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31/05/2016 1 ANTIPSICÓTICOS Gustavo Caribé Psicólogo/Professor/Pesquisador ASPECTOS HISTÓRICOS � A descoberta de clorpromazina por Charpentier em 1950 levou à utilização de drogas psicotrópicas na psiquiatria. � Sua propriedade de sedação lhe permitiu ser utilizado como um coadjuvante da anestesia, e mais tarde na psicose. GUSTAVO CARIBÉ ® Todos os direitos de autor reservados. 31/05/2016 2 ASPECTOS HISTÓRICOS � Antipsicóticos, também chamado de "neurolépticos" (devido a sua capacidade produzir efeitos extrapiramidais) e "grandes tranqüilizantes" em função do seu grande poder de sedação, mas, atualmente, é a sua capacidade para reduzir as alucinações e delírios que ocorrem na psicose que melhor definem sua ação. GUSTAVO CARIBÉ ® Todos os direitos de autor reservados. ETIOLOGIA DA ESQUIZOFRENIA 31/05/2016 3 ESQUIZOFRENIA � Uma das mais graves doenças neuropsiquiátricas e atinge 1% da população mundial; � No Brasil, a esquizofrenia ocupa 30% dos leitos psiquiátricos hospitalares; � Ocupa 2º lugar das primeiras consultas psiquiátricas ambulatoriais; GUSTAVO CARIBÉ ® Todos os direitos de autor reservados. ESQUIZOFRENIA � Drogas neurolépticas ou antipsicóticos se estabeleceram como tratamento primário para todos os estágios da doença Taxa de resposta 60 a 80% � Tipo particular de psicose (transtorno mental causado por alguma disfunção inerente ao cérebro); � Afeta geralmente no final da adolescência ou início da vida adulta; 31/05/2016 4 ESQUIZOFRENIA � A expectativa da vida do esquizofrênico pode ser 20 a 30 anos mais curta do que a da população geral � Não apenas devido a suicídio (Nos EUA 25-50% tentam e 10% conseguem); � Doença cardiovascular prematura, fatores genéticos, estilo de vida, tratamento prolongado com antipsicóticos Incidência alta de obesidade e diabetes � Incluindo 1 mês de delírios, alucinações (na forma de vozes), fala desorganizada, comportamento catatônico, etc; ESQUIZOFRENIA � A subatividade da dopamina em vias mesocorticais, especificamente as que se projetam para os lobos frontais, pode ser responsável pelos sintomas negativos da esquizofrenia (anergia, anedonia, apatia, avolição, falta de espontaneidade). � Esta subatividade no lobo frontal pode servir para desinibir a atividade mesolímbica da dopamina mediante uma alça de feedback córtico-límbico, resultando na hiperatividade da dopamina mesolímbica, manifestada nos sintomas positivos da esquizofrenia (alucinação, delírio etc.). GUSTAVO CARIBÉ ® Todos os direitos de autor reservados. 31/05/2016 5 ESQUIZOFRENIA � Papel exato da via dopaminérgica mesocortical é incerto; � Muitos pesquisadores acham alguns sintomas negativos se devem a déficit da dopamina nessa via � Isso acarreta um dilema terapêutico: Como aumentar a dopamina na via mesocortical e ao mesmo tempo diminuir sua atividade na via mesolímbica? 31/05/2016 6 QUADRO CLÍNICO • Alterações em quase todas as funções da esfera psíquica, ou seja, percepção, pensamento, linguagem, memória e funções executivas. • Os sintomas podem ser divididos em dois grupos: sintomas positivos e negativos. • Os sintomas positivos são caracterizados pela presença de manifestações psíquicas que deveriam estar ausentes, enquanto os negativos se caracterizam pela ausência de manifestações psíquicas que deveriam estar presentes. Os sintomas característicos incluem: GUSTAVO CARIBÉ ® Todos os direitos de autor reservados. 31/05/2016 7 SINTOMAS Negativos •Expressão facial inalterada •Diminuição dos movimentos espontâneos •Pobreza de gestos expressivos •Pouco contato visual •Diminuição ou ausência de resposta afetiva •Afeto inapropriado •Falta de modulação vocal Embotamento afetivo Positivos • Auditivas • Vozes que fazem comentário • Vozes que conversam entre si • Somáticas • Táteis • Olfativas • Visuais Alucinações GUSTAVO CARIBÉ ® Todos os direitos de autor reservados. 