajuda na remoção de resíduos tóxicos, por 
meio do xixi. Dentre outras funções, contribui para a regulação da temperatura 
do corpo, ajuda na absorção de nutrientes e umidifica a boca, o nariz e os olhos. 
Deve ser consumida, preferencialmente, no intervalo das refeições.
3. O que são micronutrientes? 
São as substâncias de que precisamos em pequenas quantidades, como as vita-
minas e os minerais. As vitaminas participam das funções celulares e imunológicas 
e são necessárias para a produção de energia. Os minerais, por sua vez, contribuem 
para reações celulares, que propiciam a formação de tecidos, contração dos múscu-
los, transmissão de impulsos nervosos, etc. Os micronutrientes são fornecidos por 
meio de uma alimentação variada em alimentos naturais e de diferentes grupos. Por 
exemplo: frutas, hortaliças, leite e derivados, carnes, ovos, feijões e cereais.
No período gestacional, as necessidades de micronutrientes são aumentadas 
para suprir as demandas do próprio corpo da gestante e do bebê em formação. A 
seguir, destacamos alguns micronutrientes de importância nesse momento.
3. 1. A importância das vitaminas
a) Vitamina A
É fundamental para o crescimento do bebê, com destaque também na saúde ós-
sea e dos olhos, no bom funcionamento do sistema imunológico e desenvolvimento 
da placenta. Além disso, sua ação antioxidante combate os radicais livres. 
Alguns alimentos apresentam boas quantidades desta vitamina: abóbora, batata doce, 
brócolis, cenoura, espinafre, fígado bovino, leite integral, mamão, manga e manteiga. 
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b) Vitamina B9
Também conhecida como folato ou ácido fólico, a Vitamina B9 está envolvida na 
síntese de DNA e das células do sangue. Ela ajuda a formar as proteínas, que parti-
cipam das defesas do corpo. É muito importante, especialmente, no período inicial 
da gestação, quando começa a formação do sistema nervoso da criança. É usual a 
suplementação de ácido fólico durante a gestação para evitar malformações fetais.
Está presente em hortaliças verde-escuras (brócolis, couve, espinafre, etc.), aba-
cate, beterraba, feijão, fígado de boi, grão-de-bico, lentilha, etc.  
c) Vitamina C 
Esta vitamina aumenta a absorção de ferro pelo intestino. É importante nutrien-
te na prevenção do desenvolvimento ou agravamento da anemia gestacional; contri-
bui para a formação da pele e demais órgãos fetais; evita a ruptura de membranas, 
parto prematuro e pré-eclâmpsia; sua ação antioxidante reduz o risco de infecções. 
É encontrada nas frutas, como acerola, laranja, limão, goiaba, morango, 
manga, e nas hortaliças (couve, couve-flor, espinafre, etc.) 
d) Vitamina E 
É considerada um antioxidante por atuar contra os radicais livres. Também 
auxilia na prevenção do aborto, parto prematuro, comprometimento do crescimento 
do bebê, pré-eclâmpsia e um tipo de anemia do recém-nascido, conhecida como 
anemia hemolítica. 
Pode ser encontrada no abacate, leite de vaca, óleo de milho e de soja. 
e) Vitamina K 
Participa da coagulação do sangue e cicatrização de feridas, além de desempe-
nhar importante papel na saúde óssea. Uma coagulação eficiente é essencial no par-
to, porque, devido à perda sanguínea, ela evita a ocorrência de hemorragias. Essa 
vitamina é produzida por microrganismos que residem no intestino. 
São fontes desta vitamina: agrião, alface, brócolis, couve, ervilha, espinafre, fíga-
do bovino, manteiga, queijos. 
f) Vitamina D
A saúde óssea e o bom funcionamento do sistema imunológico estão associados 
a esta vitamina. 
Ela pode ser obtida por meio da exposição ao sol por aproximadamente 30 minu-
tos por dia. Alguns alimentos também são boas fontes: atum, fígado, gema de ovo, 
sardinha. 
