Prévia do material em texto
Unidade 1 - QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO Um dos maiores desafios do mundo contemporâneo é a qualidade de vida no trabalho. Há uma grande relação entre a vida dos indivíduos e os resultados das organizações, portanto, são duas realidades que devem ser levadas em consideração dentro do planejamento estratégico das empresas. As organizações modernas vivem em um novo sistema, a globalização. Neste sentido outro desafio se vê a frente, ou seja, a competitividade e a busca por resultados. Neste novo formato, a relação “trabalhador e empresa” também teve que se adaptar a uma nova realidade. Na agitação contemporânea e na busca rápida por resultados os funcionários passaram a trabalhar sobre pressão, cobranças etc. exigindo-se, porém, uma atenção maior das empresas na qualificação e preservação do capital humano. Nasce aqui a necessidade de se investir em programas de qualidade de vida no trabalho (QVT). “A QVT baseia-se em uma visão integral das pessoas, que é o chamado enfoque biopsicossocial. O enfoque biopsicossocial das pessoas origina-se da medicina psicossomática, que propõe a visão integrada, ou holística, do ser humano” MAXIMIANO (2000, p.498). Considerando que a existência física e espiritual da empresa é decorrente da ação das pessoas. Elas são as únicas responsáveis pela qualidade ou não e neste sentido é o capital humano um dos fatores mais importantes de preocupação das empresas modernas. Num passado recente os gestores de recursos humanos se viam constantemente a frente de uma situação conflitante, reter os funcionários e preservar consequentemente os talentos. Numa época que as empresas não se importavam com as pessoas e o foco era diretamente no lucro, na mais-valia. “As organizações mantinham os empregados num processo de submissão e, mesmo ganhando mal, eles continuavam trabalhando”, relembra o coordenador do curso de gestão estratégica de pessoas do Ibmec de Brasília, Pedro Paulo Carbone. “Os contratos de trabalho eram quase vitalícios.” Na década de 90, porém, foi iniciada a mudança dessa relação. Com a abertura do mercado brasileiro, a concorrência estrangeira, o Plano Real e a crise da Ásia, vieram também as grandes reestruturações empresariais. Foi o tempo dos downsizings e da reengenharia. “Os funcionários foram demitidos sem entender o porquê, quebrando a confiança até então mantida pelos patrões”, explica outro professor de gestão de pessoas, Francisco Ramirez, do Insper. Aos que ficavam, os patrões avisavam faça o trabalho de quanto puder, e eu garanto o seu mesmo salário. Os departamentos com 30 pessoas ficaram com quatro ou cinco. Para cada um que deixava o trabalho, abria um vazio maior na corporação, e a necessidade de repor passou a ser urgente (DINIZ; SENDIN, 2011, p.21, grifos do autor). Diante desses fatores os questionamentos começaram a surgir em torno do modelo que até então prevalecia na gestão de pessoas. Percebia-se que a mão de obra tinha interferência em vários setores, tanto na sustentabilidade da empresa quanto até mesmo na nação como um todo. A partir daí os Recursos Humanos mudaram o seu papel nas empresas e passaram a ter um novo foco. Uma nova trajetória corporativa foi traçada. ASPECTO DA QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO De acordo com Diniz; Sendin (2011) pode-se relacionar alguns aspectos referentes às novas tendências sobre o que mudou nos sete principais pilares da gestão de pessoas nos últimos anos impactando os processos de recursos humanos e ao mesmo tempo aprimorando os programas de qualidade de vida no trabalho. AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO TREINAMENTO E DESENVOLVIMENTO RESPONSABILIDADE SOCIAL SUCESSÃO SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA REMUNERAÇÃO E BENEFÍCIOS ATRAÇÃO, SELEÇÃO, RETENÇÃO. Vamos entender alguns desses aspectos e compreender os caminhos e as novas tendências que levam à satisfação dos colaboradores no ambiente de trabalho. AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO Se antes a avaliação de desempenho era ligada à produção e ao controle do indivíduo: Cumprimento de horário, metas e assiduidade. O processo era sigiloso e isolado. O funcionário não podia discordar nem se defender do julgamento e os resultados não interferiam na remuneração ou no seu desenvolvimento. Qual foi o primeiro passo para a evolução? O feedback. Vejamos o que diz Diniz; Sendin (2011, p.22): Hoje, explica Eduardo Faro, gerente da consultoria em capital humano PricewaterhouseCoopers, a avaliação virou gestão de desempenho, com foco no indivíduo. Vale o que ele entrega (meta), mas também como entrega (comportamento) e, em alguns casos, como o da Whirlpool, passou a valer também quanto ele tentou (esforço). Diferentemente do que ocorria lá atrás, quando a avaliação era um processo pontual, hoje o funcionário é acompanhado, ouvido e aconselhado pelo gestor constantemente. E o resultado dessa atividade vai impactar seu destino na empresa. É importante observar que Feedback e Avaliação de desempenho são duas ferramentas importantes para o equilíbrio dos colaboradores das grandes empresas, porém distintas. Qual é a diferença? Quando se trata de avaliação de desempenho, referimo-nos às informações concretas, visíveis que vai proporcionar uma assimilação mais direcionada às suas ações dentro da empresa, proporcionando consequentemente o crescimento e o desenvolvimento tanto do indivíduo enquanto pessoa quanto de suas funções, ou seja, neste caso a avaliação de desempenho é mais ampla e é observada a partir de uma trajetória concluída. Por outro lado, o feedback tem como base o cotidiano do colaborador, a interação se dá em movimento contínuo e diário. Podemos considerar essas ações como mais um avanço do processo, as avaliações passaram a ser democráticas. O significado de feedback é utilizado em teorias da Administração de Empresas, quando é dado um parecer sobre uma pessoa ou grupo de pessoas na realização de um trabalho com o intuito de avaliar o seu desempenho. É uma ação que revela os pontos positivos e negativos do trabalho executado tendo em vista a melhoria do mesmo. TREINAMENTO DE DESENVOLVIMENTO Sobre o treinamento e o desenvolvimento a grande ênfase são as ferramentas tecnológicas. Já houve um tempo em que as empresas treinavam seus funcionários de forma totalmente mecanicista. Treinavam para mexer numa máquina, num computador sem ter em mãos os avanços tecnológicos que temos hoje. A rapidez proporcionada pela tecnologia principalmente pela internet deu um novo rumo na forma de treinamento e capacitação das pessoas. Com os cursos on line foi possível treinar várias pessoas ao mesmo tempo e com muito mais rapidez. Esta agilidade foi a grande força impulsora das especializações. Mas a parte técnica é suficiente para formar um profissional adequado nas empresas? O grande avanço está na inteligência emocional, pois não basta trabalhar apenas a parte técnica, mas também a parte comportamental das pessoas. É neste contexto que aparecem os processos de coaching, mentoring, counselling e os exercícios de autoconhecimento. Vamos entender cada um desses processos? COACHING - Primeiramente é preciso entender que as técnicas e ferramentas utilizadas no coaching não são originadas de uma única