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Emissões Otoacústicas

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UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL – ULBRA
CURSO DE FONOAUDIOLOGIA
FELIPE DE OLIVEIRA GOULART
AUDIOLOGIA CLÍNICA
EMISSÕES OTOACÚSTICAS
2018/1
Canoas, março de 2018.
FELIPE DE OLIVEIRA GOULART
AUDIOLOGIA CLÍNICA
EMISSÕES OTOACÚSTICAS
Trabalho apresentado à disciplina de Audiologia Clínica do curso de graduação em Fonoaudiologia da Universidade Luterana do Brasil, como requisito parcial para a avaliação de Grau 1 referente ao primeiro semestre de 2018.
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Prof. Fga. Marion Cristine De Barba
2018/1
Canoas, março de 2018.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ...........................................................................................................04
EMISSÕES OTOACÚSTICAS ...................................................................................05
EMISSÕES OTOACÚSTICAS ESPONTÂNEAS.................................................06
EMISSÕES OTOACÚSTICAS EVOCADAS ........................................................06
TRIAGEM AUDITIVA NEONATAL .........................................................................08
TRIAGEM AUDITIVA ESCOLAR ............................................................................11
INDIVÍDUOS EXPOSTOS A RUÍDO E OTOTÓXICOS ..........................................12
CONCLUSÃO ...............................................................................................................13
BIBLIOGRAFIA ..........................................................................................................15
INTRODUÇÃO:
As Emissões otoacústicas são sons gerados dentro da cóclea normal, espontaneamente ou em resposta à estimulação acústica. 
No estudo a seguir abordaremos os conceitos, classificação das emissões otoacústicas, caracterização e aplicação nas triagens auditivas neonatais e escolares e monitoramento de indivíduos expostos a ruído e ototóxico. 
 EMISSÕES OTOACÚSTICAS:Apto normal
Apto com espaço restrito
Não Apto obstruído
Segundo Norton e Stover (1994), emissões Otoacústicas são os sons gerados dentro de uma cóclea normal que podem ser registrados no meato acústico externo. 
As Emissões Otoacústicas (EOA) foram observadas e descritas pela primeira vez por David Kemp, em 1978 como “liberação de energia sonora produzida na cóclea que se propaga pela orelha média até o meato acústico externo”. Acredita-se que as emissões Otoacústicas refletem a atividade de mecanismos biológicos ativos que existem dentro da cóclea, responsáveis pelo sua extrema sensitividade em relação à frequência e intensidade do estímulo.
Para entendermos melhor o que são as emissões otoacústicas é importante relembrar a anatomia da orelha humana. 
A orelha é dividida em três partes: externa, média e interna:
A orelha externa também é formada por três partes: o pavilhão auricular, que capta os sons do meio ambiente, levando-os para a segunda parte, o canal auditivo externo, que por sua vez os conduz para o tímpano, que é a terceira parte.
A orelha média (formada por três ossículos chamados martelo, bigorna e estribo), tem unicamente a função de transmitir os sons da orelha externa para a interna, amplificando-os simultaneamente.
A orelha interna (ou labirinto) apresenta duas divisões, sendo que uma delas está localizada mais posteriormente (o vestíbulo – responsável pelo equilíbrio do corpo, cuja doença é conhecida popularmente como “labirintite” – veja artigo sobre este tema) e a outra, mais anteriormente, ou seja, mais para frente (a cóclea – responsável pela audição).
A cóclea é um tubo (composto de três tubos mais finos), enrolado sobre si mesmo, com a aparência semelhante à de um caracol.
Quando um som chega à cóclea, através da vibração do estribo, ocorre uma “onda” na perilinfa, começando na rampa vestibular e se dirigindo para a rampa timpânica. No trajeto essa “onda” provoca oscilações ou deslocamentos da membrana vestibular, da membrana tectorial e da membrana basilar. A cóclea funciona através de dois mecanismos: 
O mecanismo passivo é desencadeado por sons de 40 a 60 dB NPS. A energia sonora é suficiente para mover os estereocílios das células ciliadas internas, o que leva à despolarização da própria célula e liberação de substâncias (a principal é a acetilcolina) que produzem um potencial de ação no nervo acústico, transmitindo a mensagem até o sistema nervoso central.
O mecanismo ativo é desencadeado por sons abaixo de 40 dB. A energia movimenta os estereocílios das células ciliadas externas, abrindo os canais de potássio, o que despolariza a célula e muda o seu comprimento. Isto provoca maior movimento do ducto coclear, o que gera inclinação dos estereocílios das células ciliadas internas e em consequência ocorre também o mecanismo passivo, transmitindo a mensagem até o sistema nervoso central.