18
3. 2. Para que servem os minerais?
a) Cálcio 
É essencial para a formação das estruturas ósseas. Participa também dos proces-
sos de vasodilatação, da contração muscular e de uma série de outras vias de sinali-
zação dentro das células, como nas dos sistemas nervoso e endócrino - produção de 
hormônios, por exemplo. Durante a gestação, o organismo da mulher se adapta para 
absorver maior quantidade deste mineral. 
O cálcio é encontrado nos leites e derivados, na sardinha e no gergelim. 
b) Ferro 
É um mineral importante para a produção da hemoglobina, uma proteína 
presente nas células vermelhas do sangue, responsável pelo transporte de oxigênio 
no corpo. Na gestação, a necessidade materna de ferro aumenta, especialmente a 
partir do 2º trimestre de gravidez. Para evitar a anemia, por deficiência de ferro, é 
comum a suplementação desse mineral. 
Os alimentos que são considerados boas fontes de ferro incluem: vegetais verde 
escuros (brócolis, couve, taioba, coentro, rúcula, etc.), carnes,feijão, fígado de boi, 
ovos de galinha. Consumir uma fruta fonte de vitamina C logo após as refeições au-
xilia no melhor aproveitamento do ferro.
c) Zinco
Participa da produção do material genético, como o DNA, da divisão celular, pos-
sibilitando a formação dos órgãos do bebê, e é importante para o bom funciona-
mento das defesas imunológicas. Sua deficiência está relacionada a malformações 
fetais. 
É encontrado em carnes, no fígado, leite e derivados, castanhas, cereais integrais 
(aveia, trigo, milho), feijões e amendoim.
19
Unidade 3. Dos nutrientes aos grupos de 
alimentos 
Quais alimentos são importantes na gestação?
20
Como vimos na unidade 2 deste módulo, os nutrientes contidos nos alimentos 
são importantes para a manutenção das nossas funções vitais, como o funcionamen-
to do coração, respiração, digestão. Além disso, são fundamentais para a realização 
das atividades do dia a dia e, no caso da gestação, também são necessários ao de-
senvolvimento do bebê. 
Dois conceitos são muito importantes para a compreensão do que se considera uma 
alimentação saudável: 
• O primeiro se refere à classificação dos alimentos em grupos, de acordo com o 
conteúdo de nutrientes, e
• O segundo é a classificação dos alimentos, em função do seu grau de processamento. 
Inicialmente, vamos abordar a ideia de que a alimentação não se consagra 
na simples ingestão de nutrientes. Estes compostos ou substâncias são constituintes 
dos alimentos que, por sua vez, podem ter sua importância alimentar reconhecida 
em cada localidade do país e também com base nas nossas heranças culturais. 
A classificação dos alimentos em grupos é baseada na quantidade de nutrientes 
presentes neles. Os grupos são formados de acordo com os nutrientes em maior 
quantidade. Segundo o Guia Alimentar para a População Brasileira (BRASIL, 2014), os 
alimentos podem ser subdivididos nos grupos apresentados a seguir.
1. Grupo dos feijões
Esse grupo é composto por uma série de grãos: as leguminosas. Além dos feijões, 
grão-de-bico, ervilha e lentilha podem ser incluídos nessa categoria, por apresenta-
rem características nutricionais similares, como o conteúdo de proteínas. Diferentes 
variedades de feijões são produzidas e consumidas no Brasil: carioca, preto, fradinho, 
feijão de corda, vermelho, branco, feijão-fava, jalo e mulatinho.
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_alimentar_populacao_brasileira_2ed.pdf
21
Quais preparações você faz usando feijão? Alguns exemplos 
presentes na culinária dos brasileiros são: caldo de feijão, vinagrete 
de feijão fradinho, tutu, farofa, feijão tropeiro, baião de dois, bolinho 
de feijão, feijoada e saladas. Consumir todas as variedades de 
leguminosas faz com que a nossa alimentação seja rica em diferentes 
nutrientes, sabores e cores. 
Você também pode usar a sua criatividade, acrescentando alimentos de outros gru-
pos, como cenoura e vagem, às preparações. O ideal é consumir uma porção desse grupo 
todos os dias, o que equivale a uma concha de feijão. A proporção de feijão no prato tam-
bém conta: recomenda-se que sejam servidas duas partes de arroz para uma de feijão.