ciência, mas sim de diversas ciências. Portanto podemos chamar de cocktail, ou seja, é a junção de recursos utilizados em diversas áreas do conhecimento dentre elas estão a Sociologia, Psicologia e a neurociência. É de grande importância a sua utilização na administração de empresas assim como no esporte e na gestão de recursos humanos. O Coaching é uma forma eficaz de conquistar qualidade de vida, pois no ritmo frenético de desenvolvimento econômicoe tecnológico e os interesses empresariais em buscar cada vez mais resultados e competir acirradamente com as demais instituições do mercado, contraditoriamente acaba por interferir no setor mais importante para a realização deste objetivo, O CAPITAL HUMANO. Neste sentido as empresas precisam dar uma atenção especializada com o foco nas pessoas se pretendem vencer todas as etapas em busca de seus ideais. A qualidade de vida no trabalho não combina com estresse, depressão, insatisfação profissional que são reflexos das exigências da vida moderna. O que fazer para obter qualidade de vida ao nosso cotidiano Em meio a esse quadro nebuloso há uma saída que vem sendo procurada por um número crescente de pessoas: o coaching. Ele dará ao indivíduo uma abertura de consciência e percepção de toda a realidade a sua volta. Assim, ao invés de se queixar, a pessoa pode se esforçar para encontrar o rumo de uma vida mais bem sucedida(SOCIEDADE BRASIELRIA DE COACHING, 2012, p. 01). MENTORING - Também é uma forte ferramenta utilizada pelas empresas para o desenvolvimento de pessoal cujo objetivo é melhorar o desempenho e capacitar transferindo experiência dos mais especializados para os que estão começando na vida profissional. Mentoring é o nome do processo de transposição de conhecimento, realizado com a ajuda de um mentor – profissional que irá estimular o desenvolvimento de um profissional em início de carreira, cargo ou novo em uma determinada corporação. O mentor normalmente é alguém que está na mesma empresa e área que o profissional e em um cargo superior. É uma espécie de espelho em que o funcionário visualiza seu crescimento, por isso, ele mesmo será responsável por essa escolha ou poderá ser orientado pelo RH para tomar a melhor decisão. (TEIXEIRA, 2012, p. 01). COUNSELLING - Nesta ferramenta temos a alto ajuda, ao auxiliar o outro, procura-se criar um encorajamento e fazer com que a pessoa ajude a si mesma. É uma forma de encontrar recursos livres para a solução de conflitos através da história de vida do sujeito procurando remover todos os obstáculos do caminho. Ou seja, permite esclarecer sobre a própria vida da pessoa e consequentemente seus problemas. Desta maneira ativa-se a iniciativa e a responsabilidade da pessoa envolvida neste processo. O que é Mentoring? Mentoring é uma espécie de tutoria onde um profissional mais velho e mais experiente orienta e compartilha com profissionais mais jovens, que estão iniciando no mercado de trabalho ou numa empresa, experiências e conhecimentos no sentido de dar-lhes orientações e conselhos para o desenvolvimento de suas carreiras. Estas orientações vão desde o âmbito pessoal até o profissional (MARQUES, 2013, p.01). Estas ferramentas são importantes no auxilio ao grande desafio enfrentado pelas empresas e pelos profissionais envolvidos no desenvolvimento das pessoas dentro das organizações. Pois além de criar meios de orientações para melhorar a carreira e ao mesmo tempo de vida de acordo com as habilidades de cada profissional ainda precisa conciliar com os objetivos e as necessidades das empresas. Portanto os processos de orientação profissional como Coaching, mentoring e counselling são excelentes ferramentas para superar os desafios presentes no cotidiano das empresas e das pessoas. EXERCÍCIOS DE AUTOCONHECIMENTO Um dos primeiros passos para que possamos ter uma considerável qualidade de vida é nos conhecermos de fato. Quem realmente somos? Pois somente assim poderemos entender as nossas falhas, as nossas dificuldades e buscar o melhor caminho para o nosso verdadeiro “eu”. Como podemos nos conhecer? Autoconhecimento envolve: o desejo sincero de se conhecer, estando dispostos a identificar os aspectos positivos tanto quanto os negativos. E esse é um dos motivos de muitas pessoas temerem se conhecerem: medo do que podem encontrar dentro de si. Não é possível se conhecer sem identificar as máscaras que todos nós usamos. Você pode dizer: eu não tenho máscaras! E eu digo: todos nós temos, desde muito pequenos, pois é um processo que acontece independente de nossa vontade, é inconsciente. (ZAGO, 2013, p. 01). Quando as máscaras começam a se formar? Quando por medo, desenvolvemos os mecanismos de defesas. E isso começa logo cedo, ainda na fase de criança (entre 6 e 7 anos). A partir daí vamos aos poucos distanciando de quem realmente somos e criamos de forma gradativa uma máscara que vai aos poucos desfazendo da nossa verdadeira existência. Com o passar dos anos, caso não venhamos a nos acomodar na nossa forma criada e tenhamos ainda força para refletir sobre o que realmente somos, então, é possível percebermos o quanto distanciamos daquilo que está por trás da máscara. VAMOS ENTENDER A DIALÉTICA DO COMPROTAMENTO HUMANO? Neste quesito, introduzimos o que chamamos de “dialética do comportamento”, uma analogia comparada à “dialética de Karl Marx”. Como funcionam a TESE, a ANTÍTESE e a SÍNTESE na dialética do comportamento? A TESE é a situação atual da pessoa humana somada às manias, hábitos que o indivíduo adquiriu na vida, sejam na família, no trabalho, com os amigos, na igreja, na escola etc. Diante desta realidade, o indivíduo criou em sua própria essência uma resistência e vícios de comportamentos, o que o torna em suas concepções uma pessoa altamente conhecedora e experiente. A ANTÍTESE, como o próprio nome fala ANTI/ TESE, ou seja, é a negação da tese, portanto, é o momento que cada sujeito começa indagar, questionar até que ponto o que eu falo é correto considerando a forma de pensar e agir? Será que a forma de pensar e agir não são em sua totalidade formada pelas manias e hábitos adquiridos e restritos somente à minha concepção de vida? Neste caso não estamos agindo como se o mundo estivesse apenas em nosso arredor? Não estamos sendo egocêntricos? Neste momento é quando paramos para refletir sobre nos mesmos, sobre nossas atitudes. Será que realmente estou sempre certo? Neste conflito entre a TESE e a ANTÍTESE surge a SÍNTESE, que é o resultado desta contradição. Um novo “EU” surge, é neste momento que deparamo-nos com a questão da alteridade, estar no lugar do outro, entender também a realidade do outro. Assista ao vídeo “Qualidade de Vida no Trabalho” e entenda mais sobre as questões que envolvem a vida dos trabalhadores na sociedade moderna. Durante o vídeo você percebeu e se atentou para as informações sobre os acontecimentos decorridos das novas tendências nas organizações e das mudanças do mundo moderno o que se propõe a necessidade da (QVT) - Qualidade de Vida no Trabalho. RESPONSABILIDADE SOCIAL Muitas empresas entendem como ser responsável socialmente o simples fato de fazer uma doação, doar agasalhos, uma cesta básica e outras condições básicas que são na verdade isoladas se considerarmos todo o planejamento estratégico da empresa. Na verdade nesses termos, o