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Módulo 2 Douglas Ferreira Parreira Introdução às Boas Práticas Agrícolas (BPA) Autor Agricultura da Vida Produção de alimento para gestante Universidade Federal De Viçosa Reitor: Demetrius David da Silva Vice-Reitora: Rejane Nascentes Coordenadoria de Educação Aberta e a Distância Diretor: Francisco de Assis Carvalho Pinto Edição de Conteúdo e CopyDesk: João Batista Mota Layout: Juliana Dias de Almeida Editoração Eletrônica: Hugo Virgínio Este obra está licenciada com uma Licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional. https://creativecommons.org/licenses/by-nd/4.0/ https://creativecommons.org/licenses/by-nd/4.0/ 3 Significados dos Ícones da Apostila Para facilitar o seu estudo e a compreensão imediata do conteúdo apresentado, ao longo de todas as apostilas, você vai encontrar peque- nas figuras as lado do texto. Elas têm o objetivo de chamar a sua atenção para determinados trechos do conteúdo, com uma função específica, como apresentamos a seguir: DESTAQUE: são definições, conceitos ou afirmações importantes às quais você deve estar atento. GLOSSÁRIO: informações pertinentes ao texto, para situá-lo melhor sobre determinado termo, autor, entidade, fato ou época, que você pode desconhecer. PARA REFLETIR: vai fazer você relacionar um tópico a uma situação externa, em outro contexto. Dica da nutricionista Ana: curiosidades, dicas recomendações para se ter uma alimentação saudável durante a gravidez. 4 Sumário Significados dos Ícones da Apostila 3 Unidade 1. O que são? Como essas práticas podem ajudar o produtor? 5 1. Definições 6 2. Objetivos 7 Unidade 2. Boas práticas no pré-plantio e plantio 12 1. Análise de solo e calagem 12 2. Preparo do solo 14 3. Escolha do que e como plantar 15 4. Tratamento do material propagativo 16 Unidade 3. Boas práticas no cultivo, colheita e pós-colheita 17 1. Cuidados com a lavoura 17 2. Colheita e pós-colheita 18 3. Destino da produção 21 Referências 23 5 Unidade 1. O que são? Como essas práticas podem ajudar o produtor? 6 1. Definições As Boas Práticas Agrícolas (BPA) são conhecimentos, normas técnicas e práticas adotadas durante todo o processo de produção. Elas ajudam o produtor a escolher e ajustar os processos mais adequados à sua realidade na propriedade rural. Não existe processo pequeno ou grande o suficiente que não possa ser melhorado com o uso das BPA. 7 As BPA podem ser adotadas desde o planejamento da cultura (antes do plantio) até a pós-colheita, como transporte e entrega do produto ao mercado consumidor. Elas contribuem para a utilização sustentável dos recursos naturais e insumos agrícolas (adubos, sementes, defensivos), levando ao aumento da produção e a maiores ganhos para o produtor. As BPA podem e devem também melhorar a qualidade de vida das comunidades, trazendo modificações no processo de produção de alimentos, visando à susten- tabilidade ambiental não só nas áreas cultivadas, mas também nos seus arredores. 2. Objetivos As Boas Práticas Agrícolas têm por objetivos: • Proteger a saúde do consumidor por consumo direto e indireto de produtos agrícolas; • Garantir que o produto agrícola seja adequado para o consumo humano; • Manter a confiança na qualidade dos produtos agrícolas no mercado nacio- nal e internacional. 2. 1. Segurança dos trabalhadores O uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) de forma correta é uma boa prática agrícola. Ao desenvolverem as suas atividades, os agricultores são incentiva- dos a fazer treinamento sobre a melhor e mais segura maneira de usar esses equipa- mentos. Figura 1 - Conjunto de EPI para aplicação de defensivos com bomba costal 8 Os trabalhadores sempre devem utilizar EPI na manipulação e aplicação de produtos químicos, caldas e produtos biológicos. Para isso, devem passar por treinamento que os capacite a usar os equipamentos e insumos de maneira segura. O registro do treinamento deve ser mantido pelo proprietário, para fins de rastreabilidade. Figura 2 - Este produto é de qualidade e foi produzido com qualidade? 2. 