2. Grupo dos cereais
Fazem parte desse grupo grãos ricos em amido, como arroz, milho, aveia, trigo 
e centeio.  Arroz, milho e trigo e seus derivados (farinhas, canjica, fubá, quirera, tri-
guilho, etc.) estão muito presentes no prato dos brasileiros. Eles podem ser consu-
midos como preparações salgadas no almoço, jantar ou em um lanche, e ainda em 
sobremesas. A diversidade dos pratos e a forma como são preparados dependem da 
cultura alimentar da região. 
Embora a associação de arroz e feijão seja bastante conhecida, os cereais são usa-
dos para preparar bolos, canjica, pães, tortas, risoto, farofa, pamonha, curau, angu, 
arroz doce, polenta, cuscuz, galinhada, dentre outras preparações. 
3. Grupo das raízes e tubérculos
 São exemplos de alimentos pertencentes a este grupo: mandioca, batata, ba-
tata doce, mandioquinha (também conhecida como batata baroa), cará e inhame. 
Ricos em amido, são alimentos versáteis e podem ser consumidos no café da manhã 
ou lanche da tarde. Nesses casos, são cozidos, assados, servidos como bolinho (por 
exemplo, de mandioca), pão (de batata, de queijo, etc.) e tapioca.
 Também podem estar no almoço ou jantar, junto ao arroz com feijão, servidos na 
forma de purês, ensopados ou ainda como farinhas, complementando a refeição ou 
receitas, como feijão tropeiro, pirão, tutu e farofas. 
4. Grupo dos legumes e das verduras
Os alimentos que constituem esse grupo são ricos em vitaminas, minerais, fibras 
e água. Bons exemplos são aqueles alimentos cultivados nas hortas, tais como: alfa-
ce, rúcula, cebolinha, salsinha, couve, beldroega, serralha, capiçoba, ora-pro-nóbis 
22
(também conhecido como lobrobó), quiabo, espinafre, abóbora, acelga, beterraba, 
brócolis, cebola, cenoura, jiló, pepino, pimentão, repolho, cenoura e tomate. Cada 
região tem legumes, verduras e variedades típicas. 
Não existe uma forma certa ou errada de consumir os alimentos 
pertencentes a este grupo: podem ser servidos crus, cozidos, 
refogados, assados, ao vapor, ensopados, gratinados, salteados, 
como purê, empanados, em saladas, sopas, etc. Partes comestíveis e 
não usualmente consumidas de legumes e verduras, como as folhas 
e talos de batata-doce, cenoura, beterraba, couve-flor, abóbora, 
por exemplo, podem ser incluídas nas preparações. Ao consumi-los 
crus, é necessário higienizá-los, pois podem conter insetos, lesmas 
microrganismos e substâncias químicas. 
Existe ainda um grupo que é conhecido como plantas alimentícias não conven-
cionais (PANC). Elas são mais rústicas e resistentes, adaptadas a lugares onde as hor-
taliças convencionais têm dificuldade para serem cultivadas. São importantes o res-
gate e o consumo deste tipo de  hortaliça, pois são ótimas para uma alimentação 
adequada, saudável, ambiental e culturalmente sustentável. 
5. Grupo das frutas
Os alimentos que constituem esse grupo são ricos em vitaminas, minerais, fibras, 
água, além de substâncias antioxidantes benéficas para o organismo da gestante. 
Existe uma infinidade de frutas com sabores, aromas e cores, que podem ser aprecia-
das: algumas são mais azedas; outras doces. Podem ser consumidas frescas, na forma 
de sucos, chás, geleias, desidratadas, como recheios de tortas, etc. A produção varia 
de acordo com a região do país e com a comercialização, o que as tornam mais ou 
menos conhecidas e encontradas. 
São exemplos de frutas: amora, caqui, manga, acerola, laranja, mamão, pitanga, 
figo, romã, banana, pitaya, uva, umbu, graviola, cajuzinho do cerrado, açaí, maçã, 
goiaba, jabuticaba, ameixa, melancia, etc. Elas podem ser ingeridas com ou sem cas-
ca, mas lembre-se de sempre higienizá-las, especialmente se forem consumidas cru-
as e com casca.