31/05/2016 8 SINTOMAS Negativos •Pobreza de fala •Pobreza de conteúdo da fala •Bloqueio do pensamento •Maior latência de resposta Alogia positivos • Persecutórios • De ciúmes • Culpa • Pecado • Grandiosidade • Religiosos • Somáticos • Dentre outros Delírios GUSTAVO CARIBÉ ® Todos os direitos de autor reservados. SINTOMAS Negativos • Deficiência nos cuidados pessoais e na higiene • Falta de persistência no trabalho ou nos estudos • Anergia física Abulia-apatia positivos •Roupas •Aparência •Comportamento social •Comportamento sexual •Agressivo/agitado •Repetitivo/estereotipado Comportamento bizarro GUSTAVO CARIBÉ ® Todos os direitos de autor reservados. 31/05/2016 9 SINTOMAS negativos • Poucos interesses • Poucas atividades recreativas • Comprometimento das relações afetivas • Poucos relacionamentos com amigos Anedonia • Diminuição de concentração Atenção positivos •Descarrilamento •Tangencialidade •Incoerência •Falta de lógica •Fala acelerada •Reverberação •Neologismo Alteração formal do pensamento GUSTAVO CARIBÉ ® Todos os direitos de autor reservados. 31/05/2016 10 TIPOS DE ANTIPSICÓTICOS 31/05/2016 11 ANTIPSICÓTICOS � Os antipsicóticos são atualmente classificadas em dois grandes grupos: típicos ou convencional e atípicos. GUSTAVO CARIBÉ ® Todos os direitos de autor reservados. ANTIPSICÓTICOS TÍPICOS �Antipsicóticos típicos: foram introduzidos pela primeira vez e os efeitos clínico ocorre nos sintomas psicóticos positivos (alucinações, delírios, distúrbios do pensamento formal, comportamento bizarro, sintomas catatônico), não ajudam a modificar os sintomas negativos esquizofrenia. �Eles apresentam efeitos colaterais extrapiramidais (ECEs). GUSTAVO CARIBÉ ® Todos os direitos de autor reservados. 31/05/2016 12 ANTIPSICÓTICOS ATÍPICOS � Antipsicóticos atípicos: foram introduzidos na última década e parecem ter eficácia contra os sintomas positivos e alguma ação sobre os sintomas psicóticos negativos (apatia marcante, o empobrecimento da linguagem, bloqueio ou incongruência retraimento emocional e social), sem quaisquer efeitos colaterais extrapiramidais (ECEs). GUSTAVO CARIBÉ ® Todos os direitos de autor reservados. ANTIPSICÓTICOS � Classificação � Antipsicóticos típicos -sedativos � principal efeito sedação. � Indicação: agitação psicomotora -incisivos � principal efeito remoção de delírios e alucinações. ↓capacidade de sedação. � Antipsicóticos atípicos GUSTAVO CARIBÉ ® Todos os direitos de autor reservados. 31/05/2016 13 Antipsicóticos Antipsicóticos típicos -INCISIVOS -HALOPERIDOL, -PENFLURIDOL, -FLUFENZINA, -FENOTIAZINA. GUSTAVO CARIBÉ ® Todos os direitos de autor reservados. Antipsicóticos Antipsicóticos típicos SEDATIVOS -CLORPROMAZINA -LEVOMEPROMAZINA -SULPIRIDA -TIORIDAZINA -TRIFLUOPERAZINA -AMISULPIRIDA Clorpromazina Sulpirida GUSTAVO CARIBÉ ® Todos os direitos de autor reservados. 31/05/2016 14 � Possui afinidade ao receptor D2 da dopamina: Inibidor competitivo – via dopaminérgica mesolímbica � Causam neurolepsia retardo psicomotor, tranquilização emocional e indiferença afetiva; � Eficácia antipsicótica, mas contém efeitos colaterais: Diminui Sintomas positivos, mas bloqueia sistema de recompensa e prazer assim o Paciente fica apático, sem motivação, sem interesse social Antipsicóticos Antipsicóticos atípicos -AMISULPIRIDA, -CLOZAPINA, -OLANZAPINA, -QUETIAPINA, -RISPERIDONA, -ZUCLOPENTIXOL. GUSTAVO CARIBÉ ® Todosos direitos de autor reservados. 