2. Vantagens das BPA • Segurança das pessoas envolvidas; • Melhores condições para os trabalhadores e dos consumidores; • Melhoria do bem-estar familiar para os agricultores. Além dessas vantagens, as Boas Práticas Agrícolas também têm um efeito positivo ao meio ambiente, pois: • Evitam e mitigam possíveis contaminações de água e solos; • Promovem a utilização racional, econômica e criteriosa de defensivos; • Preservam a biodiversidade, respeitando a natureza. As BPA ajudam na produção de alimentos mais saudáveis, isentos de contami- nantes e com qualidade superior, garantindo e melhorando a nutrição e a alimenta- ção das pessoas que irão consumir os produtos e derivados. O uso das boas práticas auxilia nas etapas de certificação e obtenção de selo de qualidade - o que é bem remunerado pelos consumidores. Isso gera maior demanda por esses produtos e, consequentemente, maior receita e melhores preços, por cau- sa da alta qualidade (produto diferenciado) e acesso a novos mercados. 9 2. 3. Por que utilizar a BPA? Para qualquer atividade a ser exercida, é necessário o planejamento (que é conside- rado uma BPA) de cada etapa. Para isso, o agricultor deve responder a estas perguntas: • Quanto dinheiro tenho para investir? • Quanto tempo preciso para realizar? • Qual é a melhor maneira de fazer? • Onde posso gastar menos, sem comprometer produtividade e qualidade? • Quanto dinheiro espero receber na entrega? Essas são perguntas importantes para o sucesso do negócio. As Boas Práticas Agrícolas proporcionam: - o manejo racional no uso dos agrotóxicos; - redução da contaminação da água e do solo; - menor custo de produção; - menor dependência de insumos (por exemplo, agrotóxicos); - melhoria na segurança alimentar do produto final (alimentos sem contaminações); - conservação da biodiversidade presente no meio ambiente; - menor risco à saúde do trabalhador rural e do consumidor. As BPA melhoram a qualidade da nutrição e alimentação da população, inclusive da própria família dos produtores, que também consome esse alimento. Outro destaque destas práticas está na boa administração da propriedade rural, com o uso de caderno de campo e anotações durante todo o processo. Dessa forma, o agricultor tem: • melhor controle da quantidade produzida; • melhor controle do que se produz; • melhor controle dos custos de produção; • melhor capacidade de atender os desejos dos consumidores (qualidade e quantidade). As BPA proporcionam uma propriedade mais limpa (banheiros, depósitos, etc.), melhorando a saúde e bem-estar do trabalhador rural e de sua família. Sem uma administração adequada, as instalações e máquinas utilizadas podem não ser as mais apropriadas, promovendo a contaminação da propriedade, por meio de agrotóxicos, pragas ou doenças. Por isso, as condições de trabalho sem BPA cola- 10 boram para o desenvolvimento de doenças nos trabalhadores, causando ainda ins- tabilidade familiar, devido à incerteza da continuidade da atividade de trabalho e aos problemas de saúde associados. É importante saber o histórico de produção para identificar os pontos que preci- sam ou podem ser melhorados, garantindo que as boas práticas de produção sejam utilizadas adequadamente. Um processo que veio para ficar é a rastreabilidade. Ela tem como um dos seus objetivos monitorar o controle de resíduos de agrotóxicos, inibindo a utilização deles fora das BPA e permitindo identificar os responsáveis pelo descumprimento da lei. Para qualquer processo de certificação, a rastreabilidade é um dos requisitos básicos. A rastreabilidade é um processo que deve ser realizado pelos agricultores e por todos os intermediários, antes da chegada do produto ao consumidor. Assim, é possível identificar um lote contaminado ou fora do padrão aceitável e fazer sua retirada do mercado. Além disso, permite chegar à origemdo produto e onde aconteceu o problema. Por outro lado, a rastreabilidade possibilita identificar de onde vêm os produtos com alta qualidade, para que os produtores sejam reconhecidos pelo seu bom trabalho. As BPA e a rastreabilidade têm em comum a busca por um alimento de qualidade, sem risco à saúde do consumidor e com sustentabilidade ambiental. A adoção des- sas duas práticas garantem segurança e qualidade do produto, aumentando o seu valor agregado, além de evitarem multa e a retirada do produto do mercado por ser considerado inadequado. Ao seguir as Boas Práticas Agrícolas, o produtor estará apto a produzir produtos se- guros e com qualidade, além de garantir melhor qualidade de vida na propriedade rural. 