6. Grupo das castanhas e nozes
Compõem este grupo sementes ricas em gorduras, como a castanha de caju, cas-
tanha de baru, castanha do Pará, nozes, amêndoas e amendoim. Podem ser consu-
midas nos lanches, ou ainda na forma de pastas, doces, como paçoca e pé-de-mole-
que; para compor saladas, molhos, farofas e recheios. 
23
A partir delas, podem ser feitas bebidas vegetais, como o extrato de amêndoas, 
conhecido popularmente como “leite” de amêndoas. Se preparadas com sal ou açú-
car, seu consumo deve ser moderado. 
7. Grupo do leite e queijos
Produtos de origem animal, fontes de proteína e cálcio, costumam fazer parte 
do café da manhã da maioria dos brasileiros. O leite pode ser consumido puro ou 
acompanhando o café, no tradicional “pingado”; batido com alguma fruta, ou ainda 
em preparações doces e salgadas, como bolos e tortas. 
Seus derivados (queijos, ricota, coalhada, leite fermentado, requeijão e iogurtes, 
etc.),  acompanhados de frutas e/ou cereais, como a granola, ampliam a variedade 
da oferta deste grupo. 
8. Grupo das carnes e ovos
Com alimentos ricos em proteínas, minerais, como ferro, e vitaminas do comple-
xo B, o grupo é compostopor carnes de boi, aves, porco, cabrito, cordeiro e pescados, 
além de ovos de galinha, de codorna e de outras espécies. 
Esses alimentos acompanham o arroz com feijão e vegetais. Os ovos podem ser 
ingrediente de preparações culinárias, como bolos, pudins, biscoitos e pães. Já as 
carnes podem ser usadas como recheios, sendo servidas grelhadas, fritas, cozidas, 
assadas ou ensopadas. 
9. Água
Muitas vezes, nós nos esquecemos de que a água é um alimento essencial para a 
manutenção da saúde. Mais da metade do nosso corpo é constituído por ela. Portan-
to, muita atenção deve ser dada ao seu consumo em quantidade adequada, a fim de 
evitar a desidratação, especialmente em locais onde a temperatura é elevada. 
Se a cor do xixi estiver escura, é indicativo de que a desidratação está acontecen-
do; procure observar também a sede, pois ela é um sinal de desidratação. Uma vez 
presentes esses sinais, faça a ingestão de água, sucos e água de coco. Ferver e filtrar 
são estratégias para garantir a qualidade da água que será utilizada para beber ou 
cozinhar os alimentos.
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Dicas da Nutricionista Ana: 
- A técnica de remolho é importante para diminuir componentes que 
atrapalham o aproveitamento de alguns nutrientes presentes nos 
feijões. Ela também é útil na diminuição do tempo de cozimento. 
Como fazê-la? Coloque o feijão em uma vasilha e cubra-o com água. 
Deixe em repouso por 12h e, durante esse período, troque a água 
uma vez. Quando for cozinhar, descarte a água usada no remolho e 
acrescente mais água para o cozimento 
- Ao temperar os alimentos, utilize o mínimo possível de óleo e sal. 
Procure usar temperos naturais, como alho, cebola, louro e ervas 
naturais que você goste (cebolinha, coentro, salsinha, etc.). 
- Procure comprar alimentos da safra, pois nesse período tendem a 
ter um preço menor e são mais nutritivos e saborosos. 
- O consumo de água aromatizada é uma boa estratégia para quem 
tem dificuldade em beber água pura. Exemplo de água aromatizada: 
água adicionada de rodelas de limão ou laranja e folhas de hortelã.
10. Transição alimentar: o que aconteceu com a nossa 
alimentação nos últimos anos?
A saída das pessoas do campo para as cidades, o conhecido processo de urbani-
zação, levou a mudanças dos hábitos alimentares e contribuiu para o aumento do 
consumo de alimentos industrializados.