que as empresas praticam é a filantropia. A Responsabilidade Social é uma evolução desta e só pode existir efetivamente se praticado com ética e transparência. O objetivo de qualquer projeto de Responsabilidade Social é a Sustentabilidade, condição contínua de desenvolvimento que pensa tanto na geração atual como nas gerações futuras. Estando estas também na condição de viver com qualidade de vida. As mudanças ocorridas na modernidade e as condições ambientais das organizações forçaram a saírem de uma visão tradicional na forma de administrar se deslocando para uma visão mais humanística, ou seja, o foco no ser humano, nas pessoas. O mercado exige das organizações cada vez mais o exercício da cidadania. Na atualidade asempresas precisam se preocupar com os possíveis danos ambientais decorrentes do impacto provocado pelos seus produtos. A grande ênfase que se dá à Responsabilidade Social é que não basta apenas apoiar o desenvolvimento da comunidade e preservar o meio ambiente. Isto não é suficiente para identificar uma empresa como responsável socialmente. Uma empresa cidadã pressupõe uma atuação eficaz em duas dimensões: a gestão de responsabilidade interna e gestão de responsabilidade externa. Isso significa que é necessário investir no bem-estar de seus empregados, seus dependentes e ao mesmo tempo constituir um ambiente de trabalho saudável, entre outros. Na próxima unidade iremos entender com mais profundidade sobre o conceito de Responsabilidade Social e Sustentabilidade. SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO A modernidade e sua agitação compartilhada com os avanços da tecnologia, tudo isso influenciou na saúde e na qualidade de vida das pessoas. No passado poucas pessoas tinham celulares, e-mails, computadores, notebooks e outras formas de comunicação. Portanto tirar férias era realmente distanciar do mundo do trabalho. Atualmente é quase impossível se distanciar totalmente devido às facilidades de comunicação e às novas responsabilidades impostas pelo mundo moderno e as novas tendências. A tecnologia mudou radicalmente o conceito de qualidade de vida e a forma como esse assunto é tratado nos corredores coorporativos. Nunca houve tanto programa de saúde como agora. Para benefício do empregado? Há controvérsias. “O que vejo acontecer é que as companhias pressionam os funcionários e depois colocam os programas como paliativos tornando todos mais resistentes”, diz Ana Maria Rossi, presidente da Isma- Brasil, instituição internacional que estuda qualidade de vida. [...] Se voltarmos mais na linha de tempo, na década de 1980, a preocupação com a saúde nas organizações limitava-se a oferecer boas condições de trabalho, para não afetar a produtividade (DINIZ; SENDIN, 2011, p.26). A Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) tem sido nos últimos anos difundida principalmente no Brasil. Quando falamos em qualidade de vida estamos dialogando com diversos fatores como motivação, satisfação dos colaboradores, saúde e segurança no trabalho, as boas condições ambientais de trabalho entre outras. Qualidade de vida no trabalho significa a auto realização humana do colaborador, da mesma maneira há uma integração no ambiente de trabalho entre os gestores e os colaboradores, o que chamamos de administração participativa. Nesta interação entre os superiores, e os colegas de trabalho devem estar focadas as necessidades de cada um no ambiente produtivo. O trabalhador passa mais tempo no ambiente de trabalho do que em sua casa, portanto cabe aos gestores proporcionar um ambiente saudável e satisfatório gerando um clima familiar de compreensão e satisfação entre todos os colaboradores. A qualidade de vida no trabalho hoje pode ser definida como uma forma de pensamento envolvendo pessoas, trabalho e organizações, onde se destacam dois aspectos importantes: a preocupação com o bem-estar do trabalhador e com a eficácia organizacional; e a participação dos trabalhadores nas decisões e problemas do trabalho. Muito se tem falado sobre a qualidade de vida no trabalho. Mas a satisfação no trabalho não pode estar isolada da vida do indivíduo como um todo. Segundo Rodrigues (1994, p.93), “Os empregados que possuem uma vida familiar insatisfatória tem o trabalho como o único ou maior meio para obter a satisfação de muitas de suas necessidades, principalmente, as sociais”. Assim, o trabalho assume dimensões enormes na vida do homem (MORETTI, 2013, p. 2, grifos do autor). A busca pela Qualidade de Vida no Trabalho não é recente, a preocupação do homem tem sido constante desde sua existência. Provavelmente apareceram em outras formas de demonstração, mas sempre dentro de um mesmo contexto, voltada para facilitar ou trazer satisfação e bem-estar ao trabalhador na execução de sua tarefa. REMUNERAÇÃO E BENEFÍCIO Como podemos ligar a qualidade de vida com o tema “Remuneração e Benefício”? Embora um determinado trabalho possa ser um motivo de satisfação, em que o trabalhador possa se encontrar nele, é preciso que haja uma contraposição ou ainda uma contraprestação/compensação. Esta poderá ser financeira ou não. Pois a qualidade de vida não está no trabalho em si, mas nas possibilidades de satisfazer as suas necessidades básicas que estão externas ao trabalho. Neste sentido as pessoas passam a ter prazeres e incentivos nas suas ações, considerando que passam mais tempo no local de trabalho do que fora dele. A compensação financeira de forma direta são os salários, os bônus, as premiações e comissões e as consideradas indiretas são os serviços sociais oferecidos como as férias, gratificações e participações de resultados entre outros. É a soma do salário direto com o indireto que irão determinar a remuneração do trabalhador. Paralelamente à remuneração vem um fator importante que irá agregar satisfação em todo o processo produtivo, são as recompensas não financeiras. Quais são as recompensas não financeiras? São os fatores que vão apresentar orgulho pelo trabalho, autoestima, reconhecimento e segurança no trabalho, pois o trabalhador não pode ser reconhecido pela empresa apenas como o produtor de mais-valia, mas sim, um colaborador dentro de uma administração participativa. Aqui está a gestão de Responsabilidade Social Interna que mencionamos anteriormente, a necessidade de se investir no bem-estar de seus empregados, seus dependentes e ao mesmo tempo constituir um ambiente de trabalho saudável, entre outros. É nesta forma de administrar uma empresa que haverá diretamente um melhor desempenho das organizações e o bem-estar de seus colaboradores. Segundo Mausbach (2013, p. 01). “Dessa forma entende-se por sistema de compensação o conjunto de recompensa que a organização estabelece para remunerar e recompensar as pessoas que nela trabalham” Conceitos de saúde e segurança no trabalho Quais são os aspectos que determinam a saúde e suas variáveis? De acordo com a Organização Mundial da Saúde pode-se entender como sendo o estado de bem-estar, neste sentido podendo ser físico, psicológico e até mesmo social. Considerando este contexto entende-se que saúde no trabalho não significa apenas ausência de doença, sendo, portanto, bem mais amplo em que os trabalhadores alcancem um grau de saúde que lhes permita conseguir uma vida social e economicamente produtiva, conseguindo