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Resumo de planejamento escolar e avaliação da aprendizagem 2018.1

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Aula 2: Planejamento: Um Passo a Mais Planejamento e Gestão: uma Relação Produtiva 
Aula 02 - Tela 02
	
		Ao final desta aula, o aluno será capaz de:
1. Identificar conceitos e características do planejamento participativo na escola;
2. identificar conceitos e características do planejamento escolar estratégico;
3. refletir acerca dos limites e possibilidades do planejamento participativo no âmbito educacional e/ou escolar;
4. compreender o papel do planejamento estratégico no âmbito educacional e/ou escolar.
	
Existe um relacionamento quase cômico entre a atividade de planejar e a de arquivar: as pessoas que se envolvem em planejamento ortodoxo no Brasil necessitam, rapidamente, de algumas lições de arquivista. Isso porque a maioria dos planos alcança, numa boa hipótese, um lugar respeitável no arquivo da instituição a que se ligam ou no de outras, cujos membros se interessam pelo estudo desses pretensiosos filhos da burocracia (Gandin, 2010).
Nossa aula de hoje começa com esta citação de Danilo Gandin com a intenção de provocar algum estranhamento e, é claro, o debate. Depois de ler tal afirmativa, a princípio bastante polêmica, a primeira pergunta que parece inevitável poderia ser assim formulada:
Mas se isso é verdade, por que tanto esforço para aprender sobre processos de planejamento na escola? Para em seguida perguntar: será que é sempre assim? O destino dos planos e/ou programações (produtos dos processos de planejamento) é mesmo o arquivo ou, pior, o fundo das gavetas?
Antes mesmo de prosseguir na leitura desse texto básico, seria interessante fazer um breve levantamento das possíveis respostas em torno dessas duas questões.
Podemos ter algumas surpresas, tais como: alguns educadores poderão concordar com o autor e responder que é assim mesmo “os planos vão sempre para algum lugar que ninguém mais vê depois do primeiro contato”.
Outros educadores poderão dizer: “o autor está inteiramente equivocado, porque sem planejamento não há como fazer a escola funcionar”.
E outros ainda, mais antenados com as nossas ideias trabalhadas até aqui, poderão afirmar: “as respostas a essas duas perguntas vão depender do modo como tais processos são vividos na escola”. E podem acrescentar: “se a escola tem práticas autoritárias, é bem provável que o destino seja exatamente esse, quer dizer, o arquivo, e isso na melhor das hipóteses”.
O primeiro grupo nos parece integrado por educadores bastante pessimistas, pois consideramos que eles descartam o planejamento como um processo importante e necessário para fazer a escola funcionar segundo parâmetros intencionalmente definidos.
Já o segundo grupo parece ser constituído por educadores mais idealistas ou mesmo românticos que acreditam no planejamento como uma boa varinha de condão que pode transformar tudo.
Todavia, o terceiro grupo – com o qual nos identificamos – parece apostar que o planejamento e os planos, ou programações dele decorrentes, fazem sentido na medida em que o próprio processo de planejar seja realizado de modo a fazer sentido para todos aqueles nele e com ele envolvidos.
Sobre o planejamento participativo
Muito se tem dito sobre a importância de superar uma dimensão meramente instrumental no ato de planejar. A proposta de que o planejamento é multidimensional, ou seja, tem dimensões políticas, envolvendo inclusive tomada de decisões, dimensões sociais e culturais, precisando ser sempre contextualizado, além de suas dimensões técnicas e operacionais, traz no seu bojo um princípio que nos parece relevante e que precisa ser alvo de nossas reflexões. Ser elaborado de modo participativo, muito mais do que uma característica metodológica, nos parece ser um princípio fundamental e norteador do seu processo de elaboração.
O que você entende por planejamento escolar participativo? Digite no campo abaixo em poucas palavras e depois clique no botão Enviar.
Cabe ressaltar que entendemos por planejamento escolar participativo aquele cuja elaboração se dá com a participação de todos os diferentes segmentos que compõem e dialogam com a escola, buscando articular e integrar suas ideias, demandas, necessidades, propostas, sempre numa perspectiva não só de apontar os caminhos, como também transformar a realidade intra e extraescolar.