Tal processo também foi acompanhado por transformações quanto 
aos tipos de doenças que começam a aparecer em maior quantidade 
na nossa população, como diabetes tipo 2, hipertensão, obesidade e 
câncer. Os estudos científicos na área de Nutrição foram mostrando a 
associação entre o consumo desses alimentos com o adoecimento da 
população.
Em 2014, o Guia Alimentar para a População Brasileira trouxe uma nova forma de 
classificar os alimentos segundo o grau de processamento ao qual eles são subme-
tidos antes de sua comercialização. Ele inovou ao promover uma reflexão sobre o 
quanto o nosso estilo de vida vem privilegiando o consumo de alimentos conside-
rados práticos, saborosos, fáceis de serem encontrados e cujo preço é relativamente 
baixo. Soma-se a isso o fato de eles terem mais energia por conterem mais açúcares 
e gorduras, apresentarem alta quantidade de sódio e serem pobres em fibras. 
Também é comum encontrarmos, em sua lista de ingredientes, substâncias quí-
micas que não são comumente utilizadas nas preparações culinárias, como corantes, 
estabilizantes e espessantes. Existe uma tendência de que eles sejam consumidos 
em excesso, substituindo os alimentos in natura. 
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11. Como os alimentos são classificados atualmente?
A nova classificação divide os alimentos em quatro grupos:
• In natura (naturais) ou minimamente processados 
• Ingredientes culinários
• Processados
• Ultraprocessados.
11. 1. Alimentos in natura ou minimamente processados
Os alimentos in natura são aqueles que obtemos da forma como são produzidos 
pela natureza, como sementes, frutas, folhas, raízes, no caso de plantas; em se 
tratando dos animais, temos as carnes, leite e ovos. Também podemos incluir nessa 
classificação os cogumelos e algas comestíveis. 
Já os alimentos minimamente processados são aqueles que sofrem pequenas 
transformações, tal qual a retirada de terra e sujidades, como nas cenouras e batatas; 
corte e refrigeração e/ou congelamento, como no caso das carnes que vão para os 
açougues; polimento dos grãos de arroz, ou ainda a moagem, como ocorre com as 
farinhas, cuscuz e o café - tudo isso sem grandes perdas de suas características ini-
ciais.
11. 2. Ingredientes culinários
É tudo aquilo que se usa para temperar e/ou preparar as refeições a partir dos 
alimentos in natura ou minimamente processados. Eles contribuem para a melhoria 
do sabor das preparações culinárias (bolos, pães, sucos, doces, etc.) e são obtidos dos 
alimentos naturais. Como exemplos, temos os óleos de soja, de dendê, de gergelim; 
gorduras, como a banha de porco, a manteiga batida do leite e a gordura de coco; o 
açúcar da cana, como o mascavo ou o branco, e o sal de cozinha.
11. 3. Alimentos processados
 Elaborados a partir de alimentos in natura ou minimamente processados, por 
meio do uso de técnicas simples, as quais podem ser reproduzidas em casa pela adi-
ção de sal, açúcar ou gordura. São exemplos de alimentos pertencentes a este grupo: 
“conserva de legumes ou de pescado, frutas em calda e queijos e 
pães do tipo artesanal. Alimentos processados aumentam a duração 
de seus ingredientes originais, além de contribuir para diversificar a 
alimentação. Se consumidos em pequenas quantidades e como parte 
de refeições baseadas em alimentos do primeiro grupo, são igualmen-
te compatíveis com uma alimentação equilibrada nutricionalmente e 
saudável.”
26
11. 4. Alimentos ultraprocessados
 Geralmente, são produzidos por grandes indústrias. Sua fabricação envolve vá-
rias etapas e técnicas, além do uso de uma série de ingredientes (sal, açúcar, óleos e 
gorduras), sem falar de substâncias usadas somente na indústria. Dentre elas, estão 
proteínas de soja e do leite, extratos de carnes, substâncias obtidas a partir do pro-
cessamento de óleos, gorduras, carboidratos e proteínas, e ainda compostos sinteti-
zadas em laboratório. 