satisfazer suas necessidades básicas, aquelas que estão explicitas na Constituição Federal. Salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim (SILVA, 2005, p. 01). Considere-se também conforme Chiavenato (2000, p. 438), O conjunto de medidas técnicas, educacionais, médicas e psicológicas utilizadas para prevenir acidentes, quer eliminando as condições inseguras do ambiente, quer instruindo ou convencendo as pessoas da implantação de práticas preventivas. Pois muitas são as causas de acidente no trabalho ora pela irresponsabilidade da empresa, ora pelo ato inseguro do próprio trabalhador. Ato inseguro é a maneira pela qual o trabalhador se expõe consciente ou inconscientemente a riscos de acidentes. Em outras palavras é o tipo de comportamento que leva ao acidente. Assista ao vídeo “Ato Inseguro”e entenda mais sobre as questões que envolvem aos atos inseguros responsáveis pela maior parte dos acidentes. Unidade 2 – RESPONSABILIDADE SOCIAL A LEI DIZ: Todo cidadão tem direito à igualdade social E o que temos Hoje? Uma desigualdade sem limites, com uma população passando fome enquanto outra parte vivendo em abundância. Neste sentido percebe-se um distante consenso entre a teoria e a prática. As nossas leis, e principalmente a Constituição Brasileira considerada uma das melhores do mundo, mas que apresenta um desconexo com a realidade. E uma pergunta se faz presente? Considerando o que diz Emile Durkheim sobre a função social das instituições podemos entender de certa forma o valor e a importância do conceito de Responsabilidade Social Empresarial. O pensamento de Durkheim marcou decisivamente a Sociologia contemporânea. Em 1893 publicou sua tese de doutoramento, intitulada De la Division du Travail Social, (Da Divisão Social do Trabalho) estudo em que aborda a interação social entre os indivíduos que integram uma coletividade maior: a sociedade. É necessária, para viver em sociedade, a comunicação, a integração, a Solidariedade. Este último representa a forma pela qual a sociedade é coesa, uma vez que cada especialidade depende de outra para sobreviver. Durkheim compara a Sociedade ao Corpo Humano. Qual a relação entre o corpo “humano” e o corpo “sociedade” pensado por Durkheim? É partindo deste contexto que vamos procurar entender o conceito de Responsabilidade Social. Este conceito exige do corpo social uma integração, solidariedade entre os indivíduos e grupos, entre as instituições públicas e privadas. E antes de tudo, ética e transparência. É preciso entender que Responsabilidade Social não é uma filantropia, não ocorre ao acaso. Está no planejamento estratégico das empresas. A Responsabilidade Social tem como objetivo principal, a sustentabilidade, ou seja, a empresa responsável socialmente tem como meta, não fazer apenas uma doação, ou o marketing empresarial, tentando apenas melhorar sua imagem perante a população e os stakeholders, embora esta atitude tenha retorno positivo à sua existência enquanto empresa preocupada com o seu entorno. A filantropia foi apenas a primeira etapa de um processo de evolução até chegar ao estágio que se apresenta a Responsabilidade Social. Como surgiu este conceito? Veremos conforme menciona Duarte; Torres (2012, p. 6), Muito se fala atualmente sobre a temática Responsabilidade Social e suas implicações. Mas o que é esse conceito? O que ele engloba? O que influenciou o seu surgimento? As primeiras manifestações da temática surgiram, no início do século, em trabalhos de Charles Eliot (1906), Arthur Hakley (1907) e John Clarck (1916). No entanto, tais manifestações não receberam apoio, pois foram consideradas de cunho socialista. Foi somente em 1953, nos Estados Unidos, com o livro Social Responsabilities of the Businessman, de Howard Bowen, que o tema recebeu atenção e ganhou espaço. Na década de 70, surgem associações de profissionais interessados em estudar o tema: American Accouting Association eAmerican Institute of Certified Public Accountants. É a partir daí que a responsabilidade social deixa de ser simples curiosidade e se transforma em um novo campo de estudo (DUARTE; TORRES, 2012, p. 6, grifos do autor). Partindo deste contexto mostramos as diferenças entre as empresas que desenvolvem esta ideia e as que não desenvolvem a partir de duas realidades empresariais a seguir: É partindo deste contexto que vamos procurar entender o conceito de Responsabilidade Social. Este conceito exige do corpo social uma integração, solidariedade entre os indivíduos e grupos, entre as instituições públicas e privadas. E antes de tudo, ética e transparência. É preciso entender que Responsabilidade Social não é uma filantropia, não ocorre ao acaso. Está no planejamento estratégico das empresas. A Responsabilidade Social tem como objetivo principal, a sustentabilidade, ou seja, a empresa responsável socialmente tem como meta, não fazer apenas uma doação, ou o marketing empresarial, tentando apenas melhorar sua imagem perante a população e os stakeholders, embora esta atitude tenha retorno positivo à sua existência enquanto empresa preocupada com o seu entorno. A filantropia foi apenas a primeira etapa de um processo de evolução até chegar ao estágio que se apresenta a Responsabilidade Social. Como surgiu este conceito? Veremos conforme menciona Duarte; Torres (2012, p. 6), Muito se fala atualmente sobre a temática Responsabilidade Social e suas implicações. Mas o que é esse conceito? O que ele engloba? O que influenciou o seu surgimento? As primeiras manifestações da temática surgiram, no início do século, em trabalhos de Charles Eliot (1906), Arthur Hakley (1907) e John Clarck (1916). No entanto, tais manifestações não receberam apoio, pois foram consideradas de cunho socialista. Foi somente em 1953, nos Estados Unidos, com o livro Social Responsabilities of the Businessman, de Howard Bowen, que o tema recebeu atenção e ganhou espaço. Na década de 70, surgem associações de profissionais interessados em estudar o tema: American Accouting Association e American Institute of Certified Public Accountants. É a partir daí que a responsabilidade social deixa de ser simples curiosidade e se transforma em um novo campo de estudo (DUARTE; TORRES, 2012, p. 6, grifos do autor). Partindo deste contexto mostramos as diferenças entre as empresas que desenvolvem esta ideia e as que não desenvolvem a partir de duas realidades empresariais a seguir: Os tempos são outros e o que era uma ação de competitividade no passado já não tem nenhum valor na contemporaneidade. Atualmente ser competitivo é se conscientizar das questões sociais presentes e agir de forma responsável na busca de soluções em que não somente as empresas se beneficiem, mas também todos os stakeholders são valorizados nesta ação. O foco na solidariedade é que significa atualmente ser competitivo. Refletiremos primeiramente a análise das instituições “irresponsáveis socialmente”. Em outras palavras as que não são responsáveis socialmente. Muitas das instituições públicas e privadas ainda não conseguiram assimilar a necessidade e a importância de serem responsáveis socialmente. Aproveitam da temática para se alto promoverem. A Responsabilidade Social para algumas das empresas públicas e privadas tem o mesmo significado dos benefícios sociais criado pelos Gestores Públicos. Neste