Entender o planejamento participativo... Entender o planejamento participativo como princípio implica estimular a convivência, a troca de experiências, o intercâmbio entre dirigentes, especialistas, professores, alunos, suas famílias e outros segmentos da comunidade, que discutem, decidem, executam e avaliam todos os aspectos e/ou elementos que compõem o planejamento - desde os pressupostos básicos norteadores das ações/atividades, passando por objetivos, conteúdos, programações, modos e/ou estratégias para implementar as ações/atividades, recursos até os mecanismos de acompanhamento e avaliação, entre outros.
Em síntese... Em síntese: o importante é que a perspectiva da participação se dê ao longo de todos os momentos, etapas e níveis de elaboração do planejamento, favorecendo inclusive a tão desejada articulação entre teoria e prática na concepção e realização do próprio processo educativo.
Elaborar um planejamento... Elaborar um planejamento de modo participativo na escola implica em acreditar no potencial da produção coletiva e na possibilidade de vivências pautadas na colaboração, na solidariedade, na soma de esforços, no sentido de promover a construção de relações menos hierarquizadas e, portanto, mais democráticas na vivência escolar.
1 Segundo Santos e Grumbach (2005, p. 127)...
Segundo Santos e Grumbach (2005, p. 127), o planejamento participativo avança em relação a outros planejamentos presentes no meio educativo, pois agrega a questão política, através da expressão das intenções individuais e coletivas pelo diálogo, ajudando a fortalecer a consciência crítica e o poder na escola.
2 Entendemos, portanto, que o planejamento elaborado de modo participativo busca..
Entendemos, portanto, que o planejamento elaborado de modo participativo busca superar alternativas meramente instrumentais e/ou tecnocráticas e/ou funcionalistas, e/ou de caráter mais impositivo ou mais autoritário e que com frequência são adotadas. Além disso e, principalmente, busca fomentar - no âmbito educativo - a concepção e realização de planejamentos mais adequados e articulados com a realidade na qual está inserido e na qual deseja intervir para transformar.
3 Elaborado de maneira participativa, acreditamos que o planejamento tende...
Elaborado de maneira participativa, acreditamos que o planejamento tende a ser “mais verdadeiro”, na medida em que centrado no diálogo produtivo, na análise crítica e coletiva da realidade e no intercâmbio de experiências (tanto no que se refere aos problemas a serem enfrentados quanto às possíveis soluções), pode ser um espaço “concreto” para a expressão não só dos anseios de toda a comunidade intra e extraescolar, como também dos caminhos que ela pretende percorrer para alcançar os seus objetivos, mas respeitando os seus próprios limites e possibilidades.
Cabe sublinhar e reiterar que o planejamento de caráter participativo se aplica a todos os âmbitos e/ou níveis de decisão/elaboração/realização, abrindo espaços para todos os envolvidos – desde o planejamento educacional mais amplo até o planejamento do processo de ensino-aprendizagem, mais especificamente – e, consequentemente, exigindo que todos esses sujeitos e/ou atores assumam suas responsabilidades individuais e coletivas, bem como os seus compromissos decorrentes dos planos e dos projetos que eles mesmos formularam e/ou definiram.
Democratizar decisões e, de modo coletivo, estabelecer as prioridades, além de decidir sobre que educação e que escola desejam construir são possibilidades abertas pelo planejamento participativo e que devem nos incentivar a adotá-lo no âmbito educativo e escolar. Acreditamos que vale concluir essa etapa de nossa reflexão (e aula) com um texto de Danilo Gandin (2010, p. 110), com a
proposta de trocar ideias com outros educadores e ampliar as nossas reflexões em torno da relevância, dos limites e das possibilidades da adoção do planejamento participativo na escola.
E consideramos oportuno acrescentar: e se essa liberdade de escolha é vivida de modo coletivo e partilhada por todos, é bem provável que tenhamos a possibilidade de encontrar caminhos ainda mais significativos para todos, até mesmo para poder acolher alguns desvios ou improvisos - tão comuns quando estamos fazendo nossas caminhadas ainda que seja pelo que combinamos ser o mais adequado ou melhor caminho – sem, no entanto, nos desviarmos ou distanciarmos dos nossos objetivos finais e da possibilidade de construirmos novos caminhos.
Há os que julgam que insistir no planejamento é buscar prisões, impedir a inspiração, esquecer-se das pessoas. Isso realmente é assim quando há os que dominam o planejamento, os que realizam planejamento burocrática e tecnocraticamente. Não é assim para aqueles que usam o planejamento como uma estrada asfaltada para ir mais depressa a algum lugar. Pode se dizer que o asfalto tira a liberdade porque nos constrange a ir por ele sem nos deixar o caminho dos campos e das cachoeiras. “Mas, se temos a liberdade de escolher os lugares aonde queremos e precisamos ir, o asfalto é um modo de irmos melhor”.