2. 4. Benefícios da adoção das BPA • Para as pessoas: - Bem-estar da população rural; - Melhores condições de trabalho e moradia do agricultor, do trabalhador rural e da sua família; - Melhor saúde e qualidade de vida do agricultor, do trabalhador rural e de sua família; - Maior acesso da população ao alimento sadio e com qualidade; - Segurança alimentar e nutricional da população urbana e rural. • Para o meio ambiente: - Contribuição para a sustentabilidade ambiental; - Propriedade limpa e organizada; 11 - Uso eficaz de recursos naturais (água e solo); - Água, solo e produtos agrícolas sem contaminação química e biológica; - Proteção dos animais (fauna) e vegetação (flora) da localidade; - Proteção e manutenção de áreas protegidas por lei. • Para as finanças dos produtores e demais envolvidos na cadeia: - Controle da propriedade; - Acesso a novos mercados, visando atender às demandas por alimentos certificados; - Melhor produtividade e lucratividade; - Agregação de valor aos produtos agrícolas. 12 Unidade 2. Boas práticas no pré-plantio e plantio 1. Análise de solo e calagem Um dos primeiros passos antes do plantio é a análise do solo que será explorado. O agricultor deve saber da qualidade do seu solo e das condições de fertilidade, que é um dos primeiros passos para a recomendação de correção de acidez e adubação para a cultura - esta é uma BPA. 13 1. 1. Métodos para coleta de solo A amostra do solo bem feita ajuda na tomada de decisão, pois será baseado nela que as recomendações agronômicas serão feitas. A seguir, listamos alguns passos para ajudar na etapa de coleta e preparo da amostra. Figura 3 - Materiais normalmente empregados para preparar as amostras Passo a apasso para a amostragem de solo Passo 01: Separe as áreas por semelhança, usando tipo de solo (arenoso ou argiloso), vegetação, relevo e histórico. As divisões das áreas não devem passar de 20 hectares; se forem maiores, é melhor coletar mais amostras. Passo 02: nos pontos de coleta, deve ser feita uma limpeza superficial, tirando folhas, capins e pedras. Passo 03: nas áreas previamente separadas, será feita uma coleta em ziguezague de 20 amostras simples (subamostras) para cada área. A amostra deve vir da camada de 0-20 cm de profundidade, podendo ser feita uma amostragem de 20-40 cm, dependendo da necessidade. 14 Passo 4: coloque as 20 subamostras da mesma área num recipiente limpo e misture. Dessa mistura homogênea, serão separados 500 g, os quais formarão a amostra a ser enviada para o laboratório. Ela deve ser colocada em um saco plástico. Passo 5: A amostra deve ser devidamente identificada com o nome da propriedade, data e profundidade da coleta, talhão e número da amostra. Dependendo da necessidade do produtor, poderão ser coletadas mais amostras, com respectivo ajuste dos passos apresentados, de acordo com cada necessidade. 1. 2. Cuidados na retirada de amostras de solo • Evite realizar coletas de amostras próximas a casas, brejos, voçorocas, árvores, sulcos de erosão, curva de nível, formigueiro e esterco. • A amostragem deve ser realizada com antecedência, para que possam ser feitas as correções necessárias e a aquisição dos insumos. 