caso, os benefícios sociais aparecem como frutos do trabalho dos governantes. O que se indaga é se os benefícios sociais ao assumirem esta forma, (como benefícios), são realmente dádivas do Poder Público? Vejamos o que diz Iamamoto (1997, p. 107, tradução nossa, grifo nosso): Assim, parte do valor criado pelas classes trabalhadoras e apropriado pelo Estado e pelas classes dominantes é redistribuída à população sob a forma de serviços, entre os quais se encontram os serviços assistenciais, de provisão e "sociais" em sentido amplo. É assim que tais serviços em sua realidade sustencial, não são mais que uma forma transfigurada de porção de valor criado pelos trabalhadores e apropriado pelos capitalistas e pelo Estado que devolve para a sociedade (e em especial aos trabalhadores, que mais fazem uso) sob a forma transfigurada de serviços sociais reafirmando tais serviços, públicos ou privados, não são mais que a devolução às classes trabalhadoras de porção mínima do produto criado por elas, porém não apropriado, sob uma nova roupagem: a dos serviços os benefícios sociais. No entanto, ao assumir esta forma,aparecem como foram sanados e oferecidos ao trabalhador pelo poder político diretamente e pelo capital como expressão da fase humanitária do estado e da empresa privada. Dos diversos serviços sociais previstos em políticas sociais específicas são a expressão de conquistas das classes trabalhadoras em sua luta por maiores condições de trabalhos e de vida, que são consubstanciadas e ratificadas através da legislação social e laboral. Se o que é devolvido à classe trabalhadora são fruto de suas próprias criações e que não foram apropriadas e como diz Iamamoto: “voltam a elas sob uma nova roupagem: a dos serviços e benefícios sociais”. É preciso entender que os benefícios sociais não é uma dádiva do poder político, mas fruto do trabalho da população. No caso do Gestor Público, é a sua obrigação devolver à classe trabalhadora o que lhes pertencem. Não é ele o Gestor que produz as riquezas. Portanto, A Responsabilidade Social deve ser o conceito de primeira linha nas ações governamentais. E na mesma linha de pensamento nas empresas públicas e privadas As empresas precisam, de forma direta ou indireta, dos recursos naturais para a realização de sua produção. Pergunta-se: De quem são os recursos naturais? Das empresas? Não, os recursos que estão disponibilizados na natureza pertencem à sociedade, no entanto, as empresas apropriam-se delas para a devida transformação enquanto matéria-prima, criando seus produtos e obtendo lucros com elas. Neste caso, o que deve ser cobrado é pelo trabalho de transformação dos recursos naturais e seu respectivo valor de uso. Neste contexto, entende-se que cada empresa deve dar um retorno da mesma proporção em forma de benefícios, tanto ao social quanto ao meio ambiente. Por quê? – Porque ao extrair a matéria-prima da natureza as empresas criam gradativamente um passivo ambiental, e consequentemente acabam por trazerem graves problemas aos indivíduos. É a sociedade que sofre as consequências da ação industrial. Quando falamos de ação industrial, não estamos se referindo apenas à questão da transformação da matéria prima, mas toda a trajetória e os impasses decorrentes desta ação como, por exemplo, a poluição, as doenças, e a contribuição para a efetiva escassez cada vez mais presente desses recursos que não são propriedades das empresas industriais, mas, de toda a sociedade e à biodiversidade. Poder-se-iam dizer que esta obrigação seria apenas das indústrias por estarem diretamente ligadas às transformações? Necessariamente não, pois se considerarmos que o comércio também contribui para a contínua extração dos produtos naturais, então elas, as empresas comerciais também tem além das obrigações sociais ou o cumprimento de suas funções sociais, também tem que ser responsável socialmente, ou seja, cumprir com a sua parte colaborando com o sistema social e ambiental. Além de cumprirem com as determinações constitucionais como veremos mais a frente. Numa ação inversa, poderiam dizer que as pessoas tem uma parcela de culpa, por consumirem cada vez mais os produtos industrializados. De certa maneira a obrigação de contribuir com a sociedade e do meio ambiente não pertence somente às empresas, sendo também responsabilidade de todas as instituições sociais, de todo corpo individual e coletivo da sociedade. No entanto acrescenta-se ai a grande responsabilidade do capitalismo e do mundo globalizado que incentivam o consumo acelerado. O que está em jogo, não é a acusação de responsabilidades, mas a conscientização de cada instituição social quanto ao seu dever de contribuir para a qualidade de vida da sociedade atual e da geração futura. Neste sentido, nos dias atuais as empresas não mais se limitam a administrar os recursos econômicos, técnicos e humanos com vista apenas à preservação de sua lucratividade e preservação institucional. Como podemos verificar no que menciona Amaral (2013, p. 01): A teoria da empresa foi amplamente utilizada no novo Código Civil Brasileiro, adotado como direito da empresa. Este código, ainda, unificou o direito civil e o comercial, revogando parcialmente o direito comercial de 1850, adotando como premissa os valores constitucionais normatizados no texto da Constituição Federal de 1988 como fundamentos interpretativos, corroborando para a constitucionalização ou publicização do direito privado. Diante desta discussão surge o princípio da função social da empresa como premissa fundante do novo contexto social basificado, solidificado e materializado pela Carta Constitucional que promove a empresa não apenas como um meio para a obtenção de lucro para o empresário, mas, também, como agente sujeito de direito e deveres para com sociedade, podendo ser responsabilizada por seus atos ou omissões que venham a prejudicar todos aqueles que de alguma forma integram sua cadeia produtiva. Além da importância e do reconhecimento da responsabilidade das empresas em relação à sociedade, percebe-se que atualmente o capital humano juntamente com o capital natural são tão importantes quanto o lucro da empresa, pois são eles os trabalhadores que as produzem. Portanto, as empresas socialmente responsáveis têm esta consciência e retribuem, começando pela Responsabilidade Social interna. Responsabilidade Social cuidando de seu entorno, da população, mas não tem o mesmo comportamento interno, o cuidado com o ambiente de trabalho, com os funcionários etc. significa dizer que o que se pratica na verdade não é necessariamente o que entendemos pelo conceito de Responsabilidade Social. Pois, há uma grande possibilidade de estar caracterizado neste sentido o marketing empresarial com pretensões de alta promoção, ou seja, melhorar a imagem da empresa perante a comunidade do entorno. Porque ser Responsável socialmente, é ter comportamento ético e transparência nas ações praticadas. O que significa também que o respeito e o cuidado começa pelo público interno, o principal responsável pelo projeto de Responsabilidade Social em realização pela empresa interna ou externa. Para que a administração seja realmente democrática, parte daqui a conscientização de que todas as partes interessadas no processo empresarial devem estar de acordo; todos osstakeholders ligados direta ou indiretamente são elementos essenciais ao planejamento estratégico da empresa. Vamos assistir ao Vídeo “As Organizações e a Responsabilidade Social” e atentarmos para o propósito da Responsabilidade Social. Pensar sobre uma nova forma de administrar em que se contemplam todos os seus stakeholders diretos e indiretos. As organizações e a responsabilidade Social A apresentação do vídeo ilustra de forma clara e precisa a relação entre Estado, empresa e sociedade civil e alguns fatores que estão relacionados com a necessidade de se criar articulações dinâmicas entre os setores: públicos, privados e somá-los aos esforços das ONGs para ajudar a encontrar respostas para as emergentes questões sociais. 