Boa parte desses ingredientes é de aditivos alimentares e tem por função au-
mentar a durabilidade dos alimentos ultraprocessados, deixá-los mais saborosos, 
cheirosos, coloridos; em suma: mais atrativos. Além disso, também são usados para 
disfarçar algumas características do produto que não são desejadas. Segundo o Guia 
(2014), são exemplos de alimentos ultraprocessados: 
“refrigerantes, bebidas lácteas, néctar de frutas e misturas em pó 
para preparação de bebidas com sabor de frutas -  por vezes, confun-
didas com suco -, salgadinhos de pacote, doces e chocolates, barras de 
“cereal”, sorvetes, pães e outros panificados embalados, margarinas e 
outros produtos substitutos de manteiga, bolachas ou biscoitos, bolos 
e misturas para bolos, “cereais” matinais, tortas, pratos de massa e pizzas 
pré-preparadas, nuggets de frango e peixe, salsichas, hambúrgueres e 
outros produtos de carne reconstituída, macarrão instantâneo, misturas 
em pó para preparação de sopas ou sobremesas e muitos outros pro-
dutos.”
É comum observarmos nas embalagens dos ultraprocessados a 
presença de imagens de alimentos naturais, como frutas, mel, leite, 
dentre outros. Entretanto, a presença desses alimentos no produto 
costuma ser baixa ou, até mesmo, inexistente. Cuidado especial 
deve ser tomado quanto ao consumo daqueles produtos em que 
estão descritos: ‘sabor laranja’, ‘colorido artificialmente’, ‘aromatizante 
sintético idêntico ao natural’, uma vez que essas características são 
devido aos aditivos químicos.
Em resumo, temos o seguinte exemplo:
Abacaxi  fresco
In natura ou minimamente processado 
Os alimentos naturais e minimamente processados devem ser a base das nossas 
refeições!
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Abacaxi em calda
Processado 
O consumo de alimentos processados deve ser limitado, feitoem pequenas 
quantidades, compondo as refeições do dia a dia, ou ainda como ingredientes de 
preparações culinárias.
Refresco em pó sabor 
abacaxi
Ultraprocessado
Os ultraprocessados devem ser evitados, pois não são nutricionalmente equili-
brados, devido à presença de substâncias químicas de uso industrial.
Dicas da Nutricionista Ana: 
- Sal, açúcar, óleos e gorduras: são exemplos de ingredientes 
culinários importantes para dar sabor às preparações feitas em 
casa, mas devem ser usados em pequenas quantidades, para que a 
alimentação da gestante seja saudável. 
- Ultraprocessados: podem ser identificados por meio da leitura do 
rótulo dos alimentos embalados. Uma boa estratégia para identifi-
cá-los é esta: um número elevado de ingredientes (frequentemente, 
cinco ou mais) e a presença daqueles com nomes estranhos e que 
não utilizamos para preparar as refeições em casa no dia a dia são 
indicativos desses alimentos. 
Fique atento (a) aos temperos prontos, como caldos de carne, 
peixes e vegetais industrializados, acrescidos ou não de glutamato 
monossódico: esses “temperos” são ultraprocessados!
A forma como vivemos hoje tem dificultado a transmissão dos saberes entre as 
gerações familiares. A habilidade culinária representa um dos conhecimentos per-
didos ao longo dos últimos anos, como o planejamento das refeições, escolha dos 
alimentos no momento da compra e, até mesmo, o preparo de diferentes pratos. A 
perda de tais habilidades contribuiu para o aumento do consumo de refeições fora 
do lar, de alimentos processados e ultraprocessados. Não se pode esquecer que o 
consumo desses produtos em detrimento aos alimentos in natura gera o empobre-
cimento das refeições e, com isso, o risco de desenvolvimento de doenças crônicas 
não transmissíveis. 
28
Nesse sentido, o resgate das habilidades culinárias favorece:
 - a continuidade da cultura alimentar;
 - a confiança e a satisfação das pessoas em saber preparar suas próprias refeições;
 - a manutenção do estado nutricional adequado;
 - a promoção da economia doméstica, ao permitir que alimentos locais sejam escolhidos 
para alimentar a família. 