31/05/2016 15 ANTIPSICÓTICOS EFEITOS COLATERAIS � Parkinsonismo: andar arrastado, rigidez de braços/pernas, tremor em repouso, redução de expressão facial � Acatisia: dificuldade p/ ficar sentado, inquietação, marcha descontrolada, movimento de “barquinho” � Discinesia tardia: movimento de músculos da boca (biquinho de peixe) e língua (mexendo) � Peso ↑ GUSTAVO CARIBÉ ® Todos os direitos de autor reservados. ANTIPSICÓTICOS EFEITOS DE RETIRADA Não há efeito físico relevante em função da retirada Não há dependência – pelo contrário, a adesão ao tratamento é difícil de se obter por causa dos inúmeros efeitos colaterais desagradáveis GUSTAVO CARIBÉ ® Todos os direitos de autor reservados. 31/05/2016 16 MECANISMO DE AÇÃO MECANISMO DE AÇÃO � Os antipsicóticos antagonizam a dopamina; � Os antipsicóticos atípicos possuem outras propriedades fisiológicas, algumas das quais parecem estar relacionadas ao antagonismo dos receptores serotoninérgicos do tipo 2 (5-HT2); � O duplo antagonismo dos receptores 5-HT2 e D2 responde, pelo menos em parte, a superioridade da eficácia e do perfil dos efeitos colaterais dos antipsicóticos atípicos GUSTAVO CARIBÉ ® Todos os direitos de autor reservados. 31/05/2016 17 EFEITOS INDESEJÁVEIS DAS DROGAS ANTIPSICÓTICAS � Distúrbios motores; � Distúrbios endócrinos (� prolactina) � Sedação, hipotensão e � do peso corporal. � Boca seca, visão turva, hipotensão � bloqueio dos receptores α adrenérgicos e muscarínicos de Ach. � Síndrome maligna antipsicótica (rara) � Sintomas agudos – mov. Involuntários, tremor, rigidez � A distonia aguda é uma reação adversa provocada pelo uso de neurolépticos.Os movimentos distônicos resultam de uma contração ou espasmo muscular. GUSTAVO CARIBÉ ® Todos os direitos de autor reservados. DISTÚRBIOS MOTORES INDUZIDOS POR ANTIPSICÓTICOS � Distonias agudas e reversíveis e sintomas semelhantes ao parkinsonismo. � Discinesia tardia de desenvolvimento lento, geralmente irreversível. � Discinesia tardia → mov. Involuntários da face, do tronco ou das extremidades � Causa provável → ↑ receptores DA (pré sinápticos) � Tratamento com pouco sucesso. GUSTAVO CARIBÉ ® Todos os direitos de autor reservados. 31/05/2016 18 ANTIPSICÓTICOS ATÍPICOS � Menor risco de efeitos neurológicos; � Melhor eficácia em relação aos sintomas negativos; � Eficaz em pacientes que não respondem aos típicos GUSTAVO CARIBÉ ® Todos os direitos de autor reservados. INDICAÇÕES 31/05/2016 19 GUSTAVO CARIBÉ ® Todos os direitos de autor reservados. GUSTAVO CARIBÉ ® Todos os direitos de autor reservados. 31/05/2016 20 EFEITOS COLATERAIS EFEITOS COLATERAIS � Parkinsonismo: andar arrastado, rigidez de braços/pernas, tremor em repouso, redução de expressão facial � Acatisia: dificuldade p/ ficar sentado, inquietação, marcha descontrolada, movimento de “barquinho” � Discinesia tardia: movimento de músculos da boca (biquinho de peixe) e língua (mexendo) � Peso ↑ GUSTAVO CARIBÉ ® Todos os direitos de autor reservados. 31/05/2016 21 EFEITOS COLATERAIS � Constipação intestinal; � Sonolência; � Icterícia colestática; � Amenorréia; � Galactorréia; � Ginecomastia; � Arritmias cardiácas; � Perda da libido; � Inibição da ejaculação; � Impotência; � Frigidez transitória. GUSTAVO CARIBÉ ® Todos os direitos de autor reservados. Icterícia é um estado no qual a pele se encontra amarelada devido a uma grande quantidade de pigmentos biliares no sangue. A parte branca dos olhos da pessoa com icterícia também fica amarelada. É a ausência ou a cessação da menstruação em mulheres em idade fértil. É a produção de leite fora do período pós-parto ou de lactação, podendo ocorrer também em indivíduos do sexo masculino. É o crescimento de mamas de tamanho fora do normal em homens. GRUPO Efeitos Colaterais FENOTIAZINAS Os efeitos extrapiramidais: pseudoparkinsonismo (tremor, rigidez, lentidão dos movimentos, faciais inexpressivos), acatisia (agitação, dificuldade de ficar parado), distonia (crises oculogíricas, torcicolos, ...) agudos discinesia tardia (movimentos involuntários estereotipados da boca, língua, cara, ...). Sedação e sonolência. Hipotermia. Efeitos anticolinérgicos (boca seca, visão turva, constipação, retenção urinária, congestionamento nasal). Transtornos endócrino (diminuição da libido). A tioridazina também podem produzir alterações na disfunção da retina e ejaculação. TIOXANTENOS Como as fenotiazinas. BUTIROFENONAS Como as fenotiazinas. GUSTAVO CARIBÉ ® Todos os direitos de autor reservados. 