1 – Ciclo para o Desenvolvimento Sustentável da empresa Para que o ciclo continue é preciso haver um equilíbrio entre todos os setores, mas principalmente a preservação do capital natural e humano. São estes os fatores para a boa saúde da empresa e do corpo social. QUAL A DIFERENÇA ENTRE RESPONSABILIDADE SOCIAL E FUNÇÃO SOCIAL? Primeiro é importante entender que cuidar do bom ambiente da empresa, pagar em dia seus funcionários, os impostos e os benefícios estipulados em leis, não significa necessariamente Responsabilidade Social nos termos deste conceito. Ou seja, a função social da empresa são termos constitucionalizados, portanto, uma obrigação social. O que é o termo “constitucionalização”? Segundo Amaral (apudCORTIANO JUNIOR, 2007, p. 217, grifos do autor): O fenômeno da constitucionalização é a transição dos princípios básicos do direito, seja ele privado, penal, trabalhista, etc., para a Constituição, “assumindo o lugar até então privilegiadamente ocupado pelo Código Civil, transformando-se em satélite do Sistema Constitucional”, e tomando para si os valores fundamentais. Então, valores como a justiça, a segurança, a liberdade, a igualdade, a vida, a propriedade, o contrato, etc., passam a ser de domínio do texto constitucional. “Sabe-se que a palavra “empresa” surgiu no direito francês, em meio à descrição dos atos de comércio no art. 632 do código comercial de 1807” (REQUIÃO, 2008, p. 52, apud AMARAL, 2013, p. 01). Enquanto empresa, sua marca e objetivo principal é o lucro, cuja obrigação é fornecer ao mercado os bens e serviços que foram consequentemente criados pela força de trabalho, matéria-prima, capital e tecnologia. É claro que, ao considerar a instituição empresarial pelo conceito econômico de empresa, não está incorreta entender o objetivo único de obtenção de lucro aos seus sócios. Entretanto, segundo Menjivar, (2008, p. 208): a empresa “deve assumir posições como agentes transformadores da sociedade, assumindo papéis para coibir ações que possam prejudicar seu público, seus clientes, seus fornecedores e a sociedade em que está estabelecida”. Segundo ainda Amaral (2013, p. 01) se referindo à empresa: Ou seja, esta deve ser vista como um meio ao empresário, não apenas obter lucros incomensuráveis, mas também deve respeitar os princípios gerais basilares do direito contidos no texto constitucional, como a dignidade da pessoa humana no tratamento de seus empregados, seus clientes e fornecedores. Respeito às leis ambientais, às do consumidor, às trabalhistas, e tributárias, dentre outras que estiverem ligadas ao respeito à coletividade, e não somente ao empresário. A função social da empresa não se reduz a meras ações voluntárias de empresários que as utilizam visando a sua promoção, o seu marketing institucional diante dos olhos da sociedade consumerista para assim construir uma realidade favorável a seus interesses. Sendo assim, como o empresário não depende apenas de si próprio para o desenvolvimento de sua atividade empresarial, mas, também, de empregados a movimentar a máquina, dos clientes para consumir seus produtos ou utilizar seus serviços, dos fornecedores para obter matéria-prima, deve, além de obter lucros, realizar serviços sociais que beneficiem a toda esta sociedade. Há diferença entre Responsabilidade Social da Empresa ou cidadania empresarial e função social? Vejamos o que diz Amaral (2013, p. 01): A quem diga que há diferença entre responsabilidade social da empresa ou cidadania empresarial e função social da empresa. A primeira consiste em atos voluntários ou espontâneos do empresário, sem que haja qualquer coercibilidade legal, enquanto a segunda incide diretamente na atividade empresarial de modo cogente, por meio da imposição legal e, principalmente, constitucional. Ainda pode-se citar outra diferença residente na limitação objetiva da função social da empresa, cujas balizas se encontram nos elementos que a constituem, por meio de seu objeto contido no contrato social. Isto é a empresa exercerá a função social dentro dos limites de seu objeto empresarial. De outro lado a responsabilidade social tende para a realização de ações que transpassam o objeto social e nele não se encontram, sendo apenas benéficas para a sociedade. A importância dessas ações está ligada ao atendimento das condições atuais do mercado, voltado para o meio ambiente, aos consumidores, e ao respeito à coletividade como diferencial, para destacar-se e manter-se nesse mercado. Para concluir a respeito da Função Social da empresa entende-se segundo (SCHELIGA, 2009, p. 103): [...] o de construir uma sociedade livre, justa e solidária (art. 3,I), também o de garantir o desenvolvimento nacional e erradicar a pobreza, a marginalização e de reduzir as desigualdades sociais (art. 3º, II e III), também promover o bem de todos sem preconceito de origem, raça, sexo cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação (art. 3º IV), além disso, temos a busca pelos valores sociais do trabalho e o grandioso Principio da Dignidade da Pessoa Humana (art. 1º, III e IV). Em outras palavras comenta Amaral (2013, p. 01) “a empresa cumprirá a sua função social se estiver cumprindo e respeitando um ou, porque não, todos os princípios acima elencados”. PASSIVO AMBIENTAL Quando falamos em passivo ambiental, referimo-nos a todas as obrigações que as instituições de forma geral têm com a natureza considerando principalmente que é dela que se extrai a matéria prima. Neste sentido as obrigações são com a natureza e a própria sociedade. O objetivo é a constituição de uma nova cultura socioambiental responsável; de forma paralela aos passivos ambientais gerados pelas empresas, devem ser estimulados também os investimentos na mesma proporção como uma compensação dos impactos gerados pelas mesmas. No sistema contábil, o “passivo” é um termo que designa a obrigação da empresa para com terceiros. Essas obrigações são adotadas mesmo sem a ocorrência de cobrança, seja ela formal ou legal. No caso do passivo ambiental, menciona (FARIA, 2012, p. 01): Passivo ambiental pode ser definido como qualquer obrigação da empresa relativos aos danos ambientais causados por ela, uma vez que a empresa é a responsável pelas consequências destes danos na sociedade e no meio ambiente. Na prática, o passivo ambiental corresponde ao valor referente aos custos com a manipulação e tratamento de áreas contaminadas, resíduos, multas e outros custos advindos da não observância da legislação ambiental e de cuidados com o meio ambiente, assim como os custos relacionados ao atendimento das normas e