2. Preparo do solo O preparo do solo como uma BPA é uma etapa importante, que necessita ter um acompanhamento técnico, para que o produtor consiga melhorar as condições físicas e químicas para o plantio. Esse preparo leva em conta a cultura escolhida e a produtividade esperada, para determinar as quantidades de corretivos e adubos. A correção de acidez e a adubação serão feitas de acordo com os resultados das amostras retiradas da área. Os sistemas de preparo podem ser divididos em: cultivo convencional, cultivo direto, cultivo semidireto e cultivo mínimo. • Cultivo convencional – nele, são utilizadas aração e gradagem com revolvi- mento intenso do solo. Elimina torrões do solo e ajuda no plantio de semen- tes, mas sofre risco de erosão e redução da camada de matéria orgânica. • Cultivo direto - nesse sistema, não ocorre o revolvimento do solo. Propor- ciona uma cobertura permanente do terreno. Aumenta a camada de matéria orgânica da área, mas pode favorecer algumas doenças de solo. • Cultivo semidireto - semelhante ao direto. A semeadura é feita diretamente sobre a superfície do solo, com uma semeadora especial. A principal diferen- ça é que, neste sistema, há uma retirada dos resíduos na superfície do solo. https://tinyurl.com/preparo-do-solo • Cultivo mínimo - mínimo revolvimento do solo para o plantio, menos insumos. Esse sistema demanda menos mão de obra, combustível e gastos com máquinas. https://tinyurl.com/preparo-do-solo 15 2. 1. Atividades de preparo Essas atividades vão depender do sistema de cultivo implementado na proprieda- de. A seguir, abordaremos um pouco sobre as principais etapas que podem ser feitas. • Aração: nesta etapa, as camadas do solo são reviradas, normalmente atuan- do na profundidade de 20 cm. • Escarificação: nela, ocorre o rompimento de camadas do solo, mas sem re- volvê-las ou invertê-las. • Subsolagem: técnica indicada para solos com camadas superiores que im- peçam o fluxo de água ou o desenvolvimento das raízes das plantas, em pro- fundidades que ultrapassem os 30 cm. Consiste em uma descompactação de solo mais profunda. • Gradagem: feita após a aração ou a subsolagem, deixa o solo mais uniforme, quebrando os torrões e deixando a superfície plana. 3. Escolha do que e como plantar O agricultor já deve ter em mente o que será produzido, levando em conta os questionamentos abordados anteriormente. A partir daí e da análise de solo, serão feitas todas as etapas de preparo e cultivo. Considerando que todas as etapas foram realizadas seguindo as BPA, agora te- mos que focar na qualidade do material a ser plantado. Para isso, o uso de sementes, mudas ou partes da planta com qualidade é muito importante. O uso de sementes de boa procedência fornece mais segurança ao produtor ru- ral. Assim, devem ser em conta alguns critérios, como as qualidades genética, física, sanitária e fisiológica. • Qualidade genética - diz respeito à pureza da variedade, homogeneidade, potencial de rendimento, resistência a doenças e insetos, porte, etc. • Qualidade física - constituída de três componentes: sementes puras, outras sementes e material inerte (torrões, pedras, restos de plantas, insetos). • Qualidade sanitária: as sementes devem estar livres de patógenos, como fungos, vírus, nematoides e bactérias presentes nas sementes. • Qualidade fisiológica: está ligada às características da semente, como ger- minação e vigor. A qualidade do material propagativo deve ser uma preocupação tanto para o produtor que fará seu uso diretamente no campo, quanto para aqueles que produ- zem mudas, que posteriormente serão transplantadas. 16 4. Tratamento do material propagativo No controle de pragas e doenças no plantio, o primeiro passo ocorre por meio do tratamento de sementes e mudas, que consiste em aplicar agrotóxicos e/ou pro- dutos biológicos para controle de organismos indesejados que atacam sementes, mudas e plantas. a) Vantagens do tratamento • Controla patógenos e pragasimportantes transmitidos via material propagativo; • Garante o número adequado de plantas estabelecido no planejamento; • Baixo investimento, quando comparado com os custos totais da lavoura. Figura 4. Misturador de sementes para tratamento na fazenda. Pode ser utilizado um misturador de ração que tem a mesma finalidade. Após o uso para tratar sementes, porém, deve ficar dedicado a essa função, para que não contamine a ração dos animais 17 Unidade 3. Boas práticas no cultivo, colheita e pós-colheita 1. Cuidados com a lavoura 1. 