Existem dois tipos de otoemissões: a espontânea, que ocorre na ausência de estimulação externa e; a evocada, que ocorre durante ou após estimulação acústica externa. 
EMISSÕES OTOACÚSTICAS ESPONTÂNEAS:
Acredita-se que o mecanismo natural de amplificação coclear, a disposição das células ciliadas externas ou a presença de micro lesões assintomáticas podem provocar alterações na função coclear e, consequentemente, gerar emissões otoacústicas na ausência de estimulação sonora. 
As EOA espontâneas são respostas emitidas pela cóclea que independem da estimulação acústica, porém sem utilização clínica, pois está presente em 40-60% dos indivíduos com audição normal.
EMISSÕES OTOACÚSTICAS EVOCADAS:
As emissões otoacústicas evocadas são uma resposta a um estímulo acústico e depende de propriedades ativas da cóclea. Tais emissões constituem um índice muito sensível da integridade do mecanismo auditivo, uma vez que a resposta desaparece quando existe qualquer anomalia funcional.
Por ser uma técnica não invasiva e por serem muito sensíveis ao estado da cóclea, as emissões otoacústicas evocadas são um instrumento muito valioso na prática audiologica. 
As emissões otoacústicas evocadas são classificadas em três tipos de acordo com o estímulo:
Emissões Otoacústicas Transientes: São sons de fraca intensidade produzidos pela cóclea , que são captadas através de uma sonda no meato acústico externo. Usa como estímulo sonoro o click ou tone burst. Abrange faixa de frequência de 0.5Hz a 4kHz.
Emissões Otoacústicas Produto de distorção: São respostas da cóclea a um estímulo de dois tons puros intermodulados apresentados simultaneamente. Abrange maior faixa de freqüência (até 8kHz). 
Emissões Otoacústicas Estímulo- freqüência: São respostas evocadas por sinais contínuos de fraca intensidade. São pouco utilizadas na prática clínica pela dificuldade em separa o estímulo da resposta.
TRIAGEM AUDITIVA NEONATAL:
Segundo o GATANU (Grupo de Apoio a Triagem Auditiva Neonatal Universal), a audição é fundamental para a aquisição e desenvolvimento da fala e linguagem. A realização da triagem auditiva neonatal (TAN) de rotina é a única estratégia capaz de detectar precocemente alterações auditivas que poderão interferir na qualidade de vida do indivíduo. O processo de detecção de alterações auditivas deve começar com a triagem auditiva neonatal, acompanhada do diagnóstico, protetização e intervenção precoces. Os primeiros 6 meses de vida são decisivos para o desenvolvimento futuro da criança deficiente auditiva.
A lei nº 12.303, sancionada em 02 de agosto de 2010 torna obrigatória a realização gratuita das Emissões Otoacústicas Evocadas, em todos os hospitais e maternidades, nas crianças nascidas em suas dependências em todo o território nacional.
A Triagem Auditiva Neonatal (TAN) tem por finalidade a identificação o mais precocemente possível da deficiência auditiva nos neonatos e lactentes. Consiste no teste e reteste, com medidas fisiológicas e eletrofisiológicas da audição, com o objetivo de encaminhá-los para diagnóstico dessa deficiência, e intervenções adequadas à criança e sua família.
No caso de deficiência auditiva
permanente, o diagnóstico funcional e a intervenção iniciados antes dos seis meses de vida da criança possibilitam, em geral, melhores resultados para o desenvolvimento da função auditiva, da linguagem, da fala, do processo de aprendizagem e, consequentemente, a inclusão no mercado de trabalho e melhor qualidade de vida.
A TAN deve ser realizada, preferencialmente, nos primeiros dias de vida (24h a 48h) na maternidade, e, no máximo, durante o primeiro mês de vida, a não ser em casos quando a saúde da criança não permita a realização dos exames. No caso de nascimentos que ocorram em domicílio, fora do ambiente hospitalar, ou em maternidades sem triagem auditiva, a realização do teste deverá ocorrer no primeiro mês de vida.
Deve ser organizada em duas etapas (teste e reteste), no primeiro mês de vida. A presença ou ausência de indicadores de risco para a deficiência auditiva (Irda) deve orientar o protocolo a ser utilizado:
Para os neonatos e lactentes sem indicador de risco, utiliza-se o exame de Emissões Otoacústicas Evocadas (EOAE). Caso não se obtenha resposta satisfatória (falha), repetir o teste de EOAE, ainda nesta etapa de teste. Caso a falha persista, realizar de imediato o Potencial Evocado Auditivo de Tronco Encefálico (Peate- Automático ou em modo triagem).