certificações, incluindo, segundo algumas definições, a responsabilidade pela preservação de unidades de conservação (embora possa parecer contraditório), e o próprio dano físico causado (como um rio poluído, uma erosão, etc.). Enfim, passivo ambiental é igual a obrigação e custos. Atualmente está crescente a elaboração de políticas que permitam a conciliação da atividade econômica com a proteção ambiental, ainda que em um primeiro momento pareça inviável conciliar essa dualidade. Brown (2003, p. 4) comenta que “a economia está em conflito com o ecossistema existente”. Basta observar as notícias diárias publicadas nos principais meios de comunicação, noticiando a depredação e o esgotamento de ecossistemas necessários para a manutenção da vida em determinadas regiões. As decisões políticas e o desenvolvimento industrial estão quase sempre baseados em planejamento e ganhos econômicos de curto prazo, que não levam em conta os verdadeiros custos quanto à saúde das populações e o ambiente. A dívida externa drena os já escassos recursos dos países pobres. O ser humano pensa em ganhar no presente, mas não toma atitudes sérias para preservar o ambiente e deixá-lo em boas condições para o futuro. Há ainda a preocupação com a comercialização de produtos nocivos à saúde das pessoas e animais, que além de tudo, prejudicam o meio ambiente. Com o objetivo de evitar a disseminação desse tipo de substâncias, a Organização Mundial da Saúde e o Programa das Nações Unidas para o Ambiente (UNEP) devem redobrar seus esforços no estabelecimento de códigos de conduta no comércio e propaganda dos mesmos. Conforme a Conferência de Sundsvall, os temas de saúde, ambiente e desenvolvimento humano não podem estar separados. Desenvolvimento implica na melhoria da qualidade de vida e saúde,ao mesmo tempo em que na preservação da sustentabilidade do meio ambiente. BENCHAMARKING DE RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL Você já ouviu falar em benchmarking ambiental? O Benchmarking é uma atitude Responsável competitiva que deve apresentar uma metodologia própria e transparente. O Objetivo é a identificação de modelos gerenciais de excelência desenvolvidas por gestores das mais diversas instituições cujas aplicações comprovaram eficiência. Este processo acelera o desenvolvimento técnico gerencial e consequentemente as boas práticas de sustentabilidade nas organizações. Segundo Lavorato (2013, p.1): O Benchmarking Ambiental é praticado como uma forma de aprendizado por meio de comparações competitivas com ênfase nos processos e resultados das empresas e organizações que são reconhecidas como representantes das melhores práticas ambientais. Qual é o maior desfio das empresas? A primeira coisa a se pensar é entender a forma de interagir ou interligar os interesses da empresa com os interesses dos stakeholders¹. Portanto, aumentar a competitividade e manter a boa relação com o público de interesse. Não é uma tarefa fácil devido ao novo cenário e o surgimento de diversas outras formas de pressões além das variáveis ambientais. Na mesma linha de entendimento e da utilização do benchmarking em se tratando de comparações competitivas encontram-se os Multistakeholders. As ações dos Multistakeholders muito contribuem para o processo de Benchmarking. Multistakeholders é um processo de troca mútua. Os stakeholders de um determinado setor se reúnem com líderes dos outros setores da sociedade e trocam experiências. Exemplo: os stakeholders do setor de educação apresentam sua experiência de Responsabilidade Social e, ao mesmo tempo, colhem o que os outros stakeholders (de outros setores) tiveram para contribuir. Assim, este líder ganha mais conhecimento, e o grupo como um todo também (BARBOZA, 2012, p. 28, grifos do autor). ISO 26000 trabalha com as várias partes interessadas (multistakeholders). É um processo também com ONGs, com organizações, com governo, com a sociedade de modo geral. Quando os líderes de cada um desses setores participavam conjuntamente das discussões referentes à ISO 26000, eles acabavam formando o workgroup (grupo de trabalho), e consequentemente o que chamamos de multistakeholders. RESPONSABILIDADE SOCIAL E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL Para chegarmos à origem e ao surgimento da responsabilidade social na educação, vamos primeiramente analisar este novo termo para trazê-lo posteriormente para o campo da educação escolar. Quanto a este conceito, temos que levar em consideração diversos fatores históricos, dos quais a preocupação quanto à responsabilidade social deve ser discutida à luz dos movimentos do capitalismo contemporâneo. Após a Segunda Guerra, a economia cresceu continuamente, nos moldes das teorias econômicas de John Maynard Keynes (1883-1946 – Inglaterra), que propunha a intervenção estatal na vida econômica, bem ao contrário do que pregava a ideologia liberal. Houve aumento de produtividade, pleno emprego e crescimento da renda per capita. Constituiu-se o sistema de proteção social mais sofisticado que a humanidade conseguira construir. E mantiveram-se os sistemas democráticos com participação maciça da população por meio da intermediação dos partidos políticos. Adam Smith era estudado apenas pelo seu valor histórico. A época era keynesiana e antiliberal, assentada em um pacto entre o capital, o trabalho e o chamado Estado de Bem-Estar Social (wellfare state), que tinha um papel ativo no controle das crises econômicas e no comando do desenvolvimento. A responsabilidade social era assumida pelo Estado (ROMAN, 2004, p. 36-37). Com as crises subsequentes, aparecem os ideólogos do neoliberalismo denunciando todas as consequências negativas a partir do Estado do Bem estar Social. Para eles, o wellfare statedeveria ser desmontado, e medidas deveriam ser tomadas, como a privatização das empresas estatais e o esvaziamento dos sindicatos. Entre as medidas econômicas, desde Adam Smith passando pelo Estado do Bem-Estar Social de Keynes e seguidas pelos neoliberais, nota-se a ausência das funções sociais que competem ao Estado, conforme comenta Roman (2004, p. 37). O esvaziamento da capacidade do Estado para cumprir funções sociais, que lhe cabiam historicamente, deixou um vácuo que deve ser preenchido. Inseridos nesse cenário é que devemos refletir sobre os discursos produzidos hoje sobre a responsabilidade social das empresas. À medida que a empresa foi se vendo obrigada a repensar alguns de seus valores no sentido de constituir mais que uma realidade econômica, foi sendo incorporado à sua filosofia um contexto social, dentro do qual se estabeleceram responsabilidades socioambientais. É certo que algumas empresas ou outras instituições utilizam o termo Responsabilidade Socialcomo marketing para mostrar uma boa aparência aos consumidores ou clientes e, muitas vezes, confundem filantropia com o real significado do termo RS. No entanto, a nossa análise está em cima do real significado e não da ação distorcida das instituições quanto a este conceito. A Responsabilidade Social deve constar no planejamento estratégico de qualquer instituição, tendo como propósito a sustentação e a continuidade daquilo que foi projetado. Daí o nomeSustentabilidade: aquilo que se sustenta por si só, cujo trabalho proferido pelo projeto alcance o objetivo esperado e