Sobre o planejamento estratégico
É apenas a nossa terceira aula, e inúmeros adjetivos ou expressões adjetivas já foram incorporados ao substantivo planejamento, tais como:
Educacional estratégico ensino-aprendizagem político-social escolar curricular pedagógico-curricular participativo
Na maioria dos casos apresentados, procuramos apontar algumas definições e/ou alguns conceitos que os caracterizam. Todavia e dada a frequência com que aparecem na literatura sobre planejamento, consideramos que seria ainda adequado fazer comentários e propor reflexões, mesmo que breves, sobre o que muitos autores denominam planejamento estratégico e sua relevância no âmbito educativo em geral e, particularmente, na escola.
Para começar, gostaríamos de lembrar um dos conceitos que apresentamos na aula 01, ou seja, o de Planejamento político-social, referindo-se às linhas mais gerais e/ou princípios que deverão nortear as ações educativas e, portanto, mais centrado na definição de finalidades e estratégias, buscando responder a questões, tais como: para quem, para que, o que e como, em uma perspectiva mais globalizante, com metas de médio e longo prazos. Vale lembrar que na mesma oportunidade ressaltamos que tal planejamento é chamado, muitas vezes, de Planejamento educacional estratégico.
Adotando esse mesmo conceito no âmbito escolar, é possível dizer que, nesse espaço, o planejamento estratégico envolve a definição das diretrizes gerais e/ou dos princípios básicos, norteadores de sua ação, a definição dos seus objetivos também gerais e da sua programação geral, tendo sempre presente a realidade na qual está inserida e os sujeitos a quem se destina.
Envolve ainda o estabelecimento de estratégias, no sentido de contribuir para reduzir as incertezas, superar as dificuldades, minimizar os pontos fracos constatados, segundo o diagnóstico realizado no interior do próprio processo de planejamento. São estratégias ou procedimentos estratégicos concebidos, portanto, na perspectiva de superar os obstáculos e vencer os desafios que se colocam para a viabilização das propostas de trabalho.
Veja um exemplo que pode facilitar a compreensão do que estamos chamando de procedimentos estratégicos.
Uma escola de médio porte, responsável pelo Ensino Fundamental de 800 crianças, situada em uma área metropolitana do Rio de Janeiro...
Uma observação: também e importante é necessário que todos os envolvidos na dinâmica da vida escolar participem definição desses procedimentos. Por sua vez a implementação de tais mecanismos e muito mais uma tarefa dos membros e da direção e da coordenação escola, embora; a qualquer momento, eles possam solicitar o apoio de outro intrigante de sua equipe.
E mais uma observação: muitas vezes, no âmbito escolar, os elementos e/ou aspectos que compõem um planejamento estratégico acabam sendo incorporados no projeto político- pedagógico da escola, tendo em vista a natureza, a abrangência e o grau de complexidade dessa unidade educacional.
E para concluir esta aula,sugerimos que você procure fazer contato com escolas públicas e particulares com objetivo de verificar como elas estão lidando com a questão do planejamento, nos seus diferentes níveis,desde o planejamento mais geral – que estamos aqui chamado de estratégico - - passando pelo seu projeto político – pedagógico e chegando até o planejamento de ensino-aprendizagem (plano anual e de aula).
Procure saber se as escolas adotam esses diferentes níveis ou fazem algum outro tipo de categorização. Tente verificar também que dinâmica são usadas para desenvolver os processos de planejamento. Registre tudo,e em seguida,reflita sobre as aproximações e distanciamentos em relação ás ideias trabalhadas durantes nossas aulas.
Bibliografia Complementar Consultada e/ou de Referência
GANDIN, Danilo. Prática do planejamento participativo: na educação e em outras instituições, grupos e movimentos dos campos cultural, social, político, religioso e governamental. Petrópolis: Vozes, 2000 (8ª edição).
GANDIN, Danilo. Planejamento como prática educativa. São Paulo: Edições Loyola, 2010 (18ª edição).
LOPES, Antonia Osima. Planejamento de ensino numa perspectiva crítica de educação. In: VEIGA, Ilma Passos Alencastro (coord.). Repensando a Didática. Campinas, SP: Papirus, 1996 (11ª edição), p.41 a 52.