12. Alimentação saudável: planejar é necessário
O planejamento é imprescindível para uma boa alimentação. É ele que vai permi-
tir a aquisição de produtos de diferentes grupos alimentares, respeitando-se a safra e 
possibilitando o consumo de uma variedade de nutrientes. Também possibilita eco-
nomia de tempo e dinheiro. 
A mistura de cereais com leguminosas, como o clássico arroz e feijão, é um exem-
plo disso. Essa combinação se complementa, fornecendo nutrientes essenciais à 
vida. No entanto, o feijão precisa ser cozido com antecedência. Se deixado em remo-
lho de 12 horas, garante-se maior rendimento da preparação e menor consumo de 
gás. Previamente cozido, pode ser congelado em porções, que, posteriormente, po-
derão ser utilizadas nas próximas refeições.
Você pode ainda associar raízes com leguminosas, como é o caso do tutu, que 
utiliza a farinha de mandioca e feijão como ingredientes. Frutas ricas em vitamina 
C (limão, laranja, acerola, etc. e seus sucos) contribuem para a melhor absorção do 
ferro, se ingeridas após o almoço e o jantar. As frutas também podem ser usadas em 
combinação com as verduras e legumes, compondo deliciosas saladas. 
Vamos conhecer alguns outros exemplos dessas combinações, que podem ser 
feitas para as pequenas refeições (como o café da manhã e lanches) e para as gran-
des - almoço e jantar:
12. 1. Pequenas refeições
• Café da manhã
 - Café com leite, bolo simples e fruta.
 - Suco natural de fruta, cuscuz e ovo de galinha cozido ou mexido.
 - Café puro, pão (de preferência, integral) com queijo ou manteiga e fruta.
 - Leite puro, tapioca com ovo e fruta.
 - Café com leite, pão de queijo e fruta.
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• Lanches
 - Iogurte com frutas.
 - Castanhas e oleaginosas.
 - Vitamina de frutas (sem adição de açúcar).
 - Salada de frutas.
 - Chá de maçã com bolo de fruta.
 - Ovos cozidos e tomate picado.
 - Palitos de legumes, como cenoura e pepino.
Segundo o Ministério da Saúde, recomenda-se a redução da ingestão 
de alimentos ricos em cafeína (chá preto e café) durante a gestação, 
pois contêm substâncias que alteram a hidratação do corpo e podem 
causar ou intensificar a azia.  Portanto, o consumo de chás e ervas 
deve ser feito com cautela. Para tanto, sempre consulte seu médico 
ou nutricionista, pois algumas plantas podem interferir na formação 
do bebê e induzir à contração do útero e até levar ao aborto.
12. 2. Grandes refeições
• Almoço e Jantar
 - Arroz, feijão, frango sem pele assado, batata doce assada, salada crua e fruta.
 - Arroz, feijão, omelete, beterraba cozida, espinafre refogado, salada 
crua e fruta.
 - Arroz, grão-de-bico, bife bovino ou fígado grelhado, abobrinha refogada, 
salada crua e fruta.
 - Arroz, lentilha, pernil assado, abóbora assada, salada crua e fruta.
 - Farinha de mandioca, feijão, peixe grelhado, quiabo refogado, salada 
crua e fruta.
 - Caldo de feijão, couve crua e fruta.
 - Macarrão com brócolis, queijo, salada crua e fruta.
 - Eventualmente, as frutas da sobremesa podem ser substituídas por pe-
quenas porções de doces caseiros, como o doce de banana ou cocada.
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13. Cuidados de higiene durante o preparo dos alimentos 
A higienização correta dos alimentos é extremamente importante para prevenir con-
taminações, mas esse processo não se trata apenas da lavagem dos alimentos. Ele inclui 
as condições de armazenamento, manuseio, higiene do ambiente e de quem prepara a 
refeição. Tais fatores influenciam diretamente na qualidade do que será servido.
• Frutas, verduras e legumes que serão consumidos crus devem ser lavados em 
água limpa e corrente e, depois, colocados em uma solução de hipoclorito de 
sódio (água sanitária) por 15 minutos para eliminar microrganismos; 
• Realize a lavagem das mãos antes de começar a cozinhar e, sempre que ne-
cessário, durante o preparo dos alimentos; 
• As carnes frescas devem ser mantidas em geladeira ou congeladas.