significativo, que seja assíduo, que se preserve e se desenvolva. Já no caso da filantropia, não há uma responsabilidade, uma transformação e um real desenvolvimento, e sim uma dependência. É considerada como uma assistência que ocorre esporadicamente sem a responsabilidade de prestação de conta, portanto não há necessidade de constar no balanço social das instituições. É neste sentido que analisamos a relação “ética e estética” no contexto da educação. Estética no sentido das aparências, em que se mascara uma realidade. INFRAESTRUTURA, SUPERESTRUTURA E A RESPONSABILIDADE DE SUES GESTORES O objetivo de uma organização responsável socialmente é retribuir à natureza e à população daquilo que ela recebe dos mesmos. Portanto, está retribuição tem a ver com os objetivos das instituições em formar cidadãos aptos a atuar e contribuir para o bem comum da sociedade onde todos estão inseridos, incluindo-se aí o próprio ambiente da empresa, formada por um conjunto de pessoas as quais chamamos de stakeholders, ou seja, todos aqueles que têm com regularidade certa relação com a sustentação da empresa, até mesmo aqueles que sofrem interferência causada pelos produtos produzidos por ela. Podemos citar como exemplo os stakeholders de uma outra área, os educacionais para melhor compreendermos seu significado: Os stakeholders são, portanto, aqueles que podem afetar ou ter o seu interesse afetado pelo funcionamento, desempenho e resultados presentes e futuros da organização em questão. No ambiente escolar, cada um dos agentes internos e externos que interagem com a escola é considerado como um stakeholders: professores, funcionários, alunos, pais e membros da comunidade. Esses agentes formam a comunidade escolar e interagem no processo de planejamento e execução dos processos administrativo- pedagógicos da escola dentro de um modelo de gestão escolar participativa. (BRITO; CARNIELLI, 2011, p. 30). Como vimos neste exemplo, uma educação de qualidade depende de como cada ator cumprirá com suas funções. O accountability educacional depende de como cada um de seus componentes operará de forma consistente. Hoje, a educação escolar está prestando contamais ao mercado do que aos outros setores da sociedade. Em conta disso o mercado não pode ser mero receptor de mão de obra alienada, para uma globalização que nas palavras de Paulo Freire, (2008, p. 127) “O Discurso da Globalização que fala da ética esconde, porém, que a sua é a ética do mercado e não a ética universal do ser humano, pela qual devemos lutar bravamente se optarmos, na verdade, por um mundo de gente”. Cabe aos stakeholders de todas as áreas sejam os educacionais, os empresariais, governamentais, privados etc. exercerem esta prática e cobrar mais dos seus respectivos sistemas. É na relação infra e superestrutura que iremos analisar esse novo conceito de responsabilidade social das instituições. Vamos conceituar os termos Infraestrutura e superestrutura para melhor compreender esta prática? Na construção de um empreendimento, cada tijolo ou cada detalhe é importante para manter um edifício em pé. Depois de construído o edifício, estando sustentado, terá nesta nova situação uma segunda base, a que chamamos de consciência social ou ideológica. Neste contexto compreendem-se as determinações jurídicas e políticas formadas por um acordo coletivo que irão decidir os valores e os princípios desta relação. Da mesma forma uma empresa está estruturada nestas duas bases. Na infraestrutura têm-se as relações de produção compreendidas pelas forças produtivas e na superestrutura a consciência ideológica, jurídicas e políticas. A relação justa e recíproca dessas duas bases é que irá manter a empresa em harmonia com seus propósitos sustentáveis. Neste sentido supera-se a subjetividade e concretiza- se a objetividade. O resultado desta superação dá-se por uma administração democrática, participativa entre todos os colaboradores. Esta é a porta de entrada para uma empresa se tornar verdadeiramente responsável socialmente. Para compreendermos um pouco mais sobre as duas bases vamos ver numa outra perspectiva o que menciona Aranha; Martins (1993, p. 241): Para Marx, a sociedade se estrutura em níveis. O primeiro nível, chamado de infraestrutura, constitui a base econômica (que é determinante, segundo a concepção materialista). Engloba as relações do homem com a natureza, no esforço de produzir a própria existência, e as relações dos homens entre si. Ou seja, as relações entre os proprietários e não proprietários, e entre os não proprietários e os meios e objetos do trabalho. O segundo nível, político-ideológico, é chamado de superestrutura. É constituído pela estrutura jurídico-política representada pelo Estado e pelo direito. Pela estrutura ideológica referente às formas da consciência social, tais como a religião, as leis, a educação, a literatura, a filosofia, a ciência, a arte etc. Também nesse caso ocorre a sujeição ideológica da classe dominada, cuja cultura e modo de vida reflete as ideias e os valores da classe dominante. Figura 2– Infraestrutura e Superestrutura Empresarial Todos aqueles que são interessados ou afetados no contexto de uma empresa, não sendo, porém, necessariamente relacionado aos assuntos econômicos são os que caracterizamos como stakeholders. Neste sentido temos tanto na base da infraestrutura como na superestrutura os stakeholders diretos e indiretos. Os stakeholders diretos (ou internos) relacionados nas duas estruturas são aqueles pertencentes aos grupos mais presentes como os funcionários, acionistas, diretores, cliente etc. Os mais indiretos (externos) são as comunidades, governo, mídia, os concorrentes e demais grupos de interesses. Para melhor compreendermos os atores responsáveis socialmente, dividimos a empresa em duas grandes áreas: a infraestrutura e superestrutura. A nossa intenção não é caracterizar ou dar ênfase à empresa dentro de uma forma piramidal, mas mostrar as responsabilidades e a necessidade de interação entre os atores, ou seja, entre os que estão no âmbito da legislação, das ideologias apresentadas e sancionada pela classe política e instituições representativas das classes empresariais e trabalhadoras. Aqueles, porém que representam os stakeholders diretos nas duas estruturas de cujas empresas por esses são representados proporcionam ou não uma administração democrática, participativa, e flexiva; Na infraestrutura, encontram-sestakeholders diretos, aqueles que traduzem a legislação sobre as normas, trabalhando com o propósito de produzir a própria existência da empresa (prática); são eles: os funcionários, os setores, os fornecedores etc., enfim todos os que estão ligados diretamente à base da empresa, transformando a teoria em prática. É nessa base que se encontram, portanto, as traduções sobre as reais necessidades e toda a estrutura que visa a realização das metas e dos propósitos estipulados pela instituição empresarial na prática. Na superestrutura, estão os stakeholders indiretos que legislam sobre o que se pretende com as empresas (teoria) de forma geral. Para concluir os processos empresariais no âmbito da legislação, é necessária a participação conjunta das duas bases; no entanto, é aqui que geralmente encontramos uma administração personalista, não participativa, não democrática.