SANTOS, Ana Lúcia C. e GRUMBACH, Gilda Maria. Didática. V. 2. Rio de Janeiro: Fundação CECIERJ, 2005.
No cotidiano das escolas, em especial no final e início de ano, é realizada uma série de atividades como preencher formulários com objetivos, conteúdos, estratégia, avaliação, indicação de livros didáticos etc. Outras vezes, os professores são convocados para discutirem a proposta pedagógica da escola. O que se percebe, no entanto, é que com frequência essas atividades são feitas quase que mecanicamente, cumprindo prazos e rituais formais, vazios de sentido. É muito comum o professor considerar tudo isso como mais uma burocracia... (Vasconcellos, 2000, p. 15-16).
Acreditamos que essas considerações apresentadas por Celso Vasconcellos na tela anterior podem alimentar um bom debate já que elas sugerem muitas questões, como, por exemplo:
Celso Vasconcelos: O autor tem razão quando afirma que na maioria das vezes o ato de planejar na escola é mecânico?
Celso Vasconcellos:O autor tem razão quando afirma que na maioria das vezes o ato de planejar na escola é mecânico?
 E, caso seja verdade, por que isso acontece? 
Ocorre em todas as escolas?
Até que ponto a direção da escola é responsável por transformar o momento do planejamento em uma situação meramente formal ou burocrática?
Ou, em outras palavras, até que ponto os diretores e coordenadores usam o planejamento como um mecanismo de controle?
Ou são os professores que, na verdade, são demasiadamente resistentes à elaboração do planejamento?
Existe possibilidade de mudar esse quadro?
Certamente essas questões vistas nas telas anteriores não têm uma única resposta. A complexidade das questões e mesmo a pluralidade dos contextos sugerem que cada caso é um caso. Certamente a situação é diferente em cada escola.
Algumas podem estar vivendo situações bastante adversas, onde as relações entre a direção, a equipe técnico-pedagógica, os professores, os alunos e os demais sujeitos que participam da vida escolar são problemáticas, em constantes conflitos, enquanto outras escolas estão buscando construir relações menos autoritárias, mais democráticas e outras, por sua vez, já alcançaram um estágio mais avançado com uma vivência pautada pela construção coletiva, pela parceria, com descentralização do poder.
Mas seja qual for o estágio em que a escola se encontra, o tema do planejamento como instrumento
de gestão nos parece ser bastante pertinente, uma vez que o ato de planejar (considerado como um processo permanente e não apenas circunscrito a alguns momentos no início e/ou no final do ano letivo) pode ser uma boa oportunidade não só para o grupo interagir em torno da construção/atualização da proposta da escola, como também para “afinar” concepções, ideias, opiniões, construindo consensos (mesmo que provisórios), na perspectiva do alcance de metas e objetivos comuns.
Essa certamente não é uma situação comum, ou seja, um grupo integrado, caminhando na mesma direção: construir e fazer acontecer uma escola que responda às exigências de seus alunos, em consonância com a construção de uma sociedade mais justa, democrática e solidária. Todavia, os momentos dedicados à elaboração do planejamento, à sua implementação e às suas constantes revisões e/ou atualizações podem se constituir em boas oportunidades para tecer tal integração. Em outras palavras, podem se constituir em boas oportunidades para se tecer uma gestão democrática da escola.
Ser desenvolvido - Mas já sabemos (as nossas reflexões ao longo das três primeiras aulas nos forneceram alguns subsídios nessa direção) que, para que esta integração seja possível, é necessário que o planejamento em seus diferentes níveis aconteça marcado por alguns princípios básicos como, por exemplo: 
Ser pensado - Ser pensado para além de sua dimensão instrumental, entendido, inclusive como um instrumento político, na medida em que expresse as intenções, os princípios e as finalidades da escola.
Ser elaborado -Ser elaborado de modo participativo, acolhendo, discutindo e incorporando no processo do planejamento as propostas construídas de modo coletivo pelos diferentes sujeitos que participam da vida escolar.
Por sua vez, não podemos colocar no planejamento toda a responsabilidade pela realização de uma gestão democrática – ele pode ser sim (dependendo de seus princípios e do modo como é apropriado pela escola) ser um instrumento, um mecanismo ou uma estratégia para fomentar e dar sustentação a uma gestão, cujo poder seja mais partilhado e/ou mais descentralizado, com participação dos seus diferentes grupos nos diversos processos decisórios.
