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DIREITOS DA PERSONALIDADE: PRIVACIDADE E INTIMIDADE DA PERSONALIDADE: PRIVACIDADE E INTIMIDADE Introdução: • A palavra Intimidade, derivada do latim, intimus, um superlativo de in, “em, dentro”. Tem o sentido de interior, íntimo, do que está nas entranhas. Pode-se expor, desta forma, que intimidade tem um sentido subjetivo, pois traz consigo a ideia de confidencial. Já o conceito de privacidade é mais amplo que o de intimidade e acaba por significar aquilo que nos pertence e que decidimos compartilhar ou não. Do latim, privatus, significa privado, particular, próprio. Direito à Privacidade: intimidade, vida privada e imagem • A Constituição Federal no art. 5.º, inciso X tratou de proteger a privacidade assim assegurando: são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação. Percebe-se que a consagração do direito à privacidade é tomada no sentido amplo que pode abranger todas as manifestações da esfera íntima, privada e da personalidade das pessoas. A privacidade no Brasil • A Constituição Federal de 1988, em seu principal capítulo, refere-se à privacidade e à intimidade com as no Art 5º, inciso X: “São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação”. Da mesma forma, o Artigo 21 do Código Civil qualifica como inviolável a vida privada da pessoa natural. A privacidade no mundo • O conceito de direito à privacidade decorre também de entendimentos internacionais, como nos Estados Unidos, que classificou o direito à privacidade como o direito de ser deixado em paz, conforme sustentou o juiz americano Cooly. “O right of privacy compreende, decidiu a Corte Suprema dos Estados Unidos, o direito de toda pessoa tomar sozinha as decisões na esfera de sua vida privada”. Teoria dos círculos concêntricos da esfera da vida privada A doutrina alemã ao dispor sobre intimidade criou a teoria dos círculos que envolvem o segredo, a intimidade e a vida privada. O segredo é o círculo menor, mais fechado, é o que não se compartilha com ninguém. É aquilo que só pertence a sua intimidade mais íntima. A intimidade propriamente dita é o círculo mediano e refere-se apenas a poucas pessoas. Não são questões sigilosas, confidenciais, mas também não devem ser divulgados amplamente. É aquilo que poucas pessoas conhecem da sua intimidade. Já a vida privada faz parte do círculo mais. Na vida privada várias pessoas sabem, mas não é público. Do direito ao esquecimento • O direito ao esquecimento, também denominado direito de estar só ou direito de ser deixado em paz, conforme leciona CAVALCANTE, “é o direito que uma pessoa possui de não permitir que um fato, ainda que verídico ocorrido em determinado momento de sua vida, seja exposto ao público em geral, causando-lhe sofrimento ou transtornos”. O direito à privacidade é absoluto? • O artigo 11 do Pacto de San José da Costa Rica, recepcionado no Brasil pelo Decreto 678 de 1992, assegura a Proteção da honra e da dignidade: toda pessoa tem direito ao respeito da sua honra e ao reconhecimento de sua dignidade; Ninguém pode ser objeto de ingerências arbitrárias ou abusivas em sua vida privada, em sua família, em seu domicílio ou em sua correspondência, nem de ofensas ilegais à sua honra ou reputação; Toda pessoa tem direito à proteção da lei contra tais ingerências ou tais ofensas. Mas a pessoa jurídica tem direito à personalidade? • Os direitos da personalidade são inerentes à pessoa humana decorrente de sua dignidade, não sendo as pessoas jurídicas titulares de tais direitos. O próprio Código Civil afirma que Pessoa jurídica não tem personalidade. Pessoa jurídica pode sofrer dano moral? Sim, pode. Esse é o enunciado da súmula 227 do Supremo Tribunal Federal. A pessoa jurídica tem apenas a honra objetiva que é a imagem, a identidade frente a sociedade. O morto tem direito à imagem? • Superior Tribunal de Justiça, em acórdão conhecidíssimo, Resp 521.697, concedeu dano moral as filhas do jogador Garricha por uma obra que ofendia a sua imagem. “A pessoa famosa muitas vezes projeta efeitos econômicos para além de sua morte, pelo que seus sucessores passam a ter, por direito próprio, legitimidade para postularem indenização em juízo, seja por dano moral, seja por dano material.” E como fica o sigilo bancário? • O Supremo Tribunal Federal firmou jurisprudência no sentido de que o sigilo bancário é espécie do direito à privacidade, inerente ao artigo 5º, incisos X e XI da Constituição. O sigilo bancário deve ceder diante do interesse público, do interesse social e do interesse da justiça, sendo, portanto, perfeitamente possível a quebra do sigilo bancário, desde que observados os procedimentos estabelecidos em lei e com respeito ao princípio da razoabilidade. Por outro lado a jurisprudência é firme no sentido da impossibilidade do Ministério Público determinar a quebra do sigilo bancário. Diferença Privacidade X Intimidade • A esfera pessoal abrange as relações com o meio social sem que, no entanto, haja vontade ou interesse na divulgação; a esfera privada compreende os dados relativos a situações de maior proximidade emocional ("contextos relacionais específicos"), como as opções sexuais ou a orientação sexual do indivíduo. • A esfera íntima se refere ao modo de ser de cada pessoa, ao mundo intra-psíquico aliado aos sentimentos identitários próprios (auto-estima, auto-confiança) e à sexualidade. Compreende as esferas confidenciais e do segredo, referentes à intimidade. Conclusão • Observamos que existem duas correntes de pensamento principais: uma que, apoiada, sobretudo na diferenciação realizada pela teoria das esferas, entende os termos vida privada e intimidade como distintos; outra que, devido à profusão do conceito americano de privacy, postula que os referidos termos devem ser entendidos como sinônimos e, portanto, tutelados de forma unificada.
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