1. Adubação Com base na análise do solo e nas necessidades nutricionais da cultura, a aduba- ção deve ser feita seguindo as recomendações técnicas para cada cultivo e manejo. A agricultura necessita da adição de nutrientes importantes para o desenvolvi- mento da planta. Com o passar dos anos, os ambientes naturais, mesmo que ante- riormente ricos em nutrientes, precisam ser suplementados com o nitrogênio (N), o fósforo (P) e o potássio (K), dentre outros. 18 Adubos são compostos de sais e não devem ser confundidos com agrotóxicos e/ou agroquímicos, que são defensivos agrícolas (fungicidas, herbicidas, inseticidas). Os adubos têm como objetivo repor ao solo os nutrientes retirados pela produção agrícola. O manejo adequado da adubação é uma boa prática agrícola e deve ser seguido, com aplicação de adubos de maneira e quantidades corretas, seguindo a recomendação do técnico. 1. 2. Manejo Fitossanitário O manejo fitossanitário está baseado no diagnóstico correto do problema, que pode ser planta daninha, insetos ou doenças. Necessita, portanto, de um profissional habilitado para fazer e assinar o receituário agronômico com os produtos e a forma como serão utilizados. Os equipamentos a serem utilizados devem ter passado por manutenção preventiva e regulagem. A receita agronômica dos produtos e as informações sobre como aplicar devem ser guardadas, assim como tudo o que for aplicado, devem ser anotadas na caderneta de campo. Outro ponto importante é respeitar o período de reentrada na área. É ele que de- termina quantos dias após a aplicação uma pessoa pode entrar na lavoura sem risco de contaminação por defensivos. Estipula também o período de carência a partir de quantos dias após a aplicação o produto pode ser colhido. Essas informações cons- tam na bula dos produtos adquiridos. Só podem ser aplicados produtos registrados para a cultura e para o problema no MAPA. 2. Colheita e pós-colheita Como a colheita é um processo importante para o produtor, o uso de Boas Práti- cas Agrícolas ajuda o processo a ser mais eficiente, garantindo o retorno ao produtor. Não existe atividade que não possa ser melhorada: sempre podemos adequar, ajus- tar e substituir etapas de um processo, rumo à melhoria contínua. Como exemplo, usaremos a cultura do morango. Quando pensamos em frutos delicados e perecíveis, os morangos apresentam grande importância e representatividade. Devido às suas características, as opera- ções de colheita são feitas manualmente e com cuidado. A colheita é realizada fruto a fruto, com diversas colheitas ao longo do tempo, respeitando a maturação dos morangos. Os frutos são colhidos e acondicionados em cestos, de maneira a não provocar danos, e direcionados o mais rápido possível para os processos de pós colheita. 19 Antes de iniciar a colheita, devemos responder a esses questionamentos: • Qual o tamanho da área a ser colhida? • Quantas pessoas serão necessárias? • Os materiais específicos estão disponíveis? • Os funcionários tiveram treinamento sobre a atividade? 2. 1. Ergonomia no processo de colheita Os plantios baixos exigem mais dos colaboradores, que têm que se abaixar para a colheita dos frutos. Assim, plantios suspensos, ergonomicamente, são mais efetivos, facilitando o processo de colheita. Figura 5 - Produção no nível do solo e suspensa. Em sistemas de produção convencionais, o período de carência após a aplicação de produtos deve ser seguido e respeitado para a colheita 2. 2. Utensílios Devem estar na rotina da propriedade a limpeza e a sanitização dos utensílios empre- gados na colheita. Isso auxilia na manutenção da qualidade dos frutos colhidos. Os ces- tos de colheita, se possível, devem conter uma ou mais divisões para a pré-classificação. 20 2. 