Contudo, é necessário ter vontade política e acreditar que esse processo pautado por relações menos hierarquizadas é mais rico e pode construir um trabalho mais adequado, fruto do diálogo entre os sujeitos que integram a comunidade escolar.
Sobre a gestão democrática e o planejamento participativo na escola
Ninguém mais duvida do fato de que a sociedade atual vive em constantes processos de mudanças e/ou transformações, provocadas por inúmeros fatores como, por exemplo: a existência, sem precedentes, de uma revolução tecnológica e das comunicações que afeta, entre outros aspectos, os chamados processos de produção, disseminação e consumo de conhecimentos; a globalização da sociedade que atinge os sistemas produtivos, de organização do trabalho e o próprio modelo vigente de desenvolvimento econômico, gerando inclusive exclusão social; as mudanças de paradigma que afetam a própria produção científica e do conhecimento; a crise ambiental, a crise ética, entre outros aspectos ou fatores.
 
E é nesse mesmo contexto desafiador que se insere a instituição escolar. Um contexto sociopolítico e cultural tão desafiador que, segundo entendemos, está exigindo a reinvenção da escola e, consequentemente, está exigindo uma nova maneira de gerir esta escola reinventada.
E é nesse mesmo contexto desafiador que se insere a instituição escolar. Um contexto sociopolítico e cultural tão desafiador que, segundo entendemos, está exigindo a reinvenção da escola e, consequentemente, está exigindo uma nova maneira de gerir esta escola reinventada.
E uma observação: Para nós esse contexto é tão complexo e plural que não existiria uma única maneira ou um único formato de conceber e fazer acontecer a escola. Entretanto, acreditamos que, seja qual for o caminho, a sua construção e a sua gestão precisam ser pensadas e realizadas de modo coletivo e em permanente diálogo com a dinâmica política, social e cultural na qual está inserida. Vale sublinhar que não fazemos parte do grupo que acredita que, para transformar a educação e a escola de modo que respondam às exigências do contexto e às atuais necessidades e inquietudes das crianças e dos jovens, basta fazer mudanças na qualidade e na natureza da sua gestão.
Todavia, consideramos que ela é sim uma dimensão relevante e que, portanto, deve ser cuidada e repensada, no sentido de contribuir para a construção de uma educação e de uma escola de qualidade para todos. E, nesse caso, acreditamos que é fundamental que a gestão da educação e da escola aconteça tendo presente princípios de uma democracia participativa e que tenha no seu horizonte a transformação da própria sociedade.
Na verdade, estamos pondo em relevo uma gestão que pense a educação e a escola para além de uma simples adaptação às necessidades do contexto. Ao contrário, estamos sugerindo uma gestão que seja capaz de transformar a realidade política, social e cultural, onde todas as pessoas sejam igualmente sujeitos de direitos e tenham respeitadas e valorizadas as suas diferenças.
E, segundo a nossa compreensão, uma gestão da educação e da escola vivida nesses termos é uma gestão que atinge diferentes aspectos e dimensões, como por exemplo: a valorização dos educadores, criando inclusive condições dignas de sua formação, de salário e de trabalho; a universalização do acesso à escola, acompanhada da preocupação com a permanência dos alunos e a qualidade da sua educação; a viabilização de espaços educativos acolhedores e adequados ao desenvolvimento de projetos pedagógicos inovadores; a concepção de currículos e também práticas educativas mais “antenadas” com as exigências do mundo atual, a transformação do quadro de violência escolar, a construção de relações democráticas com a comunidade intra e extraescolar, entre outras dimensões de caráter político-sociocultural, técnico-pedagógico, técnico-administrativo, financeiro e operacional.
Tendo presente essas considerações, entendemos que o planejamento participativo pode ter uma função gerencial importante, na medida em que pode se constituir em um espaço de reflexão e de tomada de decisões coletivas, apontando caminhos não só para responder às exigências do presente como também para projetar a escola para o futuro. Além de ser um instrumento que pode contribuir para e/ou facilitar a concepção, a organização, a coordenação, a orientação e a realização das atividades/ações escolares, bem como a mobilização e a articulação das condições humanas, materiais e financeiras para fazer a escola acontecer, o planejamento participativo pode ser uma oportunidade, um espaço para se pensar e conceber os caminhos para a construção de uma escola comprometida não só com a promoção de aprendizagens mais significativas para os seus alunos, como também com a formação de sujeitos mais autônomos, críticos e criativos, capazes de serem sujeitos de direitos e cidadãos construtores de uma nova sociedade.