Para os neonatos e lactentes com indicador de risco, utilizasse o teste de Peate-Automático ou em modo triagem.
A Triagem Auditiva Neonatal, o diagnóstico funcional e a reabilitação fazem parte de um processo contínuo e indissociável, para que se alcance o desfecho esperado em crianças com perdas auditivas permanentes. A TAN, sem as etapas subsequentes de diagnóstico funcional e reabilitação,não será efetiva. Portanto, além da realização do teste e reteste, é necessário que se garanta o monitoramento e acompanhamento do desenvolvimento da audição e linguagem e, sempre que necessário, o diagnóstico e a reabilitação.
A etapa de realização do teste deve contemplar:
Acolhimento aos pais.
Levantamento do histórico clínico e riscos.
Verificação dos dados pesquisados no prontuário ou no resumo de alta. Sempre que possível as informações devem ser obtidas por meio do pediatra/ neonatologista responsável. 
Realização do exame. 
RETESTE: A realização da etapa de reteste deverá acontecer no período de até 30 dias após o teste. O reteste deve ser realizado em ambas as orelhas, mesmo que a falha no teste tenha ocorrido de forma unilateral.
MONITORAMENTO: Os neonatos e lactentes com indicadores de risco que obtiveram respostas satisfatórias na triagem devem realizar o monitoramento mensal do desenvolvimento da audição e da linguagem na atenção básica.
ACOMPANHAMENTO: Os neonatos e lactentes sem indicadores de risco que obtiveram respostas satisfatórias na triagem devem realizar o acompanhamento mensal do desenvolvimento da audição e da linguagem na atenção básica.
DIAGNÓSTICO: Todo neonato ou lactente que não apresentar respostas adequadas na triagem ou no monitoramento, ou ainda no acompanhamento, deverá ser referenciado e ter acesso ao diagnóstico funcional, nos Centros Especializados de Reabilitação (CER) com o Serviço de Reabilitação Auditiva e no Serviço de Atenção à Saúde Auditiva de Alta Complexidade habilitados pelo Ministério da Saúde.
TRIAGEM AUDITIVA ESCOLAR: 
Segundo a resolução nº 274, de 20 de Abril de 2001 do Conselho Federal de Fonoaudiologia, a triagem auditiva escolar deve constar de no mínimo: meatoscopia, timpanometria, varredura do reflexo acústico em 100 dB nas frequências de 1000 a 4000 Hz e pesquisa dos limiares de Via Aérea de 1000 a 4000 Hz (técnica de varredura em 20 dB); a criança que falhar no teste deverá ser triada novamente pelo fonoaudiólogo em 10 a 15 dias para confirmação dos resultados; o Fonoaudiólogo deverá obrigatoriamente indicar 3 (três) ou mais profissionais qualificados para o atendimento das crianças que falharem na triagem. Entre os objetivos da Triagem Auditiva Escolar destacam-se: 
Identificar as alterações de orelha média e/ou interna.
Conscientizar pais e professores quanto a importância da integridade e auditiva.
Encaminhar as crianças com alterações auditivas para avaliação audiológica e otológica.
Prevenir sintomas audiológicas e de processamento auditivo.
Orientar professores a utilizar recursos para minimizar os efeitos das perdas auditivas em sala de aula.
Monitorar anualmente as crianças que faltaram ou que apresentam queixas auditivas. 
As crianças com audição ou função de orelha média questionável podem ser identificadas rapidamente e serem encaminhadas para avaliação audiológica completa. Um programa de detecção precoce de triagem auditiva em crianças na pré-escola e na alfabetização, visa a prevenir dificuldades na aquisição da fala e no desenvolvimento da linguagem, já que ambos estão diretamente ligados à audição.
Um programa de triagem auditiva eficiente e preciso não visa dar diagnóstico. Seu objetivo é identificar crianças sem sintomas aparentes, que apresentam determinado problema auditivo e orientar os pais da realização de procedimentos mais elaborados. Assim se alcançará o diagnóstico pela avaliação audiológica completa, tentando diminuir ou acabar com os efeitos que determinada doença pode acarretar. 