• Armazene em local apropriado as compras do mês, lembrando-se de lavar as 
embalagens ou limpá-las, quando isso não for possível;
• Substitua as embalagens quando abertas por potes com tampas, respeitan-
do-se o prazo de validade informado no rótulo;
• Atente para a limpeza e organização da cozinha, dos utensílios (copos, colhe-
res, garfos, pratos) e eletrodomésticos;
O vinagre é considerado um tempero e, portanto, não deve ser usado 
para a eliminação de microrganismos.
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32
REFERÊNCIAS
ACCIOLY, E.; SAUNDERS, C.; LACERDA, E. M. A. Nutrição em obstetrícia e pediatria. 1ª 
edição. Rio de Janeiro, Cultura Médica, 2002.
MAHAN, L. K.; RAYMOND, J. L. Krause: Alimentos, Nutrição e Dietoterapia. Guanabara 
Koogan, 2018, 14ª edição, 1160p.
 SARMENTO, R.; SETÚBAL, M. S. V. Abordagem psicológica em obstetrícia: aspectos 
emocionais da gravidez, parto e puerpério. Revista Ciência Médica, Campinas, v. 
12, n. 3, p. 261-8, jul-set. 2003.
VITOLO, M. R. Nutrição: da gestação ao envelhecimento. 2ª edição. Rio de janeiro, 
Editora Rubio, 2014.
OLIVEIRA, A. C. M; GRACILIANO, N. G. Síndrome hipertensiva da gravidez e diabetes 
mellitus gestacional em uma maternidade pública de uma capital do Nordeste 
brasileiro, 2013: prevalência e fatores associados. Revista Epidemiológica e Servi-
ços de Saúde, v. 24, n. 3, p. 441-51, jul-set. 2015.
JACOB, L. M. S.; SANTOS, A. P.; LOPES, M. H. B. M.; SHIMO, A. K. K. Perfil socioeconômi-
co, demográfico e obstétrico de gestantes com Síndrome Hipertensiva de uma 
maternidade pública. Revista Gaúcha de Enfermagem, v. 41, 2020.
BADUE, A. F. B.; RANIERI, G. R. Guia prático de Plantas Alimentícias Não Convencionais 
(PANC) para escolas. São Paulo: Instituto Kairós, 2018. Disponível em: (https://ins-
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da Saúde, 2014. 156 p. Disponível em: (https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publica-
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A Classificação Nova. NUPENS USP. Disponível em: (https://www.fsp.usp.br/nu-
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Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Aten-
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2012. 318 p. Disponível em: (https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/cader-
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https://institutokairos.net/wp-content/uploads/2018/06/Guia-Pratico-de-PANC-em-Hortas-Escolares.pdf
https://institutokairos.net/wp-content/uploads/2018/06/Guia-Pratico-de-PANC-em-Hortas-Escolares.pdf
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https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_alimentar_populacao_brasileira_2ed.pdf
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https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/cadernos_atencao_basica_32_prenatal.pdf
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/cadernos_atencao_basica_32_prenatal.pdf
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	Apresentação
	Unidade 1. Início da Gestação
Quais são as principais mudanças que acontecem na gestação?
	1. Aspectos gerais da gestação
	Unidade 2. Necessidades nutricionais 
A gestante deve comer por dois?
	1. Ganho de peso corporal
	2. Necessidades nutricionais da gestante: macronutrientes
	3. O que são micronutrientes? 
	Unidade 3. Dos nutrientes aos grupos de alimentos
Quais alimentos são importantes na gestação?
	1. Grupo dos feijões
	2. Grupo dos cereais
	3. Grupo das raízes e tubérculos
	4. Grupo dos legumes e das verduras
	5. Grupo das frutas
	6. Grupo das castanhas e nozes
	7. Grupo do leite e queijos
	8. Grupo das carnes e ovos
	9. Água
	10. Transição alimentar: o que aconteceu com a nossa alimentação nos últimos anos?
	11. Como os alimentos são classificados atualmente?
	12. Alimentação saudável: planejar é necessário
	13. Cuidados de higiene durante o preparo dos alimentos 
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