Podemos afirmar que planejar é ação bem antiga. No cotidiano e ao longo de nossas vidas, fazemos muitos planejamentos e, na maioria das vezes, nem temos a consciência disso.
Apesar de muita gente ter uma atitude cética diante do planejamento, as reflexões que realizamos até aqui nos colocam no grupo daqueles que acreditam que o ato de planejar no contexto escolar (já que esse é o foco da nossa reflexão) tem muito potencial, observados, é claro, alguns princípios já exaustivamente apontados ao longo de nossas aulas.
 Esses princípios se referem a: ser participativo, ser flexível, estar em constante processo de avaliação e reelaboração, dialogar com os contextos, abranger diferentes dimensões, buscar responder às questões básicas do por que, para que, para quem etc.
Vale lembrar que o planejamento nos diferentes setores da vida em sociedade - em casa, na empresa, no governo e mesmo na escola - passou por
toda uma evolução no que se refere ao seu conceito, à maneira de ser realizado, às suas características e, até mesmo, às suas funções.
Para simplificar, poderíamos dizer que ele passou por diferentes etapas, desde um instrumento meramente burocrático, fechado, muitas vezes realizado de forma acrítica e a serviço de um projeto mais autoritário, até se constituir em algo que pode ser visto como um procedimento que incorpora múltiplas dimensões, que é capaz de promover o diálogo e de ajudar a construir um projeto comum e transformador.
É bem provável que essas diferentes realidades sobre o planejamento convivam. Entretanto, é fundamental que tenhamos consciência crítica para identificá-las, analisá-las e escolher nossos caminhos. No âmbito de nossas aulas nós escolhemos a perspectiva mais transformadora e democrática, mesmo considerando que, em muitas situações, isso é remar contra a maré.
Apostar no planejamento escolar nessa perspectiva é considerar a escola como um espaço aberto, dinâmico, em constante interação com o mundo político, social e cultural e, desse modo, conceber o planejamento como um processo também aberto e dinâmico, realizado e reelaborado continuamente tendo presente os diagnósticos quantitativos e qualitativos da realidade. Também, tem-se a ideia de que ele é um processo que pretende intervir e transformar essa mesma realidade que está em constante movimento, ou seja, um processo a serviço da construção de uma sociedade mais justa e digna para todos.
Último comentário: é comum depositar na direção da escola toda a responsabilidade não só pela sua gestão, como também pela elaboração do planejamento, principalmente no que se refere ao planejamento escolar no nível mais geral denominado de projeto político-pedagógico. Reveja a aula 01.
Todavia, uma gestão menos hierarquizada e mais democrática não só partilha a gestão como um todo como estimula e promove um planejamento realizado de modo mais participativo e/ou colaborativo.
Acreditamos que esse é mais um desafio a ser vivido pela escola e que vai exigir de todos os seus integrantes uma análise e, provavelmente, uma revisão da cultura organizacional escolar: suas rotinas, seus ritmos, suas normas, formas de relação, entre outros aspectos.
Isso, com certeza, também vai exigir que todos queiram, se preparem e/ou se fundamentem para viver tal revisão, de modo que ela possa afetar todas as dimensões da escola, colocando-a na direção do caminho que juntos traçaram.
Bibliografia Complementar Consultada e/ou de Referência
ALONSO, Myrtes. Gestão escolar: revendo conceitos. São Paulo, PUC-SP, 2004. 
FULLAN, Michael & HARGREAVES, Andy. A escola como organização aprendente. Porto Alegre; Artmed, 2000.
GANDIN, Danilo. Prática do planejamento participativo: na educação e em outras instituições, grupos e movimentos dos campos cultural, social, político, religioso e governamental. Petrópolis: Vozes, 2000 (8ª edição).
SANTOS, Ana Lúcia C. e GRUMBACH, Gilda Maria. Didática. V. 2. Rio de Janeiro: Fundação CECIERJ, 2005.
VASCONCELLOS, Celso dos S. Planejamento. Projeto de Ensino-Aprendizagem e Projeto Político-Pedagógico. 
São Paulo, Libertad, 2000 (7ª edição), 2006 (13ª edição).

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