3. Pré-classificação Durante a colheita manual, já podem ser segregadas as frutas deformadas, da- nificadas por insetos ou fungos e muito maduras. Parte dessa separação pode ser reaproveitada na pós-colheita, com a produção de polpa. Dependendo do destino da produção, também ocorre a diferenciação no ponto de colheita: • morangos destinados à indústria devem ser colhidos maduros; • para o consumo in natura, o ponto de colheita está entre ½ a ¾ de maturação (50% a 75% da superfície do fruto de coloração vermelha). Figura 6: Evolução da coloração em morangos. Foto: Victoria Regina Costa As caixas e cestos utilizados no processo não devem ter contato direto com o solo. É recomendado que fiquem em local sombreado sobre palhete ou bancada, aguardando o transporte. a) Descarte de frutos doentes Os frutos doentes devem ser separados, sem entrar em contato com os sadios. Caso tenha mão de obra suficiente, pode ser feita uma primeira coleta para descarte e, depois, a colheita propriamente dita. b) Colheita dos frutos comerciais Após o descarte, vamos efetuar a colheita dos frutos sadios, lembrando que, por serem delicados, deve-se evitar pressionar os morangos: ao colocar na cesta de co- lheita, evitar enchimento excessivo; muitas camadas podem resultar em danos me- cânicos das camadas inferiores. 21 É recomendável que os recipientes de colheita sejam exclusivos para isso, pois são fáceis de higienizar e evitam contato com frutos doentes. Em alguns casos, a colheita é feita direto nas embalagens de comercialização. c) Manuseio dos frutos durante a colheita No processo de colheita, evite arranhões e amassados, colhendo preferencial- mente de manhã ou em horários de clima mais ameno. Isso ajudará a reduzir a perda de água, mantendo os frutos brilhantes. d) Duração da colheita A colheita tem início de 60 a 80 dias após o plantio das mudas e pode durar até quatro meses, em função do manejo da cultura e das condições climáticas. Para isso, a disponibilidade de mão de obra para o processo deve ser planejada antes mesmo do plantio. Pontos a serem observados durante a colheita: - Evitar golpes, feridas e injúrias nos frutos; - Evitar a colheita nas horas mais quentes; deve ser feita preferencialmente nas horas mais frescas do dia; - Após colhidos, não deixar os frutos expostos ao sol; - As cestas de colheita devem conter divisão, para ajudar na pré-classificação, e ser forradas com papel; 3. Destino da produção Considerando que todas as etapas anteriores de produção seguiram as BPA, agora vamos direcionar o que foi produzido para o nosso consumidor final. O consumidor pode ser da própria família do produtor ou pessoas do meio urbano. Em alguns casos, o alimento pode ser direcionado para a nutrição animal. Um desafio para os produtores agrícolas é a comercialização de seus produtos. Algumas dificuldades estão relacionadas à vida curta de alguns produtos agrícolas; outras estão no preço final, pressionado pela distância dos mercados consumidores. Levando em conta esses desafios, mais uma vez, reforçamos a importância do planejamento e do uso das BPA, antes do início dos plantios. Se já tivermos a compra de nossos produtos combinada já é um ótimo começo. O que é produzido também pode ir para a alimentação escolar, por meio de progra- mas do governo, para sacolões e supermercados, ou direto para o consumidor, pelas feiras ou entrega direta. 22 Figura 7 -Todos ganham quando o produtor adota as Boas Práticas Agrícolas 23 Referências Antoniolli, L.R. 2007. Série Agronegócios - Boas Práticas na Cultura do Morangueiro. 18 páginas. https://www.agencia.cnptia.embrapa.br/Repositorio/cartilha_mo-rango_10 _dez_000gkimgh9b02wx5ok0wj9yqub8wh0p1.pdf. Arruda, M.R.; Moreira, A.; Pereira, J.C.R. 2014 Documentos 115- Amostragem e Cui- dados na Coleta de Solo para Fins de Fertilidade. Embrapa Amazônia Ocidental Manaus, AM 2014. http://www.sapc.embrapa.br/arquivos/consorcio/publicaco- es_tecnicas/Amazonia_Ocidental_Coleta_para_Fertilidade_do_Solo.pdf Balbino, J.M.S.; Bremenkamp, C.A.; Costa, A.F.; Borges, V.A.J. 2016. DOCUMENTOS Nº241- BOAS PRÁTICAS DE COLHEITA E DE PÓS COLHEITA: QUALIDADE E APRO- VEITAMENTO DO MORANGO. 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O que são? Como essas práticas podem ajudar o produtor? 1. Definições 2. Objetivos Unidade 2. Boas práticas no pré-plantio e plantio 1. Análise de solo e calagem 2. Preparo do solo 3. Escolha do que e como plantar 4. Tratamento do material propagativo Unidade 3. Boas práticas no cultivo, colheita e pós-colheita 1. Cuidados com a lavoura 2. Colheita e pós-colheita 3. Destino da produção Referências
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