31/05/2016 22 GRUPO Efeitos Colaterais ATÍPICOS A clozapina pode causar sedação, diminuição do limiar convulsivógeno, efeitos anticolinérgicos, ganho de peso, agranulocitose e leucopenia. A risperidona pode resultar em agitação, ansiedade, hipotensão, dor abdominal, náuseas, aumento de peso, e disfunção sexual devido a alterações na prolactina. A olanzapina está associada à sedação, ganho de peso,hipotensão, efeitos anticolinérgicos, mudanças no metabolismo da glucose e dos testes hepáticos. Quietiapina refere-se a hipotensão, sedação boca seca, constipação, ganho de peso, tonturas, alterações nos exames de tireóide e do fígado e a possibilidade de formação de catarata. GUSTAVO CARIBÉ ® Todos os direitos de autor reservados. ASPECTOS GERAIS PARA O PLANEJAMENTO DA ASSISTÊNCIA - ANTIPSICÓTICOS � Os neurolépticos realçam a ação de outros depressores do SNC; deve-se orientar o paciente a evitar o uso de álcool ou de outros depressores do nível central; � Os neurolépticos devem ser ingeridos durante ou logo após as refeições para diminuir a irritação gástrica que provocam; as soluções orais podem ser diluídas em água, sucos, leites ou caldos para diminuir a irritação gástrica que provocam, exceto o haloperidol que deve ser diluído em leite ou água devido a sua precipitação quando diluído em café, chá, sucos de frutas ou xarope de citrato de lítio; GUSTAVO CARIBÉ ® Todos os direitos de autor reservados. 31/05/2016 23 ASPECTOS GERAIS PARA O PLANEJAMENTO DA ASSISTÊNCIA - ANTIPSICÓTICOS � Quando da necessidade de usar antiácidos contendo alumínio e magnésio ou absorventes antidiarréicos, os mesmo devem ser ministrados 2 horas antes ou após o uso dos fenotiazínicos, pois podem inibir a absorção destes últimos; � O haloperidol quando usado com lítio pode provocar toxicidade neurológica irreversível e danos encefálicos; � Os neurolépticos podem provocar siasloquese e com isso podem advir candidíase oral, gengivite e preiodontite, se faz necessário a orientação da higiene oral de forma rigorosa. GUSTAVO CARIBÉ® Todos os direitos de autor reservados. REFERÊNCIAS � BECK, A. T. Terapia cognitiva da esquizofrenia. Trad. Ronaldo Cataldo Costa; consultoria, supervisão e revisão técnica Paulo Knapp. – Porto Alegre: Artmed, 2010. � BENJAMIN, S. Manual de farmacologia psiquiátrica de Kaplan e Sadock/ Benjamin j. Sadock, Virgínia A. Sadock, Norman Sussman; Trad. Irineo Schuch Ortiz. – 4. ed. – Porto Alegre: Artmed, 2007. � DALGALARRONDO, P. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais/Paulo Dalgalarrondo. – 2. ed. – Porto Alegre: Artmed, 2008. � MARCOLAN, J. F.; URASAKI, M. B. M. Orientações básicas para os enfermeiros na ministração de psicofármacos. Ver. Esc.Enf.USP. V.32, nº3, p.208-17, out. 1998. � MARANGELL, L. B.; Psicofarmacologia/Lauren B. Marangell, Jonathan M. Silver; Hames M. Martinez e Stuart C. Yudofsky; trad. Claudia Dornelles. – Porto Alegre: Artmed, 2004. � OLIVEIRA JÚNIOR, I. S. de; Princípios da farmacologia básica: em ciências biológicas e da saúde/ Itamar S.de Oliveira Júnior, organização. – 2ª ed. – São Paulo: Rideel, 2012. � STAHL, S. M. Psicofarmacologia: bases neurocientídicas e aplicações práticas. Trad. Irismar reis de Oliveira e Eduardo Pondé de Sena. – Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011.
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