INDIVÍDUOS EXPOSTOS A RUÍDO E OTOTÓXICOS:
Uma das características da perda auditiva induzida por ruído é a variação individual de susceptibilidade, observadas tanto em humanos quanto em animais. Esta variação não depende unicamente dos componentes do ruído, mas também de uma série de fatores endógenos e exógenos que podem afetar a audição e interagir com o ruído. Em geral, diversos agentes físicos e químicos podem ser encontrados nos ambientes de trabalho, e estes, combinados com estressores sociais e organizacionais, tornam-se riscos à saúde e comprometem o bem-estar dos expostos.
As alterações cocleares subclínicas causadas pela exposição a substâncias ototóxicas, como diuréticos (furosemide, ácido etacrínico), salicilatos, antibióticos aminoglicosídeos, podem ser diagnosticadas precocemente, ainda em fase reversível, através do registros das Emissões Otoacústicas Evocadas. 
Plinkert e Krober (1991) estudaram as alterações do registro das emissões otoacústicas evocadas em pacientes que se encontravam em tratamento citostático com cisplatina, comparando estes resultados com os limiares auditivos tonais. Eles demonstraram redução da amplitude das emissões otoacústicas significativamente anterior às modificações dos limiares tonais.
Inúmeros estudos já comprovaram a existência da fadiga auditiva temporária, induzida após a exposição ao ruído, e, também, à queda permanente dos limiares auditivos, quando esta exposição é mais intensa e prolongada.
O registro das EOAs oferece nova possibilidade para se estudar a fadiga e as alterações auditivas precoces, evidenciando-se diminuição, ou mesmo, ausência de suas respostas, conforme a duração e a intensidade da exposição ao ruído.
CONCLUSÃO
O registro das Emissões Otoacústicas é o mais novo método para a detecção de alterações auditivas de origem coclear. Consiste em método objetivo, relativamente simples, rápido, não invasivo, o qual dispensa o uso de eletrodos e que pode ser realizado em qualquer faixa etária, ressaltando-se sua aplicação em recém-nascidos. 
As Emissões Otoacústicas mais presentes na rotina clínica são as Transientes e Produto de distorção, por serem métodos objetivos, não invasivos e de fácil aplicabilidade.
As emissões otoacústicas evocadas transientes tem sido a técnica mais empregada nas triagens auditivas neonatais, cujo objetivo é detectar a ocorrência de deficiência auditiva, já que as emissões otoacústicas estão presentes em todas as orelhas funcionalmente normais. Quando existe qualquer alteração auditiva, ou seja, quando os limiares auditivos se encontram acima de 25 dB, elas deixam de ser observadas.
A audição começa a partir do 5º mês de gestação e se desenvolve intensamente nos primeiros meses de vida. Qualquer problema auditivo
deve ser detectado ao nascer, pois os bebês que têm perda auditiva diagnosticada cedo e iniciam o tratamento até os 6 meses de idade apresentam desenvolvimento muito próximo ao de uma criança ouvinte.
O ruído é um agente nocivo à audição sendo frequente nos ambientes urbanos. Dentre as estruturas do sistema auditivo, as células ciliadas externas são as primeiras a serem lesadas e as emissões otoacústicas identificam mínimas alterações cocleares. 
As emissões otoacústicas na saúde do trabalhador buscam prevenir o dano ao sistema auditivo através das alterações cocleares.
A captação das EOAs apresenta importância significativa no estudo da função coclear, no diagnóstico precoce das disacusias em neonatos, no acompanhamento e na prevenção de perdas auditivas em indivíduos expostos a medicações ototóxicas ou à ruídos muito intensos. retrococleares.
Segundo Russo (2011) a observação cuidadosa do comportamento, das atitudes, da qualidade da voz, da fala, da linguagem oral e corporal do paciente podem fornecer pistas importantes para que o examinador venha a suspeitar de audição normal, quando a queixa é de dificuldade parcial ou total de ouvir 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
RUSSO, ICP & SANTOS, TMM. A Prática da Audiologia Clínica. São Paulo: Cortez, 1993.
LOPES FILHO, OTACÍLIO. Novo Tratado de Fonoaudiologia. São Paulo: Manole, 2013. 
DIRETRIZES DE ATENÇÃO DA TRIAGEM AUDITIVA NEONATAL, disponível em http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/diretrizes_atencao_triagem_auditiva_neonatal.pdf, acesso em 10/03/2018, 22h30. 
O QUE SÃO EMISSÕES OTOACÚSTICAS? disponível em emissoesotoacusticas.com.br/, acesso em 11/03/2018, 20h23.
EMISSÕES OTOACÚSTICAS, CLÍNICA LUCANO, disponível em clinicalucano.com/otorrinoefono/emissoesotoacusticas.html, acesso em 1103/2018, 21h13.

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